Edição 717 do Jornal O Noticias da Trofa

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Quinzenário | 14 de maio de 2020 | Nº 717 Ano 17 | Diretor Hermano Martins | 0,70 €

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Resinorte e Câmara querem instalar aterro em Covelas

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4 meses a carregar garrafões de água para tomar banho

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Família com medo de morrer dentro de casa

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Andores não saem à rua na Senhora das Dores pub


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O NOTÍCIAS DA TROFA

Atualidade

Cancelados eventos de setembro O passeio anual sénior, a Gala do Desporto, o Festival de Folclore da Trofa e o Encontro de Concertinas e Cantares ao Desafio foram cancelados pela Câmara Municipal da Trofa. Os eventos, calendarizados para o próximo mês de setembro, não se poderão realizar por não serem “compatíveis” com “as normas de distanciamen-

to social e de proteção veiculadas pela Direção-Geral de Saúde”, devido à pandemia de Covid-19, justificou o presidente da autarquia, Sérgio Humberto, em comunicado divulgado nas redes sociais. Esta decisão segue-se ao já anunciado cancelamento de eventos de verão como o BeLive e a

ExpoTrofa, também pelo mesmo motivo. Apesar de a Gala do Desporto não se realizar, a Câmara Municipal apela às associações e atletas com resultados desportivos relevantes na presente época para darem conta dos feitos, que serão reconhecidos no evento, em 2021. C.V.

Romaria de S. João de Guidões não se realiza A vertente profana da festa em honra a S. João, em Guidões, foi cancelada. A romaria, que se realizaria em junho, implicaria ajuntamento de pessoas, cenário que não é compatível com a realidade

que vivemos, devido à pandemia de Covid-19. A comissão de festas composta para este ano transita para 2021 e garantirá a organização da festa, canalizando os fundos até ago-

ra angariados. No entanto, quem quiser reaver o dinheiro doado para a festa, pode informar a comissão de festas, que o restituirá. C.V.

Cemitérios reabrem segunda-feira As juntas de freguesia de Bou- gatório e o embelezamento das segado, Covelas, Muro e Alvare- pulturas deve ser feito no “mínimo lhos e Guidões decidiram reabrir tempo necessário” e só uma pesos cemitérios na próxima segun- soa é permitida por cada campa. A da-feira, 18 de maio. Encerrados Junta de Freguesia do Muro aconjá durante a vigência do Estado de selha a que “os arranjos” florais Emergência, em virtude da pan- “devem ser preparados em casa, demia de Covid-19, estes espa- para diminuir o tempo de permaços vão voltar a estar disponíveis nência e os contactos no interior àqueles que queiram velar os en- do cemitério”. tes queridos, mas mediante o cumDeve ser respeitado o distanciaprimento de algumas regras. mento social e cada pessoa deve O uso de máscara e luvas é obri- trazer os materiais para o embele-

Meteorologia

zamento das sepulturas, uma vez que as juntas de freguesia não vão disponibilizá-los. As casas de banho também estarão encerradas. No comunicado divulgado à população, a Junta de Freguesia de Bougado reitera que é “obrigatório o uso de luvas para manusear as torneiras de água” dos cemitérios. Recorde-se que, na Vila do Coronado, os cemitérios reabriram mais cedo, a 29 de abril. C.V.

José Pedro Maia Reis Memórias e Histórias da Trofa

Quem tentou matar Narciso? Decorria o mês de abril do ano de 1902, numa das noites como todas as outras em que nada se fazia prever, quando decorreu algo que iria colocar a população em alvoroço. Na noite de 7 para 8 daquele mês, no lugar da Lagoa, em Santiago de Bougado, o tradicional som do silêncio da noite era quebrado pelo estampido de dois tiros de revólver, causando enorme sublevação naquela comunidade. Alguém de um número de indivíduos, impossível de quantificar, teria disparado uma arma de fogo e atingido com dois tiros um transeunte que por ali passava, deixando-o estendido no chão em consequência dos ferimentos. A vítima era Narciso, morador em Santiago de Bougado, e tinha como ocupação profissional ser carregador da Companhia de Caminhos de Ferro do Minho. Não existem mais dados biográficos sobre a vítima e a distância temporal da ocorrência dos factos também é inimigo da história. Os agressores (ou agressor), ao pensar que a vítima tinha morrido, acabaram por fugir e o pobre infeliz ficou estatelado na rua, certamente a esvair-se em sangue, e teria de ser rapidamente socorrido, caso contrário iria morrer em consequência dos danos que os projéteis lhe causaram e das respetivas hemorragias. A vítima acabaria por ser socorrida por populares e seria conduzido ao Hospital da Misericórdia do Porto, uma viagem tortuosa de poucos quilómetros, mas realizada certamente em péssimas condições. Felizmente, que as condições de socorro foram melhorando. Na entrada das urgências do referido hospital, o médico que estava de serviço informava após observar o doente que o seu estado de saúde era gravíssimo, pois as balas perfuraram o estômago e ficaram alojadas naquele órgão. O presente artigo foi escrito com base nas informações de uma reportagem do Jornal de Santo Thyrso de 10 de abril de 1902 e nas semanas seguintes não foi possível encontrar mais informações sobre este acontecimento, desconhecendo-se se a vítima chegou a falecer decorrente daquele episódio ou se sobreviveu, como também perceber quem foram os autores materiais do crime. No final, mantém-se a pergunta: quem tentou matar Narciso?


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Coronavírus Covid-19: Mais uma vítima mortal

Trofa com seis novos casos em 15 dias Um homem de 82 anos perdeu a vida, no dia 9 de maio, depois de ficar infetado pelo novo coronavírus. A vítima estava internada no Hospital de S. João, no Porto, há vários dias, não tendo resistido. Foi sepultado no cemitério da freguesia do Muro. Este é o último óbito conhecido no concelho, que está relacionado com a pandemia de Covid-19, sendo já oito as pessoas que perderam a vida na Trofa, vítimas da Covid-19, dos quais quatro na freguesia do Muro, dois na de Covelas e outras duas em S. Romão do Coronado. O crescimento do número de infetados no concelho tem vindo a abrandar, seguindo a tendência nacional. Nos últimos 15 dias, contabilizaram-se seis infetados, sendo que, nos últimos cinco dias, apenas se registou um novo caso. No total, a Trofa contabiliza 143 infetados desde o início da pandemia. Apesar de, diariamente, a Direção-Geral da Saúde publicar o relatório de infetados, recuperados e mortos no país, não divulga o número de recuperados por localidades. Esta quarta-feira, 13 de maio, Portugal registava 28.132 infetados, dos quais 3182 recuperaram e 1175 perderam a vida.

Feira Semanal retomou com venda de frescos Depois de um período suspensa devido à pandemia de Covid-19, a feira da Trofa foi reativada no início deste mês pela Junta de Freguesia, com o objetivo de permitir à população adquirir alimentos frescos e aos comerciantes de escoarem os produtos. Os clientes fiéis voltaram, acatando as novas regras, e, com mais ou menos receio, lá se abastecem de hortícolas para as suas refeições. “Segura a gente nunca se sente, não é?”, desabafa Maria Araújo, que tem o mercado ao pé de casa e teve de recorrer aos supermercados durante a suspensão da feira semanal durante o período mais crítico de propagação do novo coronavírus. De máscara no rosto, não escondeu que a nova realidade ainda lhe faz “muita confusão”, mas tenta seguir em frente. A proteção individual é, por enquanto, condição obrigatória para aceder ao mercado, depois de a Junta de Freguesia ter decidido reabri-lo. Além disso, também

E ntrada e saída fazem- se por locais diferentes aos feirantes é exigido o uso de máscara e viseira e a disponibilização de gel desinfetante, assim como a manutenção da distância de segurança entre clientes. “A entrada e a saída fazem-se por acessos diferentes, que estão vigiados por seguranças. Pedimos que as pessoas não toquem nos produtos, que devem ser manuseados apenas pelos vendedores”, explicou António Barbosa, tesoureiro da Junta de Freguesia de Bougado. Às regras impostas, é necessário “bom senso” e, nesse aspeto, segundo António Barbosa, a po-

pulação merece “um agradecimento público” pela “forma disciplinada e demonstração de cidadania que é exigida num momento como este”. Do outro lado, os comerciantes agradecem por poderem dar saída aos produtos. Graça Loureiro, comerciante de Estela, Póvoa de Varzim, confessa que, ainda com receio do vírus, só regressou à Feira da Trofa no passado sábado e o negócio corria “muito bem”. Para já, só funciona o comércio de produtos frescos e a venda é feita no interior do edifício do Mercado ou junto à entrada.

Lojistas retomam atividade com novas regras Lojas de pequena dimensão reabriram na semana passada, numa realidade bem diferente daquela que tinham antes do encerramento forçado em plena pandemia de Covid-19. O NT e a TrofaTv deslocou-se à Rua Conde S. Bento, no segundo dia após a reabertura, para perceber como os comerciantes encaram o futuro. CÁTIA VELOSO Depois de um mês e meio obrigados a manter os estabelecimentos fechados, os lojistas retomaram, a 4 de maio, a atividade, longe da normalidade a que estavam habituados. Marisa Reis é uma das lojistas mais conhecidas do centro da cidade. Em 25 anos não se lembra de ter interrompido o negócio durante um período de tempo tão longo, mas é com optimismo que olha para o futuro. “Temos que ultrapassar. Estamos todos no mesmo barco, vamos passar algumas tormentas, mas iremos conseguir ultrapassá-las”, referiu ao NT e à TrofaTv enquanto uma cliente se encontrava no provador. Este é um

P reparativos são ultimados para reabertura dos locais que têm de ser, cuidadosamente, higienizados para que a segurança se mantenha durante o horário de funcionamento. A lojista explica que o estabelecimento é “todo desinfetado antes de abrir e depois de fechar” e as peças de roupa que forem experi-

mentadas, mas não vendidas, são desinfetadas com “uma vaporeta” e cumprem um período de “quarentena” até serem, de novo, colocadas nos expositores. Ao pouco movimento que ainda se nota nas ruas, as luvas, máscaras e desinfetantes tornaram-se,

assim como o acrílico, objetos fundamentais nos dia de hoje. Umas lojas ao lado, Márcia Neves, florista, ultimava aos preparativos para receber os clientes, com a colocação de um acrílico na zona de pagamento. A cerca de metro e meio da bancada colocou

uma barreira e na porta do estabelecimento pode ler-se que a entrada se deve fazer intercaladamente, ou seja, um cliente sai, outro entra. “Além do tempo que estivemos fechados, com os prejuizos associados, ainda tivemos de fazer um investimento grande para ter todos os cuidados e os clientes estejam protegidos”, sublinhou. No caso de Márcia Neves, a retoma da atividade ainda vai sofrer alguns constrangimentos, devido às regras que ainda vigoram para impedir ajuntamentos. O cemitério de S. Martinho de Bougado, encerrado durante o Estado de Emergência, só reabre a 18 de maio, o que impede as pessoas de se deslocarem até lá para embelezarem as campas. Apesar de admitir a falta que faz os rendimentos deste tipo de serviços, Márcia Neves compreende a restrição e aguarda, com serenidade, o futuro. Para minimizar os prejuízos, os lojistas aproveitam as ferramentas online, para manter o contacto com os clientes e mantê-los atualizados.


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Atualidade S. Mamede do Coronado

José Malhoa dá espetáculo em cima de camião

José Calheiros Visita

A comissão de festas do Divino Espírito Santo, com o apoio do pároco de S. Mamede do Coronado, Rui Alves, decidiu fazer a festa com “moldes diferentes do habitual”. Uma vez que estão proibidos aglomerados populacionais, a romaria está cancelada no terreiro, mas far-se-á com recurso a um trio elétrico, onde estará José Malhoa a dar música pelas ruas da localidade. O concerto será feito em cima do camião, que “circulará à velocidade de quatro quilómetros por hora”, a partir das 16 horas de 31 de maio. O espetáculo é organizado pela MA Produções, com o apoio da comissão de festas do Divino Espírito Santo e do pároco Rui Alves, num momento proporcionado por José Malhoa, que estará acompanhado da banda e bailarinas. A organização apela para a responsabilidade social de todos, para que sejam cumpridas “as regras de saúde pública” decretadas pela Direção-Geral de Saúde. C.V.

Trofa em raio-X Para alguém que não esteja habituado a passar por esta zona, este cenário pode, à partida parecer estranho, mas para os automobilistas que utilizam, diariamente, a Rua Aldeias de Cima, em Santiago de Bougado, a imagem tem sido “pão nosso de cada dia”, principalmente em horário de almoço e jantar. As filas para aceder ao serviço de take-away do Mc'Donalds são uma verdadeira dor de cabeça para quem quer comprar, mas principalmente para quem utiliza esta rua para transitar e chegar a outros locais. Nas redes sociais, pontualmente, verifica-se publicações de pessoas a contestarem esta realidade. A imagem é de terça-feira, 12 de maio, ainda o relógio não marcava as 20 horas. Esta quarta-feira, à hora de almoço, a fila chegava à rotunda.

