Edição 100

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Um mapa a ser evitado: os congestionamentos caxienses

Por que o parto natural virou apenas eventual

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16 Rosanah não quer só Amor. Quer Poder

Antes de se preocupar com a morte, preocupe-se com quanto ela irá custar

8 A luta contra os números no Enem

12 “Nascer em Caxias não é culpa minha”

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Quanto vai crescer a Randon

20 cadeiras extras para Dora Ballet

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Vaidade árabe faz a festa em Caxias

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O galã indiferente de Malick

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HQCX: o que prende nossas vontades

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Fotos: 16, 7: Maurício Concatto/O Caxiense | 25: Fernando Macagnan, Div. O Caxiense | 29: Fox Searchlight, Div./O Caxiense


DIGA!

Rua Os 18 do Forte, 422\1, bairro Lourdes, Caxias do Sul (RS) |

Um parto para fotografar | Elogio do poeta | Leitores ansiosos Calma, isto não é um editorial. É uma conversa. Funciona assim: vocês, leitores, dizem o que acharam do nosso conteúdo – da revista, do site, das mídias móveis –, comentando nas redes sociais, em www.ocaxiense.com.br ou escrevendo para ocaxiense@ocaxiense.com.br. Nós escolhemos algumas opiniões para reproduzir aqui, acrescentando (ou não) nossos comentários. E assim faz-se o diálogo. Vamos a ele, então. Fontes nem sempre gostam do que os jornalistas escrevem depois de entrevistá-las. Mas, quando gostam, naturalmente que ficamos satisfeitos. O poeta Uili Bergamin mandou e-mail para agradecer ao editor Marcelo Aramis pela “belíssima matéria” Os poetas que não vão para o céu, na edição 99. “Ficou realmente muito boa, já recebi diversos e-mails e telefonemas em função disso”, contou Uili. Antes de definir nossa reportagem de capa – que nasceu de uma experiência pessoal –, nos perguntamos: mas será mesmo tão raro assim um parto normal hoje em dia? Era o que apontava a apuração da editora Paula Sperb. E a realidade confirmou. O fotógrafo Maurício Concatto teve de esperar dias de plantão até conseguir fazer as imagens de um parto natural. E, por elas, devemos um agradecimento especial ao casal Gustavo Presa e Renata Tolla, pais de uma linda menina. Seja bem-vinda, Clarissa! O anúncio de que O CAXIENSE viraria revista mexeu com as expectativas dos leitores durante a semana. Para a maioria dos que se manifestaram, a decisão fez sentido. Carolina Ribeiro elogiou: “GENIAL a proposta de virar revista. Pra mim, só faltava mudar o papel, porque o formato editorial já é!”. Liliana Cambruzzi comemorou: “Parabéns! O jornal que já era bom será uma ótima revista. Muito boa a mudança.” A assinante Lisiane Zago, que também é jornalista, lembrou que o jornal “ti-

nha tudo de revista: reportagens, capa primorosa e o desejo de ler sempre mais”. Outro assinante, Pedro Felipe Rech, arriscou até uma análise meio psicológica da mudança:

Encarei isso como uma espécie de libertação. Afinal, @ocaxiense sempre me pareceu uma revista presa no corpo de um jornal. Houve, porém, quem ficou receoso ao saber da novidade. “Tenho certas ressalvas sobre as novas pretensões de @ocaxiense. Mas, considerando o histórico de BOAS surpresas de vocês, vamos acompanhar”, disse Roger Busetti Torres. E teve também quem esperava outra coisa. Foi o caso de Rudimar Schreiber Jr.:

Mas por que isso? A cidade precisava de mais um jornal diário, isso sim. De qualquer maneira, sorte na nova empreitada. Jornal com cara de revista ou revista em forma de jornal? A questão que acompanha O CAXIENSE desde seu lançamento, em dezembro de 2009, agora fica resolvida. Como você poderá ver adiante, transformar um jornal em revista não é tão simples. Mais do que trocar de formato, é algo que exige reflexão editorial e, consequentemente, ajustes de conteúdo. Além, é claro, de ousadia. “Todas as conquistas sublimes são mais ou menos prêmios de coragem”, já escreveu Victor Hugo. Para nós, virar revista é, de fato, uma grande conquista. Agora, queremos saber o que é para vocês. Virem a página, leiam e nos digam. A gente conversa de novo na próxima edição! Felipe Boff, editor-chefe

95020-471 | Fone: (54) 3027-5538

www.ocaxiense.com.br

Diretor administrativo

Luiz Antônio Boff REDACAO Editores-chefes

Felipe Boff Paula Sperb Editores

Marcelo Aramis Jaisson Valim Colunistas

Renato Henrichs Roberto Hunoff Reporteres

Camila Cardoso Boff Carol De Barba José Eduardo Coutelle Robin Siteneski Estagiarios

Gesiele Lordes Vagner Espeiorin Fotografo

Maurício Concatto Designer

Luciana Lain

COMERCIAL Executivas de contas

Camila Scopel Pita Loss

ASSINATURAS Atendimento

Tatyany Rodrigues Assinatura trimestral: R$ 30 Assinatura semestral: R$ 60 Assinatura anual: R$ 120

Foto de capa: Maurício Concatto/O Caxiense

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BASTIDORES

Vida de estudante no enem | Rosanah, a comunista eVangélica | Quanto custa o lote do descanso eteRno

Onde o trânsito caxiense engasga

Rua atíliO andReazza i

Próximo à Perimetral Norte

tRevO da uCS

Rua MatheO Gianella

Rua Irma Zago com a rodovia BR-116

Próximo à Cooperativa Nova Aliança

i

Rua 20 de SeteMbRO

i Rua PinheiRO MaChadO Entre as ruas Marquês do Herval e Feijó Jr.

i

Com a Rua Borges de Medeiros

Rua SiniMbu

i i

B. São Pelegrino até a Praça Dante Alighieri

i

Rua OS 18 dO FORte

Entre os colégios Carmo e São José

i avenida SãO leOPOldO

Esquina com a Rua Sarmento Leite

i avenida RiO bRanCO Próximo à Igreja dos Capuchinhos

bOM PaStOR i avenida Próximo à Perimetral Sul

MaiS CaRROS dO Que bebÊS Média diária de novos veículos em Caxias é três vezes maior do que a de nascimentos:

16,4

I

53,9

Fontes: Secretaria Municipal da Saúde (dados de 2010) e Detran (dados de 2011, até setembro)

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Até o prefeito José Ivo Sartori já havia reconhecido o trânsito como a principal chaga caxiense. Mas só esta semana a Secretaria Municipal de Trânsito, Transportes e Mobilidade anunciou a implantação de um pacote de medidas que promete atacar com eficácia o problema – talvez tenha demorado tanto porque a solução ficou parada em algum congestionamento. Para radiografar o tamanho do desafio da prefeitura, a revista O CAXIENSE convidou um grupo obrigado a aguentar engarrafamentos diários por dever profissional. Taxistas com ponto na área central da cidade indicaram 10 locais que mereceriam intervenção da prefeitura. “A gente gasta cada vez mais gasolina e faz menos corridas. Os dias de pagamento e véspera de feriado são os piores”, detalha o taxista Luiz Perettos. Mas nada é tão ruim que não possa piorar. O número de veículos cresce em ritmo três vezes maior do que a quantidade de nascimentos em Caxias do Sul. Nos primeiros nove meses do ano, a frota caxiense ganhou 14.732 unidades. Já há 56 carros para cada 100 habitantes – seis a mais do que a média de Porto Alegre.


Cemitério Público Municipal |

Quanto dinheiro se leva para o túmulo

Maurício Concatto/O Caxiense

Como o comércio local ainda não vende terrenos no céu, apesar de algumas congregações religiosas chegarem perto disso, a revista O CAXIENSE mostra, nesta semana de Finados (dia 2), quanto custa manter os restos mortais na cidade. Lotados, os cemitérios públicos oferecem apenas gavetas, cujo aluguel deve ser pago de três em três anos. Cada uma pode abrigar, com o passar do tempo, até 8 cadáveres. Como no mundo dos vivos, o luxo de ter gaveta, cova ou capela individual custa bem mais.

Cemitérios Públicos (Municipal e do Rosário) A numeração corresponde à altura da gaveta. Quanto maior o número, mais alto ela fica. A taxa de manutenção corresponde a três anos de uso. Fila 1: R$ 41,44 Filas 2/3/4: R$ 62,16 Filas 5/6: R$ 31,05 Fila 7: R$ 20,72

Cemitério Parque Cova para 2 lugares: R$ 6,2 mil Cova para 3 lugares: R$ 8,2 mil Taxa de manutenção: R$ 150 por ano

Cemitério Santa Catarina

Cemitério Santos Anjos da Guarda

Gaveta: R$ 3,3 mil Taxa de manutenção: R$ 20 por ano

Gaveta: R$ 1,3 mil Terreno: de R$ 2,5 mil a R$ 2,7 mil, para capelas com até 9 gavetas Taxa de manutenção: R$ 20 por ano para gavetas e R$ 40 para terrenos

Cemitério de São Romédio Para ser enterrado no local, é preciso ter sido sócio da Associação e Igreja de São Romédio – ou seja: se você está lendo isso, ainda dá tempo. Joia (taxa de entrada): R$ 3.270 Gaveta: de R$ 1.635 a R$ 2.507 Capela: R$ 20 mil (com 7 gavetas e ossário, a ser ocupada por no máximo 3 famílias) Taxa de manutenção: R$ 109 por ano (20% do salário mínimo)

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Rosanah, cantora e, em breve, candidata |

Lucian Inacio, Divulgação/O Caxiense

“Quero fundar um sindicato”, diz a deusa comunista Rosanah Tratada “como uma deusa” – desculpem, foi irresistível escrever isso – pelo público caxiense, Rosanah Fienngo foi a atração principal da 10ª Parada Livre da cidade, no último fim de semana. Sucesso nos anos 80 com a música que emplacou na novela Mandala, a cantora só deve voltar ao Estado em 2012. E, promete, com repertório renovado: o projeto Rosanah Rocks (hein?), uma espécie de tributo ao hard rock. Também em 2012, vai começar carreira em outra área. Recém-filiada ao PC do B, deve ser candidata a vereadora no Rio.

povo veio abaixo. Essa música foi uma consagração violenta, uma coisa febril na minha carreira, e agradeço muito a Deus por ter me dado esse presente que realmente é eterno. Ela transpassou caminhos e modismos, não tem como enjoar.

