Quinzenário | 8 de outubro de 2020 | Nº 726 Ano 17 | Diretor Hermano Martins | 0,70 €
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Padre José Ricardo com Detido por suspeitas de receção calorosa no Muro ameaçar ex-mulher com armas pub
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O NOTÍCIAS DA TROFA
8 de outubro de 2020
Atualidade
Rotary apoia Centro Hospitalar na criação de sala “zen” para grávidas O Rotary Club da Trofa, juntamente com os homónimos de Santo Tirso e Vila Nova de Famalicão, vai apoiar o Centro Hospitalar do Médio Ave (CHMA) no projeto de requalificação do serviço de Obstetrícia do Hospital de Famalicão. O principal objetivo é criar uma sala snoezelen, para proporcionar “condições físicas e materiais que permitam receber as grávidas e parturientes num ambiente de calma e serenidade”. “A sala poderá ser usada no pré e pós-parto e o conjunto de ferramentas de estimulação sensorial poderão promover uma maior interação mãe-bebé, permitindo à mulher sentir-se confortável, menos ansiosa, relaxada e segura em relação à sua gravidez e, depois, na maternidade, num ambiente familiar, privado e acolhedor, facilitando também o processo inicial da amamentação”, pode ler-se na memória descritiva do projeto apresentado pela administração do CHMA, que espera o en-
te de 28 de setembro, e teve como orador Pedro Silva, fundador e diretor-geral da Método, mestre em psicologia e formador certificado, contando já no currículo a colaboração com mais de cem empresas, instituições de ensino, centros de formação e equipas desportivas, na última década, no âmbito do treino de competências e desenvolvimento pessoal. A palestra foi, essencialmente, “direcionada para os jovens”, que tiveram oportunidade de ouvir falar da “importância da liderança e do espírito de equipa quer seja nas empresas ou no desporto”, como “fator de sucesso”. Rotary comemorou 16.º aniversário e anúnciou apoio ao centro hospitalar volvimento da comunidade para ciou o apoio a este projeto, numa conseguir o financiamento ne- sessão online pública, a 24 de setembro. cessário. O CHMA espera que mais “enEsta sala snoezelen surge na sequência da criação da Clínica tidades públicas e privadas” se da Mulher e da Criança, que en- envolvam nesta “congregação de trou em funcionamento, na uni- vontades” para que o projeto seja dade hospitalar de Famalicão, na uma realidade e possa beneficiar “cerca de 1240 residentes nos conterça-feira. O Rotary Club da Trofa anun- celhos da área da abrangência
direta”, ou seja, Santo Tirso, Vila Nova de Famalicão e Trofa. Palestra sobre “Liderança e Espírito de Equipa” “Liderança e Espírito de Equipa” foi o tema da última palestra promovida pelo Rotary Club da Trofa. A sessão decorreu online, na noi-
Comemoração do 16.º aniversário do Rotary O Rotary Club da Trofa comemorou, a 5 de outubro, o 16.º ano de existência. “Foi um momento de festejar a vida e de companheirismo. Além disso, o Rotary Club da Trofa homenageou todos os companheiros que já não estão entre nós”, relatou Rosa Manuela Araújo, presidente rotária.
Abertas candidaturas ao Orçamento Participativo Jovem
Meteorologia
Estão abertas as candidaturas para a edição de 2020 do Orçamento Participativo Jovem da Trofa. Os projetos podem ser apresentados por jovens dos dez aos 30 anos, residentes ou membros de uma associação do concelho, até 31 de outubro. À semelhança do que é habitual, o OPJ será concretizado num projeto de âmbito geral, com financiamento de 17.500 euros, e noutro de âmbito escolar, com um valor de 7500 euros. “Para elaborares o teu projeto, deves considerar várias fases. Em primeiro lugar, o diagnóstico, ou seja, saberes o que queres fazer, porque queres fazer e para quem queres fazer. Depois, deves ter noção do Planeamento: o que propões e elaborares um projeto e orçamento. Se tiveres dúvidas, a Câmara Municipal está disponível para te ajudar”, esclare-
ce a autarquia. Os projetos vencedores serão conhecidos na Assembleia Municipal Jovem, que decorre a 19 de dezembro. Na sessão, os proponentes terão de defender o projeto e convencer a assistência a votar nele. Bibliotecas escolares, Laboratório de Ciências da EB 2/3 Professor Napoleão Sousa Marques, passadeiras para invisuais, ATL no JI de Giesta, parque infantil da EB de Estação, skatepark da Alameda da Estação, palco para artes na Escola Secundária da Trofa, circuito de manutenção na EB 2/3 do Castro e área desportiva geriátrica do Souto de Bairros são alguns dos projetos que foram desenvolvidos no âmbito do OPJ da Trofa, criado em 2011 pela Câmara Municipal.
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Atualidade
Santiago de Bougado em corrida contra o tempo para a desagregação Estima-se que venham a ser 600 as freguesias que poderão vir a ser desagregadas /criadas pela proposta de Lei que há-de vir a ser levada a Conselho de Ministros já na próxima semana, e que será depois remetida ao Parlamento, garante o Jornal Expresso. Coincidência ou não, são também 600 os dias de trabalho árduo, que tem vindo a ser desenvolvido pelos 11 elementos do Movimento Por Santiago de Bougado, que desde 2019, têm vindo a lutar para que a sua freguesia seja desagregada de S. Martinho de Bougado. A agregação feita em 2013 contra a vontade dos Bougadenses de Santiago de Bougado, imposta pela denominada lei “Relvas”, defendida pelo então miMovimento por Santiago de Bougado nistro do PSD, Miguel Relvas, que determinou a agregação de De acordo com informação vei- os elementos deste movimenSantiago a S. Martinho, nunca foi culada por fonte do ministério, to têm vindo a desenvolver em aceite de forma pacífica pela po- “está em fase final de preparação prol da reposição da nossa frepulação. Agora, mais de 7 anos um documento” que deverá ser guesia”. Tendo em conta que o depois há de novo uma luz, ain- levado a Conselho de Ministros “Movimento foi constituído com o da que muito ténue, ao fundo na próxima semana e que será intuito de conseguir a desagredo túnel. remetido, sob a forma de pro- gação da Freguesia de Santiago A reposição foi acenada, mais posta de lei para a Assembleia de Bougado é muito importante do que uma vez, pelo primeiro- da República, onde residem ago- assistirmos agora a esta decisão -ministro António Costa, tendo o ra as esperanças dos Bougaden- do Governo de levar a “Conseentão ministro da Administração ses e de milhares de pessoas que, lho de Ministros na próxima seInterna, Eduardo Cabrita, lança- pelo país fora, criaram movimen- mana a proposta de lei que defido datas ainda na anterior legis- tos para lutar pela desagregação ne os critérios para a reposição/ latura que nunca foram avante. desagregação de freguesias”. da sua freguesia. No atual Governo, a conduAntónio Pontes lembrou todo o António Pontes, porta-voz do ção do processo está nas mãos Movimento por Santiago de Bou- trabalho desenvolvido pelo Mode Alexandra Leitão, a ministra gado afirma que o Movimento vimento por Santiago de Bougada Modernização do Estado e “recebe esta informação da pro- do, junto dos grupos parlamenda Administração Pública, que posta de lei com muita positivida- tares dos vários partidos com reuniu com a Associação Nacio- de e boas expectativas” que vão assento na Assembleia da Renal de Freguesias, Anafre e fo- de encontro ao “trabalho que, pública, assim como as dezenas ram já definidas algumas datas. ao longo dos dois últimos anos, de reuniões e iniciativas leva-
Homem em prisão preventiva por violência doméstica Os militares da GNR do Núcleo de Investigação e Apoio a Vítimas Específicas (NIAVE) do Porto, com o apoio dos Militares do Posto da Trofa detiveram cerca das 16 horas, de terça feira, 06 de outubro, em Covelas, um homem de 50 anos , por violência doméstica, No âmbito de uma denúncia relacionada com violência doméstica, no concelho da Trofa, os militares da guarda apuraram que o suspeito, de 50 anos, injuriava e ameaçava a sua esposa, levando a que a vítima temesse pela própria vida, motivos que levaram à sua detenção. O detido, foi presente na manhã de 7 de outubro, ao Tribunal Judicial de Matosinhos, onde lhe foi aplicada prisão preventiva.
das a cabo junto dos eleitos locais e dos partidos políticos na Trofa, adiantando que “tendo por base a informação que tem vindo a público parece-nos que estamos bem posicionados para conseguir retomar a autonomia administrativa de Santiago de Bougado”. “Aguardamos com expectativa que seja tornado público o documento final que define os critérios a aplicar para alcançarmos de novo a autonomia administrativa”. Agora é esperar pelo conselho de ministros e esperar que se cumpra o prazo de 31 de março de 2021, data proposta pelo Governo para fechar este dossier, que vai ainda fazer correr muita tinta.
CDU faz aprovar na Assembleia Municipal moção a favor da reposição de freguesias Foi por unanimidade que na última Assembleia Municipal da Trofa a moção pela desagregação de freguesias foi aprovada. CDU, PS e Coligação Unidos pela Trofa, assim como todos os presidentes de junta do concelho, nomeadamente os presidentes da Junta de Freguesia de Bougado Luís Paulo, Lino Maia presidente da junta de Alvarelhos e Guidões e o presidente José Ferreira da União de Freguesias do Coronado aprovaram o documento exigindo ao Governo “Repor as freguesias extintas“.
GNR identifica suspeitos de assaltos A GNR da Trofa identificou, na noite de dia 2 de outubro, um grupo de cidadãos suspeitos de perpetrarem assaltos na Trofa. Alertados por populares para movimentações suspeitas de uma viatura com matrícula espanhola, cerca das 2 horas, do dia 2 de outubro, a GNR seguiu em encalce do automóvel, que acabou por ser intercetado já em Ribeirão. Vila Nova de Famalicão. Na viatura estavam 6 pessoas, 2 cidadãos espanhóis e 4 portugueses, moradores em Cabanelas, concelho de Vila Verde. No interior da viatura estavam vários objetos que levantaram suspeitas para a possibilidade de o grupo se preparar para efetuar assaltos.
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Atualidade
Eletricidade verde da Galp já chega a 20 mil novos clientes A Galp disponi biliza planos de energia verde para novas adesões de clientes individuais ou empresariais, que dão acesso aos preços mais competitivos de eletricidade para os clientes. Já são mais de 20 mil os clientes que aderiram aos novos planos de eletricidade verde da Galp. Este serviço garante eletricidade produzida a partir de fontes 100 por cento renováveis, como a energia hídrica, eólica ou solar, com baixas emissões de carbono. A grande adesão, em poucas semanas e apesar do atual contexto pandémico, ajudam a perceber a grande valia destes planos para o utilizador, numa estratégia que a Galp quer desenvolver assente na transição energética. Estes novos planos de eletricidade verde são mais um exemplo de como a Galp tem diversificado o seu portefólio de oferta aos clientes com soluções que promo-
CRÓNICA
Obrigado por tudo, professor A Trofa perdeu, cedo demais, um dos seus melhores. Homem de muitas causas e talentos, José Maria Moreira da Silva foi professor universitário, escreveu vários livros, deu dezenas, talvez centenas de palestras, ministrou inúmeras formações, esteve ligado ao associativismo, foi consultor de conselhos de administração de grandes empresas e envolveu-se na política local e nacional, actividade que o levou até aquele que terá sido um dos grandes momentos da sua vida, que se confunde com o momento mais marcante da nossa história moderna, talvez de toda a história da Trofa: a luta e subida a concelho.
