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FLORESTAL: celulose, papel, carvão, siderurgia, painéis e madeira ano 21 • número 77 • Divisão F • set-nov 2024
as avançadas formas de se fazer
manejo no sistema florestal
Importante • Important
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Teotônio e Cristiane Assistech Embrapa
Matheus Gueratto Intoos
Brito IPEF
Saulo e Oguri PCMAF/IPEF
Rogério Rangel Biotrop
Carla Garcia Veracel
Izabel Figueiredo Plantar
Márcio Reis Cenibra
José Leonardo Esalq-USP
Samuel e Nairam UF-Viçosa
David Arbex Aperam Bio
Leandro Chinellato Suzano
Christoffoleti e Luiz Henrique Herbtech
Marcelo Minhoto Unesp Ilha Solteira
Tassio Costa Ani Sistemas
Caio Rachid UF-RJ
Alberto Laranjeiro Equilíbrio
Rudolf Woch Apoiotec
Rayanne Teixeira Suzano
Renato Junqueira Sylvamo
Walter Batista Agerh
Capa: acervo Biotrop Índice: acervo Suzano
Maurício e Júlio César UF-Viçosa
Gerardo Pérez Suzano
Reynaldo Santana UFV-Jequitinhonha e Mucuri
Jarbas e Petrilli Dexco
Professor Angelo UFV-Jequitinhonha e Mucuri
Marcos Sacco Bracell
Luiz Ferraresso Paracel
Sharlles Eldorado
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A importância do melhoramento genético
no manejo florestal
O manejo florestal pode ser conceituado como “a administração das florestas para obtenção de benefícios econômicos, sociais e ambientais”. Já o melhoramento genético é entendido como “a ciência, a arte e o gerenciamento dos recursos do aperfeiçoamento das plantas visando o benefício da sociedade humana”. Assim, o melhoramento genético tem grande importância nessa forma mais moderna com que o manejo florestal é praticado.
É reconhecido também que a tríade da sustentabilidade, formada pelos fatores econômicos, sociais e ambientais, pode ser positivamente influenciada pelo melhoramento genético. Isso porque as cultivares florestais geradas são capazes de impactar positivamente na melhoria da qualidade e no aumento da quantidade dos produtos que são disponibilizados à sociedade e, consequentemente, na melhoria da rentabilidade do negócio florestal, bem como na redução da pressão por madeira procedente de florestas nativas, o que contribui para a conservação deste recurso.
Embora sejam atividades complementares e interdependentes na produção florestal, o melhoramento genético tem influências importantes e diretas no manejo florestal. Os efeitos mais diretos dizem respeito ao potencial de produtividade.
É sempre bom lembrar que o melhoramento genético aumenta o potencial produtivo dos materiais genéticos, mas é a silvicultura e o manejo que asseguram sua melhor expressão. Segundo a equação clássica do melhoramento genético, o fenótipo (F) é igual ao somatório dos efeitos de genótipo (G), dos efeitos do ambiente (A) e da interação entre o genótipo e o ambiente (GxA) (F=G+A+GxA). Na prática, esta equação significa que a produtividade da floresta em si, ou seja, aquilo que é visto, medido e avaliado, é o resultado da constituição genética das árvores que a compõem, do sítio de plantio no qual as características genéticas desses indivíduos se expressam e das interações entre o material genético e o sítio de plantio. Do exposto, fica comprovado que um bom potencial genético deve ser acompanhado de boas técnicas silviculturais e de manejo para se ter uma floresta mais produtiva. Quanto maior for o potencial genético das árvores, maiores serão as respostas às técnicas silviculturais e de manejo utilizadas. Assim, não é suficiente utilizar as melhores técnicas silviculturais e de manejo se o potencial genético das árvores não for adequado.
É sempre bom lembrar que o melhoramento genético aumenta o potencial produtivo dos materiais genéticos, mas é a silvicultura e o manejo que asseguram sua melhor expressão. "
Teotônio Francisco de Assis e Cristiane Aparecida Fioravante Reis
Diretor da Assistech - Tecnologia em Melhoramento e Pesquisadora da Embrapa Florestas, respectivamente
Por outro lado, o maior potencial genético por si só não maximiza a produtividade, se as técnicas silviculturais e de manejo não forem adequadas à melhor expressão desse potencial. Seja pelo seu efeito direto no aumento potencial de crescimento volumétrico das árvores, seja pela possibilidade de gerar indivíduos resistentes/tolerantes a doenças, insetos-pragas, ventos, déficit hídrico e distúrbio fisiológico, o melhoramento genético é fundamental para um bom manejo sustentado. Alguns exemplos práticos deste fato são listados a seguir.
Em um estudo conduzido pelos professores Roland Vencovsky e Magno Ramalho (2006), foi estimado que 50% dos ganhos obtidos no decorrer do tempo possam ser creditados ao melhoramento genético. Assim, nota-se que uma parcela considerável do aumento da produtividade de madeira de eucalipto, a qual saltou de aproximadamente 15 m³/ha.ano-¹ (1970) para 38,9 m³/ha.ano-¹ (2021), seja advinda do melhoramento genético. Entre 1970 e 2021, houve 159% de ganho em produtividade de madeira de eucalipto, o que equivale a uma média de 3,12% ao ano.
Por intermédio do melhoramento genético, são também desenvolvidas árvores resistentes/tolerantes a fatores bióticos e abióticos. Ganhos importantes já foram incorporados ao setor florestal também neste quesito. Um exemplo marcante foi o controle da ferrugem e cancro, por meio do uso de clones resistentes/tolerantes de Eucalyptus urophylla x E. grandis na região de Aracruz, Espírito Santo, na década de 1970, dentre outras regiões. Essa inovação contribuiu para resguardar a boa sobrevivência e a produtividade de eucalipto naquelas regiões, bem como promover e consolidar a clonagem como uma extraordinária ferramenta dentro dos programas de melhoramento do eucalipto no Brasil.
Por outro lado, uma série de problemas tem sido enfrentada com o desenvolvimento de materiais genéticos resistentes e tolerantes ao longo dos últimos anos. Assim, foi conduzido um levantamento em 23 empresas florestais brasileiras ligadas aos segmentos de celulose, celulose e papel, carvão e energia, chapas, madeira serrada e TIMO. Esta prospecção teve como objetivo diagnosticar as causas das retiradas operacionais de clones de eucalipto dos programas de plantio nos últimos 10 anos.
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Constatou-se que 101 clones foram retirados devido a problemas com doenças (ferrugem, ceratocystis, erwinia, ralstonia, cancro, xantomonas, antracnose, gomose, dothiorella e calonectria), 54 clones retirados por problemas com insetos-pragas (vespa da galha, psilídeo de concha e percevejo bronzeado) e 137 clones retirados em razão suscetibilidades a fatores abióticos (distúrbio fisiológico, déficit hídrico, vento, problemas radiculares, declínio clonal e geadas). Foram listados, ao todo, 292 clones, sendo 42 destes repetidos, ou seja, diagnosticados com mais de uma causa de retirada operacional dos programas de plantio.
Estes fatores são redutores da produtividade, e seu controle é importante na obtenção de uma produção florestal com maior estabilidade e com menores riscos de sobressaltos no suprimento de madeira na indústria. Do exposto, nota-se que há muitos desafios no desenvolvimento de cultivares resistentes/tolerantes a fatores bióticos e abióticos, sobretudo neste cenário de mudanças climáticas. Atualmente, por exemplo, são poucos os clones capazes de tolerar eventos de seca crítica/extrema em território brasileiro.
Adicionalmente, deve-se salientar que o melhoramento genético é a atividade que apresenta maiores possibilidades de se promover alterações significativas na qualidade da madeira das árvores. Como se sabe, a qualidade da madeira é um fator de grande importância no manejo, pois pode promover reflexos altamente positivos para as indústrias de base florestal, sobretudo nos custos florestais, nos ganhos de processo industrial e na qualidade dos produtos.
Neste âmbito, diferenças comparativas entre plantios seminais e plantios com cultivares clonais voltados para produção de celulose, na região de Aracruz, foram relatadas por Edgard Campinhos Júnior (1980). A média da densidade básica da madeira foi elevada de 480 kg/m³ (seminal) para 520 kg/m³ (clonal). O rendimento em polpa de celulose passou de 47% para 51,8%. O conteúdo de casca, o qual é indesejável, foi reduzido de 18% para 12%. O consumo de madeira passou 4,9 m³ t. celulose-¹ para 3,5 m³ t. celulose-¹, trazendo maior eficiência no processo industrial. Obviamente, outros ganhos consideráveis foram obtidos ao longo dos anos.
Diante de tudo o que foi exposto, observa-se que, na gestão das florestas, o melhoramento genético tem grande impacto. n
O manejo florestal e a sustentabilidade
O Brasil, com sua vasta biodiversidade e extensas áreas de florestas, possui uma vantagem natural significativa para o desenvolvimento de atividades econômicas florestais. Essa riqueza natural permite ao país ser um dos principais produtores de papel, carvão vegetal e painéis de madeira no mundo, contribuindo de forma expressiva para a balança comercial e para a geração de empregos e renda em diversas regiões. Portanto, a atividade econômica florestal no Brasil, além de competitiva internacionalmente, desempenha um papel crucial no desenvolvimento econômico do país.
Entender a dinâmica das florestas naturais é essencial para o manejo eficaz das florestas plantadas, garantindo sua sustentabilidade a longo prazo.
Além disso, práticas modernas de silvicultura e manejo florestal responsável contribuem não apenas com o aumento de produtividade, mas também com a preservação da biodiversidade e a resiliência das florestas frente às mudanças climáticas, assegurando que as florestas plantadas sejam recursos renováveis para as gerações futuras.
O desenvolvimento consciente é fundamental para garantir que as atividades florestais sejam benéficas para todos.
Isso envolve um compromisso com o bem-estar das comunidades locais, a proteção do meio ambiente, a viabilidade econômica e a prosperidade compartilhada. Esses princípios ajudam a criar um equilíbrio entre as necessidades atuais e a capacidade do meio ambiente de atender às demandas futuras.
A adoção de estratégias conservacionistas no manejo florestal do eucalipto é essencial para a preservação ambiental e a rentabilidade. A discussão desses métodos é vital para o futuro da silvicultura e para o equilíbrio ecológico.
Nesse contexto, no negócio florestal, temos vários exemplos de técnicas simples, práticas e econômicas que podem ser extremamente eficazes, as quais serão comentadas a seguir.
A colheita CTL (Cut-to-Lenght - método de toras curtas) é um exemplo excelente de prática responsável na gestão florestal.
Izabel Cristina Rodrigues Figueiredo Coordenadora Técnica do Grupo Plantar a atividade econômica florestal no Brasil, além de competitiva internacionalmente, desempenha um papel crucial no desenvolvimento econômico do país. "
Ao deixar resíduos orgânicos como tocos, raízes, galhos, folhas e cascas no local, contribui-se para a manutenção da fertilidade do solo e para a biodiversidade. Esses materiais se decompõem e se transformam em nutrientes que alimentam novas plantas e microrganismos, criando um ambiente florestal mais saudável e robusto. Além disso, aumenta a viabilidade do manejo de condução da floresta, evitando atividades de alto custo econômico e de grande efeito ambiental.
A integração de métodos de controle de matocompetição é fundamental para um manejo florestal consciente. A roçada mecanizada, por exemplo, é uma alternativa eficiente que evita o uso de herbicidas, contribuindo para a conservação do solo e a saúde do ecossistema. Além disso, a utilização de subprodutos da carbonização do eucalipto como aditivo em herbicidas é uma prática inovadora que contribui para diminuição da dose de produtos químicos comerciais, promovendo um sistema de cultivo mais ecológico e produtivo.
Outra técnica é a utilização da rochagem com objetivo de remineralização do solo. Este método oferece uma alternativa à adubação tradicional, podendo melhorar a qualidade física, química e biológica do solo e aumentar a eficiência no uso de nutrientes e reduzir custos.
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Além dos benefícios como o aumento do pH do solo e a estimulação da atividade biológica, a rochagem se destaca por sua capacidade de liberar nutrientes de forma gradativa e contínua, contribuindo para uma floresta mais equilibrada e econômica. Mais um importante aliado da silvicultura é a utilização da compostagem. Ela representa um sistema eficaz para o aproveitamento de resíduos, transformando-os em adubo orgânico rico em nutrientes. Este processo não só contribui para a saúde do solo, mas também promove um ciclo equilibrado de matéria orgânica, reduzindo a necessidade de fertilizantes químicos, minimizando a degradação do ambiente e fortalecendo o equilíbrio ecológico.
O uso de drones na silvicultura representa um avanço significativo na sustentabilidade ambiental. A tecnologia permite uma aplicação mais precisa de insumos, como água e fertilizantes, minimizando o impacto ambiental e melhorando a eficiência do plantio. Além disso, a redução no uso de máquinas pesadas contribui para a preservação da estrutura do solo e diminui a emissão de gases poluentes, alinhando a prática silvicultural com as necessidades de conservação do meio ambiente.
Por fim, cito o controle biológico em florestas que é indiscutivelmente uma estratégia extremamente eficiente para redução da população de pragas. Como apoio, são desenvolvidos nas biofábricas os principais bioinsumos à base de microrganismos (fungos, bactérias e vírus) ou macrorganismos (parasitóides, predadores, insetos benéficos). Esses insumos são essenciais para melhorar a saúde do solo e das plantas, reduzindo a dependência de produtos químicos, cujo uso inadequado ou excessivo leva a desequilíbrios que aumentam ainda mais a dependência por insumos sintéticos.
Falando um pouco mais sobre os produtos microbiológicos, eles são essenciais na silvicultura sustentável, atuando como aliados no aumento da fertilidade do solo e na proteção das plantas contra pragas e doenças. Utilizando microrganismos benéficos, esses produtos não apenas melhoram a saúde do solo, mas também contribuem para uma produção mais segura e responsável. Ainda, com os avanços das regulamentações e tecnologias, o uso desses produtos biológicos está se tornando cada vez mais acessível e vantajoso.
Ao adotar essas medidas, as empresas não só contribuem para a saúde ambiental, mas melhoram a eficiência e a rentabilidade a longo prazo. É um sistema que beneficia todos – negócios, comunidade e o planeta. n
Estratégia de inovação aplicada ao
manejo florestal
A fim de seguir suprindo a demanda de uma população crescente, temos, cada vez mais, a responsabilidade de melhorar a eficiência do manejo, visando aumentar a produtividade florestal e expandir em escala, sem perder em qualidade. Para alcançar estes objetivos, a inovação e a melhoria contínua são peças fundamentais. Sendo assim, o presente texto visa apresentar conceitos com os quais me deparei durante a carreira trazendo, inclusive, uma visão externa ao nosso setor, bem como propor uma metodologia que objetiva melhorar a eficiência dos investimentos em projetos de inovação e melhoria de processos.
Um fenômeno que vem acontecendo ultimamente é a evolução tecnológica superacelerada. Em um mundo no qual tanto se fala
sobre inteligência artificial, robotização, satélites, drones, machine learning , silvicultura de precisão, entre tantas outras novidades, já ouvi muitas pessoas relatarem a sensação de estarem perdidas num mar de tecnologias e a dificuldade em saber quais delas trarão retorno em sua atividade econômica.
Há pouco tempo, fui apresentado por colegas a uma metáfora, bastante relevante ao presente tema: a “síndrome do objeto brilhante”, do inglês “shinny object syndrom”, descreve nossa tendência de se distrair com coisas novas e atraentes, às custas das coisas que realmente importam. Aplicando tal conceito ao presente contexto, basicamente ocorre quando nos deixamos encantar e distrair por tecnologias interessantes, perdendo a noção de qual problema se está tentando solucionar e de que tecnologias devem ser um meio, não o fim.
Nada contra o drone ou a aplicação à taxa variável, mas lembremos que, se os mesmos não forem um meio para florestas de alta produtividade, de forma sustentável e a um custo competitivo, não podem nos distrair ou ocupar recursos que deveriam ser destinados a tais objetivos.
Escutei uma definição que fez muito sentido: “inovação é algo novo, que gera valor”. É redundante, mas preciso reforçar, segundo este conceito, se uma novidade não gera valor, deixa de ser uma inovação. "
Matheus Gueratto Diretor da Intoos
Tendemos a pensar que qualquer novidade pode ser uma inovação, porém, certa vez, escutei uma definição que fez muito sentido: “inovação é algo novo, que gera valor”. É redundante, mas preciso reforçar, segundo este conceito, se uma novidade não gera valor, deixa de ser uma inovação. Há excesso de ideias e tecnologias nos dias atuais, porém, quais os reais problemas a serem resolvidos e quão relevantes esses problemas são? São perguntas que precisam ser respondidas antes de se decidir quais delas merecerão nossos esforços. Em minha atuação profissional, conheci e pude aplicar na prática diversas fórmulas para inovar. Algumas funcionaram, com pequenas ressalvas, outras nem tanto. Com base na seleção dos aspectos mais efetivos de cada experiência, apresento, a seguir, de forma resumida, uma metodologia para compor portfolios de projetos de inovação e melhoria contínua, de forma a maximizar as chances de sucesso e o retorno sobre o investimento, conforme ilustração em destaque.
Na maioria das vezes, vejo as empresas começarem seu processo de inovação a partir das ideias de soluções, através das famosas sessões de brainstorming e, algumas vezes, envolvendo terceiros, através de programas de inovação aberta. A prática de começar pela ideia tende a criar projetos focados na solução, antes de entender o problema a ser resolvido. Se você já tem uma lista de ideias ou
Modernização
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mesmo uma carteira de projetos, dê um passo atrás e identifique quais são as dores do cliente, seja ele interno ou externo. Somente depois defina em quais ideias investirá.
A maneira mais assertiva, segundo minha vivência, é começar por definir o público-alvo ou cliente; em segundo lugar, mapear o processo atual e os resultados esperados em cada etapa deste processo. Posteriormente, devemos levantar junto ao cliente a importância e a dificuldade (ou custo) em se atingir cada um destes resultados esperados.
Aos que forem de alta relevância e difíceis de atingir, chamaremos de painpoints ou “dores”.
Após identificar as dores do processo e seu nível de relevância, definiremos prioridades a serem atacadas e, somente depois, traremos ideias de soluções para serem avaliadas. Se você já tiver uma carteira de projetos ativa, é nesta fase que os projetos atuais entram para serem repriorizados, comparativamente às novas ideias. Nesta etapa, tenha muito cuidado para que você e seu time não inventem problemas a fim de justificar o uso de uma tecnologia. Com base no potencial de retorno de cada ideia versus o esforço necessário para seu desenvolvimento e implementação, definiremos o ranking de prioridade de projetos.
Tal sequência de ações é eficiente por vários motivos, dentre eles: 1. Foca os recursos em resolver problemas relevantes, aumentando o Retorno sobre
dos Processos de Inovação
MODERNIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE INOVAÇÃO
Centrado no Problema
CENTRADA NO PROBLEMA ;
• Os processos de Inovação devem ser iniciados a partir da identificação e priorização das dores do usuário-final (cliente):
Identificação de todos os problemas Dimensionamento financeiro dos problemas
• Ponto de dor1
• Ponto de dor 2
• Ponto de dor 3
• Etc.
Priorização de Problemas
Problemas prioritários:
Ideiation of all possibilities
Ideia A
Priorização das ideias
Teste de tração com usuário-final
• Etc. Práticas atuais do cliente:
• Etc.
• $ Nível de Percepção do Problema
• Ponto de dor 1
• Ponto de dor 4
• Ponto de dor 7
Execução eficiente e focada de portfolio
Ideia B
Ideia C
Ideia D
Ideia E
Ideia F Ideia G Retorno
Menor
• Inteligência Artificial
• Digitalização
• Automação
• Mechanização
Investimentos. “Menos é mais”: alguns projetos bem executados, resolvendo grandes proble mas reais, são muito mais eficientes que um portfolio enorme que dilui investimentos e foco excessivamente.
2. Diminui as chances de desenvolver solu ções que o cliente final não tem interesse em implementar, por não resolver suas dores prioritárias.
3. Reduz trabalho com distintas tecnologias que resolvem o mesmo problema e, por isso, concorrem entre si por recursos e foco.
4. Evita que, quando surgem novidades no mercado, a equipe se interesse sem antes jul gar se a tecnologia resolve um problema prio ritário.
5. Ajuda a definir papéis e responsabilidades. Por exemplo, projetos incrementais podem ser de responsabilidade da área operacional e projetos disruptivos de P&D. Dica: tenha alguém responsável por manter uma visão holística de todas as dores que a empresa pre tende resolver e a comunicação entre áreas, evitando “silos” na organização.
6. Neutraliza a fixação cognitiva. Existe uma famosa frase de Henry Ford sobre sua inven ção – o automóvel – que diz: “Se eu tivesse perguntado a meus clientes o que eles que riam, teriam dito um cavalo mais rápido.” Não quero dizer que se deve ignorar o público -alvo de sua inovação, mas, se você perguntar diretamente pela solução desejada, estará
EXEMPLO: ROI E INVESTIMENTO RESULTANTES DO
Exemplo:ROIeInvestmentoresultantesdoaumentononúmerodeprojetos
Qualidade
Sistema de Gestão de Qualidade certificado pela ISO 9001: 2015, em desenvolvimento, produção, comercialização e serviços pós-venda
Eficiência
Resultados de controle comprovado em campo e por ensaios técnicos de universidades.
pesquisa & desenvolvimento
A P&D como ponto de partida
As boas práticas do manejo florestal advêm de executar com excelência operacional as melhores recomendações técnicas. É sob essa perspectiva que o papel e a responsabilidade da equipe de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), em se fazer manejo no sistema florestal, têm sua relevância destacada.
Já é consagrada a importância estratégica da pesquisa e desenvolvimento, desde a pesquisa básica, conceitual, até a pesquisa aplicada ao mercado, trazendo diferencial competitivo para aqueles que investem neste setor. Sendo assim, a abordagem deste artigo enfatiza a importância da boa gestão das rotinas, dos processos e liderança das pessoas para que os resultados gerados sejam crescentes e sustentáveis.
A cadeia de valor de um processo de pesquisa e desenvolvimento pode ser descrita da seguinte forma:
As melhores recomendações técnicas para o bom manejo florestal serão geradas, seja através de uma base experimental bem-feita e em áreas de conhecimento estratégicas para o negócio, seja pelos monitoramentos precisos do desenvolvimento das florestas em campo, com ações rápidas e efetivas para controles.
O melhoramento florestal, as boas práticas silviculturais, o manejo integrado de pragas e doenças, a fisiologia de plantas e o entendimento do ambiente são áreas importantes que devem estar no portfólio de programa, projetos e ações da P&D. Além disso, integrar estes estudos às tecnologias existentes que proporcionam um monitoramento preciso e contínuo das florestas, com detecção precoce de problemas e gerando informações que são base para tomadas de decisão, corrobora para recomendações técnicas assertivas e ágeis.
Estas recomendações são, então, descritas pela equipe técnica de P&D em procedimentos e instruções técnicas, ao passo que pessoas-chave do planejamento e operação são treinadas para que uma execução de excelência possa acontecer. Após o planejamento e execução, mede-se a eficiência dessas recomendações, através de controles de qualidade, que vão gerar novas ações, tanto para aprimorar o que funcionou, quanto para corrigir rotas e rever aquilo que porventura não tenha dado certo.
Estas são as etapas que, de forma clara, compõem a cadeia de valor básica da Pesquisa e Desenvolvimento, e descrevê-la assim pode parecer simples e óbvio. O que talvez não seja tão simples é garantir este básico bem-feito, frente às rotinas tão dinâmicas, complexas e atarefadas de uma organização.
Temos como referência o modelo 70:20:10 de aprendizagem proposto por Morgan McCall, no qual 70% do aprendizado de um colaborador acontece na execução das atividades, 20% com os outros e 10% em cursos. "
Carla da Costa Garcia
Gerente de P&D Florestal da Veracel
Diante disso, tomo a liberdade de apresentar como tenho administrado esta rotina da P&D na Veracel, tendo como referência o modelo 70:20:10 de aprendizagem proposto por Morgan McCall e sua equipe, no qual 70% do aprendizado de um colaborador acontece na execução das atividades, 20% com os outros e 10% em cursos. Este modelo pode ser aplicado com a finalidade de se compreender e aplicar uma dinâmica de rotina que direciona nossas ações e prioridades do dia a dia. Ou seja, esta dinâmica consiste em distribuir o tempo ao se fazer pesquisa, dentro de uma organização, de forma que 70% dele seja dedicado a uma rotina eficiente para gerar as melhores recomendações técnicas e garantir uma execução operacional de excelência, o que chamo de “core do negócio de P&D”. Em 20% do tempo, discutem-se estratégias baseadas em resultados, entendendo as demandas e dores dos nossos clientes e as perspectivas futuras do setor. Nos últimos 10% do tempo, investe-se em desenvolver novos projetos, estudos e adoções tecnológicas, muito através de parcerias com instituições de pesquisa, startups e Universidades.
Uma rotina eficiente, aliada a processos bem estabelecidos, fortalece os pilares da Pesquisa e Desenvolvimento, encarregada de criar e testar métodos aplicáveis à organização de ações, com etapas, cronogramas e responsáveis, materializando a boa gestão dos processos, além de desenvolver indicadores para acompanhar desempenho, de forma que análises contínuas dos dados gerados sejam fonte para tomadas de decisão mais assertivas e ágeis. A P&D também deve incluir pontos de checagem nas rotinas, estabelecendo uma cultura de tomada de decisão baseada em dados e permitindo que desvios sejam identificados e corrigidos de forma rápida. A melhoria contínua destes processos, avaliando sistematicamente os resultados e modificando o que for necessário no tempo correto, garantirá a eficácia da P&D.
