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BIOENERGÉTICA: cana, milho, açúcar, etanol, biogás, bioeletricidade, CBio, biohidrogênio e SAF
ano 21 • número 82 • Divisão C • Nov24-Jan25
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Henrique Araujo Copersucar
Marcelly Araujo Sta. Terezinha
Tranin Alcopar
Lins
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Os biocombustíveis na transição energética:
o papel do Brasil no cenário global
A crise climática é uma das maiores ameaças enfrentadas pela humanidade, exigindo ações urgentes para a redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE). Diante desse desafio, os biocombustíveis emergem como uma alternativa crucial, especialmente no contexto da transição energética rumo a um futuro com menos dependência de combustíveis fósseis. O Brasil, devido à sua posição privilegiada no campo da bioenergia, tem a oportunidade de liderar esse movimento, contribuindo de maneira significativa para as metas globais de descarbonização.
A transição energética global está pautada na necessidade de se reduzir as emissões de CO2, e os biocombustíveis se apresentam como uma solução eficaz, principalmente nos transportes, um dos setores responsáveis por um volume considerável de emissões. Não à toa, nos últimos cinco anos, os investimentos globais em renováveis ultrapassaram os dos combustíveis fósseis, com um crescimento de US$ 1 trilhão em 2018 para US$ 2 trilhões, esperado para este ano.
No Brasil, o setor de transportes responde por 15% das emissões de GEE, enquanto, no cenário global, essa participação chega a 20%.
A adoção de biocombustíveis como etanol, biodiesel, diesel verde e biogás pode acelerar a descarbonização desse setor. O país já conta com uma matriz energética altamente renovável, onde 45% da energia provém de fontes renováveis, muito acima da média global de 14%. Além disso, na matriz elétrica, o Brasil se destaca com 85% de fontes renováveis, em comparação aos 38% globais dependentes de carvão. Esse panorama posiciona o Brasil como um líder natural na produção e uso de biocombustíveis. O setor de biocombustíveis, no entanto, ainda enfrenta desafios significativos, tanto no Brasil quanto no cenário internacional. A produção global de biocombustíveis ainda é insuficiente para atender às metas de emissões estabelecidas para 2050, data em que se estabeleceu como limite para zerar as emissões do GEE. Para se atingir o chamado Net Zero, seria necessário triplicar a produção global de biocombustíveis. Isso significa que o Brasil precisa continuar expandindo sua produção, principalmente no que diz respeito à bioenergia e combustíveis avançados.
É o caso, por exemplo, do chamado combustível sustentável de aviação (SAF, da sigla em inglês Sustainable Aviation Fuel ), que é considerado uma das principais alternativas para a descarbonização da aviação, setor que é responsável por 2% das emissões globais de GEE.
O setor de aviação, inclusive, merece atenção especial. A eletrificação, tão defendida para outros modais, como no modal rodoviário, ainda enfrenta importantes limitações quando se trata de grandes aeronaves e voos de longa duração. Cerca de 75% das emissões vêm das aeronaves maiores e dos voos de maior duração. A eletrificação tem potencial para mitigar as emissões dos aviões menores, de até 20 passageiros, e de voos de curta duração, devido ao peso e vida útil da bateria.
Para a descarbonização dos aviões maiores, no entanto, o SAF é a alternativa mais promissora. O SAF é um combustível drop-in, ou seja, pode ser usado nos modelos de aeronaves atuais sem demandar modificações.
A Lei do Combustível do Futuro, criada pelo deputado federal Arnaldo Jardim e recentemente sancionada pelo presidente da República, estabelece a criação do mercado de SAF com a adição de 1% de bioquerosene a partir de 2027, evoluindo até 10% no mercado brasileiro.
Outro modal que requer atenção é o transporte marítimo, responsável por 3% das emissões globais. Assim como na aviação, a eletrificação completa das embarcações existentes ainda é um desafio. Nesse contexto, o biodiesel surge como a alternativa mais viável no curto prazo da transição, pois pode ser utilizado nas embarcações e motores já existentes. O Brasil, com sua vasta experiência na produção de biodiesel, tem potencial para se tornar um player global na oferta desse combustível, que será cada vez mais demandado à medida que os países avançam em suas metas de descarbonização. O biometanol também é uma alternativa importante. Contudo, os desafios para a expansão dos biocombustíveis não se restringem à produção. Políticas públicas consistentes e a criação de um ambiente regulatório estável são essenciais para garantir o aumento da participação dos biocombustíveis na matriz energética.
A Lei do Combustível do Futuro traz diretrizes importantes para incentivar o uso de biocombustíveis no Brasil. Ela propõe a ampliação do teor de biodiesel no diesel e do etanol na gasolina, o estímulo à produção de SAF e biometano, além de criar projetos específicos como o Programa Nacional do Diesel Verde e o Programa Nacional de Descarbonização do Produtor de Gás Natural. A genialidade deste projeto, entre outros aspectos, começa pelo fato de ser uma proposta que não se baseia em investimentos públicos, o que em muitos casos fragiliza a sustentabilidade de longo prazo. O projeto foi estruturado para atrair capital privado e estabelece um novo modelo de cooperação entre o setor público e a iniciativa privada, dispensando a necessidade de subsídios governamentais. A ideia é transformar o Brasil em um hub global de inovação no setor, ao mesmo tempo em que promove crescimento econômico sustentável. Além disso, tem capacidade de gerar mais de 1 milhão de empregos diretos e indiretos. Atualmente, os setores automotivo e de biocombustíveis representam, juntos, 8% do PIB nacional, responsáveis por cerca de 4,5 milhões de empregos diretos e indiretos. Portanto, além de seu papel ambiental, o setor de biocombustíveis é também um pilar econômico importante para o Brasil.
A estratégia do Combustível do Futuro é complementada pelo programa "Nova Indústria Brasil" e pela iniciativa "Mover", que estimulam a competitividade e a sustentabilidade da economia brasileira, reforçando a integração entre setores e consolidando a posição do país no cenário global da transição energética.
O Brasil já conta com uma matriz energética altamente renovável, onde 45% da energia provém de fontes renováveis, muito acima da média global de 14%. "
Jacyr da Silva Costa Filho
Presidente do Cosag - Conselho Superior do Agronegócio da Fiesp e sócio da consultoria Agroadvice e Bioprocessos
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Além do apoio governamental, o avanço tecnológico e a inovação são fatores fundamentais para o sucesso dos biocombustíveis no longo prazo. A produção de biocombustíveis deve evoluir para ser mais eficiente e sustentável, com uma pegada de carbono cada vez menor. Nesse contexto, a iniciativa privada também desempenha um papel crucial. Empresas do setor de transportes e energia, como a Embraer, Airbus e a Boeing, já estão se movimentando para integrar os biocombustíveis em suas operações, reconhecendo que essa é a rota mais viável para a descarbonização de setores complexos, como o aéreo. Da mesma forma, companhias marítimas, como a Maersk, estão explorando o uso de biocombustíveis em suas frotas, demonstrando que a transição para uma economia de baixo carbono é um caminho sem volta.
Em conclusão, os biocombustíveis são um pilar essencial na transição energética global, e o Brasil está em uma posição privilegiada para liderar esse movimento. Com uma matriz energética majoritariamente renovável e uma indústria de biocombustíveis robusta, o país tem todas as condições para se tornar um protagonista na mitigação dos impactos climáticos. O futuro da energia é renovável, e o Brasil tem a oportunidade de estar na vanguarda dessa revolução. n
Inovação e tecnologia Macrovisão
impulsionando o futuro do setor bioenergético
Há muito se discute como a inovação e a tecnologia podem auxiliar no aumento da competitividade dentro do universo sucroenergético. Os avanços tecnológicos da última década nos alçaram a um patamar inigualável em termos de eficiência energética, além de nos colocar em destaque quando o tema é a descarbonização ambiental, tão discutida e ansiada por todos.
No entanto, não podemos permanecer parados em um mundo cada vez mais dinâmico, daí a importância da busca constante por novas tecnologias, hoje associadas inclusive aos recursos da IA (Inteligência Artificial), que se tornarão, muito em breve, aliadas de todo o processo de evolução.