P lanos de energia verde a preços muito competitivos vam a utilização de energias mais do 808 507 500 ou nas Lojas Galp. Focada numa oferta cada vez limpas e sustentáveis. Ao aderir a um plano de Eletri- mais integrada, a Galp oferece cidade Verde Galp, os clientes também aos clientes soluções de beneficiam de energia de origem carregamento para veículos elé100 por cento renovável, permi- tricos, incluindo o fornecimento tindo-lhes acesso aos preços mais de eletricidade e uma rede ampla e nacional de carregamento competitivos disponíveis. Os pedidos de adesão podem rápido nas estações de serviço ser feitos em casa.galp.pt, através em Portugal.
Mulheres Socialistas reforçam posição nos órgãos distritais As Mulheres Socialistas da Trofa reforçaram a sua posição nos órgãos distritais do partido. Inicialmente, a 11 de setembro, Cristina Maria Oliveira tomou posse na Comissão Política da Estrutura Federativa das Mulheres Socialistas do Porto, agora liderada por Patrícia Faro, que substituiu a trofense Teresa Fernandes, que também foi eleita, assim como a coordenadora da Estrutura Concelhia das Mulheres Socialistas da Trofa, Ângela Moreira. Já no dia 12 de setembro, no 19.º Congresso Federativo do
João Mendes
Partido Socialista, realizado em Matosinhos, foram eleitas para a Comissão Política Distrital, liderada por Manuel Pizarro, as trofenses Idalina Rosário Carvalho, Cristina Maria Oliveira e Teresa Fernandes, esta eleita pela lista de José Manuel Ribeiro. Por inerência, estão também eleitas Ângela Moreira e a deputada Joana Lima. Para a líder da Estrutura Concelhia das Mulheres Socialistas, a representação trofense nestes órgãos “honram” o concelho e os “valores socialistas da pluralidade e da coesão”. “Este é um
sinal claro do dinamismo desta Estrutura Concelhia e da vontade das Mulheres Socialistas Trofenses participarem ativamente na vida política, com dinamismo e sentido de responsabilidade, demonstrando as suas competências e capacidades”, referiu. Concluído o Congresso Distrital, inicia-se agora um processo de consolidação de candidaturas autárquicas, no qual as Mulheres Socialistas da Trofa pretendem ter “um papel importante, dinamizador e potenciador de grandes vitórias”.
Seria exaustivo e desnecessário continuar a enumerar as suas credenciais. Até por se tratar de uma pessoa que dispensa apresentações para a maioria dos trofenses e daqueles que estão a ler estas palavras. Falo-vos então do homem que conheci e que me marcou. Alguém com quem me cruzei pela primeira vez nas redes sociais, apesar de já lhe conhecer algumas crónicas, que lia neste jornal ou no Facebook, e de quem, naquele dia e em tantos outros, discordei profundamente. E não era tarefa difícil, encontrar pontos de discordância entre um conservador de direita e um liberal de esquerda. E foi precisamente dessa discordância, desse duelo argumentativo que se repetiu uma e outra vez, que outras conversas surgiram, primeiro na rede, mais tarde em sua casa, onde passamos tardes inteiras a conversar e a descobrir os muitos pontos que tínhamos em comum. E nada nos aproximava mais do que a Trofa, esse amor acima de qualquer ideologia. Contudo, aquilo que mais me marcou, da minha curta mas intensa relação com o professor, foi a sua determinação, num momento em que fui alvo de uma campanha vil e absolutamente desonesta, conduzida por um gangue de corruptos, através do seu pasquim ilegal, de não só estar ao meu lado como de ser uma das poucas pessoas a ter a coragem de o assumir publicamente. Podia ter simplesmente manifestado o seu apoio de forma privada, podia até ter ignorado a situação, mas não hesitou nem teve contemplações. Não satisfeito, convidou-me ainda para escrever o prefácio de um dos seus últimos livros, “A história da criação do concelho da Trofa – Contributos”, e ainda me chamou para abrir a primeira apresentação da obra, na sede da junta de freguesia do Muro, bem como a seguinte, na Casa da Cultura. No momento mais injusto e revoltante, foi aquele que mais divergia ideologicamente de mim quem primeiro se chegou à frente e me disse para não me render. E eu não me rendi. E também lhe devo isso a ele. A partida do professor deixou-nos a todos, trofenses, mais pobres. Mesmo que não o consigamos ou queiramos ver. Eu perdi uma referência, um conselheiro, um companheiro de lutas e projectos comuns e, sobretudo, um amigo. Mas ganhei muito, ao longo destes anos, e foi com ele, entre muitas outras coisas, que reaprendi a amadureci uma máxima essencial, sobretudo nestes tempos estranhos de novos extremismos, em que a nossa sociedade e a nossa forma de vida é permanentemente colocada em causa, de uma forma sem paralelo ou precedentes. Que a liberdade e a democracia não são de esquerda ou de direita. E que por elas, para as defender, todos os democratas se devem unir, sejam de esquerda ou de direita, porque não haverá esquerda nem direita no dia em que a democracia cair. Só opressão. Neste momento de perda irreparável, não poderia deixar de homenagear este amigo que partilhou este e outros espaços comigo. Um amigo cuja marca e influência ficarão para sempre. Uma última palavra força, coragem e amor para a Dona Fátima, a eterna namorada do professor, para as suas filhas e restante família. Muito obrigado também a vocês por terem “partilhado” o professor com todos nós, trofenses e portugueses. Cá estaremos para honrar o seu percurso.
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Acidente em Covelas provoca vítima mortal
José Augusto perdeu a vida perto de casa O estado em que ficaram os veículos reflete a violência do embate, que fez uma vítima mortal, ao fim da manhã de 25 de setembro, na Rua do Outeiral, freguesia de Covelas. CÁTIA VELOSO A equipa da ambulância de Suporte Imediato de Vida da unidade de Santo Tirso do Centro Hospitalar do Médio Ave “foi a primeira a chegar ao local”, verificando que o condutor do motociclo, com 43 anos e residente bem perto do local, “encontrava-se em paragem cardiorrespiratória”, revelou Carlos Cadilhe, oficial dos Bombeiros Voluntários da Trofa. A equipa da Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) de Famalicão também foi mobilizada, tendo “confirmado o óbito”. Os Bombeiros Voluntários da Trofa, com quatro elementos e duas viaturas, prestaram socorro à outra vítima, um jovem com cerca de 20 anos, que conduzia a viatura ligeira de mercadorias. Sofreu “ferimentos leves” e foi transportado para a unidade de Famalicão do Centro Hospitalar do Médio Ave. A GNR esteve no local a registar a ocorrência e a recolher indícios que expliquem como aconteceu o embate, através do Núcleo de Investigação Criminal de Acidentes de Viação. A rua esteve cortada à circulação viária durante mais de uma hora e meia. O corpo da vítima mortal foi transportado para o Gabinete Médico-Legal e Forense do Ave, em Guimarães. José Augusto Araújo era casado e pai de uma menina de 12 anos.
Largo e Rua Costa Ferreira com estacionamento pago A Câmara Municipal da Trofa alargou a zona de estacionamento pago na cidade. Agora, também no Largo Costa Ferreira e na Rua Costa Ferreira serão colocados parquímetros, numa medida que, segundo a autarquia, visa “criar rotatividade nos lugares de estacionamento existentes”, dotando o centro urbano de “maior mobilidade”. Já com estacionamento pago existem as ruas Conde S. Bento, Camilo Castelo Branco e Abade Inácio Pimentel. Os parquímetros funcionam nos dias úteis, entre as 9h00 e as 19h00, e aos sábados, entre as 09h00 e as 13h00. Aos domingos e feriados, o estacionamento é gratuito.
Trofa com 222 infetados O concelho da Trofa contabiliza, desde o início da pandemia, 222 infetados por Covid-19. Na última semana, segundo o relatório da Direção-Geral da Saúde, o município registou três novos casos, bem menos do que há duas semanas, com 14 registos. Nas últimas quatro semanas, foram contabilizados 27 casos de infeção pelo novo coronavírus. Até terça-feira, 6 de outubro, duas salas da Escola Básica de Bairros estiveram fechadas, devido a dois casos de Covid-19. Um menino do jardim de infância e a irmã, aluna do 3.º ano, testaram positivo e, apesar de as crianças já não irem às aulas há alguns dias, depois de a mãe ter testado positivo, as salas, “por indicação do delegado de saúde, foram encerradas e todos os alunos, educadora e professora das respetivas turmas colocados em isolamento profilático”, confirmou ao NT o diretor do Agrupamento de Escolas da Trofa, Paulino Macedo. C.V.
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Detido por suspeitas de ameaçar ex-mulher com armas de fogo Movido “por ciúmes” e “por não se conformar com a separação e a regulação do poder paternal”, um homem terá ameaçado de morte a ex-companheira, usando armas de fogo. CÁTIA VELOSO
São estes os dados da investigação levada a cabo pelo Núcleo de Investigação e Apoio a Vítimas Específicas (NIAVE) da GNR do Porto, que culminou na detenção do indivíduo, de 35 anos, no concelho da Trofa, a 28 de setembro. Numa operação que contou com
o reforço dos militares do posto da Trofa, a Guarda apurou que o suspeito sujeitou “a maus tratos psicológicos e ameaças de morte” a ex-companheira de 32 anos, com quem esteve casado durante cinco anos. Após a separação, “passou a perseguir a vítima, reiterando as ameaças de morte com recurso a armas de fogo”, apreendidas durante as diligências, que implicaram o cumprimento de “quatro buscas em veículos e uma domiciliária”. “Foram apreendidas quatro armas de caça, uma pisto-
la e munições de diferentes calibres”, comunicou a GNR. Ouvido no Tribunal de Instrução Criminal de Matosinhos, o suspeito, que tem antecedentes criminais por violência doméstica, detenção de arma proibida e condução de veículo sem habilitação legal, ficou sujeito a controlo por pulseira eletrónica, assim como ao afastamento e proibição de contactar com a vítima, não se podendo aproximar num raio de 500 metros, bem como proibição de adquirir ou deter armas em sua posse.
GNR recolheu “indícios de crime” no atropelamento mortal Depois de, inicialmente, ter tomado conta da ocorrência como um “acidente de viação”, a Guarda Nacional Republicana recolheu “indícios da prática de crime” que levaram a “participar a tribunal” o atropelamento de Hugo Ramos, no túnel da Estrada Nacional 105-2, junto ao aeródromo de Vilar de Luz, na madrugada de 26 de setembro. No momento do acidente, estaHugo R amos não resistiu aos ferimentos riam a decorrer corridas ilegais de automóveis, num local já re- do vários metros. Hugo foi trans“É uma das áreas que temos referenciado pelas autoridades por portado para o Hospital de S. João, ferenciadas como problemáticas”, esse tipo de acontecimentos. em estado crítico e com um prog- confirmou o capitão Rui Ferreira, Depois do acidente, começa- nóstico muito reservado, tendo adiantando que “o patrulhamento ram a circular nas redes sociais acabado por não resistir aos fe- é direcionado de acordo com invídeos que documentam o trági- rimentos. formações policiais recolhida” soco acidente, que provocou a morSegundo noticia o JN, citando o bre os eventos ilegais. te a Hugo Ramos, residente em S. responsável pelas relações públiO condutor do automóvel que Mamede do Coronado, mas natu- cas do Comando do Porto da GNR, colheu Hugo Ramos, um homem ral de Vilar, Vila do Conde. naquela noite, “cerca das 21 ho- de 32 anos, “foi identificado, na O jovem de 25 anos estava na ras”, militares tinham sido des- altura, no âmbito de um acidente berma da estrada, quando foi co- tacados para aquela zona, tendo de viação", e constituído arguido lhido com grande violência por saído por volta da meia-noite para na sequência do processo-crime um Seat Ibiza, tendo sido projeta- “dar apoio numa ocorrência”. que decorre no Ministério Público.