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Nos programas de melhoramento, as etapas de desenvolvimento de clones precisam estar organizadas em cronogramas de execução, e a velocidade deste desenvolvimento é um ponto crucial na dinâmica dos programas. Práticas silviculturais, como espaçamento e preparo de solo, devem ser constantemente analisadas em redes experimentais robustas, para que as recomendações acompanhem as dinâmicas de condições do ambiente de produção. Quando falamos em manejo integrado de pragas, os sistemas de monitoramentos são de suma relevância, pois a qualidade destes monitoramentos dará subsídio a decisões rápidas e precisas sobre necessidades de controles e intervenções, antes que danos econômicos possam ocorrer.
E para que toda esta dinâmica se concretize no dia a dia do setor de Pesquisa e Desenvolvimento, é preciso que as pessoas que atuam nestes processos compreendam o seu papel, o que, para mim, começa com uma liderança que tem claras as diretrizes da organização. Esta liderança, então, será capaz de instruir e direcionar o time para ações que efetivamente estejam em linha com o plano de negócio da empresa. Com todos olhando para o mesmo alvo e na mesma direção, é papel do time de P&D trazer grande parte das inovações que serão incorporadas ao sistema de manejo florestal, desenvolvendo técnicas, produtos, ferramentas e processos que gerem valor para a organização. São eles que traduzirão as pesquisas básicas, aplicadas e tecnologias que surgirem, em produtos e processos viáveis para o desenvolvimento do manejo florestal de excelência em suas empresas.
Portanto, a importância estratégica do investimento em Pesquisa e Desenvolvimento para a competitividade do setor florestal é evidente. É ali onde as melhores recomendações técnicas para o bom manejo florestal são geradas, dando suporte a uma execução operacional de excelência. Como resultado, espera-se a manutenção e/ou aumento da produtividade das florestas, a custos competitivos, garantindo a sustentabilidade do negócio. No entanto, para que tudo isso se concretize, faz-se necessário organizar a cadeia de valor da P&D dentro de uma rotina eficiente, em que se trabalha para oferecer o “core do negócio” bem-feito. Processos claros precisam ser estabelecidos, com papéis e responsabilidades bem definidos e indicadores de acompanhamento para tomadas de decisão ágeis. Tudo isso, aliado a um time que trabalha com diretrizes claras da organização, em busca dos mesmos objetivos, é porta aberta para inovações e avanços no manejo florestal. n
plantio mecanizado
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Menos pessoas, mais tecnologias
O plantio mecanizado passou de um desejo para tornar-se uma realidade na silvicultura brasileira. Hoje, diversos fabricantes têm investido em plantadora de eucalipto pelo mundo afora, principalmente no Brasil.
Empresas de mecanização florestal que não investirem em silvicultura ficarão para trás no mercado brasileiro de máquinas. A silvicultura é a bola da vez, pois existe um universo a ser explorado devido ao grande número de atividades de formação de florestas que necessitam de equipamentos diferentes para a sua aplicação.
É na atividade de plantio que começa uma nova floresta. Um preparo de solo e um plantio adequado irão contribuir substancialmente para que esta nova floresta expresse todo o seu potencial produtivo. O plantio mecanizado garante a uniformidade no arranjo e a qualidade das demais atividades embarcadas no equipamento. Propiciar um ambiente adequado para as novas plantas garante o sucesso desta atividade.
A mecanização florestal é um processo que visa reduzir os custos de formação de florestas e, principalmente, suprir a escassez de
profissionais no campo. O plantio mecanizado é uma operação importante nesse contexto, pois agrega outras atividades em um mesmo equipamento como marcação de covas, coveamento, plantio, irrigação e adubação.
Cenibra: silvicultura na montanha é com a gente! Foi pensando em garantir a sustentabilidade e a competitividade que a Cenibra tem investido em projetos de inovação tecnológica. Para isso, a empresa possui um time de desenvolvimento focado em projetos voltados especialmente para as atividades silviculturais.
A Cenibra tem como um de seus valores a inovação e o comprometimento com a melhoria contínua da sua cadeia de valor. A busca pela excelência no negócio fez com que a empresa apoiasse o desenvolvimento de um equipamento capaz de realizar o plantio de forma simultânea com a subsolagem, irrigação e adubação. Foram cinco anos de muito trabalho e dedicação até chegar a um produto robusto e eficiente e que, hoje, se encontra disponível no mercado brasileiro e mundial. Essa inovação tecnológica faz da Cenibra pioneira na automação do cultivo florestal em áreas montanhosas e contribui fortemente para garantir a competitividade e a sustentabilidade do negócio.
O plantio mecanizado marca uma nova era na silvicultura brasileira e surge num momento de expansão do setor, com novas fábricas, que exigirão profissionais que não estão disponíveis para suprir toda essa demanda. "
Márcio de Souza Reis
Gerente de Silvicultura da Cenibra
Plantar florestas nas montanhas de Minas Gerais é um grande desafio, mas, mecanizá-las, eu diria que é uma arte. São necessários muitos estudos, análises, avaliações de campo para se chegar a algo operacional e seguro. A missão da silvicultura é possibilitar que, por onde passe um equipamento de colheita, passe também um equipamento para realizar as atividades silviculturais.
Para além da planilha de custos: O plantio mecanizado trará ganhos substanciais de produtividade florestal que não estão contemplados nas planilhas de custo da operação. O plantio feito quando, concomitantemente, recebe água e nutrientes tem uma grande vantagem na largada para o seu desenvolvimento. Além disso, tem uma variação muito pequena nas quantidades de água e fertilizantes comparativamente às atividades de plantio convencionais.
Para efetuar o plantio mecanizado, assim como na Cenibra, é necessária uma técnica de caminhamento do equipamento para se ter uma melhor produtividade operacional. Esse caminhamento otimizado, manutenção de máquina base e cabeçote de plantio bem-
-estruturado e operadores bem-formados são a receita de sucesso para quem almeja investir nessa tecnologia.
Outro ponto importante é a estrutura de apoio, liderança de campo na frente de serviço e um microplanejamento das atividades. Ainda, novas oportunidade existem, como, por exemplo, trabalhar em turnos de forma a aumentar a quantidade de horas de trabalho dos equipamentos e, dessa maneira, diluir os custos operacionais.
O plantio mecanizado marca uma nova era na silvicultura brasileira e surge num momento de expansão do setor, com novas fábricas de celulose de base florestal, que exigirão profissionais que não estão disponíveis para suprir toda essa demanda. Por essa razão, não é uma questão de escolha, mas de necessidade, em função do desafio que é a disponibilidade de pessoas. Desta forma, continuar investindo em novas tecnologias, por meio de um planejamento estratégico bem-estruturado, pode garantir a sustentabilidade e a competitividade das empresas, assim como a manutenção de destaque do Brasil na expansão de negócio de base florestal. n
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10 anos de avanços tecnológicos na mecanização mecanização da silvicultura
Na primeira semana de setembro deste ano, aproximadamente 150 profissionais do nosso setor se reuniram nas dependências da empresa Suzano, Unidade de Três Lagoas-MS, para as comemorações dos 10 anos de fundação do Programa Cooperativo sobre Mecanização e Automação Florestal (PCMAF), pertencente ao Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais (IPEF).
O PCMAF, referência nacional em mecanização da silvicultura, tem sido responsável pela proposição e coordenação de ações, avaliações técnicas, projetos e estudos de campo, que culminaram em diversas inovações tecnológicas e soluções hoje presentes nas plantações florestais em todo o território nacional.
Essas tecnologias são desenvolvidas com a cooperação de um grupo de empresas florestais filiadas ao PCMAF e associadas ao IPEF. Durante esse processo, destacam-se o desenvolvimento e a introdução de diversos modelos e configurações de plantadoras mecanizadas de mudas de eucalipto e pinus, instaladas em escavadoras hidráulicas, tratores de esteira ou em forwarders. Além desses equipamentos, houve o aperfeiçoamento de irrigadores automáticos de mudas pós-plantio, do subsolador para escavadoras
hidráulicas, de benchmarking de drones e de um trator de esteira de borracha para aplicação de defensivos em área total ou na barra protegida, dentre diversos outros implementos florestais.
No trabalho do PCMAF, também foram avaliados mais de 24 equipamentos florestais, além da organização de 21 eventos e dias de campo e da participação dos gestores e pesquisadores do programa em seis eventos internacionais e dezenas de eventos técnicos, feiras e exposições nacionais.
É nesse contexto que este evento celebrativo de 10 anos de muita atividade e inovações na mecanização da silvicultura se concretiza. Em pauta, estavam as apresentações e as discussões estratégicas das ações desenvolvidas nesta primeira década e as prospecções para os próximos anos diante das principais demandas e desafios do setor florestal. No evento, houve ainda demonstrações de campo de novas tecnologias para a mecanização e a automação dos processos silviculturais.
Nesse sentido, neste artigo, nosso objetivo é destacar as potencialidades de ações futuras a fim de alavancar a mecanização da silvicultura e que foram elencadas pelos participantes do evento comemorativo, conforme contextualizamos a seguir.
O PCMAF, referência nacional em mecanização da silvicultura, é responsável pela proposição de ações, avaliações técnicas, projetos e estudos de campo, que culminaram em diversas inovações tecnológicas implantadas no setor. "
Saulo Philipe Guerra e Guilherme Oguri
Coordenador e Líder Científico do Programa Cooperativo sobre Mecanização e Automação Florestal – PCMAF/IPEF, respectivamente
tecnologia e eficiência ao nosso catálogo de soluções. Os equipamentos FAE são desenvolvidos com a
ope rações florestais. Entre em contato com nos sos representantes e conheça nos so portifólio de equipamentos e soluções florestais.
Trituradores para escavadeiras
Os trituradores UMM/ EX/ VT são ótimos para triturar vegetação e árvores com um diâmetro máximo de 40 cm e são compatíveis com escavadeiras de 20 a 36 t. Os modelos são recomendados para gerenciar e controlar a vegetação em áreas arborizadas. A linha ofe r e c e d o i s t i p o s d e m o to
m deslocamento variável automático e torque aumentado e o motor SONIC, um exclusivo FAE que otimiza o desempenho e pode ser facilmente gerenciado usando o aplicativo FAE dedicado para smartphone. A câmara de trituração também possui proteções soldadas feitas de um material antidesgaste.
RCU75
Transportadoras rastreadas controladas remotamente
O RCU75 é um transportador de esteira FAE compacto e potente que tritura galhos e pedaços de madeira, grama e pequenos arbustos. Ele também pode cortar tocos quando equipado com o cabeçote SCL/RCU. Equipado com um motor Kohler de 74 cv, o RCU75 pode trabalhar em declives de até 55°. Ele apresenta um sistema de esteira variável hidráulica com estruturas de material rodante independentes, para estabilidade máxima em terrenos íngremes. A transmissão hidrostática dupla facilita o gerenciamento da tração e do acessório.
PT300
Transportadoras rastreadas
O FAE PT300 é o transportador de esteiras ideal para as tarefas mais difíceis, seja gerenciando madeiras ou criando leiras corta-fogo nas florestas Sua estrutura sólida com trem oscilante o torna compatível com uma ampla variedade de unidades hidráulicas FAE: trituradores florestais e de pedras, cortadores de tocos e lâminas de escavadeira O motor CAT C7.1 Acert de seis cilindros em linha de alta potência com baixo peso operacional torna possível trabalhar em declives íngremes e solo macio. O sistema hidráulico garante confiabilidade e eficiência. A cabine espaçosa é incomparável quando se trata de conforto, ergonomia e segurança do operador.
da silvicultura
Após a abertura do evento, o membro do Comitê Técnico-Administrativo do PCMAF e Coordenador de Desenvolvimento Operacional Florestal da Eldorado Brasil, Cássio Fagundes Gomes, apresentou o histórico da fundação do Programa e os principais projetos desenvolvidos ao longo destes anos. Na sequência, o Presidente do IPEF e Diretor de Operações Florestais da Suzano, Douglas Seibert Lazaretti, palestrou sobre o tema “O PCMAF e o Setor – um olhar para os desafios e oportunidades”, destacando o papel deste Programa como acelerador da agenda de mecanização do setor frente ao principal desafio: falta de mão de obra.
Dando continuidade à temática, o Professor Saulo Guerra apresentou o resultado do levantamento de principais demandas das empresas filiadas ao PCMAF, visando fomentar as discussões sobre o futuro do Programa. Para encerrar o momento de palestras, João Comério, Presidente do Conselho no Grupo Innovatech, abordou a “Economia do Setor de Florestas Plantadas”, corroborando que a falta de mão de obra é um dos principais desafios atuais, principalmente no estado do MS.
Tais discussões foram acompanhadas por colaboradores e diretores de empresas florestais, representantes da academia, colaboradores de fabricantes de equipamentos florestais, fornecedores de tecnologias e representantes de outras instituições do setor florestal, a exemplo da Ibá - Indústria Brasileira de Árvores. Ao longo das apresentações e dos debates com os participantes, ficou nítida a relevância da união do setor em prol de uma agenda de mecanização da silvicultura, em diversos setores da cadeia produtiva.
Outra pauta em debate foi o papel de um programa cooperativo como o PCMAF, atuando como agente catalisador da introdução de tecnologias disruptivas e incrementais na mecanização da silvicultura.
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As discussões explicitaram que o PCMAF tem sido o principal elo centralizador das empresas florestais nessa abordagem na última década e, com isso, deve ser o ponto focal para a definição das prioridades e das principais demandas a fim de promover a interação entre fabricantes de máquinas e implementos e as empresas de tecnologia.
Ao mesmo tempo, a parceria com a Ibá visa ampliar o acesso a níveis mais estratégicos dentro de instituições governamentais e privadas, acelerando o desenvolvimento de novos produtos e processos mecanizados nas operações florestais de silvicultura.
Neste sentido, o PCMAF redigiu uma Carta de Intenções visando reafirmar o compromisso com o cooperativismo em prol da mecanização da silvicultura e, consequentemente, do setor florestal brasileiro. Esta carta, que não possui valor jurídico, foi assinada por mais de 40 participantes do evento.
Como parte da trajetória do PCMAF, fica firmado o compromisso de, a cada dois anos, apresentar a atualização dos dados do setor com o lançamento da nova edição da publicação “Levantamento do Nível de Mecanização na Silvicultura”. A próxima edição está prevista para o segundo semestre de 2025. Neste momento, os dados estão sendo coletados junto a empresas associadas ao IPEF, após uma atualização da metodologia que foi revista e ampliada, incluindo também dados das empresas florestais da África do Sul e de Portugal, parceiras do PCMAF.
Com tais dados, acredita-se que se ampliarão o impacto e a relevância desse levantamento que já é pioneiro e único para a silvicultura. Antes de encerrar, cabe ressaltar que a priorização dos dados a serem divulgados será definida conjuntamente com as empresas florestais participantes do Programa. Para mais informações sobre as ações, clique na foto abaixo. n
Qual é o diâmetro do seu problema?
Qual é o diâmetro do seu problema?
P
Discos de corte para Feller: conforme modelo ou amostra
Discos especiais conforme desenho
Detalhe de encaixe para ferramentas de 4 lados
• Disco de corte com encaixe para utilização de até 20 ferramentas, conforme possibilidade devido ao O externo.
• Diâmetro externo e encaixe central de acordo com a máquina
P Usinagem de peças conforme desenho ou amostra: Eixos, acoplamentos, roscas sem-fim transportadoras, roletes e tambores para esteiras transportadoras, tambores para pontes rolantes, cilindros hidráulicos e pneumáticos e outros.
da silvicultura
A busca da excelência
Nos últimos dois anos, o time de silvicultura da Aperam BioEnergia direcionou suas ações para redefinir o conceito de mecanização da silvicultura. Nossa missão é promover uma verdadeira ruptura e quebra de paradigma, elevando os padrões de segurança, de ergonomia, de qualidade e de produtividade, ao mesmo tempo em que reduzimos custos operacionais e aumentamos nossa competitividade. Tomamos este paradigma na mecanização como o nosso divisor de águas, levando a empresa a um novo patamar de excelência e, em um futuro próximo, tornando nossa operação silvicultural como uma das melhores da categoria.
Historicamente, a silvicultura brasileira tem adaptado máquinas e equipamentos originalmente projetados para agricultura para operar em condições totalmente contrastantes com as exigências da silvicultura. Essa prática se estende aos principais implementos hoje em uso, quando, mesmo com o recente interesse em equipamentos de maior porte, como máquinas autopropelidas e adubadeiras de alta capacidade, muitas empresas ainda dependem de tecnologias agrícolas que oferecem baixas segurança, capacidade, autonomia e produtividade.
Essa situação se deve, em grande parte, à representatividade limitada do setor florestal em comparação com a agricultura, o que diminui o interesse dos principais fabricantes de máquinas e equipamentos em desenvolver soluções específicas para as nossas necessidades. Além disso, enfrentamos desafios relacionados à proteção de tecnologia e patentes — uma questão que nosso setor deveria abordar coletivamente,
Historicamente, a silvicultura brasileira tem adaptado máquinas e equipamentos originalmente projetados para agricultura para operar em condições totalmente contrastantes com as exigências da silvicultura. "
David Calaes Arbex Gerente de Desenvolvimento da Aperam BioEnergia
reconhecendo, respeitando e valorizando inovações tecnológicas patenteadas, para que possamos ser uma força propulsora de inovações, e não uma barreira a elas.
Reconhecendo essas limitações, assumimos o desafio. E, com iniciativa e protagonismo para a transformação dessa realidade, iniciou-se em 2021 um processo contínuo de busca por parceiros estratégicos e desenvolvimento interno. O movimento começou com uma decisão crucial da alta gestão: a mecanização definitiva do plantio. De maneira inédita estabelecemos uma parceria com a sueca Plantma Forestry, que até então atuava principalmente no hemisfério norte. Buscamos, então, um parceiro nacional para viabilizar o projeto e adaptar a tecnologia da Plantma às condições tropicais e ao plantio de eucalipto.
Com sucesso, conectamos as duas empresas e, em novembro de 2022, concretizamos a chegada da primeira Plantma-X ao Brasil — formando a parceria entre a Aperam BioEnergia, a Plantma Forestry e a Timber. Embora a máquina apresentasse desafios significativos, o empenho das equipes envolvidas foram superando as limitações técnicas.
Em apenas 90 dias de ramp-up, conseguimos alcançar os parâmetros de qualidade, atingindo um muito bom performance do equipamento em termos de produtividade. Precisamos ainda trabalhar em relação à conjugação de operações – como, por exemplo, a sua intercambialidade com a operação de aplicação de agrosilício durante o período seco, visto que, por estratégia de sustentabilidade, plantamos apenas no período chuvoso –, o que contribuiu sensivelmente para a viabilidade do projeto.
Outro projeto que merece destaque é a aplicação do skidder como máquina-base para o nosso projeto de "forestização da mecanização da silvicultura". Com isso, criamos o skidder equipado com dois implementos – um distribuidor de fertilizantes (autopropelido florestal) e um subsolador capaz de subsolar duas linhas simultâneas.
O resultado efetivamente alcançado é um maquinário capaz de operar de maneira eficaz, mesmo nas condições mais adeversas, proporcionando uma aplicação precisa e contínua de fertilizantes com ganhos relevantes em relação à precisão na localização da aplicação do adubo, redução de desperdícios e timing correto. Esse novo modelo trouxe ganhos de produtividade de 300% a 400% e ganhos financeiros muito relevantes. O projeto vai além da criação de um novo equipamento; ele redefine nossa abordagem na silvicultura, transformando um processo historicamente caro e arriscado em uma operação eficiente, segura e sustentável.
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Como reconhecimento e evidência desta inovação e ruptura no setor florestal nacional, este desenvolvimento interno permitiu à empresa registrar duas novas patentes no INPIInstituto Nacional de Propriedade Industrial, reforçando nosso posicionamento com a inovação e criatividade.
Precisamos desenvolver máquinas florestais para a silvicultura e evoluir neste sentido, considerando, principalmente, a grande escassez de mão de obra, realidade comum para quase todas as empresas, e, de outro lado, a pressão cada vez maior por competitividade e qualidade. E é aqui que surge a provocação: estamos realmente preparados para abraçar plenamente esta nova era da silvicultura mecanizada?
As oportunidades são vastas, mas os desafios também são imensos. Precisamos ir além da adaptação técnica e enfrentar questões complexas como a requalificação da força de trabalho, a integração de tecnologias de ponta como a inteligência artificial e a automação, e a construção de uma cultura organizacional que valorize a inovação contínua. Aqueles que se anteciparem a esses desafios e se comprometerem com a transformação terão em suas mãos o futuro da silvicultura global. Estamos apenas no começo de uma jornada que redefine os limites do possível, e a verdadeira revolução ainda está por vir. O próximo passo? Questionar o status quo, romper barreiras e, sobretudo, liderar com coragem e visão.
O setor florestal nunca mais será o mesmo.n
As plantações florestais e a produtividade
corrida espacial
Obrigatoriamente, aqueles que lidam com silvicultura deveriam procurar conhecer a história do desenvolvimento do setor de plantações florestais no Brasil. Uma história repleta de desafios e conquistas. Não se trata de saudosismo, mas, sim, de uma ótima oportunidade de aprendizado.
Quem fizer isso, conseguirá compreender, com maior robustez, a nossa silvicultura atual. Foram muitos erros, superados por uma quantidade muito maior de acertos, que a tornaram um Made in Brazil exportável, despertando a atenção de muitos países.
Sem entrar nos detalhes, é certo que a passagem da escala de milhares para milhões de hectares e produções de madeira, que, várias vezes, se multiplicaram, ocorreu graças a investimentos públicos e privados, que suportaram a pesquisa, o desenvolvimento tecnológico, a inovação e a formação especializada de recursos humanos.
hoje, são colhidos os frutos de uma certa acomodação dos players da cadeia produtiva, considerando as universidades, centros de pesquisa, empresas, fornecedores de insumos e serviços etc. "
José Otávio Brito
Diretor Executivo do IPEF
E hoje? Decorridas várias décadas, está mais difícil e complicado produzir florestas? Muitos poderão dizer que sim, mas sou de opinião contrária.
Julgo que os desafios do passado foram até maiores, pois, praticamente, os conhecimentos sobre como cultivar árvores, em grande escala, eram muito limitados em todos os aspectos.
Além do mais, comparativamente aos dias atuais, os instrumentos e as metodologias eram bem mais restritos. Mesmo assim, o processo avançou e os milhões de hectares apareceram e, hoje, o Brasil é um player com liderança mundial no setor.
Fica então a pergunta: por que há tanta manifestação de que estamos estagnados ou, em algumas situações, estamos tendo reduções de ganhos de produtividade nas nossas plantações florestais? A partir dessa indagação, poderão surgir diversas tentativas de respostas, cada uma com suas peculiaridades. Não pretendo avançar nesses detalhes, pois o tema tem sido a bola de vez em muitos encontros, eventos e fóruns, envolvendo pesquisadores e profissionais do setor.
No entanto, eu acrescentaria apenas um ponto à discussão. Podem até discordar, mas arrisco afirmar que, hoje, são colhidos os frutos de uma certa acomodação dos players da cadeia produtiva, considerando as universidades, centros de pesquisa, empresas, fornecedores de insumos e serviços etc. Essa acomodação corresponde, praticamente, a um ciclo completo de rotação média dos plantios florestais. Colhe-se, hoje, seus frutos. Mas no que consistiu essa acomodação?
A acomodação pode ser identificada a partir do momento em que houve uma redução do pensamento crítico sobre o saber brasileiro de fazer florestas. Com raras exceções, houve uma simplificação muito grande no modelo plantar-e-colher, mediante a repetição dos mesmos princípios tecnológicos dos ciclos anteriores. Novas práticas, novos materiais, novos insumos, novas formas de pensamento, novas formações profissionais etc. foram colocados num certo estágio de banho-maria.
O modelo foi, sim, efetivo em seus resultados, considerando as condições existentes à época do primeiro boom da silvicultura no nosso país. No entanto, entende-se que, para as condições atuais, há uma série de novos fatores a influenciar a nova geração de plantios. Várias narrativas aqui também poderiam surgir em relação à identificação desses fatores. Na ponta da língua, estariam as mudanças climáticas, as pragas e doenças, os solos degradados, a carência de recursos humanos qualificados, as pressões antrópicas, o monitoramento e a manutenção etc. Na verdade, tais aspectos são apenas a ponta do iceberg. Certamente, há espaço para se discutir muitos outros aspectos relevantes, que renderiam um outro extenso artigo.
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De qualquer forma, há uma percepção de que se faz necessário aperfeiçoar o modelo, para que se possa alavancar um novo salto tecnológico para o jeitão brasileiro de se cultivar árvores. A resposta está no colo dos cientistas, dos responsáveis pela formação dos profissionais que atuarão no setor e dos investidores, que dependem da madeira como matéria-prima para abastecimento de suas indústrias.
No entanto, não se pode esperar por milagres repentinos. Há que se ter em mente que a silvicultura lida, diretamente, com recursos inerentes à natureza e que os ciclos de respostas das florestas são longevos. Portanto, se há pressa, apressadamente devem ser tomadas as decisões em torno do que, do quando e do como conduzir as ações e os suportes que irão trazer as respostas.
A corrida espacial do século passado fez com que o homem pisasse na Lua. Recursos altamente expressivos foram aplicados em pesquisa, desenvolvimento e inovação aeroespacial. Com o passar do tempo, o interesse pela Lua se reduziu. Parecia que tudo estava dominado e garantido como conquista.