Escrita com Norte

Ao ouvir a minha voz, levanta a -me ao sofá. Mas não é só dos joeNo dia anterior, no boletim meteorológico, tinham alertado para cabeça, e como pessoa sensível lhos, a cabeça também não ajuda. instabilidade no tempo. Como que é, chora…quem diria, com Na semana passada fui ao hospital fazer um “taco”, para ver como este se mantinha persistentemen- uma simples visita! A vida dura que sempre levou, é que ando, entretanto o médico te chuvoso, já há muito tempo, julguei que a instabilidade seria a os- secou-lhe as lágrimas, e só quem disse-me para tomar chá de “cacilação entre precipitação extrema o conhece bem, sabe que ele cho- ramila”! - Chá de…? – pergunto, pensanra com a voz e a boca tremida…e e o dilúvio. No dia seguinte, domingo, sem assim foi quando me disse: – Olá, do que não ouvi bem - Chá de “caramila”. – Respondeperder tempo a olhar cá para fora, Zé! – partilhamos o mesmo nome. Ficamos a conversar, eu mais -me, parando um pouco enquanto visto-me convenientemente para sair, com impermeável, galochas, a ouvir, e fiquei a saber dos des- se fixava na televisão e continua – Esta rapariga é que é jeitosa e canóculos da piscina e três sacos de maios ocasionais do Sr. José. A mulher, a dona Arnaldina, es- ta muito bem! areia amarrados à cintura, que te(Não podia estar mais em deriam a função de âncora para não tava em casa, três portas acima. sacordo) Fui lá. ser levado por uma enxurrada. … Bato à porta, depois de a ter Ao primeiro passo fora de casa, - O tio Zé (é assim que dona Arsou quase cegado por raios de aberto, e já com parte do corsol e de imediato começo a trans- po na entrada da casa, chamo: – naldina, trata o marido) é que anda mal! Durante o dia vai para o cenpirar…afinal a instabilidade, era Dona Arnaldiiinaaa! Sem nenhum sinal de vida, mas tro de dia (parece-me coerente), sinal que estaria bom tempo nescom o barulho da televisão ligada, e não gosta, depois vem para case dia. Independentemente das condi- invadi a casa mais um pouco e vol- sa…e não gosta! Depois anda-me a desmaiar! Ontem desmaiou-me ções meteorológicas, a intenção to a chamar: – Dona Arnaldiiina! ao jantar. Por acaso já tinha comi- Quem é? – ouço-a a perguntar. para esse dia era visitar duas pesA voz vinha de um anexo, para do, senão era comida para o lixo soas, que não via há bastante tempo…O Sr. José e a Dona Arnaldi- onde avanço, enquanto respondo e na quarta-feira, desmaiou e não acordava. Telefonei ao Fernando, na, já entradotes, na casa dos oi- – Sou eu, o Zé! Esta minha apresentação dei- mas depois ele saiu do desmaio… tenta. O sol e a temperatura agra- Poça! E depois? dável, davam-me outro brilho e xou a dona Arnaldina baralhada, - Depois o Fernando chegou. O seguravam-me um sorriso, algo até me ver, visto que o marido é que esperava ver, também, nos “Zé”, um filho é “Manel”, um gen- tio Zé ficou sem fome e…o Fernando comeu o jantar, senão era coro é “Zé” e dois netos são “Zés”. meus amigos! - Ah, és tu, Zé! – E sorriu com o mida para o lixo! …Eu é que gosA viagem não é longa, seria feito destes apresentadores! ta por uma estrada interior entre rosto. (Não podia estar mais em desaO anexo é pequeno, onde cabe a a Trofa e São Mamede do Coronado, que mesmo ao domingo, apre- cama e uma cómoda, todas traba- cordo e pensava no Sr. José, sozisenta trânsito quase nulo. Por en- lhadas e gastas, conferindo-lhes nho, sentado à porta da casa do tre montesinhos, valesinhos e o a antiguidade que têm, duas ca- filho) E tu! Como é que andas? – Perbom tempo, a viagem decorreu deiras, uma janela, um quadro do em ritmo turístico: vidro para bai- menino da lágrima, muita roupa gunta-me. Eu achava que estava bem, mas xo, braço de fora, música dois de- amontoada, uma imagem da Noscibéis acima do que é normal, ve- sa Senhora e uma televisão sinto- depois deste relato achei-me fanlocidade a uns saudáveis 34 km/ nizada na TVI, passando música… tásticamente bem! - Olhe não toca só aos mais velhos! da pimba! h,..e apreciava a natureza! Depois de lhe dar dois beijinhos, Na semana passada, tive uma rupNatureza que reflectia ela própria a instabilidade do tempo com sento-me numa das duas cadeiras tura muscular na coxa e nesse mesmo dia, à noite, dei um jeito às coso sol inesperado, manifestando e pergunto: tas. – depois de uma pausa, prossi- Tudo bem? comportamentos estranhos. Um - Não, Zé! – responde de forma go – tem-me doído muito a cabeça! pássaro a bicar um tijolo, um coe- Toma um chá de “caramila”. – sulho a lamber um gato, o Sr. Manuel, arrastada, continuando – São os com fama de macho, a apalpar o joelhos, não me dão sossego. Para gere a dona Arnaldina. A conversa prosseguiu de destraseiro ao Quim, um cão a roçar- andar pela casa vou-me agarrangraça em desgraça e saí já tarde de -se a um espantalho e meia dúzia do às coisas. Sempre conheci aquela casa as- São Mamede de Coronado, obrigade carros, atrás de mim, a buzinasim, cheia de móveis, com pouco do-me a dar 50 km/hora nas rectas. rem, que nem tolinhos! Ainda nessa tarde cheguei a São espaço para circular. Se em tem- A chegar à Trofa, a menina do ráMamede do Coronado. Estaciono pos era sinal de falta de gosto na dio anunciava estabilidade do teme encontro o Sr. José, sentado à en- decoração, agora, na velhice, é um po para o dia seguinte, com chuva forte, por vezes acompanhada bem para a segurança. trada da casa do filho. - Ontem ia caindo, mas agarrei- de granizo. - Boa tarde Sr. José!


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Educação

Ser professor à distância e pai presente O NT e a TrofaTv assistiram a uma aula à distância da turma do 3.º ano da Escola Básica de Estação, do Muro. CÁTIA VELOSO Sem campainha, nem sequer o reboliço natural de uma escola, Manuel Azevedo começa mais um dia de aulas da turma de 3.º ano da EB 1 de Estação, no Muro. De sua casa para a casa dos alunos, o professor aproveita o compasso de espera para que todos se liguem à videoconferência, para saber como as crianças têm passado os dias nesta nova realidade. Ao Tomás pergunta como andam “as experiências culinárias” e, do outro lado do ecrã, aluno responde que o menu do almoço era composto por “almôndegas com esparguete e molho de tomate”. É este contacto que faz mais falta P rofessor, pai e cuidador durante 24 horas por dia e que o ensino à distância só cumpre em parte, alerta Manuel Aze- nos vão acedendo à plataforma e mas também para os docentes, vedo, que confessa ter saudades o professor saúda-os a todos, in- que se tiveram de adaptar rapido “ruído das crianças” e o “con- dividualmente, porque, defende, damente a uma forma de ensinar texto da sala de aula”. “Ainda de “mais do que nunca, a afetividade que, além de novas ferramentas, manhã, falava com uma encar- é muito importante”. exige mais disponibilidade. Maregada de educação, que me diA aula começa com a apresen- nuel Azevedo estima que, “em terzia que, no início, houve uma ex- tação dos trabalhos realizados no mos de carga horária”, os profescitação inicial com o facto de es- dia anterior. Um a um, os estudan- sores “trabalham um pouco mais”, tarmos em frente ao computador, tes vão lendo os textos que elabo- porque, à distância, “estão, quamas a desmotivação começa a raram sobre a importância dos so- se, disponíveis 24 horas por dia”. aparecer, porque as crianças não los. Uns falam da importância para “O meu dia a dia passa por, duveem os colegas, não interagem os ecossistemas, outros da agri- rante a manhã, verificar as taree não brincam”, contou o docen- cultura, elaborados com a ajuda fas que os alunos me enviam no te, minutos antes de iniciar a aula, dos livros, da internet ou até de dia anterior, fazer a respetiva corque começa às 15 horas em ponto. familiares. reção e dar um feedback a todos. Em poucos minutos, os meniA realidade é nova para alunos, Durante a tarde, temos as sessões

síncronas com os alunos. A maior parte está sempre presente, o que é muito bom e neste aspeto tenho de louvar o esforço extroardinário dos encarregados de educação para acompanherem as crianças”, asseverou. E além de professores, muitos são também pais e continuam a ter de responder às responsabilidades no seio familiar. Com duas filhas menores, Manuel Azevedo confronta-se também com o inverso do ensino à distância. Inês está no 3.º ano e Ana no pré-escolar na Escola da Lagoa e todos os

dias têm de cumprir os trabalhos que lhe são enviados por professora e educadora. Neste capítulo, o docente não esquece do contributo da esposa que, estando, para já, em casa, vai ajudando a gerir o trabalho e os afazeres da melhor maneira. “A partir do momento em que ela retomar o trabalho, será um bocadinho diferente”, antevê. Não há dúvidas de que as tecnologias em tempos de pandemia são um aliado essencial para que se garanta alguma normalidade no dia a dia, mas a experiência dá também outra certeza: a de que nada substitui os benefícios do ensino presencial. Inês confessa que as aulas à distância torna o ensino “um bocadinho confuso”, porque desta forma “a matéria não pode ser explicada no quadro” e há exercícios que não podem ser feitos, porque a turma não trabalha em contexto de sala de aula. Além disso, confessa, tem muitas saudades dos colegas e deseja “muito” que o regresso à escola aconteça em setembro. Manuel Azevedo corrobora a opinião da filha: “Nós temos as plataformas das editoras e os manuais interativos que usamos na sala de aula e que proporcionam outra motivação, mas isso não pode ser comparado ao ensino que também garante presença, afeto e carinho”.

Médico da Trofa faz música sobre nova realidade com a Covid-19 “Vem sonhar castelos de areia // Vem ver as Gaivotas no ar // Rodar a ciranda no sol da varanda // E fingir que há uma brisa de mar”. Estes são os primeiros versos de “Faz de Conta”, a música escrita e composta por João Marques da Silva, um médico residente na Trofa, durante a pandemia de Covid-19. CÁTIA VELOSO

Músico nas horas vagas, e conhecido no meio como vocalista da banda trofense “Cão Voador”, João Marques da Silva inspirou-se no filho Francisco, de quatro anos, para escrever este tema. “Ele está em casa desde que começou a pandemia, enquanto o pai sai todos os dias para ir trabalhar. Também para ele é difícil ficar fechado, sem poder brincar no parque

M édico da T rofa dá consultas em Santo T irso e música ao mundo ou ir à escola, no entanto, o que é fascinante nesta idade é que eles têm uma imaginação muito ativa e conseguem criar os seus próprios mundos”, começou, por explicar o autor, em entrevista ao NT. Mesmo fechado entre quatro

paredes, o pequeno Francisco não deixa de brincar, viajar, saltar e voar... à boleia do faz de conta, capacidade perdida pela “maior parte dos adultos”, diz João Marques da Silva. E é essa vocação que o médi-

co cantor quer exaltar na música, que se tornou numa homenagem “ao filho e à capacidade de sonhar das crianças” e um argumento para incentivar os adultos a atravessarem estes momentos difíceis com mais otimismo. “É também um tributo a todos aqueles que, por força das circunstâncias, estão longe dos que mais amam, como os avós que não podem estar com os seus netos, ou muitos profissionais da linha da frente, que tiveram de sair de casa para não colocar os seus familiares em risco. Acima de tudo, quero deixar uma mensagem de esperança de que, um dia, tudo isto terá um fim e que poderemos voltar a estar todos juntos, como dantes”, acrescentou. João Marques da Silva é médico na Unidade de Saúde Familiar de

S. Tomé de Negrelos, concelho de Santo Tirso, e é um dos milhares de profissionais na linha da frente no combate à Covid-19. Sobre essa condição, admite que “está sempre” no pensamento a realidade do risco constante de poder contrair o vírus durante os cuidados médicos aos utentes e o “medo” de levar a doença para casa. “Foi por isso que muitos colegas meus tomaram a difícil decisão de sair de casa. Tudo isso está reflectido nesta letra (da música)”, explicou. No entanto, mantém-se no ativo, pois a “reponsabilidade” que tem é o que mais pesa na balança. É, portanto, como todos os outros colegas na frente da batalha, um herói. De bata no corpo. e de guitarra na mão.


