Edição 119

Page 1

9.MAR.2012

1


A espera de Chico, um sobrevivente à crueldade, por um novo lar

4

De olho nas eleições, PT flerta com o PP

6 O esforço de Caxias para que a inclusão não vire exclusão

12

Quem põe ordem no bairro Victório Trez Números absurdos da Festa da Uva

Por que o xerife do Juventude perdeu a estrela

29

10 Os peões também podem dar xeque-mate

Fotos: 4, 8, 12 e 17: Maurício Concatto/O Caxiense

2

7

17

Para a Serra entrar na moda

8


DIGA!

Rua Os 18 do Forte, 422\1, bairro Lourdes, Caxias do Sul (RS) |

#sóbatequemerra | Segunda Tela | Competência e direito das fontes

Divulgação/O Caxiense

Há exatas seis semanas, O CAXIENSE trazia na sua capa o destaque para a reportagem principal sobre o Twitter. O ângulo diferente, que sempre buscamos, era justamente a abordagem local. Como mostra a matéria, Caxias do Sul já colocou seus temas nos Trending Topics, os assuntos mais comentados da rede, diversas vezes. #VilaOliva, no dia do anúncio da definição do local do aeroporto, e #Gatovias, quando aumentou o pedágio no polo de Caxias do Sul, são exemplos. Com a vitória do Caxias pela Taça Piratini, fomos ao topo novamente. Desta vez, alcançamos os TTs mundiais. #sóbatequemerra rendeu muita risada e brincadeiras com outros ditados invertidos, isso porque o volante Mateus, ao conceder entrevista para a televisão, soltou a declaração ao contrário ao explicar como desperdiçou sua cobrança de pênalti. Imediatamente os torcedores que assistiam à partida na TV e interagiam pelas redes sociais comentaram a gafe. Ainda na madrugada, à 1:35, O CAXIENSE publicou seu Storify com a repercussão da vitória grená nas mídias sociais e também os comentários com a hashtag #sóbatequemerra. Por que é importante? Porque acreditamos no conceito de segunda tela – quando, além da televisão, o público acompanha acontecimentos através de outros dispositivos, computador ou telefone. E #sóbatequemerra é o melhor exemplo local e recente do fenômeno. Mas não basta ter publicado o evento ainda na madrugada. Na manhã seguinte, o repórter Gabriel Izidoro conseguiu entrevistar o jogador Mateus, dando a profundidade da cobertura que sempre buscamos. E o reconhecimento dos leitores veio em seguida. De Taís Cervelin, no Twitter:

Melhor reportagem sobre o Mateus! Indo muito além da trapalhada, falando da importância dele para o time e do futuro no clube Nem todos veículos conseguiram entrevistar Mateus sobre o fato. Foi o caso do site Globo Esporte RS, cujo título de sua matéria foi “Hit no Twitter, Mateus evita entrevista, mas ganha homenagem dos colegas”. Isso é comum no jornalismo. O diferencial do jornalista Gabirel Izidoro pode ser resumido em um termo: competência. Além de achar a fonte na hora certa, com a abordagem correta, contou com suas habilidades profissionais. Não há favorecimento algum. Respeitamos o direito de uma fonte dar ou não entrevista e acreditamos que, quando conseguimos, deve-se à competência. Quando a presidente Dilma Rousseff (PT) esteve em Caxias para a abertura da Festa da Uva, somente a Rádio São Francisco AM conseguiu entrevistá-la. Favorecimento? Não. Competência da equipe. Isso faz recordar de quando O CAXIENSE apurou, em 18 de outubro de 2011, que apenas um servidor municipal tem salário maior do que o prefeito José Ivo Sartori (PMDB). A matéria também revelou outros supersalários. A fonte foi o secretário de Gestão e Recursos Humanos, Edson Mano, que não favoreceu este veículo, apenas respondeu a uma pergunta. Como disse, respeitamos os direitos das fontes de responder ou não, bem como o direito do jornalista de perguntar. E por falar em supersalários, o relatório do Tribunal de Contas com a auditoria da investigação está atrasado por conta das férias. O prazo mais recente foi “meados de março”. Aguardamos. Paula Sperb, diretora de Redação

95020-471 | Fone: (54) 3027-5538 ocaxiense@ocaxiense.com.br

www.ocaxiense.com.br

DIRECAO Diretor Executivo - Publisher

Felipe Boff Diretora de Redacao

Paula Sperb Diretor Administrativo

Luiz Antônio Boff

Editores-chefes

Marcelo Aramis Jaisson Valim Subeditora

Carol De Barba

Fabiana Seferin Gabriel Izidoro Rafael Machado Robin Siteneski

Dimas Dal Rosso Gesiele Lordes Leonardo Portella Paulo Pasa

Maurício Concatto Designer

Luciana Lain COMERCIAL Executivas de contas

Pita Loss Suani Campagnollo ASSINATURAS Atendimento

Tatyany R. de Oliveira Assinatura trimestral: R$ 30 Assinatura semestral: R$ 60 Assinatura anual: R$ 120 foto de capa Maurício Concatto/O Caxiense

9.MAR.2012

3


BASTIDORES

Caxias radical | A contabilidade divertida da Festa da Uva | O mentor do Made in Serra Gaúcha | Liderança voluntária

1 MES na vida... ...de um cachorro à espera da adoção

Chico sob os cuidados de Sarah | Maurício Concatto/O Caxiense

No início de fevereiro, 5 cães e um gato morreram envenenados nas ruas do bairro de Ana Rech. Chico, um filhote vira-lata, também abandonado na rua, foi encontrado junto ao grupo, mas teve a sorte de não cair na armadilha. O sobrevivente recebeu abrigo na casa de uma estudante de ciências biológicas. Sarah Weber, de 18 anos, encontrou o animal perto da sua casa, bancou do próprio bolso os cuidados com veterinário e alimentação e ainda fez uma campanha nas redes sociais para que a história de Chico tivesse um final feliz.

7 de fevereiro Chico faz a sua primeira visita ao veterinário, toma o remédio contra os vermes e outras vacinas comuns. Pelo comportamento calmo do cão, o médico constata que ele provavelmente sofrera maus-tratos antes de ser encontrado. Saem da clínica com a castração de Chico marcada gratuitamente pela prefeitura para o dia 13 de março. É... Cães de rua têm seus privilégios... 8 de fevereiro Sarah fez um vídeo mostrando que Chico é bastante brincalhão. Seus dentinhos estão em fase de crescimento e ele adora brincar de morder. Na gravação, o cãozinho se diverte com duas bolinhas de borracha e um lençol. O momento de recreação foi postado nos perfis da garota no Twitter e Facebook, junto com um apelo para a adoção do filhote.

6 de fevereiro Parentes avisam a estudante, que já é conhecida por gostar de animais, que há um cachorro abandonado em um grande mato, próximo à residência da família. Sarah vai em busca do bicho perdido e encontra um filhote, de 3 meses, com a barriga inchada de vermes 19 de fevereiro e bastante assustado. Dá ao novo amigo Mais um vídeo do filhote aparece nas reo nome Chico. des sociais. Desta vez ele brinca com um

4

osso de couro por quase um minuto. A estudante acredita que não bastam fotos, é preciso vídeos para demonstrar toda a graça e a fofura – adjetivo unânime dentre os comentários da postagem – do pequeno filhote marrom. 20 de fevereiro A mãe de Sarah pressiona a filha para encontrar logo um lar para Chico. A família já tem outro cachorro e fica difícil para o filhote viver ali permanentemente. A garota mantém o cão em uma casa vazia, que está para alugar, ao lado da sua. 5 de março Pela manhã, Sarah dá entrevista a O CAXIENSE. Chico fica empolgado com o bloco do repórter e brinca com ele como fez com a bola laranja e o osso. Horas depois, uma colega de trabalho da mãe de Sarah aparece e se interessa pelo cachorrinho. Em poucos minutos, o olhar desconfiado de Chico conquista um novo lar.


CAM MBA com mobilidade acadêmica

PUS “O que está me fazendo sair é não ter conseguido deixar o time, não com a cara do Picoli, que seria muita pretensão, mas com a cara do Juventude.” Antônio Picoli, ex-técnico do Juventude, que deixou o clube na segunda (5), depois do empate com o Canoas, estreia do time na Taça Farroupilha.

Começam no próximo mês as aulas dos cursos de MBA oferecidos pela LaSalle Business School. As turmas terão no máximo 20 alunos e serão acomodadas nas salas completamente reformadas especificamente para a pós-graduação no Colégio Carmo, que oferecerá também seu estacionamento para melhor receber os estudantes. Sob coordenação de Vilson Carra, os cursos, de Gestão de Pessoas e Liderança Coach, Gestão Estratégia e Inovação e Logística Aplicada/ Gestão da Cadeia de Suprimentos também contam com a opção de mobilidade acadêmica. Os matriculados podem cursar módulos na Business School de Barcelona, cujas aulas iniciam simultaneamente, arcando somente com as despesas pessoais. O valor total do MBA é R$ 9 mil, com 10% de desconto à vista e opções de parcelamento. Para inscrições e informações: 3220-2323.

Bem na foto Por mais bonito que seja, ninguém é imune à crueldade de uma foto 3 x 4. A campanha Minha Foto FTSG, da Faculdade de Tecnologia da Serra Gaúcha, resolve o problema. Em vez de fazer a imagem na hora, os estudantes da faculdade podem encaminhar sua foto pessoal de sua preferência para a carteirinha até segunda-feira (12) para o e-mail faleconoscoftsg@ftsg.edu.br. A foto deve estar em formato .jpeg. Os estudantes da Faculdade América Latina também podem enviar sua própria foto para confecção da carteira de estudante até o dia 20 de março. A imagem, em formato JPEG, deve ser encaminhada para o e-mail atendimento.cxs@americalatina.edu.br.