Até mesmo justificada por questões de sobrevivência da raça humana, uma nova e intensa fase de desenvolvimento se apresenta no setor aeroespacial. Não somente o retorno à Lua, mas, também, a bem mais difícil conquista de Marte se tornou alvo.
Interessante observar que o setor de plantações florestais no Brasil se mostra com muitas semelhanças com o ocorrido no setor aeroespacial, até mesmo em termos de proximidades temporais. Um passado com fortes investimentos e desenvolvimentos, seguido por um período de certa acomodação, e um recente e expressivo retorno em cena, demonstrado pelos anúncios e efetivações multimilionárias de novos projetos e novas plantas industriais.
Fica apenas a pergunta se, na mesma proporção, estão visíveis os Bezos, Musk e Branson das Florestas que, com elevadas visões estratégicas estariam, literalmente, dispostos a queimar motores de starships , aportando os tão necessários recursos para a pesquisa, o desenvolvimento tecnológico e a inovação, peças-chave para responderem aos anseios por maior sustentabilidade e maior produtividade das nossas plantações. n
produtividade
Alocação clonal sítio-específica: uma estratégia para potencializar a produtividade florestal em longo prazo
Nos mais diversos fóruns de debate, a questão do aumento da produtividade florestal é frequentemente colocada em pauta. Os desafios são imensos, especialmente quando consideramos que, após vários ciclos de melhoramento genético e com o impacto crescente das mudanças climáticas, as expectativas de ganhos significativos de produtividade têm diminuído. No entanto, ainda existem algumas oportunidades promissoras para modificar esse cenário. Em grande parte, essas oportunidades surgem do intenso fluxo de inovações tecnológicas que temos testemunhado recentemente, que oferecem novas ferramentas e abordagens para otimizar o crescimento florestal e melhorar a sustentabilidade das operações.
Entre essas estratégias, a alocação clonal sítio-específica tem-se destacado como uma abordagem inovadora e eficiente. Essa técnica consiste em selecionar e alocar diferentes clones de eucalipto de acordo com as características ambientais específicas de cada área de plantio, otimizando o desempenho de cada genótipo. Ao explorar a diversidade genética de clones e suas respostas às condições ambientais locais, a alocação clonal pode não apenas potencializar a produtividade, mas também
mitigar riscos e aumentar a resiliência das plantações frente a desafios como os estresses abióticos e bióticos.
A variância fenotípica (VF) de um determinado genótipo é composta pela soma da variância genética (VG), da variância ambiental (VA) e da interação entre genótipo e ambiente (VGA). Para um determinado clone, exclusivamente pela VA e VGA. Vários estudos têm comprovado que, em clones, podem ocorrer pequenas variações genéticas devido a mutações somáticas e modificações epigenéticas. Fatores ambientais, como estresse hídrico, térmico e nutricional, podem induzir tanto mutações somáticas quanto modificações epigenéticas, sendo estas últimas geralmente reversíveis e influenciadas pelo ambiente.
Existem dois tipos de Interação Genótipo-Ambiente (IGA). A interação simples ocorre quando a ordem de desempenho dos genótipos se mantém constante em diferentes ambientes, mas a magnitude da diferença entre eles varia. A interação complexa acontece quando o desempenho relativo dos genótipos se inverte em diferentes ambientes. Esse tipo de interação é particularmente importante, pois indica que não existe um clone "superior" em todos os ambientes.
Diversos estudos investigaram os efeitos genéticos e ambientais e a interação genótipo-ambiente no desempenho fenotípico de clones de eucalipto. A seguir, é apresentada uma síntese de três artigos entre os mais relevantes.
Essa técnica consiste em selecionar e alocar diferentes clones de eucalipto de acordo com as características ambientais específicas de cada área de plantio, otimizando o desempenho de cada genótipo. "
José
Leonardo de Moraes Gonçalves
Professor Titular de Solos e Nutrição da Esalq-USP
Carla Castro et al. (2018, Scientia Forestalis, v.46) avaliaram a IGA em plantios clonais de eucalipto com idades de três e nove anos, conduzidos nos municípios de Encruzilhada do Sul, Dom Feliciano e Vila Nova do Sul, no Rio Grande do Sul. Foram testados 804 clones, tendo como testemunha o clone comercial 32864 (Eucalyptus saligna). Aos três anos, observou-se uma diferenciação clara no desempenho dos clones entre os ambientes, o que resultou na formação de três zonas de melhoramento. No entanto, aos nove anos, essa diferenciação reduziu-se para duas zonas, conforme os clones se adaptaram às condições ambientais, indicando que a complexidade da IGA diminui com o tempo, à medida que os clones se estabilizam.
A IGA do tipo complexa foi observada em 19% dos clones, influenciada principalmente por variações de pluviosidade (1.133 mm a 1.564 mm anuais), temperatura média anual (16 °C a 17 °C), profundidade efetiva do solo, capacidade de retenção de água e drenagem interna e externa dos solos. O estudo também demonstrou que as estimativas de herdabilidade aumentaram com o tempo, sugerindo maior precisão na seleção de clones conforme os plantios envelhecem. A herdabilidade do incremento volumétrico médio anual (IMA) foi de magnitude média a alta, com valores de 0,58 aos três anos e 0,74 aos nove anos, indicando potencial para a seleção precoce.
Os cinco melhores clones alcançaram um ganho genético acumulado de 21% em relação à testemunha e 36% em relação à média da população, resultados ainda mais expressivos (27% e 49%, respectivamente) quando considerada a IGA média entre ambientes. Isso reforça a importância de selecionar clones que não apenas possuam alta produtividade, mas que também demonstrem estabilidade e adaptabilidade em diferentes ambientes.
O uso do modelo misto REML/BLUP (Máxima Verossimilhança Restrita/Melhor Predição Linear Não-Viciada) foi altamente eficiente na seleção de clones de forma sítio-específica, permitindo identificar genótipos mais produtivos e adaptados. O software Selegen-REML/BLUP, que utiliza essa metodologia, representou um avanço significativo, proporcionando análises rápidas e precisas. Além disso, o método da Média Harmônica da Performance Relativa dos Valores Genéticos (MHPRVG) permitiu uma seleção mais eficaz de clones com alta estabilidade e adaptabilidade, maximizando os ganhos genéticos em relação aos métodos tradicionais.
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Em outro estudo, Rodrigo Oliveira et al. (2020, Crop Breeding and Applied Biotechnology , v.20) avaliaram o desempenho genético de 109 clones de Eucalyptus na região do Cerrado, em três municípios de Goiás, Catalão, Corumbá-de-Goiás e Luziânia. A IGA foi do tipo complexa para 74% dos clones (ver figura em destaque na página seguinte). As principais características ambientais que afetaram a IGA foram as variações de temperaturas (médias anuais entre 20,7 °C e 22,7 °C), de precipitação (médias anuais entre 1.500 mm e 1.800 mm) e a deficiência de boro. A correlação genotípica entre os ambientes foi moderada (< 0,47), o que reforça a necessidade de se fazer seleção sítio-específica para os clones. Apenas os clones CCL21, CCL30, AEC144, CCL07 e CCL35 demonstraram alto desempenho em todos os locais avaliados.
A IGA de clones de eucalipto foi avaliada na região do Médio Parnaíba, no estado do Piauí, por Alexandro Vasconcelos et al. (2021, Agropecuária Científica no Semiárido, v.17). Quinze clones foram testados em dois ambientes contrastantes, chapada e baixão. Aos 36 meses de idade, todos os clones exibiram uma IGA do tipo complexa. Sob um clima do tipo AW (Köppen), com estação seca prolongada e precipitação anual de 1.400 mm, os clones tiveram um crescimento significativamente superior na chapada, onde o relevo plano e o solo Latossolo Vermelho-Amarelo, com boa drenagem, favoreceram o desenvolvimento. No baixão, o solo Latossolo Amarelo, mais suscetível a estresses hídricos e alagamentos, resultou em menor desempenho e maior mortalidade das árvores. Apenas três clones apresentaram estabilidade fenotípica, e a seleção precoce demonstrou ser uma estratégia promissora para o melhoramento.
A otimização da interação genótipo-ambiente pode ser alcançada por meio de uma estratégia que integra o zoneamento edafoclimático com a seleção de clones adaptados. O primeiro passo consiste na coleta de dados climáticos e edáficos regionais, que, com o uso de ferramentas de geoprocessamento e Sistemas de Informação Geográfica (SIG), possibilitam mapear áreas com diferentes aptidões para o plantio de clones específicos. Nesse processo, a geoestatística desempenha um papel crucial, permitindo a interpolação de dados climáticos e edáficos em áreas onde há escassez de estações meteorológicas ou dados de solo. Técnicas como a krigagem ordinária são amplamente utilizadas para estimar variáveis como precipitação e
temperatura, gerando mapas detalhados de aptidão edafoclimática. Além disso, a modelagem geoestatística pode prever tendências futuras, levando em consideração mudanças climáticas e padrões regionais de variabilidade, o que facilita a adaptação do manejo e a seleção de clones ao longo do tempo. Ferramentas tecnológicas como a inteligência artificial e o blockchain expandem as capacidades do manejo florestal, promovendo uma abordagem mais precisa e personalizada. Essas tecnologias permitem que a alocação clonal considere tanto as condições climáticas atuais quanto as previsões futuras, além das necessidades específicas de cada clone. O uso de big data e modelagem preditiva também auxilia na identificação de padrões e na previsão do comportamento de clones em diferentes ambientes, sugerindo as melhores combinações de clones e locais de plantio, tanto no curto quanto no longo prazo.
Conclui-se que a interação genótipo-ambiente continua sendo um fator determinante na redução da produtividade em diversos projetos florestais. Os resultados da aplicação da alocação clonal sítio-específica em plantações de eucalipto demonstram um impacto direto e significativo na produtividade e na resiliência das florestas comerciais. Adaptar clones às condições edafoclimáticas específicas de cada local permite otimizar o uso de recursos naturais, reduzir os impactos de estresses ambientais e maximizar o retorno econômico. Essa estratégia não apenas promove um manejo mais sustentável, mas também aumenta a capacidade de adaptação às mudanças climáticas, consolidando-se como uma ferramenta indispensável para o futuro das plantações florestais. Em muitos casos, o sucesso de um projeto está nas perdas que podem ser evitadas por meio de uma gestão eficiente e adaptada. n
Incremento Médio Anual de madeira dos diferentes clones em três testes clonais realizados no Cerrado. A linha vermelha indica a produtividade média do local, e a linha preta, o desempenho do clone controle (AEC144). Essa figura ilustra a significativa interação genótipo-ambiente (Rodrigo Oliveira et al., 2020, Crop Breeding and Applied Biotechnology, v.20).
Monitoramento nutricional por imagens remotas
Quando falamos em manejo nutricional, uma das questões mais importantes é a identificação do momento mais adequado para aplicar os fertilizantes, sobretudo em razão dos custos elevados desses insumos e da eficiência de absorção das plantas. O desafio é ainda maior quando falamos em grandes áreas efetivas de plantios, comuns em empresas florestais. Neste contexto, ter uma ferramenta capaz de monitorar frequentemente a condição nutricional das florestas tende a tornar o processo mais estratégico e eficaz para o planejamento de priorização das áreas a serem fertilizadas, e, consequentemente, aumentam as possibilidades de ganhos de produtividade.
Uma das formas mais eficientes de ter essa visualização ampla do cultivo é através da reflectância espectral da vegetação, por meio de imagens remotamente obtidas, sejam por satélites, sejam por drones. Dessa forma, pode-se ter uma visão geral em uma única imagem, algo vantajoso para as empresas, e, por isso, são muito utilizadas por serem ferramentas poderosas devido a seu uso múltiplo.
As imagens de satélites contêm informações precisas e atualizadas (por exemplo, o satélite Sentinel 2 A revisita a área a cada cinco dias), cuja obtenção muitas vezes não implica em custos financeiros.
A imagem espectral capta o que os olhos humanos não conseguem enxergar; nós vemos a folha, mas o espectro eletromagnético é capaz de detectar os pigmentos presentes nos
Uma das formas mais eficientes de ter essa visualização ampla do cultivo é através da reflectância espectral da vegetação, por meio de imagens remotamente obtidas, sejam por satélites, sejam por drones. "
Rayanne Oliveira Teixeira
Pesquisadora Sênior em Solos e Nutrição de Plantas da Suzano (UNF-Ribas do Rio Pardo)
cloroplastos – clorofila, carotenos, xantofilas –na estrutura do mesófilo e demais componentes da estrutura foliar. Percebe-se assim a forte aproximação dessas informações com a Nutrição de Plantas, afinal são os nutrientes que fazem toda essa cadeia fotossintética funcionar.
Foi a partir desse insight que realizamos os estudos ao longo do meu mestrado e doutorado, sob orientação dos Professores Júlio César Lima Neves e Elpídio Inácio Fernandes Filho, ambos do Departamento de Solos da Universidade Federal de Viçosa, para compreender as interações do sensoriamento remoto com os conceitos clássicos de Fisiologia Vegetal e Nutrição de Plantas, tendo em vista desenvolver novas tecnologias para a realização da Diagnose Nutricional, incorporando inovação, embasamento técnico científico, técnicas de análise numérica e inteligência artificial.
Quando se realiza a análise química da folha, o resultado laboratorial apresenta a resposta nutricional da planta até o momento da coleta. Ao selecionar as imagens, o comportamento espectral também considera o efeito da nutrição de forma indireta, e isso é mensurado pela reflectância espectral.
Conforme visto na Figura em destaque, é analisada a absorção das bandas do espectro visível azul, verde e vermelho e da banda NIR (infravermelho). Nota-se que uma planta saudável absorve mais as bandas vermelha e azul do espectro visível, logo sua reflectância no vermelho e azul é baixa.
Em contrapartida, na banda verde, a sua absorção é menor e, consequentemente, sua resposta é maior, por isso que sua coloração é verde. Já a reflectância do NIR é a mais expressiva, pois uma planta saudável não absorve a banda NIR. Porém, na planta estressada e na planta morta, a resposta da banda NIR é menor, o que quer dizer que a planta está absorvendo essa banda.
Em resumo, uma planta saudável absorve as bandas vermelho e azul do espectro visível e não consome a banda infravermelho próximo, e através desses dados são gerados os índices de vegetação. Quanto maior a discrepância entre a reflectância das bandas, mais saudável a planta está; quando essa discrepância começa a diminuir, é sinal de que a planta está estressada; e, se a discrepância for praticamente nula, é sinal de que a planta está morta. O índice de vegetação é uma operação aritmética com as bandas espectrais.
No trabalho de doutorado, após ampla revisão de literatura, mais de 60 índices de vegetação foram selecionados para determinar a área foliar, as variações dos teores de clorofila, carotenoides, antocianinas e até mesmo o teor de água na folha, além de diversas outras substâncias influentes na coloração foliar para, assim, determinar os mais eficientes em monitorar de forma periódica a oscilação dos seus valores.
Uma pergunta rotineiramente feita quando falamos sobre esse assunto é: como diferenciar, na imagem, o aspecto visual ocasionado pela deficiência nutricional daquele causado por um possível ataque de pragas, doenças, déficit hídri co etc.? Para esse nível de refinamento, é primor dial o banco de dados de análises foliares ser con
Comportamento espectral de folhas estressadas, folhas mortas e folhas saudáveis.
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Esse histórico aliado com as séries temporais de imageamento formam a base para relacionar os padrões espectrais correspondentes com as faixas “deficiente”, “suficiente” e “excessivo” de cada nutriente. Para isso, são utilizadas várias técnicas matemáticas para determinar qual é o melhor índice de vegetação capaz de predizer os teores nutricionais em determinada condição em que o plantio se encontra, dando origem a um modelo metodológico personalizado para cada condição.
Nese escopo, todo o processo de validação e treinamento do modelo é realizado por meio de técnicas de machine learning. Nessa etapa, diversos algoritmos nos ajudam a compreender qual ou quais índices de vegetação são os mais adequados para estimar com acurácia os nutrientes Nitrogênio (N), Fósforo (P), Potássio (K), Calcio (Ca), Magnésio (Mg), Enxofre (S), Cobre (Cu), Boro (B), Ferro (Fe), Manganês (Mn) e Zinco (Zn), um processo detalhado treinado em média 100 vezes para termos confiabilidade nas equações e acurácia do modelo. Em nossa pesquisa realizada com palma de óleo, obtivemos correlações expressivas, com grau de confiabilidade de 91% para o N, 87% para o P, 94% para o K. No caso dos elementos Ca, Mg e S, os resultados foram de 98%, 89% e 93%, respectivamente. Para os micronutrientes, a performance manteve-se positiva, com 94%, 92%, 95%, 93% para B, Cu, Fe, Zn e Mn, nessa ordem. Os teores de nutrientes assim estimados são utilizados para a avaliação do grau de balanço e de equilíbrio nutricional dos plantios com base em métodos referenciais, a exemplo dos índices balanceados de Kenworthy e do DRIS. No entanto, a correlação dos índices de vegetação com a produtividade da cultura foi menor (39%), afinal sempre é importante lembrar que produtividade não é só nutrição, embora a nutrição seja essencial para obtenção de altas produtividades.
De posse do modelo estabelecido, a cada nova imagem inserida no modelo é possível avaliar os resultados a nível de talhão e até mesmo predizer a condição nutricional com base nas escalas de valores dos índices de vegetação.
O monitoramento nutricional assistido por imagens remotamente obtidas, por exemplo, imagens de satélite, é uma valiosa tecnologia para antever as áreas com limitação nutricional, contribuindo para a definição das áreas prioritárias para fertilizações corretivas e otimizando tempo, mão de obra e custos. Contudo, é essencial que sejam feitas calibrações e validações de campo. n
A nutrição mineral e a mitigação do estresse hídrico
Nutrientes são, por definição, elementos essenciais à vida das plantas. O solo é o reservatório natural dos nutrientes minerais, sendo sua capacidade de suprimento dependente de características tais como mineralogia, textura e profundidade e do manejo florestal utilizado. No Brasil, predominam o clima tropical e os solos muito intemperizados, com baixa disponibilidade natural de nutrientes minerais, de tal forma que a produção florestal depende fortemente da utilização de fertilizantes e do manejo aplicado à floresta.
Face à elevada produtividade florestal, na maioria das condições de cultivo, a quantidade de nutrientes demandada é elevada. Os curtos períodos de rotação não são condizentes com uma ciclagem de nutrientes otimizada, seja ela interna, seja externa, o que, em termos relativos, aumenta a necessidade de suprimento de nutrientes via fertilizantes.
Os ganhos de produtividade florestal em decorrência da aplicação de fertilizantes tornaram-se mais marcantes com a expansão dos plantios florestais para a região do cerrado, inicialmente com o advento dos incentivos fiscais ao reflorestamento e atualmente com a instalação de várias indústrias nessa região.
Os trabalhos pioneiros (décadas de 70 e 80) de adubação do eucalipto desenvolvidos pela Esalq (Mogi Guaçu-SP) e Universidade Federal de Viçosa (Itamarandiba-MG) registraram ganhos que atingiram 15% e 440%, respectivamente.
Decorridos mais de 50 anos de uma silvicultura relativamente intensiva, pode-se dizer que é impensável efetuar plantios industriais de eucalipto sem que se proceda a alguma correção do solo e ao adequado manejo de nutrientes minerais. Experimentos de caráter científico e o ganho de conhecimento com a prática têm permitido o desenvolvimento de procedimentos e de ferramentas que permitem a recomendação de corretivos e fertilizantes para os plantios com muita assertividade. Nesse período, houve um ganho espetacular de competência profissional no setor, o que, associado às condições ambientais, tornou o Brasil o maior produtor mundial de celulose de fibras curtas e de carvão vegetal. Isso é, portanto, resultante de um manejo florestal eficaz.
O cultivo do eucalipto no Brasil ocorre de sul a norte, englobando grandes variações de solo e clima, além das recorrentes anomalias climáticas, particularmente do regime pluviométrico e térmico. Essas variações impõem restrições à sobrevivência e ao crescimento das plantas e motivam buscas de medidas de manejo florestal que mitiguem os efeitos que causam prejuízos à produtividade. Em princípio, uma planta com nutrição mineral adequada estaria em melhores condições de suportar os estresses bióticos e abióticos. Por isso, é frequente a pergunta: “Como a nutrição mineral pode mitigar os efeitos da seca ou do excesso de água?”
Os estudos sobre o papel da nutrição na tolerância do eucalipto à seca têm-se inten -
Estudos conduzidos no cerrado com a aplicação de gesso ou enxofre têm mostrado ganhos significativos de produtividade do eucalipto, seja pelo papel do enxofre como nutriente, seja como condicionador do solo. "
Samuel Vasconcelos Valadares e Nairam Félix de Barros
Professores Adjunto e Voluntário, respectivamente, do Departamento de Solos da UF-Viçosa
sificado, somando-se aos testes de comportamento de materiais genéticos a diferentes condições climáticas. A literatura clássica sobre nutrição mineral de plantas registra as funções dos vários nutrientes minerais. No que tange à tolerância à seca, destaca-se o papel do potássio. Plantas bem nutridas de potássio apresentam, dentre outras características positivas, adequado controle estomático, com redução da perda de água por transpiração e aumento de eficiência de uso desse recurso para o seu crescimento.
No Brasil, vários registros do papel do boro na redução da seca de ponteiros do eucalipto têm sido também apresentados. Este nutriente, além de promover maior estabilidade da parede celular e do sistema de transporte de água na planta, com redução dos danos decorrentes da seca, está envolvido na translocação de carboidratos e tem grande influência no crescimento de raízes, com consequente aumento da capacidade das plantas em absorver água e nutrientes.
A exigência de boro e a magnitude de sua influência na mitigação dos efeitos da seca dependem do material genético. Esse fato leva à frequente observação no campo de materiais mais ou menos afetados pela falta de chuvas.
A inclusão do boro nas formulações NPK de plantio é rotina, além de sua pulverização foliar no início do período de seca, técnica necessária face à redução da transpiração à sua menor absorção pelo sistema radicular. Registra-se que a transferência de boro entre partes da planta, em especial das folhas para o sistema radicular, é mais efetiva quando a pulverização atinge maior proporção de folhas mais maduras em comparação com folhas mais novas.
A adubação de cobertura com adubos contendo potássio e boro, próximo ao final do período chuvoso, é também uma estratégia efetiva na prevenção/mitigação dos efeitos da seca em regiões onde o período de seca não é muito prolongado.
Com funções estruturais semelhantes às do boro, o cálcio desponta como nutriente que aumenta o estado de hidratação da planta, com papel importante no crescimento de raízes, maior absorção de água, com menores danos oxidativos decorrentes da seca, além daquele relacionado à estabilidade de membranas, tornando a planta menos susceptível à seca. Portanto, sua disponibilidade no solo, em especial em camadas mais profundas, pode mitigar os efeitos da seca também pelo maior aprofundamento das raízes.
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Ressalta-se que o cálcio, na maioria das situações de plantio, é o segundo nutriente mais acumulado pelo eucalipto, em particular na casca.
É inquestionável a importância de um sistema radicular mais volumoso e profundo na redução dos danos causados ao eucalipto pela restrição hídrica. Os solos tropicais são muito pobres em fósforo, o que explica a elevada resposta do eucalipto à adubação fosfatada. A baixa mobilidade do nutriente no solo é responsável pelo “fosfotropismo” de raízes, fato que justifica a grande preocupação no modo de localização da adubação fosfatada em condições de campo, visando estimular, ao máximo, o crescimento do sistema radicular. Evidentemente, a localização mais profunda dos fosfatados pode contribuir para maior absorção de água pelas plantas e reduzir o estresse hídrico.
O uso de gesso agrícola e de produtos similares têm sido preconizado no cultivo agrícola, em áreas do cerrado, como uma forma de elevar o teor de cálcio e de outras bases em camadas mais profundas do solo, dentre outros efeitos (nutricionais e não nutricionais), o que permite maior aprofundamento radicular. Os estudos conduzidos no cerrado com a aplicação de gesso ou enxofre têm mostrado ganhos significativos de produtividade do eucalipto, seja pelo papel do enxofre como nutriente, seja como condicionador do solo. Tendo em vista a elevada tolerância do eucalipto ao alumínio, é razoável considerar seu efeito nutricional, direto, pelo maior suprimento de calcio e enxofre e, indireto, pelo aumento da capacidade de aquisição de água e nutrientes pelas plantas.
A propósito, trabalhos recentes conduzidos na UF-Viçosa apontam para o papel do enxofre na integridade do sistema de transporte de água em plantas submetidas à restrição hídrica e na melhoria da distribuição de nutrientes sobre o crescimento de plantas, com maiores efeitos positivos em condições de restrição hídrica. Nessa mesma linha, vale destacar o efeito positivo dos micronutrientes metálicos no alívio de efeitos negativos da baixa disponibilidade hídrica e de outros estresses, bióticos e abióticos.
Diante do exposto, conclui-se sobre o importante papel do manejo de nutricional na mitigação de efeitos negativos de estresses hídricos no cultivo do eucalipto, seja pela falta, seja pelo excesso de água. Discussões semelhantes são válidas para outros tipos de estresses, bióticos e abióticos. n
resistência à seca
Disciplina com manejo como principal arma
para mitigação dos efeitos da seca
Clima sempre foi um assunto amplamente discutido em todas as rodas de conversa que cercam o setor agrícola e florestal Brasil afora. Inicialmente, o embasamento para as discussões era muito prático e até mesmo perceptivo. Mesmo assim, muitas das decisões tomadas com base neste embasamento eram bastante assertivas, levando em consideração que, à época, não possuíamos a tecnologia que temos disponível nos dias de hoje. Parte desta assertividade se dava por uma maior constância no comportamento climático.