A discussão sobre boas práticas e o compartilhamento de experiências e novas tecnologias sempre estiveram à frente do DNA de nossa UDOP – União Nacional da Bioenergia, que, no próximo ano, celebra quatro décadas de muito trabalho voltado para a disseminação de conhecimentos. Nossa atuação tem sido focada em aproximar a academia (pesquisadores) e nossas associadas, além de propiciar a troca constante de expertises entre as unidades sócias.
Por isso, trazer à tona um debate disruptivo sobre a importância da macrovisão estratégica para uma evolução sustentável
Atualmente, produzimos açúcar, etanol de cana, etanol de milho, bioeletricidade, combustível sustentável de aviação (SAF), combustível sustentável para navegação (bunker), biogás/ biometano, hidrogênio verde, bioplásticos, entre outros produtos. "
Hugo Cagno Filho Presidente da UDOP
do nosso segmento, ainda mais nas preciosas páginas da Revista Opiniões, que tem se consagrado como baluarte de inovação, isenção e pluralismo em diferentes temas, é louvável e de crucial importância.
Permitam-me enumerar o que considero de extrema relevância para uma discussão acalorada sobre a defesa de novas tecnologias e inovações voltadas ao aumento da produtividade em nossas usinas.
Automação de processos: No processo produtivo de açúcar e etanol, a automação de processos é uma realidade já presente há algumas décadas, permitindo que tarefas repetitivas possam ser monitoradas e automatizadas em tempo real. O uso de softwares de automação, robôs e, agora, inteligência artificial possibilita que até mesmo tarefas administrativas sejam automatizadas, trazendo mais segurança nos dados e nas operações.
Redução de custos e erros: Outra inovação importante que tem ganhado força em nossas unidades produtoras é a utilização de sistemas tecnológicos que minimizam erros humanos, especialmente em tarefas complexas e detalhistas. Nesse caso, a automação tende a reduzir custos operacionais, ao aumentar a eficiência e reduzir a necessidade de retrabalho.
Um exemplo prático amplamente utilizado pelas usinas é o sistema ERP (Enterprise Resource Planning), que integra informações entre departamentos, reduzindo inconsistências nos dados.
Aceleração da tomada de decisões: Ferramentas como Big Data e Análise de Dados são avanços que têm propiciado às empresas acesso a dados em tempo real, agilizando a tomada de decisões rápidas e embasadas. No campo, o uso de plantios automatizados, drones para monitoramento, colheita georreferenciada, entre outras tecnologias, permitiu avanços sem precedentes.
Além disso, essas ferramentas são amplamente utilizadas nos ambientes industrial e administrativo/financeiro. A análise preditiva em sistemas de produção, para evitar falhas e planejar manutenção preventiva, também é um exemplo prático do uso dessas inovações.
Comunicação e colaboração mais eficientes: Considerada o grande calcanhar de Aquiles do nosso setor, a comunicação, ou a falta dela, é outro desafio que pode ser superado com o uso de tecnologias e inovações. O uso de ferramentas tecnológicas como plataformas de comunicação instantânea, videoconferências e softwares de gestão de projetos tem melhorado significativamente a coordenação de equipes. A integração dessas ferramentas promove uma colaboração mais eficiente e uma execução mais rápida de projetos.
Além disso, nossas entidades coirmãs estão unidas em esforços para ampliar o alcance de campanhas de conscientização e/ou iniciativas em prol de nossos produtos. Cito, por exemplo, a recente campanha liderada pela Unica – União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia, em defesa do etanol, e a campanha que, há anos, a própria UDOP encabeça sobre a prevenção de incêndios rurais, que tanto prejuízo trouxeram para nossas produções neste ano de 2024.
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Inovação como diferencial competitivo: A adoção de tecnologia e inovação em alguns processos também tem garantido diferenciais competitivos entre as unidades. O uso da inteligência artificial, por exemplo, na logística de distribuição de produtos, tem gerado grande economia para as unidades que já adotaram essas tecnologias, demonstrando o vasto potencial desse universo tecnológico.
Sustentabilidade e eficiência energética: No quesito sustentabilidade e eficiência energética, nosso setor se destaca entre muitos outros, apresentando soluções que atendem aos principais desafios energéticos mundiais.
O Brasil é referência mundial nesse tema, graças à adoção, há 50 anos, do etanol como aditivo da gasolina ou até mesmo como combustível para veículos flex , um exemplo seguido por diversos países desenvolvidos.
Hoje, indiscutivelmente, a cadeia bioenergética ganhou mais relevância no debate sobre descarbonização, ampliando seu portfólio de produtos verdes e renováveis, essenciais para a mitigação das emissões de gases de efeito estufa - GEE.
Atualmente, produzimos açúcar (energia da vida), etanol de cana, etanol de milho, bioeletricidade, combustível sustentável de aviação (SAF), combustível sustentável para navegação (bunker), biogás/biometano, hidrogênio verde, bioplásticos, entre outros produtos.
Isso demonstra como nossa cadeia de negócios soube se reinventar ao longo de cinco séculos desde que iniciou suas operações no Brasil.
Toda essa evolução só foi possível graças ao uso intensivo de tecnologia, inovação e mecanismos de capacitação e aprendizagem contínuos, que facilitam a ampla troca de conhecimentos, resultando em aprendizado mais ágil e eficaz.
Nosso desafio agora se volta para as transformações digitais e a competitividade global, o que poderá nos alçar à posição de protagonistas de uma mudança geral na forma como o mundo enxerga as energias e suas aplicações no dia a dia.
O futuro começa agora! E a bioenergia é parte indissociável desse futuro! n
Geopolítica e Agro
“Infelizmente, o Brasil nunca perde uma oportunidade de perder oportunidades.”
Roberto Campos
Vivemos, no Agro brasileiro, talvez a sua maior oportunidade em uma nova complexa geopolítica, num ciclo de fragmentação política, com o comércio global todo assustado com a segurança alimentar, em fase de conflitos graves tanto na Europa (Ucrânia – Rússia) quanto no Oriente Médio (Israel – Hezbollah – Hamas – Irã), e da transição energética face à luta contra as mudanças climáticas. O protagonismo brasileiro nesses campos vem se acentuando pela crescente e competitiva presença dos seus produtos agroindustriais em diferentes mercados e diversos países. Os déficits (em bi US$), segundo a OMC, em importações de alimentos, cresceram aceleradamente na Europa, China, Rússia, Japão, Oriente Médio, Coreia do Sul e Indonésia, principalmente, com uma visão prospectiva com sensível aumento desses déficits. As mudanças foram muito sensíveis nos últimos 30 anos.
Se, por um lado, a segurança alimentar passa a ser prioridade global, os crescimentos da renda e da população mundial trazem o temor do acesso à energia, mal distribuída no mundo, sensivelmente afetado pelo processo da transição energética, base da luta essencial contra as mudanças climáticas.
Recente estudo da McKinsey mostra que até 2030 serão necessários novos 77 milhões de hectares no mundo (um novo Brasil produtor), sendo 56 milhões de hectares para nutrição animal, 15 milhões para alimentos e 6 milhões de hectares para biocombustíveis. "
Luiz Carlos Corrêa Carvalho, Caio Presidente da ABAG e Diretor da Canaplan
Os dois temas estão intimamente ligados e são essenciais ao grande pilar do desenvolvimento global no século XXI – a bioeconomia. Enquanto a Europa Oriental passou a ser efetiva produtora agrícola e exportadora (Rússia e Ucrânia, principalmente), a guerra entre esses países quebrou esse esforço relevante europeu. Os EUA, por seu lado, vêm consumindo mais do que exportam, transformando também esse gigante na geopolítica alimentar. A China, maior produtor mundial de alimentos, é crescente exportadora de quase tudo, mas é a maior compradora de produtos brasileiros do agro.
Exceto os EUA e a Rússia, fundamentais exportadores de energia fóssil, os outros países são altamente dependentes de importações e lutam para diversificar as suas complexas fontes. O ano de 2024 trazia uma complexa mudança na geopolítica, com a pressão pela União Europeia de iniciar (dez/24) a implantação formal do seu Green Deal, sob os protestos dos países no mundo (Brasil entre eles) face à postura unilateral e apressada
da UE. Em out/24, houve o recuo europeu, adiando por um ano essa implantação, até porque a reação contrária ao Green Deal pelos agricultores europeus foi muito forte e base da onda de direita nas eleições do Parlamento Europeu.
