Estilos de Aprendizagem Alessandra Costa Penna. Extrato de: Estilos de aprendizagem e ambientes de ensino: Estudo comparativo dos estilos verbalizados e visualizador nos contextos presencial e a distância. / Rio de Janeiro: UFRJ / Núcleo de Tecnologia Educacional para a Saúde, 2007
Introdução ao conceito de Estilo de Aprendizagem (pág. 49-55) Keefe (1989) define estilo de aprendizagem como a maneira pela qual o aprendiz percebe, interage e responde ao ambiente de aprendizagem. Logo, o estilo de aprendizagem seria uma combinação das características cognitivas, afetivas, comportamentais e psicológicas. Estilo cognitivo de aprendizagem também pode ser definido como padrão diferenciado, individual, de reação diante da estimulação recebida, de processamento cognitivo da informação e de enfrentamento cognitivo da realidade, segundo Fierro (1990). Para Pinto (2000), estilo de aprendizagem é a maneira pela qual os traços pessoais se expressam na arte, no comportamento, na forma de viver e aprender. Quando o estilo que se usa está bem adaptado às características individuais, o resultado é a melhor postura para aprender e conseqüente incremento na produtividade, no sucesso escolar e na criatividade. Felder (2002), chama de estilos de aprendizagem uma preferência característica e dominante na forma como as pessoas recebem e processam informações, considerando os estilos como habilidades passíveis de serem desenvolvidas. Afirma que alguns aprendizes tendem a focalizar mais fatos, dados e algoritmos enquanto outros se sentem mais confortáveis com teorias e modelos matemáticos. Alguns também podem responder preferencialmente a informações visuais, como figuras, diagramas e esquemas, enquanto outros podem responder a partir de informações verbais – explanações orais ou escritas. Uns preferem aprender ativa e interativamente, outros já tem uma abordagem mais introspectiva e individual. Já as informações nos chegam de diversas formas, e, portanto, podemos nos tornar mais eficientes se desenvolvermos diferentes habilidades de lidar com tais informações. O conhecimento, pelos professores, sobre os estilos de aprendizagem apresentados pelos alunos é uma das vantagens destacadas por Butler (1988) no planejamento didático, no qual ele cita: “Este conhecimento proporciona base para planejar estratégias de ajuda aos alunos que têm diferentes estilos de aprendizagem, inclusive estilos diferentes daqueles dos professores”. Butler (1988) identificou quatro grandes dimensões do estilo de aprendizagem, são elas: cognitiva, afetiva, fisiológica e psicológica. A dimensão cognitiva diz respeito aos diferentes modos pelos quais os alunos percebem e ordenam mentalmente as informações e idéias; a dimensão afetiva diz respeito a como os fatores sociais e emocionais afetam as situações de aprendizagem; a dimensão fisiológica diz respeito aos sentidos utilizados na aprendizagem, como a audição, a visão e o movimento (sentido cinestésico); e finalmente a dimensão psicológica diz respeito a como a força interior e a individualidade afetam a aprendizagem do indivíduo. Witkin, Oltman, Raskin & Karp (1971 Apud: Jonassen & Grabowski, 2001) descreveram dois estilos de aprendizagem denominados field dependence (dependente do campo) e field independence (independente do campo). Estes estilos dizem respeito ao grau de percepção e compreensão que o indivíduo tem da informação, a qual é influenciada pelo meio, campo de percepção, pelo contexto. Então, quando a pessoa com estilo “dependente do campo” interage com um estímulo, ela acha difícil localizar a informação porque outras informações do meio tendem a mascarar aquela para qual ele está querendo prestar atenção. Por outro lado, a