Com o passar do tempo, tivemos inúmeros avanços tecnológicos. Hoje, conseguimos modelar, prever eventos climáticos importantes, estimar índices pluviométricos e temperaturas nos curto e médio prazos, além de uma série de outras informações que nos ajudam a entender e prever tal comportamento. Entretanto, o clima continua sendo a variável mais incerta e
menos controlável de todo o processo produtivo agrícola e florestal. Esta incerteza vem sendo potencializada por uma crescente inconstância no comportamento climático no país como um todo, com alterações importantes nos indicadores de pluviometria e de temperaturas médias, em especial quando analisamos as oscilações de temperatura e os longos períodos de estiagem em locais onde a pluviometria era regular.
Quando colocamos uma lupa em Mato Grosso do Sul, estado onde trabalho atualmente, vimos, nos últimos anos, geada em regiões onde não ocorriam anteriormente; médias das temperaturas máximas aumentando de 1 a 2 ºC em relação ao histórico; índices pluviométricos de 30% a 40% abaixo do histórico e, muitas vezes, ocorrendo fora do período típico. Porém, estamos expandindo nossa base florestal no estado e não temos nenhuma intenção de desacelerar. Portanto, como conciliamos este crescimento com toda esta incerteza climática?
Antes de tudo, é importante ressaltar que a Suzano tem um direcionador que diz que “Só é bom para nós, se for bom para o mundo”, e combater a crise climática faz parte dos compromissos de Renovar a Vida da Suzano. Sabendo da nossa responsabilidade, temos o compromisso de reduzir em 15%, até 2030, a intensidade das nossas emissões de Gases do Efeito Estufa dos escopos 1 e 2. Vale destacar que a Suzano também assumiu o compromisso de remover mais 40 milhões de toneladas de
o clima continua sendo a variável mais incerta e menos controlável de todo o processo produtivo agrícola e florestal "
Leandro Luchiari Chinellato Diretor Florestal de Silvicultura da Suzano
carbono da atmosfera até 2025, o equivalente ao que a cidade de São Paulo emite em dois anos. Faremos isso ampliando, conservando e recuperando nossas florestas nativas e plantadas.
Dito isso, como ponto de partida, de uma forma bem macro, entendemos que a condição geral da floresta é um fator importante para mitigar os efeitos climáticos adversos. Mas vai além, dado que para termos uma floresta em boas condições, durante todo o processo de formação, precisamos atravessar diversos momentos de maior complexidade no que diz respeito a clima. Segue agora uma visão segmentada na tentativa de separar cada processo da formação florestal.
Iniciando pela constituição da base do solo, o mapeamento de solos como ferramenta de planejamento e indicação de manejo é uma realidade na empresa e permite capturar ajustes em região de cultivo. Precisamos pensar em práticas que permitam um escoamento lento e uniforme das chuvas, adotando modelos e práticas conservacionistas mais voltadas para a distribuição e menos voltadas para a contenção e armazenamento das águas. Outro ponto importante que precisamos falar a respeito é do manejo nutricional em áreas com baixos teores de argila e da oportunidade de construção do perfil de fertilidade desses solos, promovendo um maior arranque e uma maior uniformidade no processo de formação da floresta. Sabemos que este último tema não é unanimidade, porém constitui uma das linhas de investigação da nossa área de pesquisa e desenvolvimento. No processo de plantio, talvez a maior oportunidade esteja na escolha do plantel clonal. Temos uma importante cadeia de experimentação que nos ampara na tomada de decisão e aceleração de novos clones. Todavia, temos clones produtivos e com boas características botânicas, que estamos projetando uma redução do share em função da baixa tolerância em períodos de estiagem mais longos e mais quentes e stress hídrico. Tudo isto sem considerar clones com bom potencial, que não são levados adiante pelo mesmo motivo supracitado. Ainda no plantio, não podemos deixar de falar sobre a qualidade da muda e a relevância que isto traz para a condição geral das florestas, uma vez que uniformidade ao longo da formação confere uma condição vantajosa ao longo do ciclo da floresta, sem falar na maior facilidade na gestão e no manejo da irrigação nos plantios de julho a setembro.
Ao longo do ciclo, precisamos garantir a uniformidade da floresta e isto nos traz grandes
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desafios, a começar pela formiga, em especial nos períodos que antecedem os períodos de maior déficit hídrico. O monitoramento e a rápida atuação são indispensáveis para o controle não só da formiga, mas de outras pragas, como psilídeo de concha e lagartas. Independentemente da praga, a preservação da copa é fundamental para reduzir o stress da planta nos períodos mais críticos.
A alta intensidade na infestação de plantas invasoras traz um aumento na competição por água e nutrientes, em especial nas fases iniciais da formação da floresta. Portanto, o monitoramento e o controle das plantas invasoras, em especial até os dois anos de idade, são aliados importantes na nossa jornada de mitigação dos danos causados pelo déficit hídrico e pelas temperaturas elevadas.
Ainda olhando o ciclo da floresta, temos na nutrição um importante aliado. Sabemos que muitas culturas agrícolas já usam a questão nutricional como potencializador da sanidade e da resistência das plantas. Cito como exemplo a adoção de complementação com micronutrientes antes da aplicação de maturadores na cultura da cana-de-açúcar. Naturalmente, uma planta bem nutrida tende a suportar melhor condições adversas. E não estamos falando só de macronutrientes: os micronutrientes também desempenham um importante papel tanto na sobrevivência como na retomada do crescimento.
Como um último ponto, temos a condução, uma vez que florestas em segundo ciclo apresentam uma maior tolerância aos períodos de mais escassez de água e, diante do que está por vir, se faz necessário revermos os nossos planos de manutenção das florestas visando um maior aproveitamento desta etapa do manejo. Até aqui, não tem nada de novo e dificilmente teremos tecnologias disruptivas que resolvam os impactos relacionados ao clima em um curto prazo de tempo, assim sendo, temos de lançar mão do que já sabemos e buscamos fazer, o tempo todo, que é constituir uma floresta com um sistema radicular profundo e bem distribuído nas camadas superiores, com uma boa uniformidade na formação, livre da competição externa por luz, água e nutrientes e, por fim, a manutenção das copas preservadas. Trata-se de uma tríade: disciplina com recomendações técnicas + timing nos controles e nas suplementações + qualidade como nossa maior aliada na nossa jornada de produzir florestas sadias, produtivas em um ambiente climático cada vez mais incerto. n
Soluções
Analíticas Inteligentes em mais de 200 milhões de hectares
Para uma agricultura cada vez
mais sustentável
Os insumos biológicos representam a nova realidade da agricultura e vieram para ficar. O Brasil já desponta como líder nessa modalidade de manejo com milhões de hectares utilizando bioinsumos nos mais diversos cultivos e regiões. O crescimento desse mercado reforça a conscientização sobre os desafios da agricultura moderna e dos caminhos que temos para superá-los. Estes envolvem o equilíbrio entre natureza, agricultura e sociedade.
O desenvolvimento do mercado de bioinsumos está alicerçado em três pilares: apoio do Estado, indústria inovadora e disponibilidade dos agricultores em adotar soluções modernas e eficientes que proporcionam maior sustentabilidade na produção agrícola.
O apoio do poder público se comprova através da pesquisa oficial e do entendimento por parte dos órgãos que avaliam os novos insumos agrícolas de que os biológicos são seguros e eficientes, consolidando-se como uma importante ferramenta para o desenvolvimento da agricultura nacional.
A produção de biológicos no Brasil conta com a participação de empresas sérias que investem continuadamente em pesquisa e desenvolvimento e têm ofertado produtos cada vez mais completos, eficazes e que atendem à necessidade de associação com os insumos agrícolas tradicionais.
O terceiro pilar pode ser descrito pela adoção da tecnologia de biológicos pelos produtores rurais. É impressionante a abertura que os agricultores brasileiros têm em adotar novas soluções mesmo que para isso seja necessário alterar o complexo manejo que envolve a produção agrícola. O reconhecimento de que os biológicos são soluções eficientes, sustentáveis e com preços competitivos é o motor que impulsiona o crescimento dos insumos biológicos no país. Desta forma, os biológicos se adaptaram rapidamente ao manejo nas fazendas e venceram definitivamente as dificuldades iniciais de utilização.
Insumos biológicos são usados há décadas pelos produtores de soja e feijão na forma de inoculantes, bactérias que intensificam o processo natural da fixação biológica de nitrogênio (FBN) e, associadas às plantas, captam o nitrogênio do ar e o disponibilizam para os cultivos. Essa aplicação tradicional vem crescendo com combinações de microrganismos que aumentam ainda mais a eficiência – a chamada co-inoculação – e, mais recentemente, com a utilização de inoculantes também em milho, cana, trigo, arroz e pastagem.
Os bioinsumos são produzidos no Brasil e, ao contrário dos insumos químicos, não estão sujeitos à variação cambial e aos custos logísticos atrelados ao comércio internacional. "
Rogério Rangel Diretor da Biotrop
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Entomologista analisando os efeitos dos bioinseticidas
Ovos de percevejo observados no microscópio
A ciência que envolve os biológicos é avançada e caminha para o desenvolvimento de diferentes soluções para atender, de forma ampla, aos desafios no campo. Além dos inoculantes, o mercado já dispõe de produtos biológicos que são classificados como bioestimulantes – insumos que favorecem o desenvolvimento de raízes e estimulam o crescimento das plantas –, os biofertilizantes que proporcionam a disponibilização de nutrientes como fósforo e potássio presentes no solo, porém, em grande parte, na forma indisponível às plantas, e, por fim, os produtos biológicos para controle de insetos e doenças.
Como exemplos da consolidação dos bioinsumos, citamos a adoção de nematicidas biológicos, que, na cultura de soja, já representam mais de 90% dos produtos utilizados no controle destes vermes de solo, e os bioinseticidas, que são responsáveis por grande parte do controle de lagartas e insetos sugadores nos principais cultivos comerciais em todo o país.
Os insumos biológicos se comprovam também sustentáveis quando avaliamos os distintos aspectos: econômico, social e ambiental.
Os bioinsumos são produzidos no Brasil e, ao contrário dos insumos químicos, os quais apresentam grande dependência de importação, não estão sujeitos à variação cambial e aos custos logísticos atrelados ao comércio internacional. A tecnologia biológica é nacional e apresenta grande potencial de ser um importante item exportador nos próximos anos.
A evolução desse mercado vem acompanhada – porque não basta ter a tecnologia, é preciso capacitar pessoas para que entendam o manejo de biológicos.
São cada vez mais comuns ações de reeducação voltadas aos profissionais do agronegócio, que na última década vêm se adaptando à nova forma de manejo, após muitos anos de uso de insumos químicos. Com as novas ferramentas, multiplica-se o número de propriedades rurais que trazem para a sua rotina produtos que contribuem com a natureza e saúde ocupacional de seus funcionários, diminuindo a exposição a produtos tóxicos.
Do ponto de vista da sustentabilidade ambiental, pesquisas mostram que solos com maior diversidade de micro-organismos são menos suscetíveis à ação de patógenos. Logo, são mais saudáveis e, por consequência, mais produtivos. A ação de produtos biológicos tem potencial de contribuir para o aumento dos níveis de matéria orgânica com o passar do
Técnicos avaliando a eficiência de produtos biológicos
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tempo, fixando carbono e favorecendo o equilíbrio do solo. Estamos falando de uma nova forma de enxergar a produção agrícola, na qual os biológicos entram para solucionar problemas que os produtos químicos já não podem controlar de forma eficiente. E com mais vantagens: menor uso dos recursos naturais, manutenção sustentável do solo e segurança para quem planta e para quem consome.
Quando combinados, esses efeitos se desdobram para que a agricultura atinja novos patamares de produtividade e, o mais importante, aumentam a saúde do solo, o ativo de maior valor do produtor rural. O uso de biológicos na agricultura ainda contribui para o equilíbrio de sistemas agrícolas e promove a preservação de insetos importantes para a atividade – por exemplo, os inimigos naturais das pragas e as abelhas, responsáveis pela polinização.
Todos esses benefícios chegam com bom custo-benefício ao bolso do agricultor, pois são produtos brasileiros que contribuem diretamente para a nossa economia, no campo e no mercado.
O Brasil é um país de destaque na produção e utilização de bioinsumos, mercado que cresceu de forma acelerada nos últimos anos e atingiu R$ 7 bilhões em 2023. Algumas empresas desse segmento têm-se destacado pela expansão para outros países, com o compromisso de exportar os produtos nacionais e fixar a imagem do país como modelo no desenvolvimento e na adoção de bioinsumos.
No mercado florestal, existem iniciativas em andamento com a utilização de bioinsumos aplicados no solo durante a instalação de novas florestas e avaliações para controle de diversas pragas e doenças. A utilização é ainda baixa, mas tem potencial de rápido desenvolvimento nos próximos anos.
Os bioinsumos vieram para ficar, porque seus benefícios se estendem para além do campo e trazem impacto positivo e duradouro.
A crescente busca por uma atividade agrícola mais sustentável e livre de substâncias químicas ganha força em todo o mundo, impulsionando os diversos elos da cadeia da produção. Contribui, portanto, para o contínuo crescimento do setor e atrai novos usuários a cada dia.
Essa nova tecnologia ainda tem muito potencial a ser explorado e promete seguir revolucionando o agronegócio numa busca constante por uma agricultura cada vez mais sustentável e regenerativa. n Os bioinsumos favorece
Microbiologia aplicada:
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o próximo passo no manejo florestal sustentável
A biodiversidade é um patrimônio da humanidade, essencial para manter o clima, a qualidade do ar e o fornecimento de matéria-prima para as atividades humanas. Esses e outros processos fazem parte dos chamados serviços ecossistêmicos, ou seja, os benefícios que a biodiversidade nos oferece de maneira passiva e sem os quais seria praticamente impossível prosperar.
A maior parte da biodiversidade, no entanto, está além do alcance dos nossos olhos, sendo composta por micro-organismos como bactérias, arqueias, fungos e protozoários. Não é exagero dizer que as comunidades microbianas são tão numerosas e complexas quanto as estrelas no universo. Esses micro-organismos habitam o solo, as raízes, as folhas e a água, desempenhando funções essenciais que podem ser exploradas por nós como ferramentas biotecnológicas.
Na minha opinião, a próxima grande revolução no manejo florestal virá do uso desses micro-organismos. O setor florestal brasileiro avançou muito no melhoramento genético de plantas, na determinação das melhores densidades de plantio e no manejo dos plantios e do solo, tornando-se uma referência mundial. Entretanto, o uso de micro-organismos com fins biotecnológicos foi negligenciado até recentemente.
Tradicionalmente, a microbiologia aplicada ao setor florestal se limitava à fitopatologia, ou seja, ao estudo de doenças causadas por micro-organismos. Contudo, existe um enorme potencial biotecnológico que pode e deve ser explorado.
O Brasil é líder no uso de bioinsumos, com destaque para os inoculantes à base de bactérias fixadoras de nitrogênio, amplamente utilizados em leguminosas nodulantes como soja e feijão. Mais recentemente, o uso de inoculantes se tornou mais frequente em culturas não leguminosas, como cana-de-açúcar, milho e café.
Em plantas não nodulantes, o manejo dos inoculantes é mais desafiador, pois a associação simbiótica entre micro-organismos e plantas tende a ser menos estável. O sucesso da inoculação depende de diversos fatores, como a compatibilidade entre a linhagem microbiana e a genética da planta, já que há uma relação (quase) específica entre microrganismos e seus hospedeiros. Além disso, condições ambientais, como o pH e a qualidade da matéria orgânica do solo, afetam significativamente o equilíbrio microbiano. Controlar esses fatores representa um dos principais desafios ao uso e eficácia de bioinsumos.
Ao contrário de muitas culturas agrícolas, que são geneticamente diversas, o setor florestal utiliza predominantemente clones. Durante a produção de mudas, cada clone é replicado em grandes quantidades, em ambientes controlados, com substratos, temperatura e umidade padronizados.
Não é exagero dizer que as comunidades microbianas são tão numerosas e complexas quanto as estrelas no universo. Esses micro-organismos habitam o solo, as raízes, as folhas e a água, desempenhando funções essenciais. "
Caio Tavora Rachid Coelho da Costa
Professor do Instituto de Microbiologia Paulo de Góes da UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro
Do plantio ao carregamento, movemos uma cadeia inteiramente mecanizada
Somos a única prestadora de serviços florestais do Brasil a oferecer serviços mecanizados em todas as frentes.
Esse cenário é ideal para o uso de bioinsumos, pois permite o controle de variáveis importantes. Durante essa fase, é possível inocular bactérias e fungos que estabelecerão associações simbióticas com as plantas, influenciando positivamente sua adaptação ao meio.
Quando falo de adaptação, refiro-me a melhorias como o aumento da taxa de enraizamento, o desenvolvimento precoce das mudas e uma maior resistência a patógenos. Em campo, há também o potencial de otimizar a nutrição das plantas sem aumentar a fertilização e melhorar a resistência das mudas aos estresses ambientais, como a seca.
Para transformar esse potencial em realidade, é necessário investir em pesquisas voltadas aos desafios do setor. Isso envolve o desenvolvimento de inoculantes eficientes, sua implementação na cadeia produtiva e a avaliação de diferentes formas de manejo. O desenvolvimento de inoculantes é um processo longo, que demanda trabalho, conhecimento e tempo, incluindo o estudo das comunidades microbianas associadas a diferentes regiões de cultivo e variedades de plantas. É essencial selecionar e testar linhagens de micro-organismos benéficos que não só realizem atividades biológicas de interesse, mas também se associem às plantas de forma duradoura. Vale lembrar que nenhum micro-organismo conseguirá desempenhar todas as funções desejadas isoladamente. No desenvolvimento de bons inoculantes é onde acredito que o setor florestal se encontra atualmente.
A implementação na cadeia produtiva parece ser o passo menos complexo. Grandes empresas têm capacidade para estabelecer centros de multiplicação de inóculos com controle de qualidade e baixo custo ou terceirizar essa produção. As inoculações podem ser automatizadas com pequenas modificações nas linhas de produção de mudas.
Um ponto de grande atenção será o aprimoramento das práticas de manejo dos bioinsumos dentro do contexto de produção florestal. Aqui envolvem questões ainda não mapeadas. Precisamos determinar os momentos ideais para a inoculação – no plantio das estacas, durante a maturação das mudas ou antes do envio ao campo –, além de entender a dose necessária e a compatibilidade dos micro-organismos com outros insumos. Esses detalhes exigirão anos de testes, já que diferentes genéticas de planta e micro-organismo podem reagir de forma única.
Há quinze anos iniciei pesquisas sobre a microbiologia de plantios florestais, com abor-
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dagens clássicas e moleculares, mapeando a microbiota associada ao eucalipto, desenvolvemos um consórcio de bactérias promotoras de crescimento que apresentou resultados promissores em casa de vegetação e em escala comercial de produção de mudas. Com esse desenvolvimento inicial, aprendemos mais sobre as necessidades do setor. Hoje, minha equipe trabalha em parceria com empresas florestais no desenvolvimento de inoculantes adaptados às condições regionais. Tenho particular interesse nos micro-organismos endofíticos, que vivem dentro dos tecidos vegetais, especialmente nas raízes.
A premissa é que os micro-organismos que habitam o interior das raízes têm uma relação mais íntima com a planta e estão mais protegidos de variações ambientais externas. Um micro-organismo benéfico capaz de colonizar a planta pode, assim, sobreviver mesmo em condições de solo adversas.
Com o uso de tecnologia de sequenciamento genético, mapeamos as comunidades bacterianas associadas ao solo e às raízes de eucaliptos em 15 cidades de São Paulo, Minas Gerais e Bahia. Os dados mostram que cada empresa tem árvores com microbiota específica, provavelmente devido ao histórico de seleção genética das plantas. Isso reforça a importância do desenvolvimento de inoculantes personalizados. Além disso, o mapeamento se tornou uma referência importante para a seleção dos melhores candidatos a inoculantes, pois mostra quais bactérias são mais abundantes e que conseguem colonizar o maior número de plantas em cada região.
Atualmente, nossa coleção contém cerca de 1.500 isolados bacterianos, que estão sendo submetidos a testes bioquímicos e moleculares para caracterizar aqueles com maior potencial biotecnológico e alta capacidade de adaptação. Desses pequenos organismos virão grandes resultados. A nossa perspectiva é que em breve essa possa se tornar uma relevante contribuição para o setor florestal.
Concluo apontando que o momento é propício para o setor florestal. O avanço nas tecnologias de monitoramento e nas ferramentas de engenharia genética pode aumentar significativamente o potencial produtivo, desde que haja uma abordagem integrada que inclua o componente microbiológico na seleção das melhores genéticas e nas práticas de manejo do solo. Assim, é possível alcançar maior sustentabilidade e resiliência diante das mudanças climáticas, sem comprometer a rentabilidade do setor. n
A C OMBA TER INCÊNDIOS
Estratégias para garantir a produtividade e a sustentabilidade de florestas plantadas
O Brasil possui, atualmente, cerca de 10 milhões de hectares plantados com espécies de Eucalyptus e Pinus, dentre outras. Estima-se que o setor de florestas plantadas seja responsável por uma receita bruta de mais de 260 bilhões de reais anualmente, gerando mais de 2,6 milhões de empregos diretos e indiretos. A pujança do setor tem como um dos pilares o uso sistemático de fertilizantes químicos para a manutenção da produtividade e da sustentabilidade dos plantios.
Para atender à demanda nacional, o Brasil importa cerca de 70% da matéria-prima utilizada na fabricação de fertilizantes, tornando-se extremamente vulnerável aos humores do mercado internacional. O setor florestal sofre frequentemente com as flutuações na oferta e nos preços de fertilizantes em função de conflitos geopolíticos envolvendo os países exportadores desses insumos.
Outras preocupações atuais correspondem à queda de produtividade das áreas plantadas e aos efeitos das mudanças climáticas que já se fazem sentir, com eventos mais frequentes e severos de seca. O cenário torna-se ainda mais sombrio com o possível aumento nos surtos de doenças e pragas florestais ocasionados pelo desequilíbrio climático.
Como melhorar a eficiência no uso de fertilizantes para nos tornamos menos dependentes das importações? Onde buscar novas estratégias que possam ser utilizadas para minimizar os efeitos negativos das mudanças climáticas sobre os plantios florestais? Como preservar a sustentabilidade das florestas plantadas?
A resposta para essas questões pode estar relacionada aos microrganismos associados às espécies florestais. As plantas associam-se com ampla diversidade de microrganismos que estão presentes nas superfícies da parte aérea e das raízes, no interior dos tecidos e no solo próximo às raízes. Esses microrganismos, que constituem o microbioma vegetal, contribuem com informações genéticas adicionais às das plantas e são usadas por elas quando enfrentam as condições ambientais onde vivem.
Por não apresentarem motilidade, as plantas precisam expressar respostas adaptativas a condições adversas do meio no local onde se encontram. Nessas horas, elas lançam mão do microbioma associado para modular a fisiologia ou alterar a morfologia a fim de superar os desafios que o meio lhes impõe.
O microbioma vegetal é tão estratégico para as plantas que elas alocam até 40% do carbono que fixam pela fotossíntese para manter a
No solo, a manutenção da microbiota gera um círculo virtuoso de conservação do ambiente, com perdas mínimas de nutrientes e de matéria orgânica. "
Professores do Departamento de Microbiologia e do Departamento de Solos, respectivamente, da UFV - Universidade Federal de Viçosa
diversidade dos microrganismos associados. Estima-se que, ao longo da evolução, populações microbianas específicas foram recrutadas pelas plantas visando a melhor adaptação e a maior sobrevivência. Os microrganismos associados podem aumentar a absorção e a eficiência de uso de água e nutrientes, ampliar o sistema radicular, promover melhor enraizamento de estacas, fixar nitrogênio, disponibilizar nutrientes pouco solúveis e aumentar a tolerância das plantas a estresses bióticos e abióticos, a exemplo da seca, temperaturas elevadas, pragas e doenças. Como resultado, ganhos significativos no crescimento e na produtividade vegetal são obtidos, com plantas menos dependentes de insumos químicos. O conjunto de microrganismos associados às plantas constitui uma fonte de recursos genéticos ainda pouquíssimo explorada visando o desenvolvimento de soluções biotecnológicas para o setor florestal. Para lançar mão desse recurso, torna-se necessário conhecer a diversidade microbiana associada às espécies florestais, isolar os microrganismos de diferentes locais do corpo da planta de interesse e testá-los quanto à capacidade de promover benefícios ao hospedeiro. Em geral, os testes envolvem a análise da capacidade de promoção de crescimento vegetal, bem como de mitigar os efeitos de fatores estressantes do meio, podendo ser feitos in vitro, em casa-de-vegetação, no viveiro ou no campo.
Outros fatores que podem ser avaliados correspondem às interações espécie vegetal-microrganismo, clone-microrganismo e microrganismo-ambiente, visando selecionar isolados de compatibilidade hospedeira mais ampla e de maior eficiência em diferentes climas e condições de solo. Os microrganismos selecionados poderão constituir coleção a partir da qual isolados microbianos, individualmente ou em consórcios, poderão ser utilizados em diferentes situações visando a manutenção ou ganhos de produtividade.
Com os avanços das técnicas analíticas, a engenharia de microbiomas vegetais inteiros tem sido também postulada como forma de melhorar a capacidade de adaptação das plantas ao meio, a produtividade e a tolerância das culturas aos estresses ambientais. Estima-se que os microbiomas das espécies perenes, a exemplo do eucalipto, sejam particularmente importantes para produzir respostas adaptativas às mudanças climáticas no curto prazo, enquanto ainda não houve
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tempo para que processos evolutivos naturais selecionem plantas mais tolerantes às novas condições.