Na versão gospel da música, “Como uma deusa você me mantém” virou “Com o meu Deus eu vou além” e “A fim de dividir no fundo do prazer o amor e o poder” tornou-se “A fim de proclamar do fundo do meu ser Teu amor e poder”. Ficou bom? Não fui eu que fiz a versão, foi uma Por que você é uma deusa para os amiga que é evangélica e lançou um CD. gays? Inclusive, ela é minha irmã em Cristo. É bárbaro ser uma diva para eles. Eles Ficou uma coisa emocionante e transporgostam de uma coisa ousada, vozeirão. Se tou toda aquela energia de O Amor e O identificam comigo e com várias cantoras Poder para Deus de uma maneira muito que fazem um trabalho diversificado, de simples, bonita e delicada. intérprete. Eles gostam dessa coisa teatral. Tem que viver a personagem que está Não há contradição em ser evangélica cantando. e comunista? As pessoas têm uma ideia errada da Como faz para cantar O Amor e O política. Minha intenção de entrar para Poder desde 1987? o PC do B é lutar pelos direitos autorais. Quando cantei aqui em Caxias, o Quero fundar um sindicato para os mú-

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sicos, porque quando você é prejudicado por contratantes não tem para quem reclamar. Vou trabalhar na criação dessa lei para o artista ter proteção. Você leu O Capital? Não. Eles me convidaram para fazer parte do partido e achei muito legal, gostei da proposta, estou me integrando. É que o nome do partido parece uma coisa, mas na verdade não é. Mudou alguma coisa depois que você acrescentou um “h” no fim do primeiro nome? Olha, eu tive o mesmo sonho três vezes de um anjo escrevendo meu nome em neon com um “h” no final. Não sou supersticiosa, mas fiquei meio bolada, impressionada... Às vezes Deus te dá os sinais, e eu decidi colocar em prática. Por coincidência, aconteceram coisas interessantes na minha vida. Comecei a gravar em inglês e entrar numa fatia de mercado internacional muito forte. Não sei se é por causa do “h”, se é coincidência, mas foi uma coisa que caiu no meu colo, porque eu não acredito em numerologia.


rio

Renato Henrichs

Cautela, precaução e cuidado são palavras-chave entre os componentes da Comissão de Ética, chamada a analisar a utilização de atestados médicos falsos por Moisés Paese (PDT) para justificar ausências em sessões da Câmara de Vereadores. O parlamentar, por sinal, é integrante da comissão, mas, por motivos óbvio, não poderá participar dessa tarefa. A maioria dos vereadores está consciente da necessidade de se evitar um linchamento moral. Como diz Edio Elói Frizzo (PSB), Paese passa por um momento difícil, está doente e precisa de tratamento médico. Pra valer.

Garotos da capa

Não é sempre que acontece. A recente edição dominical d’O Globo, um dos três maiores jornais do país, trazia na capa dois caxienses há tempos ausentes da cidade: Dody Sirena e Oskar Metsavaht. O primeiro, empresário do cantor Roberto Carlos, mereceu capa e cinco páginas de matéria na revista encartada no jornal: “Amigo de fé, irmão camarada”. O empresário de moda Metsavaht ganhou perfil de página inteira em que se apresenta como carioca: “Nascer em Caxias do Sul não é culpa minha”, afirma na reportagem.

Deficiências da saúde Médicos que atendem no SUS fizeram paralisação em todo o Brasil na terça (25), dia da mobilização nacional dos profissionais da categoria por melhores condições de trabalho e contra a precariedade da assistência prestada à população. A Federação Nacional dos Médicos estimou que 85% dos médicos do sistema público cruzaram os braços. Ao contrário do que acontece na interminável greve dos profissionais da rede municipal, representantes da Fenam garantem que não brigam apenas por aumento salarial. Querem discutir também as deficiências da saúde pública no país. Deve ser por isso que a oposição está tão quieta em relação ao movimento local dos médicos.

Esperar para ver Por falar em silêncio, o costumeiramente loquaz deputado Assis Melo está quietíssimo em relação às acusações ao companheiro Orlando Silva, ministro do Esporte, e a ONGs vinculadas ao PC do B.

Novo rumo

Por mais que anuncie continuidade e aperfeiçoamento dos projetos e ações implementados na atual gestão, o presidente eleito da CIC, Carlos Heinen, deixa antever que algumas coisas mudarão na entidade quando a nova diretoria assumir, no primeiro dia de 2012. Não deve ser por acaso a ênfase dada por Heinen, já na condição de eleito, à proposta de defesa contundente de todos os interesses da classe empresarial de Caxias do Sul. As reivindicações de ordem comunitária, muito lembradas nos últimos anos, que sejam atendidas por quem de direito.

Marina Granzotto, Objetiva, Div./O Caxiense

na

Momento difícil

Marcio Madeira, Div/O Caxiense

ple

Para poucos

Foi o que se costuma chamar de uma infeliz coincidência. O Grande Expediente da Assembleia Legislativa, dedicado esta semana aos 80 anos da Festa da Uva, teve pequena participação de deputados. Mal houve quórum para os discursos habituais. Mas não foi desinteresse ou desprezo pela homenagem proposta por Maria Helena Sartori (PMDB). É que 18 parlamentares viajaram ou para Buenos Aires, ou para Brasília, a fim de defender interesses do Estado – exportação de calçados, no primeiro caso, e distribuição de royalties do petróleo, no segundo. A sessão foi presidida pelo deputado Alceu Barbosa Velho (PDT), que é segundo secretário da Mesa Diretora.

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CAM

PUS

Marcos Tusset |

Pedala, Caxias!

Maurício Concatto/O Caxiense

Os ciclistas de Caxias do Sul finalmente ganharam uma faixa para chamar de sua. Com mais de dois quilômetros de extensão, a Rua Atílio Andreazza, na Zona Norte, conta com a primeira ciclovia em via urbana do município. O investimento: pavimentação da rua + ciclovia = R$ 3 milhões. E valeu a pena? Para testar a pista, O CAXIENSE convidou o ciclista competidor Marcos Tusset, de 37 anos. Ele cumpriu o trajeto em meia hora e apontou os aspectos positivos e negativos: Os trechos após o Jardim Botânico e passando o Cemitério Parque. Essas áreas apresentam inclinações menores, o que facilita o deslocamento e o lazer.

O morro anterior ao Cemitério Parque. Bastante íngreme, o trecho deixa os menos preparados a pé, literalmente. Afinal, seria difícil uma ciclovia em Caxias sem subida.

NO SITE | www.ocaxiense.com.br Em vídeo, o ciclista Marcos Tusset testa a primeira ciclovia caxiense.

Perigo na laje Por trás do aquecimento da construção civil, ergue-se um drama. A microrregião de Caxias do Sul, que inclui cidades como Farroupilha e Flores da Cunha, registra ao menos 12 mortes neste ano. O mais triste é a constatação do Ministério Público do Trabalho de que o número poderia ser bem menor – bastava maior cuidado com os equipamentos de segurança coletivos, como proteções para andaimes. Quedas em altura são as principais responsáveis pelas fatalidades. “Do que adiante ter um capacete se cair de 18 metros de altura? Vai morrer igual”, avalia o procurador Ricardo Vagner Garcia, drasticamente realista.

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Aerobiologia: você vai ouvir falar dela

A aerobiologia é a ciência que estuda a relação do pólen e fungos atmosféricos com as alergias, essas pequenas maldições que afligem os sensíveis, especialmente nesta florida época do ano. Se são tão pequenos mas conseguem causar tanto estrago, nada mais justo que haja um encontro internacional para falar sobre o assunto. Relacionando pesquisas na área e aplicação em saúde pública, a UCS promove o Curso Internacional de Aerobiologia, de segunda (31) a sexta (4), no Museu de Ciências Naturais. Professores da Itália, Espanha e Argentina são os destaques da programação. O curso de extensão terá 40 horas e são oferecidas 25 vagas. É destinado a acadêmicos e profissionais da Biologia e da área da Saúde. As inscrições podem ser feitas na Coordenadoria de Cursos de Certificação, na Sala 31 da Galeria Universitária, até o sexta-feira (28). Informações: (54) 3218-2430.

+ EVENTOS 4ª Semana de Libras e 5° Encontro Estadual dos Intérpretes de Libras.

SEX. SÁB. DOM. UCS, Bloco H A programação se inicia às 13h desta sexta (28), se estende no sábado (29) o dia todo e encerra no domingo (30) às 13h. Entre palestras, mesas-redondas e apresentação de trabalhos, o destaque fica por conta da fala sobre o Trabalho do Tradutor Surdo, com Rodrigo Custódio da Silva, professor da UFSC, às 17h de sábado. São 250 vagas, com inscrições a R$ 100.

2º Circuito de Educação Física, Esporte e Lazer

SÁB. 9:00-12:00. FSG Oficinas de brincadeiras, jogos pré-desportivos, modalidades esportivas, avaliações físicas, atividades aquáticas, ginástica entre outras atividades. Evento gratuito e aberto à comunidade. Mais informações: www.fsg.br ou 2101-6000

Projeto Formando Lideranças

SÁB. 10:30 Palestra sobre Instituições e Representantes Políticos, com o professor de Ciência Política Fábio Scopel Vanin. Participam da ação os jovens já cadastrados no projeto, uma parceria entre a faculdade e a prefeitura. UCS: Francisco Getúlio Vargas, 1.130, Petrópolis | FSG: Os 18 do Forte, 2.366, São Pelegrino | Faculdade América Latina: Marechal Floriano, 889, Centro


Magrão Scalco, Div./O Caxiense

Roberto Hunoff

Investimento bilionário

As empresas Randon aguardam manifestação do BNDES e de outras instituições financeiras, além do poder público, para anunciar seu novo plano quinquenal de investimentos. Conforme o presidente da companhia, David Randon (foto), valores e aplicações já estão definidos. No último plano, de 2005-2009, a empresa investiu perto de R$ 900 milhões. Para este o mercado acredita em mais de R$ 1 bilhão. Tomando por base o valor investido este ano, de R$ 270 milhões, é possível imaginar algo próximo a R$ 1,3 bilhão, 30% mais do que anunciou recentemente a MAN América Latina, montadora de caminhões, para sua planta em Resende, no Rio. Mesmo que ainda mais cauteloso em estabelecer prazos para o anúncio, o diretor de relações com investidores da Randon, Astor Schmitt, reconhece: “Se conseguirmos fazer o que pretendemos, vamos surpreender muita gente.”

Líder na fabricação nacional de cilindros hidráulicos, com 70% de participação no mercado, a Hyva do Brasil estabeleceu estratégia para buscar esta mesma condição no segmento de guindastes. Para tanto terá nova unidade fabril, muito provavelmente em Caxias do Sul, onde já opera, ou fará aquisição de empresa do ramo. Atualmente a empresa tem participação de 5% neste mercado, amplamente dominado por empresas gaúchas, as quais respondem por 75% da produção nacional. Detalhes sobre a operação foram encaminhados pelo diretor geral da companhia no Brasil, Rogério De Antoni, com o CEO mundial Brice de La Morandiere, que veio à cidade conhecer as instalações.

A Vergani Feiras e Eventos já pode ser considerada a mais completa e representativa empresa do setor de montagem de estandes e oferta de serviços para feiras e eventos de Caxias do Sul. Com cinco anos de mercado, ela está presente na Fenatran 2011 com a responsabilidade sobre o funcionamento operacional de 16 estandes de expositores da região serrana gaúcha. Neste trabalho, além dos cinco funcionários que estão em São Paulo, a empresa empregou outras 200 pessoas para prestação de serviços temporários.

Representatividade

Em sua 18ª edição, o Salão Internacional do Transporte, popularmente conhecido como Fenatran, que termina nesta sexta-feira (28), em São Paulo, reúne 365 marcas do Brasil e mais 15 países. Pois Caxias do Sul e região serrana gaúcha respondem por 10% destes números, com quase 40 representantes. Além das grandes organizações, como empresas Randon, Guerra e Agrale, estão presentes dezenas de médias e pequenas empresas.

Indefinição

A diretoria da International Caminhões apenas reafirmou o compromisso de que a marca terá planta industrial no Brasil, mas não fixou prazos. Em outubro de 2010, quando se confirmou a criação da NC² – resultado de parceria da Navistar, controladora da International, com a Caterpillar – foi fixado prazo de seis meses para anúncio do local. Desde então a diretoria só tergiversa sobre o assunto a ponto de, no mês passado, ser anunciada mudança na aliança. A Caterpillar saiu da joint-venture e a NC² passou a ser controlada exclusivamente pela Navistar. Por enquanto, a montagem segue em Caxias do Sul em unidade da Agrale. Agora com dois modelos de caminhão.