pessoa com estilo “independente do campo” encontra facilmente uma informação no meio que está ao redor dela, no campo. Portanto, o estilo “dependente do campo” é caracterizado pelo indivíduo que tem uma visão global, aceita apenas uma estrutura formada, não sendo capaz de criar uma nova, é direcionado para o exterior, é sociável e interpessoal, tradicional (convencional), orientado por fatos e não por conceitos, pois é mais concreto, e sensível com os outros. Já o estilo “independente do campo” é caracterizado pelo indivíduo que tem uma visão analítica, é capaz de criar novas estruturas, é direcionado para o interior, individualista e intrapessoal, gosta de experimentar (diversificar), é orientado por conceitos, pois é mais abstrato, e insensível aos acontecimentos e fatores sociais. Felder (2002) entende que se o professor utiliza uma abordagem que privilegia um determinado estilo de aprendizagem, os alunos que não desenvolveram essa mesma habilidade tenderão a desinteressar-se e sentirão dificuldade em aprender. Por outro lado, se o professor simplesmente preocupar-se em atender cada aluno de acordo com seu estilo de aprendizagem, não permitirá que ele desenvolva outras habilidades de lidar com as informações, prejudicando seus desempenhos acadêmico e profissional. Na sua concepção, um dos objetivos da educação deveria ser promover o desenvolvimento dessas habilidades. Deve-se ressaltar que os meios educacionais demandam determinados tipos de estilos, assim como certas habilidades intelectuais. Apesar disso, nem sempre os estilos exigidos estão de acordo com os estilos dos estudantes, o que pode levar à facilitação ou debilitação do processo de ensino-aprendizagem. Nesse sentido, as instituições escolares deveriam se preocupar mais com os métodos de ensino utilizados e oferecer orientações complementares tanto aos professores quanto aos estudantes, melhorando, assim, as condições oferecidas. Como já foi dito anteriormente, o estilo de aprendizagem, é construído social e culturalmente, estando assim, inserido no processo de aprendizagem das pessoas. É necessário conceber o estilo de aprender, considerando os significados e valores atribuídos por aqueles que participam desse processo. À medida as diferentes formas ou cenários de aprendizagem são investigados, três variáveis adicionais podem ser encontradas: meios ou veículos para transmitir conhecimento, locais específicos onde a aprendizagem ocorre, e os agentes particulares encarregados desta tarefa (o professor, no caso desta pesquisa). Os meios diferem nos tipos de inteligência necessários para o seu uso adequado, assim como os tipos de informação variam de acordo com a maior ou menor facilidade para aprender. Gardner vêm estudando os tipos de inteligência. Inicialmente (Gardner, 1994) classificou como sendo sete tipos, e seis anos depois (Gardner, 2000 Apud: Brennand & Vasconcelos, 2005) acrescentou mais alguns. O autor afirma que as inteligências se desenvolvem de forma relativamente autônoma, e são elas: lingüística, musical, lógico-matemática, espacial, corporal-cinestésica, intrapessoal, interpessoal, espiritual, naturalista, existencial e moral. Várias inteligências podem ser exploradas como meio de transmissão, meio para a aprendizagem, e o material real a ser dominado pode ele próprio incidir no domínio de uma inteligência especifica. Logo, as várias competências intelectuais podem tanto servir como meio quanto como mensagens, como forma e conteúdo, podendo, então, o aluno precisar de uma inteligência específica para aprender determinado conteúdo. Lynch, Woelfl, Steele, Hanssen (1998) estudaram a influência dos estilos de aprendizagem no desempenho de aprendizes, e, para isto, utilizaram a classificação do inventário de estilos de aprendizagem de Kolb, e aplicaram diferentes avaliações de desempenho em alunos do terceiro ano de um curso de medicina. Observaram que existe uma direta e significativa correlação entre estilos de aprendizagem abstratos (estilos 1