As formas de se introduzir microrganismos benéficos nos plantios florestais pode ser feita pelo uso de inoculantes, que são produtos ou insumos que contêm microrganismos com a capacidade de promover o crescimento de plantas. Segundo a Associação Nacional de Produtores e Importadores de Inoculantes (ANPII), o setor movimentou cerca de 441 milhões de reais em vendas em 2023, com uma expectativa de crescimento de 17% em 2024. As culturas que mais consomem inoculantes microbianos são, em ordem decrescente, a soja, o milho, a cana, o trigo e o feijão.
Apesar de todo o domínio técnico na seleção e formulação de inoculantes microbianos para a agricultura, a aplicação de microrganismos no setor florestal ainda é incipiente, com número muito limitado de produtos voltados para o controle de pragas.
Em geral, quando há a oferta de inoculantes para o setor, esta resume-se a produtos que foram desenvolvidos, testados e registrados para outras culturas agrícolas, sem a garantia de eficácia para as espécies florestais.
Finalmente, práticas de manejo florestal que promovam a conservação da diversidade microbiana podem também contribuir significativamente para a sustentabilidade dos plantios. Na planta, o equilíbrio das populações microbianas melhora o estado nutricional e sanitário dos indivíduos, que passam a requerer menos insumos químicos para sobreviverem. No solo, a manutenção da microbiota gera um círculo virtuoso de conservação do ambiente, onde os processos de ciclagem estarão em equilíbrio, com perdas mínimas de nutrientes e de matéria orgânica.
O papel central da microbiota em contribuir para a estabilização do carbono no solo é plenamente reconhecido na atualidade, sendo essa atividade fundamental, portanto, para balancear as emissões de CO2 geradas pelas atividades humanas. Atualmente, o microbioma vegetal é identificado como peça-chave para a próxima revolução verde.
Diante das dificuldades enfrentadas pelo setor florestal, compreender a relevância dos microrganismos para as florestas plantadas e aproveitar este conhecimento para melhorar a produtividade e aumentar a resiliência ao estresse e às doenças, com conservação ambiental, tornam-se estratégia prioritária. n
Al
ta Produtividade:
Até 2.800 mudas plantadas/hora em condições ideais.
Bactérias e fungos aumentam a eficiência da
adubação e produtividade
Estamos vivendo a “Era da Micro Revolução Verde”, ou seja, para grandes transformações e incrementos produtivos, precisamos entender os benefícios daqueles seres vivos que não conseguimos enxergar sem microscópio. Para avançarmos nesta fronteira do conhecimento, são necessárias mais pesquisas de prospecção e uso de microrganismos benéficos, os quais podem proporcionar para as plantas, quando aplicados de forma inteligente, um incremento na nutrição, crescimento e produtividade das florestas plantadas.
A maioria dos solos ocupados por florestas plantadas com eucalipto e pinus são naturalmente ácidos e de baixa fertilidade natural e apresentam baixa disponibilidade de nutrientes, sendo necessária comumente a adubação equilibrada para o fornecimento N, P, K, Ca, Mg, S, B, Cu e Zn, para que as plantas possam se desenvolver bem e atingir altas produtividades. Contudo, a eficiência das adubações ainda precisa ser aumentada, principalmente da nitrogenada e fosfatada, e o Brasil é um grande importador de fertilizantes minerais, importando cerca de 80% do que é consumido no país,
o que encarece o custo de produção, principalmente quando o dólar está mais valorizado frente à moeda brasileira.
Uma possibilidade, devido ao alto custo dos fertilizantes minerais e à conscientização em prol de uma agricultura sustentável e menos poluente, na qual as pesquisas estão crescendo, é o uso de inoculantes contendo microrganismos que promovem o crescimento e incrementam a produtividade de plantas, muitas vezes por aumentar a eficiência das adubações. Os pesquisadores brasileiros são reconhecidos mundialmente, e o Brasil tem tradição de pesquisas com microrganismos benéficos, os quais já são utilizados e aplicados por meio de inoculantes, há décadas, na cultura da soja e, nos últimos 14 anos, em culturas graníferas como milho e trigo. Porém, as pesquisas e a prática da inoculação com microrganismos benéficos, principalmente com bactérias promotoras de crescimento de plantas (BPCP), em florestas plantadas ainda são escassas.
Os benefícios de fungos e bactérias na agricultura podem ocorrer por múltiplos mecanismos de atuação no crescimento de plantas, como a produção e secreção de fitormônios como o ácido indol-3-acético (AIA), citocininas, giberelinas e etileno; de reguladores de crescimento de plantas (ácido abscísico, óxido nítrico e de poliaminas como espermidina, espermina); aumento na disponibilidade de nutrientes, solubilização do fosfato e de outros nutrientes, na atividade da redutase do nitrato e na eficiência
As práticas de inoculação com bactérias e fungos benéficos na agricultura atual são irreversíveis, têm menor impacto ao meio ambiente e aumentam a eficiência de fertilizantes minerais, contribuindo para o aumento produtivo e reduzindo custos de produção. "
Marcelo Carvalho Minhoto Teixeira Fº Professor de Nutrição de Plantas na Unesp-Ilha Solteira
de uso do N; biocontrole de doenças; proteção das plantas contra estresse salino, hídrico e elementos tóxicos do solo; além de fixação biológica de nitrogênio (FBN). Diversos estudos relataram os efeitos positivos da inoculação de microrganismos na fotossíntese, crescimento, absorção de nutrientes, eficiência do uso da água e produtividade das plantas.
O uso de microrganismos benéficos é considerado uma das alternativas biotecnológicas mais viáveis e sustentáveis na redução do custo dos insumos agrícolas e dos impactos ambientais relacionados à adubação mineral para aumentar a produtividade das culturas, melhorar e restaurar a fertilidade do solo e promover o crescimento das plantas. A inoculação com microrganismos promoveu maior eficiência da adubação mineral com nitrogênio e fósforo, absorção de nutrientes, crescimento e produtividade de diversas culturas, como soja, milho, trigo, cana-de-açúcar, aveia, tomate, sorgo, feijão, entre outras. A maioria das pesquisas reportaram que as bactérias promotoras de crescimento de plantas e fungos micorrízicos promoveram, por meio de diversos mecanismos de ação, maior eficiência da adubação mineral, possibilitando a redução em média de 25% das doses N, P e/ou K, com obtenção de produtividades agrícolas satisfatórias. Neste sentido, é muito importante o fomento a pesquisas com inoculação de microrganismos em espécies florestais de interesse econômico, principalmente de eucalipto e pinus, tanto a nível de viveiro de mudas como no campo em florestas plantadas.
Adicionalmente, as interações benéficas de plantas e microrganismos, ao promoverem maior absorção e assimilação de nutrientes, podem aumentar a tolerância contra estresses bióticos e abióticos. Os microrganismos atenuam as respostas ao estresse pela regulação do equilíbrio nutricional das plantas. A associação entre plantas e microrganismos benéficos é interessante e boa para ambos, pois os microrganismos ajudam as plantas a absorverem mais nutrientes do solo, e as plantas propiciam alimento e servem de hospedeira. Vários microrganismos estão envolvidos em atividades benéficas, incluindo aumento do reservatório de carbono orgânico, redução das emissões de gases de efeito estufa, aumento do crescimento das plantas, indução de resistência a doenças e remediação de solos contaminados. A interação planta-micróbios adapta vários mecanismos complexos que melhoram a produtividade das culturas e a mitigação contra mudanças climáticas adversas.
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Os microrganismos benéficos também atenuam o estresse abiótico adaptando várias estratégias, como produção de fitormônios, redução dos teores de óxido de etileno, regulação positiva da resposta à desidratação e atividades antioxidantes.
Com relação à nutrição de plantas e qualidade agrícola, os principais microrganismos estudados na atualidade são as chamadas BPCPs, com destaque aos gêneros Azospirillum, Bacillus, Pseudomonas, Herbaspirillum e Burkholderia. Entretanto, uma longa lista de inoculantes comerciais contendo bactérias pode ser citada, como: Agrobacterium radiobacter, Azospirillum brasilense, Azospirillum lipoferum, Azotobacter chroococcum, Bacillus firmus, Bacillus licheniformis, Bacillus megaterium, Bacillus mucilaginous, Bacillus pumilus, Bacillus subtilis, Bacillus amyloliquefaciens, Bacillus aryabhattai, Burkholderia cepacia, Delftia acidovorans, Paenibacillus macerans, Pantoea agglomerans, Pseudomonas aureofaciens, Pseudomonas chlororaphis, Pseudomonas fluorescens, Pseudomonas solanacearum, Pseudomonas syringae, Serratia entomophila, Streptomyces griseoviridis, Streptomyces lydicus, e Rhizobium spp.
No Brasil, além das bactérias, estudos com fungos como o Trichoderma harzianum, principalmente na área de controle biológico, têm crescido, e este fungo também incrementa a nutrição de plantas. Além do gênero Trichoderma, há também diversas pesquisas com fungos solubilizadores de fosfato e fungos micorrízicos arbusculares (FMA) com intuito de solubilizar fosfatos existentes ou adicionados ao solo e/ou aumentar a absorção de nutrientes devido ao maior volume de solo explorado, incrementando o crescimento e produção das plantas.
Ressalta-se que a lista de inoculantes com novas espécies de BPCPs que podem ser utilizadas para uma agricultura mais sustentável é crescente, assim como o número de novas empresas envolvidas nesse mercado. Logo, as práticas de inoculação com bactérias e fungos benéficos na agricultura atual são irreversíveis, têm menor impacto ao meio ambiente e aumentam a eficiência de fertilizantes minerais, contribuindo para o aumento produtivo e reduzindo custos de produção. Portanto, na atual “Era da Micro Revolução Verde”, o setor florestal precisa de mais pesquisas sobre a interação entre microrganismos benéficos x clones x ambiente de produção para sustentabilidade da agricultura moderna, que tem como grande desafio as mudanças climáticas globais. n
Não existe café grátis daninhas e as mudanças climáticas
As mudanças climáticas são um fenômeno de consequências globais e com impactos já muito visíveis no dia a dia da silvicultura brasileira. Já percebemos o aumento das temperaturas e as alterações nos regimes de precipitação – variações no volume hídrico e na distribuição das chuvas, secas prolongadas, inundações...
Grandes mudanças estão a caminho. Se o CO2, principal “gás do efeito estufa”, é matéria-prima para a produção de energia nas plantas, a falta de água é o maior limitante para o crescimento delas.
Imaginando um cenário de seca, com aumento de temperatura, o eucalipto está em desvantagem: é uma planta C3 e perde água mais facilmente do que plantas C4, como as gramíneas. A nova dinâmica florística das plantas daninhas deve, com isso, favorecer as plantas C4.
Frente à mudança, precisamos abandonar velhos hábitos. Apenas a adaptação gera resultados positivos em um ambiente modificado. A agricultura já começou esse processo.
Plantios de café adensados aumentam a área foliar e reduzem as temperaturas no dossel, o que diminui a produção por pé, mas não por área.
Nos estados do Sul, 2 a 3°C a mais inviabilizam o plantio de maçã, de modo que as regiões produtoras estão subindo a serra em busca de altitude. Mas o eucalipto está no Brasil todo, e mudar de lugar é inviável.
Assim, as melhores perspectivas estão em práticas culturais com um planejamento estratégico a longo prazo.
O controle cultural, com o fechamento da floresta, ainda é o melhor manejo. Se a floresta tem uma boa dianteira competitiva, ela pode crescer e fechar copa com o mínimo de interferência. Isso requer uma boa limpeza de área, e, para boa parte do mercado, limpeza de área é sinônimo de dessecação. Mas precisamos repensar esse conceito. O Mato Grosso do Sul é a principal área de expansão de silvicultura no Brasil. No inverno, há um longo período de seca pela redução da precipitação, em especial em anos de La Niña, como este.
Nas áreas de expansão, costumam predominar gramíneas. E mesmo elas são prejudicadas pela extrema falta de água. Folhas secas não têm absorção e translocação efetivas dos herbicidas aplicados.
Ainda assim, as listas técnicas se mantêm, iniciando as operações pela dessecação, que não será efetiva. As plantas não controladas, muitas vezes cobertas com terra no preparo de solo, rebrotam com as chuvas, nas bordas dos sulcos e nas entrelinhas.
Plantios de meses vão entrar em condição crítica de matocompetição simultaneamente. Começa uma mobilização quase que desesperada de recursos, pessoal e maquinário, enquanto outras operações precisam continuar.
Frente à mudança, precisamos abandonar velhos hábitos. Apenas a adaptação gera resultados positivos em um ambiente modificado. A agricultura já começou esse processo. "
Rudolf Woch Diretor da Apoiotec
A pressão e a escassez de mão de obra para operações costais obrigam a intervenções mecânicas como a lâmina. Removem-se as plantas e, junto com elas, parte da camada superficial do solo, favorecendo a erosão.
Métodos químicos no período seco forçam a operações mecânicas indesejáveis no período chuvoso. Mas e o inverso, posicionar o método físico de controle no período seco e o químico no chuvoso?
Na seca, fazemos a limpeza de área em faixas, no posicionamento das linhas de plantio, com uma gradagem de 2 metros. Cortamos as plantas, quebrando a relação raiz-solo, e as expomos à alta radiação solar e à baixa umidade relativa, inviabilizando a rebrota com as chuvas.
Mas essa ação tem consequências: revolver a camada superficial do solo aumenta a amplitude relativa da temperatura e expõe outras sementes. Estimulamos assim a sua germinação. Por isso, a operação precisa ser conjugada ou sucedida pela aplicação de herbicidas pré-emergentes para o período seco.
Então, entra o preparo de solo: com disco de corte, haste de subsolador, adubação, marcação de covas, mas sem lâminas ou quaisquer estruturas que removam a camada superficial na linha de plantio.
Manter a camada com material orgânico incorporado permite a melhor ciclagem de nutrientes e a retenção de umidade nas faixas de preparo e ainda favorece a dianteira competitiva, já que as mudas ficam mais elevadas, ao mesmo nível das entrelinhas. Com as chuvas, a matocompetição viria da germinação de sementes, então controlada com herbicidas pré-emergentes para o regime hídrico.
Tiramos a operação mecânica da chuva e a trouxemos para a seca: agora este não é mais um método mecânico de controle apenas, mas um método físico, aliando operação mecânica e condições ambientais. As altas temperaturas e a baixa umidade, que impedem a boa dessecação, passam a ser integrantes da boa limpeza de área.
A seguir, empregamos o método químico, permitindo o desenvolvimento da floresta sem competição ou gargalos operacionais e logísticos. As entrelinhas não tratadas no período seco serão controladas no período chuvoso, com a associação de herbicidas dessecantes e pré-emergentes de residual longo. A limpeza das faixas fixada a 2 metros limita a entrelinha a cerca de 1,5 metro de faixa e a uma distância segura da linha de plantio, reduzindo o risco de efeitos fitotóxicos sobre as mudas.
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Passado o período seco, voltamos às chuvas, e a dessecação é novamente o método mais eficiente para limpeza de área.
Agora, uma boa dessecação em área total cria uma cobertura morta sobre o solo, e queremos que o preparo a preserve, inclusive nas linhas de plantio. Entra o mesmo subsolador proposto para seca, para controlarmos a erosão e ainda mantermos a umidade, menor amplitude térmica e melhores condições para a macro e microbiota do solo.
Entra aqui um pacote de pré-emergentes para aplicação em área total, considerando a dinâmica dos herbicidas sobre cobertura morta e perdas por volatilização.
Teremos a floresta continuamente livre de competição. A manutenção será feita com pré-emergentes adequados para cada época, em área total.
E a recomendação da lista técnica? Aquela que prevê preparo de solo com lâmina, criando sulco e afastando resíduos da linha? Ela terá sua aplicação quando algo não for bem na limpeza de área e se não houver tempo hábil para reparar os problemas. Em período chuvoso, se a dessecação não for eficaz, ou em período seco se, após o gradeamento, chover, a infestação não será controlada, e então recorremos ao preparo convencional.
A lâmina não é mais padrão, mas exceção. O plantio de floresta está muito comum em solos antes degradados. Não é porque o eucalipto é capaz de se desenvolver sobre eles que não devamos restaurá-los, ou que não tenhamos ganhos com isso.
Não existe café grátis. Cada escolha tem uma consequência, boa ou ruim, e as decisões precisam considerar os impactos a longo prazo, incluindo aspectos técnicos e econômicos, mas também sociais e ambientais.
Está aí o manejo integrado de plantas daninhas: pensar de forma mais ampla e cuidadosa, flexível e adaptativa. Precisamos colocar as pessoas no centro e agir com responsabilidade ambiental, ou estaremos acrescentando dificuldades a um cenário já insustentável.
Trabalhamos para continuar fazendo boas florestas em meio às condições adversas, mas não adianta lidarmos com as consequências apenas. As melhores soluções para os problemas estão nas raízes. Nós, como setor, precisamos estar continuamente engajados no objetivo de mitigar e reverter as mudanças climáticas. Porque os efeitos estão aí, são muito visíveis e não vão desaparecer por conta própria. n
Seletividade de herbicidas em eucalipto:
um equilíbrio delicado
Para explorar o potencial produtivo do ambiente de produção e dos fatores de incremento da produtividade na cultura de eucalipto, há necessidade de um manejo eficaz das plantas daninhas, de forma seletiva para a cultura. No entanto, a seletividade é um conceito complexo e influenciado por diversos fatores, especialmente em culturas perenes como o eucalipto, cuja escolha de um herbicida seletivo é crucial para garantir a produtividade e a qualidade das árvores, evitando perdas econômicas e ambientais.
Há muitas dúvidas na área de manejo florestal sobre o assunto seletividade. Assim, este artigo busca elucidar os mecanismos de seletividade, os fatores que a influenciam e os aspectos importantes na tomada decisão de escolha de um herbicida seletivo para a cultura, com o objetivo de contribuir para a disseminação de informações sobre a seletividade de herbicidas em eucalipto, incentivando a utilização racional dos herbicidas.
Seletividade é a capacidade de um herbicida de controlar as plantas daninhas, sem causar danos significativos, que resultem em perdas de produtividade. No caso do eucalipto, um herbicida seletivo controla as plantas daninhas, mas não afeta o crescimento e o desenvolvimento das árvores. Essa seletividade é fundamental para garantir a produtividade da cultura e a qualidade da madeira.
A seletividade de um herbicida é influenciada por uma série de fatores, dentre eles destacam-se as características físico-químicas do herbicida. Para os herbicidas pré-emergentes aplicados ao solo, a solubilidade em água e seu coeficiente de adsorção aos coloides do solo determinam a profundidade de ativação no solo.
Herbicidas como sulfentrazone e isoxaflutole, que apresentam alta solubilidade depois de ativado no solo, percolam no perfil do solo onde se encontram as raízes da cultura. Assim, a seletividade destes herbicidas é decorrente de aspectos bioquímicos da cultura como degradação enzimática, sítio de ação não sensível ao herbicida, ou redução na absorção e translocação, além da compartimentalização do herbicida no vacúolo. Este mesmo tipo de seletividade ocorre para os herbicidas pós-emergentes, como no caso dos herbicidas graminicidas, inibidores da ACCase, como o cletodim e haloxyfop, devido à insensibilidade da enzima ao herbicida.
Por outro lado, herbicidas de baixa solubilidade em água e alto coeficiente de adsorção (Koc), como os herbicidas indaziflan, pyroxasulfone e flumioxazin, têm seletividade de posicionamento no solo, ou seja, permanecem nas camadas superficiais de solo, sem atingir o sistema radicular da cultura. Esta seletividade é chamada também de toponômica ou verdadeira.
Especificamente sobre a seletividade do herbicida flumioxazin, de amplo uso na cultura de eucalipto, é importante destacar que seu mecanismo de ação resulta na produção de radicais livres, que gera necrose foliares.
a seletividade é um conceito complexo e influenciado por diversos fatores, especialmente em culturas perenes como o eucalipto "
Pedro Jacob Christoffoleti e Luiz Henrique Franco de Campos Diretores da Herbtech
Quando aplicado no solo, tem seletividade de posicionamento, portanto, há possibilidade de variações de doses sem muita dependência da textura do solo. No entanto, se aplicado após o transplante da muda de eucalipto over the top, sobre a muda, a seletividade dependerá da dose e do clone, mas geralmente a planta consegue recuperar destes sintomas à medida que produz folhas novas, pois o herbicida, na parte aérea, não tem nenhuma translocação pelo floema da planta.
Já o herbicida pyroxasulfone, cujo mecanismo de ação é atuar na síntese de ácidos graxos de cadeia longa, não atua em tecidos já formados, portanto, se aplicado over the top, não há manifestação de sintomas visuais de fitotoxicidade. No solo, também apresenta seletividade de posicionamento, logo, sua dose, dentro da faixa de recomendação, independe do tipo de solo. A mistura de flumioxazin + pyroxasulfone, portanto, é normalmente aplicada evitando atingir as folhas do eucalipto, sendo que sua seletividade, quando aplicada over the top, depende da dose.
O herbicida isoxaflutole, por sua vez, apresenta uma seletividade bioquímica, por isso, mesmo aplicado sobre a muda de eucalipto recém-plantada não causa sintomas visíveis de fitotoxicidade, podendo ser aplicado over the top. Também quando aplicado no solo, mesmo com umidade, quando sua ativação para o diketonitrilo ocorre e, consequentemente, lixivia para maior profundidade no solo, sua seletividade bioquímica permite aplicá-lo em doses de até 300 g/ha.
Tanto a seletividade bioquímica quanto de posição são dependentes da dose do herbicida utilizada. Assim, a escolha da dose de aplicação no campo é fundamental para que a seletividade ocorra.
Há também a seletividade induzida por modificações genéticas na planta cultivada, através do melhoramento genético, principalmente transgenia, tornando a planta tolerante ao herbicida. O caso mais conhecido é o das plantas transgênicas resistentes ao glifosato.
A espécie, estádio de desenvolvimento, condições nutricionais e suscetibilidade genética (clone) são também fatores que influenciam na seletividade dos herbicidas. Além disso, a tecnologia de aplicação, volume de calda e método de aplicação também podem exercer efeitos sobre a seletividade dos herbicidas.
O reflexo da menor seletividade em uma planta de eucalipto manifesta-se visualmente através da necrose de folhas, resultado da morte dos tecidos foliares, podendo levar à desfolha, clorose, que consiste no amarelecimento das folhas devido à redução na produção de clorofila e redução do crescimento, sendo este último o mais importante, que pode resultar no final em perdas de produção da madeira.
A fitotoxicidade causada por herbicidas pode se manifestar de diversas formas no eucalipto, muitas vezes se confundindo com sintomas de outras doenças, deficiências nutricionais ou estresses ambientais. Para realizar um diagnóstico preciso e tomar as medidas corretivas adequadas, é fundamental conhecer os principais sintomas da fitotoxicidade e diferenciá-los de outras causas. A tabela em destaque descreve alguns aspectos importantes na identificação da fitotoxicidade dos herbicidas e diferencia de outras causas de danos às plantas.
Dentre as causas comuns de sintomas semelhantes à fitotoxicidade de herbicidas, destacam-se doenças fúngicas e bacterianas, podridões de raízes, manchas foliares e murchas; eficiências nutricionais, com a
DIFERENCIAÇÃO DA FITOTOXICIDADE DE HERBICIDAS DE OUTRAS CAUSAS DE DANOS EM PLANTAS DE EUCALIPTO
Sintoma Fitotoxicidade por herbicidas Outras causas
Distribuição das lesões
Tempo de aparecimento
Padrão das lesões
Outras plantas
Geralmente uniforme em toda a planta ou em áreas tratadas com o herbicida.
Os sintomas podem aparecer logo após a aplicação do herbicida ou após um período de latência.
As lesões podem apresentar formas e tamanhos variados, dependendo do herbicida e da dose utilizada.
Pode ser localizada em partes específicas da planta, como folhas mais velhas ou novas.
Podem ocorrer de forma gradual ou após eventos estressantes, como seca ou geada.
As lesões podem ter padrões característicos de cada doença ou deficiência nutricional.
Plantas vizinhas da mesma espécie podem apresentar sintomas semelhantes. Os sintomas podem ser mais pronunciados em plantas mais sensíveis ou em condições de estresse.
falta de nutrientes essenciais, como nitrogênio, fósforo e potássio, pode causar clorose, necrose e redução do crescimento; estresses ambientais como seca, geada, salinidade e altas temperaturas; pragas, como insetos e nematoides, podem causar danos às raízes e folhas, resultando em sintomas semelhantes.
Para um diagnóstico preciso, é fundamental realizar uma análise cuidadosa das plantas, considerando o histórico de aplicação de herbicidas, as condições climáticas e o manejo da cultura. A coleta de amostras de folhas, raízes e solo para análise em laboratório pode auxiliar na identificação da causa dos sintomas.
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A recuperação da planta com fitotoxicidade depende da gravidade do dano e do tempo de exposição ao herbicida. Em casos leves, a planta pode se recuperar espontaneamente. Em casos mais graves, a recuperação pode ser lenta ou até mesmo impossível. O uso de uma boa adubação foliar ou mesmo de bioestimulantes e promotores do crescimento pode ajudar na recuperação das plantas. Em resumo, a seletividade de herbicidas é um tema complexo que envolve diversos fatores, sendo fator crucial para o sucesso do cultivo de eucalipto. A compreensão dessas interações é fundamental para a escolha e a aplicação adequada de herbicidas, visando o controle eficaz das plantas daninhas e a proteção da cultura. n
e doenças
O manejo integrado de
pragas florestais e suas interações
Para quem acompanha o setor florestal brasileiro, não é novidade ouvir sobre as diversas boas práticas utilizadas em termos de manejo integrado para pragas e doenças.