+ Vestibulares Faculdade Murialdo Erramos | O número correto de animais capturados na área da represa do Sistema Marrecas é 500, e não mil, como publicado na matéria Expulsos do Paraíso, da edição 118. Na mesma página, a foto é de um sapo-ferreiro, e não de uma rã-cachorro. O texto ainda grafou de forma incorreta o nome do supervisor ambiental Gustavo Maidel.

As inscrições para o vestibular agendado na Faculdade Murialdo estão abertas até esta sexta-feira (9). Os inscritos poderão escolher a data e o horário para realizar a prova para os cursos de Administração, Agronegócio e Sistema para Internet. A inscrição pode ser feita pelo site www.faculdademurialdo.com.br ou na instituição, das 9:00 às 12:00 e das 13:30 às 20:00. ESCOLA DE GASTRONOMIA UCS-ICIF: Av. da Vindima, 1.000. Parque de Eventos Eloy Kunz. Flores da Cunha. 3292-1188 | FACULDADE MURIALDO: MARQUÊS DO HERVAL, 707. 3039-0245 | FTSG: MARECHAL FLORIANO, 889. CENTRO. 3222-8700 | LASALLE BUSINESS SCHOOL: Os Dezoito do Forte, 1754. 32202323. | UCS: FRANCISCO GETÚLIO VARGAS, 1.130. PETRÓPOLIS. 3218-2800

9.MAR.2012

5


Não foi por acaso que a chef Sonia Hermoza escolheu o Dia Internacional da Mulher para inaugurar seu mais novo empreendimento, o Maria do Brasil. Localizado no segundo andar da nova sede do Sindiserv, além da influência brasileira, a culinária do restaurante também é temperada com segredos femininos que vão além dos ingredientes orgânicos – a experiência da paranaense nas cozinhas caxienses e o sabor da culinária mineira, herdado de outra Maria, a Hermoza, mãe de Sonia. A partir de segunda (12) ele estará aberto ao público, funcionando durante a semana e nos sábados, das 11:30 às 14:30, e em horários alternativos para eventos especiais.

Promoções para as mulheres Com a divulgação de diversas promoções referentes ao Dia Internacional da Mulher – especialmente descontos em restaurantes e hotéis –, O Caxiense se perguntou o quanto a celebração está rendendo e como está sendo explorada pelo comércio local. Segundo o presidente do Sindilojas, Ivanir Gasparin, as empresas estão realmente apostando cada vez mais nas datas especiais secundárias, para não ficarem dependentes apenas do Natal ou de comemorações maiores. “Junto com o Dia das Mães, o Dia Internacional da Mulher é o que mais cresce”, confirma Gasparin.

Lucas Lermem, Divulgação/O Caxiense

O novo tempero de Sonia

Jovens empreendedores O Programa Miniempresa, da CIC Jovem/ Junior Achivement, está com inscrições abertas para instrutores voluntários, os chamados advisers, das áreas de Recursos Humanos, Produção, Finanças e Marketing. O programa começa no dia 12 de março. Os voluntários se reunirão uma vez por semana com os alunos em suas escolas, durante 3 horas e 30 minutos, ao longo de 15 semanas, para orientá-las na elaboração da estrutura organizacional, do produto e da estratégia de comercialização das miniempresas. Os interessados em participar devem entrar em contato com a Parceiros Voluntários pelo 3218-8085 ou com a CIC Jovem pelo 3218-8030.

Muitas opções Ausência prevista

Em se tratando de possibilidades, nenhum partido está tão confortável em Caxias quanto o PP. O DEM, ainda viabilizando a candidatura de Milton Corlatti, oferece ao PP a vaga de vice. O PT, que já lançou Pepe Vargas a prefeito, também – e conta com o apoio da senadora progressista Ana Amélia Lemos. O PDT, com a candidatura de Alceu Barbosa Velho, e o PMDB, do provável candidato a vice Antonio Feldmann, vão ter trabalho para manter o aliado.

6

A Câmara recebeu a procuração assinada por Harty Moisés Paese tornando o advogado Luiz Carlos dos Santos seu procurador no processo de cassação dos direitos políticos do ex-vereador na última segunda (5). O Legislativo não tem expectativas de que ele compareça à audiência da comissão processante, nesta sexta (9). Na ausência de Paese, falam os assessores políticos e os estagiários que trabalhavam no gabinete quando ele apresentou atestados médicos falsos, o que já deve dar um bom caldo. É a quantidade de resíduo têxtil que o Banco de Vestuário distribuiu em 2 anos de atividade para mais de 180 entidades. A Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Emprego reafirmou o contrato com a instituição, responsável por centralizar e reaproveitar as sobras das indústrias têxteis e de confecção. O órgão também oferece cursos de capacitação o mercado de confecção.

Campanha

Os servidores municipais lotaram o plenário da Câmara para aprovar a pauta das negociações da Campanha Salarial 2012, entregue à prefeitura na segunda (6). O pedido de aumento de 7,91% foi aprovado por unanimidade. O Sindiserv já tem assembleia e ato público agendados para 15 de março, às 15:00, no estacionamento da sede administrativa, para apresentar as 24 propostas da campanha.

ple

na rio


GENTE

Maurício Concatto/O Caxiense

BOA

Uma voluntária na periferia Papel, bituca de cigarrro, sacolas plásticas, galhos... Por onde passa, a aposentada Marlene Carneiro de Jesus, de 51 anos, vai recolhendo todo o lixo que encontra pela rua. Há 8 anos, desde que foi morar no loteamento Victório Trez, na zona norte da cidade, a aposentada dedica seu tempo para atividades relacionadas à preservação do meio ambiente. Dona Marlene – como é chamada – já perdeu as contas de quantos mutirões de limpeza ajudou a organizar, mas garante que menos de 80 não foram. Hoje ela integra o programa da prefeitura Eu Ecológico, que ensina como reaproveitar material reciclado. Nas oficinas de Dona Marlene, dezenas de mulheres aprenderam a transformar óleo de cozinha usado em sabonete – lixo em fonte de renda extra. Nos últimos tempos, ela também tem se envolvido com outras questões sociais da comunidade. Conseguiu arrecadar donativos para distribuir às famílias que perderam tudo nos temporais de fevereiro, participou de reuniões que reivindicaram melhorias no Victório Trez e no Fátima Baixa, ajudou nas festas natalinas. A fama de ajudar a todos traz mais trabalho. E Dona Marlene está satisfeita. Não reclama quando é acordada de madrugada para socorrer alguém nem quando tem que deixar para trás seus compromissos particulares para resolver o problema dos outros.

9.MAR.2012

7


A criação do Made In Serra Gaúcha

Não é exatamente um erro dizer que o designer paulista Walter Rodrigues é caxiense. “Eu pertenço ao lugar onde estou”, justifica o estilista que a cada visita à Serra se apaixona mais pela cultura local. Walter é um dos grandes profissionais brasileiros que trabalham pela busca da originalidade e da valorização da autoralidade na moda. Portanto, não é à toa que ele coordena a segunda fase do projeto Identidade Regional como Sustentabilidade para o Design, que busca colocar os estudos do Polo de Moda em prática em 9 empresas locais. A iniciativa conta ainda com a participação de 10 acadêmicos de Design de Moda da UCS. Em entrevista a O CAXIENSE, Walter fala sobre seu encantamento com Caxias do Sul e os desafios para transformar nosso DNA em produto.

Maurício Concatto/O Caxiense

Como está sendo esse começo de trabalho? Eu achava que seria mais complicado. Algumas pessoas são mais abertas e outras menos, mas com isso eu estou absolutamente acostumado porque trabalho dentro da Assintecal (Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos, de Novo Hamburgo) e alemão é muito pior que italiano (risos). Primeiro, a Beth (Bernardete Venzon) e a Mercedes (Manfredini, ambas idealizadoras do projeto) apresentaram novamente toda a pesquisa para cada participante. Depois, eu pedi que cada um fizesse a sua pesquisa pessoal. O resultado foi incrível. Agora a gente está compartilhando as experiências pessoais de cada um e tirando disso cartela de cor, estampas, desenvolvendo tecidos... O que eu presumo que surgirá no final é uma verdade inerente nessa história, nas coleções. Porque quando você conta a sua própria história você não aumenta um conto, você conta aquilo que é de verdade. Fisicamente, moda é sempre a mesma coisa, a blusa vai ter frente, costas e mangas. O que vai fazer a diferença é colocar essa história particular de cada um no produto, a emoção para encantar as pessoas e fazer com que eles achem que precisam deseperadamente de algo que já têm inúmeros iguais no armário.

8

O mais te marcou dentre as particularidades da nossa cultura? Nossa, muita coisa, e cada vez que venho para cá tem mais. Outro dia, a Beth me levou pela primeira vez nos Venturin (viticultores de Monte Bérico). Foi uma das emoções mais lindas dos últimos tempos na minha vida. Entrar embaixo da parreira, cortar o cacho de uva e comer sem precisar lavar... Um amigo também me levou na Galeteria Zanotto, que era um lugar onde ele ia com o avô e hoje leva o filho, onde várias gerações se encontram. A arquitetura me encanta também. Eu falo que gosto muito das minhas casas fantasmas, que são umas de madeira que ficam bem escuras, tem


“O que vai fazer a diferença é a história de cada um, a emoção para encantar as pessoas e fazer com que eles achem que precisam deseperadamente de algo que já tem inúmeros iguais no armário.” várias no caminho para Antonio Prado. Tenho uma verdadeira loucura por essas casas. Um dos grandess desafios da pesquisa é tranformar essas particularidades locais – sem literalidade, para não parecer folclore – em produtos globais. Como se faz isso? Isso é fundamental. A gente tem que tentar entender o que se está chamando de glocal. Tem uma frase linda do Tolstói que diz assim “Se queres ser universal, começa por pintar a tua aldeia”. Ela mostra a importância de você entender a regionalização e a segmentação. Se nós transformarmos o teor da nossa conversa em economia e pensarmos no produto que vai para o consumidor, há tantas escolhas perto dele hoje que é o cartão de crédito que vai permitir se ele comprará numa loja popular ou na Hermés. Essa sensação de mundo nos faz acordar para a necessidade de descobrirmos a nossa originalidade. E a gente só vai decobrí-la se olhar para quem somos, de onde viemos. É preciso incentivar os lugares onde a cultura ainda está impregnada pelos fazeres tradicionais, por uma raiz proeminente, a se tornar contemporânea. Caxias, por exemplo, não recebe o mesmo tipo de turista que Gramado, não adianta forçar. O turismo aqui é extremamente business. As pessoas vêm aqui por causa do estresse, não para relaxar. Mesmo assim, elas querem levar alguma lembrança, um tricô para alguém, um vinho, uma joia com outro significado. Sinto falta de ter isso à disposição. Eu vim aqui uma vez num evento e disse ‘vocês precisam descer a Serra e não ficar achando que todo mundo vai subir aqui para ver vocês’. Se tornem mais acessíveis. Mostrem quem são vocês. Não dá para ficar aquartelado aqui em cima, senão vai ficar pequeno sempre.