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convergente e assimilador ) e a performance em avaliações que exigem pensamento mais reflexivo e conceitos abstratos. Ou seja, através da pesquisa, demonstraram que o desempenho em avaliações acadêmicas objetivas (ex. de múltipla-escolha) é influenciado pelo estilo de aprendizagem, enquanto o bom desempenho em avaliações que envolvem situações clínicas requer habilidades adicionais, além do conhecimento básico. Logo, puderam comprovar que avaliações no formato múltipla-escolha e avaliações com simulação de situações clínicas, medem diferentes capacidades e habilidades. Estes achados reforçaram a importância do professor utilizar mais de um
tipo, formato, de avaliação de desempenho, e dos alunos conhecerem seus estilos preferenciais de aprendizagem. Com isto, os alunos podem conhecer um pouco sua estrutura mental, e, a partir daí, modificar hábitos não produtivos, fortalecendo aqueles que os são benéficos para a aprendizagem. Smith e Woody, 2000 (apud: Sadler-Smith, E., Smith, P. J.), em seus estudos, compararam o ensino tradicional com o ensino através de multimídia, e os resultados encontrados sugeriram que os estudantes que preferiam informações apresentadas visualmente, em comparação a aqueles que preferiam as informações verbais, se beneficiavam mais com o ensino através de multimídia. Um outro estudo realizado por Bitran, Zuniga, Lafuente, e colaboradores (2003 e 2004), avaliou se os tipos psicológicos e os estilos de aprendizagem são variáveis relevantes para o desempenho acadêmico dos estudantes de medicina. Foi observado que a forma que percebemos e processamos informações são influenciadas pela nossa personalidade e estilo de aprendizagem. Portanto, as preferências psicológicas podem incidir sobre o rendimento acadêmico dos estudantes, e neste sentido, nos parece importante que os docentes conheçam seus alunos desta perspectiva, das diferenças psicológicas. Betts (1909) define estilo cognitivo visualizador como aquele que o indivíduo encontra informações concretas e visuais facilmente, e o estilo cognitivo verbalizador como aquele que o indivíduo trabalha com informações complexas acusticamente e semanticamente. Richardson (1977) validou o teste identificador dos estilos de aprendizagem visualizador e verbalizador (VVQ- Verbalizer-Visualizer Questionnaire), e se aprofundou no estudo destes dois estilos de aprendizagem. Para este autor, o aprendiz verbalizador possui maior facilidade para aprender a partir do canal voz, enquanto o aprendiz visualizador tem maior facilidade para aprender a partir do canal visual. Graff (2005), ao estudar as estratégias de manipulação de hipertextos, observou que o indivíduo com estilo cognitivo verbalizador, geralmente, visita mais páginas na estrutura hierárquica (simples), enquanto o indivíduo visualizador visita mais páginas na estrutura relacional (complexa). Os sujeitos visualizadores vêem a estrutura do sistema como um todo, logo, se preocupam com a idéia geral, são mais superficiais e trabalham com os documentos complexos (estrutura relacional). Já os verbalizadores tendem a explorar situações em partes, preocupando-se com detalhes e aprofundamento em um tema. Ao conhecer as diferenças individuais, mais especificamente, no caso deste estudo, os estilos de aprendizagem, os docentes poderão obter novas ferramentas, enriquecer seu trabalho desenhando atividades que potencializem o desenvolvimento de habilidades não conhecidas até então, que podem facilitar a aprendizagem e futuramente o desempenho profissional dos alunos. E os próprios alunos poderão obter maior consciência de seu processo de aprendizagem, e, desta forma, terão a oportunidade de desenvolver seus estilos preferenciais de aprendizagem.
