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Aplicação da Literatura Técnica, Scanner e Osciloscópio no Diagnóstico Automotivo
Na matéria deste mês vamos apresentar dois casos que comprovam a importância de se ter uma literatura técnica confiável e que tenha o máximo de informações que auxiliam o reparador no dia a dia da oficina
Ter acesso a literatura técnica e utilizar equipamentos de precisão, como o osciloscópio, possibilitam realizar diagnósticos de falhas complexas como os que serão mostrados adiante.
O primeiro caso que será apresentado diz respeito ao veículo Volkswagen Gol GVI, figura 1, cujo o proprietário relata que, com o motor em funcionamento, o veículo apresenta interferência no painel de instrumentos durante as acelerações, evidenciada pela movimentação aleatória dos ponteiros do painel. (Fig.1 e 2)
Diante da situação o reparador, utilizando-se do scanner acessou a memória de avarias da unidade de controle do motor e identificou o código de falhas P0303, referente a falha de combustão do terceiro cilindro.
Sem perda de tempo, pegou seu osciloscópio e realizou a captura do secundário de ignição do referido cilindro. (Fig.3)
Ao interpretar o sinal capturado o reparador concluiu que havia uma fuga de centelha devido ao encurtamento da linha de centelhamento, destacada pela seta em vermelho.
Assim, decidiu remover as velas para realizar uma inspeção visual, a figura 4 exibe o estado que estavam as velas desse veículo. (Fig.4)
Ao observá-las identificou facilmente que não foi realizada a manutenção preventiva do sistema de ignição e que as velas deveriam ser substituí - das imediatamente. ratura técnica para identificar o elemento de ligação entre a fuga de corrente e o painel de instrumentos.
Mas ainda restava descobrir o motivo dessa falha de ignição estar afetando o painel de instrumentos.
Ao visualizar os componentes fixados ao cabeçote, que ficam próximos ao ponto de fuga de centelha e que tem ligação com o painel, o reparador identificou que o sensor de pressão de óleo, através de seu chicote elétrico, estaria enviando a fuga de centelha para o painel de instrumentos. A fi- to do sensor de pressão de óleo no compartimento do motor próximo ao ponto onde ocorre a fuga de centelha. (Fig.5)
Vale destacar que esse sensor está fixado no cabeçote, ou seja, seu aterramento é feito exatamente no local onde a centelha estava tendo sua fuga, como exibe a figura 6.
Para ter certeza de sua suspeita o reparador abriu o esquema elétrico do painel para ver a ligação entre este e o sen - sor de pressão do óleo, como exibe a figura 7. (Fig.6 e 7)
Concluiu rapidamente que a fuga de centelha que ocorria para o cabeçote do veículo chegava ao painel de instrumentos através do chicote do sensor de pressão de óleo, pelo fio preto/verde e chegando ao pino 24 do conector T32.
Desta forma, para com - provar seu diagnóstico, o reparador soltou o conector do sensor de pressão de óleo e deu partida no motor, pisou no acelerador e constatou que a interferência desapareceu, confirmando sua suspeita.
Para concluir o diagnóstico e deixar o veículo funcionando perfeitamente, o reparador substituiu as velas e realizou uma nova captura para se certificar da qualidade do sistema de ignição. (Fig.8)
Para sua satisfação observou que a linha de centelha estava perfeita, o que confirmava que não havia nenhuma fuga para o cabeçote.
O próximo caso foi cedido pelo técnico automotivo Vitor, da Vitor Car Service, o proprietário de um veículo Volkswagen Fox MSI 2016, figura 9, relatava dificuldade na partida.(Fig.9)
Utilizando-se do scanner o reparador acessou a memória de avarias da unidade de controle do motor, na qual identificou a presença do código de falhas P0341, referente ao sensor de fase G40 – sinal improvável. (Fig.10)
Utilizando-se de sua expertise com o osciloscópio, realizou a captura dos sinais dos sensores CKP e CMP para verificar o sincronismo do motor sem a necessidade de desmontá-lo. (Fig.11)
Para conferir se o motor estava ou não sincronizado, o reparador acessou o manual OSCI do SIMPLO, que traz uma biblioteca de oscilogramas de referência capturadas de veículos em perfeito funcionamento. (Fig.12)
Ao comparar as duas imagens constatou que tinha uma diferença de 10 dentes referente ao mesmo ponto marcado em sua captura do veículo em relação à imagem de referência no SIMPLO. (Fig.13)
O reparador havia assistido a um vídeo do SIMPLO no qual eu havia mostrado um caso em que um veículo tinha dado uma diferença muito grande entre o sincronismo do motor e o que era o correto, e no meu caso foi devido ao movimento do alvo ou castelinho, em que o sensor de fase faz a captação do sinal em relação ao comando de válvulas.
Desta forma, ele suspeitou que no seu caso o motivo seria o mesmo e de fato ele acertou, realmente o alvo do comando de válvulas se movimentou. (Fig.14)
O reparador substituiu o comando de válvulas, conectou novamente o scanner, conferiu e apagou o código de falhas, deu partida no veículo e confirmou que a falha não estava mais presente. (Fig.15) é técnico em manutenção automotiva, consultor técnico do SIMPLO Manuais Técnicos Automotivos e sócio-proprietário da oficina L.Rabelo
Para fechar com chave de ouro, fez uma nova captura com o osciloscópio para garantir que o sincronismo estava idêntico ao apresentado pela imagem de referência da literatura técnica.
A figura 16 confirmou o perfeito sincronismo.
TÉCNICA 48 Janeiro 2023 • oficinabrasil.com.br