Posso fazer o azul do meu céu da Serra Gaúcha, do meu céu do Piauí, de onde eu estiver. A cópia é muito pobre quando as pessoas acham que é só pegar um produto e reproduzir. O desafio não é tentar fazer mais barato mas agregar valor ao produto? Coisa boa vai custar caro aqui ou em qualquer lugar do mundo. Se ela foi feita numa injetora que cospe as coisas, é lógico que tem outro valor. Nomercado internacional, a cópia fiel e barata de um sapato da Prada ou de um tricô da Missoni se faz na Índia, Paquistão, China... Então, quando eu chegar na feira internacional, é claro que o comprador vai preferir o Missoni da China, que é mais barato. Você vai comprar o do Brasil, que é mais caro, só porque o estande tinha caipirinha? Agora, se eu percebi que o trabalho da Missoni é um emaranhado de coloridos e faço isso do meu jeito, o meu produto pode custar US$ 15 a mais. Se ele tem personalidade, vai vender mais.

O que você acha das iniciativas da Secreteria de Economia Criativa? O Governo Federal deve mesmo intervir nas questões da moda? Nós, e eu falo assim porque a maioria dos empresários daqui tem esse perfil, que somos a pequena indústria, não somos percebidos porque não temos nem CNPJ. As pessoas falam que as maiores forças de trabalho do Brasil são a indústria do carro e da construção civil. Lógico, porque eles têm que ter tudo formalizado. Na moda, em quantos fundos de quintal tem alguém fazendo um produto? Nós somos a moda e não apenas vestuário, também incluído sapato, acessório e tudo mais. Nós somos a maior força de trabalho desse país, mas não aparecemos nas estatísticas porque há muita informalidade. Quando vejo essas entidades se O que você pensa sobre a questão cópia ver- voltando para o pequeno empresário, acho que sus sintonia com o mercado, principlmente o eles estão testando a gente mas também estão internacional? tendo uma visão muito apurada de quem nós Eu acho que ser brasileiro não é só fazer somos e o que podemos fazer. Veja o Made In, periquito, papagaio e Carmem Miranda. Ser que é uma questão para mim muito forte. Se eu brasileiro é fazer um produto incrível que possa faço eletrônico, você pensa Japão. Maquinário, vender na China, na Coreia, nos EUA, em Alemanha. Luxo, França. Design, você pensa qualquer outra cultura. Como designer, tenho Itália, com certeza. E quando a gente fala Brasil, que entender que as influências muito fortes o que você pensa? Samba, suor e cerveja? Nós atingem o mundo todo, como os blockbusters, temos que mudar essa percepção. Se o Governo as revistas Vogue, ou uma cor, por exemplo. não interferir com a capacidade que ele tem Mas se a tendência está me dizendo azul, eu para um processo de conscientização, aí é que não preciso fazer o azul da bandeira americana. não tem saída mesmo. 9.MAR.2012

9


A curiosa contabilidade da Festa da Uva A Festa da Uva anda cheia de suspense com os números. Até sair o balanço, provavelmente em abril, ninguém divulga dados de bilheteria, vendas e lucros. Antes de concluir os relatórios, a Braslimp, empresa responsável pela limpeza do parque, não divulgou nem a quantidade de lixo produzido ou de papel higiênico usado nos banheiros químicos. Sigilo absoluto. Na Exposul, responsável pelo comércio na feira, outro voto de silêncio: quem quiser saber quantos edredons a festa vendeu que espere. Deitado. O CAXIENSE buscou os números que pouco importam às planilhas da festa – na verdade, pouco importam a qualquer pessoa – para torná-los mais interessantes do que eles parecem. Calcule...

Para cansar a beleza

Com quantas Festas da Uva se faz um Rock in Rio A agenda cultural da festa teve mais de 200 atrações musicais. Em tempo de programação, 4 dessas dariam um Rock in Rio. O investimento é que precisaria ser um pouco maior. Mas lá, onde Calcinha Preta não entra, não caberia tanto multiculturalismo.

25 mil quilômetros a serviço da realeza Se o apego às origens, que construiu uma ponte imaginária entre Caxias e a Itália, conseguisse transformá-la em rota física, em linha reta, a quilometragem percorrida pelo carro das soberanas seria suficiente para ir e voltar ao berço dos imigrantes.

10

Para ficar ainda mais bonitas, as soberanas da Festa da Uva foram 42 vezes ao salão de beleza. Em horas de salão, daria para arrumar as 68 noivas do último casamento comunitário em Caxias. E suas mães também.

119 mil espectadores do desfile Se o desfile da Festa da Uva de 1972, a primeira transmissão a cores no Brasil, tivesse o mesmo público dos 6 desfiles de 2012, 73% dos caxienses estariam na Sinimbu assistindo ao vivo. Apenas 42 mil pessoas teriam trocado o corso pela sala de casa, onde provavelmente ainda não tinha uma TV em cores.


Queijo para atravessar Caxias O recorde do arremesso de queijo nas Olimpíadas Coloniais foi de 37 m, bem acima da média de 9 m. Se somadas as distâncias de todos os arremessos e monumentos pudessem entrar na brincadeira, o Imigrante da BR 116 conseguiria lançar um queijo até a Réplica nos Pavilhões. Fuja, Nanetto!

Um pedaço de Maracanã “25 mil é muita gente, cara. É um quarto do Maracanã”, disse Dinho Ouro Preto no show do Capital Inicial – a organização da festa estima que Seu Jorge e Zezé di Camargo e Luciano tenham atraído público parecido. Há Maracanãs e Maracanãs. O do grupo mexicano Rebelde, em 2006, tinha o dobro dos 25 mil do Capital em Caxias. O de Kiss, em 83, tinha 10 vezes mais.

Água gelada na toneira O Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae) distribuiu 300 mil copos d’água entre o parque e os desfiles. Considerando a temperatura nos Pavilhões, nem foi tanta água assim para 18 dias de festa. Três famílias caxienses consumiriam o mesmo em um mês, conforme a média do Samae (5 mil litros/pessoa/mês).

Safra da uva grátis Durante os desfiles e no Palácio das Uvas, foram distribuídas 215 toneladas de uva. É quase 70% do que os 44 pontos da Feira do Agricultor e os 3 Pontos de Safra comercializam durante os 3 meses da safra.

Sonho de papel A Festa da Uva distribuiu 6 mil coroas de papel para que meninas do povo se sentissem um pouco rainhas. Se as coroas realmente valessem o título de nobreza da uva – com reinados formados por trios e duração de dois anos – a última corte subiria ao trono na longínqua festa de 3012. Coisa que nem o “para sempre majestade” alcança.

9.MAR.2012

11


Incluindo um desafio

Lei obriga que escolas regulares lecionem para alunos com deficiência, contribuindo para o aprendizado e a integração. O problema é que nem todos os professores se sentem preparados para recebê-los. A situação se complica ainda mais quando as crianças, por recusa dos pais, sequer têm o diagnóstico de transtorno

por Fabiana Seferin e Gesiele Lordes

Na área central da cidade, com um caminhar suave e um olhar alerta, Pedro Henrique Ravizzon, de 13 anos, dirige-se à sala de aula. Assim como os colegas, senta-se em sua classe, na ponta da segunda fileira. Lá, ele organiza o material, pendura a mochilha atrás da cadeira, separa o caderno e aguarda a orientação da professora. À medida em que as tarefas são distribuídas, o adolescente as executa. A cena é corriqueira não fosse um detalhe: Pedro é portador de Síndrome de Down. Mas nem por isso ele estuda em um colégio diferenciado – por determinação de uma lei de 2008. Ele frequenta o 4º ano A, da Escola Municipal Caldas Júnior, no bairro Petrópolis, desde 2011. Mesmo em uma instituição de ensino regular, ele tem atendimento especial. Quando precisa ir ao banheiro, por exemplo, é conduzido pela monitora Geana Lemos, que o auxilia em toda a aula. O 4º ano A ainda tem uma segunda aluna portadora de necessidades especiais. Autista, a menina também re-