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Atualidade

Exército ajuda assistentes e professores a manter escola à prova de vírus Ação de sensibilização sobre limpeza e desinfeção da escola decorreu com o apoio do Exército Português, através do Regimento da Cavalaria N.° 6, de Braga. CÁTIA VELOSO Num polivalente com disposição a condizer com a nova realidade, a Escola Secundária da Trofa recebeu, assim como aconteceu no Agrupamento do Coronado e Castro, a visita do Exército para uma ação de sensibilização sobre as práticas de higiene e desinfeção que devem vigorar a partir do momento em que as aulas sejam retomadas em convivência com o novo coronavírus. Dezoito de maio foi a data escolhida pelo Governo para o regresso dos alunos do 11.º e 12.º ano de escolaridade às escolas e até lá, é importante que tanto assistentes operacionais como professores saibam quais as principais regras a respeitar para que se evite contágios. “A ação de sensibilização ajudou e trouxe muita informação nova, para além daquela que vamos ouvindo diariamente pelos meios de comunicação social. Mas esta, sendo presencial, trouxe algumas novidades e trouxe, sobre-

tudo, aquela necessidade que temos de que alguém, superiormente, nos incuta este espírito de dever, por um lado, e de ânimo, por outro, porque, afinal, o bicho tem fim se todos cuidarmos um bocadinho de o matar”, sustentou Paulino Macedo, diretor do Agrupamento de Escolas da Trofa. O plano de manter a escola livre do vírus não é simples. Paulino Macedo antevê dificuldades, desde logo pela distribuição dos alunos, para que se cumpra a regra do distanciamento social. “A nossa escola foi requalificada pela Parque Escolar e cada sala de aula foi feita para 26 alunos e se temos que ter algum distanciamento, teremos de repartir as turmas e dividi-las por duas salas, multiplicando a necessidade de limpeza e desinfeção, o que vai implicar uma despesa enorme para adquirir os materiais, mas, ainda não sei como se vai desenrolar esse processo”, revelou. Ainda sem ter todas as cartas na mesa, num tempo que ainda é de incertezas, o Agrupamento prepara, dentro das possibilidades, o regresso às aulas. Paulino Macedo adianta que, no 11.º e 12.º ano do Agrupamento, estão inscritos “400 alunos”,

Espaço do Cidadão “muda-se” para Fórum Trofa XXI O Espaço do Cidadão da Trofa mudou-se do Centro Comercial da Vinha para o Fórum Trofa XXI. A valência passou a funcio-

nar no edifício do Parque Nossa Senhora das Dores e Dr. Lima Carneiro desde quarta-feira, 13 de maio.

Aulas presenciais regressam dia 18 de maio número que pode variar na frequência às aulas, já que, sublinhou, “os encarregados de educação podem não querer que os filhos não venham à escola e eles terão as faltas justificadas”. As turmas vão ser distribuídas pelos vários pavilhões da escola, priorizando as aulas em salas no rés do chão, criando circuitos de transição, com uma porta para entrar e outra para sair. Já depois desta ação de sensibilização, o Ministério da Educação esclareceu que os alunos do

11.º ano só vão ter aulas presenciais nas disciplinas em que realizem exame. As restantes serão feitas à distância. Já no 12.º ano, os estudantes terão apenas duas disciplinas em regime presencial. Ensino à distância com nota positiva Já nos outros níveis de ensino, que vão concluir o ano à distância, Paulino Macedo deixou elogios à forma como o Agrupamento tem gerido esta realidade. “Or-

gulhosamente, ostentamos o título de Escola Microsoft e temos dado conta do recado. Claro que, pontualmente, há situações de exagero e de alguma incapacidade de nos adaptarmos, mas de uma forma geral conseguimos abarcar todos os alunos. E já disponibilizamos os últimos computadores aos alunos que não tinham equipamento para aceder ao ensino a distância”, frisou o diretor. Apesar do esforço dos docentes de fazer com que os conteúdos programáticos sejam assimilados pelos estudantes, Paulino Macedo foi perentório em afirmar que “o importante, nesta fase, não é saber se o aluno trabalha muito em casa”, mas se “está bem, motivado e se quer entrar em contacto com o professor”.

CITAÇÃO

“Os professores têm-me transmitido que o ‘bom dia’ ou o ‘até logo’, dados pelos alunos todos os dias têm um sabor que não tinham há uns tempos. Dão-lhes uma satisfação enorme .

Paulino Macedo, diretor do Agrupamento de Escolas da Trofa

Escola do Coronado preparada para que turmas não se cruzem No Agrupamento de Escolas do Coronado e Castro, “estão reunidas todas as condições para retomar a atividade letiva em segurança”, garantiu o diretor, Renato Carneiro, em declarações ao NT. As três turmas, duas do 11.º e uma do 12.º, que vão regressar à escola serão colocadas em “zonas distantes” umas das outras e terão aulas em blocos horários seguidos de manhã. “Cada turma entra por um local diferente, dirige-se para a sala de aula que é distante das outras turmas e espaçosa, permitindo que os alunos não se sentem lado a lado. Além disso, cada turma terá casas de banho separadas”, explicou Renato Carneiro, que sublinhou o esforço de “cumprir ao máximo as regras de segurança que estão previstas nas normas da

DGS e que o Ministério da Educação emanou”. O diretor do Agrupamento refe-

riu ainda que no grupo de professores que regressa, nenhum se inclui nos chamados grupo de risco.

E ntrada das turmas faz- se por locais diferentes


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Atualidade Em abril, 150 pessoas recorreram ao apoio de emergência alimentar

Cruz Vermelha tem mais um frigorífico solidário Resposta social desafia comunidade a ajudar-se, colocando alimentos que devem ser recolhidos por aqueles que mais precisam. CÁTIA VELOSO Está em S. Romão do Coronado, mais propriamente junto ao salão paroquial, o segundo frigorífico solidário da delegação da Trofa da Cruz Vermelha Portuguesa. A resposta social foi inaugurada a 8 de maio e surge de uma “ação conjunta com a paróquia de S. Romão do Coronado” e num momento em que os pedidos de ajuda alimentar se têm multiplicado junto da instituição. O conceito passa por envolver a comunidade no apoio aos mais necessitados, com a colocação de produtos que estão acessíveis a todos, a qualquer hora do dia. Todos são convidados a colaborar na colocação de alimentos que, por exemplo, estejam em excesso em casa, como iogurtes a chegar ao limite do prazo, pão, fruta e legumes em bom estado, queijo e fiambre devidamente embalados ou leite. O primeiro frigorífico solidá-

rio foi colocado no espaço exterior da Junta de Freguesia do Muro, em 2016, nos últimos dias tem sido muito solicitado. A título de comparação, em abril, o frigorífico solidário recebeu 2723 alimentos, mais 1237 alimentos do que em janeiro. Além desta resposta social, o apoio de emergência alimentar também “aumentou exponencialmente”, anunciou a instituição. Se em janeiro, foram apoiadas 54 pessoas através da doação de 1048 alimentos, em abril a ajuda chegou a 150 pessoas, com a doação de 2723 alimentos. “Ao nível de apoios de emergência, o número de pessoas aumentou 60 comparativamente com março e cem comparativamente com fevereiro”, revelou ainda a delegação. Imigrantes e agregados que nunca tinham pedido apoio Ao NT, a delegação da Trofa da Cruz Vermelha dá conta de que os pedidos crescentes de ajuda surgem de pessoas e famílias “que perderam rendimento por ação da pandemia associada à Covid-

F rigorifico está em S. Romão 19, ou por perda de emprego, ou fruto de outras situações, designadamente layoff”. Há, segundo a instituição, “um número significativo de estrangeiros”, principalmente imigrantes oriundos do Brasil e da Venezuela, que por se encontrarem à data do início da pandemia em situações já de grande precariedade laboral, foram os primeiros a ser alvo de um processo de despedimento por parte das empre-

um aumento, pois antes da pansas nas quais laboravam. Mas esta crise afetou também demia, encontravam-se integrafamílias que, antes, nunca tinham das 225 pessoas e, neste momenpedido apoio e por serem também to, são já 260. No entanto, a partir afetadas ao nível dos rendimentos, já do próximo mês, esta entidade acabaram, regra geral, sinaliza- teve orientações por parte do Insdos por outras entidades e enca- tituto da Segurança Social para se minhados para a Cruz Vermelha proceder a um aumento até aos para beneficiarem das respostas 337 elementos e a partir de agossociais, a saber, o apoio alimen- to deste ano até aos 450 beneficiátar de emergência ou o Progra- rios, duplicando o número inicial”, ma Operacional de Apoio às Pes- explicou a delegação. soas Mais Carenciadas (POAPMC). Bens alimentares em falta O primeiro consiste numa ajuda A delegação da Cruz Vermepontual, através da doação de um cabaz composto por vários produ- lha assegura o apoio alimentar tos, entre artigos alimentares es- de emergência através da recolha de géneros, principalmente senciais e artigos de higiene. Já o POAPMC, tutelado pelo Ins- em peditórios realizados nos sutituto de Segurança Social é uma permercados, que, devido à panresposta de caráter mais regu- demia, não podem agora ser realar, com a atribuição de um cabaz lizados. Em contracorrente, os pemensal a agregados sinalizados didos de apoio aumentaram, pelo pelas instituições mencionadas e que, atualmente, estes bens escasque cumpram os requisitos. Este seiam. Por isso, a instituição apela cabaz composto por arroz, mas- “à comunidade, e designadamensa, leite, congelados (peixe e ve- te às empresas, para a necessidagetais), tostas, bolachas, cereais, de de colaborarem” com a “doaentre outros, permite suprir a ca- ção de bens que permitam satisfarência alimentar dos agregados zer as necessidades desses agregados que, diariamente, chegam integrados. “Esta resposta tem vindo a sofrer a este serviço”.

Junta do Coronado distribui equipamento de proteção Comerciantes da Vila do Coronado receberam kit na semana da reabertura do negócio. População também será contemplada, em breve, assegurou o presidente da Junta de Freguesia. CÁTIA VELOSO Reabrir o negócio com segurança. Foi apoiada neste princípio que a Junta de Freguesia Coronado distribuiu equipamentos de proteção individual pelos comerciantes da Vila, na primeira semana de retoma da atividade económica depois do Estado de Emergência, decretado para evitar a propagação do novo coronavírus. O kit incluia uma máscara comunitária reutilizável, uma viseira, um autocolante indicador da distância de segurança e um manual de instruções para o funcionamento das lojas em segurança. Para José Ferreira, presidente da Junta de Freguesia, trata-se de uma “medida simples”, que visa “demonstrar aos comerciantes locais” que a autarquia “está atenta e quer apoiar de alguma maneira” para a “funcionalida-

de” do negócio. “Queremos contribuir para que a atividade do comércio local se vá reerguendo dentro do possível, dentro das regras que são agora exigidas. A Junta de Freguesia está a cumprir o seu papel social”. Comerciante na Rua Dom Afonso Henriques, em S. Romão, Maria Teresa Sousa louvou a iniciativa, confessando que, além da utilidade dos equipamentos, a doação dá ânimo a quem tenta recuperar dos prejuízos provocados pelo encerramento forçado. Pela proximidade com a comunidade, o presidente da Junta de Freguesia acredita que é possível, de forma responsável, contribuir para a segurança de quem reside ou trabalha no Coronado. Por isso, a medida vai ser estendida a toda a população. “Vamos iniciar uma distribuição, casa a casa, de algumas máscaras, porque é o material mais necessário e nem sempre barato de adquirir. Através de algumas doações de particulares e empresas, a Junta de Freguesia tem a facilidade de fornecer este equipa-

K it incluia uma máscara comunitária reutilizável, uma viseira, um autocolante indicador da distância de segurança mento a todas as famílias do Coronado”, anunciou. Junta apoia 160 famílias Apesar do fim do confinamento obrigatório, a Junta de Freguesia manteve as medidas de apoio à população, como o plano de ação junto dos mais velhos, uma vez que houve um crescimento exponencial dos pedidos de ajuda.

Se antes da pandemia a autarquia do Coronado apoiava “cerca de duas dezenas de famílias”, hoje a realidade é completamente diferente. “Já apoiamos mais de 160 famílias, um número muito significativo para a realidade da nossa Vila. A tendência é para aumentar e chegará o momento em que a Junta não terá capacida-

de de resposta e aí vamos tentar apelar ainda mais à generosidade de outras entidades, para que as pessoas se sintam apoiadas”, sublinhou José Ferreira. No total são cerca de 40 os voluntários que apoiam a Junta de Freguesia a atender a todos os pedidos de ajuda que surgem diariamente.


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Atualidade

Família da Carriça com medo de morrer dentro de casa Desde abril que uma família residente em pleno cruzamento da Carriça teme pela vida. Em duas semanas, dois acidentes resultaram no choque de viaturas na mesma casa. CÁTIA VELOSO

A 22 de abril, o cruzamento da Carriça, na freguesia do Muro, foi cenário de um acidente aparatoso entre dois veículos pesados. Com os semáforos desligados devido à ocorrência de obras nas estradas nacionais, o choque valeu um valente susto à família de Vítor Mo-

reira, residente na casa atingida pelos camiões. “Um camião que vinha de Vila do Conde (EN 318) parou no STOP, no cruzamento, e arrancou, mas vinha outro do lado do Porto (EN 14) e não conseguiu parar, embatendo no que vinha de Vila do Conde e os dois foram contra a minha casa”, contou o morador ao NT e à TrofaTv, na tarde de sexta-feira, 8 de maio. Um dos pesados levou pela frente parte da parede, mesas, cadeiras e televisão, deixando um rasto de destruição numa das divisões da habitação. Ainda sem tempo

Acidentes são uma constante neste cruzamento se refazerem do susto, Vítor Mo- “a qualquer barulho que oiça, foge reira e a família confrontaram-se e começa a chorar”, Vítor Moreicom um novo acidente, exatamen- ra equaciona já procurar ajuda médica. te duas semanas depois. No primeiro acidente, um dos Na noite de 6 de maio, dois veículos ligeiros, que vinham nos camiões acabou por destruir uma mesmos sentidos dos veículos do estrutura da sinalização luminosa, outro sinistro, chocaram e um de- que ainda não foi substituída. Os les acabou “enfaixado” no buraco semáforos continuam desligados, provocado, outrora, pelo camião. o que torna o cruzamento da CarriNas duas situações, a família ça muito mais perigoso, não fosse encontrava-se naquela divisão ele incluir uma das estradas mais movimentadas da região. da casa, Vítor Moreira diz-se assustado Com um filho de nove anos, que

Parede da casa ficou destruida

com a possibilidade de novos acidentes acontecerem e teme pela integridade da família. O melhoramento da sinalização é o que pede para que a segurança rodoviária seja reforçada naquele local. “Gostava que pusessem os semáforos a funcionar o mais rápido possível e melhorassem a sinalização, porque não há passadeiras e os passeios são insuficientes, principalmente na estrada que vai para S. Romão do Coronado”, alertou.