Relembrando alguns conceitos, o manejo integrado olha para além do uso do inseticida ou fungicida; ele avalia todo um contexto que envolve o cultivo, o agente causal (praga ou doença), sua distribuição e crescimento populacional, além da presença de outros controladores naturais e condições climáticas que possam desfavorecer o aumento das infestações.
Nos últimos anos, é notório o aumento de estudos dedicados a pragas e doenças florestais, bem como o nível de relevância que esse assunto tem tomado frente à alta gestão das empresas. Os prejuízos para produtividade florestal têm-se mostrado cada vez mais importantes e muitas vezes podem ser potencializados pelos eventos climáticos extremos que temos vivido nos últimos anos.
Estudos para aprimorar o manejo integrado de pragas vêm sendo realizados de forma constante, sejam em forma cooperativa em institutos de pesquisa ou universidades, em parceria com fornecedores de soluções químicas ou biológicas e até mesmo internamente dentro das próprias empresas florestais.
O fato é que muitos destes estudos buscam como objetivo principal aprimorar os métodos de controle destas pragas, testando e validando novas tecnologias químicas ou biológicas, as quais trazem claramente resultados positivos, aumentando o leque de ferramentas disponíveis ou melhorando a eficiência daquelas já utilizadas.
Outro investimento de pesquisa usual nesse tema é a ampliação de laboratórios de controle biológico, com estruturas mais modernas para produção de inimigos naturais, ampliando as áreas de controle utilizadas em empresas florestais.
Além do que já citamos, outros aspectos importantes vêm sendo estudados, talvez ainda com pouca divulgação, os quais têm ajudado a completar o quadro do manejo integrado, que são as interações existentes de pragas e seus inimigos naturais, com relação à paisagem que circunda os plantios florestais e à forma com que os plantios foram planejados.
A Sylvamo, por exemplo, se vale da produção de diversos materiais genéticos de eucalipto em seu programa de plantio, e assumir que o comportamento de pragas como percevejo bronzeado e psilídeo-de-concha, apesar de serem considerados mais generalistas, será similar ou até mesmo negligenciar o seu poder de adaptação a materiais até então “pouco susceptíveis” é certamente um erro.
Nossa percepção é que a cada ano que se passa há uma crescente necessidade de compreensão dos fatores detratores da produtividade e que as recomendações padronizadas para grandes maciços florestais são cada vez menos eficazes.
O aumento constante de temperatura nos últimos anos, aliado a estiagens, como a que está acontecendo, tem potencializado a ocorrência de surtos de pragas "
Luís Renato Junqueira
Gerente de Pesquisa Florestal na Sylvamo
Em estudos realizados, conseguimos bons insights em relação, por exemplo, às preferências de ataque e dano causado de determinadas pragas a clones específicos, mapeando preferências importantes. Além dos clones, as idades dentro do ciclo de produção florestal também trazem informações relevantes, que, quando associadas, têm auxiliado as equipes de monitoramento e controle a serem mais eficientes e efetivas sobre o que encontrar e onde encontrar.
Além destes fatores mais intrínsecos aos plantios florestais, também temos buscado um entendimento da paisagem onde estamos inseridos, ampliando a visão para o uso do solo nos arredores dos plantios.
Além do nosso entorno, o design e composição que estamos dando para as nossas áreas, sejam em termos de proximidade e mosaico com florestas nativas, extensões contínuas de plantio florestal, mosaico de idades e clones ali presentes, entre outros fatores, têm-se mostrado relevantes e exercem efeito sobre as infestações.
Apesar de serem análises complexas e muitas vezes não trazerem respostas simples ou exatas, são de extrema importância para
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entendermos e ampliarmos a visão sobre a escala do manejo integrado de pragas.
Aliado a todo este contexto, não há como citar o efeito do clima sobre as infestações. O aumento constante de temperatura nos últimos anos, aliado a estiagens, como a que está acontecendo, tem potencializado a ocorrência de surtos de pragas, que, além de prejudicar por si só a produtividade, ainda podem potencializar efeitos do estresse hídrico.
Acreditamos que a compreensão de relações e interações como estas traz cada vez mais variáveis para a mesa do manejo silvicultural, formando um cenário desafiador não somente no setor florestal, mas talvez para toda a agricultura, o que nos leva a acreditar em um aumento da complexidade no planejamento e tempo de execução das atividades, mudando talvez alguns dos paradigmas do manejo florestal. Para que isto seja duradouro, é preciso estarmos cada vez mais unidos como setor e trabalharmos em conjunto com universidades e centros de referência abordando esses temas-chave. n
a evolução de princípios e conceitos
O equilíbrio na otimização dos processos
A silvicultura no Brasil é um exemplo claro de sucesso. Desde as décadas de 60/70, a produção média de eucalipto aumentou de 2,5 a 4 vezes. Até os anos 80, era comum o uso de grade bedding em terrenos mecanizáveis e o cultivo manual em áreas inclinadas, frequentemente associado ao uso do fogo. No entanto, com a proibição das queimadas em São Paulo, em 87, e o esforço conjunto dos setores público e privado, foi desenvolvido o cultivo mínimo, promovendo uma mudança conceitual na silvicultura. O cultivo mínimo evoluiu gradualmente, consolidando-se ao longo dos anos. As empresas florestais, o IPEF e a SIF, por meio de programas cooperativos de grande sucesso, como o PTSM e o Nutree, impulsionaram avanços expressivos na silvicultura, estabelecendo o país como referência mundial.
Embora ganhos de produtividade tenham sido consistentes até 2007, após esse período, houve uma tendência à estagnação, segundo Relatórios da Ibá. Mas por que isso ocorre, mesmo com uso de técnicas silviculturais avançadas? É importante destacar que a adaptação genótipo ambiente e a nutrição florestal são determinantes da produtividade. Além disso, as demais atividades silviculturais, se não bem realizadas, são fatores redutores.
O melhoramento genético de eucalipto no Brasil é bem consolidado. Os genótipos plantados resultam de hibridação e clonagem, com a seleção de diferentes materiais genéticos de acordo com o objetivo industrial e as condições edafoclimáticas. No entanto, a pressão de seleção imposta pelas mudanças climáticas,
juntamente com a susceptibilidade a fungos, bactérias e insetos, tem levado ao descarte de materiais genéticos antes consolidados, reduzindo a disponibilidade de clones. Além disso, a expansão para áreas com condições edafoclimáticas menos favoráveis exige o desenvolvimento de novos materiais genéticos para se assegurar a manutenção e/ou o aumento da produtividade.
Os avanços nas áreas de fertilização e nutrição de eucalipto, nas últimas décadas, foram expressivos. Por exemplo, ao pesquisar "nutrição de eucalipto no Brasil" no Google Acadêmico, encontram-se 17.700 documentos, e ao buscar por "fertilização de eucalipto no Brasil", são 8.840. A silvicultura de vanguarda exige que o silvicultor considere na indicação do genótipo para plantio vários fatores, tais como: a meta de produtividade, a eficiência nutricional, o manejo de resíduos, o suprimento de nutrientes do solo e dos fertilizantes, o monitoramento nutricional, a condição climática, além da susceptibilidade a pragas, doenças e estresses hídricos e térmicos. As tabelas de recomendação de fertilização, anteriormente baseadas em experimentos de campo, evoluíram significativamente ao incorporar a modelagem baseada no balanço nutricional entre o solo e o povoamento florestal, tornando o sistema de recomendação de adubação mais preciso e eficaz.
Outros avanços obtidos nos últimos anos estão associados às geotecnologias que melhoraram a precisão de operações, gestão florestal e otimização de custos. Os avanços computacionais permitiram implementar técnicas estatísticas mais avançadas, desenvolvimento de softwares, uso de VANTs, sensores embarcados em máquinas etc. Porém, todos esses e outros avanços não trouxeram expressivas mudanças conceituais para a silvicultura.
Fertilizações recomendadas com base na média da produtividade esperada desconsideram as variações clonais, ambientais, edáficas e logísticas, o que limita a sua eficácia e reduz o retorno econômico. "
Reynaldo Campos Santana
Professor de Silvicultura da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
De forma sucinta, foram destacados os principais avanços na silvicultura brasileira. No que diz respeito à fertilização das florestas, ainda há a necessidade de novos produtos. Os fertilizantes agrícolas convencionais, que em sua maioria são misturas de grânulos, atendem melhor às culturas de ciclo curto. Contudo, existe um grande potencial de evolução na qualidade e na eficiência de absorção destes, especialmente para N, P, K e alguns micronutrientes. Já existem empresas desenvolvendo fertilizantes com novas tecnologias, que incorporam múltiplos nutrientes em um único grânulo e características de liberação controlada, visando atender às demandas das espécies florestais e às características dos solos tropicais.
Também é necessário avançar na silvicultura em relação ao uso de bioestimulantes. Esses incluem tanto substâncias químicas quanto microrganismos que desempenham papéis cruciais na modulação das respostas das plantas a estresses ambientais e na melhoria da eficiência de absorção de nutrientes. Quando associados ao cultivo mínimo e à manutenção de resíduos no solo, essas práticas tornam-se estratégias importantes para sustentar e aumentar a produtividade, pois contribuem para o incremento do carbono no solo, aumento da capacidade de troca catiônica, retenção de umidade, biodiversidade microbiana e resistência a estresses hídricos e térmicos.
Conceitos consolidados, como o cultivo mínimo, têm sido questionados por propostas que defendem a remoção total dos resíduos do campo. Enquanto a área agronômica intensifica esforços para aumentar a fixação de carbono e nutrientes no solo, por meio de rotações de culturas, plantio direto e outras práticas para enfrentar os estresses ambientais, a remoção dos resíduos florestais, sugerida por alguns, contraria os princípios da sustentabilidade. Essa prática desconsidera avanços científicos cruciais para a manutenção da produtividade em solos tropicais, que são naturalmente pobres em nutrientes e matéria orgânica. A remoção dos resíduos compromete o equilíbrio ambiental ao ignorar a importância da ciclagem de nutrientes no balanço nutricional, da cobertura do solo para retenção de água e redução da temperatura, do aumento da atividade microbiológica e da prevenção da compactação do solo. Além disso, reduz o sequestro de carbono no solo, prejudicando a manutenção da produtividade florestal e a responsabilidade ambiental. Outro ponto que merece atenção é a forma como transferimos o conhecimento científico
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para o campo. Apesar dos avanços no entendimento das especificidades genótipo ambiente, que evidenciam a necessidade de evoluir para um manejo silvicultural de precisão, ao nível do talhão, muitas empresas ainda aplicam anualmente pacotes tecnológicos de fertilização baseados em valores médios de produtividade esperada e demanda nutricional, independentemente do clone. Outras organizam suas áreas em unidades de manejo com certa homogeneidade de produtividade e condições edafoclimáticas, entre elas, algumas respeitam a especificidade clonal, outras não. Enquanto pequenos e médios produtores, em geral, utilizam um único pacote tecnológico para todas as áreas. Nesse contexto, é crucial refletir sobre o papel da estatística nas decisões biológicas. Fertilizações recomendadas com base na média da produtividade esperada, prática amplamente adotada, desconsideram as variações clonais, ambientais, edáficas e logísticas, o que limita a eficácia dessas fertilizações e reduz o retorno econômico. Para desenvolver uma silvicultura de precisão, é fundamental respeitar as demandas nutricionais considerando a interação entre genótipo e ambiente, bem como o retorno econômico da madeira entregue à fábrica por talhão. Esse é um grande desafio para os silvicultores, mas essencial para maximizar a eficiência produtiva e econômica e a sustentabilidade do setor.
Corroborando com o acima exposto, é comum observar resultados experimentais com produtividades entre 30 e 50% superiores aos resultados operacionais, tanto em experimentos de pequena quanto de grande escala. A indagação sobre essa diferença é necessária. Essa diferença levanta questionamentos, e as respostas geralmente apontam para o maior rigor na execução das operações experimentais e à homogeneidade edáfica nesses estudos.
Como visto nas considerações acima colocadas, as avançadas formas de se fazer manejo no sistema florestal têm-se mostrado essenciais para a sustentabilidade e a produtividade do setor. A silvicultura de vanguarda possui uma forte base científica e tecnológica, sendo desafiante e demandando investimento intelectual em múltiplas áreas. Esse contexto exige dos profissionais uma postura proativa, que combina o conhecimento integral do processo com uma abordagem inovadora. Este equilíbrio não apenas promove a otimização dos processos, mas também assegura que as práticas silviculturais evoluam continuamente em resposta às novas demandas e oportunidades tecnológicas. n
Prevenção e combate a incêndios
Espero não decepcionar muitos leitores, mas não vão encontrar aqui um resumo das técnicas de prevenção e combate a incêndios nem tão pouco as novidades sobre tecnologias relacionadas ao assunto. Focando na proposta deste veículo de comunicação, pretendo dar ênfase a “opiniões” sobre aspectos relacionados ao assunto, especialmente aqueles não geralmente abordados.
Para começar, muito se tem falado a respeito de mudanças climáticas e seus efeitos sobre os incêndios florestais. Assim, gostaria de acrescentar aqui uma outra mudança, que tenho percebido ao longo de cerca de quatro décadas de atuação no setor florestal: a mudança da sociedade. Enquanto a primeira mudança determina o risco, as duas juntas determinam a probabilidade de uma ocorrência de incêndio.
O fato de o risco aumentar (mudança climática) não determina por si só a elevação das ocorrências de incêndios, a não ser em casos mais raros onde o componente humano não tenha influência, como por exemplo, uma descarga atmosferica, que faz parte do clima. Enquanto a primeira é difícil de reverter e, se possível, só a longo prazo, melhorar a tendência da segunda está bem mais próxima de cada cidadão.
No sistema de prevenção e combate a incêndios, é importante compreender e identificar o risco e a probabilidade da ocorrência de incêndios, para usar essas duas informações diferentes no planejamento de ações de prevenção, estratégias de detecção, acionamento e combate.
A gestão da eficácia do sistema de prevenção e combate também deveria levar em consideração
Essa mudança profunda na educação também não ocorre a curto prazo. Mas nunca vai ocorrer, se não começarmos a promovê-la."
essas duas informações. Uma melhoria de desempenho real do sistema precisaria ser observada a partir de uma análise crítica de planejamento, estratégia e ações do sistema de incêndios, juntamente com o levantamento do número de ocorrências de sinistros, ou área queimada, dentro de uma mesma classe de probabilidade, que, por sua vez, é resultante de condição de risco e gatilhos existentes para o início dos incêndios.
As cidades e estradas cada vez mais movimentadas e próximas às florestas e culturas agrícolas, os conflitos sociais, as mudanças no nível de educação e nos valores das pessoas, como ética, condição econômica e muitos outros fatores, fazem parte da mudança da sociedade.
Uma mudança social certamente pode caminhar mais rapidamente e se tornar mais determinante na ocorrência de focos de incêndios florestais, do que as mudanças climáticas que estamos experimentando.
A educação, por exemplo, característica de uma sociedade, normalmente é considerada com o primeiro pilar da prevenção dos incêndios. No entanto, alguns pensadores e filósofos defendem que um resultado mais efetivo na conservação do meio ambiente só será efetivo se a educação atingir um nível mais profundo dentro dos indivíduos. Não basta as pessoas serem informadas. Afinal, as pessoas que provocam os incêndios, direta ou indiretamente,
Alberto Jorge Laranjeiro
Diretor, Equilíbrio Proteção Florestal
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não sabem que eles são prejudiciais ao meio ambiente e à saúde, à segurança e ao patrimônio das pessoas?
Neste ponto, mais um desafio para quem lida com a educação: como mudar a percepção das pessoas para que, além de saberem, sintam que, fazendo mal ao meio ambiente, estão fazendo mal a si mesmas? Isso é uma mudança de percepção, algo mais profundo do que simplesmente saber. Costumo fazer uma analogia para explicar essa diferença: embora saibamos que algumas culturas consideram a vaca uma divindade, isso não nos faz sentir e perceber a vaca da mesma maneira.
Essa mudança profunda na educação também não ocorre a curto prazo. Mas nunca vai ocorrer, se não começarmos a promovê-la.
Evitar incêndios acontece em camadas, se uma falha, compromete a camada posterior:
1. prevenção
2. detecção
3. acionamento
4. combate
Se a prevenção falha, sobrecarrega a detecção e assim por diante. E esse efeito ocorre também dentro de cada uma dessas quatro fases.
Por exemplo, separando algumas camadas da prevenção:
• educação
• punição
• treinamento
• manejo preventivo (aceiros, eliminação de sub-bosque etc.)
Se a educação falha, sobrecarrega a fase de punição, e se as duas falham, aumenta a necessidade de ações de manejo preventivo.
Também ocorre dentro do combate:
• mobilização
• deslocamento
• combate
• rescaldo
A falha na etapa anterior sobrecarrega as posteriores, inclusive no caso de combate e rescaldo. Se o combate é mais efetivo, por exemplo, usando supressantes/retardantes de chama, minimiza-se a reignição, que, por sua vez, facilita o rescaldo.
Estabelecer um sistema de alto desempenho de prevenção e combate, parte da identificação de como tornar cada camada mais eficaz, priorizando as primeiras e aquelas que são um gargalo para barrar os eventos que levam aos danos causados pelos incêndios.
Nas condições adversas do clima e sociedade, as falhas são compreensíveis, mas a superação é uma necessidade. n
Sensoriamento remoto e computação em nuvem
Pode ser um pouco difícil para as novas gerações acreditarem, mas o uso e ocupação da terra, principalmente dos recursos florestais, vêm sendo monitorados do espaço desde a década de 70, graças ao pioneiro Programa Landsat e à evolução das técnicas de sensoriamento remoto.
No Brasil, aplicações práticas do uso de sensoriamento remoto vêm sendo utilizadas desde a década de 80, época em que os produtos obtidos a partir dos sensores embarcados nos satélites Landsat-4 e 5 começaram a ser utilizados não só em mapeamentos temáticos, mas também em estudos para quantificação de parâmetros biofísicos, como biomassa florestal, e monitoramento de queimadas.
Coincidentemente, entre a década de 70 e 80, ocorreu uma grande expansão dos plantios florestais comerciais no Brasil. Assim, as primeiras aplicações de monitoramento de florestas plantadas via sensoriamento remoto orbital também ocorreram nesse período, segundo trabalho desenvolvido por Moreira (citado por Souza, 2007), cujo estudo visou identificar reflorestamentos por meio da análise quantitativa de imagens orbitais Landsat.
Para o setor de florestas plantadas, a utilização estratégica do sensoriamento remoto orbital sempre foi fundamental, pois permite gerir extensas áreas, frequentemente dispersas, de forma eficiente e com custo relativamente baixo. Os produtos obtidos a partir de processamento digital de imagens e geoprocessamento podem ser aplicados para diversas finalidades, como monitoramento ambiental, para planejamento operacional e planejamento estratégico de longo prazo.
Quando “tudo era mato”, o sistema Landsat-1 foi desenvolvido com o objetivo principal de monitorar mudanças em grande escala na cobertura do solo, como vegetação, corpos d’água e áreas urbanas. No entanto, a arquitetura do equipamento precisou equilibrar a resolução espacial ao armazenamento de dados e às capacidades de transmissão dos sistemas de satélite daquela época. O satélite foi equipado com câmeras e sensores que capturavam a energia eletromagnética refletida pelos alvos terrestres em 4 diferentes comprimentos de onda (resolução espectral), produzindo imagens cujos pixels representavam uma área de 60x60m, a cada 18 dias.
Cinquenta anos após houve uma evolução significativa nos sistemas de sensoriamento remoto orbital, conforme as necessidades analíticas e o avanço da miniaturização de componentes eletrônicos.
Atualmente existem mais de 40 sistemas sensores em órbita destinados à aquisição de imagens, para monitoramento da Terra, com sensoriamento remoto nas mais diversas análises espaciais.
Para o setor de florestas plantadas, a evolução dos instrumentos permitiu novas aplicações, como monitoramento diário de colheita, contagem de indivíduos e monitoramento de infraestrutura, identificação de espécies e sanidade da floresta, entre outras. Nos últimos 50 anos, o volume de dados obtidos por sensoriamento apresentou um aumento exponencial, considerando a quantidade de sistemas e a quantidade de dados que cada sistema consegue coletar.
A Suzano realizou o mapeamento de 500 milhões de hectares ao redor do mundo, identificando mais de 12 milhões de hectares de plantios florestais em áreas estratégicas, com acurácia de aproximadamente 80%. "
Gerardo Felipe Espinoza Pérez Consultor em Planejamento Florestal da Suzano
A maior disponibilidade de dados aumenta as possibilidades analíticas, porém, traz consigo um novo desafio: o armazenamento de dados e o seu processamento.
A evolução tecnológica dos processos e equipamentos de silvicultura/colheita e a evolução do melhoramento genético das espécies plantadas requerem respostas rápidas e concisas para que os gestores florestais possam tomar decisões efetivas e eficazes.
Assim, em função do grande desafio trazido pela quantidade de dados, empresas como Google e Microsoft investiram em infraestrutura, conhecimento e tecnologia para armazenar tais dados na “nuvem” e criaram ambientes de processamento de dados na própria “nuvem”.
O cloud computing é, de fato, um modelo de processamento de dados que permite o acesso, via internet, de recursos computacionais configuráveis, rapidamente disponibilizados com mínima gestão ou interação do prestador de serviços.
Os primeiros serviços foram oferecidos pela Amazon Web Services, fornecendo armazenamento, computação e inteligência artificial, e aluguel de computadores virtuais para a utilização de programas e aplicativos usados em computadores pessoais. Desde 2012 existiam empresas do segmento florestal utilizando recursos de computação em nuvem, que ofereciam: baixo custo de propriedade, disponibilidade crescente da infraestrutura, rápida entrega de aplicações e modelos de computação com cobrança via aluguel de serviços ou pagamento por consumo.
Em 2010, a Google lançou a plataforma Google Earth Engine (GEE), que fornece aos usuários um acervo de 35 petabytes de dados geoespaciais, incluindo imagens dos satélites Landsat, Sentinel e MODIS, além de modelos digitais de elevação e outros derivados.
Na mesma linha em 2011, a ESRI lançou os serviços Landsat GLS na sua plataforma ArcGIS Online e, em 2015, passou a disponibilizar também o acervo publicado pela AWS no mesmo ano.
Em 2022, a Microsoft passou a disponibilizar o ambiente Azure um acervo contendo 24 petabytes de dados geoespaciais públicos, denominado Azure Blob Storage.
A Google, seguindo o modelo de computação SaaS, disponibilizou serviços de processamento que, por meio de interface gráfica própria ou via APIs, utilizam algoritmos próprios para processamento digital de imagens (PDI), classificação do uso e ocupação da terra via
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inteligência artificial e análise de séries temporais, utilizando os recursos computacionais da própria Google.
A Microsoft, em parceria com a ESRI, seguiu tanto no modelo de computação IaaS quanto no modelo SaaS. No caso do modelo IaaS, os usuários da Microsoft podem utilizar máquinas virtuais de altíssimo desempenho da Azure para processar os dados disponíveis no Azure Blob Storage, via sistema ArcGIS Pro for MPC, utilizando os algoritmos das ferramentas disponibilizadas pela ESRI. Já no modelo SaaS, os dados do acervo podem ser processados diretamente via plataforma ArcGIS On-Line.
Já a Amazon, apesar de oferecer modelos de computação do tipo IaaS, SaaS e PaaS para processamento de dados de sensoriamento remoto, o mais comumente utilizado é o modelo IaaS. Um interessante case de sucesso usando as soluções de cloud computing da Amazon é o trabalho publicado por pesquisadores do INPE, em que os recursos da AWS foram utilizados para criar um cubo espaço-temporal de imagens do satélite Sentinel-2 e gerar a classificação de uso da terra do estado do Mato Grosso, a partir do processamento de cerca de 660 mil de arquivos rasters.
No estudo, também foi apresentada a comparação entre os esforços computacionais requeridos para gerar um cubo de dados utilizando infraestrutura on-premisse e utilizando processamento em “nuvem”. Os resultados evidenciam a superioridade da utilização de recursos de cloud comuputing
Como case de sucesso da aplicação de cloud computing no setor de florestas plantadas, a Suzano, em 2023, realizou o mapeamento de 500 milhões de hectares ao redor do mundo, identificando mais de 12 milhões de hectares de plantios florestais em áreas estratégicas, com acurácia de aproximadamente 80%.
Rápidas respostas sobre a área plantada ao redor do mundo levaram a rápidos entendimentos sobre o balanço de madeira no mercado mundial e balizaram decisões estratégicas na empresa.
Assim, fica evidente que o processamento em nuvem de dados obtidos a partir de sensoriamento remoto é um caminho sem volta para aquelas empresas que entendem que a rápida obtenção de respostas para perguntas estratégicas, por meio de análises precisas de dados geoespaciais, faz grande diferença na conquista da vanguarda na competitividade nos seus mercados alvo. n
Gestão florestal em tempo real gestão
O Brasil, com seus cerca de 10 milhões de hectares de florestas plantadas e a impressionante marca de 1,8 milhão de árvores plantadas diariamente, de acordo com a Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), destaca-se como o maior exportador mundial de celulose e o segundo maior produtor de fibras. Esses números são impressionantes, e a tendência é que se tornem ainda maiores.