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Com 19 em busca de um futuro promissor Entrar na universidade é, cada vez mais, um elemento comum dos projetos de vida dos jovens. Na Trofa, há jovens a dar cartas em diversas áreas e outros em vias de se destacarem. Os quatro jovens que o NT entrevistou são alguns deles. Depois de serem colocados com médias elevadas, iniciam uma fase da vida académica que marcará, profundamente, o caminho que traçarão no futuro. CÁTIA VELOSO
Pedro Palha | Engenharia Mecânica | Média 19,28
Margarida Soares | Engenharia e Gestão Industrial | Média 19,23
Mariana Gomes | Engenharia Física Tecnológica | Média 19,22
Ao longo do percurso escolar, a MateNo futuro, Mariana Gomes vê-se a trabaO processo de escolha do curso, no qual se espera fazer engenheiro mecânico, não mática sempre foi a disciplina que mais lhar num departamento de investigação e deresultou de uma decisão tomada de ânimo cativou Margarida Soares. Natural de Gui- senvolvimento na área da Física. Não sonhou leve. Pedro Palha foi juntando as peças – “o dões, esta jovem inicia agora mais um de- sempre com esta profissão e só recentemengosto pelas disciplinas na área das ciên- safio académico, no curso de Engenharia te se sentiu “segura” acerca do que “gostacias”, o “interesse” pelas engenharias, o e Gestão Industrial, na Faculdade de Enge- ria de fazer no futuro”. “Acho que este curso “período de reflexão feito no último ano do nharia da Universidade do Porto, onde foi me dá as capacidades necessárias”, adiantou esta jovem que, em contraponto com o que é Secundário” e a perceção da “abrangên- colocada com a média de 19,23. “Apesar de não ter sido um objetivo des- o gosto dos jovens, sempre alimentou uma cia” quanto às “saídas profissionais” – para optar pela Engenharia Mecânica. Foi colo- de pequena seguir este curso em particu- “grande paixão” pela Física e Matemática. Escola Básica de Finzes, EB 2/3 Professor cado na Faculdade de Engenharia da Uni- lar, o gosto pela Matemática levou a que as versidade do Porto, com média de 19,28, e engenharias estivessem sempre na minha Napoleão Sousa Marques e Escola Secundáinicia agora um percurso académico que mente. Só mais recentemente, após assis- ria da Trofa foram os estabelecimentos onde tir a algumas palestras online e fazer algu- Mariana Gomes assentou os pilares do seu espera ser profícuo no futuro. “Uma vez que ainda tenho uma área de interesses fu- ma pesquisa, é que descobri que este cur- projeto académico, agora prosseguido no turos algo ampla, sinto que com este cur- so era o que eu estava à procura, porque Instituto Superior Técnico de Lisboa. Foi coso posso ir apurando melhor os meus inte- me permite ter uma base sólida de conhe- locada em Engenharia Física Tecnológica, resses e gostos à medida que avanço nos cimentos, envolvendo a Matemática e a Fí- com a média de 19,22, e do amanhã espeanos. Daí que não sinta que neste momen- sica, aliada a uma forte componente de ges- ra a oportunidade de “ter um contacto ainto tenho uma profissão de sonho, mas es- tão, que é muito importante para o sucesso da mais próximo com o mundo em si”. “Eu pero poder desempenhar um papel ativo e bom funcionamento das empresas”, des- sempre vi a universidade como uma oportue positivo no desenvolvimento da socie- creveu a jovem que, por outras palavras, nidade de conhecer pessoas novas com os dade da melhor maneira possível”, contou. quer “tornar uma empresa cada vez mais mesmos interesses. Mas, neste ano, não sei Depois de cumprir o 1.º ciclo na Escola eficiente, calculando custos e reduzindo- se essa conexão entre estudantes vai ser posBásica de Finzes e o 2.º na EB 2/3 Professor -os, de forma a aumentar os ganhos mas sível, pelo menos não da mesma forma que em anos anteriores. Mesmo assim, acho que Napoleão Sousa Marques, o jovem ingres- sem perder a qualidade”. A jovem, que ocupa parte dos tempos li- vai ser uma boa experiência tanto profissiosou na Escola Secundária da Trofa, onde entrou para a lista dos alunos com as melho- vres sendo uma das guitarristas do Coro nal como pessoal, porque vou não só aprenres notas de admissão ao Ensino Superior. Juvenil de S. João Batista, em Guidões, der mais e conhecer pessoas na mesma área, Quanto aos métodos de estudo, confessa, teve sempre nos apontamentos os melho- mas também ganhar um pouco mais de indeforam aprimorados ao longo do Ensino Se- res aliados no estudo. Ao fazê-los manual- pendência e liberdade”, adiantou. Quanto aos métodos de estudo que a levacundário e passaram por “estabelecer um mente, sinto que retenho melhor a informação”, contou. ram a ser uma aluna de excelência, Mariana horário de estudo em função dos horários Já para disciplinas como a Matemática, Gomes partilhou que passam por “entender escolares”, “não acumular matérias”, “rever o que tinha sido dado em aula no res- acrescentou, “o importante é fazer imen- tudo na aula, para não deixar nenhuma mapetivo dia” e estabelecer “prioridades” em sos exercícios até nos sentirmos à vontade téria para trás”, “reler os apontamentos da com a matéria”. “No geral, penso que o es- aula” e “fazer exercícios”. semanas de testes. “Acho que o facto de estar em regime vocaPedro Palha considera que, para o su- sencial é tentar compreender tudo o que se cesso escolar é importante “praticar al- aprende, pois as coisas têm de fazer senti- cional de dança também me conferiu algumas capacidades, não só relacionadas com a gum desporto ou outra atividade que per- do na nossa 'cabeça'”. Quanto à universidade, Margarida não organização do tempo. Com a dança aprendi mita descomprimir”. As expectativas quanto à frequência uni- esconde o nervoso miudinho e o entusias- a pensar em vários elementos ao mesmo temversitária não relegam um certo nervosis- mo que a invadem por estes dias. “Espero po, o que, transpondo para o estudo, me ajumo para conhecer “um meio completamen- aprender imenso, crescer enquanto pes- dou a adquirir os conhecimentos com maior te novo, onde grande parte das pessoas são soa e fazer novos amigos. Dizem-me que facilidade”, sublinhou a jovem, que equaciodesconhecidas e onde a responsabilidade serão os melhores anos da minha vida... na agora “entrar para um grupo de Física e estou ansiosa para descobrir se é verda- fazer algum desporto como dança, voleibol vai ser muito maior”. de”, confessou. ou basquetebol”.
Matilde Dias | Direito | Média 18,96 Matilde Dias acabou de entrar no curso sobre qual alimentou um interesse peculiar. “Sempre achei curioso entender como todo o processo das leis e burocracias funciona”, diz esta jovem, que ingressou, este ano letivo, no curso de Direito da Faculdade de Direito da Universidade do Porto. A média? 18,96. Facto curioso foi a escolha por Ciências e Tecnologias no Ensino Secundário, área à qual Direito não está muito associado. “Não poderei dizer que sempre sonhei com algo do género, no entanto dada a minha personalidade e interesses em geral, creio que, finalmente, percebi o que, realmente me desperta interesse”, contou. Ainda assim, dentro do Direito, ainda não decidiu sobre por qual atividade profissional que quer enveredar. A excelente performance no Ensino Secundário e a certeza de que esta era a área académica desejada não lhe permitem abordagens facilististas quanto à nova realidade que está a viver. Por isso, é com um misto de cautela e confiança que olha para este desafio: “Um pouco intimidante, especialmente dado o quadro assustador que muitos pintam desta. No entanto, acredito que se continuar a esforçar-me como tenho até agora obterei bons resultados e, no geral penso que vai ser uma experiência incrível que vai determinar vários aspetos da minha vida futura”. Neste percurso não ficará, certamente, de lado o método de estudo que adotou e que lhe deu tão bons resultados no passado. Esse passa por ser “diário e consistente”. “O que ajuda cada um a compreender melhor a matéria depende de pessoa para pessoa, mas para mim é essencial tirar apontamentos durante as aulas, organizá-los e reescrevê-los em casa e realizar todos os exercícios disponíveis em cadernos de atividades”, confessou. Apesar de excelente aluna, Matilde nunca descurou a atividade física. Dos 3 aos 15 anos praticou vários tipos de dança e, atualmente, frequenta o ginásio. Além do desporto, ainda alimenta a paixão pela música a tocar baixo elétrico.
8 de outubro de 2020
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Trofense lidera projeto responsável pela missão que vai remover lixo espacial É assumido como “o maior projeto português de sempre na Agência Espacial Europeia” e está a ser liderado por um trofense. CÁTIA VELOSO Nuno Silva, engenheiro da empresa DEIMOS, lidera a equipa que vai desenvolver os sistemas de orientação, navegação e controlo da primeira missão mundial dedicada, exclusivamente, à remoção de lixo espacial. “Clearspace-1” é o nome da missão, cujo lançamento está previsto para 2025. Está a ser desenvolvida no âmbito do programa ADRIOS, da ESA, e tem como objetivo tornar a órbita da Terra mais limpa, começando pela remoção da parte superior do VESPA, lançado em maio de 2013, com o satélite Proba V. O projeto vai ser desenvolvido em cinco fases, sendo que a primeira tem a duração de nove meses. No final desta primeira fase, a arquitetura do serviço será consolidada, permitindo que a conceção detalhada e o envolvimento de outros fornecedores comecem na fase seguinte. A missão foi aprovada na última reunião ministerial da ESA, em novembro de 2019, depois de um processo competitivo iniciado pela Agência para escolher o conceito da primeira missão mundial de ‘Active Debris Re-
Nuno Silva abraçou mais um projeto desafiante
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Atualidade
moval’. O conceito vencedor foi o apresentado pela Clearspace, uma start-up Suíça, que, após concurso internacional para a seleção das várias tecnologias necessárias para o satélite, elegeu o consórcio liderado pela DEIMOS Engenharia e no qual Nuno Silva está, profundamente, envolvido. A equipa do trofense tem como missão desenvolver o ‘piloto automático’ do satélite e realizar todos os testes para apoiar a Clearspace na montagem, integração, teste e operação da missão. Nuno Silva é natural da Maganha, Santiago de Bougado e tem, na carreira, outros projetos relevantes, como o Exomars, instrumento que tem como missão investigar a geologia de Marte e procurar provas de que existiu ou existe vida neste planeta. Depois de atrasos, que impediram lançamentos em 2018 e em 2020, a expectativa é que, agora, o equipamento possa ser lançado em 2022. Nuno Silva esteve, intimamente, ligado ao desenvolvimento deste projeto, no início da última década, abandonou-o e voltou a integrá-lo, mais recentemente, mas com funções diferentes. Mais recentemente, viu concretizado outro projeto, o Solar Orbiter, lançado em fevereiro, que já deu ao Mundo imagens nunca vistas do Sol.