Governo dá aval para construção de Eco Resort no Muro Está projetada para Gueidãos, freguesia do Muro, a construção de um Eco Resort, projeto recentemente reconhecido pelo Governo como “empreendimento de relevante interesse geral”. Este estatuto justifica, assim, o levantamento da proibição de construção de quaisquer edificações para locais onde ocorreram incêndios pelo prazo de 10 anos, viabilizando o investimento da empresa Natural Living Tu-

rismo e Eventos, Lda, como decreta o despacho dos ministérios da Economia e Transição Digital e do Ambiente e Ação Climática, publicado do Diário da República. O empreendimento, também reconhecido como de interesse público municipal pela Assembleia Municipal da Trofa, está projetado para uma área de povoamento florestal que foi afetada por incêndios, em 2011 e 2016. “Considerando que o empreendimento em causa terá reflexos económicos e sociais bastante

positivos na economia local”, os ministérios justificam ainda o reconhecimento do projeto como de relevante interesse geral por se traduzir “numa contribuição para a resiliência daquelas populações, quer no que se refere à fixação de pessoas, quer no que se refere a medidas de combate a incêndios florestais”. São ainda ressaltados os “benefícios socioeconómicos” do projeto, através da “dinamização da atividade económica correspondente” e “manutenção e criação

de postos de trabalho na área utilização sustentável e eficiente geográfica em que está inserido”. dos recursos naturais existentes”. Os ministérios salientam ainda “(Trata-se) de um empreendimento turístico que privilegia a – e apoiados nas certidões emitibaixa densidade da área a edifi- das pelo Destacamento Territorial car e a fruição e sustentabilidade de Santo Tirso da Guarda Naciodos valores ambientais em pre- nal Republicana datadas de 3 de sença”, sustenta ainda o Gover- fevereiro de 2020 – que “os incênno, que refere ainda o enquadra- dios ocorridos nos anos de 2011 e mento com “os interesses relacio- 2016 se ficaram a dever a causas nados com o desenvolvimento tu- a que a requerente é alheia, não rístico do território onde se insere, se lhe conhecendo quaisquer ime com os objetivos da preserva- putações de responsabilidade”. ção e conservação da natureza e da biodiversidade, promovendo a

Adjudicada obra para ciclovia do Coronado A ABB – Alexandre Barbosa Borges, SA, foi a vencedora do concurso público lançado pela Câmara Municipal da Trofa para a construção da rede ciclável e pedonal do Coronado, que vai ligar S. Ma-

mede e S. Romão. O procedimento, que apresentava como valor base do projeto 2,82 milhões de euros, contou com dez concorrentes, sendo atribuído à ABB, que apresentou uma proposta de qua-

se 2,75 milhões de euros. A adjudicação da obra foi feita a 8 de abril e seguiu para o Tribunal de Contas, para a obtenção de visto.


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Atualidade

João Mendes

Resinorte e Câmara da Trofa querem instalar aterro em Covelas CRÓNICA

O vírus do sufoco fiscal Os efeitos da actual pandemia, para lá do impacto profundo e directo que tiveram na saúde pública e nas vidas de milhares de portugueses, das mais variadas formas, traduzem-se também em consequências económicas que afectam, sobretudo, os mais desfavorecidos. No espaço de poucas semanas, extinguiram-se milhares de postos de trabalho, perderam-se fontes de rendimento e desfizeram-se micro, pequenas e médias empresas, incapazes de fazer frente à quebra abrupta de facturação, que se fez e ainda se está a fazer sentir. Neste contexto, ao qual a Trofa e os trofenses não são alheios, o PS Trofa apresentou, há cerca de um mês, duas propostas orientadas para atenuar o impacto da crise nas finanças das famílias trofenses, que diziam respeito à redução e/ou isenção da tarifa variável da água para IPSS’s e famílias de rendimentos mais baixos, e à isenção da tarifa fixa de resíduos sólidos urbanos para todos os trofenses. No total, segundo as contas dos socialistas, esta medida extraordinária, a vigorar apenas nos meses de Abril, Maio e Junho, teria um custo de aproximadamente 280 mil euros, e destinava-se, essencialmente, a apoiar as famílias de menores rendimentos, mais expostas aos efeitos colaterais da crise, muitas das quais viram um ou mais membros perder o seu trabalho ou parte dos seus rendimentos. Assumindo que as contas do PS Trofa estão correctas, o valor da implementação destas medidas, a título comparativo, é bastante inferior ao valor combinado das várias actividades e eventos já cancelados pela autarquia, como são os casos do Belive, da Expotrofa, do Passeio Anual Sénior, da Gala do Desporto da Trofa, do Festival de Folclore da Trofa/Feira Rural, do Encontro de Concertinas e Cantares ao Desafio, Colónias Balneares Séniores, Colónias Balneares das crianças, Dia Mundial da Criança e Dia Mundial do Ambiente, entre outros. O custo associado a este conjunto de eventos, considerando o histórico comparável de 2019, seria suficiente para cobrir o valor avançado pelo PS Trofa, para a concretização das medidas propostas. Ainda esperei umas semanas, na esperança de ver estes números contestados por algum dos partidos que suportam a coligação, mas o melhor que vi foi um comunicado do PSD Trofa a acusar os socialistas de “falta de sentido de oportunidade” e de apresentar “propostas demagógicas e promessas que não podem ser cumpridas”. Ora, se há algo que estas propostas têm, é sentido de oportunidade. Vem no momento certo, quando quem menos tem mais precisa de ajuda, têm um carácter temporário e extraordinário, logo não serão o fardo que o comunicado tenta fazer crer, e podem ser financeiramente sustentadas, recorrendo ao valor poupado com a não-realização dos eventos já mencionados. Se não acontece, sejamos francos, é porque o executivo opta por não as colocar em prática. Se para contrariar a oposição, se para não incomodar a galinha dos ovos de ouro que é a colecta de impostos, não sei. O que me parece evidente é que existem condições para as colocar em prática. Só falta o executivo querer aliviar a factura fiscal dos trofenses, o que não parece ser o caso. Tenho criticado várias vezes o Partido Socialista por não fazer uma oposição suficientemente audível face à dimensão do partido e à representatividade que tem no concelho. Por não se pronunciar sobre matérias que, entendo eu, se deveria pronunciar com mais vigor. Desta vez, tiro-lhe o meu chapéu. A proposta é boa, vem no momento certo, aliviaria o garrote dos muitos trofenses que viram a sua situação financeira sofrer uma alteração dramática e, cereja no cimo do bolo, tem viabilidade financeira. Lamentavelmente, o executivo não está disponível para prestar este auxílio aos trofenses. Prefere manter intocável esse eixo fundamental da sua estratégia, que consiste na cobrança de uma das mais elevadas facturas fiscais do conjunto das 308 autarquias portuguesas. Nem o coronavírus resiste ao sufoco fiscal imposto pela coligação PSD/CDS-PP.

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Aterro de Santo T irso encerrou e vai nascer novo aterro na T rofa A Resinorte estará a negociar com a Câmara Municipal da Trofa, a criação de um novo aterro sanitário, a instalar nos terrenos contíguos ao atual aterro sanitário de Santo Tirso, que ocupará os terrenos da freguesia de Covelas, na Trofa. O aterro será, segundo fonte próxima do processo, nos terrenos contíguos ao atual aterro de Santo Tirso, na freguesia de Covelas mas, o Presidente da Junta, Feliciano Castro, garante, em declarações ao NT “não tenho conhecimento de nenhum aterro na freguesia, mas vou indagar junto da Câmara Municipal da Trofa”. Num despacho da Secretaria de Estado do Ambiente assinado em 2019 : “São aprovados os investimentos previstos pela ResinorteSistema Multimunicipal de Triagem, Recolha, Valorização e Tratamento de Resíduos Sólidos Urbanos do Norte Central, a coberto do oficio O-ADM-2019-118, de 25 de março, relativas aos projetos base do aterro da Trofa e da segunda célula do aterro de Celorico de Basto”, pode ler-se no documento onde consta ainda ao pareceres favoráveis da APA- Agência Portuguesa do Ambiente e da Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos. O NT sabe que, na semana passada, o presidente da câmara da Trofa, Sérgio Humberto Silva reuniu com alguns moradores da Abelheira, Freguesia de Bougado, e adiantou que a negociação para a instalação do Aterro nos terrenos

de Covelas estava a avançar e que iria permitir à Câmara da Trofa pagar as dívidas de cerca de 2,5 milhões de euros de recolha de resíduos que o Município deve e que ainda deverão sobrar cerca de 200 mil euros, adiantou ao NT uma das pessoas naturais da Abelheira. Assim, na prática, a Câmara da Trofa, ao deixar instalar um aterro de resíduos nos terrenos da freguesia de Covelas, paredes meias com a Abelheira, freguesia de Bougado, estará a “trocar” a localização pela dívida que o Município tem, de vários anos de recolha de lixo” na Trofa. Em nota enviada aos jornalistas, o Partido Comunista Português fez saber que questionou a 11 de maio deste ano, através de um requerimento o Ministro do Ambiente e da Ação Climática, Pedro Matos Fernandes, para saber se “existe algum licenciamento (emitido ou em análise), nos últimos 2 anos, para a construção de algum aterro sanitário no distrito do Porto? Se sim, onde?”. Mas as deputadas Diana Ferreira, Ana Mesquita e Alma Rivera perguntaram ainda a Pedro Matos Fernandes “Que novas infraestruturas de gestão de resíduos estão previstas para o distrito do Porto e em que fase de licenciamento se encontram”. Mas a preocupação do PCP não é só com os aterros mas também com a possibilidade de virem a ser licenciadas novas infraestruturas ou reforço das já existentes, como a de Valongo por exemplo, para reforçar “a capacidade de

incineração de resíduos, ou de incineração de outros resíduos que não urbanos no distrito do Porto? Se sim, onde?”. Contactada a Resinorte, através do seu Gabinete de Comunicação, fez saber que não conseguiria responder em tempo útil às questões enviadas, remetendo informação para “logo que possível”, a fim de esclarecer sobre este projeto a desenvolver na Trofa. Recorde-se que depois de encerrado em outubro de 2016, o aterro sanitário que serve a Trofa, Santo Tirso e outros concelhos do Vale do Ave, estava, em 2017 em fase de selagem, para dar lugar a um espaço verde, de acordo com a informação disponibilizada à altura pela Resinorte. A infraestrutura, gerida pela Resinorte, servia concelhos como Santo Tirso, Trofa, Vila Nova de Famalicão e Guimarães, que têm, agora, criadas alternativas e novos procedimentos para o depósito e tratamento de lixo. No espaço, com 15 hectares, mantém-se a Estação de Recuperação de Energia e o Ecocentro. Em 2017 a Resinorte terá entregue ao Ministério do Ambiente um projeto de requalificação que seria acompanhado pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N). Esta intervenção incluía a verificação dos abatimentos, a recuperação arbórea e ambiental e a preparação do espaço para fins públicos, que pode passar pela fruição da população, sendo programa de reconversão e vigilância para 30 anos.