A expansão dos negócios florestais no Brasil e no mundo traz grandes desafios, e um deles, que é um tema latente de discussão, é a gestão florestal em tempo real. Grandes corporações englobam uma cadeia produtiva florestal muito ampla e diversificada. Podemos citar alguns temas que fazem parte da gestão integrada florestal nessas empresas:
A empreitada é complexa e abrange desde a pesquisa e o melhoramento genético, que são fundamentais para garantir que as espécies plantadas sejam as mais adequadas, produtivas e resistentes a pragas, até os pomares de seleção que fornecem sementes e clones ideais para um bom desempenho a campo.
Essa base sólida é complementada pelos viveiros clonais e de sementes, que asseguram a produção de mudas de alta qualidade, registradas e monitoradas pelo cadastro florestal para garantir rastreabilidade, eficiência e a melhor formação do ativo biológico.
Somado a isso, o uso de Sistemas de Informação Geográfica (do inglês GIS), mapas temáticos e a gestão fundiária tornam-se essenciais. O GIS permite o mapeamento detalhado das áreas florestais, enquanto a gestão fundiária organiza e controla o uso do solo e as documentações GED dos empreendimentos, possibilitando um planejamento mais preciso e uma alocação eficiente. A silvicultura, então, entra em cena para cuidar do planejamento operacional, manejo e cultivo e manutenção do ciclo produtivo.
O inventário florestal oferece dados cruciais sobre o volume e o ativo biológico. Essas informações geram segurança para o suprimento de matéria-prima para a fábrica, integrando-se com o planejamento de colheita florestal, monthly forecast, weekly forecast, e garantindo uma operação sustentável, um bom manejo dos estoques em campo e a coordenação e monitoramento do transporte e logística.
Manter as máquinas florestais e a gestão de combustíveis em condições ideais, através de telemetria, manutenções preventivas, corretivas e preditivas, é crucial para assegurar que as operações ocorram sem interrupções.
Ao mesmo tempo, a aderência às práticas ambientais e às diretrizes de ESG garante que todas as atividades respeitem os princípios de sustentabilidade e as regulamentações vigentes, o que é reforçado por uma governança eficaz e pelo compliance.
A evolução das práticas de gestão e a inovação contínua são os pilares que sustentam a trajetória de crescimento e transformação do setor florestal. "
Tassio de Castro Costa Diretor de Projetos da Ani Sistemas
Além disso, a integração com sistemas ERP em tempo real proporciona uma visão abrangente e coordenada das operações florestais, enquanto a proteção das informações e a conformidade com a LGPD asseguram a segurança e a privacidade dos dados sensíveis. Em conjunto, todos esses elementos formam uma rede interconectada que não só otimiza a gestão florestal, mas também promove a sustentabilidade e a eficiência do setor florestal.
Todos os processos são verificados e validados pela gestão de qualidade florestal, que contempla toda a cadeia produtiva, garantindo conformidade e manutenção das certificações florestais.
Por fim, as tecnologias avançadas, como business intelligence, inteligência artificial e machine learning, permitem a análise aprofundada de dados e a automação de processos, melhorando a tomada de decisões e a resposta a eventos em tempo real.
Agora, imagine todos os temas acima comunicando-se de forma segura, efetiva, rápida e automatizada, com um toque especial: em tempo real. É possível, e muitas empresas já colhem grandes resultados com isso.
Um dos pilares da gestão florestal em tempo real é a combinação de softwares (plataformas de gestão integrada florestal, SIG, inventários, business intelligence, machine learning, inteligência artificial etc.) com hardwares (balanças industriais, telemetria, antenas satelitais, smartphones, tablets, rádios com transmissão de dados, sistemas de rastreamento veicular, entre outros).
Essas ferramentas, trabalhando em sincronia, trazem dados e informações que geram conhecimento para balizar a equipe florestal nas tomadas de decisões operacionais e estratégicas do negócio.
A revolução tecnológica tem desempenhado um papel transformador na gestão florestal. Conectividade avançada, como a internet satelital, somada a softwares de gestão integrada florestal, permite o monitoramento em tempo real de operações em locais remotos.
Outro desafio importante é que empresas menores ou de setores específicos não possuem toda a cadeia produtiva e, ainda assim, precisam de gestão integrada florestal em tempo real.
Para isso, necessitam de plataformas que integrem ferramentas modulares adaptadas aos seus setores de atuação, sem perder a usabilidade, a segurança da informação e a geração de conhecimento estratégico.
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A gestão florestal em tempo real não precisa ser cara nem burocrática. Por isso, a tendência atual é que empresas de tecnologia pensem e atuem como startups, buscando incessantemente a inovação e formando parcerias com empresas florestais, que trazem os desafios, e com universidades voltadas para o setor florestal, que são fontes de inúmeros estudos e pesquisas. Com tudo isso, essas startups atuam para transformar desafios e conhecimento em plataformas de software práticas e flexíveis, aplicadas no mundo real florestal.
O modelo atual de gestão integrada em tempo real vai muito além de sistemas antigos que servem apenas como repositórios de informações florestais e não atendem às demandas atuais do mercado. Relatórios tabulares desintegrados não oferecem insights valiosos para a gestão integrada exigida hoje em dia.
As plataformas de gestão integrada florestal estão cada vez mais modernas e inovadoras, gerando uma verdadeira transformação digital e apoiando as empresas do setor a eliminar de vez:
• Sistemas legados,
• Uso de planilhas,
• Retrabalho de apontamentos de dados,
• Riscos operacionais,
• Problemas com governança e compliance,
• Dificuldade de integração entre setores florestais e de fábrica,
• Dificuldade em gerar indicadores precisos e conhecimento,
• Sistemas rígidos, sem personalização ou com processos muito lentos e caros,
• Problemas com planejamento operacional, e
• Gestão difícil de licenças ambientais e condicionantes.
A gestão integrada em tempo real, através do uso das ferramentas corretas, tem sido um divisor de águas e apoia de forma veemente um dos grandes desafios dos executivos florestais: ter na palma da mão, de forma rápida, precisa e segura, os custos florestais de cada etapa do processo produtivo, por projeto, fazenda, talhão e hectare.
Em conclusão, a gestão florestal integrada no Brasil representa um cenário de constantes desafios e oportunidades. A sinergia entre gestão florestal, tecnologia e sustentabilidade configura-se como o caminho para um setor florestal mais eficiente, competitivo e comprometido com o futuro. A evolução das práticas de gestão e a inovação contínua são os pilares que sustentam essa trajetória de crescimento e transformação do setor florestal. n
Manejo de plantações de
eucaliptos versus o clima
A ocorrência de eventos climáticos extremos tem-se tornado cada vez mais comum no Brasil. Não são raros relatos da ocorrência de ventanias, geadas, períodos prolongados de seca ou com alta intensidade de precipitação. Em 2024, por exemplo, no Rio Grande do Sul, de abril a maio, o município de Taquari registrou 1.197 mm de chuva (492% acima da normal climatológica para o período). Já no Sudeste, em Agudos, estado de São Paulo, está ocorrendo a pior seca dos últimos 57 anos. De janeiro a junho, choveu apenas 432 mm (50% do previsto para o período). Há registros de mortalidade de plantios de eucalipto ocasionados por estresse hídrico em vários locais. No Triângulo Mineiro, o último registro de chuva ocorreu há mais de 150 dias, que aliado às temperaturas elevadas proporcionaram um déficit hídrico acumulado extremo na região. As geadas também afetaram extensas áreas de plantios de eucalipto. Com a vegetação seca pela estiagem e pelas geadas, os incêndios se multiplicam.
Diante de toda esta variação e complexidade climática, as práticas de planejamento e manejo silvicultural são estratégias essenciais para minimizar os impactos sobre a sobrevivência e a produtividade dos plantios florestais.
Essas estratégias vão desde o planejamento da ocupação da paisagem no nível de bacia hidrográfica, das práticas de manejo e conservação do solo, da escolha do material genético, do arranjamento espacial dos plantios, até práticas simples como irrigação, qualidade de mudas, adubação/calagem, manejo de matocompetição, pragas e doenças. Tudo visando a obtenção de plantios produtivos e sustentáveis.
No caso do preparo do solo, a conservação do solo e manutenção da água no interior dos talhões são fundamentais para a sustentabilidade da produtividade. Adicionalmente, em regiões com presença de camadas de impedimento no solo em subsuperfície, o aumento do volume de solo mobilizado na subsolagem tem impacto positivo sobre a produtividade dos plantios. Resultados de testes realizados pela Dexco evidenciam ganhos de produtividade entre 13 e 34%, a depender da posição no relevo (plano ou encosta) e do material genético, aumentando a profun-
Diante da variação e complexidade climática, as práticas de planejamento e manejo silvicultural são estratégias essenciais para minimizar os impactos sobre a sobrevivência e a produtividade dos plantios florestais. "
Jarbas Silva Borges e José Eduardo Petrilli Mendes
Especialista em Manejo e Qualidade Florestal e Gerente de P&D Florestal, respectivamente, da Dexco
didade de preparo do solo de 30 para 100 cm. A interação entre o material genético e o tipo de preparo do solo é um componente fundamental na intensidade da resposta nesta condição.
Outro grande desafio é garantir a realização do plantio durante todo o ano, em regiões com forte déficit hídrico (Triângulo Mineiro, por exemplo). Nestas regiões, o preparo de solo (mesmo os arenosos), em condições de baixa umidade de solo, gera uma grande quantidade de torrões, que dificulta a entrega do plantio com o nível de qualidade desejado, demandando operações adicionais, como o destorroamento. Para esta operação, ainda é necessário o desenvolvimento de equipamentos adequados à realidade da silvicultura.
Para a qualidade das mudas, é fundamental para garantir a lotação inicial dos plantios. Neste sentido, é necessário verificar a rusticidade adequada, o diâmetro do coleto, o desenvolvimento do sistema radicular (agregação do substrato e quantidade de raízes ativas), especialmente, em períodos de maior déficit hídrico.
Algumas ações melhoram o desempenho das mudas em campo, por exemplo: adubações de rustificação com cloreto de potássio, semanas antes da expedição, aumentam a tolerân-
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cia ao déficit hídrico; o plantio das mudas com substrato úmido e irrigações de plantio junto ou muito próximas ao plantio; o uso de produtos bioestimulantes, adicionalmente, pode ser uma boa alternativa. O gráfico em destaque evidencia o potencial do uso de um destes produtos na redução da mortalidade de mudas plantadas no ápice do período seco (agosto/2022) no Triângulo Mineiro.
No caso da irrigação de plantio, parâmetros como presença de bacia, volume de água por muda, intervalo entre o plantio e a primeira irrigação e entre as irrigações subsequentes são fundamentais para garantir altas taxas de sobrevivência. O uso de aditivos de irrigação (produtos que aumentam a viscosidade da água) também é uma boa prática. Testes realizados na Dexco demonstraram reduções de até 40% na mortalidade, comparado ao uso de apenas água nas irrigações. Estes produtos, desde que usados na dosagem recomendada e diluídos no tanque de irrigação de forma correta, diminuem a evaporação da água e a sua velocidade de infiltração no solo, além de formar um bulbo compactado no entorno da muda.
Já a calagem é uma prática para a qual tem sido dada pouca importância, às vezes,
EFEITOS DA APLICAÇÃO DE BIOESTIMULANTES SOBRE A MORTALIDADE E ALTURA DE PLANTAS DE ACORDO COM O PRODUTO TESTADO E DIAS APÓS O PLANTIO
até ignorada no meio florestal, principalmente, pela tolerância do eucalipto à acidez do solo. No entanto, a alta demanda do eucalipto por cálcio e magnésio faz com que, frequentemente, tenhamos ganhos de produtividade com a aplicação de calcário, principalmente em áreas com baixos teores de cálcio e magnésio no solo. Além disso, há informações científicas que demonstram a relação entre a aplicação de calcário e gesso, em áreas com forte déficit hídrico, e o aumento da sobrevivência dos plantios. Em teste recente, realizado pela Dexco na região de Agudos (áreas que estão sofrendo com déficit hídrico em 2024), em tratamento pareado de omissão de calcário e aplicação de acordo com a recomendação técnica, verificou-se, além da perda de produtividade (13% de redução), uma alta mortalidade no tratamento que não recebeu calcário.
O resultado pode ser observado, na ilustração em destaque, com o uso de índices de vegetação gerados a partir de imagem de satélite (NDVI) para as parcelas com e sem aplicação de calcário.
A definição da melhor densidade de plantas e do arranjo espacial (entre linhas e entre plantas) é outra estratégia fundamental para otimização da produtividade e sobrevivência do plantio, principalmente em regiões com forte déficit hídrico. Ao longo dos últimos 30 anos, a equipe da Dexco instalou uma rede de ensaios de espaçamento de plantio, onde se variou a
lotação, o arranjo espacial dos espaçamentos e diferentes espécies/clones.
Os resultados destes testes indicam uma forte tendência de aumento da produtividade com aumento da lotação, no entanto, com piora nas variáveis dendrométricas (dap, altura e VMI). Além disso, também foi verificada uma perda de produtividade com aumento da retangularidade dos espaçamentos.
O potencial de resposta ao aumento da lotação é muito influenciado pela qualidade do sítio, sendo as maiores repostas observadas em sítios mais produtivos (solos argilosos, com melhor distribuição pluviométrica). No caso de regiões mais secas, deve-se optar por lotações mais baixas, visando adequar a sobrevivência e a produtividade ao potencial do sítio.
Por fim, a escolha do material genético mais adequado para as características do sítio a ser plantado é etapa fundamental para garantia da sobrevivência e atingimento da produtividade esperada. O entendimento das características do material genético e da sua interação com ambiente deve ser usado para a melhor alocação clonal, visando o atingimento de produtividades compatíveis com o potencial de cada sítio. Entendemos que o emprego adequado das práticas silviculturais (algumas discutidas aqui) é fundamental para a mitigar os efeitos das oscilações do clima e seus possíveis impactos sobre a sobrevivência e a produtividade florestal. n
FUEIROS BALANÇAS
Solução que garante durabilidade, produtividade e segurança no transporte da madeira.
Solução que garante a segurança devidamente protegida durante o transporte de cargas.
Pesagem rápida e precisa da madeira, garantindo e ciência e con abilidade em todas as operações.
mudanças climáticas
Manejo florestal frente às
mudanças climáticas
Acredite ou não, mas é fato que as mudanças climáticas, ano após ano, têm-se tornado mais comuns, desencadeando chuvas torrenciais que provocam enchentes e alagamentos por todo país, vendavais, frio intenso e, por último e não menos importante, seca extrema, provocando incêndios incontroláveis e perda e/ou atrasos severos de crescimento das plantações não só florestais, mas agrícolas em geral. Tais eventos vêm sendo encarados como novos desafios para as empresas florestais, sobre como lidar com essas variáveis a fim de garantir a produtividade de seus povoamentos florestais e a sustentabilidade do abastecimento de madeira para seu negócio.
Num intervalo entre 5 e 10 anos, os efeitos de El Niño e La Niña têm sido cada vez mais severos ao longo do país, ora seca extrema no Norte e Nordeste, ora chuvas intensas no Sul e Sudeste e vice e versa.
Exemplos disso foram, no final de 2023, nos meses de novembro e dezembro, as chuvas intensas, seguidas de vendavais que causaram tombamento de árvores na Bracell Florestal Bahia, afetando uma área de
aproximadamente 2.000 hectares, no litoral norte do estado da Bahia. Neste mesmo período, na Bracell Florestal São Paulo, tivemos sucessivas ondas de calor atingindo as plantações, acarretando baixa sobrevivência dos plantios jovens (falhas), consequentemente diminuindo o ritmo das operações e aumentando o custo com irrigações.
Mais recentemente, secas extremas consorciadas ao aumento da temperatura atingem todo estado de São Paulo, colocando em risco as plantações florestais quanto a queimadas e morte de plantas por déficit hídrico, ocasionando perda de madeira que seria utilizada no processo fabril de celulose e papel.
Paralelo a isso, altas temperaturas também provocam estresse dos povoamentos florestais, que, por sua vez, aumentam o surto de pragas, tais como Psilídeo-de-concha ( Glycaspis brimblecombei ) e Percevejo-bronzeado (Thaumascotocoris peregrinus), que contribuem drasticamente para diminuição da produtividade das florestas de Eucalyptus.
A tendência é que as mudanças climáticas estejam cada dia mais presentes em nosso cotidiano florestal, sejam estas cíclicas, sejam pontuais. "
Marcos Paulo Rossi Sacco Gerente Sênior de Operações Florestais na Bracell
Opiniões
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Diante desse contexto, quais medidas as empresas do setor estão adotando para inibir ou minimizar estes impactos nas florestas e, consequentemente, na produtividade? No caso da Bracell, nós temos adotado medidas que implicam diretamente no manejo das florestas, bem como nas operações de silvicultura no dia a dia.
Ainda na fase de pesquisa, a seleção de um novo clone comercial contempla um rigoroso screening em relação a pragas, doenças e condições abióticas, como vento, às quais o novo clone deve ser resistente. No viveiro de produção de mudas, medidas como rusticidade, idade média da muda acima de 90 dias e toalete de galhos e ramos no momento da expedição diminuem a área foliar e, dessa forma, reduzem a evapotranspiração em campo, garantido tolerância destas às condições de seca nesta fase inicial do plantio, resultando assim no aumento da sobrevivência do plantio.
Para as condições nas quais temos áreas arenosas com baixa pluviosidade média, a definição do stand , ou seja, do espaçamento a ser adotado nos povoamentos florestais e a execução do plantio respeitando a sazonalidade local, priorizando os períodos mais chuvosos do ano, são algumas das estratégias que a Bracell tem lançado mão no intuito de garantir a qualidade e sobrevivência de seus plantios.
Na fase de plantio e irrigação em campo, fazer uso da pré-molha 15 a 20 minutos antes da realização do plantio ajuda a reduzir a temperatura do solo no momento de alocação das mudas nas covas. Estabelecer um rigoroso cronograma de irrigação intercalado e assegurar uma execução com qualidade das covas (“bacias”), para que estas consigam reter os 4 litros de água por planta no momento da execução das irrigações, são também medidas fundamentais para assegurar a sobrevivência nesta fase inicial.
A tendência é que as mudanças climáticas estejam cada dia mais presentes em nosso cotidiano florestal, sejam estas cíclicas, sejam pontuais. Portanto, as empresas que não tiverem um planejamento florestal estratégico e tático operacional para lidar com os impactos, mitigando ou reduzindo estes, certamente colocarão em risco seu abastecimento de madeira e, consequentemente, a sustentabilidade de seu negócio. n
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O manejo e a adaptação às mudanças climáticas
Em dezembro de 2023, durante a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP28), realizada em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, o governo brasileiro e o Pacto Global da ONU no Brasil lançaram o “Relatório Síntese sobre Mudança Climática 2023”. O documento é a versão em português do produto final do Sexto Relatório de Avaliação – AR6, elaborado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima – IPCC.
Neste relatório, estão contidas a síntese dos conhecimentos sobre as bases físicas das ciências climáticas e avaliações sobre as ocorrências de mudanças do clima, possíveis riscos futuros e opções de adaptação e de mitigação.
O documento afirma que a humanidade tem poucas chances de evitar alguns dos impactos devastadores das mudanças climáticas, em especial os relacionados às ondas de calor, grandes inundações, tempestades de grandes proporções e secas mais intensas e prolongadas.
No Brasil, os cenários não serão menos impactantes. O aumento na frequência e intensidade dos eventos extremos (enchentes e/ou secas) já é observado em diferentes regiões do país, trazendo sérios prejuízos na produção de alimentos e produtos florestais, além de afetar diretamente a geração de energia elétrica, produção industrial e segurança física e emocional da população.
Dentro deste contexto, as florestas plantadas atuam em diferentes formas no clima do planeta, tanto através de aspectos positivos quanto negativos. Podemos citar, como alguns dos principais efeitos: Impactos negativos:
• Alteração dos ecossistemas locais: As florestas plantadas, especialmente quando compostas por espécies exóticas ou não-nativas, podem alterar os ecossistemas locais e substituir habitats naturais que suportam a biodiversidade local;
• Consumo de água: Algumas espécies de árvores possuem a característica de alto consumo de água para seu desenvolvimento, o que pode afetar os recursos hídricos locais e reduzir a disponibilidade de água para outras plantas e animais;
a humanidade tem poucas chances de evitar alguns dos impactos devastadores das mudanças climáticas, em especial os relacionados às ondas de calor, grandes inundações, tempestades de grandes proporções e secas mais intensas e prolongadas. "
Walter Batista Junior Especialista em Meteorologia aplicada da Agerh - Agência Estadual de Recursos Hídricos do Estado de Espírito Santo
• Impactos na biodiversidade: A monocultura de espécies florestais pode não oferecer o mesmo nível de habitat e recursos que uma floresta natural, podendo afetar negativamente a fauna e flora locais;
• Emissões de gases: A decomposição de madeira e a queima de resíduos florestais, bem como o uso de fertilizantes, podem liberar gases de efeito estufa; Impactos positivos:
• Sequestro de carbono: As árvores absorvem dióxido de carbono (CO₂) da atmosfera durante o processo de fotossíntese. A gestão adequada dessas florestas pode otimizar o armazenamento de carbono ao longo do tempo;
• Redução da erosão do solo: As raízes das árvores ajudam a estabilizar o solo, reduzindo a erosão e melhorando a qualidade do solo;
• Regulação do ciclo da água: Elas podem ajudar na regulação do ciclo da água, contribuindo para a manutenção da umidade do solo e influenciando os padrões de precipitação;
• Proteção da biodiversidade e serviços ecossistêmicos: Em alguns casos, as florestas plantadas podem servir de habitat para espécies locais, ajudando a preservar a biodiversidade, especialmente se forem utilizadas espécies nativas, além de ajudar a manter serviços ecossistêmicos essenciais, como a ciclagem de nutrientes e a purificação do ar e água;
• Regulação do clima local e regional: As florestas plantadas contribuem para a regulação do clima local através da manutenção da umidade do solo e modulação das temperaturas e por favorecer a circulação local e regional desta umidade, através da atmosfera –os chamados “Rios Voadores”; e
• Recuperação de áreas degradadas: Atuando diretamente na recuperação de áreas abandonadas pela agricultura, pecuária e mineração. Visando potencializar estes impactos positivos, podemos lançar mão de um programa de manejo sustentável de florestas plantadas através de práticas que visam administrar de forma equilibrada a produção de madeira e outros produtos florestais com a preservação dos recursos naturais e a proteção da biodiversidade, entre elas:
• Seleção de espécies e diversidade genética: A escolha de espécies adequadas e a promoção da diversidade genética são fundamentais para a resiliência das florestas plantadas frente a doenças, pragas e mudanças climáticas. Espécies nativas e adaptadas ao clima local tendem a ser mais resilientes;
• Rotação e colheita controlada: A rotação adequada e a colheita controlada ajudam a manter a saúde da floresta e a garantir que o ciclo de captura e liberação de carbono seja balanceado, evitando a degradação do solo e a perda de carbono armazenado;
• Integração com outros usos da terra: O manejo sustentável pode incluir a integração das florestas plantadas com outras formas de uso da terra, como a agricultura sustentável, para promover a coexistência de atividades produtivas e a conservação ambiental; e
• Uso de práticas para aumentar a retenção de água no solo: Sabe-se que a dinâmica da água no solo é regida por vários fatores, tais como precipitação, infiltração, estrutura do solo, entre outros. Estas características podem ser potencializadas através do uso de práticas mecânicas de conservação de água e solo, empregadas para captação da água das chuvas e do escoamento superficial conhecida como barraginhas.
As barraginhas são caracterizadas como pequenas bacias escavadas em áreas de enxurradas, agem como caixas de retenção que evitam as perdas de água, permitem a infiltração no solo e garantem o abastecimento do lençol freático. Podem ter formato circular, semicircular e/ou de cochinhos. As primeiras são implantadas em regiões de inclinação inferior a 12% e dispersas em áreas de pastagem, lavoura e beira de estradas. Os cochinhos possuem formato retangular, são construídos em curva de nível e indicados para áreas com inclinação entre 12% e 20%. Podem ser implantados em terraços e até mesmo nas entrelinhas das lavouras.
As fotos da página seguinte apresentam o trabalho realizado pela Secretaria de Agricultura do município de Atílio Vivácqua, no estado do Espírito Santo, onde são aplicadas diferentes técnicas de manejo sustentável para exploração de culturas agrícolas (café e cacau) em consórcio com florestais (seringueira).
Pelos argumentos expostos, podemos considerar o uso de barraginhas e cochinhos em sistemas agrossilvipastoris como alternativa para adaptações às mudanças climáticas. Além disso, a integração entre árvores, pastagens e/ou cultivos agrícolas em uma mesma área promovem a diversificação da produção, a conservação da biodiversidade e a melhoria da qualidade do solo e da água. n
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A: Uso de barraginhas e cochinhos na recuperação de pastagens degradadas, junto ao plantio consorciado entre café, cacau e seringueira, além da presença de tanques para criação de peixes
B1: Preparação de cochinhos, entre as linhas do consórcio seringueira e cacau.
Barraginha cheia de água das chuvas.
B2: Uso de cochinho em área declivosa, aumentando a retenção de água do solo e evitando erosão hídrica.
Consórcio entre seringueira e cacau.
Desafios do manejo de implantações florestais
em áreas não tradicionais
Claramente o setor florestal vem apresentando avanços significativos que são notados mundialmente, especialmente no Brasil. Novos projetos industriais foram anunciados estimando investimentos de mais de R$ 120 MM, e consequentemente uma grande necessidade de madeira para abastecer essa demanda. Isso gera uma pressão por maiores produtividades em áreas atuais e/ou um possível movimento de expansão para áreas agrícolas ou sem tradição florestal.