Enquanto o Acordo Mercosul-União Europeia não deslancha, a China vai se antecipando e crescendo na América Latina, exportadora de comida e de energia renovável. Os EUA vão atraindo empresas e investimentos com o seu programa IRA, voltado a tecnologias disruptivas e ao desenvolvimento de países “amigos”, com plantas industriais realocadas e onde há energia disponível, enquanto a Arábia Saudita comanda a OPEP em sintonia com a Rússia e os interesses dos produtores de petróleo (shale oil) norte-americanos.
E o Brasil, como está nisso?
O Brasil mostra duas faces em mesma moeda: de um lado, apresenta-se com ativo discurso sobre o tema ambiental onde as mazelas amazônicas o atingem duramente e, do outro lado, dados e narrativas relevantes sobre sua competitividade, seja produzindo alimentos e/ou bioenergia em larga escala e a baixos custos, sempre com baixa pegada de carbono e moderna e limpa matriz energética.
Isso é um fato, mas sempre contestado pelos competidores europeus, que insistem em buscar o regramento global à sua imagem e interesse.
O mundo, no entanto, é muito diverso. Isso, aliás, gerou o multilateralismo que buscava expressar as diferenças em organismos multilaterais. O atual Green Deal europeu é o avesso dos esforços pós II Guerra Mundial e uma ação unilateral a ser combatida.
A Acordo de Paris, festejado em prosa e verso, vem sendo foco de competição entre entidades internacionais e posições diferentes (exemplo: AIE – Agência Internacional de Energia e OPEP+ – Organização dos Países Exportadores de Petróleo) com relação à transição energética. Em síntese, ao mesmo tempo que se percebe menor investimento nas energias renováveis e bons investimentos nas fósseis, os discursos são contrários e mostram hipocrisia e uma forma óbvia de desacelerar os interesses na busca de efetivas ações de descarbonização: carros elétricos movidos a energia de carvão mineral? Subsídios e suportes legais (regulação) privilegiando uma metodologia que não considera as emissões do “berço ao túmulo”?
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Enquanto o combustível fóssil conta com o mercado, oferta competitiva e objetivos claros em larga escala, o renovável contaria com política pública (que não sai do papel) e com a subjetividade e custos elevados, sem o suporte formal global/nacional de valorização das suas externalidades, sem políticas de estímulos via carbono, e por aí vai...
O Congresso brasileiro antecipou-se em 2024 e aprovou a Lei do Combustível do Futuro, que prepara o caminho para a bioenergia de diferentes matérias-primas que ajudarão o país a reduzir as suas emissões de carbono, gerando empregos, tecnologias disruptivas e agroindustriais como verdadeiras biorrefinarias ofertando alimentos e energias renováveis. O seu Banco de Desenvolvimento (BNDES) terá a missão de ajudar a financiar e divulgar esse esforço nacional, abrindo espaço ao capital externo e ao fomento das modernas tecnologias tropicais.
Recente estudo da McKinsey mostra que, para os próximos anos (até 2030), serão necessários, em cenário conservador, novos 77 milhões de hectares no mundo (um novo Brasil produtor), sendo 56 milhões de hectares para nutrição animal, 15 milhões para alimentos e 6 milhões de hectares para biocombustíveis. As alavancas fundamentais para isso seriam o aumento da produtividade, um comércio global aquecido e a conversão de pastagens degradadas.
O Brasil está na vanguarda, com práticas de agricultura sustentável, agregando valor e, constantemente, conquistando automação, tecnologia e analítica avançada no campo.
Simplesmente esperar que o mercado resolva isso é exatamente continuar com o que se faz hoje, com um “charme” de novidades em plantas piloto, ou grandes números de futuras demandas em transportes aéreos e marítimos, além dos caminhos traçados em direção ao hidrogênio verde.
Em 2025, ocorrerá a COP30 em Belém (PA), onde o Brasil terá reais oportunidades de mostrar o que se faz em integração de lavouras, em biocombustíveis, bioeletricidade e as novidades impactantes do biogás e do biometano. Será preciso estar preparado e coordenado para isso, pois a não proatividade poderá levar a que seja uma COP para narrativas negativas sobre a floresta amazônica.
Aliás, é sempre bom lembrar da frase espirituosa do falecido Roberto Campos, de que “por amor ao passado o Brasil perdeu o presente e comprometeu o futuro”. n
Macrovisão estratégica
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Biocombustíveis: legislações e futuro sustentável
Nos últimos anos, o debate sobre o papel dos biocombustíveis na matriz energética nacional e global intensificou-se, impulsionado pela crescente preocupação com a redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE) e pela busca de alternativas viáveis aos combustíveis fósseis. Nesse contexto, os biocombustíveis emergem como peças-chave na transição para uma mobilidade mais sustentável, favorecida por avanços tecnológicos e novas legislações que ampliam o espaço para fontes de energia renováveis.
Entre as principais diretrizes estão a Lei do Combustível do Futuro, a Reforma Tributária e o Marco Legal do Hidrogênio Verde, que se somam ao já consolidado programa RenovaBio. Além disso, o Projeto de Lei (PL) nº 327, de 2021, que institui o Programa de Aceleração da Transição Energética (PATEN), promete estimular ainda mais a transição energética no Brasil. Todas essas medidas visam assegurar a competitividade dos biocombustíveis, consolidando seu papel na redução das emissões de CO₂ e na construção de um futuro mais sustentável.
A mobilidade sustentável tem sido um dos principais focos globais para mitigar os efeitos da crise climática. No Brasil, país com forte tradição agrícola, os biocombustíveis, como o etanol e o biodiesel, têm sido protagonistas dessa transformação. Seu uso massivo é crucial para a redução das emissões de CO₂, especialmente no setor de transporte, um dos maiores responsáveis pela emissão de GEE. A substituição gradual dos combustíveis fósseis por fontes renováveis depende de dois fatores principais: o avanço tecnológico, que permite a utilização eficiente desses combustíveis, e a criação de um ambiente regulatório favorável, que assegure a competitividade dos biocombustíveis em comparação aos derivados do petróleo.
Nesse sentido, os recentes projetos de lei aprovados ou em discussão no Congresso Nacional desempenham um papel decisivo para garantir que os biocombustíveis sejam competitivos e possam expandir sua participação na matriz energética. Esse movimento reforça o compromisso do Brasil em liderar a transição energética global, ao mesmo tempo em que promove a descarbonização da economia.
Sancionada recentemente, a Lei do Combustível do Futuro é uma das mais importantes iniciativas recentes no âmbito dos biocombustíveis. A lei estabelece diretrizes importantes para o uso de etanol e biodiesel no Brasil, visando aumentar a participação desses combustíveis na matriz energética.