Evandro Soares, Div./O Caxiense

Nova fábrica

Organização

Distinção A Marelli Ambientes Racionais foi agraciada com duas distinções no Prêmio Excelência 2011, concedido pela Associação das Indústrias de Móveis do Rio Grande do Sul. A empresa caxiense foi contemplada nas modalidades Mercado Interno e Mercado Externo, na categoria Grande Empresa. Os critérios considerados foram faturamento, crescimento em valor faturado, média do número de funcionários, valor exportado e expansão de novos mercados. Daniel Mazzocchi, diretor administrativo-financeiro da Marelli (E), recebeu as premiações. 28.Out.2011

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2 dias na vida de...

Stefani Torres |

Fotos: Maurício Concatto/O Caxiense

...uma estudante no Enem O último fim de semana foi tenso para Stefani Torres, de 18 anos, aluna do colégio Cristóvão de Mendoza e uma das inscritas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Na ficha de matrícula, ela colocara o número de celular do padastro para contato. Só que o padrasto morreu, e ninguém da família sabe o que aconteceu com o telefone dele. Sem o SMS que informava o local de seu exame, a única saída de Stefani era consultar pela internet, através de uma senha que todos os matriculados receberam em casa. Todos, exceto Stefani. Sua família se mudou, e a correspondência foi extraviada. Sábado, 22 de outubro de 2011 11:00 – Não estava com fome; era muito nervosismo. O pagode que eu estava ouvindo até era terapêutico, mas não despertou meu apetite. Tomei um copo

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de iogurte e saí. Ainda teria que descobrir em que escola faria a prova. 13:00 – Fácil achar a escola – era o Emílio Meyer, perto de casa. A prova também não estava assustadora – acho que a música do Sorriso Maroto que estava na cabeça (Boa Noite) me ajudou, mas o que eu não entendi foi a frase do caderno de questões: “Há um pouco de frio e de vento no vácuo”. Alguém explica, por favor?! 20:00 – Na casa do meu namorado. Assisti a um pouco de novela, mas algo estava me incomodando. Sim, meu estômago. O iogurte deveria ter acabado. Ainda bem que o jantar estava servido. Comi pelos dois: pela janta e pelo almoço. Domingo, 23 de outubro de 2011 9:00 – Eu sabia que não poderia fazer mais uma hora de função soneca, mas estava cansada. Criei coragem, levantei,

tomei café e folheei um livro de Matemática, na esperança de absorver algo por osmose. Domingo de manhã + Matemática = dormi outra vez. Até as 11h. 15:30 – Matemática, de novo. A nossa relação estava instável. Já tinha ido e voltado – passando pela redação e pelas questões de português – e os número ainda perturbavam. Bem que queria me concentrar, mas o ventilador fazia barulho. Sem noção deixar aquilo ligado. 17:15 – Não conseguia acreditar. Quando tudo chegava ao fim, a ÚNICA questão de Matemática que tinha certeza de ter acertado eu consegui marcar errado no cartão de respostas. “Sou uma bocaaberta”, pensei. Espero que isso não me prejudique e eu consiga uma bolsa de História ou de Letras. Sim, eu quero ser professora. E não, eu não ligo para a desvalorização da categoria.

“Depois de tanto tempo de negociação, é quase um desastre”

“Neste momento, nós não temos capacidade de emitir nenhuma opinião”

Ronaldo Mattia, integrante da comissão da greve dos médicos, sobre o impasse com a prefeitura

Guiovane Maria (PT), presidente da Comissão de Ética, sobre os atestados supostamente falsos de Moisés Paese (PDT)


TOP5 #TioDaCasquinha no Twitter

Ruy da Silva Peres |

Maurício Concatto/O Caxiense

#saudade, Tio da Casquinha! A infância das gerações de moradores de Caxias nas últimas décadas tem o sabor das casquinhas oferecidas nas portas das escolas pelo passo-fundense Ruy da Silva Peres, 77 anos. Por isso, não surpreende a comoção que causou a morte do Tio da Casquinha, na terça-feira (25). Assim que a notícia se confirmou, uma avalanche de lamentos ocupou o Twitter. Internautas chegaram a fazer campanha para tentar inclui-lo no Trending Topics Brasil – a lista dos assuntos

mais comentados no microblog. Também pediram a criação de um busto e a transformação do 25 de outubro em feriado. O Tio da Casquinha sofria de câncer de próstata havia 10 anos. Como mostrou um perfil de duas páginas publicado por O CAXIENSE na edição 95, em setembro, a doença de Alzeimer o havia empurrado à aposentadoria no começo deste ano. Agora, para os caxienses, a hashtag mais apropriada para o Twitter é #saudade.

Marco R. Zeminhani (@marcodaera) “- Compra uma casquinha pra tua namorada aí. - Só que, ela não é minha namorada. - Ah, mas se comprar a casquinha, vai ser. #tiodacasquinha” VJ Gambit (@vjgambit) “#tiodacasquinha > Steve Jobs... O Tio passou 52 anos vendendo o mesmo modelo de produto, sem upgrade, pra todos os segmentos de mercado...” Nicole Rech (@nicolerech) “R.I.P. Papai Noel, pq quem nunca pensou que o Tio da Casquinha era o papai noel testando quem eram as crianças boas que compravam casquinha” Pedro Felipe F. Rech (@pedroffr) “De acordo com a Desciclopedia, morreu hoje o prefeito de Caxias do Sul. Vá em paz, tio da casquinha. Você estará vivo em nossos corações.” Aldo Tamagusuku (@aldotamagusuku) “Passei a me sentir meio caxiense quando virei cliente do #tiodacasquinha”

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Fotos: Maurício Concatto/O Caxiense

Kãobi internada no veterinário

Para-choque | o olhar da pessoa

mais leiga em mecânica percebe a diferença entre a antiga peça que prendia (ou tentava prender) o para-choque na Kãobi e, ao lado, a nova (pela qual vamos torcer muito que resista).

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Janelas | as da frente, de

Jorge Maciel, o Bira, tem azar quando se trata de automóveis. Há pouco mais de um ano como gerente da chácara da Sociedade Amigos dos Animais (Soama), ele já comprou dois carros para transportar seus funcionários e os diversos animais. E com ambos já ficou na mão. Primeiro foi uma Besta. Pagou duas prestações de R$ 2,5 mil cada, mais R$ 5 mil de mecânica, e teve que devolvê-la ao antigo dono Motor | porque, segundo ele, “estava se literalmente desmanchando e as molas iam desmanchado. caindo” por onde andava. As únicas coisas Em seguida, financiou uma aproveitadas do Kombi ano 93, a chamada Kãobi. original foram E adivinhe? Quebrou também. as bielas e o bloco. Todo o restante terá O motor pifou e precisa ser que ser substituído. totalmente refeito. Para mudar essa sina de azar e tentar facilitar o trabalho de Bira, que dedica até sábados e domingos aos 1,8 mil peludos da chácara, a Soama inscreveu a Kãobi Ferrugem | no quadro Lata-velha, do programa até que não é o Caldeirão do Huck. Enquanto aguarda maior problema. retorno da produção, uma vaquinha Exceto na ventarola online foi aberta para pagar o conserto involuntária que a do motor e fazer a máquina (?!) voltar corrosão abriu perto a andar. Para ajudar, informe-se pelo do assoalho, no lado esquerdo. site www.soama.org.br.

manivela, custam um pouco, mas abrem. Mas um dos vidros traseiros tem que ser preso com a providencial ajuda de um arame.


GENTE

Maurício Concatto/O Caxiense

BOA

Primeira bailarina Margô Brusa, Sigrid Nora, Lisa Susin. As grandes bailarinas que hoje vivem da dança em Caxias já passaram pela Dora Ballet. “Todo o mundo foi minha aluna”, diz Dora Resende Fabião, 66 anos, sem exageros. Aos 16, ela já dava aulas de balé no Colégio São José. Depois de dois anos como professora, “descobriu que não sabia dar aulas” e viajou para aprender. No final da década de 60, foi ao Bolshoi de Leningrado e ao Royal de Londres. “Os grandes talentos não ficam aqui”, diz a coreógrafa, que fez o caminho inverso de quem decide dedicar a vida à dança: trouxe a Europa para Caxias. Com 50 anos de história, a escola Dora Ballet, exportadora de talentos para grandes companhias, começou com 16 alunos. E chegou a ter 500 durante 15 anos de parceria com a Royal Academy of Dance. “Hoje eu me pergunto como eu conseguia manter a escola e cuidar de cinco filhos ao mesmo tempo. Não sei.” Deve ser o talento para a maternidade. Hoje as filhas Márcia e Suzana, que, como a mãe, fazem tudo ao mesmo tempo, trabalham como coreógrafas na escola. E Dora já dá aulas para as netas das suas primeiras alunas. “‘Só não me tragam bisnetos’, eu brinco com os pais.” Fora do “santuário”– a sala de ensaio em atividade –, quando o corpo de baile vira família, a professora volta a ser a principal referência. Hoje são mais de 150 filhos. E sempre cabe mais um.

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Renata, dando à luz Clarissa | Maurício Concatto/O Caxiense

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NASCE UMA EXCEÇÃO No Brasil, 84% dos partos feitos por plano de saúde são cesarianas. No SUS, os números são menores, mas ainda fazem com que o país seja campeão mundial de cesáreas. Em 2010, só 33% das crianças caxienses conseguiram fugir do bisturi no nascimento. Em 2011, João e Clarissa também conseguiram. A seguir, a experiência de passar por um parto normal, contada por quem pariu

por Paula Sperb 28.Out.2011

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As bolas azuis de silicone, do tamanho de limões usados para o treino de um malabarista amador, perdiam a forma esférica quando esmagadas a cada 2 ou 3 minutos, que pareciam uma eternidade. Ao urrar de dor, a recomendação era apertar as pobres bolinhas. Até que não aguentei mais. “Iiiihhh... quando não consegue apertar é porque o bebê tá chegando. Podem tirar as bolinhas das mãos dela”, ordenou a enfermeira às estagiárias. “O seu marido pode entrar? Quer que ele acompanhe?”, perguntou. Sabia que esse momento chegaria e que no fundo não queria que o homem que me esforcei para conquistar há alguns anos com perfume, roupa nova, cabelo arrumado e jantares me visse naquele estado de suor, lágrimas, caretas e berros – que ele escutava a algumas portas adiante. Mas depois de tanta dor, xixi de porta aberta com diversas enfermeiras presentes, de ajuda delas para sentar, fazer cocô, levantar e até se limpar, todo pudor vai embora. “Manda ele entrar!” Na verdade, vislumbrei a possibilidade de fugir daquela situação. Durante toda a gestação pesquisei, me informei e decidi que o melhor para mim e para o bebê, que é o mais importante, seria ter um parto normal. Quando a dor se tornou perto do insuportável (na verdade, descobriria depois, ela é perfeitamente suportável), eu queria desistir. “Chama meu médico, diz pra ele que mudei de ideia, quero uma cesárea. REEESSSS......... PEI...TEM a minha dOOOOOORR”, implorei ao meu marido, Felipe, com a cara mais feia que consegui fazer com a colaboração de uma forte contração. Não lembro bem da resposta. Só recordo que aqueles olhos verdes pelos quais me apaixonei ficaram um pouco apavorados. Também ouvi a enfermeira explicando que aquela dor já era o parto, era o meu filho João chegando. Não acreditei. Mas era verdade. Quem não entendia muito bem o que acontecia eram as estagiárias de enfermagem com jalecos personalizados, toucas floridas e unhas em tons de Roxo Obsessão, Rosa Tropical e Vermelho Toque de Ira, bem diferentes