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O NOTÍCIAS DA TROFA
8 de outubro de 2020
Atualidade José Maria Moreira da Silva (1951-2020)
O concelho chora a morte de um pai A 29 de setembro, o concelho da Trofa ficou órfão de uma das mais importantes figuras da sua história recente. José Maria Moreira da Silva deixou a vida terrena com um exemplo inabalável de filantropia e “trofismo”. CÁTIA VELOSO
José Maria Moreira da Silva dispensa apresentações. A sua bagagem cultural, tal e qual uma árvore que cresce sem parar, foi ramificando por todo o país, semeando sabedoria e colhendo experiências, amizade e respeito. Hoje em dia, são poucos os que reúnem atributos para merecer a distinção, mas a José Maria Moreira da Silva não há pontos, nem vírgulas, nem conjunções adversativas na hora de o nomear: era um verdadeiro filantropo, que deu tudo de si pela felicidade de uma comunidade. Uma das suas grandes obras foi criada em 1998 sobre a forma de oito freguesias. É um dos pais do concelho da Trofa e como presidente da Junta de Freguesia do Muro fez da sede desta autarquia o “quartel-general” da Comissão Promotora, suportando a pressão do poder municipal de Santo Tirso, descontente pela emancipação trofense. Como chegou a confessar ao O Notícias da Trofa, um dia, quanto ao processo de criação do concelho, esteve “envolvido até ao tutano”, tendo colecionado algumas inimizades, mas em prol de uma causa maior, aquela que foi a maior causa de Moreira da Silva. Era livre no pensamento, ainda que fiel a uma visão conservadora da atividade política, não se escudava em discursos politicamente corretos. Mordaz no tom e convicto das ideias que cultivou, concordava com muitos e discordava de outros tantos, mas conseguia colher o respeito de todos. É esta a principal característica ressaltada nas de- apresentações do livro “A História da Criação do Concezenas de publicações de homenagem póstuma feitas nas lho da Trofa – Contributos”. redes sociais. Aplaudiu os boicotes eleitorais na freguesia do coração, Moreira da Silva rejubilava pelos momentos em que o Muro, em protesto com a inação governamental quanto ao povo se fazia ouvir, como aquele dia 19 de novembro de cumprimento da promessa feita de instalar a linha do me1998, em que, da escadaria da Assembleia da República, tro, aquando da retirada dos carris que faziam a linha eschorou de alegria ao ver os milhares de trofenses grita- treita Guimarães-Trindade. E partiu sem ver concretizarem pela autonomia administrativa. do o sonho de voltar a ver a freguesia reconquistar o diAo longo destes quase 22 anos, Moreira da Silva tentou, namismo que, outrora, o comboio lhe deu. de diversas formas, contribuir para a “verdade” da hisApesar de algumas amarguras vividas, naturais de uma tória, fazendo questão de relevar o papel preponderante numerosa e profunda atividade cívica, Moreira da Silva redas juntas de freguesia, associações, escolas, empresas e cebia todos com um sorriso. comunicação social local para dar músculo à luta. Por isso, O seu papel cívico e altruísta evidenciou-se em diversos depois de, em 2008, ter escrito que “o que se tem dito e outros momentos, como as participações em palestras e a ‘escrevinhado’ sobre a história da Criação do Concelho da angariação de fundos para ver a funcionar outro dos proTrofa, padece de rigor, independência e honestidade in- jetos comunitários que abraçou: a sede da Muro de Abritelectual”, decidiu, ele mesmo, pôr mãos à obra e escre- go, associação presidida pela esposa, Fátima Neves. Esver um livro, que foi apresentado em novembro de 2016, teve ligado a muitas outras associações, na freguesia do dando cumprimento ao que considerava ser um “dever Muro e por todo o concelho. cívico”. “Na história da Trofa, o período que antecedeu a Era um psicólogo da felicidade e dessa condição nascriação do concelho foi um tempo de luta por uma eman- ceu o livro “Vale a pena viver feliz e viver a vida. Intencipação mais que justa. Talvez tenha sido o período mais samente”, que espelha bem a forma como via o mundo: profícuo da história da Trofa, mas também foi o período “Esses meus pensamentos foram lá colocados porque foem que o ‘trofismo’ esteve mais arreigado nas nobres gen- ram abandonando a minha alma, galgaram os degraus da tes, deste mais novel concelho do país”, disse, numa das solidão, por vezes sombria, e caminharam por estradas
cheias de luz e amor”. Professor universitário e consultor sénior de psicologia social e das organizações, em empresas nacionais e estrangeiras e em associações e instituições de solidariedade social, José Maria Moreira da Silva colecionou um currículo invejável, no qual se destacam ainda o doutoramento em Ciência Política e especialização na área comportamental e comunicacional, tendo sido palestrante em diversos colóquios, seminários e workshops. Foi adjunto na Presidência do Conselho de Ministros e presidente da Junta de Freguesia do Muro entre 1993 e 2001. Nos últimos anos, com uma participação ativa nas redes sociais, ia partilhando ideias e pensamentos, como este, acaso que deixa um laivo de premonição, publicado no derradeiro dia: “A galgar o presente rumo ao futuro, sem estar preso ao passado, mas saboreando o presente e estando aberto ao futuro, consciente que a vida é inconstância e mudança e a existência uma viagem”. ”A sua importância na freguesia do Muro é inquestionável assim como o seu papel na criação do concelho da Trofa, tendo sido membro da Comissão Promotora do Concelho da Trofa e coordenador da ida a Lisboa no dia 19 de novembro de 1998 para trazer o concelho da Trofa. Foram muitos os feitos e efeitos que nos proporcionou durante toda a sua vida”. Junta de Freguesia do Muro
Cronista do NT desde a sua fundação José Maria Moreira da Silva era o cronista mais antigo do jornal O No tícias da Trofa. Colaborador desde a fundação deste periódico, assinou centenas de textos, nos quais pôde expor a sua liberdade de pensamento, com contributos políticos e sociológicos que marcarão, inevitavelmente, a história deste jornal e dos quais nos orgulhamos de fazer perpetuar através deste projeto jornalístico. Contar com a colaboração deste “colega”, como ele carinhosamente gostava de tratar os profissionais desta redação, foi um privilégio. Da sua atividade cívica, guardaremos sempre a boa disposição, o sorriso contagioso e capacidade de colher fruto de qualquer debate.
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Atualidade
Padre José Ricardo com receção calorosa no Muro José Ricardo Dias foi apresentado como pároco de S. Cristóvão do Muro, numa eucaristia, em que sentiu o carinho da comunidade. CÁTIA VELOSO/HERMANO MARTINS
Não precisa de grandes orientações, mas a hospitalidade das gentes do Muro fê-lo guiar-se por um tapete colorido até àquela que será, nos próximos tempos, a sua casa. O padre José Ricardo Dias apresentou-se à comunidade, a 27 de setembro, com uma eucaristia realizada ao ar livre, no largo de S. Cristóvão, junto à igreja paroquial, cumprindo as regras impostas pelo contexto sanitário que vivemos. Apesar de estar numa comunidade nova, este é quase um regresso à Trofa, onde o sacerdote deu os últimos passos rumo à ordenação. “Foi em S. Martinho de
Bougado que estagiei. Sempre gostei do município, onde me senti sempre bem tratado e acolhido. Por isso, este regresso é visto com muito bons olhos”, confessou o sacerdote, em entrevista ao NT. Ordenado em 2012, José Ricardo Dias já acumulou experiência em paróquias dos concelhos de Amarante e Marco de Canaveses, mas abraçar uma nova comunidade exige sempre uma descoberta. “A minha prioridade, neste momento, é conhecer as pessoas e a realidade desta paróquia e ajudar naquilo que são as especificidades da comunidade. Depois, sim, com o desenrolar das atividades, vão surgir os desafios”, detalhou, sem deixar de reconhecer que sentiu “a satisfação” dos fiéis, por terem “um pároco residente”. Esta condição dá a José Ricardo Dias a possibilidade de manter uma “grande proximidade às
Por outro lado, esta “exclusividade” acaba por atenuar a tristeza da comunidade, que viu o antigo pároco, Rui Alves, abraçar uma nova missão. “Os fiéis nunca gostam de perder um pároco, com o qual se identificam e com quem gostavam de trabalhar. É sempre difícil e, neste caso específico, senti que para a comunidade foi bom terem um pároco residente”, frisou. Padre campeão europeu de futsal
Padre José R icardo apresentou- se à comunidade dia 27 de setembro pessoas e disponibilidade para paróquias de S. Martinho e Santiaos grupos paroquiais”, sendo cer- go de Bougado. Ainda assim, gato que – e apesar de não haver ne- rante: “Eu sou o pároco do Muro nhuma nomeação oficial – irá au- e esse será a minha principal reaxiliar o padre Luciano Lagoa nas lidade nesta fase”.
Além dos afazeres normais de um sacerdote, José Ricardo Dias destaca-se também no desporto, nomeadamente no futsal. É jogador da seleção nacional do clero e ostenta o título de pentacampeão europeu, num palmarés que, porém, foi interrompido este ano, com o 3.º lugar conquistado na prova.
Padre Simão e o “desafio encorajador” da missão “Depois de 18 anos em prepara- “Quando nos vamos inculturando, ção para ser missionário, para en- vamos percebendo a grande riquecontrar novas culturas e desafios, za do povo”, defendeu, sem esconquando cheguei a Moçambique der o “desafio encorajador” que o pensei: ninguém me disse que era ajudou a adaptar-se às muitas difeassim. A realidade é tão diferente renças com que se deparou em Moda nossa”. Foi desta forma que o pa- çambique. dre Simão Pedro começou por des“As dificuldades na economia, crever a sua experiência em Mo- saúde e educação são grandes, mas çambique, onde esteve em missão é uma grande oportunidade para durante oito anos. pôr o Evangelho em prática. Nos Em entrevista à Agência Ecclesia, países onde há falta de estruturas o sacerdote trofense, que é missio- temos também esse papel de denário da Consolata e que desde os senvolver escolas, hospitais, cen11 anos sonhava partir em missão, tros de apoio”, sublinhou. encarou-a como uma forma de “salAtual presidente dos Animadores var a vida de pessoas que, de outro Missionários dos Institutos Missiomodo, teriam falecido”. nários Ad Gentes – ANIMAG, o paDepois de perceber que estava dre Simão Pedro está envolvido na tentado a “querer ensinar, com 27 organização de um ciclo de confeanos”, Simão Pedro confessou que, rências missionárias, dedicado ao naquele país, a primeira coisa que tema “A falta que um rosto faz”. Oulhe ensinaram foi “a humildade”. tubro é o mês que, desde há 54 anos,
a Igreja católica dedica às missões, com o objetivo de “lembrar” a “vocação inicial, de levar Jesus a todo o mundo”. Este ano, as celebrações serão feitas com a pandemia de Covid-19 como pano de fundo. “Neste momento que vivemos, a tempestade que vivemos é inesperada e realmente estamos a sentir a falta e proximidade do rosto do outro. É uma oportunidade para repensar que sem o outro não fazemos sentido, deixamos de ter sentido. É em relação com o outro que ganhamos valor”, explicou o sacerdote. O ciclo de conferências resulta de uma parceria dos Institutos Missionários Ad Gentes (IMAG) e dos ANIMAG, em colaboração com as Obras Missionárias Pontifícias (OMP).