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Religião

Este ano Andores não saem à rua na Senhora das Dores Devido às restrições impostas pelas autoridades de saúde, perante a pandemia de Covid-19, a imponente procissão em honra de Nossa Senhora das Dores não se realizará este ano. CÁTIA VELOSO/HERMANO MARTINS

A procissão em honra de Nossa Senhora das Dores não vai ser realizada este ano. As diretrizes emanadas pela Direção-Geral da Saúde (DGS) impedem, até ao fim de setembro, a realização de eventos que impliquem aglomeração de pessoas e esta celebração, como se sabe, junta, em agosto, milhares de pessoas no centro da cidade da Trofa. Ao NT, Luciano Lagoa confirmou que a não realização da procissão ficou, oficialmente, decidida, numa reunião realizada na sexta-feira, 8 de maio, entre o pároco de S. Martinho de Bougado, a comissão de festas, as autoridades locais de saúde, Proteção Ci-

vil e Câmara Municipal. “Eu não gosto de falar em cancelamento, porque a festa não vai acabar. Prefiro dizer que será adiada para o próximo ano”, sublinhou Luciano Lagoa, que “compreende perfeitamente” as regras impostas pela DGS e assume que “a Igreja também quer colaborar na erradicação do vírus”. Desta forma, e num acontecimento que ficará, decididamente, marcado na história da Trofa, os andores não sairão à rua no domingo de Nossa Senhora das Dores. E ste cenário não será visto este ano A festa, que também não conExteriormente, a paróquia de- por aí, porque tivemos de cance- Filipe Reis admite que “o núcleo tará com a tradicional procissão de velas no sábado anterior, será, verá assinalar alguma a festa lar todas as reuniões”, contou ao duro” da equipa “está com força porém, assinalada através das ce- “através da iluminação da Cape- NT Filipe Reis, presidente da co- para avançar no próximo ano”, a decisão, ressalva, tem de abarcar lebrações litúrgicas no interior la e com um outro gesto que pos- missão de festas. À entrada para a reunião de sex- “a vontade” de todos os elementos. da Capela, como o setenário e a sa ser realizado na altura, depenmissa em honra de Nossa Senhora dendo das circunstâncias”, anun- ta-feira, já os elementos da comisFesta do Divino Espírito Santo são sabiam das diretrizes da DGS das Dores, “de acordo e por todo ciou Luciano Lagoa. apenas com celebrações Igualmente, está também des- e a certeza de que as atividades o respeito com as regras que fona Capela rem impostas na altura pelas au- cartada a hipótese de se realizar populares e espetáculos estariam a vertente profana da festa. Este fora de questão. toridades de saúde”. As celebrações em honra do DiCom características muito peano, a comissão de festas, que representava as aldeias de S. Mar- culiares, a festa em honra de Nos- vino Espírito Santo, organizadas tinho, Coroa, Real e Carqueijo- sa Senhora das Dores é organiza- pela comissão de festas de Nossa so, mal teve tempo para se sen- da, todos os anos, por uma comis- Senhora das Dores, também consão de festas representativa de um tam com algumas restrições. Setar à mesa. “As primeiras reuniões decor- ou conjunto de lugares da paró- rão apenas realizadas as celebrareram em fevereiro e estávamos quia. Por isso, há uma questão que ções no interior da Capela Nossa longe de pensar que ia aconte- a pandemia levantou e que terá Senhora das Dores, como a missa cer o que aconteceu. A comissão de ser resolvida: a comissão de em honra do Divino Espírito Sanfoi constituída nos primeiros dias 2020 transita para o próximo ano to e a coroação do Espírito Santo, de março e na semana seguinte já ou dá lugar àquela que assegura- uma tradição, que será cumprida, percebíamos que não podíamos ria a festa de 2021 e que represen- tendo em conta algumas regras, fazer grande coisa. Apenas tive- taria o lugar do Paranho? “É um como a possibilidade de entrada mos tempo para montar a estrutu- assunto que ainda está em análi- de apenas uma criança de cada ra e dividir os pelouros, mas ficou se”, respondeu Luciano Lagoa. Já vez, no interior da ermida.


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Religião

Peregrinação sobre rodas Desde o início da pandemia de Covid-19 que as paróquias do concelho da Trofa têm revelado u m a c r iativ id ade í m par para, cumprindo as restrições impostas pelas autorida-

des de saúde, manter alguma normalidade na vida paroquial dos fieis. Foi assim na Páscoa, está ser este mês, com a peregrinação mariana. Em S. Romão do Coronado,

onde a tradição de culto a Nossa Senhora de Fátima é vivida de forma mais intensa, o pároco Rui Alves decidiu cumprir a peregrinação, colocando a imagem da Virgem numa viatura todo o terreno. Desta forma, e apelando à comunidade para se manter em casa, a paróquia cumpriu a celebração, numa noite de 13 de maio iluminada pelas velas que indicavam o caminho e com os fieis à varanda, ou à porta das habitações, a prestar culto a Nossa Senhora. C.V.

Oração a Maria

Ó Maria, Vós sempre resplandeceis sobre o nosso caminho como um sinal de salvação e de esperança. Confiamo-nos a Vós, Saúde dos Enfermos, que permanecestes, junto da cruz, associada ao sofrimento de Jesus, mantendo firme a vossa fé. Vós, Salvação do Povo Romano, sabeis do que precisamos e temos a certeza de q ue no-lo providenciareis paraque, como em CanádaGalileia, possa voltar a alegria e a festa depois desta provação. Ajudai-nos, Mãe do Div ino Amor, a conformar-nos com a vontade do Pai e a fazer aquilo que nos disser Jesus, que assumiu sobre Si as nossas enfermidades e carregou as nossas dores para nos levar, através da cruz, à alegria da ressurreição. Amen. À vossa proteção, recor re mos, Santa Mãe de Deus; não desprezeis as nossas súplicas na hora da prova mas livrai-nos de todos os perigos, ó Virgem gloriosa e bendita.


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Religião

Papa enaltece trabalho dos jornalistas

Paróquias preparam regresso das celebrações comunitárias Com o alívio das regras de confinamento no país, que quase pararam o país, também a Igreja prepara o regresso a alguma normalidade, com a retoma das celebrações comunitárias. As paróquias começam a aliviar as medidas de restrição no acesso aos templos. Em S. Mamede do Coronado, a Igreja Paroquial reabriu aos fiéis na segunda-feira, 11 de maio, e vai manter-se acessível em “dois períodos do dia”, mas as entradas estão sujeitas ao cumprimento de algumas regras, como o uso obrigatório de máscara, a desinfeção das mãos à entrada e saída, proibição de tocar nos santos e altares e manutenção da distância de segurança de dois metros, sendo que só devem permanecer, em simultâneo, no interior da Igreja um máximo de cin-

Atualize a sua assinatura anual

co pessoas. Desta forma, é dada a oportunidade aos fiéis de estarem “em reflexão com Deus e com o Santíssimo”, para “tentar trazer, de novo, uma tranquilidade e normalidade à vida de todos”. A Igreja de S. Mamede estará aberta, de segunda-feira a sábado, das 10 às 12 horas e das 15 às 18 horas. As confissões também começam a ser retomadas, sendo que, por exemplo, em S. Martinho de Bougado, o pároco Luciano Lagoa está disponível para confessar as pessoas que quiserem esta quinta-feira, entre as 17 e as 19 horas, na Igreja Matriz, e no sábado, entre as 9 e as 10 horas, na Capela Nossa Senhora das Dores. Também para este sacramento, os fiéis devem, obrigatoriamente, estarem munidos de máscara, e cumprirem o distanciamento so-

Na semana passada, o Papa Francisco recordou o trabalho dos profissionais da comunicação social, durante a pandemia de Covid-19. No início da missa a que presidiu na Capela da Casa de Santa Marta, no Vaticano, o sumo pontífice pediu aos fiéis que rezassem pelos “homens e mulheres” que, durante este período, “correm muitos riscos e trabalham muito”, desejando que “o Senhor os ajude neste trabalho de transmissão, sempre, da verdade”. Já a 3 de maio, Francisco tinha destacado o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, numa mensagem na rede social Twitter, sublinhando a necessidade de haver, “na crise atual”, um “jornalismo livre” e ao “serviço de todas as pessoas, especialmente daquelas que não têm voz”. Em Portugal, a Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais publicou, a 5 de maio, uma nota em que destacou o “serviço fundamental” dos media durante a pandemia. “A par com tantos heróis que estão na linha da frente a salvar vidas e acompanhar os que são mais excluídos e isolados, teremos de reconhecer e louvar o serviço fundamental e imprescindível da comunicação social. Toda ela, mas de modo especial a de proximidade como seja a comunicação social regional”, refere o documento, divulgado pela Agência ECCLESIA.

Papa alerta que “não é fácil viver na luz”

cial. O pároco atenderá na sacristia, guardando a devida distância. Segundo as orientações dadas a conhecer pela Conferência Episcopal, 30 de maio é a data indicativa para o regresso gradual das eucaristias com presença de fiéis. O uso de máscara será obrigaNa homilia de 6 de maio, o Papa Francisco alertou para a existêntório e as mãos devem ser higienizadas à entrada para o templo. cia de “máfias espirituais”, que procuram outras pessoas “para proA entrada e a saída devem ser fei- teger-se e permanecer nas trevas”. “Não é fácil viver na luz. A luz nos tos por portas diferentes e a capa- mostra muitas coisas más, dentro de nós, que não queremos ver: os cidade do edifício deve ser redu- vícios, os pecados… Pensemos nos nossos vícios, pensemos na nossa zido, com lugares devidamente si- soberba, pensemos no nosso espírito mundano: essas coisas cegamnalizados, para que se cumpra o -nos, distanciam-nos da luz de Jesus”, aconselhou. distanciamento social. Os fiéis que se enquadrem em grupo de risco, devem evitar as celebrações de domingo e par“Rezemos pelos que morreram por ticipar nas que se realizem num causa da pandemia. Morreram sodia da semana. zinhos, morreram sem a carícia dos O gesto da paz continua suspenseus entes queridos, muitos deles, so e ofertório será feito à saída. Na nem sequer com o funeral. Que o comunhão, a hóstia será colocada Senhor os receba na glória”. na mão do crente. Papa Francisco


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Anda há 4 meses a carregar garrafões de água para tomar banho Desde o final de janeiro que a rotina de Isabel Abreu inclui encher e carregar, a cada dois dias, 12 a 15 garrafões de água para conseguir cumprir tarefas domésticas como cozinhar, lavar os dentes, tomar banho e lavar a louça. CÁTIA VELOSO Moradora há cerca de três anos e meio num apartamento do 3.º andar, de um prédio situado na Rua de S. Martinho, em pleno coração da cidade da Trofa e junto à Alameda da Estação, deparou-se com a contaminação da água que vinha da torneira, que lhe provocou problemas de saúde. “Um dia, reparei que a água tinha um cheiro estranho, mas como vem do poço e é normal isso acontecer em dias de chuva, não valorizei, mas passados alguns dias eu e a minha filha começamos a ficar doentes. Perguntei a vizinhos se tinham notado alguma coisa e eles confirmaram, dizendo-me que até já tinham comunicado com o condomínio”, contou em entrevista ao NT e à TrofaTv. “Um mês depois”, e sem notar nenhuma movimentação no sentido de se resolver o problema, Isa-

bel Abreu decidiu “enviar emails” para várias entidades, entre elas a Indaqua, que se dispôs a realizar uma análise à água. O resultado chocou Isabel: “No resultado refere que houve contaminação fecal, com uma quantidade elevadíssima da bactéria Escherichia coli. Terá havido uma infiltração do esgoto na água do poço”. A moradora, que tem uma filha menor, foi aconselhada a “não usar a água para nada” e, a partir daí, começou a odisseia que dura até aos dias de hoje, de carregar garrafões de água para conseguir cumprir as tarefas diárias, em casa. Isabel toma banho, “à antiga”, como diz, aquecendo água no fogão e utilizando uma bacia e, só há pouco tempo recomeçou a lavar a roupa em casa, porque não quer “sobrecarregar ainda mais os pais”, a quem tem recorrido. A situação ganhou contornos significativos, já que o problema perdurou durante o confinamento decretado pelo Governo, devido à pandemia de Covid-19. Ou seja, num momento em que se exigia uma grande higiene das mãos, Isabel não podia recorrer à água que saía da torneira.

Moradora não utiliza água da torneira por medo da contaminação O NT contactou a administraApesar das “várias tentativas” para conseguir que o problema dora do condomínio do bloco de seja resolvido, e da “disponibi- apartamentos em causa, Raquel lidade imediata da Indaqua para Silva mas, por telefone, esta adianfazer a ligação do ramal”, Isabel tou que “não presta esclarecimennão vê a luz ao fundo do túnel. Da tos públicos à cerca do assunto”. O NT sabe que, em janeiro desparte do condomínio, diz, teve a informação, “há duas semanas”, te ano, moradores, proprietários de que as obras para “mudança da e os três representantes/administubagem” iam “começar entretan- tradores dos condomínios dos três to”, mas “até agora, nada”. “Como blocos de apartamentos reuniramo bloco tem sete andares, foi-me -se para tomar decisões para redito que era necessária a coloca- solver, de uma vez por todas, esta ção de uma bomba para a água situação da falta de ligação à rede da rede pública chegar a todos os pública de saneamento e a ligação apartamentos e também me fala- à rede de água fornecida pela Inram de um reservatório, e que não daqua. Na reunião ficou ainda desabiam se tinham ou não, mas até terminado diligenciar junto da agora não houve nenhum avanço”. Câmara da Trofa no sentido de de-

sobstruir a conduta de águas pluviais que estará ainda obstruída, na sequência de uma intervenção, alegadamente por parte da EDP na via pública, que terá provocado, segundo a informação dada na reunião aos condóminos, a entrada de águas residuais e de saneamento do próprio prédio no poço que abastece todos os apartamentos e lojas, e que “contaminou a qualidade da água”. Por parte dos responsáveis dos três condomínios foi ainda informado que, no dia seguinte a “iria decorrer uma vistoria por parte de elementos das entidades camarárias e Indaqua” para verificar as condições e perceber o que seria necessário, para dotar os três blocos de apartamentos de água e saneamento” adiantou António Azevedo, um dos proprietários de uma das frações.De acordo com a informação disponibilizada pelo responsável do condomínio do Bloco 2 ao proprietário da fração, “já foi feita a ligação à rede pública de saneamento, foi efetuada a desinfeção/limpeza do poço mas que não terá sido feita análise posterior para avaliar qualidade da água”, rematou.