Estilos de aprendizagem Verbal e Visual (pág. 55-57) A origem das preferências para processar informações através de formas subjetivas (abstratas) verbais e de formas concretas visuais é desconhecida. Richardson (1994), ao descobrir que verbalizadores têm mais habilidades verbais e visualizadores têm mais habilidades espaciais, supôs que um estilo habitual é desenvolvido no indivíduo que descobriu, em sua vida, aquela habilidade mais forte em comparação as suas outras habilidades. E a possível conseqüência desta descoberta pode ser a maior consciência, e o maior uso de tais habilidades: discurso abstrato para os verbalizadores e as imagens concretas para os visualizadores. Algumas pessoas preferem processar informações através do canal visual (gráficos, ilustrações ou diagramas), outras preferem processar as informações através de palavras, escritas e faladas (lendo e ouvindo), ou através de associações verbais, logo, preferem processar informações através do canal vocal, e para outras
tanto faz processar a informação através do canal visual ou vocal, uma vez que consideram confortável a utilização de qualquer um dos canais. Os visualizadores parecem lembrar com maior facilidade de textos que já viram anteriormente (possuem memória visual apurada), do que daqueles acusticamente complexos e não familiares. O oposto ocorre com os verbalizadores, que possuem a memória acústica mais apurada. Portanto, os aprendizes com estilo de aprendizagem visual tendem a se recordar mais facilmente de figuras, diagramas, fluxogramas, filmes, demonstrações, enquanto os aprendizes com estilo de aprendizagem verbal se recordam mais facilmente de assuntos explicados oralmente e/ou escritos (Riding & Calvey, 1981; Riding & Dyer, 1980. Apud: Sadler-Smith e Smith). Os visualizadores, geralmente, aprendem melhor através de apresentações pictográficas, são dependentes de um campo, de uma imagem, são holísticos, possuem dominância hemisférica direita e são mais introvertidos. Já os verbalizadores aprendem melhor através de apresentações verbais, são independentes de um campo, de uma imagem, são analíticos, seriais, possuem dominância hemisférica esquerda, e são mais extrovertidos (Richardson, 1994). De acordo com o Dicionário da Língua Portuguesa Aurélio, o termo visual tem origem no latim (visuale) e é “relativo à vista ou visão”, está relacionado àquele “que assimila melhor as noções ou conhecimentos pela vista do que pelo ouvido; que apreende melhor o que lê do que o que ouve”, e “diz-se da pessoa particularmente sensível às impressões visuais, na qual o sentido da visão atua de maneira muito significativa”. Já os termos verbal, que tem origem no latim (verbale), e verbalizar são definidos respectivamente como “relativo ao verbo, expresso de viva voz, oral” e “tornar verbal, expor verbalmente alguma coisa”. É possível perceber que do ponto de vista de Richardson os estilos verbalizador e visualizador não são definidos como sendo somente aqueles que preferem o canal voz e o canal visual respectivamente, sua definição para tais estilos de aprendizagem é bem mais ampla. Porém, para este estudo, foi necessário trabalhar com o conceito simplificado de verbalizador e visualizador, como o que aparece no Aurélio. Somente desta forma foi possível criar a hipótese inicial deste estudo: alunos com estilo de aprendizagem predominantemente verbal obtêm melhor desempenho no ensino presencial, e alunos com estilo de aprendizagem predominantemente visual obtêm melhor desempenho na educação a distância. Mayer e Massa (2006) realizaram uma pesquisa na Universidade da Califórnia, com alunos na faixa etária de 18 anos, com o objetivo de testar a seguinte hipótese: visualizadores têm melhor performance em atividades nas quais receberam métodos de instrução visuais, enquanto verbalizadores têm melhor performance nas atividades nas quais receberam métodos de instrução verbais; logo os visualizadores precisam receber métodos de instrução visuais, enquanto os verbalizadores precisam receber métodos verbais. Portanto, tais autores examinaram se os estudantes com estilo de aprendizagem visual aprendem melhor nas aulas com sistema multimídia que oferece ajuda através de desenhos, pictogramas, e se os estudantes com estilo de aprendizagem verbal aprendem melhor nas aulas com sistema multimídia que oferece ajuda através de textos. Então, chegaram a algumas conclusões: é possível utilizar instrumentos para distinguir aprendizes verbalizadores e visualizadores, porém, não é possível confirmar a hipótese de que diferentes métodos de instrução precisam ser utilizados para cada tipo de aluno, verbalizador e visualizador. Foi visto que alunos com estilo verbalizador preferem modelos de apresentação verbais, e tendem a selecionar tais modelos de ajuda, enquanto alunos com estilo visualizador preferem modelos de apresentação visuais, e tendem a selecionar estes modelos de ajuda. Também foi encontrado o mesmo fenômeno denominado por Mayer (2001) de “efeito multimídia”: pessoas aprendem melhor através de palavras e figuras do que somente através de palavras. Concluíram o estudo dizendo que apesar de não terem conseguido confirmar a hipótese inicial, não podemos pensar que os métodos de instrução não devam ser utilizados de acordo com cada aprendiz, devemos respeitar as diferenças individuais.