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Religião
São Francisco de Assis e a Nova Encíclica do Papa Não foi “por acaso” que o Papa Francisco se deslocou a Assis( no norte de Itália) na véspera da celebração litúrgica de São Francisco de Assis, local onde nasceu o “santo dos pobres” .Note-se que Francisco foi o nome escolhido (por Bergoglio) aquando da sua eleição papal no Conclave de 2013. Foi precisamente esta a cidade escolhida pelo Papa Francisco para assinar a terceira Encíclica do seu pontificado “Fratelli Tutti” (Todos irmãos), pois o fundador dos “Frades Capuchinhos” (Franciscanos) chamava a toda a “criatura” de Irmãos. Nesta encíclica, Francisco destaca o valor das relações fraternas durante e depois da pandemia de Covid-19. Aliás, o Papa tem chamado a atenção para o facto de que do em seu coração a necessidade Francisco apresenta uma nova a pandemia tem revelado como a de se desprender dos seus bens e “regra” para a Ordem: “Observar existência pode ser frágil e para vendê-los para “comprar a péro- o santo Evangelho, viver de obea importância de as pessoas se la preciosa” sobre a qual lera no diência, de castidade e não posunirem e se ajudarem umas às ou- Evangelho. suir absolutamente nada e só ditras, destacando o caso dos mais vidir a pobreza”.O texto foi recuCONVERSÃO necessitados. Conta-se que em 1206, estan- sado pelo Cardeal Ugolino. Mas Em discurso na 75ª Assem- do a rezar na capela de S. Da- em 1223, com algumas retocableia Geral da ONU, no passado mião (Assis), Francisco ouviu de delas no texto, foi aprovado pelo dia 25 de setembro, o Sumo Pon- Deus as seguintes palavras: “Vai papa Honório III. tífice proferiu uma frase “provo- Francisco, restaura a Minha Casa”. A parte final da vida de S. Francadora” “... Da crise não saímos Imaginando que aquela voz lhe cisco é vivida com tranquilidade iguais: Ou saímos melhores, ou pedia para reconstruir a Capela, interior e um amor profundo por saímos piores...” volta para casa, vende uma parte todas as criaturas, e segundo os SÃO FRANCISCO DE ASSIS: dos tecidos do pai e entrega-se seus biógrafos primitivos, ia perS. Francisco de Assis, cujo ao serviço de Deus e dos pobres correndo a região em pregações nome verdadeiro era Giovanni e miseráveis. Mas em 1208, com- pelas aldeias e vilas e juntava ao di Pietro di Bernadone, nasceu preendendo melhor a mensagem seu redor grandes multidões para em 1181(1182?) era filho do co- recebida, muda completamente o vê-lo e tocá-lo. merciante italiano Pietro di Berna- seu modo de vida fazendo votos No Natal de 1223, foi convidadone dei Moriconi e de sua espo- de pobreza e começa a pregar a do pelo senhor de Greccio para sa Pica Bourlemont. Seus pais fa- doutrina de Deus. celebrar a festa numa gruta com ziam parte da “burguesia” da ciTendo já alguns seguidores, pastores e animais, desejando dade de Assis, e, graças a negó- em 1205 Francisco resolve pe- recriar o nascimento de Cristo cios bem sucedidos em Proven- dir ao Papa Eugénio III autoriza- em Belém. Assim começou a oriça, França, conquistaram rique- ção para fundar uma irmanda- gem da tradição dos presépios em za e bem-estar, ao ponto do jo- de mendicante. Em 1219 já esta- toda a Itália e depois nos séculos vem Giovanni esbanjar dinheiro va fundada a “Ordem dos Irmãos seguintes em todo o mundo catócom ostentação. Mendigos”instalada em caba- lico. É dele o “Cântico ao Irmão Porém os negócios de seu pai nas no alto dos montes e no inte- Sol,” considerado por alguns esnão lhe despertaram interesse, rior das cavernas, renunciando a pecialistas como o “início da poemuito menos os estudos. Na sua qualquer forma de propriedade. sia italiana”... Este poema foi esjuventude, por volta dos 20 anos, Em 1215 é reconhecida pelo crito quando Francisco, já muito rebentou uma guerra entre as ci- Concílio de Latrão, a “Ordem dos doente, cego e sozinho na sua cadades italianas de Pergia e As- Irmãos Menores de Assis”. Fran- bana de palha, e atormentado pesis. Ofereceu-se para combater cisco vai, entretanto à Terra San- los ratos que não o deixam dorem Espoleto, entre Assis e Roma, ta, onde é aprisionado e levado ao mir, explode de alegria e louvor mas durante essa guerra foi cap- Sultão. Para demonstrar a supe- ao Criador. turado e permaneceu preso à es- rioridade da fé cristã, Francisco S. Francisco de Assis faleceu na pera de um resgate, durante um “anda sobre brasas” e é libertado. sua terra natal (Assis) no dia 3 de ano. Ao ser libertado, caiu doenDe regresso a Itália, Francisco Outubro de 1226, assistido pelos te com episódios de febre durante encontra uma “cisão” no movi- seus discípulos, agora “frades”. quase todo o ano de 1204. Duran- mento. Alguns discípulos, pres- Foi canonizado dois anos após te a doença Francisco terá ouvido sionados pelo Cardeal Ugolino, a sua morte, em 1228, pelo Papa uma voz sobrenatural. Esta pedia- exigem uma reforma com novas Gregório IX. A sua festa litúrgica -lhe para ele “servir o amor e ao “regras”, menos deveres quan- é celebrada a 4 de Outubro. servo”. Pouco a pouco foi sentin- to ao voto de pobreza. Em 1221,
José Calheiros
Escrita com Norte Social Virtual Costa, óptimo rapaz, de quem não se conhecem defeitos, é tido como um quase excelente partido para casar com a filha de quem as tem, não fosse o facto de não ser rico e por isso se mantém solteiro. Mas, “Também não é rapaz de grandes méritos”, pensam as senhoras, mães das filhas da terra. Estas mães, com algum desdém, dizem que ele é trabalhador, bom amigo, brando, mas mora numa casa alugada, “vendo o copo meio vazio”, enquanto Azevedo, amigo de Costa, pelas mesmas razões “vê o copo completamente cheio”. Não que quisesse para si mais do que a amizade do Costa, já que Azevedo, desde muito cedo, se habituou “a levantar a crista” para as meninas, fruto, não de um qualquer ensinamento, mas sim de uma “coisa” interior que não consegue explicar… nem eu, conhecendo o Azevedo razoavelmente bem! Costa é um óptimo rapaz, não por dizer “ámen” a toda a gente, mas por ser tolerante com os outros e ao mesmo tempo firme nas suas convicções, mas sabendo reconhecer quando está errado, por isso, Azevedo, apesar de mais popular, é capaz de admirar mais o seu amigo Costa, do que este a Azevedo. Se tivesse irmãs, e bastava uma, Azevedo tem a certeza que a “impingiria” a Costa, e só não “impinge” o único irmão que tem, por este já ser casado! Entre Costa, óptimo rapaz, e Azevedo, de todas as diferenças existentes entre eles, desde as políticas, religiosas, clubísticas,… e até vocais, visto que Costa já cantou num coro e Azevedo é o único ser vivo que continua a achar que canta benzinho, une-os aquilo que é mais forte numa amizade, pelo menos entre homens…são básicos! São básicos como era a mecânica do Datsun 1200, que Azevedo teve quando adolescente, oferecido pelo seu padrinho, com motores fiáveis, e de tal forma transparentes no seu funcionamento, que até um Designer de Interiores poderia dizer que percebia de carros! Costa é assim, como um carro que se gosta logo na primeira voltinha e sentimos que é de confiança, à primeira conversa sente-se que ele pode ser nosso amigo, ficando a dúvida se não teremos “extras” a mais para sermos capazes de ser amigos dele! E é esta característica de “básico”, não confundir com simplório, que Azevedo aprecia no seu amigo Costa, seus pensamentos “roncam” como o motor do Datsun, naturais, sem ser abafados e sem floreados. Por isso, e apesar das diferenças, aceitam-se e divertem-se com elas e entusiasmam-se com o que os une, o gosto por jogar à bola, o ginásio e as estórias que inventam estimulados um pelo outro! Azevedo, ao longo da vida, conheceu muita gente com demasiados extras, que a qualquer momento, como um carro moderno mais vistoso do que o Datsun e cheio de electrónica, faz “shut down”! Azevedo, ainda hoje se lembra do Datsun 1200, sem direcção assistida, sem vidros eléctricos e o ponteiro de gasolina que não funcionava…mas que o espevitava mais do que qualquer outro carro! Costa, excelente rapaz, é assim, simples e alegre, que apenas se desilude quando vai a um restaurante, pede bacalhau e lhe respondem: - Não há! Pensando melhor, já que as mães das filhas desta terra não querem o Costa para genro, porque insistem em “ver o copo meio vazio”, Azevedo vai tentar “impingir” o seu amigo ao seu irmão…mesmo sendo casado!
Nota de Retificação Na edição número 725 d’O Notícias da Trofa, no texto intitulado “Padre Rui ofereceu sagrada família a Cristina Ferreira”, é, erradamente, referido que a peça foi oferecida em nome dos santeiros, quando, na realidade, a mesma peça foi encomendada e adquirida pelo padre Rui Alves para oferecer a Cristina Ferreira, na estreia do novo programa de televisão da apresentadora. Pelo lapso, apresentamos as nossas desculpas.
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2 0 LOCAL Estádio do CD Trofense ÁRBITRO Fábio Silva (Braga) TROFENSE Serginho; Edu, João Paulo, Mica e Simão Martins; André Leão, Vasco Rocha (Adilson, 85’) e Bruno Almeida (Matheus Índio, 69’); Andrezo (Zacarias, 69’), Paulinho (Daniel Liberal, 58’) e Alan Júnior Treinador: António Barbosa PEDRAS RUBRAS Rui Sacramento; Gonçalo, Pimenta, William Salomão, Khang e Litos; Luís Ferreira (Pedro Martins, 82’) e Diogo Martins (Gonçalo Duarte, 46’); Bruno Simões, Rui Lima (Rogério Pinto, 82’) e Everton (Rafa Cardoso, 86’); Tiago Silva Treinador: Pedro Dias AMARELOS Bruno Simões (24’), Daniel Liberal (89’) e Tiago Silva (90’+2’) AO INTERVALO: 1-0 GOLOS: Vasco Rocha (26’) e Matheus Índio (71’)
Depois de um empate no Leça e de uma eliminatória da Taça apenas ganha em penáltis, o Clube Desportivo Trofense apresentou-se dono e senhor das quatro linhas, sujeitando o Pedras Rubras a uma derrota por 2-0, sem grandes hipóteses de ripostar. CÁTIA VELOSO A exibição diante do Vila Meã não tinha entusiasmado os adeptos que, perante um adversário de divisão inferior, esperavam um Trofense reinante e dominador. O objetivo foi conseguido – o Trofense garantiu passagem nas grandes
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Desporto
Trofense “espevitado” vence Pedras Rubras penalidades – mas em cima da mesa ficou uma certeza: era imperativo mostrar progressão. E foi o que aconteceu. Com um “onze”, no qual António Barbosa operou algumas alterações relativamente ao jogo da Taça, o Trofense surgiu, desde o início do confronto com o Pedras Rubras, mais “espevitado”, dominando em todos os setores do campo e não dando margem de manobra ao adversário. O primeiro aviso foi dado por Alan Júnior, num cruzamento neutralizado pelo guarda-redes Rui Sacramento. A resposta surgiu de bola parada, com um livre de Rui Lima que o guardião Serginho defendeu para a frente, contando com a ajuda de Bruno Almeida para afastar o perigo. E se Almeida, aka Messi, foi importante em alguns momentos defensivos, no ataque, foi uma das “chaves-mestras” para o sucesso da equipa da Trofa. Numa primeira “aparição”, isolou Paulinho que, na cara de Rui Sacramento, não conseguiu dominar a bola. Depois, foi descobrir Alan Júnior que, na esquerda, cruzou para Paulinho. Este, por milímetros, não desviou para a baliza. Momentos depois, num canto estudado, batido por Bruno Almeida, o médio André Leão, na linha da área, atirou a rasar a trave. Dono e senhor das quatro linhas, o Trofense foi crescendo e, com naturalidade, chegou ao golo. Na sequência de um livre do incontornável Bruno Almeida, que bateu na trave, a bola sobrou para Edú Sil-
Contas fechadas no jogo, o Trofense acabou a jornada a liderar a tabela classificativa, com quatro pontos – os mesmos que Salgueiros, Gondomar e Leça -, beneficiando do goal average (dois golos marcados e zero sofridos). A próxima jornada do Campeonato de Portugal joga-se a 18 de outubro, com a equipa da Trofa a deslocar-se à Madeira, para defrontar o União da Madeira SAD. Camp. Portugal série c Resultados 2.ª jornada Trofense 2-0 Pedras Rubras Amarante 8-0 União Madeira SAD Paredes 0-1 Leça Vila Real 0-1 Gondomar Salgueiros 1-0 Coimbrões Marítimo 7-1 Câmara Lobos
Vasco Rocha foi muito importante no triunfo va, que serviu Vasco Rocha para o primeiro tento da partida. A equipa da casa voltaria a introduzir a bola, novamente, na baliza do Pedras Rubras, mas o lance que terminou com o cabeceamento de Paulinho acabou anulado por fora de jogo. Numa das poucas investidas da formação maiata à baliza adversária, Tiago Silva rematou para defesa fácil de Serginho. Ainda antes do descanso, o Trofense reclamou grande penalidade de Rui Sacramento sobre Paulinho, mas o árbitro Fábio Silva nada assinalou. Na etapa complementar, o Pedras Rubras surgiu mais interventivo, mas ainda sem capacidade para anular o domínio do ad-
versário. Já depois de Bruno Almeida ter visto o remate a rasar o poste de Sacramento, a equipa da Maia teve oportunidade de empatar a partida, com Gonçalo Duarte a obrigar Serginho a aplicar-se. Aos 71 minutos, o 2-0: ataque iniciado por Alan Júnior a desmarcar Daniel Liberal, que, no interior da área, devolveu a bola ao avançado brasileiro e este serviu o recém-entrado Matheus Índio, que rematou à vontade para o interior da baliza do Pedras Rubras. Até ao final da partida, um lance a merecer destaque: Alan Júnior isolou Zacarias que, deslumbrado com a posição privilegiada, tentou um “chapéu” que saiu muito por cima da baliza.