Com os avanços tecnológicos e o suporte legislativo adequado, o país está preparado para desempenhar um papel decisivo na redução das emissões de CO₂ e na construção de um futuro mais limpo e sustentável. "
Mário Campos Filho
Presidente da SIAMIG - Associação das Indústrias Sucroenergéticas de MG
Macrovisão estratégica
No caso do etanol, a mistura com a gasolina agora tem um mínimo de 22% em lei, podendo variar até 35%. Atualmente em 27%, um grupo de trabalho, criado pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), já estudou a possibilidade de implementação da mistura anidro de 30% no curto prazo. Além disso, a lei criou uma série de programas estratégicos para fomentar a descarbonização dos transportes e a mobilidade sustentável. Entre eles, destaca-se o Programa Nacional de Combustível Sustentável de Aviação (ProBioQAV), que exigirá dos operadores aéreos, a partir de 2027, o uso de combustível sustentável de aviação (SAF). As metas de redução de emissões começarão em 1%, aumentando gradualmente até 10% em 2037. Outro programa é o Programa Nacional de Diesel Verde (PNDV), que estabelecerá anualmente a quantidade mínima de diesel verde a ser adicionada ao diesel fóssil, conforme decisão do CNPE. Também foi instituído o Programa Nacional de Descarbonização do Produtor e Importador de Gás Natural e de Incentivo ao Biometano, que entrará em vigor em 2026, com metas de redução de emissões a partir de 1%, podendo chegar a 10%. A lei prevê ainda um marco regulatório para a captura e estocagem de carbono, essencial para mitigar os efeitos das mudanças climáticas. O Brasil pretende evitar a emissão de 705 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO₂) até 2037, reforçando seu compromisso com a redução dos GEE. Essa estrutura visa criar condições para que o Brasil continue sendo referência em mobilidade sustentável e inovação no uso de combustíveis limpos, promovendo um desenvolvimento econômico alinhado com metas ambientais de longo prazo. Outro marco importante foi a aprovação da Reforma Tributária, que trouxe mudanças significativas para o setor de biocombustíveis. A nova estrutura tributária busca criar um ambiente mais favorável para as energias renováveis, corrigindo distorções que historicamente prejudicavam a competitividade dos biocombustíveis em relação aos combustíveis fósseis. Um dos avanços trazidos pela reforma foi a uniformização da carga tributária sobre o etanol em todo o país, tornando o produto mais acessível e atraente para os consumidores. Além disso, a Emenda Constitucional 123/2022 estabeleceu o diferencial competitivo tributário entre biocombustíveis e combustíveis fósseis, garantindo a viabilidade econômica do etanol. Em agosto de 2024, o Brasil deu um importante passo na direção de uma economia descarbonizada com a sanção da Lei 14.948, que
regulamenta a produção, comercialização e uso do hidrogênio verde no país. A nova legislação faz parte de um conjunto de ações voltadas para a descarbonização da matriz energética brasileira. O hidrogênio de baixa emissão, produzido a partir de fontes renováveis como biomassa, etanol, energia eólica e solar, apresenta grande potencial como vetor energético limpo e eficiente. Essa regulamentação visa estabelecer um ambiente favorável ao desenvolvimento dessa tecnologia no Brasil, permitindo que o país se posicione como um dos maiores produtores globais de hidrogênio verde. O marco legal é essencial para garantir o crescimento do setor, ao mesmo tempo em que promove a redução das emissões de CO₂, alinhando o país com os compromissos climáticos globais.
Desde sua criação em 2017, o RenovaBio tem sido a principal política pública para a promoção dos biocombustíveis no Brasil. O programa visa aumentar a produção e o consumo de biocombustíveis no país, baseando-se em metas de redução de emissões para distribuidoras de combustíveis, incentivando-as a utilizar biocombustíveis. O RenovaBio também introduziu o conceito de Créditos de Descarbonização (CBIOs), que podem ser comercializados por produtores de biocombustíveis que comprovam sua eficiência energética e ambiental. Esse mercado de créditos é crucial para garantir a competitividade dos biocombustíveis.
O Programa de Aceleração da Transição Energética (PATEN), ainda em discussão no Senado, é um dos projetos mais ambiciosos para promover o desenvolvimento sustentável no Brasil. O PL 327/2021 visa criar o Fundo Verde, composto por créditos tributários de empresas junto à União, administrado pelo BNDES. O PATEN tem como objetivo garantir financiamentos voltados para projetos de energias renováveis, priorizando a pesquisa em tecnologias inovadoras que tragam benefícios socioambientais. Entre as prioridades estão a expansão da produção de energias solar, eólica e biomassa, além de combustíveis renováveis, como o etanol e o biogás.
Essas iniciativas não só fortalecem a competitividade dos biocombustíveis, mas consolidam o Brasil como líder global na promoção de uma mobilidade sustentável e de uma economia descarbonizada. Com os avanços tecnológicos e o suporte legislativo adequado, o país está preparado para desempenhar um papel decisivo na redução das emissões de CO₂ e na construção de um futuro mais limpo e sustentável. n
Macrovisão estratégica
O agronegócio eficiente e sustentável de São Paulo
O crescimento das exportações do agronegócio paulista é um reflexo do papel essencial que o estado de São Paulo desempenha na economia brasileira. O estado, com sua infraestrutura robusta, variedade de cultivos e capacidade de inovação, representa uma das maiores potências agropecuárias do país.
Em 2023, o agronegócio paulista contribuiu significativamente para a balança comercial brasileira, com uma pauta de exportações diversificada que inclui produtos como café, suco de laranja, carnes e etanol, além de uma gama crescente de produtos de valor agregado. De janeiro a setembro deste ano, o setor alcançou a liderança das exportações nacionais, respondendo por 18% do total.
Para manter e expandir essa competitividade, o agronegócio paulista está cada vez mais voltado para a sustentabilidade. Em um cenário global onde a consciência ambiental é crescente, as práticas sustentáveis no campo se tornaram um prérequisito para acessar mercados exigentes, como o europeu. Reduzir a emissão de gases de efeito estufa, conservar os recursos naturais e promover o uso racional da água e do solo são práticas que agregam valor aos produtos paulistas, permitindo ao estado alinhar-se às expectativas do consumidor internacional.
A Faesp-Senar está construindo em São Paulo um centro de pesquisa da cana-de-açúcar em Ribeirão Preto, um centro de formação rural em São Roque e um centro nacional de irrigação no sudoeste paulista."
Tirso Meirelles Presidente da FAESP - Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SP
Neste contexto, a pesquisa em novos combustíveis tem um papel fundamental. São Paulo é o maior produtor de etanol do Brasil, combustível renovável que vem se consolidando como uma alternativa importante para a matriz energética do país.
A busca por biocombustíveis de segunda geração, produzidos a partir de resíduos agrícolas, e que ganhou um novo impulso com a recém-sancionada Lei do Combustível do Futuro, é um dos campos de pesquisa que São Paulo tem explorado com destaque. Esses combustíveis, além de aumentarem a eficiência energética do setor, permitem o aproveitamento de subprodutos do agro, promovendo uma economia circular e reduzindo o desperdício.
Outro aspecto importante é o investimento em tecnologias de ponta e inovação. Instituições como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e o Instituto Agronômico de Campinas (IAC) têm contribuído com pesquisas para o desenvolvimento de cultivares mais resistentes, práticas agrícolas que aumentem a produtividade e técnicas para a produção de biocombustíveis mais eficientes. Essas pesquisas têm sido vitais para garantir a competitividade do setor no longo prazo, reforçando a posição de São Paulo como um polo de inovação agropecuária.
Vale lembrar que, por conta do trabalho primoroso realizado pela Embrapa, conseguimos dominar o cultivo nos trópicos, ampliando a produção sem aumentar a área cultivada de forma expressiva. Por conta das pesquisas desenvolvidas, conseguimos obter até três safras ao ano.
Além disso, o estado tem implementado políticas públicas e incentivos para promover práticas sustentáveis e o uso de novas tecnologias. Programas de financiamento voltados para práticas de baixo impacto ambiental, como o uso de biodefensivos e técnicas de plantio direto, têm-se tornado cada vez mais acessíveis. Esses incentivos são fundamentais para garantir que produtores de todos os portes possam adotar práticas sustentáveis sem comprometer a viabilidade econômica de suas operações.
O compromisso com a sustentabilidade e a pesquisa em combustíveis renováveis também fortalece a imagem de São Paulo como um estado comprometido com o desenvolvimento responsável. Em um cenário de aquecimento global e mudanças climáticas, adotar uma postura pró-ativa em relação ao meio ambiente é não só uma questão de mercado, mas também de responsabilidade social e ambiental. Esse compromisso aumenta a confiança dos parceiros comerciais internacionais e reforça a reputação dos produtos paulistas.
As exportações paulistas de produtos do agronegócio também refletem uma estratégia de diversificação. Para um estado que há cerca de 50 anos exportava apenas café e açúcar, o novo portfólio de produtos representa o investimento dos produtores rurais em novos caminhos. Além dos produtos tradicionais, o estado se destaca no desenvolvimento de alimentos processados e bebidas de alto valor agregado, como produtos orgânicos, integrais e gourmet, que atendem à demanda de um consumidor cada vez mais consciente e exigente. Essa diversificação agrega valor ao setor e reduz a dependência de commodities, garantindo maior estabilidade de preços e menor vulnerabilidade às oscilações do mercado global. A adoção de novas tecnologias no campo tem sido crucial para aumentar a produtividade e reduzir os custos de produção. Sistemas de irrigação de alta eficiência, sensores de monitoramento e drones para análise de solo e plantio são exemplos de inovações que têm contribuído para o desenvolvimento do setor agropecuário paulista. Essas ferramentas não só aumentam a produção, mas também permitem uma gestão mais precisa dos recursos naturais, promovendo a sustentabilidade e o uso consciente do solo e da água.