12

cebe atendimento de Geana. Por serem estudantes que levam mais tempo para se desenvolver e aprender, eles recebem conteúdos mais sintetizados ou detalhados. Uma mesma atividade pode ser dada em várias etapas, por exemplo, diferentemente do que ocorre com os demais 23 alunos da turma, cujos exercícios são mais complexos e com prazos menores. Essa situação se repete com as mais de 600 crianças, incluídas na rede pública municipal regular de ensino, atendendo a medida que obriga a inserção de alunos com necessidades especiais na sala regular. A 53 quilômetros do centro de Caxias, em Criúva, na Escola Municipal Aristides Rech, Sidnei Divino Rodrigues, de 11 anos, propõe um desafio muito maior: além de encontrar uma forma de alfabetização que se encaixe às necessidades dele, os professores precisam reparar os danos do tempo em que ele ficou longe dos cadernos. Depois de 10 anos isolado, no ano pas-

sado foi incluído em uma escola regular. Na época, a meta era familiarizá-lo com o grupo, porque, apesar de ter crescido com 5 irmãos, o garoto parecia não estar habituado ao diálogo ou a qualquer tipo de relação afetiva. No início, a monitora Ana Maria Rech temia que ele caísse ao circular pelos corredores. Como uma criança que recém aprendeu a caminhar, o menino ainda não sabia medir o nivelamento do chão, e os degraus representavam um grande perigo. Além de ser fisicamente frágil e apresentar anormalidade no comportamento, Sidnei usa cateteres nos rins, o que lhe obriga a usar fralda. É Ana Maria quem o ajuda na interação com os colegas. Além de auxiliar na sua higiene e na sua alimentação, a monitora também é quem corre atrás dele quando foge da sala de aula – o que acontece com frequência. Usando uma espécie de macacão improvisado, feito com uma camiseta amarrada entre as pernas, o garoto parece feliz enquanto pula pelo pátio da escola. Essa alegria


Ariel Alexander Zanrosso |

MaurĂ­cio Concatto/O Caxiense

9.MAR.2012

13


se deve à relação de carinho que Ana estabeleceu ao longo de um ano de convívio com o garoto. A professora titular da turma, Nercinda de Fátima Vargas Alves, reconhece a capacidade cognitiva do menino, mas defende a necessidade de atividades extras como estímulo ao aprendizado. Para isso, ela conta com o apoio da psicopedagoga especializada em deficiência mental Simone Valdemarca, recém chegada na escola. O auxílio representará um alívio à professora, que dedica os fins de semana à elaboração de 4 planos de aulas diferentes para a turma multisseriada. São 16 alunos divididos entre a educação especial, 2° e 3° ano. Apesar do trabalho dobrado, ela não reclama. “É muito gratificante acompanhar o seu crescimento ao longo deste tempo”, emociona-se Nercinda. Tanto na rede municipal quanto na estadual, alunos como Sidnei passam por avaliações, que diagnosticarão o tipo de deficiência. A partir desse diagnóstico, o professor titular, com o apoio de professores especializados, fará o planejamento específico para aquele estudante. Em determinados casos, o aluno poderá frequentar as salas de recursos existentes nas escolas. Esses locais contam com ferramentas que facilitam a aprendizagem. É o fim das classes especiais, que se transformam em salas de recursos multifuncionais. As escolas especiais – como a Pratavieira, Hellen Keller e Apae – só permanecem abertas para atender casos mais severos. De acordo com a professora especializada em educação especial do Município e responsável pela sala de recursos do Caldas Júnior, Gilsemara Rech, o maior objetivo dos educadores é criar vínculos e estabelecer um canal de comunicação entre o estudante especial e a escola. “É possível incluir todos os alunos, desde que haja uma estrutura que apoie a escola e o professor. Além disso,

14

o estímulo da família faz toda a diferença”, salienta Gilsemara. As escolas estaduais também passam por mudanças. Segundo a titular da 4ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), Eva Márcia Borges Fernandes, 11 colégios já oferecem salas de recursos – em 4 deles já funcionaram as classes especiais. Mas a preocupação não se restringe aos alunos com deficiências. “Estamos trabalhando com a inclusão em todos os sentidos, como homossexualidade, credo e cor”, explica a coordenadora. Na rede municipal, a secretária de Educação, Jaqueline Marques Bernardi, volta as atenções para o tamanho das classes. “O Conselho Municipal de Educação permite no máximo 2 alunos com deficiência por turma. Prevê também que, quando não existe um monitor na sala, a turma deve ser reduzida em 30%. Portanto, uma turma de 1º ano, por exemplo, fica com 19 alunos, em vez de 30”, informa. Ariel Alexander Zanrosso, de 7 anos, estuda em uma classe com 25 crianças, mas tem um monitor: o técnico em enfermagem Elias da Silva Carvalho. O profissional se responsabiliza pelos cuidados com a higiene do menino, que precisou fazer uma traqueostomia por causa da laringomalácia, uma anomalia congênita que afeta o aparelho respiratório. Apesar das pausas durante a aula, Ariel consegue acompanhar o ritmo de seus colegas de 2° ano na Escola Municipal Padre Antônio Vieira. Desde que começou a frequentar a rede regular de ensino, seu desenvolvimento cognitivo e motor aumentou, segundo a mãe, a empresária Adriane Zanrosso. “Ele é outra criança. É mais ativo, disposto, interage bastante com as pessoas. Foi a melhor coisa para ele, fazer parte de uma escola regular. Aqui, ele tem o apoio e respeito de todos”, considera a mãe. Ivana Einsfeld também elogia o progresso de Ariel. Ela foi a primeira pro

Só a rede municipal recebe 600 crianças com necessidades especiais. Para garantir o atendimento personalizado, os estudantes têm acompanhamento integral de um monitor ou frequentam turmas reduzidas


Pedro Henrique Ravizzon |

MaurĂ­cio Concatto/O Caxiense

9.MAR.2012

15


fessora do menino e acompanhou todo o seu desenvolvimento em 2011. “Quando entrou, no ano passado, ele apresentava algumas dificuldades, como socialização e coordenação motora. No final do ano, era outro aluno: fazia todas as tarefas, brincava com os colegas... Quando a escola está bem estruturada e os monitores bem preparados, a inclusão não é difícil”, afirma. Mas nem todos os colégios públicos têm condições de oferecer o atendimento adequado, apesar do discurso do Estado e do Município. A coordenadora do Sindicato dos Professores de Caxias do Sul, Liane Kolling Doebber, enumera as principais reclamações: falta de estrutura adequada e formação precária para professores e monitores. Os docentes engrossam as queixas. Parte deles afirma estar despreparada para lidar com dificuldades de aprendizagem e com alunos portadores de deficiência. Também se preocupa com a falta de diagnóstico de uma parcela de estudantes com problemas. “É muito mais fácil lidar com um aluno com um transtorno diagnosticado do que uma criança com dificuldades, mas tida como normal”, explica a professora Anajara Pinto dos Reis. Os casos sem diagnóstico se proli-

feram nas salas de aula porque os pais costumam resistir à ideia de que o filho sofre transtornos. Assim, de mãos atadas, os educadores ficam sem o apoio de especialistas. São ituações que põem profissionais em risco. Em um colégio público, um aluno esforçava-se para demonstrar admiração pela professora, com iniciativas como a entrega rápida das tarefas. Só que o menino mudou: um dia, ficou quieto. A docente respeitou e evitou intervir, para não revoltar o aluno. Como se estivesse em surto psicótico, ele pegou uma faca e passou a ameaçá-la. Segundo relatos, dizia que iria matá-la. Funcionários e outros professores tiveram de contê-lo, segurando-o pelos braços. O garoto só se acalmou após minutos de palavras tranquilizadoras da diretora. Para evitar situações assim, educadores cobram maior participação dos pais e mudança de perspectiva da população. “A sociedade tem a visão assistencialista, e não educacional”, afirma a coordenadora de educação especial do Estado, Tatiana Novello. Tatiana e outros especialistas sonham que o termo “inclusão escolar” fique fora de moda. Trabalham para que o conceito se consolide tanto nos colégios que nem se precise mais falar sobre ele.

Tatiana Novello, assessora de Educação Especial da 4ª CRE | Maurício Concatto/O Caxiense

16

Adriane Zanrosso notou o progresso do filho depois de frequentar a escola regular: “Ele é outra criança. É mais ativo, disposto, interage bastante com as pessoas. Foi a melhor coisa para ele”

Ana Maria Rech, monitora de Sidnei na Escola Aristides Rech| Maurício Concatto/O Caxiense


Reis e rainhas do xadrez no tabuleiro de Caxias Enxadristas campeões no Brasil e no Exterior atraíram a curiosidade de interessados no esporte, mas foram os anônimos de pouca idade ou com limitações físicas que brilharam em competição no Recreio da Juventude

por Rafael Machado

12º Torneio Aberto Internacional de Xadrez Festa da Uva | Maurício Concatto/O Caxiense

9.MAR.2012

17


Enxadristas no Recreio da Juventude | Maurício Concatto/O Caxiense

Logo que as portas da sede social do Recreio da Juventude se abrem, na ensolarada tarde de domingo (4), os competidores começam a entrar. São dezenas de esportistas que até usam camisas de seus clubes, mas fogem do estereótipo de atleta. Nada de esforço físico intenso nas próximas horas – só muita dedicação intelectual. Com um estojo recheado de peças, eles chegam para disputar o 12º Torneio Aberto Internacional de Xadrez Festa da Uva. Em uma das mesas está um senhor de calça social e camisa listrada azul, branco e vermelho. Jairo Ribeiro Cordioli, poucos minutos depois, conhece sua oponente. Uma menina com semblante de princesa, olhar inocente e gestos meigos. Após um rápido cumprimento ao adversário, Katherine Lemos Vescovi, de 13 anos, aspirante a mestre (qualificação alcançada por jogadores experientes), coloca delicadamente suas peças no tabuleiro e senta, pronta para a partida. Os cabelos loiros, presos cuidadosamente, parecem preparar o rosto para receber suas mãos, apoio incondicional durante todo o jogo. Às vezes ela levanta, dá uma volta pelo salão, ajeita a saia branca e confere se o casaquinho de crochê, que cobre uma blusinha rosa, está fechado. Conforme a partida se desenrola, sem

18

tirar os olhos do tabuleiro, ela levanta novamente, mas dessa vez ajeita a saia para sentar sobre as próprias pernas, que até então, insistentemente, batiam uma contra a outra. Vez por outra, fita os olhos do oponente como quem parece tentar quebrar o gelo. De nada adianta. Do outro lado, Cordioli está concentrado. Perna direita para cima e para baixo, mãos na testa, olhos inquietos. Os movimentos corporais surgem como que inconscientemente enquanto analisa a estratégia da adversária. A menina olha para o lado e, sem falar nada, parece querer dizer: “está difícil”. Ao final, ele vence. De forma respeitosa, quase que solene, ambos se cumprimentam, e Cordioli se dirige à mesa para comentar o resultado. Rapidamente sai, como quem implora por descanso após quase duas horas de jogo. Katherine, ainda na cadeira, mantém a expressão angelical dos olhos cor de mel e não transparece tristeza pela derrota. “Eu já ganhei 5 partidas no torneio, e essa foi minha quarta derrota. Claro que perder não é bom, mas eu penso sempre na felicidade da vitória. Dá uma sensação de dever cumprido”, diz a garota, filha de Giovanni, heptacampeão brasileiro e participante da competição em Caxias.