Classificação Pontos 1 Trofense 4 2 Salgueiros 4 3 Gondomar 4 4 Leça 4 5 Coimbrões 3 6 Pedras Rubras 3 7 Paredes 3 8 Amarante 3 9 Marítimo B 3 10 Vila Real 0 11 Câmara Lobos 0 12 U. Madeira 0
3.ª jornada 18-10-2020 União Madeira SAD - Trofense Gondomar-Amarante Pedras Rubras-Paredes Câmara de Lobos - Leça Marítimo B-Salgueiros Coimbrões-Vila Real
Águeda é quem se segue depois de serviços “mínimos” contra Vila Meã A festa da Taça regressa à Trofa, este domingo, com o Trofense-Recreio de Águeda. Partida está marcada para as 15 horas e tem transmissão em direto no Facebook do Clube Desportivo Trofense. CÁTIA VELOSO
T rofense teve algumas dificuldades para garantir passagem
Ditou o sorteio da Taça de Portugal que o Clube Desportivo Trofense voltasse a jogar em casa, após a eliminação do Vila Meã, a 27 de setembro, na 1.ª eliminatória. Diante de um adversário de escalão inferior – Divisão de Elite da Associação de Futebol do Porto -, os “serviços mínimos” da equipa da Trofa – e o atrevimento de um Vila Meã sem medo - valeram uma partida “arrastada” até às grandes penalidades, decididas já em
fase de “mata-mata”, após Sergi- equipa de António Barbosa no lote nho defender o sétimo penálti do das que têm mais pontos conquisVila Meã e Paulinho rematar para a tados à 2.ª jornada. A estratégia da formação trofenpassagem “sofrida” dos trofenses. Agora, a equipa liderada por se passa, segundo o treinador, por António Barbosa tem pela frente o “cautela e objetividade”. “É assim Recreio de Águeda, equipa da sé- que se joga uma Taça de Portugal rie D do Campeonato de Portugal, e é assim que pensamos o futebol, que se estreia na competição, de- porque queremos vencer sempre, pois de ter ficado isento na 1.ª eli- mas temos que respeitar os adversários e perceber os momentos do minatória. A época nem tem começado de jogo, que vão variando, e aquilo feição para os Galos de Botaréu, que é possível fazer a cada instanque em dois jogos para o cam- te com o que temos disponível”, sapeonato soma outras tantas derro- lientou António Barbosa. O jogo começa às 15 horas destas (2-1 frente ao Vila Cortez e 0-2 te domingo, 11 de outubro, e terá diante do Beira-Mar). Bem mais moralizado estará o transmissão vídeo em direto na Trofense, depois de uma vitória página de Facebook e canal do esclarecedora, em casa, frente ao Youtube do Clube Desportivo TroPedras Rubras (2-0), que deixa a fense.
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Desporto
Guidões FC prevê época “competitiva” na série 1 da 1.ª Divisão Uma “temporada difícil” é o que espera Vítor Ferreira, treinador da equipa sénior de futsal do Guidões Futebol Clube, para 2020/2021. Após quase meio ano sem pisar a quadra, a equipa lança-se no novo desafio, na série 1 da 1.ª Divisão da Associação de Futebol do Porto, que é acompanhado pela aventura na Taça Distrital, que dita o início da época, este sábado, 10 de outubro. Ditou o sorteio que os guidoenses recebessem o ADC Figueiras, equipa da série 3 do mesmo escalão, numa partida que começa às 18 horas. Ainda a “assimilar” a nova realidade que é praticar desporto durante a pandemia e confrontar-se com os pavilhões sem público, a equipa do Guidões FC teve de “alterar” os “processos de treino” para “evitar lesões”, o que implicou a perda de algumas horas de preparação tática. “Acredito que o entrosamento e o ritmo de jogo serão adquiridos já com a competição a decorrer. No entanto, e apesar de todas estas dificuldades, vamos entrar em todos os jogos com o objetivo de alcançar sempre a vitória”, referiu Vítor Ferreira em declarações ao NT, mostrando con-
fiança na qualidade do plantel, apesar de “algumas mexidas” relativamente à época passada, com saída de atletas com muito tempo de jogo e entrada de reforços que trabalham, atualmente, para “assimilar os processos” da equipa. Quanto à série que calhou à formação guidoense, Vítor Ferreira antevê uma disputa “competitiva”, em que “todas as equipas podem vencer qualquer jogo”. Sobre os objetivos que traçou para a época que está Guidões Fc quer fazer boa figura na 1.ª Divisão prestes a arrancar, o técnico revelou que passam por “disputar sempre os três pontos fazer melhor do que na época anterior”. em cada jogo e melhorar a cada treino e a cada jogo para
C.V.
S. Romão vai “lutar por um lugar de subida” O Futebol Clube S. Romão é outro dos representantes do Antes de começar o campeonato, a equipa entra em ação tição, devido à atual situação pandémica. Estamos a treinar concelho da Trofa nos campeonatos federados de futsal da na Taça Distrital. O primeiro jogo acontece este sábado, 10 dentro das normas da Direção-Geral da Saúde, mas ainda Associação de Futebol do Porto. A militar na série 2 da 1.ª de outubro, às 20 horas, no pavilhão da Escola Básica e Se- temos alguns pais que estão com algum receio de deixar os Divisão, considerada “muito difícil”, a equipa romanen- cundária do Coronado e Castro, em S. Romão do Corona- seus filhos voltarem aos treinos. Esperamos que tudo corse arranca para a nova temporada apostada em fazer “um do, diante d'O Amanhã da Criança. ra bem e que possamos treinar sem limitações e com comcampeonato competitivo” e capaz de lhe garantir “presenO FC S. Romão conta ainda com três equipas no campeo- petição em breve”, frisou Hamilton Pereira. ça na fase de campeão para lutar por um lugar de subida”. nato concelhio de futsal – veteranos, seniores femininos e Já no futebol de 11, o FC S. Romão vai continuar a compe“Mantivemos alguns atletas da época passada e refor- seniores masculinos -, numa participação mais recreativa. tir no Campeonato do INATEL, no qual espera fazer, igualçamos com qualidade. Temos trabalhado bem e estamos “Esperamos que os atletas se divirtam e que tenham a me- mente, boa figura. “A equipa está a fazer uma excelente préesperançados em estar nos primeiros lugares no final do lhor prestação possível”. -época, muito bem trabalhada. Temos um grupo de atletas campeonato”, adiantou Hamilton Pereira, elemento da coEm standby continua o futuro das equipas de formação: de grande qualidade e todos os envolvidos estão comproletividade. “Temos cinco equipas, mas não sabemos se vão ter compe- metidos para fazer uma excelente prestação”, sublinhou.
Deolinda Oliveira campeã nacional
Trofa na Volta a Portugal “Arrepia o silêncio que sobe a Senhora da Graça. Ninguém no caminho. A meio, o ÚNICO cartaz. Comovi-me. Obrigado pelo vosso tempo e carinho”. Foi desta forma que João Pedro Mendonça, jornalista da RTP, reagiu ao cartaz colocado junto à estrada por onde passou a caravana da Volta a Portugal, na mítica etapa da Senhora da Graça. O cartaz marcou a participação da Trofa na prova, já presença habitual tanto na assistência como no próprio pelotão. Este ano, o concelho teve três representantes: o já experiente Daniel Silva, na Rádio Popular/Boavista, Joaquim Silva, que se estreou como chefe de fila da equipa Miranda-Mortágua, e a promessa da modalidade, Fábio Costa,
recentemente campeão nacional de sub-23, que veste a camisola da Kelly/Simoldes/UD Oliveirense. Daniel Silva foi o que, dos três, conseguiu melhor classificação, o 33.º lugar, a 34:22 minutos do camisola amarela, Amaro Antunes, da W52/FC Porto. Joaquim Silva, que se destacou nalgumas etapas, principalmente na 7.ª – que terminou com a subida à Serra da Arrábida - onde esteve no grupo da fuga, concluiu a participação na prova no 54.º lugar, enquanto Fábio Costa terminou num 76.º posto, que em nada belisca a satisfação do corredor face aos objetivos concretizados pela equipa.
Deolinda Oliveira, atleta da Escola de Atletismo da Trofa, sagrou-se campeã nacional, a 26 e 27 de setembro, no Campeonato Nacional de Veteranos realizado em Lisboa. A corredora, em F50, venceu na disciplina de 2000 metros obstáculos. Já a colega de equipa Júlia Sousa, também em F50, foi 3.ª classificada nos 400 metros e 4.ª nos 1500 metros. Nesta competição participaram 605 atletas. Estiveram representadas 17 associações regionais de atletismo e foram batidos 12 recordes nacionais e estabelecidos 4 recordes nacionais para escalões em que ainda não havia registo.
8 de outubro de 2020
José Pedro Maia Reis
O NOTÍCIAS DA TROFA
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História
A Trofa na Rota do Linho?
( 1943-1979)
Memórias e Histórias da Trofa
Descanse em paz, Dra. Maria júlia Padrão Permitam-me que escreva estas linhas com um sentido um pouco diferente do habitual, não será somente uma simples narrativa histórica, mas o balanço de uma vida de alguém que tanto deu à sua comunidade e soube servir os seus elementos, valorizando o humanismo da sua profissão que é esquecido por muitos, em que o vil metal se sobrepõe ao espírito de missão. Filha do valoroso médico Avelino da Costa Moreira Padrão, humildemente tratado pelas suas gentes como o “médico dos pobres”, alcunha conseguida pelo seu espírito de missão que iria transmitir e educar as suas gerações futuras, sendo igualmente um apaixonado pela sua terra, tendo enorme responsabilidade além da prática médica e a sua envolvência com a sociedade, o seu apoio à introdução do teatro na freguesia, como também na obra de S. Gens, entre outras causas públicas e bairristas. Todavia, o palco desta crónica tem de ser dado a esta sua filha que, recentemente acabou por partir, não devendo nunca esquecer a sua ousadia de desafiar os padrões de uma época e que até hoje seriam tratados como pioneiros. A perspicácia de perceber que poderia ter um complemento à sua formação, que lhe poderia ser útil na sua vivência profissional diária, iria realizar e concluir com sucesso um importante patamar académico na área da enfermagem, conseguindo uma maior polivalência profissional futura. A ousadia de ser mulher e ter uma formação académica ao nível superior, algo que era estranho e também negado para a maioria das mulheres naquele tempo, sinais de tempos e mentalidades que ainda bem que se perderam na passagem dos tempos. A ousadia de, na fundação da sua farmácia em 1951, pegar numa bicicleta com o apoio da sua irmã, realizando inúmeras viagens a todos os horários do dia para entregar medicamentos e também prestar cuidados básicos de enfermagem, não esquecendo que mesmo de noite, o trabalho era intenso para a produção dos “manipulados”, uma ia revezando a outra nestas missões e permitia que a população trofense tivesse acesso a cuidados de enfermagem. A ousadia de, em 1975, ser mulher e ser candidata à Assembleia Constituinte pelas listas do PPM no círculo do Porto, numa fase conturbada da nossa história em que a paixão pela política era superior à racionalidade, como também uma mulher na política ainda era algo estranho para a comunidade. O respeito que granjeou em vários setores da sociedade portuguesa, notabilizando-se no amor à sua terra com o apoio à introdução da Caixa de Crédito Agrícola na Trofa, a várias causas da Igreja Católica, lar de idosos e por último sempre próxima da corporação dos Bombeiros Voluntários da Trofa. O texto desta semana não é um simples elogio, é um reconhecimento a uma vida que tanto deu à sua comunidade, que a serviu com o nobre espírito de missão com a esperança que a sua vida, sirva de exemplo a atual e a futuras gerações, comprovando que o sexo com que o ser humano nasce em nada invalida a sua capacidade de ser um exemplo e conquistar o respeito da sua comunidade. Descanse em paz….