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Para o futuro, o estado ganhará ainda mais importância com os centros de excelência e pesquisa que estão em construção pela Faesp e pelo Senar. O centro voltado à excelência da cana-de-açúcar, em Ribeirão Preto, o maior centro produtor de etanol do país, será vital para o estudo e desenvolvimento de novos biocombustíveis que irão garantir uma matriz cada vez mais renovável, como o hidrogênio verde e o Combustível Sustentável de Aviação (SAF, no inglês) para utilização em aviação e navios. Já o Centro de Formação Rural, em São Roque, terá como foco a aproximação dos pequenos produtores das novas tecnologias para o campo, com o fomento a startups que poderão levar o setor agropecuário a um novo patamar. Por fim, o Centro Nacional de Irrigação, anunciado este ano, a ser construído no sudoeste paulista, quer baratear a técnica e garantir que ela seja acessível a todos, uma vez que hoje os custos iniciais são altos e muitos produtores não possuem recursos para tal investimento.
A colaboração entre universidades, centros de pesquisa e empresas do setor pode acelerar a criação de tecnologias e práticas inovadoras, alinhadas com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. Esse tipo de colaboração pode gerar avanços importantes, como o desenvolvimento de biofertilizantes, redução do uso de defensivos agrícolas e o melhoramento genético de plantas para resistirem às mudanças climáticas. O desenvolvimento de startups fortalece o trabalho no interior e incentiva a criação de um corredor tecnológico entre São José dos Campos, Campinas, Piracicaba, São Carlos e Ribeirão Preto.
O potencial do agronegócio paulista, sustentado pela pesquisa e inovação, é de beneficiar não só a economia local, mas também o setor agropecuário brasileiro como um todo. Como um dos maiores estados produtores do país, São Paulo possui uma responsabilidade e um papel estratégico na expansão do mercado agropecuário brasileiro. Inovações desenvolvidas e testadas no estado têm potencial de impacto em todo o país, tornando a produção agropecuária nacional mais eficiente, competitiva e sustentável.
O crescimento das exportações do agro paulista é resultado de um esforço conjunto entre sustentabilidade, pesquisa e inovação. Esses fatores têm elevado o padrão do agronegócio paulista e o inserido em um mercado global cada vez mais competitivo. Dessa forma, o agronegócio paulista pode não só atender à demanda atual, mas também liderar o setor brasileiro em um futuro de sustentabilidade e inovação. n
O combustível renovável aéreo
Brasil no caminho para a vanguarda da produção global de SAF
A lei que institui o Programa Nacional de Combustível de Aviação
Sustentável (ProbioQAV), sancionada pelo presidente Lula em outubro, é o caminho para colocar o Brasil na vanguarda da produção mundial de Combustível de Aviação Sustentável (SAF).
O desenvolvimento dos biocombustíveis no Brasil, sobretudo, deve-se principalmente a um histórico de políticas desenvolvidas em favor desse setor.
Além do Proálcool, tivemos o Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB), que teve como objetivo desenvolver estudos para a inclusão do biodiesel na matriz energética nacional e que culminou com a sanção da Lei 11.097/2005. Da mesma forma, hoje temos a Lei 14.993/2024, que inclui o SAF na matriz energética nacional.
Um estudo recente da Embrapa mostra que há 100 milhões de hectares de terras degradadas no país – uma área do tamanho de vários países europeus –que podem ser usados para expansão agrícola.
Gilberto
Peralta
Presidente da Airbus Brasil
Além disso, o SAF vai pegar carona no que o Brasil tem de melhor em biocombustíveis e listo aqui alguns motivos:
Primeiro, a experiência de produção de biocombustíveis. A partir da década de 1930, o governo de Getúlio Vargas promulgou a Lei 737, que determinava a adição de 5% de etanol à gasolina, com o objetivo de aumentar a segurança energética do Brasil. Essa medida abriu caminho para o desenvolvimento de biocombustíveis, o que levou ao Programa Nacional do Álcool (Proálcool) nas décadas de 1970 e 1980 e à era dos carros flexíveis no final da década de 1990 e início dos anos 2000.
De acordo com a Agência Nacional do Petróleo (ANP), o Brasil possui atualmente 415 usinas de produção de biocombustíveis (etanol e biodiesel), que bateram recordes em 2023 com a produção de 43 bilhões de litros, tornando o Brasil o segundo maior produtor e exportador do mundo, além de contribuir significativamente para a redução de CO2 na matriz energética.
O país tem uma vasta base de biomassa. Hoje, existem nove rotas aprovadas para a produção de SAF, e o Brasil tem capacidade para atender a todas elas. As mais comuns são a Hydroprocessing Esters and Fatty Acids (HEFA), que se baseia em óleos vegetais, gorduras animais e óleo de cozinha usado, e a Alcohol-to-Jet (ATJ), que utiliza milho e cana-de-açúcar como principais fontes de energia.
A cana-de-açúcar produz etanol de primeira e segunda geração, E1G e E2G. Na rota HEFA, os óleos vegetais são provenientes de diversas fontes que já são produzidas em larga escala no Brasil, como o óleo de palma e o óleo de soja.
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Outras matérias-primas, como a macaúba e a canola, também estão sendo desenvolvidas. A macaúba tem o potencial de produzir de quatro a seis vezes mais óleo do que a soja e tende a ser mais sustentável, pois pode ser cultivada em terras degradadas e não compete com a produção de alimentos.
O Brasil tem o potencial de liderar a transição dos combustíveis alternativos para a aviação. Um estudo recente da Embrapa mostra que há 100 milhões de hectares de terras degradadas no país - uma área do tamanho de vários países europeus - que podem ser usados para expansão agrícola. Além disso, há projetos em andamento no Brasil para a construção de novas biorrefinarias para a produção de SAF.
Por último, mas não menos importante, temos o conhecimento tecnológico. Em geral, os agricultores brasileiros já dominam o uso da tecnologia na produção. Uma pesquisa de 2020 realizada por um consórcio da Embrapa, Sebrae e INPE mostrou que 84% dos agricultores brasileiros já usavam, pelo ;
O combustível renovável aéreo
menos, uma tecnologia digital para aumentar a produtividade, reduzir custos e diminuir o uso de fertilizantes e pesticidas.
A aviação, considerada uma indústria de difícil descarbonização (hard-to-abate), opera em uma infraestrutura muito complexa e com produtos de alto valor agregado, empregando e conectando milhões de pessoas em todo o mundo e sendo responsável por 2,5% das emissões globais de CO2. Embora esse seja um número considerado baixo em comparação com outros setores, tem o compromisso de avançar na descarbonização. Em 2021, as companhias aéreas membros da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA) aprovaram o compromisso “ Fly Net Zero by 2050 ”, concordando em zerar as emissões de CO2 até 2050.
O acordo alinhou o setor de aviação com a meta de limitar o aumento da temperatura a 1,5°C, conforme estabelecido no acordo da COP21 em Paris em 2015. Em 2022, na 41ª reunião da Organização da Aviação Civil Internacional (ICAO), foram estabelecidas as Metas Aspiracionais de Longo Prazo (LTAG - Long Term Aspirational Goals), alinhando os países membros com os objetivos de carbono zero até 2050.
O SAF representa 65% da solução para atingir a meta de zero emissões líquidas até 2050, mas são necessárias outras formas de investimento, como a introdução de novas tecnologias e fontes de energia – especialmente hidrogênio e eletricidade renovável –, investimentos em infraestrutura, melhorias na eficiência operacional e compensações de captura de carbono.
A evolução tecnológica sempre andou de mãos dadas com a evolução da aviação. Muito foi investido ao longo dos anos para modernizar o setor. As aeronaves de última geração transportam mais passageiros, gastam menos combustível e têm maior alcance do que as aeronaves do mesmo porte nas décadas de 1970 e 1980. Essa evolução foi necessária para torná-las mais seguras e mais eficientes. Agora, o objetivo é descarbonizar a aviação o máximo possível.
Estamos cientes de que há muitos desafios, sendo um deles o custo do SAF, que pode ser de duas a seis vezes maior do que
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A Airbus participa do fundo SAFFA (Sustainable Aviation
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Fuel Financing Alliance), para financiar projetos para acelerar a produção de SAF.
O combustível renovável aéreo
o dos combustíveis fósseis, enquanto outros mecanismos, como Book & Claim e impostos, precisam de mais desenvolvimento. É necessário um exame minucioso da cadeia de suprimentos para garantir a produção sustentável de SAF.