Embora o xadrez seja complexo por exigir raciocínio apurado no estudo das estratégias do adversário e das táticas para a vitória, não há idade para começar no esporte. Além da jovem Katherine, está presente ao torneio Felipe Chadú, de apenas 4 anos, considerado um dos enxadristas mais jovens do Brasil. Apesar de não participar da competição, ele se diverte correndo entre as mesas, mexendo nas peças dos jogadores e usando um chaveiro com peças de xadrez para simular uma partida no chão de parquet. Só é contido pelo pai, incansável na tentativa de não atrapalhar o ambiente das partidas – caracterizado por um silêncio marcante, que é quebrado apenas pelo som do ar condicionado e das peças se movendo nos tabuleiros. O interesse infantil se comprova pelo sucesso do livro Xadrez Divertido – No Reino dos Animais. Sua autora, a húngara Judit Polgar, também teve um início precoce na modalidade. “Eu comecei a jogar xadrez aos 5 anos, vendo as minhas irmãs jogarem, por isso quis escrever para as crianças”, lembra a enxadrista, que autografou a obra em Caxias do Sul. Se a idade não impede a participação no jogo, os limites físicos tampouco.


Considerado o melhor enxadrista brasileiro de todos os tempos, Henrique Mecking luta desde a década de 1970 contra a miastenia, uma doença que atinge o sistema nervoso e os músculos. Sobrancelhas eriçadas e um crucifixo que insiste em se manter, firme, no meio do peito, ele tem na fé o ponto de apoio para continuar jogando. “Jesus está me curando gradativamente. Ainda não estou totalmente curado, mas continuo motivado para jogar xadrez”, afirma o oitavo colocado do torneio. Na mesa 87, bem ao fundo do salão, Giovani Franca Pereira, dá outro exemplo de superação. Ele é cego desde o nascimento. Atento a cada jogada do adversário Guilherme Palagi, Pereira usa os dedos para elaborar suas estratégias de jogo. Um tabuleiro adaptado facilita a orientação para movimentar cada peça. Depois de duas horas de partida, Pereira vence. Cumprimenta Palagi, pega sua bengala e, silenciosamente, vai embora, com a grandeza dos campeões. Na mesa ao lado, uma partida diferente, mas com o mesmo desafio. Rodrigo Correa Machado, também cego, se diferencia dos outros jogadores pelo bom humor. Descontraído, brinca a cada jogada e conversa com o adversário, enquanto as mãos tocam suavemente a parte superior de cada peça, como forma de identificá-las. “Assim você me deixa sem opção. Que jogada eu vou fazer?”, pergunta ao oponente, sem deixar

o sorriso sair do rosto. Do outro lado, acompanhando de forma animada o desenrolar da partida, está o engenheiro mecânico Carlos Alberto Cesa. Empolgado com o torneio, ele conta que participa desde a primeira edição. Mas foi essa que mais o marcou. “Eu nunca tinha jogado contra um deficiente visual. Eu não o conhecia e não sabia como ele faria para entender as jogadas. Para mim, foi uma experiência inesquecível, pois eu não sabia, por exemplo, que cada peça dele tem um símbolo em cima que permite que ele identifique cada uma delas. Ele só disse que ia me perguntar algo sobre as jogadas se houvesse a possibilidade de xeque-mate, mas não aconteceu”, diz Cesa. Assim como outros participantes, o engenheiro tem uma longa história relacionada ao xadrez. Tudo começou ainda na faculdade, quando, em 1967, um professor decidiu incentivar os alunos a praticar o esporte como forma de desenvolver o raciocínio lógico, a elaboração de estratégias e a geração de novas ideias. Começou a jogar e não parou mais. Enquanto alguns colegas desistiam de praticar o esporte, Cesa se manteve interessado em jogar, o que lhe rendeu uma relativa vantagem em uma disciplina. “No final do ano, o professor queria ajudar os alunos que precisavam de notas, mas não havia tempo para realizar um novo exame. Quando ele

perguntou quais alunos ainda jogavam xadrez, só eu levantei a mão. Ganhei 2 pontos. Ia ficar com nota 8 e acabei ficando com 10. O ruim foi lidar com a bronca dos alunos que estavam com notas baixas e precisavam se recuperar”, lembra Cesa. A ligação entre a história de vida e o xadrez está expressa também em um utensílio que parece ser o xodó de cada enxadrista presente no torneio. O estojinho no qual carrega suas peças foi presente de um chefe, quando em 1967 passou em concurso público para trabalhar na Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima (RFFSA). Desde então, são companheiros inseparáveis. Um olhar em volta é suficiente para perceber que, cada um a seu jeito, os enxadristas são todos apaixonados pelo esporte. Tanto que, mesmo depois que as partidas acabam, enquanto aguardam a divulgação da classificação final, muitos não conseguem parar de jogar. Montam tabuleiros nos corredores, jogam nos notebooks, parecem querer sempre mais xadrez. Há os que usam camisetas alusivas ao jogo, outros transportam livros especializados, e há também os que carregam tabuleiros no bolso, na mão ou na mochila. Um sentimento que eles entendem muito bem e têm prazer em compartilhar. Para quem não conhece, é difícil não ficar curioso para entender as regras e as emoções desse jogo milenar. Sempre é tempo para começar.

“Ainda não estou totalmente curado, mas continuo motivado”, diz Mecking, um dos melhores jogadores brasileiros da história e portador de doença no sistema nervoso Giovani Franca Pereira, enxadrista cego | Maurício Concatto/O Caxiense

9.MAR.2012

19


PLATEIA

Um veterano de guerra em Marte | A Polinésia Caxiense e a figuração da Panicat| Marias descalças | surrealismo

Kid Abelha

Christian Gaul, Divulgação/O Caxiense

Poderia estar opaco, mas ainda brilha Apesar do nome da turnê – Glitter de Principiante –, não é uma revelação da música pop brasileira que faz um dos shows mais esperados do primeiro semestre de 2012 em Caxias, nesta sexta-feira (9), às 23:30, na All Need Master Hall. O Kid Abelha, da musa Paula Toller – cada vez mais loira e mais mais bonita –, do saxofonista George Israel e do guitarrista Bruno Fortunato, sobe ao palco com a experiência de 30 anos de carreira e um repertório inteiro de hits. Para esquentar os ânimos antes do show, O CAXIENSE te ajuda a relembrar as fases e os momentos mais importantes da trajetória do trio. Anos 80 Quando Paula Toller, ainda na faculdade, começou a namorar o músico Leoni (aquele de Garotos), acompanhou diversos ensaios da banda do companheiro. Os músicos perceberam o talento da jovem e a convidaram para assumir o vocal, dando origem ao Kid Abelha e os Abóboras Selvagens, em 1981. Três

20

anos depois, o grupo de nome estranho emplacava sucessos como Por que não eu? e Como eu quero. O 1° álbum, Seu Espião, ganhou disco de ouro. No final da década, Leoni deixa a banda, junto com os Abóboras Selvagens. Anos 90 A década, para o agora só Kid Abelha, começou proveitosa. O grupo faturou mais 3 discos de ouro e começou a fazer shows em todo o Brasil. A banda também trouxe pitadas de erotismo para as músicas, inspiradas pelo livro Lolita, de Vladimir Nabokov, e nos poemas de D. H. Lawrence, como Lolita e Indecência. Anos 2000 Na virada do milênio, o Kid Abelha entra na era dos acústicos. O álbum Acústico MTV: Kid Abelha, indicado ao Grammy Latino, foi o mais vendido da história do trio, com mais de 2 milhões de cópias. Mas o momento mais marcante é a breve separação dos integrantes.

A partir de 2007, os músicos dão férias ao Kid Abelha para se dedicar a projetos solo. Paula Toller lança o álbum Só Nós, com composições de artistas como Dado Villa-Lobos e do americano Donavon Frankenreiter. Um ano depois, ela investe em Nosso, a turnê ao vivo do disco anterior. George Israel lança Distorções do Meu Jardim com parcerias de Paralamas do Sucesso e até mesmo Sandy e Júnior. Em 2010, ele lança o álbum 13 Parcerias com Cazuza, uma homenagem ao ícone da música brasileira. A Volta O anúncio da volta do Kid Abelha foi em julho de 2010, no Brazilian Day, em Tóquio. A banda, agora mais madura, abandona o acústico e volta às origens eletrificadas. Em clima de nostalgia, retorna aos palcos com o som que lhes valeu a fama: o bom e velho pop rock. SEX. (9). 21:00. R$ 35 a R$ 70. All Need Master Hall


CINE

Taylor

Kitsch. Lynn Collins. De Andrew Stanton.

JOHN CARTER O mais novo longa da Disney é também, talvez, a mais ambiciosa aventura do estúdio em termos técnicos. Misturando pessoas, animações digitais e prometendo um 3D de tirar o fôlego, John Carter conta a história de um vetereno da Guerra Civil americana que é inexplicavelmente transportado para o planeta Barssom – Marte, para os humanos. Lá, ele descobre ser peça-chave para resolver um conflito épico entre os habitantes do exótico mundo e, é claro, encontra uma princesa precisando desesperadamente ser salva. O roteiro é baseado na obra do escritor Edgar Rice Burroughs. CINÉPOLIS 3D IGUATEMI 3D

* Qualquer alteração nos horários e filmes em cartaz é de responsabilidade dos cinemas.