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Da antiga empresa apenas resta a chaminé “Triste linho. O que ele padeceu para chegar a ser branco e útil. Foi semeado, arrancado, ripado, moído, espadelado, sedado, fiado, ensarilhado, meado, cozido, corado, dobrado, novelado, urdido e tecido”. São estas as fases por que passa a transformação do linho, desde o seu cultivo até ao branqueamento final... Mas, o que é o linho e qual a sua composição? É uma planta herbácea, que chega a atingir um metro de altura e pertence à família das lineáceas (com flor azulada). O linho compõe-se basicamente de uma substância fibrosa, da qual se extraem as fibras longas para a fabricação de tecidos e de substância lenhosa. Produz sementes oleaginosas e a sua farinha é utilizada para cata-plasmas de papas, usadas para fins medicinais. O linho é um dos tecidos mais antigos da humanidade; acredita-se que foi descoberto há mais de 36.000 anos. Para a antiga sociedade egípcia, era de uma importância fulcral, sendo igualmente reverenciada pelas tribos de Israel. No território que viria a ser Portugal, o cultivo do linho e a sua utilização têxtil provém dos tempos pré-históricos. Junto das Caldas de Monchique, no Algarve, recolheu-se um pequeno farrapo de linho que remonta ao ano 2500 a.C. Tem sido um têxtil amplamente utilizado antes do algodão e outras fibras. Não deverá haver pequeno ou grande templo em Portugal que não tenha, em seus altares, uma toalha de linho...
Clube Slotcar da Trofa CONVOCATÓRIA: João Pedro de Sousa Rodrigues Costa, na qualidade de presidente da Assembleia-Geral do Clube Slotcar da Trofa (associação desportiva, recreativa e cultural sem fins lucrativos), com o NIPC atribuído 507541774 informa que, de acordo com os estatutos da associação, irá promover eleições aos Órgãos Sociais para o mandato do triénio 2020/2023. Neste contexto, convida todos os associados com quotas em dia, para uma participação ativa neste momento importante da vida da coletividade, fixando o período para entrega de listas até ao dia 14 de outubro às 24 horas. O ato eleitoral decorrerá no dia 28 de outubro, entre as 19 e as 21 horas, na Rua das Indústrias, n.º 220, freguesia de Bougado, 4785-625 Trofa. Mais informações serão afixadas na morada acima indicada e publicadas nas páginas oficiais da associação. Trofa, 28 de setembro de 2020 João Pedro de Sousa Rodrigues Costa Presidente da Assembleia-Geral
Curtimento ou maceração do linho Depois de apanhado e ripado, o linho tem que ser alagado, normalmente na ribeira ou num charco. O curtimento é uma das operações mais importantes. A cola vegetal que une as camadas de fibras aos tecidos da casca do lenho é removida para que as fibras possam ser retiradas. Uma maceração excessivamente longa destruiria a cola entre as fibras, o que prejudicaria a sua resistência. Em regra deixa-se o linho a macerar de 12 a 20 dias. Para evitar a força ascensional, colocam-se pesos nos feixes que os conservam sempre debaixo de água. Retirado da água, depois de seco e atado, é levado para o maçadouro. Central de Maceração da Trofa No ano de 1943, é instalada uma empresa de Maceração do Linho, no lugar das Cavadas, (hoje junto ao Hospital da Trofa) em Real, na margem esquerda do Rio Ave, a que foi dado o nome de Central de Maceração da Trofa. A principal atividade desta empresa era “macerar” o linho, ou seja, descascar e amolecer os caules, obtendo a rama, que depois era transportada para a fábrica da Senhora da Hora (EFANOR), em camiões, onde era fiada, tecida e manufaturada em peças de panos para bragais, enxovais, adereços e vestuário. De salientar, que, para obter a matéria-prima - o linho - em abundância, a chamada casa-mãe (EFANOR) desenvolveu “campanhas de linho”, incentivando os lavradores do litoral nortenho, desde o Ave ao Lima, compreendendo os concelhos de Famalicão, Guimarães, Vila do Conde, Póvoa de Varzim, Esposende e Viana, fornecendo-lhes antecipadamente sementes, adubos e assistência técnica, com a garantia da absorção da produção. Entretanto, a EFANOR tinha outra unidade fabril em Soure, o que somado com a produção da Trofa, “trabalhavam”, anualmente, 1500 toneladas de palha de linho com as fibras ali obtidas (nas duas empresas), a fiação de linho produzia cerca de 150 toneladas de fios de linho e estopa que abasteciam, além da tecelagem da empresa-mãe, as restantes tecelagens do País (entre as quais as da Fábrica Nacional da Cordoaria), exportando-se ainda cerca de 60 por cento da sua produção para o mercado internacional. Durante mais de três dezenas de anos, a empresa Central de Maceração da Trofa laborou e produziu centenas de toneladas de linho para a sua congénere da Senhora da Hora; entretanto, a cultura do linho desapareceu e o público deixou de se interessar pelos produtos manufaturados, tendo a fábrica de maceração encerrado as suas portas, no lugar das Cavadas, nos finais dos anos setenta, do século XX. A. Costa
14 O NOTÍCIAS DA TROFA
8 de outubro de 2020
Crónica Especial
Paróquia de Guidões - Fragmentos da sua génese 10.º Capítulo - Cemitério Ao longo dos séculos, o homem inumou os seus mortos em sarcófagos e com evolução a sua cremação foi incrementada em algumas civilizações. Nos primórdios do catolicismo, a última morada do homem católico era nos adros ou na igreja, por considerarem ser um lugar sagrado e por isso ficarem mais perto de Deus, tumulati ad sanctos, cabendo portanto a igreja cuidar da alma e implicitamente enterrar os defuntos. No século IX, surgiram os cemitérios rurais, nos adros ou nas imediações dos templos religiosos, tumulatio appred eclesia, por questão de saúde pública. Foi a revolução liberal que impôs o sepultamento dos defuntos nos cemitérios afastados das povoações, por questão de salubridade pública, mas a população arreigada à tradição de os depositar nas igrejas revoltou-se e entre muitos casos temos a Maria da Fonte, na Póvoa de Lanhoso. Foi o Decreto de 21 de Setembro de 1835, da iniciativa do governo de Rodrigo da Fonseca Magalhães e assinado pela Rainha D. Maria I, que veio impor a criação dos cemitérios civis, a cargo das câmaras municipais ou das juntas de paróquia, em todas as povoações, afastados das casas e de edifícios públicos, cercados com muros de 10 palmos (2,2 metros) de altura, entre outras condições, proibindo deste modo o enterramento nas igrejas ou mesmo nos adros. Costa Cabral, com a Lei de Saúde Pública de 28 de Maio de 1844, reforçou a imposição do enterramento ser feito nos cemitérios e obrigava ao registo de óbito, um dos motivos da revolta popular contra o “Cabralismo”. Só em 16 de Dezembro de 1890 saiu uma Circular do Ministé-
construção de jazigos espaçosos para os beneméritos, uma capela imponente da Casa Lopes e do Nascente uns gavetões que existiam no primitivo cemitério e foram aí reconstruídos. A capela do Senhor dos Passos foi aí reconstruida no topo Sul ao centro ao lado da capela da Casa Lopes, onde hoje estão as escadas de acesso à parte nova. Os talhões eram rodeados de caminhos e ao centro foi erigido um cruzeiro composto por um estrado de três degraus, um plinto assente em quatro bolas e sobre este assenta uma cruz grande. À frente do cruzeiro foi construído um ossário, onde foram colocados os restos mortais do antigo cemitério, coberto com uma laje com a seguinte inscrição em baixo relevo: Cemitério de Guidões rio do Reino que definia as bases para a construção dos cemitérios, que viria a ser actualizada nos anos sessenta do século XX. Estas notas são fragmentos da convulsão gerada em torno da inumação dos corpos no século XIX, muito fértil em legislação, que viria a terminar com a Circular de 1890, que clarificou e estabeleceu as normas para a edificação dos cemitérios, sua manutenção e a quem competia gestão, não descurando um elemento fundamental no apaziguamento da população ao mandar abençoar o espaço. Em Guidões, os finados eram inumados no pequeno adro da primitiva igreja e, em 1901, o paroquiano José Gonçalves Dias propôs à junta da paróquia comprar parte da bouça da Cruz ao António Lopes Alvim da Silva, para nele se construir um novo cemitério, mediante algumas condições e a mais relevante seria
que a sua construção se iniciasse no prazo de dois meses. A junta de paróquia como não tinha recursos financeiros para iniciar a obra declinou a oferta, embora tenha sido feita a vistoria ao terreno por peritos e considerado apto para o fim em vista. Em 1906, no dia 8 de Junho, domingo, a junta de paróquia reuniu-se na sala de reuniões da freguesia, sendo presidida pelo Padre José d’Abreu Martins, estando presentes os vogais António da Costa Campos e Henrique Dias Carneiro e o regedor José Dias d’Oliveira, sendo proposto para análise a oferta do paroquiano António Lopes Alvim da Silva de parte do terreno denominado bouça da Cruz, para nele se construir o cemitério paroquial, dada a necessidade imperiosa do mesmo, mas impunha as seguintes condições: 1.º Início da obra no prazo de dois meses, a contar da data da aprovação da entidade competente; 2.º Ter direito a escolher terreno para fazer jazigo para a família; No dia 15 de Novembro de 1908. em reunião ordinária da junta da paróquia, presidida pelo pároco Adélio Moreira d’Araújo e os vogais António da Costa Campos e Henrique Dias Carneiro. e no uso da palavra, o presidente informou da conclusão das obras do cemitério e que as mesmas se deviam à generosidade de alguns fregueses beneméritos em troca de terreno para construção dos seus jazigos, a saber:
• D. Etelvina Ferreira Dias deu 100$000 e deseja 4mx 4m
• António Joaquim Ferreira Lopes deu 80$000 e deseja 4mx 4m
• Joaquim Fernandes d’Araújo
À MEMORIA DOS RESTOS MORTAIS DO ANTIGO CEMITÉRIO TRANSLADADO PELA JUNTA DA FREGUESIA EM 02/11/1917
deu 50$000 e deseja 3mx 3m
• José Gonçalves Pereira deu 50$000 e deseja 3mx 3m • D. Rita Dias de Campos deu 30$000 e deseja 3mx 3m • José Gonçalves Dias deu 10$000 e deseja 2mx 1m • Manuel Ferreira d’Azevedo deu 10$000 e deseja 2mx 1m Descrita a relação dos benfeitores, das suas doações e as suas pretensões, o presidente tece palavras de louvor e o quanto foi importante para a paróquia a construção deste cemitério, dado que o existente estava totalmente repleto e propôs como sinal de gratidão pelo gesto altruísta dos mesmos que se doasse pelos meios legais o terreno pretendido, dado que a sua doação é superior ao valor do terreno pretendido e o cemitério era suficientemente amplo e propunha que se pedisse autorização ao Governador Civil do Distrito para fazer a respectiva doação. Esta proposta foi aprovada por unanimidade e os restantes membros tomaram a palavra para sublinharem a sua gratidão. Para a paróquia de Guidões fica solucionado o problema do enterramento dos seus entes queridos com um moderno cemitério dividido em quatro talhões suficientemente amplo, murado e moderno. Na verdade, o espaço era suficientemente amplo e comportou a
Nas costas do cruzeiro uma mesa de repouso em granito para pousar as urnas. O muro feito em xisto capeado em granito, saibrado e caiado. Sobre este, grades em ferro forjado. O portão de entrada estava chumbado em duas ombreiras em granito rematadas em cima com um jarrão também em granito, feito em ferro forjado gradeado, encimada com uma bandeira também em ferro forjado trabalhado e com a data 1906. Na realidade este cemitério vinha-se justificando pelo aumento demográfico, uma vez que em 1801 havia 236 habitantes e em 1900 eram já 688 habitantes, segundo censos. Com o aumento da população, em 1976 foi ampliado para sul, dado que já estava a ficar lotado. Uma obra importante, ficando com o dobro da sua capacidade com mais quatro talhões bordejados com caminhos e ao centro uma nova mesa de repouso, para pousar as urnas e ao fundo reedificaram a capela do Senhor dos Passos. Já no século XXI aumentaram para Nascente com novas valências. José Manuel da Silva Cunha
8 de outubro de 2020
O NOTÍCIAS DA TROFA
Necrologia S. Martinho de Bougado
S. Martinho de Bougado
Maria Margarida Seren de Gouveia Monteiro Sousa Freire. Faleceu no dia 5 de outubro com 68 anos. Casada com Jorge Alberto Loureiro de Sousa Freire
Jorge Manuel Gonçalves de Oliveira. Faleceu no dia 5 de outubro com 55 anos. Marido de Rosa Pereira de Sousa Areias
Bougadense arranca no campeonato
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Atualidade
Sudoku
Agência Funerária Trofense, Lda
Agência Funerária Trofense, Lda
S. Martinho de Bougado
Muro
Maria Júlia Moreira PadrãoFaleceu no dia 2 de outubro com 96 anos. Proprietária Farmácia Moreira Padrão
José Maria Moreira da Silva. Faleceu no dia 29 de setembro com 69 anos. Casado Maria de Fátima da Costa Neves Moreira da Silva
Agência Funerária Trofense, Lda
O Atlético Clube Bogadense inicia a competição na série 2 da Divisão de Honra da Associação de Futebol do Porto, no domingo, 11 de outubro, às 15 horas, no terreno do Citânia de Sanfins.