O SAF pode reduzir as emissões em até 80% em comparação com os combustíveis convencionais. Atualmente, todas as aeronaves da Airbus podem voar com até 50% de SAF. Até 2030, elas deverão ser certificadas para voar com 100% de SAF. Realizamos testes de voo em todas as divisões, desde aeronaves comerciais até helicópteros e aeronaves militares.
Além disso, a Airbus está aumentando o uso de SAF em suas próprias operações, com uma meta de 15% de SAF em nosso mix global de combustível até o final de 2024 e, pelo menos, 30% até 2030. Em 2023, a Airbus usou mais de 11 milhões de litros de SAF em suas operações.
O SAF é uma parte dessa jornada, mas são necessárias mais ações para atingir a meta de zero líquido até 2050. A Airbus tem a ambição de colocar no mercado a primeira aeronave comercial movida a hidrogênio até 2035. O projeto ZEROe da Airbus está explorando os tijolos tecnológicos certos, além do ecossistema de produção e fornecimento.
De acordo com a IATA, seria necessária uma capacidade de produção global de 450 bilhões de litros de SAF até 2050 para atingir a meta de emissões zero. Além dos investimentos necessários, políticas devem ser implementadas em todos os cantos do mundo. Para estimular a demanda e aumentar a produção, desenvolvemos algumas parcerias estratégicas.
Um exemplo é a participação da Airbus no fundo SAFFA (Sustainable Aviation Fuel Financing Alliance), anunciado em julho, que tem como objetivo financiar projetos para acelerar a produção de SAF.
Além disso, estamos realizando um estudo em conjunto com a LATAM e o MIT (Massachusetts Institute of Technology) para construir uma análise abrangente de cenários e projeções de preço e demanda com a implantação do SAF até 2050, no Brasil, Chile, Colômbia, Equador, México e Peru. n
Perspectivas para o Brasil O combustível renovável aéreo como produtor e exportador de SAF
Quando se fala em transição energética – e cada vez mais esse é um assunto abordado –, duas constatações são ponto de partida, praticamente um consenso. Que o Brasil sai na frente de outras nações por ter uma matriz energética com alto percentual de fontes renováveis e que o nosso país tem a chance de ser protagonista nessa transformação na forma como se produz e se consome energia.
Sancionada em outubro deste ano, a Lei do Combustível do Futuro dá um passo largo para o Brasil alcançar essa liderança mundial. A legislação é um novo marco para os biocombustíveis no país. Amplia a participação do etanol e biodiesel na nossa matriz e traz inovações regulatórias, especialmente quanto ao uso do biometano. Pela lei, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) definirá metas anuais para redução da emissão de gases do efeito estufa pelo setor de gás natural por meio do uso do biometano. A meta entrará em vigor em janeiro de 2026, com valor inicial de 1% e não poderá ultrapassar 10%.
Outra mudança significativa da nova legislação é a introdução de novos energéticos na nossa matriz. O principal deles é o combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês). É sobre SAF que vamos tratar daqui por diante.
A partir de 2027, os operadores aéreos serão obrigados a reduzir as emissões de gases do efeito estufa nos voos domésticos por meio do uso do SAF. A nova legislação estabelece uma rampa de descarbonização. As metas começam com 1% de redução e crescem gradativamente até atingir 10% em 2037. Hoje, a aviação é responsável por cerca de 2,5% das emissões globais de dióxido de carbono (CO2).
No caso do Brasil, um dos grandes trunfos para produção do SAF é a ampla disponibilidade de matérias-primas consolidadas, como o óleo de soja e o etanol de cana-de-açúcar e de milho, que já possuem alta prontidão tecnológica. Estamos falando de uma indústria que atrai grandes investimentos e tem potencial para impulsionar o desenvolvimento econômico em diferentes regiões do país.
Nem bem a Lei do Combustível do Futuro comemorou seus primeiros 30 dias de vigência e já começamos a ler na imprensa nacional o anúncio de projetos para produção de SAF, a partir de diferentes matérias-primas, como etanol de cana-de-açúcar ou de milho, soja, palma e macaúba.
De acordo com a Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA), a demanda por SAF pode atingir entre 6 e 7 bilhões de litros por ano até 2030. No longo prazo, essa demanda pode superar os 450 bilhões de litros por ano até 2050. "
Alessandro Gardemann Presidente da Abiogás –Associação Brasileira de Biogás
São iniciativas lideradas por agentes que já atuam na indústria de energia, tanto na produção de biocombustíveis como no refino ou na distribuição de combustíveis fósseis. Um mercado com um potencial imenso, haja vista o Brasil ser hoje o segundo maior produtor de etanol do mundo.
Além dessas matérias-primas, abundantes no Brasil, há outra imensa “jazida renovável” a ser explorada. Segundo estimativas da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o Brasil tem potencial para produzir cerca de 9 bilhões de litros de SAF por ano até 2030 apenas com o aproveitamento de resíduos do setor sucroenergético. Esse volume posicionaria o país como um dos maiores produtores globais de SAF, atendendo tanto à demanda interna quanto à exportação.
É nesta rota que se posiciona a Geo bio gas&carbon. Em parceria com a Copersucar, estamos desenvolvendo, no interior de São Paulo, uma unidade para produzir SAF a partir de 2025. Com financiamento da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), a planta terá uma produção em escala comercial de 750 litros/dia. Será a primeira planta no Brasil para produção de SAF a partir de biogás. O objetivo é desenvolver em escala comercial um modelo de produção sustentável e que utiliza resíduos de biomassa como fonte de carbono biogênico. O projeto, que envolve investimentos da ordem de 6,3 milhões de euros, ganhou em outubro um novo parceiro, por meio de acordo com a Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável. Serão aportados à iniciativa 1,5 milhões de euros do Ministério da Cooperação Econômica e Desenvolvimento (BMZ) da Alemanha, que serão implementados pela Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH, no âmbito do Programa develoPPP.
A Geo e a GIZ atuarão juntas no estabelecimento da cooperação internacional entre universidades e institutos de pesquisa brasileiros e alemães; na disseminação de conhecimento por meio de capacitação de profissionais; e no apoio à certificação da cadeia produtiva, desde sua origem, e à regulamentação do biocombustível no Brasil. Uma das metas dessa parceria é compartilhar a experiência da planta com outras empresas e multiplicadores para a reprodução do projeto por outros investidores. Já com a Copersucar, a Geo atuará na implantação e operação da usina. Hoje, o SAF produzido a partir do biogás é uma rota vista como mais vantajosa para o mercado externo.
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A Europa, especialmente, enxerga o SAF produzido a partir de resíduos como combustível avançado. A parceria com a GIZ foi realizada com objetivo de construir uma solução que atenda também às diretrizes do mercado europeu e possa servir de referência. Esse projeto coloca o país na posição de agente de uma nova cadeia de valor sustentável, alinhada às demandas internacionais por soluções verdes. Podemos, desta forma, atingir mercados dispostos a pagar prêmios maiores por produtos que utilizam resíduos como matéria-prima.
Em seu processo produtivo, essa planta vai utilizar o Fischer-Tropsch (F-T), uma tecnologia amplamente reconhecida para a conversão de gás em combustíveis líquidos. Desenvolvido originalmente para transformar carvão e gás natural em combustíveis líquidos, o F-T pode ser adaptado para converter biometano em SAF. Além disso, é especialmente adequado para o Brasil, considerando o potencial de abundância de biometano disponível a partir do agronegócio. A tecnologia F-T possibilita a produção de combustíveis com uma qualidade similar à dos combustíveis fósseis, atendendo às rigorosas especificações da aviação.
A combinação entre a rota F-T e a disponibilidade de matéria-prima sustentável no Brasil faz com que o país tenha uma vantagem competitiva significativa. Permite a produção de SAF de maneira eficiente e em larga escala, o que é fundamental para atender à demanda crescente, tanto do mercado interno quanto externo.
De acordo com a Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA), a demanda por SAF pode atingir entre 6 e 7 bilhões de litros por ano até 2030. No longo prazo, essa demanda pode superar os 450 bilhões de litros por ano até 2050, à medida que mais companhias aéreas adotem políticas de neutralidade de carbono.
