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Opiniões
superando o, até então,
insuperável No governo anterior, o setor foi convocado a superar o insuperável: sobreviver à política governamental de congelamento do preço da gasolina por anos a fio e o seu reflexo intrínseco no preço do etanol. "
Pedro Robério de Melo Nogueira
Presidente do Sindaçúcar-Alagoas e Vice-Presidente do COAGRO - Conselho Temático da Agroindústria da CNI
A continuidade e o desenvolvimento da produção de biocombustíveis no Brasil com estabilidade, previsibilidade e sustentabilidade, depende da implementação e regulação do permissivo a ser estabelecido para o RenovaBio – programa governamental que recebe essa denominação por abranger todo o espectro que envolve esse tipo de combustível renovável, notadamente o etanol. A opção brasileira de adotar o etanol em sua matriz de combustíveis, há quatro décadas, através do Proálcool, nos colocou em uma vanguarda nada trivial, na medida em que estimulou a produção em larga escala em quase todas as regiões do País e instalou uma rede nacional de distribuição ao consumidor sem precedentes em nenhum país no mundo, para um combustível novo em relação ao de origem fóssil. A decisão governamental de implantar o Proálcool, subordinada à imperiosa necessidade de reduzirmos os expressivos desembolsos de divisas na conta de importação de petróleo após os dois choques – em 1973 e 1979 –, em seguida se apresentou como um estímulo para o aumento da eficiência na expansão do setor sucroalcooleiro e um grande vetor de desenvolvimento regional em locais de poucas alternativas de implantação de polos econômicos com grande densidade no emprego e na circulação de renda através de cadeias produtivas de longo alcance e arranjos produtivos locais de grande valia.
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Entretanto, superada a motivação inicial do seu lançamento com a redução gradual do preço do petróleo, o programa começa a ser questionado de forma liminar quanto a sua viabilidade econômica e eficiência energética, convivendo com a estagnação, e, mais do que isso, a incerteza quanto ao futuro, para o desalento de centenas de unidades industriais e milhares de fornecedores de cana e trabalhadores. A ameaça de retomada na esteira do surgimento do carro flex em 2003 durou pouco, pois logo depois o setor foi convocado a superar o insuperável: sobreviver à política governamental de congelamento do preço da gasolina por anos a fio e o seu reflexo intrínseco no preço do etanol. No processo racional de produção foi impossível, do ponto de vista empresarial, absorver custos crescentes com receita congelada. Ficou evidente o aumento do endividamento, a redução da produtividade pela fadiga dos canaviais e, inclusive, a indução à baixa do preço do açúcar pela maior oferta deste pelo produtor brasileiro desestimulado a produzir etanol nas condições já expostas. O ambiente de desencanto pela produção de etanol nessa última década, a avassaladora escala de desativação de empresas, a consequente destruição de milhares de postos de trabalhos e a perplexidade de se assistir ao desmonte irracional do maior programa de combustível renovável e sustentável do planeta em época de apelo universal contra o aquecimento global, passou a urgenciar a renovação do ; programa de biocombustíveis.