Próximo Campeonato de Portugal com 96 equipas Para minimizar os efeitos que a inexistência de despromoções provocará na próxima época, a FPF decidiu alargar a competição a 96 equipas. CÁTIA VELOSO

O Clube Desportivo Trofense garantiu permanência no próximo

Campeonato de Portugal, depois de a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) decidir dar por concluída a competição esta época, devido à pandemia de Covid-19. Além das 70 equipas que se mantiveram no escalão – nos quais se inclui o CD Trofense -, participarão ainda, segundo a FPF, 20

meirim, Crato, Camacha, Pero Pi- uma), enquanto os quatro seguinequipas dos regionais. Em comunicado divulgado no nheiro, Juventude de Évora, Spor- tes (do 2.º ao 5.º) disputam lugar na nova 3.ª Liga. Os últimos quasábado, dia 9, a direção do Fute- ting Meda e GRAP. Esta discrepância poderá ser tro (do nono ao 12.º) são desprobol Clube Tirsense anunciou que a equipa sénior viu “reconhecido resolvida com a desistência de al- movidos aos distritais. De acordo com a Federação Poro direito de participar na edição gum emblema. Caso o Tirsense garanta, efeti- tuguesa de Futebol, a 3.ª Liga vai 2020/2021 do Campeonato de Portugal”. O anúncio seguiu-se à in- vamente, lugar no Campeonato de ser disputada por 24 clubes em formação prestada pela Associa- Portugal, poderá haver uma ree- 2021/22 e 2022/23, sendo redução de Futebol de Porto de anun- dição de um dos clássicos mais zida a 20 em 2023/24, enquanto o ciar como vencedores da Divisão “quentes” da região, com o con- Campeonato de Portugal vai conde Elite o Salgueiros, líder da sé- fronto entre eternos “rivais”. Tro- tar com 60 em 2021/22 e 56 em rie 1, e a formação jesuíta, líder fense e Tirsense poderão defron- 2022/23 e 2023/24. De acordo com a FPF, este “amtar-se, se forem colocados na mesda série 2. plo plano de emergência e reesNa mesma manhã, também o ma série. Além dos promovidos dos re- truturação do terceiro escalão do Salgueiros havia anunciado lugar no Campeonato de Portugal, que gionais, participam mais quatro futebol sénior masculino portuna próxima época terá 96 equipas, novas equipas B. O campeonato guês” resultou “da reflexão dos úl20 das quais promovidas das as- completa-se com os outros 70 clu- timos seis meses com as associações e demais sócios FPF”. bes que se mantiveram. sociações regionais. A FPF aponta como objetivos A dúvida persiste, uma vez que, “assegurar o maior número possíMoldes do Campeonato com o Tirsense, estão indicadas vel de projetos equilibrados, auem 2020/2021 21 equipas dos regionais, a saEste escalão será composto mentar a competitividade, meber: Salgueiros, Rabo de Peixe, Moncarapachense, São João de por oito séries de 12 equipas, nas lhorar a qualidade de jogo, aproVer, Moura, Pevidém, Águia Vi- quais os campeões terão direi- ximar os adeptos do futebol local mioso, Alcains, Carapinheirense, to de lutar pelo acesso à 2.ª Liga e “criar espaços de desenvolviMortágua, Mondinense, Vianen- (com duas séries de quatro equi- mento para o jovem jogador porse, Oriental Dragon, União de Al- pas, subindo o vencedor de cada tuguês”.


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Ambiente Entrevista a Bruno Matos, arquiteto e investigador do património molinológico do Rio Ave

“Se não atuarmos iremos perder para sempre este legado das margens do rio Ave” Um património ancestral que até há 40 anos servia para muitos irem “buscar a preciosa farinha para fazer o pão nosso de cada dia”. Ativos até à década de 1980, época em que se assistiu a uma forte industrialização e – às vezes consequente – poluição do rio, as azenhas constituem um património que é urgente preservar. Na região do Ave, o arquiteto trofense Bruno Matos é um dos que, há vários anos, investiga sobre o “tesouro” molinológico que o rio dá aos territórios. Em entrevista ao NT, contou algumas das histórias que as azenhas ajudam a contar, lamentou que este património esteja votado ao abandono e sublinhou a importância de as comunidades adotarem “boas práticas de reabilitação”, para não o descaracterizarem. CÁTIA VELOSO O Notícias da Trofa (NT): Dos trabalhos já realizados sobre o património existente nas margens do rio Ave, quais destaca? Bruno Matos (BM): Relativamente ao património molinológico que é o meu objeto de estudo, existem alguns trabalhos na área da historiografia sobre as Azenhas do Ave. No entanto, encontram-se dispersos em boletins culturais, pequenas publicações, fotografias, etc. Segundo o estudo que realizamos, os primeiros trabalhos sobre as Azenhas do Ave aparecem na viragem do século XIX / XX, sendo curiosamente a primeira uma curta-metragem de Aurélio da Paz dos Reis datada de 1896, com o título “As Azenhas do rio Ave”. Fotógrafos pioneiros, como por exemplo Marques Abreu ou Emílio Biel, realizaram diversas fotografias sobre as Azenhas do Ave nas décadas de 1900 e 1920. Mais tarde, em meados do século XX, investigadores consagrados da Universidade do Porto, como Jorge Dias, Ernesto Veiga de Oliveira, Fernando Galhano e Benjamim Pereira, realizaram o primeiro estudo científico sobre azenhas e moinhos em Portugal, onde estão incluídas as Azenhas do Ave pelas suas especificidades e características únicas. Na segunda metade do século XX, autores da terra, como António Cruz, José Pereira da Silva e Napoleão de Sousa Marques, entre outros, tocam no assunto assinalando a importância histórica e patrimonial das Azenhas do Ave em congressos e publicações locais. Já no século XXI, a ADAPTA publica um inédito levantamento sobre as azenhas e moinhos existentes no município da Trofa, levado a cabo pelo ilustre José Manuel Cunha e uma vasta equipa formada por membros dessa associação. Atualmente, existe um interesse generalizado, quer pela sociedade, quer pela comunidade académica, surgindo frequentemente teses de mestrado que se debruçam sobre o tema. Inclusive, no presente ano letivo, o rio Ave e o seu património são objeto de estudo na unidade curricular "Projeto 5" do 5.º Ano do Miarq no curso da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto e da unidade curricular "Atelier 1A-Paisagem" do 4.º Ano do Miarq do curso de Arquitetura da Universidade do Minho, encontrando-se ambas as faculdades a estudar soluções de valorização territorial das margens do Ave. É evidente uma preocupação sobre o futuro deste património e a necessidade de o preservar, salvaguardar e valorizar. NT: Concretamente na Trofa, há alguns trabalhos efetuados, mas há a sensação de que este património, apesar da importância comprovada por esses escritos e da criação dos passadiços em Bougado, está um pouco votada ao abandono. O que seria importante fazer

para preservar e enriquecer este património, aproximando-o da comunidade? BM: Infelizmente o abandono é um facto. Eu diria mesmo que este património molinológico caminha para o desaparecimento, encontrando-se maioritariamente em ruínas. É claro que existe um leque de ações que poderiam ser implementadas para preservar, salvaguardar e valorizar as Azenhas do Ave. É nesse sentido que a investigação em curso no CEAU-FAUP caminha. Mas já lá vamos. No município da Trofa, das nove Azenhas existentes no rio Ave, uma desapareceu por completo (Azenha da Esprela); quatro encontram-se em ruínas (Azenha do Arnado -em vias de desaparecer -, Azenha do Cêrro, Azenha de Sam e Azenha da Barca); e quatro sofreram transformações (Azenha do Bicho, Azenha da Maganha, Azenha de Bairros e Azenha de Real).

Apesar deste facto, está mais que comprovado que as Azenhas do Ave representam um património com elevado valor cultural, histórico, arquitetónico e paisagístico. Como vimos anteriormente, isto tem vindo a ser sublinhado ao longo de um século pela comunidade científica, em diversas áreas da História, à Arqueologia, Antropologia, Etnografia, etc. Atualmente estamos num ponto crítico... porque se não atuarmos iremos perder para sempre este legado das margens do rio Ave, existente desde o reinado de D. Dinis (1295) e que faz parte da memória coletiva dos Trofenses. É fundamental a comunidade reivindicar a salvaguarda da identidade, das tradições e das suas memórias - é o que nos distingue enquanto povo, não existem Azenhas do Ave em mais nenhuma parte do planeta, ou seja, pelas suas especificidades tornam-se únicas. Deste modo, representam um fator de diferenciação com um valor incalculável. Por outro lado, existe um manifesto interesse e envolvimento da população quando se organizam atividades de sensibilização sobre as Azenhas. Recordo-me de um percurso pelas Azenhas do Ave que realizamos na Trofa, com o apoio da Casa da Cultura, no dia Nacional dos Moinhos, que mobilizou aproximadamente uma centena de pessoas. Há um especial interesse em conhecer as histórias

que as Azenhas guardam, as suas funcionalidades e a importância que tiveram na região. Subsiste um vínculo na memória dos mais idosos, e um fascínio pela descoberta nos mais jovens, quando visitam uma azenha em atividade com os seus mecanismos tradicionais em funcionamento. Observar uma roda em movimento a acionar um engenho tradicional torna-se inesquecível. A singularidade deste património formado pelas azenhas, açudes, casa do moleiro, armazéns de farinha, caminhos primitivos, praias fluviais, pela sua fauna, pela sua flora, etc. pode representar um fator de atratividade turística, cultural e ambiental promovendo e dinamizando a região, os produtos locais, a farinha artesanal, o pão tradicional, ou mesmo a inovação através da microgeração de energia aproveitando as infraestruturas hidráulicas existentes. Isto já acontece em diversos países do centro e norte da Europa nomeadamente, na Alemanha, Bélgica, Holanda, Reino Unido e França.


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O que seria importante fazer? Atuar rapidamente antes que este património desapareça. Pelo valor que elas representam pensamos que seria importante reabilitar um exemplar no município para que as gerações futuras possam conhecer uma azenha em funcionamento, acionando os seus engenhos tradicionais de moagem, do linho, da lã, etc. Por outro lado, acreditamos que as azenhas ainda têm um importante papel a desempenhar no futuro, através da microgeração de energia, num período em que as energias renováveis são uma meta europeia. Esta é uma matéria que também temos em cima da mesa na investigação atual.

Para que isto seja possível e se concretize, é necessário existir um entendimento entre as partes interessadas. Sejam os seus proprietários, as associações culturais/cívicas e os municípios. Os proprietários, certamente, não pretendem que as suas azenhas sejam transformadas numa ruína, que desaparece com o tempo. As associações lutam pela preservação da cultura e das tradições e os municípios procuram novos programas de dinamização do território e valorização dos recursos locais. É evidente que o património, a cultura, as tradições, o rio Ave e a sua energia serão sempre recursos incontornáveis no presente e no futuro.

NT: Considera que falta a "mão reguladora" de uma entidade como a ADAPTA foi em tempos? BM: As associações têm um papel fundamental na salvaguarda, preservação e valorização do património local. É assim em diversos casos. Por exemplo, o Castelo de Santa Maria da Feira é, hoje, um recurso cultural, económico e social incontornável. Isto resulta de uma ação de envolvimento por parte da comunidade local que se organizou formando a Comissão de Vigilância, constituída por cidadãos que, ao longo dos últimos anos, têm desempenhado um papel fundamental na preservação, salvaguarda e valorização do Castelo. Atualmente, é um importante ativo gerador de fundos, quer para a sua permanente manutenção, quer para a dinamização económica através do turismo, interno e externo, com reflexos diretos para o município e para a região. Isto é replicável também ao património molinológico. Na Holanda, Bélgica, França, Reino Unido, Espanha, entre outros países, existem diversos exemplos de azenhas reabilitadas que se transformaram em ativos culturais, económicos e sociais. Nós visitamos muitos destes casos e constatamos isso mesmo. Casos como a Azenha de Hackforte, na Holanda, o Moinho Charlecote, no Reino Unido, a Azenha Moufet, em Itália, a Azenha Routro, na França, o Real Engenho, em Espanha, ou os Moinhos do Folón e do Picón, na Galiza, apenas para citar alguns. As associações locais desempenham um papel essencial ao protegerem o património, impulsionando projetos para a sua reabilitação, dando vida aos espaços, cuidando dos edifícios e contribuindo para a sua manutenção. Obviamente que nada se consegue isolado, é fundamental uma conjugação de interesses e vontades entre proprietários, associações e municípios. NT: Do património existente, quais os edificados mais importantes e porquê? BM: Do conjunto identificado de 84 Azenhas do Ave, localizadas nos concelhos de Vila do Conde, Vila Nova de Famalicão, Trofa e Santo Tirso, todas apresentam características particulares e todas elas se revestem de valor. Este conjunto de Azenhas forma um sistema associado ao rio Ave de peculiar interesse, que devido à sua dispersão e desconhecimento, no nosso entender, não tem sido alvo do merecido reconhecimento. No seu todo, este sistema conforma uma construção monumental, com quilómetros de extensão, concebida para a exploração energética do rio de forma equilibrada e ambientalmente sustentável. Na Trofa, existem nove Azenhas no Ave, todas elas muito diferentes mas com um denominador comum, a sua grande importância patrimonial e arquitetónica. Não arriscamos a destacar nenhum exemplar, até porque, recentemente, tivemos acesso a novos dados acerca da Azenha da Esprela e ficamos surpreendidos pelas suas características arquitetónicas. Contudo, a Azenha de Bairros foi o último exemplar a funcionar, até há bem pouco tempo dispunha de um engenho de moagem a produzir farinha, que preservou as especificidades construtivas e os materiais tradicionais adequados, fruto de uma sabedoria ancestral passada de geração em geração. Outro exemplo peculiar, a Azenha da Maganha, que é referenciada num Prazo do Reinado de D. Diniz (1295), que tivemos oportunidade de consultar recentemente na Torre do Tombo. Ou a Azenha da Barca, que faz parte da identidade de muitos trofenses ao passarem outrora o verão no areal da sua praia fluvial. Em Vila do Conde, temos igualmente exemplares extraordinários: o núcleo de Ponte d'Ave ou a Azenha da Azurara com o seu coroamento e cujas referencias documentais remontam ao reinado de D. Afonso III. Em Vila Nova de Famalicão, a Azenha de Povoação, a Azenha de Chaves ou as Azenhas Velhas, em Oliveira Santa Maria, são também exemplares magníficos que caminham para o desaparecimento. Em Santo Tirso, a Azenha da Ponte com ligações ancestrais ao Mosteiro de São Bento. Enfim... poderíamos destacá-las uma a uma, pois, todos os exemplares reúnem valores culturais, históricos, arquite-