A União Europeia e os Estados Unidos, dois dos maiores mercados consumidores de combustíveis de aviação, já estabeleceram políticas de incentivo ao uso de SAF. Para o Brasil, essa é uma oportunidade ímpar de se tornar um grande produtor e exportador de SAF, aproveitando sua base industrial e agrícola e ampliando sua presença nas cadeias globais de energia limpa.
A transição para combustíveis sustentáveis é inevitável. O mundo caminha em direção a uma economia de baixo carbono, e o Brasil tem a chance de construir uma nova indústria, sob bases sustentáveis. As condições regulatórias e de mercado estão postas à mesa. n
O futuro sustentável da aviação e navegação:
o papel do etanol brasileiro
O setor de transporte, um dos principais responsáveis pelas emissões globais de gases do efeito estufa – GEE, busca urgentemente alternativas mais limpas. O etanol, produzido em larga escala no Brasil, e que já é alternativa sustentável para o transporte terrestre, surge como uma solução promissora para descarbonizar ainda mais setores de difícil abatimento, como a aviação e a navegação.
O Brasil, líder mundial na produção de etanol de cana-de-açúcar e segundo maior produtor de etanol de milho – sendo o maior de etanol de milho de segunda safra –, pode liderar essa transição para uma matriz energética mais limpa e sustentável, impulsionando o desenvolvimento de tecnologias e mer cados para biocombustíveis avançados. Além de reduzir as emissões de gases do efeito estufa, o etanol contribui para a diversificação da matriz energética, reduz a dependência de combustíveis fósseis e estimula a economia local, gerando empregos e renda.
A aviação e a navegação, setores cruciais para a economia global, enfrentam um desafio urgente: a descarbonização. O etanol brasileiro, com sua produção sustentável e em larga escala, apresenta-se como uma solução "
Com o surgimento relativamente recente do etanol de milho e a possibilidade de produção de outros biocombustíveis – como o biodiesel –, o Brasil consolidou sua posição como um dos principais players globais na produção de combustíveis renováveis. Essa diversidade de fontes e a contínua pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias abrem um leque de oportunidades para a descarbonização de diversos setores, incluindo a aviação e a navegação.
No caminho para um futuro mais verde:
A aviação e a navegação, setores cruciais para a economia global, enfrentam um desafio urgente: a descarbonização. O etanol brasileiro, com sua produção sustentável e em larga escala, apresenta-se como uma solução promissora para reduzir as emissões desses setores, impulsionado por metas internacionais e políticas públicas favoráveis.
Claudia Romeiro
Gerente de Sustentabilidade da FS
A tecnologia " Alcohol to Jet " permite transformar o etanol em biocombustível de aviação (SAF), atendendo à crescente demanda global por alternativas mais limpas. A ICAO estabeleceu metas ambiciosas para a mistura obrigatória de SAF na aviação, abrindo um vasto mercado para o etanol brasileiro. Estima-se que a substituição do querosene de aviação pelo SAF proveniente do etanol possa reduzir as emissões de CO2 em cerca de 50% e, associado a tecnologias de captura de carbono, alcançar 90% de redução.
A certificação ISCC Corsia, obtida pela empresa FS, pioneira na produção de etanol de milho no Brasil, garante a rastreabilidade e a sustentabilidade do biocombustível, desde a matéria-prima até o produto. Essa certificação assegura que o etanol utilizado na produção de SAF possui baixa emissão de carbono e contribui para a neutralidade climática do setor.
A indústria naval se encontra em um momento crítico. Com suas metas estabelecidas pela Organização Marítima Internacional (IMO) de neutralidade em 2050 e metas intermediárias de 30% em 2030 e 70% em 2040, torna-se imperativo que a substituição dos combustíveis fósseis por alternativas verdes ganhe força. Nesse cenário, o etanol, biocombustível já amplamente produzido no Brasil, desponta como uma solução promissora, especialmente para a navegação de curto, médio e longo prazos.
Uma das grandes vantagens do etanol é sua compatibilidade com a infraestrutura existente no setor. Testes iniciais com motores marítimos utilizando etanol demonstraram sua viabilidade, e as adaptações necessárias são menores quando comparadas a combustíveis como o hidrogênio ou a amônia, que demandam grandes investimentos. Essa característica pode acelerar a transição para uma navegação mais limpa sem exigir mudanças estruturais caras e no curto espaço de tempo.
Com uma pegada de carbono reduzida, o etanol pode oferecer uma vantagem competitiva aos armadores, que a partir de 2027 serão penalizados em virtude das emissões acima dos limites permitidos, e até garantir a geração de créditos de carbono para comercialização, incentivando a adoção desse biocombustível.
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Para consolidar o papel do etanol no transporte marítimo global, é fundamental que haja reconhecimento internacional de sua viabilidade como combustível sustentável marítimo. Políticas regulatórias que promovam o uso de biocombustíveis na navegação, apoiadas pela IMO, podem impulsionar sua adoção em larga escala.
Com sua produção sustentável, certificada e em larga escala, o etanol brasileiro possui um enorme potencial para impulsionar a descarbonização da aviação e da navegação, contribuindo para um futuro mais limpo e sustentável.
Incentivo:
Para impulsionar e acelerar a descarbonização dos setores de aviação e marítimo, é essencial o investimento em pesquisa, desenvolvimento e políticas públicas que incentivem a inovação. Nos Estados Unidos, por exemplo, o IRA, aprovado em 2022, oferece incentivos fiscais significativos para a produção de SAF, como o crédito fiscal 40B e o 45Z, que podem representar até 50% da receita dos produtores. Esses incentivos demonstram o potencial dos governos em estimular a produção de biocombustíveis e acelerar a transição energética.
A consolidação do mercado de SAF depende da cooperação entre os diferentes atores do setor, incluindo empresas, governos, instituições de pesquisa e sociedade civil. Parcerias estratégicas podem gerar sinergias, reduzir custos e acelerar o desenvolvimento de tecnologias inovadoras. Além disso, a complementaridade entre diferentes fontes de biocombustíveis, como o etanol de cana-de-açúcar e o de milho, é fundamental para garantir a segurança energética e a sustentabilidade do setor.
No entanto, a expansão do mercado de SAF enfrenta desafios como a necessidade de investimentos em infraestrutura, a garantia da sustentabilidade da produção e a harmonização das regulamentações internacionais. Apesar desses desafios, o potencial de crescimento do mercado de SAF é enorme, com projeções de aumento significativo da demanda nos próximos anos.
Quanto ao setor marítimo, uma das principais medidas será a implementação de regras que penalizam emissões acima dos limites permitidos a partir de 2027. Essa regulamentação terá dois pilares: um técnico, ;
O combustível renovável aéreo e marítimo
que categoriza combustíveis pelo padrão de emissão de gases de efeito estufa ao longo de seu ciclo de vida, e outro econômico, que impõe a precificação das emissões. Isso significa que as empresas marítimas que excederem os padrões estabelecidos pagarão mais pelas emissões, enquanto aquelas que adotarem combustíveis de baixa emissão poderão comercializar créditos de carbono, incentivando a migração para soluções mais sustentáveis. O sucesso dessa transição, no entanto, depende da consolidação de novos combustíveis no setor marítimo e das regras de sua implementação.
O etanol brasileiro, com suas características únicas de produção sustentável em larga escala e certificação internacional, representa uma solução promissora para a descarbonização dos setores de aviação e navegação.
Os biocombustíveis, como o etanol, desempenham um papel crucial na descarbonização por oferecerem o melhor custo-benefício para várias rotas. Além de serem alternativas com menor emissão de GEE, sua produção estimula o desenvolvimento rural, especialmente em países em desenvolvimento, criando um ciclo virtuoso de crescimento econômico e sustentabilidade. No Brasil, por exemplo, o setor de biocombustíveis já traz benefícios econômicos às áreas rurais, gerando empregos e estimulando novas tecnologias.
A combinação de fatores como a liderança do Brasil na produção de biocombustíveis, o apoio de políticas públicas e a crescente demanda global por alternativas mais limpas coloca o país em uma posição estratégica para liderar essa transição.