13:20-16:10-21:50 19:00 13:40 16:20-19:10-21:50

2:12

A SAGA MOLUSCO: ANOITECER

ANJOS DA NOITE: O DESPERTAR

Apesar de fazer todas as piadas mais óbvias possíveis e imagináveis com uma das séries de maior arrecadação da história, A Saga Molusco não conseguiu chegar nem perto da saga Crepúsculo. O longa estreou na 9° posição nas bilheterias nacionais, arrecando R$ 778 mil em seu final de semana de estreia. Parece que os fãs do vampiro Edward e do lobisomen Jacob não aprovaram a encenação de um beijo gay entre os mocinhos. 2ª semana.

A volta de Kate Beckinsale à franquia repetiu o sucesso dos Estados Unidos nas bilheterias americanas. O longa é o novo líder da parada brasileira, tendo arrecadado R$ 3.319.811,00 em seu final de semana de estreia. Após despertar de um coma de 12 anos, a guerreira Selene liderará a batalha dos humanos e vampiros contra a humanidade. 2ª semana.

IGUATEMI CINÉPOLIS

15:35-21:10 13:30-18:10

14

1:23

PODER SEM LIMITES Três adolescentes são expostos a uma substância misteriosa que lhes dá superpoderes. No começo, usam as habilidades apenas para diversão, mas com o tempo descobrem esses poderes extraordinários não exatamente do bem. O longa tem o estilo gravações encontradas, tipo A Bruxa de Blair. 2ª semana. IGUATEMI 13:50-17:30-19:30 CINÉPOLIS 13:10-15:20-17:40-20:00-22:00

12

CINÉPOLIS 13:40-15:50-20:10

16

1:29

TÃO FORTE E TÃO PERTO O menino Oskar Schell (Thomas Horn), que sofre de Síndrome de Asperger, tem dificuldade de se relacionar com as pessoas. Seu melhor amigo, o pai, morre no atentado de 11 de setembro, mas deixa uma chave que conduzirá o garoto em uma aventura por Nova York. O diretor Stephen Daldry esperava, inclusive, terminar o filme ainda em 2011, para coincidir com o décimo aniversário do ataque às Torres Gêmeas.

IGUATEMI 16:40-21:20 1:34 CINÉPOLIS 15:00-20:20

2:09

9.MAR.2012

21


A INVENÇÃO DE HUGO CABRET Baseada no livro homônimo de Brian Selznick, o filme conta a história de Hugo, um órfão que habita as paredes de uma estação de trem, consertando os relógios. Seu mais precioso bem é um robô herdado do pai, que guarda um lindo mistério. Hugo levou 5 dos 11 Oscars a que disputava: Direção de Arte, Fotografia, Edição e Mixagem de Som e Efeitos Visuais. Dizem que, depois de ver o filme, James Cameron, diretor do aclamado Avatar, chamou-o de obra-prima e disse a Scorsese que era o melhor uso de 3D que ele já vira até então – inclusive dos seus próprios filmes. 4ª semana.

★★★★★

CINÉPOLIS 3D Nicolas

13:15-16:00

18:40-21:15

Cage. Guy Pearce. January Jones. De Roger Donaldson.

L

2:06

O PACTO Nicolas Cage é o Motoqueiro Fantasma, só que ao contrário. Will Gerard (Nic) é um pacato professor colegial cuja esposa é atacada por bandidos e acaba gravemente ferida. Revoltado, ele recorre a um grupo de vigilantes para lhe a ajudar a punir os responsáveis pelo crime. O que ele não imagina é o preço do favor: a morte de alguém. O casal tentará a todo custo burlar a cobrança. IGUATEMI 14:15-16:30-19:00-21:30 CINÉPOLIS 14:30-17:00-19:20-21:40

1:48

A MULHER DE PRETO

Baseado no livro de terror homônimo de Susan Hill, o longa reúne toSophie Rois. Sebastian Shipper. Devid Striesow. De Tom Tykwer. dos os clichês de filmes de casas assombradas. A única diferença é que o espectador fica o tempo todo imaginando que Harry Potter, ops, o jovem TRIÂNGULO AMOROSO advogado que precisa cuidar dos papéis de um cliente recém-falecido, poO drama dirigido por Tom Tykwer (de Corra, Lola, dia sacar a varinha, convocar um Spectrum Patronum e acabar de uma Corra e Perfume: A História de um Assassino) e selevez com os espíritos que assombram o pequeno vilarejo. 4ª semana. cionado para a Mostra Competitiva do Festival de Vene-

★★★★★ IGUATEMI 15:50-17:50-21:40

14

1:35

CADA UM TEM A GÊMEA QUE MERECE

za explora as múltiplas possibilidades afetivas e sexuais do trio de protagonistas. Hanna, apresentadora de um programa de entrevistas na TV, e Simon, um engenheiro, são casados, mas ambos acabam se envolvendo com Adam, um cientista que trabalha com genética. A história é cheia de encontros, desencontros e casualidades.

Jack recebe Jill, sua irmã gêmea, para o Dia de Ação de Graças. A visita ORDOVÁS SEX. (09) 19:30 SÁB. (10) indesejada, no entanto, acaba ficando mais tempo do que deveria. O filme e DOM. (11) 20:00 QUI. (15) 19:30 também: 5ª semana. IGUATEMI 13:30-19:45

10

1:31

A DAMA DE FERRO Além do talento artístico, a vencedora do Oscar Meryl Streep contou com outra importante aliada, também agraciada com a estatueta, para se transformar em Margaret Thatcher: a maquiagem. O principal responsável pela caracterização, J. Roy Helland – que trabalha com Meryl há 37 anos –, demorava 2 horas e meia para montar a personagem. O longa conta a história da ex-primeira ministra britânica e uma das mulheres mais poderosas de sua época, mas não passa da superfície da vida pessoal e profissional da política. 3ª semana.

★★★★★

IGUATEMI 14:30-19:20

22

12

1:45

16

1:59

MOTOQUEIRO FANTASMA: ESPÍRITO DE VINGANÇA Inauguramos uma campanha nesta sinopse, contra os atores com 2 papéis ruins em cartaz ao mesmo tempo e contra os filmes que ficam atravancando as estreias bacanas. Espectador consciente, ajude a desbancar O Motoqueira Fantasma do segundo lugar das bilheterias – ele já arrecadou R$ 22,48 milhões. Nicolas Cage interpreta pela segunda vez Jhonny Blaze, que de dia é humano e de noite é uma caveira flamejante que vai à Europa Oriental tentar se livrar do contrato que fez com o diabo. 3ª semana. IGUATEMI 14:00-16:00-18:00-20:00-22:00 CINÉPOLIS 18:00 SEX. e SÁB. 22:20

12

1:35


Edu Defferrari, Divulgação/O Caxiense

MUSICA + SHOWS SEXTA-FEIRA (9) Marcelo Duani e Banda

22:00. R$ 10 e R$ 20. Boteco 13

Robledo Rock

22:00. R$ 10. Bier Haus

Constelação

23:00. R$ 20 e R$ 25. Havana

Freak Me

23:00. R$ 15. Level

Os Hawaianos

23:30. R$ 25. Move

HardRockers

23:30. R$ 10 e R$ 20. Portal Bowling

SÁBADO (10) Porã

23:00. R$ 20 e R$ 35. Taha’a Bar

ToolBox

22:00. R$ 10. Bier Haus

Blues de Bolso

22:00. R$ 12 e R$ 18. Mississippi

Boscarino

23:00. R$ 25 e R$ 40. Havana

Grupo Zueira

23:00. R$ 20. Move

Pop Corn

23:00. R$ 15. Level

Place Pop

23:00. R$ 20 e R$ 40. Place des Sens

De blusinha branca em uma ilha paradisíaca A cultura da Polinésia Francesa é a proposta do novo bar caxiense Taha’a. No cardápio, o sabor do Taiti: frutos do mar, peixes e drinks. O bar abrirá de terça a sábado, sempre com música ao vivo. No repertório da inauguração, clima de praia, mas nada de cultura taitiana. Serginho Moah, o vocalista da banda Papas da Língua, balança o rastafari e canta o seu pop rock.

Banda A4

SEX. (9) 23:00. R$ 35 a R$ 20. Taha’a Bar

23:30. R$ 10 e R$ 20. Portal Bowling

DOMINGO (11) Declara Samba

22:00. R$ 10 e R$ 20. Portal Bowling

Tudo acaba em samba Depois de ser processado por criar o rap Gangue da Matriz, onde criticava o aumento dos salários no Legislativo Estadual, o ex-vocalista do Ultraman vem para Caxias promover a sua carreira solo. Tonho Crocco apresenta o seu novo projeto, O Lado Brilhante da Lua. Deixa de fazer polêmica para fazer samba. Não incomoda ninguém e canta obviedades: “Quando o dia vai embora vem a noite em seu lugar”. SÁB. (10) 22:00. R$ 10 e R$ 20. Boteco 13

Soul porto-alegrense A banda porto-alegrense Soulistas toca com a alma. O grupo é formado por Sérgio Selbach no baixo, Clark Carballo na guitarra, Germano Paranhos faz o som do teclado e Marina Garcia é a vocalista. O repertório dos músicos inclui Etta James, Amy Winehouse e outros clássicos do blues e também do soul. SEX. (9) 22:00. R$ 12 e R$ 18. Mississippi

9.MAR.2012

23


Fotos: Divulgação/O Caxiense

+ SHOWS TERÇA-FEIRA (13) Electric Blues Explosion

22:00. R$ 10 e R$ 15. Mississippi

QUINTA-FEIRA (15) Blackbirds

22:00. R$ 10 e R$ 15. Mississippi

Enrosca e gruda O grupo Constelação, os queridinhos do pagode caxiense, apresenta seus novos trabalhos. Enrosca, do romântico e sedutor Fábio Jr., infantilizada na versão de Sandy e Júnior, é uma das apostas. E, acredite, ficou ainda mais melosa. SEX. 23:00. R$ 20 e R$ 25. Havana

Caipiras americanos Quando um bando de homens subirem no palco com chapéus de vaqueiro e camisas de flanela, todos poderão perceber que a noite será de música caipira americana. O The Hawks Country Band irá mostrar muita honky tonk music. O subgênero é originado dos bares dos anos de 1930 no Sul e Sudoeste dos Estados Unidos, que tinham fama de trazer pequenos grupos para tocar músicas que alegrassem os trabalhadores. A banda pretende manter a reputação. QUA. (14) 22:00. R$ 10 e R$ 15. Mississippi.