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do estereótipo da profissão. O principal incentivo que me deram nas duas horas – do total de 12 de trabalho de parto – em que fiquei no Hospital do Círculo no último dia 13 de julho foi um cândido pedido. “Por favor, não desiste do teu plano. Nós vamos nos formar na próxima semana e até agora não assistimos a um parto normal, só cesáreas.” Não precisava ser convencida, só queria que a dor passasse. Mas aí lembrei do propósito de tudo. Parece estranho que durante todo um estágio na maternidade não se possa assistir a um parto natural. Em Caxias do Sul nascem em média 16 crianças por dia, segundo o Sistema de Informações sobre Nascidos, com dados de 2010. Do total do ano passado, entretanto, só 33% dos caxienses nasceram de forma natural. Os outros vieram ao mundo através de cirurgia. Impactante chamar de cirurgia, que normalmente é para resolver um problema de saúde, mas uma cesárea é justamente isso: um processo cirúrgico. Conforme o obstetra Marco Túlio Zanchi, coordenador do parto humanizado do Hospital Geral (HG), a cesárea só é indicada em duas situações: “sempre que houver risco materno ou risco fetal”. Isso significa que mulheres saudáveis com fetos saudáveis não deveriam passar por uma cirurgia sem necessidade. Daí a expressão “cesárea desnecessária”. A secretária Renata Andrea Tolla, de 34 anos, passou por uma. No segundo parto, abriu mão desse procedimento. Na última terça (25), às 14h40, no Hospital Geral, ela

deu à luz sua filha com o programador de sistemas Gustavo Luiz Presa, de 31 anos: Clarissa Presa. De parto normal, como se vê nas fotos desta reportagem. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que os países controlem as taxas de cesárea para que não passem de 15%. E o Brasil (quem não gosta de torcer pelo Brasil?) é campeão, só que ao contrário. Segundo a OMS, 43,8% dos bebês brasileiros foram retirados das barrigas das mães por cesáreas entre 2000 e 2010. Na categoria Plano de Saúde, o Brasil está na UTI. Segundo a Agência Nacional de Saúde-Suplementar (ANS), que regula os planos, a taxa de cesariana na rede privada chega a 84%. Para os médicos, não é um dado surpreendente. Os próprios profissionais da saúde tratam com normalidade a cesárea, como se fosse algo natural, quando é o oposto da natureza. “Desde o início da reprodução dos seres vivos, da humanidade, o indicado sempre será a via natural. Faz parte da nossa natureza, como qualquer outra função fisiológica”, explica Zanchi, acrescentando que “a natureza não iria errar”. Realmente. Não é exagero dizer que a natureza é perfeita. Eu seguro, beijo, apalpo, abraço (não mordo, mas dá vontade) essa perfeição em forma de bebê todos os dias e, quando paro para pensar no ciclo da vida, encho os olhos de lágrimas. Mas voltemos aos profissionais da saúde que não estranham a intervenção cirúrgica no nascimento. Enquan-


to aguardava a hora de acompanhar o parto, meu marido, assustado com tantos gritos, perguntou a uma enfermeira como eu estava. “Está bem, só que vai sentir bastante dor, né. Foi ela que decidiu ter parto normal?”, interrogou. Felipe respondeu que sim, e a reação foi uma cara de “pois é...”. A caminho de onde eu estava, ele ouviu outro diálogo desmotivador. Duas enfermeiras conversavam, uma delas grávida. “Já decidiu se vai ser normal ou cesárea?”, questionou a primeira. “Já. Agradeço a quem inventou a cesárea”, respondeu, sem hesitar, a gestante. Ao que a colega observou, utilizando-me como exemplo: “Pois é, tu vê a Paula...”. Eu gostaria de estar presente para dizer “dona enfermeira, a Organização MUNDIAL da Saúde mandou informá-la que sua opinião está errada”. Mas, naquela hora, eu estava bastante ocupada – berrando. Gritar é o melhor jeito de aliviar a dor das contrações, que já nem tinham intervalo. Antes, com as pausas entre elas, sentia-me como Dr. Jekyll e o monstro Hyde. Quando contraía, eu xingava, gritava, urrava. Quando passava, eu pedia desculpas calmamente, conversava com a equipe médica, pensava na chegada do João, prestes a acontecer. A diferença de pensamento em relação à cesárea no atendimento médico tem explicações. Enquanto no SUS o esforço é para se aproximar da recomendação da OMS, na rede particular as mulheres é que escolhem como querem que seus filhos venham ao mundo. E optam pela cesárea. “É a questão cultural. De um lado, as mulheres têm mitos e fantasias e uma ideia errada sobre o parto. Por outro lado, é mais fácil para o médico. O parto normal exige acompanhamento de muitas horas. A cesárea leva 40 minutos. Ganha-se a mesma coisa, só que em tempo menor. Time is money”, explica (e critica) o doutor Marco Túlio Zanchi. Os avanços da medicina e obstetrícia colaboraram de forma definitiva para diminuir a mortalidade de mães e seus bebês. Exames e acompanhamento pré-natal, ultrassom, diagnósticos, tudo trouxe mais segurança às mulheres e seus filhos. Uma evolução e tanto. Houve um tempo em que não havia nada disso, nem médico, nem a opção da mãe ter um filho com cirurgia. Quando Caxias era colônia, os partos

Paula recebe o recém-nascido João | Felipe Boff/O Caxiense

Gritar é o melhor jeito de aliviar a dor. Quando contraía, eu xingava. Quando passava, eu pedia desculpas 28.Out.2011

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O encontro de Gustavo e Clarissa | Maurício Concatto/O Caxiense

(naturais, obviamente) eram realizados por parteiras. Tinha até uma parteira oficial, Josefina Debeni, contratada em 1877. Tudo era muito diferente. A cavalo ou a pé, outra parteira, Filomena Zandoná Bernardi, se deslocava pelas estradas de chão de Caxias. Distante da lógica do tempo é dinheiro que, infelizmente, é aplicada hoje por parte dos médicos, Filomena ficava até dois dias na casa da grávida. “Atendia tudo de graça, às vezes alguns davam meia jornada de trabalho ou uns 20 a 30 cruzeiros”, contou ela em depoimento ao frei Rovílio Costa. Filomena carregava uma bolsa com álcool, linha, gaze, escapulário e vela benta, e “nunca perdeu menino”. Essas informações estão no livro Obstetrícia em Caxias do Sul – da Colônia à Universidade 1875-2000 (Editora Maneco, 2010), dos médicos Marco Túlio Zanchi e José Mauro Madi. Segundo os autores, a primeira cesárea realizada em Caxias do Sul foi em 1911, na Clínica Fracasso, Merlo e Bornancini, certamente por necessidade. Hoje, o que se vê é uma maioria de gestantes saudáveis fazendo cesárea voluntariamente. “As fantasias que levam as mulheres a terem tanto medo do parto normal envolvem desde a

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dor, o sofrimento e a segurança do parece. Vai da personalidade”, conclui bebê até o receio de encarar o trabalho o médico. de parto e de ter alterações na vagina”, E depois, “vou ficar deformada?”. explica Zanchi. Não, é mito. Também garanto que, nos 40 dias que se seguem ao nascimenSim, os medos e mitos são muitos. to – a chamada quarentena, quando o Mas são todos superados e esquecidos ginecologista proíbe qualquer relação na hora em que o bebê está saindo pela sexual mesmo depois de uma cesárea vagina. Só que para chegar no ponto –, a última coisa em que se pensa é em que tudo fica para trás e se supe- na situação da vagina. Não há tempo ra todo pavor e cansaço é preciso res- para isso. Um recém-nascido é pura peitar a natureza, o momento em que necessidade de cuidados. Tornar-se o bebê quer nascer, e aguardar, sem mãe – temos muitos meses com o feto marcar data. Poucas mulheres falam, no ventre para se preparar – é aprenmas um dos principais temores, con- der aos poucos que cuidar de um ser firmado pelo médico Zanchi, é a hora vivo é doação total. Isso inclui o parto. da passagem do bebê pelo canal vagi- É preciso passar pelas horas de contranal. Quando isso acontece, o corpo já ção, sim, e fazer força para empurrá-lo, se preparou durante todas aquelas ten- por mais sacrifício que seja. É melhor sas horas de contrações, há dilatação, para o bebê. o bebê se encaixa na bacia, a mulher faz muita força e.... juro, o bebê sim“O trabalho de parto é mais fisiolóplesmente desliza. Então não há dor, gico, fazendo com que o neném libere só alívio e felicidade do nascimento. uma série de hormônios. Ele amadu“A mãe tem que ter a percepção de rece durante o trabalho de parto, nasce que ela está comandando o espetáculo, na hora certa. Quando a mãe entra em sentindo aquilo que está acontecendo. trabalho de parto, ela libera ocitocina e Ter autonomia”, recomenda Zanchi. outros hormônios, que têm ação sobre “A dor só é difícil de ser aceita quan- o neném”, explica o presidente do dedo está associada ao medo. Quando a partamento científico de Neonatologia mulher sente que está comandando, a da Sociedade Brasileira de Pediatria dor é passageira, é aceitável, logo desa- (SBP), Renato Procianoy. O parto de


Quando as contrações empurram o bebê, é como se ele fosse massageado, favorecendo a saída de líquido dos pulmões para que respire pela primeira vez

Sala de espera para os pais, no Círculo |

Paula, aliviada |

João, apresentado às avós |

Fotos: Felipe Boff/O Caxiense

cesárea, portanto, pode afetar a saúde imediata do bebê. “Muitos nascem de parto cesariano e por causa disso acabam tendo problemas respiratórios, exatamente porque não há a absorção do líquido do pulmão. Daí também a maior parte dos índices de taquipneia transitória do recém-nascido serem em bebês de cesárea”, explica Procianoy. Tradução: enquanto as contrações empurram o bebê, ele é apertado no canal vaginal, está sendo preparado. É como se ele fosse massageado, favorecendo a saída dos líquidos de seus pulmõezinhos, que estarão prontos para respirar pela primeira vez. Lindo, a natureza é realmente perfeita. Mas, como explica a ANS, que batalha para diminuir o índice de cesáreas nos planos de saúde, a “criança tirada do útero, em dia e hora marcados, não tem a chance de passar por esses processos naturais”. Segundo a doula – profissional que acompanha, tranquiliza e conforta a mulher na hora do parto – Rachel da Silveira Soares, a cesárea tem efeitos também sobre a amamentação. “A descida do leite é mais demorada, então o vínculo entre a mãe e bebê nos primeiros momentos de vida acaba sendo quebrado.” Sem levar em consideração a recuperação de uma cesárea. Alguns meses se passam até que a mãe volte a fazer todas atividades como antes. Logo após o parto pode haver tremedeira, enjoo e frio, por causa da anestesia. Para sair da cama é preciso de auxílio, assim como para o banho. É recomendável que alguém leve o bebê para a mãe amamentar e que se tenha ajuda em casa por alguns dias. Eu, particularmente, considerei inaceitável a cesárea quando descobri tudo isso. O que eu mais queria era poder cuidar

totalmente do meu filho, não via a hora de poder dar banho nele, algo que é imediatamente inviável após uma cesárea. Mas retornemos ao que muda para o bebê, que é realmente o essencial. Segundo o médico Renato Procianoy, as cesáreas são a causa mais importante no momento para o nascimento de bebês prematuros. “Isso acontece quando o paciente se engana na data e o neném nasce antes do seu tempo, com todos problemas decorrentes da prematuridade, inclusive na alimentação. Se ele não está bem pronto para nascer, terá dificuldade para se alimentar”, esclarece o neonatologista. Assim, um bebê que é prematuro por ter nascido de cesárea antes da hora está sujeito a complicações. “Todo neném prematuro tem risco de problemas mais tarde, inclusive escolares, cognitivos, de comportamento. Neném que nasce muito cedo poderá ser um adulto com hipertensão, diabetes, conforme indicam pesquisas. O ideal é nascer no tempo adequado”, diz Procianoy. É importante ter a compreensão de que o tempo adequado é único para cada bebê. Alguns podem nascer de 38 semanas (caso do meu filho), 39, 40 e até 42, e aí começa outro problema. “Certos médicos estabelecem um prazo de no máximo 40 semanas para o bebê nascer, sendo que uma gestação normal pode chegar a 42 semanas. Uma mãe pode ter vontade de parto normal e algumas rotinas hospitalares (indução por ocitócitos, ruptura precoce da bolsa, ficar obrigatoriamente deitada) transformam esse parto em uma cesárea por vários motivos infundados”, protesta a doula Rachel. Com um desconforto leve, que começou perto da meia-noite, não 28.Out.2011