Moreno e Plass (2006) estudaram como os alunos da Southwestern University, nos Estados Unidos, aprendiam botânica através de um programa multimídia. Não encontraram evidências de que os alunos com preferências de aprendizagem verbal e/ou visual obtinham diferentes desempenhos em tarefas verbais/visuais. Entretanto, também chamaram a atenção para a importância de respeitarmos sempre as diferenças individuais. ...
Os benefícios do uso pedagógico dos Estilos de Aprendizagem (pg. 85-88) Os professores que sabem que o cérebro se modifica durante o aprendizado, e em quais condições ele se
modifica, sem dúvida, são capazes de ensinar melhor e de forma mais eficiente. Também, quanto mais recursos forem empregados na transmissão e na troca de uma informação, melhor o objeto de aprendizagem se fixará na memória de longa duração. Sendo mais fácil aprender com a colaboração do maior número possível de órgãos dos sentidos (Friedrich & Preiss , 2006). Foi visto que o estudo das neurociências deu o embasamento teórico necessário para o início dos estudos das relações das funções cerebrais e do processo de aprendizagem, e tornou possível o conhecimento de como e de que forma os estímulos sensorias podem facilitar a aprendizagem. Hoje, se sabe que o cérebro reúne três aspectos: pensamento, sentimento, e ação (Friedrich & Preiss, 2006). Então, sabendo disto, é nossa função estimular os educadores a transmitir e trocar conhecimentos com o aprendiz, de modo que estes conhecimentos correspondam ao respectivo funcionamento cerebral de cada aprendiz. Estou querendo dizer que, para que isto ocorra, primeiramente, os professores precisam compreender como transcorrem os processos mentais do aprendizado, para, então, reconhecer que cada aluno possui uma forma especial de processar informações a partir de suas preferências de aprendizagem, os seus estilos de aprendizagem mais especificamente no caso deste estudo. Outro autor que fala da importância do professor ter consciência da história de vida de seu aluno, para então ser capaz de tratá-lo como sujeito único, é Leal (2006). Ele ressalta que a partir deste conhecimento, o professor passa a ter mais possibilidade de auxiliar o aluno a encontrar sua própria forma de assimilar conhecimento. E, portanto, conhecendo o aprendiz, o docente passa a ser capaz de, conscientemente, optar por determinadas técnicas de ensino e estratégias instrucionais que facilitem a aprendizagem daqueles alunos especificamente. Ao mesmo tempo, Pestalozzi (In: Friedrich & Preiss, 2006) afirma que o aluno, ao conhecer o seu estilo de aprendizagem passa a ter confiança nas próprias capacidades e consegue lidar melhor com as deficiências que possam surgir durante o processo de ensino-aprendizagem. Já se sabe, também, que a motivação é um fator de suma importância para a aprendizagem significativa, assim também o ambiente de ensino precisa ser emocionalmente agradável para estimular a curiosidade e a vontade de aprender (Friedrich & Preiss, 2006; Pinto 2000; Butler 1988). Logo, o aluno e o professor precisam estar dispostos a trocar conhecimentos e aprender. O êxito do aprendizado pode ser bloqueado tanto pela deficiência de um determinado “talento”, estilo de aprendizagem neste caso, quanto pela pouca motivação por parte do aluno. Então, foi observado que quando o estilo que se usa está bem adaptado às características individuais, o resultado é a melhor postura para aprender e conseqüente ocorre incremento na produtividade, no sucesso escolar e na criatividade (Pinto, 2000). Quanto à motivação, o professor exerce papel fundamental e decisivo no processo de aprendizagem. Isto acontece porque, na maioria das situações, precisa partir do professor a iniciativa de estimular seus alunos a conhecerem seu próprio processo de aprendizagem, e terem um pensamento mais crítico. No contexto de educação o professor tem grande responsabilidade pela construção do conhecimento por parte dos alunos, ele é responsável pela formação de indivíduos, cidadãos, no sentido mais completo desta palavra.