Festa da figurante vip A presença vip da vez só tem um talento conhecido, figurar. A panicat Babi Rossi, que já foi capa da Playboy, é convidada para jogar charme, distribuir sorrisos e posar para fotos com o público. Dessa vez, o desafio é atuar completamente vestida. Para esta nota, não encontramos nenhuma foto da musa com qualquer roupa maior do que um biquíni. A balada ainda conta com a apresentação da banda de meninas Miss Take. SÁB. 23:00. R$ 20 e R$ 40. Pepsi Club

24


PALCO

Descendo do salto A Eva da origem, a Ave do catolicismo e as Marias Contemporâneas. Tina Andrighetti sobe ao palco para um monólogo sobre incontáveis mulheres em Eva Ave Marias – Mulher em Movimento, bem mais poético sem o subtítulo. Dirigida por Ana Fuchs, a peça tem um texto fragmentado para discutir o feminino em um universo masculino. No palco, apenas Tina e um monte de sapatos, que têm nos saltos um fetiche e na condição de penetrável um símbolo do gênero. SEX. (09). 20:00. Entrada Franca. Ordovás 1:00

Agridoce Felinícias – Histórias de Amores e Clowns é uma peça sobre desencontros. Bem produzido e com figurino excelentes, o espetáculo inspirado nos filmes de Federico Fellini conta a história de Felício e Nícia. Feitos um para o outro, eles se desencontram da infância à velhice. Drama, certo? Errado. E esta é o principal falha do clown da Ueba Produtos Notáveis: a indecisão entre a comédia e a tragédia do casal. Felinícias perde a força e transforma a história em uma comédia chorosa: boba como a ideia de juntar dois nomes para formar um título.

★★★★★

SEX. (09). 20:30. R$ 8 e R$ 16. Teatro Municipal 0:55

A volta do sotacon Se Homens de Perto pode, Radicci também pode. O criador do personagem, Carlos Henrique Iotti, leva o gringo das tirinhas para a segunda edição do stand up comedy, Radicci II – A Missão. Agora a peça tem a participação especial de Irmão Benildo e Adão Hussein. Famosão esse gringo: R$ 30 não é para qualquer um. SEX.(9) e SÁB.(10). R$ 20 (antecipado) e R$ 30. 1:10. Teatro São Carlos 1:10 9.MAR.2012

25


Fantástico mundo

Arquiteto de formação e um apaixonado pela fotografia desde a decadência do filme, Tiago Marcon recorta pedaços de realidade para criar imagens do seu mundo imaginário: surfistas de montanha, vagas voadoras, paisagens impossíveis, seres fantásticos... Na exposição Devaneios Digitais ele mostra 19 dos seus absurdos surrealistas com a influência de Cortázar, Jerry Uelsmann, Pink Floyd, Walter Brugger e Vitor Ramil. Não há nada de impróprio na mistura. E Magritte daria a sua benção à liberdade do sonho. Devaneios Digitais

Tiago Marcon. A partir de QUA.(14). SEG-SEX. 08:30-18:00. SÁB. 10:00-16:00. Galeria Municipal

CA

Luiz Chaves, Divulgação/O Caxiense

Tiago Marcon, Divulgação/O Caxiense

ARTE

MA RIM

Marcelo Aramis Para homem ver

Com coordenação de produção de Elisabete Souza e direção artística de Tina Andrighetti, a 3ª Mostra de Teatro Mulher Encena vai ocorrer de 28 de março a 1° de abril. O festival terá 3 oficinas e 4 espetáculos: Anatomia da Boneca, performance de Andressa Cantergiani; Eva Ave Marias, monólogo com Tina Andrighetti; o monólogo carioca Sete Ventos (foto), com Débora Almeida; Gordas, monólogo de Ana Woolf, com Natália Marcet, da Argentina; e Cinta-Liga/Desliga, do Núcleo Trompas de Falópio. Segundo Tina, o festival é um espaço aberto ao debate – portanto, homens são mais do que bem-vindos.

Difícil reencontro

Mulheridade

A do Festa do Reencontro, a promoção de volta às aulas da Morphine, marcada para o dia 24 de março, terá Lucas e Felipe, Jeito Moleque, Forfun e Emicida. E uma banda local poderá tocar no mesmo palco – não a melhor, a que vender mais ingressos para o evento (as vendas serão comissionadas). Para quem quer assistir de graça também tem promoção. O autor do vídeo mais compartilhado no Facebook falando do evento vai ganhar 5 ingressos. Levanta a mão quem prefere pagar os R$ 20 para ver o show na pista.

Figurinistas de Rainhas

Problemas de perfil

Vivências Sensoriais Leituras Múltiplas – O Espumante Coletiva. Até SÁB. (10). SEX. 08:30-18:00. SÁB. 10:00-16:00. Galeria Municipal

Giselle Mantovani. SEX e SÁB. 08:00-22:30. Galeria Universitária Coletiva. TER-SÁB. 09:00-17:00. Museu Municipal

Arte Francesa

Vanilda Lizot. SEG-SEX. 09:00-18:00. Teatro São Carlos

Claro que está acontecendo dentro de sua mente, mas porque esta significa que não é real

Júlia Martinato. SEG-SEX. 09:00-19:00. Farmácia do Ipam

26

A Cia Municipal de Dança não aprovou nenhum dos 10 bailarinos inscritos para a vaga masculina no elenco. E abrirá nova audição. Os interessados podem enviar currículos para ciadedanca@caxias.rs.gov.br – assunto audição.


Enderecos cinemas: CINÉPOLIS: AV. RIO BRANCO,425, SÃO PELEGRINO. 3022-6700. SEG.QUA.QUI. R$ 12 (MATINE), R$ 15 (NOITE), R$ 23 (3D). TER. R$ 8, R$ 12 (3D). SEX.SÁB.DOM. R$ 17 (MATINE E NOITE), R$ 23 (3D). MEIA-ENTRADA: CRIANÇAS ATÉ 12 ANOS, IDOSOS (ACIMA DE 60) E ESTUDANTES, MEDIANTE APRESENTAÇÃO DE CARTEIRINHA. GNC. rsc 453 - km 3,5 - Shopping Iguatemi. 3289-9292. Seg. qua. qui.: R$ 14 (inteira), R$ 11 (Movie Club) R$ 7 (meia). Ter: R$ 6,50. Sex. Sab. Dom. Fer.R$ 16 (inteira). R$ 13 (Movie Club) R$ 8 (meia). Sala 3D: R$ 22 (inteira). R$ 11 (meia) R$ 19 (Movie Club) | ORDOVÁS. Luiz Antunes, 312. Panazzolo. 3901-1316. R$ 5 (inteira). R$ 2 (meia) | MÚSICA: Bier HauS. Tronca, 3.068. Rio Branco. 3221-6769 | Boteco 13. Augusto Pestana. Moinho da Estação. 3221-4513 | HAVANA. Rua Dr. Augusto Pestana, 145. Moinho da Estação. 3215-6619. | LEVEL CULT: CORONEL FLORES, 789. 3536-3499. | Mississippi. Coronel Flores, 810, São Pelegrino. Moinho da Estação. 3028-6149 | Pepsi Club. Vereador Mário Pezzi, 1.450. Lourdes. 3419-0900 | Portal Bowling. RST 453, Km 02, 4.140. Desvio Rizzo. 3220-5758 | ZARABATANA. Luiz Antunes, 312. Panaz­zolo. 3228-9046. TEATROS: TEATRO MUNICIPAL. RUA DR. MONTAURY, 1333. CENTRO. 3221-3697 | TEATRO São CARLOS. Feijó Júnior, 778. São Pelegrino. 3221-6387 | ORDOVÁS. Luiz Antunes, 312. Panazzolo.

Maximalismo Carol De Barba

Nada minimalista, a coleção de Outono/Inverno 2012 da Carmen Steffens já chegou à loja do Iguatemi. Os apostas da marca são nas costuras aparentes, saltos vírgula e dourados, vernizes, glitters, tachas, babados, laser art déco e estampa de pássaros. Com os blocos de cores ainda fortes, a coleção aposta na mistura de fúcsia, vermelho, branco e ouro velho. O vermelho, aliás, é investimento certeiro para quem já pensa no Inverno 2013. Daiane Daros, Div./O Caxiense

galerias: GALERIA MUNICIPAL. DR. MONTAURY, 1333, CENTRO, (54) 3221.3697 | GALERIA UCS. FRANCISCO GETÚLIO VARGAS, 1130. PETRÓPOLIS. 3218-2039 | FARMÁCIA DO IPAM. DOM JOSÉ BAREA, 2202, EXPOSIÇÃO. 4009.3150 | museu municipal. VISCONDE DE PELOTAS, 586. CENTRO. 3221.2423 | TEATRO São CARLOS. Feijó Júnior, 778. São Pelegrino. 3221-6387.