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considerei que estava entrando em trabalho de parto. Achei leve demais, pensei que fosse pior. Só depois de algumas horas, já de madrugada, meu marido acordou com as minhas reclamações, cronometrou o tempo entre os meus gemidos e constatou certeiramente que o João estava a caminho. Demorei para aceitar. “Mas faltam duas semanas!” O desconforto virou dor, a negação foi se transformando em aceitação e, conforme orientação do meu médico, Ivanir Tomazzoni – que apoiou minha decisão pelo parto normal desde o início –, fiquei em casa, no aconchego da minha cama, até que as contrações aumentassem. E como aumentaram! A mala já estava pronta, mas eu queria no mínimo passar um batom, encontrar aquele brinco que combinasse com a minha blusa. Não encontrei e coloquei outro. Tirar o pijama e colocar a roupa só foi possível nos intervalos das contrações. Comecei a chorar. Saindo de casa, o trânsito só piorou a situação. A cada sinal vermelho minhas contrações ficavam mais intensas. Depois de passar no consultório, onde o médico confirmou que eu estava em trabalho de parto, seguimos para o hospital. Lá, a cancela para entrar no estacionamento não abria. Sentindo uma dor muito forte, cometi uma infração que jamais faria em outra situação: buzinei. Certamente algum paciente foi incomodado pelo barulho. Para completar, meu marido cometeu outra infração: entrou na contramão e contornou a cancela fechada. Finalmente na recepção, eu me contorcia. Colocaram-me em uma cadeira de rodas e me empurraram pelos corredores. Vomitei no chão e lambuzei meu braço. Confesso que achei um pouco divertido, cinematográfico. Mas a graça passou quando comecei a perceber que não havia preparo algum na recepção para receber uma gestante para parto normal.

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Se eu estou vomitando e gemendo de dor em uma cadeira de rodas, não faz sentido, naquele exato momento, tentar completar uma ficha cadastral com os dados do meu plano de saúde – informações que, aliás, estavam sendo prestadas simultaneamente pelo meu marido na recepção. Dez horas de trabalho de parto já haviam se passado e eu ainda tentava entender por que o João estava nascendo com 38 semanas. Culpava até o xis que comi na noite anterior com os colegas de trabalho. Só quando amamentei pela primeira vez entendi que tudo aconteceu como tinha que acontecer, ou seja, na hora em que o João decidiu nascer, não eu. Com a dor cada vez mais forte, o único alívio imediato que pude imaginar seria uma cesárea. Estava esquecendo dos motivos pelos quais optei por um parto normal, de toda pesquisa que fiz sobre os procedimentos, a recuperação, as consequências para o bebê João. Cortar seis camadas do meu corpo (diversas camadas de pele, gordura e músculo até chegar ao corte do útero – sim, do útero – em si) e depois costurar todas essas camadas nem parecia tão ruim naquele instante. Implorei uma cesárea ao meu marido, fiz cara feia, dei um berro, vi que ele ficou espantado e, na minha cabeça, saiu tomar providências. Queria que ele me salvasse daquela dor. Meu médico chegou, e reforcei o apelo para dar fim àquilo tudo. E foi graças a esses dois homens que meu plano inicial foi cumprido. Marido e obstetra fizeram um pacto silencioso (eu percebi!) de simplesmente me enrolar. Funcionou. Os dois acompanharam por meses meu desejo de ter um parto natural. E por estarem preocupados com minha saúde e a do bebê, agiram para que tudo desse certo. Alguns minutos depois o João nascia, às 12h10, com 48cm, 3,120 kg, de parto normal. É preciso buscar informações, derrubar mitos e enfren-

Gustavo, Clarissa e Renata |

Maurício Concatto/O Caxiense

Implorei uma cesárea ao meu marido. Reforcei o apelo ao médico. Os dois fizeram um pacto silencioso: me enrolar


tar medos. A escolha do médico, principalmente para mães amparadas por planos de saúde, é fundamental para que o parto normal se realize. “Procure se orientar na comunidade médica sobre aqueles médicos que optam por dar assistência ao parto normal”, aconselha Marco Túlio Zanchi. “Tem médico que é bem sincero e avisa na hora que não faz parto normal”, alerta. Preocupante. Gestantes que pagam pelo atendimento são as que mais estão em risco, já que 84% dos partos por plano de saúde são cesáreas. No SUS, é bem diferente – e para melhor. Conforme a secretária municipal da Saúde, Maria do Rosário, durante o pré-natal realizado nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) há grupos de gestantes com atendimento de enfermagem, nutrição e até psicologia para a busca pelo parto normal. “É feita a orientação por parte desses profissionais da importância de se buscar o parto pelo processo mais natural possível. Também se faz um trabalho com os hospitais do SUS (Geral e Pompéia) para que não excedam o percentual recomendado de cesáreas. Para isso temos uma equipe de auditoria, que cuida das metas”, diz a secretária da Saúde. O Município monitora a incidência de cesáreas, que não devem passar de 30% no SUS. O número só é maior do que os 15% indicados pela OMS porque estes hospitais atendem casos de alto risco, de mulheres em vulnerabilidade social, que não fizeram o pré-natal e têm problemas de saúde – e, portanto, a cesárea se faz necessária.

fiquei empolgada. O questionário burocrático continuou. Ainda bem que não tive essa indiferença do meu médico, que manteve o plano do parto normal, apesar dos meus delírios no auge das contrações. A doula Rachel Soares lembra que o papel do obstetra é fundamental. “São eles que apontam o caminho, que dizem que a gestação está correndo bem e sabem detectar se algo está errado. Porém, devem trazer com mais clareza a suas pacientes a diferença entre os partos e indicar somente com real necessidade uma cesárea.” Mas ela pondera: “as mulheres devem ter dentro de si a resposta para esse momento. Devem ouvir o médico, sim, mas também devem ouvir o que diz seu coração e sua vontade”. E talvez, por mais informação que se tenha (jogue “cesárea recuperação” no Google e leia os primeiros resultados ou busque por cesárea no YouTube e assista), algumas mulheres escolham naturalmente o caminho da cirurgia. Rachel pensa que não se deve questionar a decisão ou tentar mudá-la, tanto na cesárea como no parto normal. “A gestação e o fato de estar se tornando mãe afloram conflitos internos que essa mulher sequer pensava ter. As suas vivências passadas ou até mesmo o momento presente pesam nessa decisão. E se ela decidir mudar a rota tem que ser por suas próprias pernas. O que pode ser feito é mostrar os caminhos. O parto está intimamente ligado ao ato sexual, sendo o ápice dele. E como a sexualidade, principalmente a feminina, é um tabu em nossa sociedade patriarcal, encarar o parto como vemos o De todo o meu parto, minha sexo é um desafio. É um momento única decepção foi quando a bol- íntimo, natural e totalmente fisiosa estourou. Tinha uma fantasia lógico”, analisa a doula. de que seria um momento especial, em que todo mundo ia parar, É uma decisão íntima. E imapontar o dedo e falar “a bolsa es- portante demais, porque envolve tourou, o bebê vai nascer!”, eu pe- outra pessoa, o bebê. Enquanto regaria um táxi amarelo, enfrentaria lembro os momentos do meu paro trânsito das ruas de Manhattan to, reúno as informações coletadas e... volta a fita. Antes de ser exa- com pesquisa e entrevistas e finaliminada, enquanto respondia meu zo esta reportagem, meu filho João grau de escolaridade e profissão dorme serenamente em seu berço e gemia de dor, a bolsa estourou, no andar de cima, sem saber que é molhou todo o chão e somente eu uma exceção. 28.Out.2011

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Enfiadas em um salão de beleza por dois dias, arrumando-se para celebrar um casamento árabe em Caxias do Sul, até as contidas muçulmanas trocam confidências femininas por CAROL DE BARBA

Fernando Macagnan, Divulgação/O Caxiense

A noiva não usa burka

Para os desavisados, era só mais um final de semana tipicamente movimentado no quarteirão onde fica o salão do hair stylist Sergginho Brancchi. Grandes casamentos na cidade costumam lotar não só este como muitos outros estúdios de beleza da cidade. Mas poucas uniões proporcionam uma cena quase de novela nas ruas: três gerações de famílias muçulmanas falando e brincando com as crianças em árabe, arrumando-se para entrar numa grande caminhonete – daquelas que comportam mais de cinco pessoas – com a bandeira da Palestina colada na traseira. A matriarca, com um bonito véu salpicado de cristais na cabeça, segura a neta no colo, enquanto a mãe da criança ajeita os longos cabelos milimetricamente encrespados, para que não estraguem a exuberante maquiagem. Dentro do salão, dezenas de mulheres espevitadas, com seus filhos a tiracolo, travam as línguas em palavras incompreensíveis, todas com erres muito marcados e fonemas que empilham outras consoantes. É assim, com essa alegre confusão, que começam os preparativos para a celebração do primeiro casamento árabe em Caxias do Sul. A comemoração completa durou, na verdade, 3 dias. No primeiro dia, quinta (20) da semana passada, não houve festa, mas as mulheres se reuniram em casa para fazer a massa da henna, uma espécie de tinta temporária – a mesma que os ambulantes da praia utilizam para fazer tatuagens e que as brasileiras estão mais habituadas a aplicar para tingir os cabelos. No dia seguinte, sexta, iniciaram-se as comemorações. O noivo e a noiva – que ficou até as 22h no salão se embelezando para o futuro marido – entram cada um com sua família, em momentos separados. A estrela da festa veste um luxuoso vestido vermelho, com muitos bordados em dourado e aplicações de pedrarias. Uma cauda com bem mais de metro prolonga a saia, armada como um balão, fazendo com que seja quase impossível se aproximar da pessoa perdida entre as centenas de metros de tecido. Depois de passar algum tempo na festa, a noiva retira-se para trocar de roupa. Desta vez um vestido todo colorido, também muito bordado, chamado sherkezi, mais apropriado – segundo a cultura árabe – para o próximo 28.Out.2011

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ritual. Quando ela ressurge, todos os convidados se aproximam, então, do centro do salão, para observar o noivo pintar bonitos desenhos de arabescos nas mãos da noiva com a henna preparada no dia anterior. Em seguida, um parente da noiva faz o mesmo com o noivo. Então, como Moisés fez com o Mar Vermelho, a multidão de homens e mulheres divide o salão ao meio, reunindo-se em dois grandes grupos, um feminino e outro masculino, e formando uma espécie de ciranda. Logo, os círculos se dispersam e todos dançam ao som da música árabe que embala toda a cerimônia. As crianças ganham de presente da noiva saquinhos com um pouco da henna para brincar, balas e chocolates, mas vibram mais ao ganhar uns minutinhos com a estrela da festa do que ao receber o mimo. Mesmo com mais uma noite de festa pela frente, os árabes mantêm a alegria que lhes é tão peculiar por muitas horas e só deixam o salão em torno das 3:00. O último dia, sábado, é o mais importante. E, por incrível que pareça, o mais semelhante ao casamento brasileiro. É nesta celebração que acontecem a troca das alianças e a dança da valsa árabe, chamada slow. Aí sim