Rocha Funerárias, Lda
S. Martinho de Bougado
S. Martinho de Bougado
Adriano Monteiro Nogueira Faleceu no dia 30 de setembro com 58 anos.
António da Costa Linhares Faleceu no dia 3 de outubro com 58 anos.
Farmácias Dia 8
Agência Funerária Trofense, Lda
Agência Funerária Trofense, Lda
Farmácia Moreira Padrão Dia 9
Alvarelhos
Alvarelhos
Abílio Moreira de Mesquita Faleceu no dia 28 de setembro com 91 anos. Casado com Amélia de Oliveira Castro
Maria Fernanda da Silva Oliveira Sá. Faleceu no dia 28 de setembro com 77 anos. Viúva de David Ferreira de Sá Rocha Funerárias, Lda
Rocha Funerárias, Lda
Farmácia de Ribeirão Dia 10 Farmácia Trofense Dia 11 Farmácia Barreto Dia 12
S. Martinho de Bougado
Muro
Águeda Maria de Oliveira Lima. Faleceu no dia 28 de setembro com 84 anos. Viúva de Camilo de Sá Rodrigues
Adília Rosa de Azevedo Maia Dias. Faleceu no dia 27 de setembro com 54 anos. Casada com Manuel Joaquim da Silva Dias
Agência Funerária Trofense, Lda
Palavras cruzadas
Farmácia Nova
Rocha Funerárias, Lda
Dia 13 Farmácia Moreira Padrão Dia 14 Farmácia de Ribeirão Dia 15
Guidões
Farmácia Trofense
António Ferreira Maia Faleceu no dia 26 de setembro com 89 anos. Viúvo de Alice de Azevedo de Sousa Moreira Rocha Funerárias, Lda
Inscrições para jubileus matrimoniais Estão abertas as inscrições para os casais que pretenderem fazer parte do Dia Diocesano da Família, que a vigararia da Trofa/Vila do Conde vai assinalar, a 29 de novembro, às 15h00, na Igreja Nova da Trofa. A cerimónia, que pretende assinalar os 10, 25, 50 e 60 anos de matrimónio dos casais, que receberão uma bênção personalizada do Bispo do Porto, D. Manuel Linda.Os interessados devem inscrever-se no cartório paroquial ou junto da Equipa da Pastoral Familiar, para poderem receber o diploma personalizado.
Dia 16 Farmácia Barreto Dia 17 Farmácia Nova Dia 18 Farmácia Moreira Padrão Dia 19 Farmácia de Ribeirão Dia 20 Farmácia Trofense Dia 21 Farmácia Barreto Dia 22 Farmácia Nova
Telefones úteis Bombeiros Voluntários Trofa 252 400 700 GNR da Trofa 252 499 180 Centro de Saúde da Trofa 252 416 763//252 415 520
Verticais 1. Parte do corpo que dói à pessoa invejosa. 2. Dão sinal quando estamos tristes 4. O alho tem vários. 5. O dos mentirosos cresce. 7. Une a cabeça ao tronco. 8. Abdómen em linguagem corrente. 10. Cicatriz no centro do adbómen. 13. Permite dobrar a perna. 14. Usamo-la para saborear. 15. Cada mão tem cinco
Horizontais 1. Opõe-se à razão 3. Na história do Capuchinho Vermelho, o lobo mau tinha uma enorme. 6. Não serve só para usar o chapéu. 9. Órgãos da audição. 11. O ladrão levanta-os quando é apanhado pela polícia. 12. Pilatos lavou as dele. 14. Usamo-los para beijar. 16. O coração bate dentro dele. 17. Usamo-las para correr. 18. No singular, é sinónimo de litoral.
Soluções da edição passada
Centro de Saúde S. Romão 229 825 429 Centro de Saúde Alvarelhos 229 867 060 F icha T écnica Diretor: Hermano Martins Sub-diretora: Cátia Veloso Editor: We do com unipessoal, Lda. Redação: Cátia Veloso, Magda Machado de Araújo Colaboradores: Atanagildo Lobo, Jaime Toga, José Moreira da Silva, João Pedro Costa, João Mendes, César Alves, José Pedro Reis, Moutinho Duarte | Fotografia: A.Costa, Miguel Trofa Pereira (C.O. 865) Composição: Cátia Veloso e Magda Araújo | Impressão: Gráfica do Diário do Minho, Lda., Rua de S, Brás, n.º 1 Gualtar, Braga| Assinatura anual: Continente: 18,50 euros; Extra europa: 45 euros; Europa: 35 euros; | Assinatura em formato digital PDF: 15 euros IBAN: PT50 0007 0605 0039952000684 | Avulso: 0,70 Euros | E-mail: jornal@onoticiasdatrofa.pt | Sede e Redação: Rua das Aldeias de Cima, 280 r/c 4785 - 699 Trofa Telf. e Fax: 252 414 714 Propriedade: We do com unipessoal, Lda. NIF.: 506 529 002 Nº Exemplares: 5000 | Depósito legal: 324719/11 | ISSN 2183-4598 | Detentores de 100 % do capital: Magda Araújo | Estatuto Editorial pode ser consultado em www.onoticiasdatrofa.pt | Nota de redação: Os artigos publicados nesta edição do jornal “O Notícias da Trofa” são da inteira responsabilidade dos seus subscritores. Todos os textos e anúncios publicados neste jornal estão escritos ao abrigo do novo Acordo Ortográfico. É totalmente proibida a cópia e reprodução de fotografias, textos e demais conteúdos, sem autorização escrita.
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8 de outubro de 2020
O NOTÍCIAS DA TROFA
Maria Júlia Padrão (1923-2020)
A menina da Farmácia partiu Em poucos dias, a Trofa perdeu duas referências, que, à boleia de um sentido cívico e muita ousadia, ajudaram a escrever a história do concelho. Uma dessas referências foi Maria Júlia Padrão, figura incontornável da sociedade trofense, que partiu a 2 de outubro, aos 96 anos, deixando um legado quase impossível de replicar. Para os anais da história desta comunidade fica o espírito emancipado e muito à frente do seu tempo, a mostrar o caminho do progresso. CÁTIA VELOSO Mais velha de cinco irmãos, dois rapazes e três raparigas, Maria Júlia herdou a vocação artística da mãe, exímia tocadora de piano, tendo sido orfeonista no Orfeão Universitário, mas inclinou-se mais para a pintura. Ainda assim, foram as pegadas do pai, Avelino Moreira Padrão, conhecido como “médico dos pobres”, que sustentaram muito do que foi a vida desta jovem que se formou, em 1945, na Faculdade de Farmácia do Porto. Prontificou-se a apoiar o progenitor no atendimento aos doentes, mais concretamente na administração de vacinas e injetáveis, mas Avelino Moreira Padrão era exigente e quis que Maria Júlia se especializasse também em enfermagem. E assim foi. No último ano de licenciatura, a jovem inscreveu-se na Faculdade de Medicina do Porto e tirou, simultaneamente, o curso de enfermeira visitadora. O sonho de ser médica, anulado por quase não ouvir do lado esquerdo, foi substituído pelo projeto que criou com a irmã, Maria José, depois de cinco anos a ajudar Avelino nas consultas: a Farmácia Moreira Padrão abriu em 1951,
M aria Júlia Padrão marcou a história da T rofa um ano depois do falecimento do pai. Este tinha aprovado os intentos das filhas, com uma condição: não entrar em guerras comerciais com a farmácia já existente na Trofa. E naquele tempo, corrido sem o percalço de uma pandemia, as Marias foram empreendedoras, ao prestar serviços
de enfermagem e entrega de medicamentos ao domicílio. Faziam-no a pedalar. Maria Júlia e Maria José saíam pelas aldeias de bicicleta, muitas vezes revezavam-se nas corridas. “Nesse tempo, não havia horário de trabalho. Aplicávamos injeções de penicilina de quatro em quatro horas. Enquanto uma descansava, a outra ia”, contou, numa entrevista à Saúda. Teve a felicidade de nunca ter tido “um mau encontro” e de ser “muito respeitada” pela comunidade. À imagem do que acontecia com o pai, também estas jovens não cobravam nada pelos serviços que prestavam e quem podia oferecia géneros, como batatas, pão e hortaliças. Maria Júlia não se destacou apenas nos cuidados médicos. Na política, também deixou marca, e bem vincada tendo em conta o tempo em que viveu. Tinha o “bichinho da política”, porque não conseguia “ficar alheada dos problemas do país”. Também neste capítulo, seguiu inspirada pelo pai, alistando-se no Partido Popular Monárquico. Mas apesar de preferir “um Rei, educado para isso”, em Portugal, não se furtava ao dever cívico do voto, mesmo nas presidenciais. Era amiga próxima de D. Duarte Pio, que a ajudou, aliás, a criar a Caixa de Crédito Agrícola na Trofa, e seguiu os preceitos do catolicismo, tendo apoiado vários projetos comunitários. Viveu intensamente, trabalhou até ao fim, disponibilizando sempre um sorriso, sem exagerar na dose. A doutora Maria Júlia partiu sem dever nada a ninguém. A Trofa deve-lhe muito.