Andréia Copini, Div./O Caxiense

A

Legenda Duração

Classificação

Avaliação ★ 5★

Cinema e Teatro Dublado/Original em português Legendado Animação Ação Artes Circenses Aventura Bonecos Comédia Drama Documentário Ficção Científica Infantil Policial Romance Suspense Terror Fantasia

Música Blues Coral Eletrônica Erudita Funk Hip hop Jazz Metal MPB Pagode Pop Reggae Rock Samba Sertanejo/Country Tradicionalista

Dança Clássico Forró Hip hop

Contemporânea Folclore Jazz Salão

Flamenco Dança do Ventre

Artes Diversas Pintura

Escultura Artesanato Grafite Desenho

Fotografia

Fada do bosque

A Contra Regra criou seu próprio conto de fadas, literalmente, para inspirar a coleção de Inverno 2012. A fada dos bosques, protegida pela coruja durante a noite, serviu como um dos temas da coleção, bem como as árvores e as folhas que servem de moradia para a criatura delicada e misteriosa que as designers Simone Franco e Chistiane Taufer imaginaram. Na cartela de cores, tons terrosos, como o marrom queimado, o caramelo e a ferrugem, metais, como o ouro, cobre e bronze, e as pedras preciosas como a esmeralda, o rubi e a ametista. As matérias-primas são o algodão, a lã e a seda, que dão vida a tweeds e tricôs. Dentre as peças, destaque para os casacos Chanel, calças cropped (na altura do tornozelo), sobreposição de camisas e blusões, vestidos tubo e blazers. 9.MAR.2012

27


ARQUIBANCADA Dupla CA-JU em busca da Taça Farroupilha | Futebol e vôlei para homens e mulheres

Edgar Vaz, Divulgação/O Caxiense

+ ESPORTE VÔLEI: Jogos do Sesi (masculino e feminino)

SÁB. (10). 9:00. Sede Recreativa da Fundação Marcopolo.

FUTEBOL SETE: Jogos do Sesi (masculino e feminino)

SÁB. (10). 9:00. Sedes campestres da Randon, Fras-le e Sesi

Juventude vai a Lajeado Embalado pela goleada de 4 x 0 no meio da semana contra o Operário, o Juventude agora busca a reabilitação no Gauchão para seguir brigando pelo título da Taça Farroupilha. Após o pedido de demissão do técnico Picoli, o time alviverde será novamente comandado pelo coordenador técnico indicado ao clube pelo BMG, Alexandre Barroso.

Clássico serrano ESTÁDIO ALVIAZUL: AVENIDA AVELINO TALINI, 120 – BAIRRO FLORESTA – LAJEADO | ESTÁDIO CENTENÁRIO: THOMAZ BELTRÃO DE QUEIROZ, 898 | SEDE RECREATIVA FUNDAÇÃO MARCOPOLO: RST 453 – LINHA SÃO GIÁCOMO | SEDE CAMPESTRE FRAS-LE: RS 122, KM 66, 10.945 FORQUETA | SEDE CAMPESTRE RANDON: SÃO PEDRO DA 3ª LÉGUA, ESTRADA DO IMIGRANTE | SESI. CIRO DE LAVRA PINTO. FÁTIMA | 3229-6500

Depois de o Caxias entrar com um time misto para a primeira partida da segunda fase, o técnico Paulo Porto deve escalar os titulares para encarar o Veranópolis, no estádio Centenário. Campeã do primeiro turno, a equipe busca os 3 pontos ao lado de sua torcida. SÁB. (10). 18:30. R$ 10 a R$ 40 Estádio Centenário

ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

PODER JUDICIÁRIO

Edital de Citação de Interessados, Ausentes, Incertos e Desconhecidos - Usucapião 1ª Vara Cível - Comarca de Caxias do Sul

Prazo 20 (vinte) dias. Natureza: Usucapião. Processo 010/1.11.0018126-1 (CNJ:.0033540-67.2011.8.21.0010). Autor: Nereu Renheimer Soares. Objeto: declaração de domínio sobre o imóvel a seguir descrito: “um terreno urbano de esquina, lote n° 11 com área de 279,80m2, sito na Vila Gaúcha, Bairro Kayser, na cidade de Caxias do Sul, quadra n° 977, antiga quadra 1982, fazendo frente com a Rua Olímpio Rosa, esquina com a Rua Padre Ambrósio Pieratelli, medindo e confrontando: ao norte, por 21,45m, com a Rua Olímpio Rosa; ao sul, por 22,10m, sendo uma linha ao sul de 19,10m e outra linha sudoeste de 3,00m, com o lote de propriedade de Francisco de Oliveira Alves; ao leste, por 12,85m, com a Rua Padre Ambrosio Pieratelli; e, ao oeste, por 13,43m, com o lote nº 9, de propriedade de Luciane Alves Soares e Fabiano Alves Soares”. Prazo de 15 (quinze) dias para contestar, querendo, a contar do término do presente Edital (Art. 232, IV, CPC), sob pena de serem presumidos como verdadeiros os fatos alegados pelo autor. Caxias do Sul, 20 de dezembro de 2011. SERVIDOR. Minam Buchebuan Lima. Ajudante Substituta. JUIZ: Daniel Henrique Dummer.

28

ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

PODER JUDICIÁRIO

Edital de Citação - Cível

4ª Vara Cível - Comarca de Caxias do Sul

Prazo de: 20 (vinte) dias. Natureza: Declaratória Processo: 010/1.11.0006016-2 (CNJ:.0012093-23.2011.8.21.0010). Autor: Heloise Salvador. Réu: Supertrunfonet Ltda e outros. Objeto: CITAÇÃO de Supertrunfonet Ltda, atualmente em lugar incerto e não sabido, para, no PRAZO de QUINZE (15) dias, a contar do término do presente edital (art. 232, IV, CPC), contestar, querendo, e, não o fazendo, serão tidos como verdadeiros os fatos articulados pelo autor na inicial. Caxias do Sul, 07 de dezembro de 2011. SERVIDOR: Osmar Cezar da Silva. JUIZ: Sergio Augustin.

Geremias Orlandi, Div;./O Caxiense

DOM. (11). 18:30. Estádio Alviazul (Lajeado)


Maurício Concatto/O Caxiense

a

re

na Gabriel Izidoro

Quem atirou no xerife? Há alguns meses, Picoli já estava no Juventude como um DVD esquecido dentro do aparelho de quem sempre sai de casa apenas com o estojinho do filme para devolver na locadora: só renovando a diária. Picoli queria ficar no Juventude – quem não desejaria permanecer numa casa que é a realização de seus sonhos, trabalhando ao lado dos amigos com quem viveu os melhores momentos da vida profissional? – mas o Juventude, ou pelo menos parte dele, é quem não quis ficar com Picoli. O xerife só manteve a estrela no peito até não aguentar mais tomar bala (praticamente) sozinho, pelos seus mais de 66%

Todos os jogadores do Juventude entrevistados após oprimirem o Operário-PR dedicaram a vitória e a atuação ao ex-técnico Picoli. Que, em 2012, nunca pôde contar com Léo Maringá, Elder Granja, Nem interessado e Belusso com a pontaria calibrada.

de aproveitamento, 2 títulos e uma vaga na Copa do Brasil. Boa parte dos buracos no seu peito foram abertos por cartuchos dirigidos aos jogadores, que o ex-técnico e ainda sócio papo tratou de abraçar para si. O Juventude do Gauchão, é só olhar e ver, não pode o mesmo que podia o Juventude do segundo semestre de 2011. Picoli merecia cobrança proporcional à folha salarial que vinha comandando. Mas... merecer não tem nada a ver com isso, diria Clint (Eastwood), em Os Imperdoáveis. Vida que segue, diria o xerife papo. E coordenador técnico que assume. Apenas interinamente, é claro.

Jonatas Belusso, que enlouqueceu no gramado ruim do Germano Krüger, em Ponta Grossa, pediu música, desencantou, antecipou a classificação do Juventude à segunda fase da Copa do Brasil – com auxílio de Léo Maringá – e garantiu mais um alívio: no cofre do clube, com a verba da passagem à próxima etapa da competição. Cerca de R$ 150 mil.

A tranquilidade no Centenário. Já começou o tiroteio de Palmeiras (não chega o Gerley, Felipão?), Inter e Grêmio sobre o melhor jogador do Gauchão até o momento. A multa rescisória estabelecida pelo Caxias para Fabinho, que tem contrato até outubro, é de R$ 4 milhões.

Por que o Cianorte não é surpresa Para prover à papada o serviço de espionagem do Operário antes mesmo da estreia na Copa do Brasil, O CAXIENSE recorreu a dois conhecedores do futebol paranaense. Pois retoma agora um deles, para avaliar o trabalho do outro. O jornalista Napoleão Almeida, apresentador do Jogo Aberto, na TV Bandeirantes do Paraná, falou sobre o time invicto do técnico Paulo Turra. “O Cianorte não é exatamente uma surpresa para os paranaenses, embora tenha chegado muito perto de levar o primeiro turno e desbancar, aí sim surpreendentemente,

Atlético e Coritiba. Desde a primeira aparição em cenário nacional, quando enfiou 3 a 0 no Corinthians-SP, na Copa do Brasil de 2005, a equipe monta bons times. Percebe-se que o grande mérito de Turra é tirar do Cianorte o máximo que o elenco pode dar, sabendo das limitações do clube. A estrutura organizada dá tranquilidade de trabalho, fundamental ao treinador. É cedo pra dizer se será um grande técnico ou não. Mas ao menos pelo primeiro turno do Paranaense 2012, incomodou os grandes e superou outros menores de maior apelo e expressão, como Londrina e

Operário”. E o que o próprio Turra diz a respeito do bom momento, a poucos pontos de confirmar a vaga paranaense na Série D? “Trabalhamos com uma folha de R$ 200 mil. Atlético-PR e Coritiba fazem com R$ 1 milhão. Mas no Cianorte tudo é muito bem organizado. Simples e funcional. Temos um dos melhores ataques e a segunda melhor defesa da competição.” A quem interessar, Turra só tem acerto verbal com o atual clube até o fim do Estadual. Para o segundo semestre, por enquanto, nada fechado. 9.MAR.2012

29


30


9.MAR.2012

31


EM MÍDIAS MÓVEIS, NÓS SOMOS O GIGANTE POR AQUI. Seu celular pode ser uma grande fonte de notícias locais. Baixe grátis o aplicativo O CAxIENSE para Android.

32


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.