tónicos, construtivos, etnográficos, e mesmo, ambientais. NT: Que histórias ajudam a contar as azenhas e moinhos deste território? BM: Muito sucintamente, a história de um povo com séculos de ligação ao rio Ave. As Azenhas do Ave representam o primeiro foco de industrialização do Vale do Ave. Caracterizam-se como as primeiras "fábricas tradicionais", cujo engenho mecânico foi inventado pelo Arquiteto Romano Vitrúvio. No entanto, ainda não dispomos de estudos arqueológicos que relacionem as Azenhas do Ave com a época de ocupação Romana, embora isso aconteça em muitas outras regiões, quer em Portugal, quer em Espanha, França e Itália. Sabemos, com certeza, que este património foi um ativo económico do Reino nas épocas de D. Afonso III, D. Dinis e das Ordens Religiosas com os Beneditinos e os Cistercienses. Os Mosteiros da região detinham grande parte destes edifícios, que representaram durante muitos séculos um recurso económico muito valorizado e cobiçado. Como exemplo, o Mosteiro de São Bento, o Mosteiro de Vairão, o Mosteiro de Landim e o Mosteiro de Santa Clara eram os principais detentores de Azenhas no rio Ave. Com a extinção das Ordens Religiosas, esse património passou para posse de privados e assim se manteve até aos nossos dias. Certamente, muitos ainda se lembram de ir à Azenha buscar a preciosa farinha para fazer o pão nosso de cada dia. Estes edifícios estiveram ativos até à década de 1980. A partir daí, entraram em decadência constante, fruto da evolução tecnológica, com a industrialização do setor da moagem, a expansão da indústria têxtil e a poluição do rio Ave nesse período. Atualmente, encontram-se em vias de desaparecerem. Temos o dever de continuar a sua história. NT: Que estudos estão a ser feitos, atualmente, na investigação sobre as Azenhas do Ave? BM: Começamos a estudar as Azenhas do Ave em 2008, no âmbito do Mestrado em Metodologias de Intervenção no Património Arquitetónico, sob a orientação do professor catedrático Francisco Barata, a quem presto a minha homenagem. Nunca mais parámos. Atualmente, estou a concluir o doutoramento na Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto, com o apoio da Fundação para a Ciência e Tecnologia. Esta investigação aborda diversos pontos: .1 Enquadramento histórico; .2 Estudo da influência das Azenhas do Ave no território; .3 Análise dos aspetos arquitetónicos e construtivos, com um exaustivo levantamento arquitetónico das azenhas e açudes, onde se incluem projetos de reconstituição arquitetónica e tecnológica dos edifícios em ruínas; e, por último, mas de relevante importância, .4 Novos programas, usos e funções para as Azenhas do Ave. No grupo de investigação sobre património arquitetónico - PACT do Centro de Estudos de Arquitetura e Urbanismo da Universidade do Porto - temos desenvolvido nos últimos oito anos diversos estudos e projetos sobre reabilitação de azenhas e moinhos. Publicamos vários artigos científicos sobre a matéria, participamos em congressos nacionais e internacionais, organizamos exposições e ações de sensibilização com as comunidades locais, as-


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ros, pedreiros, serralheiros e madeireiros. Por exemplo, para construir a maceira do pisão foi necessário encontrar um carvalho com 90cm de diâmetro e serrá-lo especificamente para o efeito. Só assim, com o nosso permanente acompanhamento técnico, garantimos a correta execução do pisão, respeitando todos as técnicas e materiais utilizados tradicionalmente. Estará para breve a sua inauguração, pelo que deixo desde já aqui o convite.

sociações, juntas de freguesia e câmaras municipais. Estamos a organizar um Encontro de Molinologia, que juntará em Portugal diversos especialistas. Temos sido, recorrentemente, contactados por associações locais e regionais, juntas de freguesia e municípios que pretendem reabilitar azenhas ou moinhos integrados em paisagens ribeirinhas. O Moinho de São Marçal, em Vila Nova de Famalicão, é um exemplo disso. Um desafio que nos foi colocado pela Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão e pela Junta de Freguesia de Esmeriz, que apostaram na reabilitação das ruínas de um antigo moinho. O objetivo a que nos propusemos foi valorizar o património, através de uma intervenção qualificada, isto é, com recurso a boas práticas de reabilitação. Este facto, para nós, é muito importante de referir, porque não basta levantar paredes e colocar uma cobertura utilizando materiais desadequados ou, doutro modo, tentando reproduzir imitações de rodas, quer verticais quer horizontais, sem qualquer conhecimento das técnicas tradicionais de construção, exemplos do que vemos acontecer em muitos casos. Para enveredar por este caminho, mais vale não intervir, precavendo o risco de descaracterizar o património. Nestes casos, a sugestão passa apenas pela conservação. Quando pretendemos reabilitar uma azenha ou um moinho devemos conhecer as características hidrográficas do rio, o seu passado histórico, as funcionalidades dos engenhos mecânicos, os processos tradicionais de construção, os tipos de materiais, e por fim, adequar o novo uso às características do edifício preexistente. Caso contrário, corremos o risco de descaracterizar o património e "deitar por água abaixo" um investimento. Os últimos anos de investigação no Centro de Estudos foram, em grande parte, dedicados a estas matérias. Por exemplo, no caso da intervenção no Moinho de São Marçal em Vila Nova de Famalicão, optou-se pela reconstrução de um pisão de pancada vertical, extinto na região desde os finais do século XIX, mas que todavia se encontrava referenciado nas Memórias Paroquiais de 1758. Este facto exigiu meses de investigação para conhecermos o tipo de engenho, os processos construtivos, os materiais adequados, as madeiras utilizadas originalmente, o seu dimensionamento, etc. Foi indispensável elaborar desenhos técnicos pormenorizados, bem como um exaustivo trabalho no terreno em contacto direto com moleiros, artesãos carpintei-

Riqueza natural à descoberta O Dia Internacional da Biodiversidade é celebrado no dia 22 de maio. Alertar a população para a necessidade e importância da conservação da diversidade biológica é o principal objetivo desta efeméride, proclamada pelas Nações Unidas, em 1992. Para que esta data também não passe despercebida, o NT decidiu divulgar algumas das (muitas!) espécies que encontraram abrigo no património natural, junto ao rio Ave, e agora mais acessível através do Parque das Azenhas. Estes seres vivos ilustram parte do livro “Parque das Azenhas – Um Ecossistema”, elaborado pela Câmara Municipal da Trofa com a preciosa ajuda de Alberto Maia, Celestino Costa, Joel Silva e Vasco Flores Cruz.

Corvo -M arinho -de -Faces -Brancas Foto: A lberto M aia

Biografia Bruno Matos (Trofa, 1978). Arquitecto, Mestre em Metodologias de Intervenção no Património Arquitectónico, (FAUP, 2012). Doutorando no perfil “Património Arquitectónico”, (FAUP, 2012). Foi premiado na primeira edição do Prémio Ibérico de Investigação em Arquitectura Tradicional. É investigador no grupo PACT do CEAU-FAUP (Centro de Estudos de Arquitectura e Urbanismo da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto). Autor do livro e comissário da exposição itinerante “Património à prova de água – Apontamento para a Salvaguarda das Azenhas & Açudes nas margens do rio Ave, Vila Nova de Famalicão/Trofa”, promovido pelo Gabinete do Património Cultural da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão, assina também diversos artigos na área da Molinologia. Participa frequentemente em congressos nacionais e internacionais, bem como em iniciativas de sensibilização sobre o Património Molinológico, em colaboração com câmaras municipais e associações. É membro associado da TIMS - The International Molinological Society, da ACEM - Asociación para la Conservación y Estudio de los Molinos e da RPM - Rede Portuguesa de Molinologia.

L agarto -de -Água Foto: Celestino Costa

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L ontra Foto: A lberto M aia


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A magia das flores não se explica, sente-se A 18 de maio assinala-se o Dia Internacional do Fascínio das Plantas, estabelecido em 2012 pela Organização Europeia da Ciência das Plantas, para celebrar a vida misteriosa e fascinante das plantas. Para marcar esta data, o NT foi falar com duas floristas para tentar perceber o segredo que escondem as flores para fazerem a diferença na vida de muitas pessoas. CÁTIA VELOSO

Márcia Neves diz que caiu na profissão “de paraquedas”. Sem

nunca antes ter alguma afinidade especial com as flores, foi a vontade de sair da escola e de se tornar financeiramente independente que a catapultou para um mundo do qual agora só quer sair “quando for velhinha”. Depois de concluir o 9.º ano, disse adeus aos livros e entrou pela porta da loja Fatinha Florista, onde aprendeu a amar a profissão. “Do que sou hoje, também lhe devo a ela, que sempre disse que eu tinha capacidades para muito mais e incentivou-me a continuar nos momentos em que quis

M árcia Neves trabalha com flores há 22 anos

desistir”, conta. Como diz o provérbio que não podia combinar melhor com esta reportagem, nem tudo são rosas e Márcia atravessou um período de grande incerteza, não fosse ela uma adolescente numa atividade profissional ainda pouco explorada na Trofa e, por isso, bastante solicitada. “Trabalhávamos muitas vezes, nalgumas situações dia e noite, quando tínhamos de preparar arranjos para casamentos, por exemplo”. Nessa altura, e apoiada nalguma imaturidade própria da idade, decidiu abandonar o ofício, mas rapidamente percebeu que o caminho já desbravado tinha posto a descoberto uma vocação: “Surgiu a oportunidade de eu tirar um curso e foi nessa altura que eu percebi que ser florista era o que eu queria, porque adorava trabalhar com flores”. Depois de mais de uma década a trabalhar por conta de outrem, Márcia decidiu criar o próprio negócio, que germina há 12 anos, no centro da cidade da Trofa. Orgulha-se de ver clientes que a conhecem “desde o início” a confiar nos serviços que presta e que passam, constantemente, por evolução. “Temos sempre de apresentar coisas novas, com materiais inovadores na área e soluções que antigamente eram mais difíceis de obter, por falta de meios. Hoje, damos asas à imaginação, desenvolvemos ideias novas e fazemos coisas que, realmente, nos dão muito gosto”, referiu, sem deixar de sublinhar que não se arrepende “nada” de ter arriscado ao estabelecer-se por conta própria. “Contei com o apoio de muita gente, de clientes que trabalham comigo quase desde o início e que, ao incentivarem-me, ajudaram-me imenso a avançar. Nunca mais esquecerei a ajuda que me deram e o facto de, muitos, ainda me acompanharem. E depois, também tenho o apoio da minha família, do meu marido, das minhas irmãs e dos meus pais, que são o meu pilar”, frisou. A sua história foi contada enquanto fazia o arranjo de uma coroa de flores, que a ocupava numa manhã de sábado atipicamente calma, devido à pandemia de Covid-19. Apenas foi interrompida por um telefonema de uma cliente que encomendou um arranjo para embelezar a casa. É esta a magia das flores, capaz de contribuir para o bem-estar de um ser humano. “Nesta fase de pan-