Em áreas de expansão, normalmente as primeiras perguntas são: Quais práticas de manejo realizar? Qual material genético recomendar? Existe algum problema fitossa
fertilidade natural do solo, junto com a compilação de dados climáticos históricos, compõem uma base de dados confiável fundamental para delimitar os ambientes de produção e compreender melhor a distribuição espacial e a potencialidade florestal da região em estudo. Adotam-se, então, práticas de silvicultura e manejo teóricos, comparativas de localidades e ambientes similares. Um projeto bem elaborado deve contemplar o início e o término do estabelecimento do plantio, as definições das operações a serem executadas, material genético e, por fim, um cronograma de atividades e orçamento bem definido.
Comparações são bem-vindas, mas não devem ser fielmente replicadas dadas as condições particulares de cada zona. Referência desse processo foi o Mato Grosso do Sul, que, nas décadas de 1990 e 2000, adotou práticas de silvicultura e manejo de outras localidades, especialmente de São Paulo, e, através de melhorias contínuas e inovação, se reinventou transformando o estado no “vale da celulose”, mundialmente conhecido pela produção e sustentabilidade.
O Paraguai segue o mesmo caminho. Inicialmente adotando práticas e recomendações florestais sul mato-grossenses, foi observado que o modelo tinha limitações e eram necessários ajustes.
Do lado genético, acreditar que materiais genéticos de outras localidades desempenharão o mesmo potencial produtivo é uma ilusão.
José Luiz Ferraresso Conti Junior Gerente de Pesquisa e Desenvolvimento da Paracel (Paraguai)
Com trabalho e observações de campo, identificaram-se oportunidades de melhoria e necessidade de atividades específicas no âmbito de silvicultura, manejo e melhoramento genético, alavancando o potencial produtivo florestal e colocando o país em destaque.
Um exemplo de ajuste prático pode ser observado no cultivo em regiões de baixada que enfrentam dificuldades de drenagem. Essas áreas são geralmente planas, com pouca inclinação e uma baixa taxa de infiltração da água no solo, resultando em inundações temporárias durante períodos de chuvas intensas em determinados meses do ano. Esse fenômeno ocorre devido à diferença na textura dos horizontes A e B, que provoca uma mudança abrupta na velocidade de percolação da água em profundidade, característica comum dos solos conhecidos como planossolos e gleissolos.
No começo, devido a práticas inadequadas e às condições climáticas da região, foram observadas baixas taxas de crescimento.
A solução proposta foi realizar o manejo de água da propriedade direcionando o excedente hídrico através de práticas de preparo de solo e a recomendação de materiais genéticos adequados. A combinação desses dois fatores vem demonstrando resultados favoráveis.
As técnicas utilizadas para o preparo do solo incluem a subsolagem em profundidade e a criação de camalhões nas linhas de plantio. A subsolagem ajuda na drenagem da água em níveis mais profundos e promove um direcionamento adequado da água, sem prejudicar a conservação do solo. Após a realização da subsolagem, é feita uma gradagem
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que possibilita a formação dos camalhões, que são elevações de 25 a 30 cm ao longo da linha de plantio. Essa prática garante boas condições para o desenvolvimento radicular e evita morte das raízes em períodos de inundações.
Para completar, com a construção de canais de drenagem é possível deslocar grande volume de água em épocas de chuvas concentradas, favorecendo a distribuição de água entre os talhões, evitando inundações. Além disso, é possível captar parte da água deslocada em reservatórios adjacentes para futura utilização na irrigação de plantio em épocas de seca.
Do lado genético, acreditar que materiais genéticos de outras localidades desempenharão o mesmo potencial produtivo é uma ilusão. Existem interações complexas entre genótipos e ambientes que devem ser respeitadas. Clones plásticos podem ter previsibilidade produtiva, mas raramente atingem o máximo potencial. No início de um projeto, pode fazer sentido, mas um programa genético robusto deve ser desenvolvido para suportar o desenvolvimento produtivo no longo prazo. A escolha correta de espécies e procedências adaptadas para as condições edafoclimáticas é crucial.
E, claro, não podemos deixar de mencionar a importância da eficiência operacional. Nenhuma recomendação de manejo terá efeito positivo se as operações de silvicultura não forem executadas com excelência.
Não existe receita pré-preparada, ajustes são necessários e os desafios são diversos, mas, com profissionais competentes e equipes comprometidas, as adversidades são superadas e os resultados colhidos. n
Super Bitrem:
a inovação do transporte Florestal
Super Bitrem: um equipamento moderno e robusto, capacitado para o transporte de toras, desenvolvido para atender as mais diversas necessidades do setor florestal, obtendo alto desempenho e um grande ganho logístico.
Este grande ganho logístico está associado a 4 principais fatores:
• O primeiro fator é a composição escolhida, ou seja, um bitrem 9 eixos que transporta PBTC 74 toneladas, constituído por 2 semirreboques. Desta forma, diminui o custo por emplacamento, componentes e consequentemente menor manutenção e custo de aquisição.
• O desenho chassi é o segundo fator para o aumento de capacidade volumétrica, que através de estudos e melhoria continua de nossos projetos,
garantindo confiabilidade e segurança, diminuindo o Centro de Gravidade da composição.
• Como terceiro fator vem o item Suspensão rebaixada, que associados proporcionam um ganho em torno de 30% de volume útil a ser transportado.
• O último fator relevante é a utilização do aço alta resistência – a Sergomel trabalha com este material desde 2004, no segmento canavieiro. Todo know how que já tínhamos, o ganho produtivo e a tecnologia aplicada nos equipamentos canavieiros, conseguimos trazer para o segmento florestal, e desta forma, conseguimos reduzir a tara das composições, ganhando um maior volume da carga a ser transportada, dentro do PBT legal. Se compararmos o Super bitrem com o Tritrem temos:
• O tritrem Florestal carrega 20 m³ útil por semirreboque, totalizando 60 m³ transportados, em contrapartida, o Super Bitrem carrega 40 m³ útil por semirreboque totalizando 80 m³ em sua composição.
• Na composição do Super bitrem, 2 eixos por semirreboque podem ser suspensos, obtendo uma maior economia de combustível, pneus e pedágio em relação ao tritrem.
• Seguindo nesta mesma linha é composto por uma quinta roda e 2 kits de freio, diminuindo o número de componentes. (economia em manutenção).
• Possui uma maior estabilidade, evitando tombamento.
• Redução do consumo de combustível, menor impacto ambiental e maior estabilidade operacional em comparação aos tritrens tradicionais.
A Sergomel tem como prioridade manter a qualidade do equipamento bem como a o aumento de ganho logístico com a modernização continua dos projetos e processos. Desta forma, melhorias continuas são estudadas para que a capacidade volumétrica e o projeto seja o melhor oferecido no mercado, seguindo todas as normas de segurança.
Oferecemos diversas opções de composições, componentes e peças. Nosso time busca as melhores matérias primas e fornecedores para oferecer a melhor experiência.
• Catraca Automática: desenvolvida para realizar o ajuste automático e contínuo da tensão nas cintas de amarração com o veículo em movimento, com maior produtividade e maior faturamento para quem faz o transporte. Independente de quanto a carga deslocar ou mover-se durante o percurso,
com a Catraca Automática não haverá mais necessidade de realizar paradas na estrada para reapertar as cintas. O sistema garante o aperto das cintas de forma automática e contínua, mantendo sempre a carga estável e segura dentro dos fueiros do implemento.
• Fueiros: Leves e resistentes, maximizando o resultado da sua operação.
• Aço de alta resistência: O aço de alto desempenho pode fazer com que seus produtos, sejam mais fortes, mais leves, mais seguros, mais competitivos e mais sustentáveis. É chamado de alto desempenho, porque ele agrega desempenho, sendo superior ao aço estrutural comum. Possui um limite de escoamento mínimo de 700 Mpa, proporcionando estruturas leves e resistentes.
Sobre a Divisão Florestal da Sergomel:
A Divisão Florestal da Sergomel oferece um acompanhamento das necessidades do cliente, projetando o equipamento ideal para cada tipo de operação logística. Uma equipe altamente qualificada, que estará junto em todos os processos. Desde a venda ao pós venda, com a entrega técnica e orientações das melhores práticas para se obter melhores resultados com sua frota.
Sobre a Sergomel:
Reunindo uma história de 49 anos, a Sergomel desenvolve projetos para transformar e melhorar o ganho logístico de seu transporte. Sendo referência na fabricação de equipamentos de alta resistência em diversos segmentos. No segmento florestal, fornecemos equipamentos para os principais players do mercado, com produtos personalizados de forma que tenham o melhor desempenho dentro de cada operação.
Colheita em florestas equiâneas
As florestas equiâneas no Brasil, também conhecidas como florestas plantadas ou florestas cultivadas, são majoritariamente representadas pelos gêneros Pinus e Eucalyptus. Elas são fornecedoras de matéria-prima para setores importantes da economia brasileira, como a indústria de celulose e papel, a indústria moveleira, a siderurgia, a construção civil e as indústrias de compensados, aglomerados, lâminas de madeira e chapas de fibra, entre outras.
Para garantir o suprimento/abastecimento de madeira de uma empresa florestal, é de suma importância a elaboração de um plano de manejo, estabelecendo as prescrições de colheita, isto é, as definições de onde, quando, como e quanto colher madeira ou outro produto florestal nas unidades de manejo, de forma sustentável. Estas prescrições consistem no ponto crucial do manejo florestal, visto que a colheita das árvores é o principal objetivo dos empreendimentos que envolvem produção madeireira.
A tomada de decisão para prescrição da colheita pode ser complexa e desafiadora, pois envolve a combinação de diversas variáveis e restrições, tais como:
• Exigência de regulação florestal – estrutura regulada com estabelecimento de áreas de corte anual equiprodutivas; • Imposição de fluxo produtivo – cotas anuais de produção; • Exigência de minimização de impacto ambiental e social; • Garantia de sustentabilidade ambiental, social e econômica; • Existência de diferentes espaçamentos entre plantas; • Existência de povoamentos florestais com idades diferentes; • Existência de diferentes materiais genéticos; • Existência de talhões com diferentes formatos e tamanhos, com e sem a presença de estradas e/ou aceiros de acesso; • Existência de locais com condições climáticas, topográficas, edáficas e capacidades produtivas diferentes.
O povoamento florestal é formado por um conjunto de talhões separados por estradas e aceiros, cada um contendo uma única espécie, clone, grupo de clones sob determinado espaçamento de plantio. O período entre o estabelecimento do povoamento e o corte de todas as árvores (corte raso) é a rotação florestal; e decidir sobre esta rotação para cada talhão é um dos principais problemas do manejo florestal.
Assim, o estabelecimento de um plano de manejo requer a definição da unidade de manejo, ou seja, do compartimento da floresta que será submetido a uma mesma prescrição. O talhão (ou quadra) é a menor unidade de manejo, porém, dependendo do nível de planejamento (operacional, tático ou estratégico), um povoamento ou uma classe de idade pode ser considerado como uma unidade de manejo.
Uma característica das florestas equiâneas destinadas para fins madeireiros é que suas unidades de manejo têm sempre um início (estabelecimento) e um final (corte raso ou corte de todas as árvores de um determinado compartimento), ou seja, a rotação.
Para garantir o abastecimento de madeira é de suma importância a elaboração de um plano de manejo, estabelecendo as prescrições de colheita, isto é, as definições de onde, quando, como e quanto colher madeira nas unidades de manejo, de forma sustentável. "
Angelo Márcio Pinto Leite
Professor do Depto. de Engenharia Florestal da UF dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
A definição dessa rotação depende das características de cada unidade de manejo e de diversas restrições: econômicas, ambientais, sociais, de demanda, de área e de regulação da produção florestal, dentre muitas outras. Além disso, sempre se busca empregar as melhores práticas silviculturais, minimizar os impactos ambientais, manter a produtividade do sítio e maximizar a rentabilidade econômica.
Possíveis impactos da colheita sobre o funcionamento harmônico da microbacia (compactação do solo, erosão, perda de nutrientes pela retirada de biomassa florestal, perda de nutrientes pela água do deflúvio, ruptura da ciclagem de nutrientes etc.) podem ser minimizados por meio de práticas de manejo como, por exemplo: determinação da densidade ótima, construção e manutenção de estradas florestais e aceiros ambientalmente corretos; manutenção da serapilheira; permanência de folhas e ramos (biomassa não utilizada) no local da colheita; seleção de material genético com maior eficiência na utilização de nutrientes; colheita em mosaico, variando sua localização e intensidade; aumento do período de rotação florestal; proteção de zonas ripárias; métodos e técnicas de colheita adequada e com operações menos impactantes na movimentação do solo, respeitando as condições climáticas, topográficas, edáficas e as áreas mais sensíveis da microbacia.
Para produção de árvores de pequeno porte, usadas como matéria-prima em empresas dos setores de celulose, painéis de madeira reconstituída, carvão e energia, são empregados os regimes de corte alto fuste e talhadia, onde a finalidade é maximizar a produção de madeira por unidade de área. Em um povoamento florestal sob regime de alto fuste, as árvores são originárias do plantio de mudas ou via semeadura direta, enquanto na talhadia o povoamento é formado a partir da brotação das cepas remanescentes do corte das árvores. O ciclo de corte é o período entre a implantação do povoamento até a sua reforma completa, isto é, novo plantio de mudas, podendo envolver uma ou mais rotações.
Para produção de árvores de grande porte, de maior valor individual e com características tecnológicas adequadas para serraria, laminação, postes e indústria moveleira, recomenda-se a realização de cortes parciais (desbastes), procurando manter as árvores remanescentes livres de competição pelos recursos de crescimento. Nesse caso, a rotação florestal é maior, em relação ao povoamento conduzido sem aplicação de desbastes.
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O grande número de variáveis presentes nas tomadas de decisão relacionadas à colheita florestal exige experiência e muito conhecimento sobre os elementos do manejo, os métodos existentes e sobre as técnicas analíticas. Exige também o emprego de modelos de otimização implementados em sistemas de suporte a decisão. Métodos estatísticos, matemática financeira, pesquisa operacional, inteligência artificial e geotecnologias, além de métodos usuais de mensuração florestal e de levantamento de dados de campo do povoamento/talhão florestal são fundamentais para subsidiar decisões sobre colheita de madeira em cada compartimento da floresta.
Estas decisões são importantes para garantir o suprimento/abastecimento de madeira de uma empresa florestal, envolvendo as operações de corte/derrubada das árvores e seu processamento; o baldeio/arraste dos fustes/ toras; e o transporte principal da madeira ao seu local de utilização.
Visam também garantir maior produtividade e menor custo da colheita florestal, que podem ser afetados por diversos fatores entre os quais: planejamento da atividade, condições locais (clima, topografia e solo), tipo de floresta (natural ou plantada), diâmetro ou volume individual das árvores (VMI), tipo de intervenção adotada (corte raso ou seletivo), máquinas e equipamentos utilizados, distância média de transporte da madeira, treinamento dos trabalhadores, entre outros aspectos.
Neste sentido, por a colheita constituir a etapa de maior custo de um processo produtivo florestal comercial, esta deve se apoiar num planejamento adequado das atividades; na seleção de métodos e técnicas eficientes; na utilização de máquinas e equipamentos de alta tecnologia embarcada; num adequado programa de treinamento, de saúde e segurança no trabalho da mão de obra; num eficiente programa de manutenção das máquinas e equipamentos; numa gestão competente com apoio das ferramentas da tecnologia da informação (controle operacional e de custos), entre outras coisas, a fim de se alcançar uma colheita de alta performance.
Portanto, o corte raso de árvores é uma colheita planejada e fundamentada no uso de métodos técnico-científicos de manejo florestal, com base no monitoramento do crescimento de um povoamento florestal e busca da sustentabilidade da produção dos pontos de vista ambiental, social e econômico. n
Como aumentar a participação do manejo
de talhadia nas empresas florestais?
Imagine uma floresta de eucalipto sendo formada sem perda de produtividade, sem necessidade de subsolagem, preparo de solo nem compra de mudas e ainda a um custo 30 a 40% inferior ao de uma implantação convencional. Esse é o manejo de talhadia. Apesar de promissora, essa técnica ainda é subutilizada no Brasil, e ainda existem muitas oportunidades de estudos e, também, desafios.
De maneira geral, as principais espécies de eucaliptos utilizadas pelas empresas florestais têm satisfatória capacidade de brotação. Com a consolidação da técnica de clonagem, a partir do final dos anos 1990 e início dos anos 2000, foi possível aumentar a produtividade florestal e a homogeneidade das florestas, o que permite a obtenção de florestas homogêneas também a partir da talhadia.
Há um paradigma entre os produtores florestais de que a produtividade da primeira talhadia é 20% menor que a primeira rotação, e uma segunda talhadia resultaria em nova perda de 20%. No entanto, é importante considerar fatores como clima, pragas e doenças entre as rotações. Historicamente, a condução de brotação foi uma estratégia para redução de custos em momentos de crise, mas sem os devidos tratos culturais, como adubação e manejo de pragas, resultando em perdas de produtividade.
O manejo de talhadia deve ser decidido antes do corte da floresta. Se há clones com maior produtividade, é necessário comparar o custo da madeira desses novos clones com o custo da condução da talhadia, que tem uma produção 30 a 40% mais barata. Em geral, a depender do ganho de produtividade, a comparação entre talhadia e alto fuste poderá indicar preferencialmente a reforma de áreas mais próximas da fábrica e recomendar a talhadia em áreas mais distantes.
Clones suscetíveis a doenças como Ceratocystis sp não devem ser usados, pois podem transmitir doenças através dos equipamentos de corte. Também devem ser eliminados clones com problemas de quebra por ventos, susceptibilidade a déficit hídrico ou que a qualidade da madeira não atenda às especificações do negócio. Definido o manejo de talhadia, a colheita deve favorecer o surgimento dos brotos, com corte a 10 cm do solo e resíduos dispostos na entrelinha.
Imagine uma floresta de eucalipto sendo formada sem perda de produtividade, sem necessidade de subsolagem, preparo de solo nem compra de mudas e ainda a um custo 30 a 40% inferior ao de uma implantação convencional. Esse é o manejo de talhadia. "
Sharlles Christian Moreira Dias Gerente de Pesquisa Florestal da Eldorado
Os primeiros brotos surgem entre 40 e 50 dias no período chuvoso e entre 60 e 80 dias no período seco. Se a taxa de sobrevivência for baixa, o talhão deve ser destinado à reforma. A seleção e desbrota de hastes garantem o crescimento vigoroso. São deixadas uma haste em cada cepa ou duas nas bordaduras (3 primeiras plantas) e, também, adjacentes às falhas para compensação da população de plantas aproveitamento da área.
Quanto ao momento de realização desta atividade, pode ser classificada como precoce (realizada entre 3 e 5 meses e entre 1,5 e 2,0 m de altura), convencional (realizada entre 6 e 12 meses e entre 3,0 e 4,0 m de altura) ou tardia (realizada acima de 12 meses ou acima de 4,0 m de altura). Resultados de pesquisas apontam ganhos de até 10 a 20% em volume quando se utiliza a desbrota precoce. Independentemente da forma escolhida, esta atividade é exclusivamente manual, com baixo rendimento operacional, dependente de pessoas treinadas e exigindo elevado esforço físico dos colaboradores.
Vivemos num cenário com baixa disponibilidade de trabalhadores rurais. Sendo assim, um importante desafio para ampliar o manejo de talhadia é o desenvolvimento de métodos mecanizados ou semimecanizados. Talvez este seja um dos grandes gargalos para a ampliação da área de condução nas empresas.
Após a desbrota, o controle do "broto-ladrão" também pode ser necessário, mas não há consenso sobre o impacto dessas brotações secundárias nem sobre a técnica de eliminação dos mesmos, podendo ser química ou manual.
Após a realização da desbrota, devemos realizar as fertilizações conforme análise de solos e produtividade esperada. Geralmente, a primeira adubação é realizada com NPK+micros, a segunda com NK+B ou K+B além de aplicações de cálcio e magnésio a partir de calcário dolomítico ou compostos enriquecidos obtidos da produção de celulose.
De maneira geral, são utilizadas, para os cálculos de fertilização, as mesmas taxas de recuperação de nutrientes entre os regimes de talhadia x implantação/reforma, porém é possível que a talhadia seja mais eficiente devido ao sistema radicular já estabelecido na cultura. Existe a oportunidade de avaliarmos a realização de adubação única ao invés de duas coberturas. Outro ponto bastante interessante é que algumas áreas a talhadia não têm respondido a adubações fosfatadas, principalmente aquelas
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plantadas em primeira rotação com fontes reativas como o GAFSA ou ARAD. Uma hipótese pode ser o fato de o sistema radicular já desenvolvido armazenar parte do fósforo da primeira rotação ou então, por explorar maior volume de solo, conseguir recuperar formas não-lábeis do nutriente.
De acordo com a Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), a produtividade média de madeira do Brasil em 2021 foi de 38,9 m³/ha/ano com casca. Nesta produtividade, além da madeira, são produzidos cerca de 10 a 13 t/ha de casca; 11 a 15 t/ha de copa (galhos+folhas); 20 a 30 t/ha de serrapilheira (litter); e 20 a 35 t/ha de raízes. Em sistemas de colheita cut-to-lenght que utiliza os equipamentos harwester + forwarder, todo este material permanece na área, contribuindo com a cobertura do solo e manutenção da umidade da área, além de ajudar com a liberação de nutrientes e matéria orgânica do solo. A talhadia se beneficia de todos estes efeitos por não necessitar de preparo de solo nem enleiramentos.
Estudos realizados por institutos de pesquisa nacionais e internacionais demonstraram que, em idade adulta, as raízes do eucalipto podem atingir até 15 metros de alcance lateral e que cerca de 95% da biomassa do sistema radicular estaria até 2 metros de profundidade. Após o corte do eucalipto, parte deste sistema radicular acaba senescendo para a emissão das novas brotações.
Agora vamos comparar com uma implantação ou até mesmo uma reforma: Considerando que cada muda recém-transplantada é capaz de explorar um volume de solo de 64 L (40 x 40 x 40 cm), enquanto uma cepa de eucalipto seria capaz de acessar água e nutrientes em cerca de 450.000 L de solo (15 x 15 x 2 m). Mesmo se considerarmos que 50% das raízes poderiam senescer após o corte da árvore, ainda assim teríamos uma diferença significativa entre o volume de solo acessado pela talhadia em comparação com reforma ou implantação.
Em solos arenosos de cerrado, onde há maior déficit hídrico, a talhadia pode reduzir o impacto da baixa retenção de água e nutrientes e diminuir a dependência de fertilizantes minerais. Precisamos continuar a estudar o consumo de água da talhadia em comparação com implantações e, também, os efeitos na qualidade da madeira.
A maior sustentabilidade desse sistema de manejo torna a talhadia uma alternativa viável para o futuro da silvicultura. n
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Diretor de RH, você
Imagine se você descobrisse que o médico com o qual você vai fazer uma cirurgia cardíaca na manhã seguinte se formou há 20 anos como o melhor aluno da sua classe, na melhor faculdade de medicina do País. Muito bom, hein?!
Entretanto, nos últimos 20 anos, ele não leu nenhum livro, nem participou de nenhum congresso, nem teve por costume ler regularmente revistas especializadas da sua área médica. Você faria a cirurgia em paz?
você já leu esta página?
No que se refere a nossa área, quantas tecnologias foram desenvolvidas e implantadas nessas duas décadas como o estado da arte e, depois de algum tempo, substituídas por uma nova opção, muito mais eficaz e eficiente, que tomaria o lugar da anterior, até ser igualmente substituída por uma mais nova ainda.
Quantas pragas e doenças apareceram, desapareceram, e algumas até voltaram? Quantas técnicas foram substituídas nesses últimos 20 anos?
Nenhum conhecimento é definitivamente eterno. A faculdade está sempre atualizada, mas tão somente até o dia da sua formatura. Os livros, igualmente, até o dia da sua publicação. As opções que são continuadamente atualizadas são os congressos e as publicações regulares das áreas.
Conhecendo esse cenário e o que passou a representar nesses 21 anos de operação para as universidades, centros de pesquisa e empresas do sistema agrícola e florestal, a Revista Opiniões decidiu abrir inscrições gratuitas para que todos os estudantes de todos os cursos de agroconhecimento, de qualquer parte do Brasil e do mundo, passem a receber gratuitamente todas as suas publicações.
O objetivo é fazer com que o estudante, desde o primeiro dia de aula, passe a participar da vida empresarial na qual se integrará, em alguns anos, já com atualizado conhecimento do que está sendo discutido, avaliado e implantado nas empresas. Muitos dos executivos e cientistas que hoje escrevem na Revista Opiniões declararam que liam nossas edições desde quando ainda eram estudantes nas universidades.
Ampliando o projeto de educação continuada, decidimos também abrir as inscrições gratuitas para todos os funcionários das áreas técnicas, agrícolas, industriais e administrativas das empresas produtoras e fornecedoras dos sistemas florestal e bioenergético de qualquer parte do Brasil e do mundo.
Todos os artigos da Revista Opiniões têm textos publicados em 7 idiomas, quais sejam: português, espanhol, inglês, francês, chinês, árabe e hindi, cobrindo a língua falada pelo incrível numero de mais de 4 Bilhões de pessoas.
O acesso à informação dirigida é a mais eficiente forma de unificar e atualizar o conhecimento entre todos os funcionários em cargos de comando, bem como preparar os funcionários em ascensão para assumi-los. Esta é a mais agradável forma de gerar a educação continuada.
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