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Sergginho Brancchi maquia Sêmia |

Maurício Concatto/O Caxiense

Os noivos, casados no civil há um ano, só deram o primeiro beijo após a cerimônia árabe


a noiva usa um vestido branco, não tão vibrante, mas não menos luxuoso nem menor que o vermelho do dia anterior. Há muito mais convidados, em torno de 300 (a cerimônia da pintura foi apenas para familiares, pouco mais de 100 pessoas), um grande jantar (com cardápio nacional, nada de quibe cru) e uma banda árabe trazida de São Paulo. Como ocorreu na sexta, a festa de sábado também se estende, com muita dança, madrugada adentro. Só que, depois, a alegria é exclusiva do casal. As últimas luzes do salão que se apagam marcam o fim de uma espera que, no caso dos noivos Rima Bakri e Mohamad Yousis, durou um ano: o primeiro beijo. Há exatos 12 meses, Rima e Mohamad casaram-se no civil. Essa era a condição para que pudessem, pelo menos, conversar e passear juntos. E só. “Não podem se tocar nem nada”, explica a prima da noiva, Sêmia Bakri. Rima é natural de Pelotas e morava lá até a data do casamento. Portanto, uma das obrigações de Mohamad era buscar a noiva e a família para a festa e

a mudança após o enlace. Os dois são primos (distantes), o que pode soar estranho por aqui, mas é muito comum entre as famílias árabes que moram no Brasil. A mistura de culturas é proibida na religião muçulmana, que é passada adiante pela hereditariedade e não permite a conversão. Isso acaba criando, digamos assim, um grande círculo familiar – não é à toa que a celebração só para a família tinha uma centena de convidados. Como as jovens muçulmanas não podem frequentar nenhum tipo de festa ocidental, Rima e Mohamad se conheceram em celebrações da cultura árabe. “Quer dizer, eles se viram, ele achou ela bonita e pediu para o pai para casar com ela”, esclarece a prima do noivo Rana Ibraim, responsável por todos os detalhes da organização da festa. “Imaginei que seria mais fácil. Não achava tudo que precisava sozinha, porque foi a primeira vez que teve casamento árabe em Caxias”, conta, em bom português, embora o forte sotaque da sua língua materna. Rana veio da Jordânia para Caxias com a família

há 13 anos – o clã do noivo é originário desse país, enquanto os descendentes e parentes da noiva são, em sua maioria, palestinos – e já está completamente habituada ao mundo e à curiosidade que o ocidental tem por seus costumes. Apesar de ser casada, ela não usa burka nem véu, como a maioria das árabes em território brasileiro. “Aqui é estranho. As pessoas param a gente na rua para conversar, fazer perguntas.” Vestida com calça jeans escura, camisa e sandália, mais básica impossível, ela poderia passar por qualquer outra descendência, até que uma observação mais atenta identifique nela os traços aduncos, os olhos negros, a vasta cabeleira escura e, finalmente, o sotaque. Na cadeira do cabeleireiro, Rana ainda resolvia pendências da festa pelo celular, volta e meia reclamando que “o ligação está muito ruim”. No entanto, algumas das convidadas, principalmente as que vieram diretamente da Jordânia e da Palestina, não têm esse desembaraço. Ao pisar no Brasil, a cultura árabe de certa forma se modernizou, mas ainda são as mulheres que têm mais regras a respeitar e

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Rima e Mohamad, em festa árabe com comida brasileira |

Fotos: Fernando Macagnan , Divulgação/O Caxiense

tradições a honrar – os homens árabes mais clichê que seja, é encantadora: a têm toda liberdade por aqui. vaidade. “Elas gostam dos olhos bem marcados, com um traço mais forte, Rana reservou por dois dias, so- bastante cor e brilho”, descreve Sérgio, mente para ela e suas convidadas, o enquanto faz exatamente isso em uma salão do cabeleireiro e maquiador delas, alongando mais ainda os seus Sergginho Branchi, que atendeu qua- cílios com diversas camadas de rímel. se 50 mulheres seguindo fielmente o Azul turquesa, coral e os mais divercontrole de qualidade árabe. No andar sos tons de lilás são os que fazem mais principal, onde havia uma grande cir- sucesso nos grandes olhos das árabes. culação de pessoas e profissionais do Nos cabelos, também, quanto mais sexo masculino trabalhando, ficavam brilho, melhor. Todas querem usar alas mulheres que não usavam véu. Al- gum passador, algum enfeite, penteagumas delas, no entanto, não podiam do diferenciado, com muitos cachos, ser nem maquiadas, nem penteadas, volume e cristais. “No primeiro dia, sequer tocadas por homens. Só se enchi uma das laterais do cabelo da permitiam ser atendidas por outras noiva com pedras, e a mãe dela ainda mulheres – como a mãe de Sêmia, por quis que eu fizesse igual do outro lado”, exemplo. No andar de baixo, além do conta. spa – reservado exclusivamente para a noiva, que nos dois dias saiu de lá Ainda que alguns rígidos costusomente depois de todas as parentes e mes prevaleçam, a relação universal de amigas –, foi preparada uma sala para confidência que toda mulher do planeatender as árabes mais tradicionais, es- ta tem com o seu cabeleireiro também pecialmente as convidadas internacio- existe no mundo árabe – mesmo que nais, que só tiram o véu na frente de ele seja num cantinho do Sul do Braoutras mulheres. sil. Como não trabalham, não vão para Diferenças à parte, todas compar- academia – porque usar legging é um tilham uma característica que, por sacrilégio, ou melhor, um haram – e só

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saem de casa para o essencial, passar um dia numa sala lotada de amigas para colocar o papo em dia sem a intromissão do marido é quase melhor que a festa em si. É ali que se ouvem os melhores comentários sobre o casamento e a vida de muçulmana no Brasil. As dificuldades de ser criada no país das mulatas e do Carnaval sem sequer poder ir à praia de biquíni. As estranhezas de frequentar uma escola católica e não poder fazer trabalhos de aula na casa das amigas. Opiniões sensatas e nada radicais sobre dilemas internacionais como a proibição da burka – todas as muçulmanas brasileiras entrevistadas nesta reportagem são contra a medida. E tudo sem revolta alguma. Mesmo torcendo um pouco – só um pouco – o nariz para a submissão aos maridos, elas são felizes. A pequena Larissa Zohra Kadam, de 8 anos, que o diga. “Eu dancei com a noiva, minhas amigas também. E elas brincaram no palco”, sussurra, envergonhada e, ao mesmo tempo, orgulhosa por estar dando entrevista. Larissa quer um casamento igualzinho quando crescer.


pLATEIA FilosoFia em tela grande|

dora, márcio e teFa: gigantes em palco restrito | teqUila vUlgar e hard rocK decente

A Árvore da Vida |

Divulgação/O Caxiense

Polêmico fruto de Malick por Jaisson Valim se viver: a graça ou a natureza. A mulher, óbvio, segue o primeiro modelo na criaEscrever sobre A Árvore da Vida é ção de Jack e os outros filhos. Dotada de uma tarefa delicada. Estreia da semana no um amor incondicional, ela dedica uma Centro de Cultura Ordovás, o filme deixa bondade ilimitada à família. O pai (Brad tantas portas abertas à interpretação que Pitt, em atuação magistral) aparece como até traçar uma simples sinopse ameaça o oposto. Inflexível nas ordens, ele adota criar divergência. uma brutalidade desconcertante na eduVamos correr o risco da polêmica. No cação de Jack e os irmãos. longa, o já lendário diretor Terrence MaA oposição estimula a pergunta central lick retrata – pelos olhos de Jack (quando do filme. A morte é o triunfo da natureadulto, Sean Penn), o filho mais velho – a za contra o espírito? Ao incitar a questão, dor de uma família do Texas que preci- mas à espera da participação do espectasa lidar com a morte de um de seus in- dor na busca pela resposta, o longa oferetegrantes. A tentativa para compreender ce argumentos que dão razão para os dois tamanha injustiça divina move o cineasta lados no CA-JU cinematográfico. Coma uma jornada filosófica rumo à origem – preende-se quem irá classificá-lo como a não só dos O´Brien, mas do universo. mais recente obra-prima do cinema. Mas Para cumprir a tarefa, Malick leva o também se entenderá aqueles que o deespectador a uma viagem que começa testarão por avaliá-lo como pretensioso, no Big Bang, passa pela queda do mete- arrastado e superficial. oro que exterminou com os dinossauros e Diante de tantas dúvidas, A Árvore da chega ao lar norte-americano dos anos 50. Vida produz um fruto certo. Ninguém É um passeio exuberante, com imagens sairá indiferente do Ordovás depois das que parecem pertencer a um documentá- mais de duas horas de exibição. rio do Discovery Channel. ★★★★ ★ Mas sai da boca da mãe (a encantadoORDOVÁS ra Jessica Chastain) a lição que dá a pista para uma das possíveis interpretações ao SEX. 19:30. SÁB. 20:00. DOM. 20:00. QUI. 19:30 filme. Segundo ela, há dois caminhos para 12 2:18

Filme oferece argumentos válidos tanto para amá-lo por sua discussão filosófica quanto para odiá-lo por ser arrastado

28.Out.2011

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CINE

Selton

O PALHAÇO

MELO. Paulo JOSÉ. De Selton MELO

Fruto de uma crise existencial de Selton Melo – roteirista, protagonista e diretor – o filme mostra a fase melancólica de Pangaré, um palhaço hilário no picadeiro que vem perdendo a graça na vida real. “Eu faço o povo rir, mas quem é que vai me fazer rir? Tô precisando...” Wagner Moura foi cogitado para o papel, mas não pôde aceitar o convite. Selton assumiu. A simplicidade e a poesia do filme realmente ficam melhor em Chicó do que no Capitão Nascimento. Estreia.

10

GNC 13:30-15:45-18:45-21:00

Rowan

1:30

ATKINSON. Gillian Anderson. De Oliver PARKER

O RETORNO DE JOHNNY ENGLISH

Matt

DAMON. Gwyneth PALTROW. De Steven SODERBERGH

CONTÁGIO

É irônico que, com tantas talentosas estrelas de primeira grandeza de Hollywood, o filme tenha um protagonista que seja invisível a olho nu e nem sequer fala: o vírus. Contágio conta a história de uma pandemia misteriosa e altamente letal que se espalha com tanta rapidez quanto o medo. A sinopse dá a impressão de ser mais um desses filmescatástrofe que reúnem uma multidão à porta dos cinemas e que todo o mundo esquece na semana seguinte. Mas aqui se trata de uma obra de Steven Soderbergh, que merece crédito por um currículo com longas como o cult Sexo, Mentiras e Videotape, o intrigante Bubble ou o recente O Desinformante. GNC 14:30-17:00-19:20-21:30 (Sex., sem a última sessão)

12

30

1:46

Um espião atrapalhado tem que enfrentar seu pior inimigo para salvar o mundo do caos e... você já viu esse filme, não? O apelo é o charme de Rowan Atkinson, o inesquecível Mr. Bean. GNC 13:50-16:30-19:10-21:20

10

1:41

Os Três Mosqueteiros

O diretor transformou o clássico em uma história cheia de comédia, ação e absurdos capazes de imobilizar o espectador e revirar Alexandre Dumas no túmulo. 3ª semana. GNC 14:15(3D)-16:45(3D) 13:40-19:30(3D) 21:50(3D)

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1:50

ATIVIDADE PARANORMAL 3

Dennis gravou uma cena de sexo com a mulher, foi interrompido por um terremoto, encontrou coisas estranhas na cena (!), e mostrou o vídeo para um amigo. O resto é paranormal. 2ª semana. GNC 16:00-18:00-20:00-22:00

14

1:34


Antonio

BANDERAS. Elena ANAYA. Marisa PAREDES. De Pedro ALMODÓVAR

A pele que habito

Almodóvar se repete: sempre folhetinesco. Almodóvar se repete: sempre falando de obsessões e fetiches. Mas desta vez, Antonio Banderas, depois de 20 canastríssimos anos em Hollywood – que valeram apenas pelo Gato de Botas do Shrek –, volta a trabalhar com o diretor. É um cirurgião plástico que perde a esposa incinerada em um acidente. Inconformado, tenta criar uma pele artificial que poderia tê-la salvo. E suas experiências jogam no fogo o código de ética. Dizem que Almodóvar se repete: sempre genial.

