O que e um diario de campo

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O que é um Diário de Campo? Mauricio Abreu Pinto Peixoto Texto auxiliar para disciplinas de Metodologia Nutes-UFRJ É algo parecido com o prontuário médico ou um diário de classe. Nele está contida toda a história e evolução de um dado paciente ou turma. No caso do prontuário, incluem-se aí os registros dos diferentes profissionais que lidam com o doente, assim como exames complementares e outros documentos legais. Serve como registro atual, e pode ser usado para estudos de caso e/ou prova legal. No caso do diário de classe há a lista de presença, datas, títulos e conteúdos das aulas. Alguns professores incluem alguma descrição dos eventos e até comentários sobre alunos. Assim como o prontuário serve também como registro atual, e pode ser usado para estudos de caso e/ou prova legal. O diário de campo é similar. Pesquisadores na área de Ciências Humanas utilizam-no com freqüência como um "prontuário / diário de classe", só que neste caso o "paciente / turma" é a pesquisa. Nele o pesquisador registra eventos, observações de eventos e eventualmente suas reflexões sobre o ocorrido. Tem por objetivo coletar os dados relevantes para a pesquisa em curso, que serão posteriormente analisados, e que gerarão algum tipo de comunicação científica. No caso desta disciplina, o seu diário de campo é similar ao já descrito. Aqui o "paciente / turma" é você. Os dados são os eventos da disciplina e fora dela que de alguma forma tiveram relação com este curso. São também suas reflexões sobre eles. A idéia é que você possa mostrar como foi o seu desenvolvimento durante o curso. E este desenvolvimento será objeto de avaliação por parte dos docentes responsáveis. O diário de campo será devido a intervalos regulares durante a disciplina, o que significa que ao final dela, você terá produzido certo conjunto de diários. E será este conjunto que fundamentará o seu artigo final. Quanto ao artigo final, sua natureza e conteúdo será objeto de outro documento.

Qual o conteúdo do diário de campo? O seu diário deverá conter três partes. A primeira descreve os eventos relacionados à disciplina. A segunda os aspectos metacognitivos pessoais, e a terceira aqueles relativos à metacognição social. Atente que o texto propriamente dito, não precisa necessariamente sempre conter todas as partes, nem elas precisam ser apresentadas discriminadas e na mesma ordem. O diário de campo, quando considerado no seu conjunto, deverá apresentar as três partes. No entanto, a composição de um diário específico poderá variar, tanto na sua natureza, como também na ordem em que o conteúdo será apresentado. Já dito, o seu diário deverá conter três partes. A primeira é descritiva. Aqui se faz um relatório do que aconteceu em sala, na plataforma e também (e talvez principalmente) aqueles que extrapolam a sala de aula. Note que a descrição dos eventos NÃO é um relatório das aulas. Nada do tipo "o professor começou a aula dizendo... depois... terminou...". Não é isto o que importa. O


diário de campo registrará apenas os eventos relevantes para a sua evolução. Assim é que se você achar que o início de uma aula foi marcante por alguma razão, registre-o. Se o final foi irrelevante, suprima-o do seu diário. Neste sentido, o diário de campo não contém uma descrição da aula. Ele apresenta um extrato seletivo de eventos, estes comentados e interpretados, feito com o objetivo precípuo de explicitar o seu processo de aprendizagem. E então isto nos leva às outras partes do diário. A disciplina se organiza, entre outras, para favorecer uma reflexão sobre você e os outros, na perspectiva da aprendizagem. Assim é que, o relato de eventos tratado acima deverá ser apenas o ponto de apoio para que esta reflexão se dê. Assim, cabe refletir sobre os eventos na perspectiva metacognitiva pessoal e social. Durante toda a disciplina conteúdos diversos serão apresentados e estes poderão apoiá-la nesta tarefa. Mas note que o enfoque é a sua vivência, não o que é dito pelos teóricos. Mesmo quando falar sobre o outro, lembre-se que é você que percebe, observa, e o interpreta. E isto é sempre uma visão pessoal. Neste sentido, na metacognição clássica é você falando sobre si mesma. Na social, continua sendo você; apenas referindo-se ao outro. É claro que a teoria e a prática se misturam de forma às vezes indissolúvel, e em alguns momentos seus comentários e reflexões integrarão estes dois aspectos. Isto não é um problema, ao contrário, você mostrará seu melhor desempenho ao integrar os dois aspectos do curso. Mas isto não significa que nestes diários seja esperado um exercício de reflexão teórica. Este não é o caso. O que se espera aqui, é que você seja capaz de pensar preferencialmente sobre os aspectos mais ligados à aprendizagem do seu caminhar acadêmico. Neste sentido, perceba ainda que diversos outros eventos fora de aula podem ter significado para o seu aprendizado e também para o seu artigo final; uma conversa com o seu professor, seu namorado(a); um livro que leu; uma prova que fez; uma refeição em um restaurante ou uma compra em uma loja qualquer. Não importa o que seja, nem ainda que o evento seja "importante" - aqui tem o mesmo valor um artigo lido ou um pensamento durante uma compra. Importa isto sim o quanto este evento contribui para construção do seu processo de desenvolvimento. Assim, mais importante que a descrição de eventos, é a sua reflexão sobre eles. Que tipo de conclusão você tirou ? Qual associação com outras idéias, eventos ou situações você fez ? É aqui que você demonstra e exercita a sua capacidade de aprender. Sendo mais específico; a sua capacidade de traduzir em efeitos práticos e concretos os eventos ocorridos em aula. Isto é, a sua capacidade de transferir para fora dela o que normalmente costuma restringir-se às paredes da sala; mesmo que seja apenas sobre a sua história pessoal. Fui claro ? Prof. Mauricio


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