Em contextos empresariais (Lima Santos, Rurato & Faria, 2000) já é possível observar a utilização dos estilos para alocar o indivíduo onde ele apresente melhor desempenho e, conseqüentemente, melhor produtividade. Portanto, já se reconhece que as pessoas têm características diferentes, logo, se colocadas na área correta, compatível com seu estilo de aprendizagem, elas obtêm melhor desempenho na função exercida. Já no contexto educacional, na maioria das vezes, a aplicação dos estilos tem sido feita para o entendimento do processo de aprendizagem do aluno. Para a autora deste estudo, não importava tanto o produto escolar no sentido da nota final por si só, mas sim a compreensão do processo, como o estudante chegou àquele desempenho e porque, ou seja, o que isto significa para a sua aprendizagem. Por este motivo, neste estudo, a nossa preocupação foi verificar a existência de uma relação entre os estilos de aprendizagem e o desempenho dos aprendizes nos diferentes ambientes de ensino. Imaginamos que desta forma estaríamos trazendo a consciência das diferenças individuais para o contexto educacional, e sua respectiva importância para o processo de ensino-aprendizagem. A partir dos estudos de Peixoto, Brandão & Santos (2007), podemos dizer que quando um docente faz uso de seu conhecimento sobre metacognição, pode conduzir o aprendiz no desenvolvimento de sua própria capacidade metacognitiva. Usando o conjunto de conceitos da metacognição, o professor pode “mapear” uma região a ser progressivamente explorada pelo aluno. Mostrando-lhe o que desconhece e indicando-lhe caminhos a seguir, e, finalmente, apresentando procedimentos a serem aplicados a fim de aprimorar sua aprendizagem. Tanto a instituição como os professores deveriam conhecer as questões que envolvem o processo de aprendizagem, para que os objetivos educacionais e o processo de avaliação do desempenho leve em conta a variabilidade do processo cognitivo. É preciso reconhecer que a psicologia diferencial não é suficiente para a compreensão completa de um fenômeno complexo como a aprendizagem, entretanto, pode-se dizer que a grande contribuição da psicologia diferencial para este campo está na possibilidade de entender e discutir como o conhecimento é construído através das diferenças cognitivas. Portanto, as diferenças individuais se mostram como um importante fato para entender os aspectos ligados a aprendizagem. Cada indivíduo possui uma maneira de acomodar as idéias e assimilar mentalmente um conteúdo, e isto é possivel pois cada um possui determinadas habilidades mentais. No processo de aprendizagem os indivíduos apresentam diferentes modos de comportar-se, assim, uma vez respeitadas tais diferenças, é possível promover a igualdade de condições e oportunidades para o aprender. A valoração da individualidade, como característica essencial do homem contemporâneo, tem sido a base de diversos estudos na área da psicologia diferencial. Na verdade, entender o indivíduo é uma tarefa difícil, mas, apesar das idéias contrárias, o homem é um indivíduo com características únicas e com estilos de aprendizagem diferenciados.
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Estilo convergente: busca a utilidade da informação, aplica bem as idéias, aprende através de raciocínio
hipotético-dedutivo. 2
Estilo assimilador: é indutivo, elabora com facilidade esquemas teóricos sobre fatos e idéias.