GNC. Pré-estreia. SEX. 21:30

2:00

O Zelador Animal

Quando a namorada volta para o ex, o zelador de um zoológico decide demarcar território. E vai precisar dos bichos – melhores do que ele em estratégias de conquista – que falam para ajudar o amigo. 3ª semana. GNC 14:00

L

1:42

Gigantes de Aço

Hugh Jackman é um Sr. Miyagi do Karatê Kid, que treina um robô com o estilo do Transformers e a sina de Rocky Balboa. 4ª semana. GNC. 16:15-19:00-21:40

10

2:07

AMOR A TODA PROVA

Destinado àqueles marmanjos que torcem o nariz cada vez que a namorada convida para uma comédia romântica – é destinado aos homens. UCS. 18:00

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1:58

SEM SAÍDA

O menino-lobo de Crepúsculo, Taylor Lautner, agora se torna a presa – só precisa descobrir primeiro de quem está fugindo. UCS. 18:00

14

1:46

Os Smurfs

No filme, eles fogem do vilão que quer capturar o elixir azul. E a substância tem poder. Há 13 semanas os Smurfs cantam la-la-lala-lala sem parar nos cinemas caxienses. UCS. 16:00

L

1:43

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Fotos: Elixir, Divulgação/O Caxiense

MUSICA + SHOWS SEXTA Jack Brawn 22:00. R$ 10 e R$ 20. Portal Bowling Tool Box 22:00. R$ 10. Bier Haus Bar Quarteto Paiol 22:00. R$ 6 e R$ 8. Paiol Léo Quadros 23:00. R$ 20 e R$ 40. Xerife Mercey Trio 23:00. R$ 10 e R$ 12. Vagão Classic Sexta Cultural 21:00. Zarabatana. Adriano Trindade 23:30. R$ 10 e R$ 20. Boteco 13 DJ Jaime Rocha 23:00. R$ 20 e R$ 25. Havana Edu e Renan 23:00. R$ 25 e R$ 30. Arena

Essência hard rock

Com um som autoral, estilo fiel ao hard rock das antigas – o logotipo sensual e a foto de contracapa do disco estrelando uma garrafa de Jack atestam – e um vocalista que, na atual conjuntura, deixaria Axl Rose no chinelo, a banda Elixir faz show de lançamento do CD Get Out. Depois de ter duas faixas tocadas na espera do show do ex-Guns Slash, Vinnie (vocal), Della (baixo), Giovas (guitarra), Marcão (teclados) e Mau (bateria), que produziram o CD em São Paulo, voltam à Serra para mostrar se também são bons de palco.

★★★ ★★

Sábado

Divulgação/O Caxiense

Dinamite Joe 22h. R$ 10 e R$ 20. Portal Bowling Agente Ed 23:00. R$ 10 e R$ 15. Vagão Junk Box 22:00. R$ 10. Bier Haus Disco 23:00. R$ 10. Leeds Pátria e Querência 22:00. R$ 6 e R$ 8. Paiol João Villaverde e filhos de Yê 22:00h. R$ 10 e R$ 20. Boteco 13 Federico Barco 23:00. R$ 25 e R$ 40. Havana. DJ Lucky 23:00. R$ 20. Nox Versus Dj Analu Giacomolli 23:00. R$ 20 e R$ 40. Pepsi Club Natural Dread e Brilho da Lata 23:30. R$ 12. Aristos Back Doors Band 23:00. R$ 12 e R$ 15. Vagão Classic

SEX. 23:00. R$ 10. Aristos

Velho blues caxiense

Uma das bandas pioneiras do blues no país, formada no final dos anos 80, a The Bluesmakers escolheu sua terra natal para voltar aos palcos. A estreia oficial é na quarta edição do Mississippi Delta Blues Festival, em novembro, mas Solon Fishbone, Andy Rodrigues, Rafa Schmitt e Zamba dão uma canja agora. No repertório, músicas próprias e dos artistas que influenciaram o grupo, como Stevie Ray Vaughan e Muddy Waters.

★★★ ★★

SÁB. 22:00. R$ 12 e R$ 18. Mississippi

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+ SHOWS Domingo Pagode Júnior 21:00. R$ 5 e R$ 15. Portal Bowling Domingueira 17:00. Grátis. Zarabatana.

Terça Fabrício Beck e Trio 22:00. R$ 12. Bier Haus DJ Luciano Lancini e DJ Maia 23:00. R$ 20 e R$ 40. Xerife Caco e Marcela 23:00. R$ 25 e R$ 30. Arena Turma do Pagode 23:30. R$ 35. All Need Reverso 22h. R$ 10 e R$ 5. Aquece Jaimar e Alexandre 21:00. R$ 5 e R$ 10. Paiol The Headcutters 22:00. R$ 8 e R$ 10. Mississippi Oitentákulos 22:00. R$ 10 e R$ 20. Boteco 13

Quarta The Headcutters 22:00. R$ 10 e R$ 15. Mississippi

Quinta

Tequila sem vergonha

A Festa da Tequila sempre prova que tudo que o Vagão Bar escreve no seu perfil do Twitter é verdade: ponto da perdição, antro de pecadores, para perder a dignidade. O som caliente fica por conta da banda mais cheia de latinidad no repertório da cidade, Los Infernales, que sempre tem propostas indecentes para quem topa subir ao palco para ganhar tequila de graça.

★★ ★★★

SEX. 23:00. R$ 10 e R$ 12. Vagão

Só um lugar ao sol

O objetivo é nobre – valorizar as bandas locais – e a motivação dos participantes também. Os meios é que deixam a desejar. A proposta do Rock Parque, organizado pelo Departamento de Arte e Cultura Popular da Secretaria da Cultura, é dar estrutura técnica para shows ao ar livre, mas, sem divulgação e curadoria adequada, eles acabam tendo mais o papel de som ambiente para o chimarrão e o passeio com o cachorro do que de vitrine para novas bandas. Da garagem para o parque, Metallica Cover, Willie Wonka, Lustrando os Trastes, Fighter e OLTZ. DOM. 15:30.Parque dos Macaquinhos. Ale Ruaro, Divulgação/O Caxiense

Tríplice 22:00. R$ 10. Bier Haus Macuco 22:00. R$ 5 e R$ 10. Paiol The Headcutters 22:00. R$ 10 e R$ 15. Mississippi Tita Sachet e Rafa Gubert 19:00. Grátis. San Pelegrino

Santíssima trindade

A pequena Igreja do Santo Sepulcro serve mais uma vez de palco para a apresentação do Ária Trio. Valdir Verona (viola e violão), Esmeralda Frizzo (piano) e Ricardo Biga (harmônicas) se apresentam pela terceira vez no Concertos ao Entardecer. Nesta edição tocam composições próprias, um pouco de música erudita, doses de blues e de música regional.

★★★★★

DOM. 18:00. Santo Sepulcro

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+ ESPETACULOS In Osteria

Um bêbado falido negocia com o dono de uma bodega, a Osteria, para manter o vício. Ao longo dessa trama cômica e escrachada, músicas italianas reproduzem a identidade dos imigrantes italianos. A peça é encenada pelo Miseri Coloni, que em 2011 comemora 30 anos.

Clássico dos clássicos Márcia e Susana de Resende Fabião, com supervisão da fundadora da escola, mãe orgulhosa e grande homenageada da noite de gala, Dora de Resende Fabião, tiveram menos de dois meses para montar o espetáculo que vai homenagear meio século da escola Dora Ballet. O ballet preferido de Dora, Dom Quixote de la Mancha, do coreógrafo Marius Petipa, terá 72 bailarinos, cinco trocas de cenário, dezenas de trocas de figurinos. Toureiros, leques, castanholas. Espanha. Como fazer tanto em pouco tempo? O currículo de 50 anos de tradição explica. Olé! SÁB. 20:30. R$ 25. Teatro São Carlos 1:40 Douglas Trancoso, Divulgação/O Caxiense

PALCO

SÁB. 20:30. DOM. 20:30. Ordovás. R$ 7,50 e R$ 15 1:53

Meia-noite na floresta “Não me sinto sozinho em palco, mesmo sendo um monólogo”, descreve o ator Márcio Ramos. O espetáculo comporta um público de 25 pessoas que ficam imersas em um ambiente perturbador. Mas não se preocupe. A ideia não é que o público converse com o personagem meio homem, meio animal vivido pelo ator. O objetivo é uma aproximação por meio de um jogo intimista em que os silêncios criam momentos de dúvidas e reflexão da plateia. Direção de Ana Fuchs. SÁB. 24:00. DOM. 21:00. R$ 30 e R$ 15. Teatro do Encontro

Marcelo Amaral, Divulgação/O Caxiense

1:00

Jogos sórdidos O clássico Quem tem medo de Virgínia Woolf?, de Edward Albee, adaptado para o cinema na década de 60, ainda tem fôlego para muitas releituras. Um jogo de casais, um tipo de Verdade ou Consequência, revela intimidades dos personagens. Qual é o mais infeliz? Virgínia Woolf ainda assusta. No palco, Tefa Polidoro, um monstro da cena caxiense. Direção de Eve Mendes. SEX. 20:00. SÁB. .20:00. R$ 20 R$ 10. Teatro do Sesc 1:10

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ARTE Guarda-chuva para um

Giovana Mazzochi, parceira das últimas exposições de Marcos Clasen, ficou fora de Chuvas, mais original, sombria e instrospectiva. Em seis telas, o artista explora o interior humano a partir do isolamento em um guarda-chuva. Clasen fotografa, faz montagens e a partir delas cria uma nova imagem, base para as telas. Curadoria de Mona Carvalho. A partir de 3.NOV. SEG.-SÁB. 10:00-19:00. DOM. 16:00-19:00. Catna Café

+ EXPOSICOES VI Mostra Real da Maçonaria da Serra Gaúcha Coletiva. SEG-SEX. 9:00-19:00. SÁB. 15:00-19:00. A PARTIR DE 4.OUT. Ordovás

Arte à Flor da Pele

2★

SEG-SÁB.10:00-22:00. ATÉ 31.OUT. Salão de Beleza Iza

Artimanhas: 35 anos das artimanhas de Xico Conte SEG.-SEX. 8:00-19:00. ATÉ 31.OUT. Câmara de Vereadores

Cuba Muito Além do Rum e Charuto

3★

Fábio Grison. SEG.-SEX. 9:00-19:00. SÁB. 15:00-19:00. ATÉ 31.OUT. Ordovás

Êxodos Reproduções de Sebastião Salgado. SEG.-SEX. 8:30-19:00. A PARTIR DE 31.OUT. Câmara de Vereadores

Moúsai: À luz do luar, entre sombras, o patrimônio se revela Coletiva. TER.-SÁB. 9:00-17:00. Museu Municipal

Muito prazer, somos o Clube do Fotógrafo de Caxias do Sul Coletiva. SEG.-DOM. 10:00-22:00. San Pelegrino

Nobre Beleza

3★

Júlia Webber. SEG. SÁB. 10:00-19:30 DOM. 16:0019:00. ATÉ 31.OUT. Catna Café

O Ventre e o Leite

5★

Bruno Segalla. SEG.-SEX. 9:00-12:00 14:00-17:00. Instituto Bruno Segalla

Programa de Linguagem Atípica Coletiva. SEG.-SEX. 8:00-22:30. ATÉ 31 OUT. Campus 8

CA

MA RIM

Marcelo Aramis

Casa cheia. Gente de casa

Para comemorar o aniversário de 50 anos, a escola Dora Ballet vai apresentar Dom Quixote. A noite de gala é resultado de um milagre de apenas dois meses de produção, uma parceria entre Dora Rezende Fabião e as filhas Márcia e Suzana. Na quarta (25), restavam apenas 20 lugares, dos 415 disponíves no Teatro São Carlos. Márcia avisou que no dia, ainda há possibilidade de colocar 20 cadeiras extras. Os parentes de uma bailarina têm apenas uma oportunidade por ano para ver o talento da família no palco. Resultado: espetáculos sempre lotados. É sinal que têm potencial para esticar temporadas e se apresentar para estranhos. Nem mesmo a plateia cativa cabe em uma única sessão.