Dia de todos os Santos é o dia mais concorrido das floristas demia, em que se está mais tempo Fernando Pessoa. E a verdaem casa, há pessoas que precisam de é que são elas as “rainhas” de ter uma jarra de flores bonita por entre as flores mais vendipara alegrar os dias e dar ânimo”. das. Márcia e Patrícia confirTambém na cidade, mas bem mam que rosas “saem todos os mais nova no ramo, Patrícia Lo- dias”, durante todo o ano. “É pes decidiu abrir a sua loja jun- uma f lor delicada e é aquele to ao cemitério, depois de anos a miminho que qualquer pessoa partilhar o gosto pelas flores com gosta de receber”, justifica Paa mãe. “Eu ajudava-a nos arran- trícia Lopes. Na lista das mais solicitadas jos que ela fazia no cemitério e com a morte do meu afilhado ga- estão também, segundo as flonhei ainda mais vontade de ir en- ristas, as tulipas e as margarifeitar. Decidi, entretanto, tirar o das, mas para Márcia as mais curso de florista e arrancar com fascinantes são as orquídeas, esta aventura. Tenho a loja há oito p r i n c i p a l m e n te a s b r a n c a s . “Dão-me a sensação de leveza, anos”, contou. Atualmente, vive um dos mo- mas não consigo explicar tudo mentos mais complicados do ne- o que representam para mim. gócio, com o abrandamento drás- Estas flores parece que se riem tico das vendas e serviços, à cus- para nós”, confessou. Já para Patrícia, a flor que a ta da pandemia de Covid-19. Mas, para já, o vírus não belisca em fascina é a tulipa, porque “não nada o que conquistou e a satis- é estática, ganha vida própria e fação dos clientes quando veem vai atrás da luz”. As floristas partilharam ainda o resultado das encomendas que aqueles que são os erros mais fazem. Não esconde que o trabalho é comuns no tratamento das floárduo e “sem horas marcadas” e res. Ambas referem que, muitas requer uma gestão muito criterio- vezes, as pessoas esquecem de sa, não fossem as plantas produtos fazer a troca, frequente, da água de pouca duração. Nalgumas épo- para manter as flores mais especas, principalmente no Dia de To- vitadas: Patrícia Lopes fala aindos os Santos, Patrícia Lopes não da da necessidade de, no caso tem hora de saída, para conse- das flores de corte, ir removenguir fazer face aos cerca de 200 do o fundo do caule já a apodrearranjos que tem de fazer. “São cer, para que as plantas tenham dois dias a trabalhar quase inin- capacidade de absorver a água. Já Márcia sublinha também terruptamente. Na última vez, fui a casa só uma hora, porque já não a questão da luminosidade em aguentava com dores nas costas”, dose suficiente e na “delicadeza”. “Temos que nos lembrar confessa. A Páscoa e os dias do pai, da que se tratam de seres vivos mãe e dos namorados são as épo- que precisam de atenção e cacas em que o negócio corre me- rinho”, frisou. Quanto à eterna questão solhor. bre se falar com as flores ajuda ou não, as floristas concordam As flores mais vendidas de que essa prática é benéfica, e os principais erros mas para o humano. a tratar delas “Ama as tuas rosas”, já dizia


18 O NOTÍCIAS DA TROFA

14 de maio de 2020

Obituário

Necrologia

Morreu Bernardino Maia, ex-presidente da Junta de Freguesia Guidões

Faleceu o ex-presidente da Junta de Freguesia de Guidões, Bernardino Maia. O histórico socialista estava internado no Hospital de S. João, no Porto, devido a doença prolongada. Bernardino Maia foi presidente da Junta de Freguesia durante 20 anos até 2013, ano marcado pela limitação de mandatos e em que se verificou a agregação de Guidões a Alvarelhos. Em 2018, foi homenageado por mais de uma centena de pessoas, num jantar que serviu para agraciá-lo pelos vários anos de dedicação à freguesia guidoense. Na ocasião, o ex-autarca admitiu ter-se sentido “muito acarinhado”. “Foi uma família que esteve naquele jantar. Porque foi sempre assim que eu senti o povo de Guidões, como se fosse a minha família”, declarou. Da sua atividade política, destaca-se a construção da Casa Mortuária, inaugurada em 2013. Era uma pessoa muito ligada às raizes e sempre falou de Guidões com especial apreço. Numa das inúmeras entrevistas concedidas ao jornal O Notícias da Trofa, Bernardino Maia admitia a preocupação constante com a freguesia. “Guidões tem sido o centro da minha vida e das minhas preocupações. Quem me

S. Martinho de Bougado

Maria Emília da Costa Dias faleceu no dia 12 de Maio com 92 anos. Casada com Leonel Ramos

Alexandre de Jesus Linhares da Cunha faleceu no dia 11 de Maio com 40 anos.

Agência Funerária Trofense, Lda

S. Martinho de Bougado

Muro José Manuel Pinheiro Guimarães faleceu no dia 9 de Maio com 82 anos. Casado com Maria Fernanda Maia da Silva

S. Martinho de Bougado

Maria do Céu Dias de Sousa faleceu no dia 9 de Maio com 77 anos. Casada com Cesário de Oliveira Torres

Serafim Campos Maia faleceu no dia 4 de Maio com 74 anos. Casado com Maria Felícia Maia das Neves

S. Martinho de Bougado

Bernardino da Silva Maia faleceu no dia 4 de Maio com 75 anos. Casado com Engrácia Dias Ferreira Maia

João Manuel Antunes Rodrigues faleceu dia 3 de Maio com 72 anos. Viúvo de Maria Alice Gonçalves Ferreira

Santiago de Bougado

Maria Martins Ferreira faleceu no dia 1 de Maio com 63 anos. Casada com Constantino da Costa Couto

Albina da Costa Reis faleceu no dia 30 de Abril com 80 anos. Viúva de Luís Pereira Araújo Neto

nardino Maia transformou a nossa freguesia na mais bela do concelho da Trofa. O brio que se vê em tantos recantos da freguesia é fruto desse bairrismo tão vivo do presidente Bernardino. Bairrismo que fez reforçar junto dos seus fregueses. Em 2005 aceitei o seu convite para ser membro da sua candidatura à junta de freguesia de Guidões. Ainda hoje recordo o momento como um dos de maior orgulho da minha vida. Ter estado ao lado nas suas equipas da junta de freguesia é uma marca indelével do meu crescimento e uma honra inapagável. Um cidadão. Um político. Acima de tudo, um Homem. A frontalidade de tantos momentos, a força das suas convicções, a capa-

Folgosa-Maia

Bernardino Angelo Moreira da Silva faleceu no dia 29 Abril com 78 anos. Casado com Albina Conceição Silva Barbosa

Maria Fernanda da Silva Leite Moreira da Silva faleceu no dia 29 de Abril com 74 anos. Casada com Agostinho de Sousa Moreira

Nuno Moreira

Rocha Funerárias, Lda

Alvarelhos

Lousado - VNF

António Manuel Gomes Duarte faleceu no dia 25 de Abril com 49 anos. Viúvo de Natália Maria Pereira da Silva

José Venâncio da Silva Reis faleceu no dia 28 de Abril, com 65 anos. Marido de Célia Deolinda Melo Correia Marques Reis

Rocha Funerárias, Lda

cidade de diálogo, a sua visão e a inesgotável capacidade de trabalho. Tudo marcas que o homem Bernardino Maia deixa e que servem de exemplo para as gerações que com ele se cruzaram. A extinção da freguesia de Guidões constituiu para ele um desânimo. Mas foi igualmente motivo para o regresso à luta política. Provavelmente a sua última luta publica quando, já em privado, sofria com as agruras da doença. Da minha parte, e de tantos guidoenses, também por ele, não deixaremos morrer a esperança da recuperação da nossa freguesia de Guidões. A freguesia do nosso Bernardino Maia.

Funerária Ribeirense Paiva & Irmão, Lda

Guidões

Rocha Funerárias, Lda

O nosso Bernardino Maia

Agência Funerária Trofense, Lda

S. Martinho de Bougado

Agência Funerária Trofense, Lda

que tenho às gentes de Guidões”, referiu, antes da última eleição como presidente da Junta.

Agência Funerária Trofense, Lda

Guidões

Rocha Funerárias, Lda

conhece, e penso ser sobejamente conhecido na minha freguesia, sabe das profundas ligações

Rocha Funerárias, Lda

S. Martinho de Bougado

Agência Funerária Trofense, Lda

Bernardino M aia foi presidente da junta durante 20 anos

Agência Funerária Trofense, Lda

Jorge de Azevedo Pinheiro faleceu no dia 9 de Maio com 74 anos. Casado com Maria José de Lima Fontes Pinheiro Agência Funerária Trofense, Lda

Correio do leitor O mês de Maio viu partir um dos homens mais valorosos da história do concelho da Trofa. O falecimento do nosso amigo Bernardino Maia é uma notícia triste e que nos traz uma enorme sensação de perda. Nosso amigo. Sendo, como eu, de Guidões, é fácil perceber a dimensão de pertença e de amizade que o Bernardino Maia nos transmitia. Presidente da junta de freguesia de Guidões durante 20 anos, os seus mandatos ficaram marcados por amizade, trabalho e consenso. Amigo de todos sem exceção. Cada guidoense encontrava no seu presidente Bernardino Maia um homem disponível e próximo. Um guidoense orgulhoso. Ber-

S. Martinho de Bougado

Funerária Ribeirense Paiva & Irmão, Lda


14 de maio de 2020

O NOTÍCIAS DA TROFA

Assine ou ofereça o NT por 13 euros

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Atualidade

Sudoku

Numa ação que pretende contribuir para ocupar, com qualidade, o tempo livre dos mais velhos do concelho, O Notícias da Trofa decidiu lançar uma campanha de novos assinantes com idade igual ou superior a 60 anos, com um desconto na primeira anuidade de 5,5 euros. Ou seja, em vez de pagar os habituais 18,5 euros, o novo assinante paga 13 euros e passa a receber, comodamente, o jornal em casa. Para mais informações, pode contactar-nos através do telefone, para 252 414 714, ou do email, para comercial@onoticiasdatrofa.pt.

Farmácias Dia 14 Farmácia Barreto Dia 15 Farmácia Nova Dia 16 Farmácia Moreira Padrão Dia 17 Farmácia Ribeirão Dia 18 Farmácia Trofense Dia 19 Farmácia Barreto Dia 20 Farmácia Nova Dia 21 Farmácia Moreira Padrão Dia 22 Farmácia Ribeirão Dia 23 Farmácia Trofense Dia 24 Farmácia Barreto Dia 25 Farmácia Nova Dia 26 Farmácia Moreira Padrão Dia 27 Farmácia Ribeirão Dia 28 Farmácia Trofense

Telefones úteis Bombeiros Voluntários Trofa 252 400 700 GNR da Trofa 252 499 180 Centro de Saúde da Trofa 252 416 763//252 415 520 Centro de Saúde S. Romão 229 825 429 Centro de Saúde Alvarelhos 229 867 060

Quebra-cabeças Lebrelópolis e Tartarugalândia ficam a 40 milhas de distância. Uma lebre viaja a 9 milhas por hora de Lebrelópolis a Tartarugalândia, enquanto uma tartaruga viaja a 1 milha por hora de Tartarugalândia para Lebrelópolis. Se ambos começaram a viagem ao mesmo tempo, quantas milhas a lebre teria viajado antes de encontrar a tartaruga no caminho?

Soluções da edição anterior

Solução do quebra-cabeças da edição anterior: O Pedro pesa 130 quilos. A irmã pesa 30 quilos.

Atualize a sua assinatura anual Ano 2020: 18,50 €

F icha T écnica Diretor: Hermano Martins Sub-diretora: Cátia Veloso Editor: We do com unipessoal, Lda. Redação: Cátia Veloso, Magda Machado de Araújo Colaboradores: Atanagildo Lobo, Jaime Toga, José Moreira da Silva, João Pedro Costa, João Mendes, César Alves, José Pedro Reis, Moutinho Duarte | Fotografia: A.Costa, Miguel Trofa Pereira (C.O. 865) Composição: Cátia Veloso e Magda Araújo | Impressão: Gráfica do Diário do Minho, Lda., Rua de S, Brás, n.º 1 Gualtar, Braga| Assinatura anual: Continente: 18,50 euros; Extra europa: 88,50 euros; Europa: 69,50 euros; | Assinatura em formato digital PDF: 15 euros IBAN: PT50 0007 0605 0039952000684 | Avulso: 0,70 Euros | E-mail: jornal@onoticiasdatrofa.pt | Sede e Redação: Rua das Aldeias de Cima, 280 r/c 4785 - 699 Trofa Telf. e Fax: 252 414 714 Propriedade: We do com unipessoal, Lda. NIF.: 506 529 002 Nº Exemplares: 5000 | Depósito legal: 324719/11 | ISSN 2183-4598 | Detentores de 100 % do capital: Magda Araújo | Estatuto Editorial pode ser consultado em www.onoticiasdatrofa.pt | Nota de redação: Os artigos publicados nesta edição do jornal “O Notícias da Trofa” são da inteira responsabilidade dos seus subscritores. Todos os textos e anúncios publicados neste jornal estão escritos ao abrigo do novo Acordo Ortográfico. É totalmente proibida a cópia e reprodução de fotografias, textos e demais conteúdos, sem autorização escrita.


14 de maio de 2020

20 O NOTÍCIAS DA TROFA

14 de maio de 2020

Lions faz nova colheita devido a grande afluência “Um grande sucesso”. Foi desta forma que o Lions Clube da Trofa descreveu a última colheita de sangue, realizada a 2 de maio, nas instalações da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários da Trofa. Das 120 pessoas inscritas – o número máximo permitido devido à pandemia -, 115 efetivaram a dádiva de sangue, numa iniciativa realizada pelo Instituto Português do Sangue e da Transplantação e cumprindo as regras

agora exigidas para assegurar a segurança de profissionais de saúde e dadores. Face à grande adesão, e à impossibilidade de “cerca de 50 pessoas” não puderem dar sangue, naquele dia, o Lions Clube da Trofa decidiu promover mais uma colheita, que se realiza no próximo sábado, 16 de maio, também nas instalações da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários da Trofa. A iniciativa decorre das

9 às 12.30 horas e a entrada dos dadores faz-se, um a um, para evitar ajuntamentos. Os dadores devem levar máscaras de proteção individual e, à entrada, além de terem de desinfetar as mãos, serão sujeitos à medição da temperatura por um profissional de saúde. O distanciamento social também é obrigatório. Todos os profissionais de saúde estarão devidamente protegidos e os promotores também. Está agendada mais uma colheita de sangue para o dia 30 de maio na EB 2/3 de Ribeirão entre as 9 e as 13.30 horas. O Lions apela à participação de todos uma vez que os stocks de sangue começam a escas sear. C.V.


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