Zica que deu certo

Se levasse em conta todos conselhos que recebeu, Zica Stockmans não teria realizado uma longa temporada de Memórias de uma Solteirona após duas sessões de estreia lotadas no Teatro São Carlos e mais seis apresentações na cidade. Para quem decidiu viver de teatro e abrir um espaço cultural independente em Caxias, não foi difícil encontrar coragem para arriscar. “Repetir é dar vida longa ao espetáculo e experiência ao ator”, simplifica Zica, que vive uma solteirona condenada à virgindade eterna pela praga de uma tia. Foram seis sessões, três finais de semana e cerca de 300 espectadores. É dessa mandinga que o teatro caxiense precisa.

Chegadas e partidas

O fim de semana é de grandes nomes no teatro. Tefa Polidoro traz a peça Quem tem medo?, um projeto realizado na UFRGS, em POA. Márcio Ramos mostra o resultado de um ano de trabalho, O Fauno, antes de pegar a estrada. Enquanto não tem força para ser sede dos grandes talentos, é bom que Caxias valorize o “turismo interno”. 28.Out.2011

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Enderecos

Daiane Daros, Divulgação/O Caxiense

A

cinemas: GNC - rsc 453 - km 3,5 - Shopping Iguatemi | 3289-9292. Seg.qua.qui: R$ 14 (inteira), R$ 11 (Movie Club) R$ 7 (meia). Ter: R$ 6,50. Sex. Sab.Dom.Fer. R$ 16 (inteira). R$ 13 (Movie Club) R$ 8 (meia). Sala3D: R$ 22 (inteira). R$ 11 (meia) R$ 19 (Movie Club) | UCS. Francisco Getúlio Vargas, 1130, Petrópolis. 3218.2100. | ORDOVÁS. Luiz Antunes, 312. Panazzolo. 39011316. R$ 5 (inteira). R$ 2 (meia). MÚSICA: All Need. Castelnovo, 13.351. Capivari. 3028.2200 | Aquece Bar. Rua dos Farrapos, 52. Exposição. 3538-6674 | Aristos. Av. Júlio de Castilhos, 1677, Centro 3221-2679 | Arena. Perimetral Bruno Segalla, 11.366. São Leopoldo. 3021-3145. | Bier HauS. Tronca, 3.068. Rio Branco. 3221-6769 | Boteco 13. Augusto Pestana. Moinho da Estação. 3221-4513 | Havana Café. Augusto Pestana, 145. Moinho da Estação. 3215-6619 | Igreja Santo Sepulcro. Júlio de Castilhos, s/n°, Lourdes | La Barra. Coronel Flores, 810. Moinho da Estação. São Pelegrino | Leeds. 18 do forte, 314. Lourdes | Paiol. Flora Magnabosco, 306. São Leopoldo. 3213-1774 | Mississippi. Coronel Flores, 810, São Pelegrino. Moinho da Estação. 3028-6149 | Nox Versus. Darcy Zaparolli, 111. Villaggio. 3027-1351 | Pepsi Club. Vereador Mário Pezzi, 1.450. Lourdes. 3419-0900 | Portal Bowling‎. RST 453, Km 02, 4.140. Desvio Rizzo. 32205758 | The King: Tronca, 2802. Rio Branco. 3021-7973 | Vagão. Coronel Flores, 789. São Pelegrino. Moinho da Estação. 3223-0007 | Vagão Classic. Júlio de Castilhos, 1.343. Centro. 3223-0616 | Xerife. Hilário Pasquali, 34. Universitário. 3025-4971 | Zarabatana. Luiz Antunes, 312. Panazzolo. 3228-9046 teatros: TEATRO São CARLOS. Feijó Júnior, 778. São Pelegrino. 3221-6387 | SESC. Moreira César, 2462. Centro. 3221-5233 | ORDOVÁS. Luiz Antunes, 312. Panazzolo. 3228-9046 galerias: Câmara Municipal. Alfredo Chaves, 1.323. Exposição. 3218-1600 | CAMPUS 8. RS-122, s/n°, Km 69. Forqueta. 3289.9000 | CATNA CAFÉ. Júlio de Castilhos, 2546. Centro. 3221-5059 | Instituto Bruno Segalla. 30276243 | Andrade Neves, 603,Centro | Museu Municipal. Visconde de Pelotas, 586, Centro. 3221-2423 | ORDOVÁS. Luiz Antunes, 312. Panazzolo. 3228-9046 | Salão de Beleza Iza. Os 18 do Forte 1420. São Pelegrino. 3223.8135 | San Pelegrino. Rio Branco, 425. São Pelegrino. 3022-6700

Legenda Duração

Classificação

Avaliação ★ 5★

Dublado/Original em português Legendado Animação Ação Aventura Comédia Drama Infantil Romance Suspense Terror Ficção Científica

Música Rock Pop Erudita MPB Samba Pagode Sertanejo Eletrônica Blues Tradicionalista Reggae

Dança Clássico

Artes

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Louca no salto Já está na segunda edição o projeto do Estúdio Jefferson Hoffmann de criar editoriais de moda independentes, divulgados no blog estudiojh. com/blog. A ideia é educar o mercado para a importância de profissionais que costumam ficar fora do orçamento mas fazem a diferença na produção. Em A Louca do Sapato, inspirado em uma mulher que transforma seu mundo conforme o par que usa, participaram a fotógrafa Daiane Daros, a modelo Gisi Fiuza (Cast One), a stylist Gabriela Basso e a produtora Gabriela Pegorini. A beleza é de Jefferson Hoffmann e Daniel Carvalho.

Tempero

Cinema e Teatro

Desenho Fotografia

Carol De Barba

Diversas Escultura Pintura

A marca Pó de Pimenta, das estilistas caxienses Silvana Ferrarini e Luciane Vicenzi, não tem esse nome à toa. Generosas doses de especiarias e temperinhos estão no DNA da marca – e na coleção de verão 20112012, é claro. Além de propor uma mistura bacana de malharia retilínea e tecido plano, uma das grandes sacadas da Pó é a personalidade forte que supera as barreiras físicas. Através de um site lúdico, um blog (podepimenta.com.br/blog) e perfis ativos nas redes sociais (coordenados pela Lu), a grife é a prova de que moda vai muito além do vestuário. #ficadica Hot Summer Week Arezzo. Descontos especiais na coleção de verão, nas lojas do Iguatemi e San Pelegrino. Até quarta (02).


ARQUIBANCADA Fim de semana tem bocha e canastra, como não! | Na UCS, esporte na água e na quadra | Ju vai ao sul decidir seu destino + ESPORTE TÊNIS: Circuito da Serra Gaúcha

SEX. 18:00. SÁB. DOM. 8:30. Recreio da Juventude

NATAÇÃO: Jogos Abertos SÁB. 13:00. UCS

FUTEBOL: São Paulo x Juventude

DOM. 16:00. Estádio Aldo Dapuzzo. Rio Grande (RS). De R$ 8 a R$ 15

CORRIDA: 5ª Rústica Comunitária

DOM. 9:00 (minirrústica) e 9:45 (rústica). UAB

BASQUETE: Citadino Adulto

Juvenil x Abacs: DOM. 15:00. UCS UCS x ABBG: DOM. 16:30. UCS Recreio da Juventude x Aranhas: DOM. 18:00. UCS

FUTEBOL: Jogos Escolares

Juvenil masculino: DOM. 8:30-14:30. Municipal 1 e 2 e Enxutão Infantil masculino: SEG. 8:30-13:00. Municipal 1 e 2 Juvenil Feminino: TER. 8:30-14:30. Municipal 1 e 2

Circuito Gaúcho de Skate |

BOLÃO: Jogos Abertos

TER. 19:15. Salão paroquial de São Pelegrino e Capuchinhos

BOCHA e CANASTRA: Etapa Regional da 31ª Olimpíadas Comerciárias Sábado, a partir das 9h. S.E.R Santa Lúcia

Recreio da Juventude: Atílio Andreazza, 3.525, Sagrada Família | Escola Bento Gonçalves: Benjamin Constant, 229, Centro. Bento Gonçalves (RS) | UCS: Francisco Getúlio Vargas, 1.130, Petrópolis | Estádio Aldo Dapuzzo: Av. Presidente Vargas, 518, Rio Grande (RS) | UAB: Luiz Antunes, 80, Panazzolo | Municipal 1 e 2: Av. Circular Pedro Mocelin, Cinquentenário | Enxutão: Luiz Covolan, 421, Santa Catarina | Salão Paroquial da Igreja São Pelegrino: | Av. Itália esq. Av. Rio Branco, São Pelegrino | Salão Paroquial dos Capuchinhos: General Sampaio, 161, Rio Branco | S.E.R. Santa Lúcia: Jacob Luchesi, 154, Santa Lúcia.

Thiago da Luz, Divulgação/O Caxiense

Vamos a Bento andar de skate! Pelo menos quatro dezenas de caxienses irão de carro ou ônibus até Bento Gonçalves neste fim de semana. Esta é a parte chata. Ao desembarcar por lá, porém, chega a parte divertida. Vão tomar as ruas com seus veículos preferidos na 4ª Etapa do Circuito Gaúcho de Skate. E como Caxias não pode fazer feio em Bento, estará representada por skatistas como Patrik Mazzuchini, de 23 anos. Maior promessa local de medalha, Patrik

vem de um bronze, saltando escadarias, em um campeonato em Santa Catarina. No circuito gaúcho, está em 2º na categoria amador, depois de tirar um 1º e dois 3º lugares nas etapas anteriores. Se vencer, Patrik poderá ultrapassar o porto-alegrense Diego Correa e assumir a liderança. SÁB. DOM. 9:00. Ginásio da Escola Bento Gonçalves, ao lado da Praça Centenário

Dupla jornada do vôlei Os seis anos seguidos erguendo a taça de campeão do Citadino de Vôlei na categoria juvenil foram interrompidos no ano passado pela eliminação nas semifinais. Agora, o treinador da UCS, Giovani Brisotto, espera reiniciar a série de títulos. A equipe soma 8 vitórias e apenas 1 derrota. Neste

domingo, disputa os últimos dois jogos da fase de grupos, já classificada para a etapa seguinte. Primeiro, contra o Pro-Cor, de Bento Gonçalves. Depois, contra a Ulbra, de Canoas. DOM. 8:30 e 12h15. Recreio da Juventude 28.Out.2011

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