No entanto, para alcançar todo o potencial do etanol como combustível de aviação e navegação, é fundamental continuar investindo em pesquisa e desenvolvimento, fortalecer a infraestrutura e promover a cooperação entre os diferentes atores do setor. Para que essa transição seja bem-sucedida globalmente, o Brasil precisará de apoio internacional, tanto em termos de parcerias comerciais quanto de incentivos regulatórios que favoreçam a adoção de combustíveis de baixa emissão. Esse apoio pode consolidar os biocombustíveis como uma solução viável para a descarbonização marítima e de aviação em escala global, promovendo uma transformação inclusiva e sustentável do setor. n
Os biocombustíveis, como o etanol, desempenham um
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papel crucial na descarbonização por oferecerem o melhor custo-benefício para várias rotas.
O combustível renovável marítimo
O esforço para descarbonizar o setor marítimo
A International Maritime Organization (IMO), criada em 1948, é a agência especializada das Nações Unidas para tratar dos assuntos afetos à navegação comercial marítima internacional, que dizem respeito à salvaguarda da vida humana no mar, segurança do tráfego aquaviário e proteção do meio ambiente marinho. Hoje, possui 176
Estados-Membros e muitas organizações intergovernamentais e não governamentais, algumas delas possuindo status consultivo.
A IMO está situada em Londres, Reino Unido, e o seu arcabouço regulatório é elaborado por meio de cinco comitês e sete subcomitês que se reúnem regularmente ao longo do ano em sessões híbridas, virtuais e em grupos de correspondência.
A IMO não possui ingerência sobre a soberania dos Estados-Membros, porém a navegação internacional marítima, que transporta mais de 80% de todas as cargas que se movimentam no mundo, não é possível sem a observância de suas orientações, diretrizes, códigos e convenções.
O Comitê de Proteção ao Meio Ambiente Marinho (MEPC) regula todos os aspectos, provenientes de navios, que possam impactar o meio ambiente marinho, dentre eles as emissões de gases que contribuem para o efeito estufa (GHG, sigla para Greenhouse Gases), basicamente dióxido de carbono (CO2), metano (CH3) e óxido de nitrogênio (N2O).
O Acordo de Paris concentra os esforços mundiais para a redução de emissões de GHG, mas por meio do Protocolo de Kyoto foram transferidas as responsabilidades de descarbonização do setor marítimo para a IMO e do setor aeroviário para a International Civil Aviation Organization (ICAO).
As novas metas vão exigir um grande esforço da frota mundial, bem como trarão altos custos a serem pagos pela tecnologia menos emissiva e combustíveis de zero ou quase zero carbono em sua composição. "
Fernando Alberto Gomes da Costa Capitão de Mar e Guerra da Marinha Brasileira e Membro da Secretaria Executiva da CCA-IMO
A partir desta delegação de competência, a IMO passou a empreender ações no sentido de reduzir as emissões GHG das embarcações e aprovou, em 2018, a estratégia inicial para o setor marítimo, composta por níveis de ambição (metas) e medidas de curto (até o ano de 2023), médio (2023 a 2030) e longo prazos (a partir de 2030).
As medidas de curto prazo disseram respeito à abordagem técnica e operacional das embarcações, exigindo projetos e construções menos emissivas e operações otimizadas, que implicaram, inclusive, em redução da velocidade média de cruzeiro das embarcações.
Todas essas medidas resultaram em redução da intensidade de carbono do setor diminuindo a emissão por tonelada milha transportada, mas não as emissões totais que hoje implicam em cerca de 3% de todos os GHG que são lançados na atmosfera.
Para a redução das emissões absolutas, a IMO aprovou, em 07 de julho de 2023, a resolução MEPC-377(80), que estabeleceu metas de redução de emissões totais líquidas, o que implica em contabilizar o upstream e o downstream, levando em consideração o que foi liberado na produção e distribuição dos combustíveis, bem como o que foi emitido a bordo.
O nível de ambição mais elevado é o que fixou para 2050 o prazo para que as emissões líquidas totais sejam zero.
As novas metas vão exigir um grande esforço da frota mundial, bem como trarão altos custos a serem pagos pela tecnologia menos emissiva e combustíveis de zero ou quase zero carbono em sua composição.
Diante desta conjuntura, ganhou importância uma avaliação prévia do impacto sobre os países decorrente das medidas de mitigação a serem implementadas pela IMO a partir do ano de 2027, de forma que sejam privilegiadas as medidas que impliquem nas maiores reduções de emissões aliadas aos menores impactos sobre a população mundial.
Outro aspecto que se tornou relevante foi o denominado de food security, pois algumas rotas que transportem alimentos ou seus insumos podem ser desproporcionalmente prejudicadas em termos de custos e trazer sérias consequências para a alimentação das populações dos portos de destino.
A sessão 83 do MEPC, agendada para o início de abril de 2025, será decisiva para que todos os aspectos das medidas voltadas
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à consecução das metas da estratégia da IMO sejam aprovados e adotados antes do fim daquele ano de forma a poder entrar em vigor no ano de 2027.
A delegação brasileira vem empenhando um importante papel no sentido de contribuir para que o conteúdo das providências necessárias à descarbonização do setor marítimo internacional seja suficiente para o atingimento das metas e constitua o menor prejuízo para os países.
Levou também para os debates a nossa expertise na produção, distribuição e regulação dos biocombustíveis que deverá integrar o portifólio de energia sustentável, implicando em pouco retrofit da frota hoje em operação, o que contribui para minimizar os elevados custos que o setor deverá pagar para conseguir a sua descarbonização.
Finalmente, mas não menos importante, é de se destacar o apelo que a IMO faz aos países para que invistam na infraestrutura dos seus portos de forma a não prejudicar a eficiência energética dos navios, por meio de atrasos nas autorizações de entrada e saída de navios, bem como para reduzir os períodos necessários à carga e descarga.
Com todas estas ações, a IMO vem dando um grande exemplo de eficiência nas ações voltadas a reduzir o aquecimento global decorrente das ações humanas e cumpre com louvor a missão a ela atribuída pelo Protocolo de Kyoto. n
O Brasil e a transição energética no O combustível renovável marítimo
modal marítimo
A descarbonização da economia e a transição energética estão na ordem do dia dos debates internacionais, mas ainda há um enorme obstáculo em transformar bons discursos e boas intenções em ações. E o Brasil será um player importante no debate para identificar alternativas, sobretudo na apresentação de soluções para que outros países possam avançar nesse processo.
Todos sabemos que o Brasil é um dos países com a matriz energética mais limpa do mundo. Desde a década de 1970, com a criação do Proálcool, até a recém sancionada Lei do Combustível do Futuro, avançamos muito na utilização de biocombustíveis no modal rodoviário, graças a uma combinação de uma boa regulamentação com incentivos econômicos. O RenovaBio, por exemplo, é modelo para outros países.
No entanto, precisamos avançar nesse processo de descarbonização quando pensamos nos outros modais de transportes. E o Combustível do Futuro é um marco na transição energética do Brasil, estabelecendo parâmetros e incentivos para a transição energética nos setores de aviação e transporte marítimo. Com isso, esses setores, que são responsáveis por uma parcela significativa das emissões globais, agora têm um norte para onde seguir.
Como sabemos, os transportes aéreo e marítimo são grandes emissores de Gases de Efeito Estufa (GEE), e a utilização de combustíveis renováveis nesses modais é fundamental para que esses setores também avancem na substituição dos combustíveis fósseis tradicionais.
Na navegação, por exemplo, utiliza-se largamente o óleo bunker, combustível pesado que, dada a sua característica de produção, contém uma alta concentração de enxofre e outras impurezas e libera grandes quantidades de CO2 e poluentes tóxicos, como óxidos de enxofre (SOx) e de nitrogênio (NOx), que provocam a piora na qualidade do ar.
A Organização Marítima Internacional (IMO) tem-se debruçado sobre o tema há alguns anos. Em 2020, após estudos e debates sobre o tema, aprovou uma proposta de limitar o teor de enxofre do combustível
A confluência da pressão internacional pela redução das emissões e os incentivos para a produção de biocombustíveis abrem um espaço privilegiado para o Brasil assumir o protagonismo nessa agenda. "
Giuseppe Uchoa Ribeiro Lobo Diretor Executivo da Bioind-MT
marítimo. Essa redução impulsionou a busca por alternativas mais limpas, como o uso de gás natural liquefeito (GNL) e de combustíveis renováveis, como o metanol verde e amônia verde.
A confluência desses dois fatores (pressão internacional pela redução das emissões e incentivos para a produção de biocombustíveis no Brasil) abre um espaço privilegiado para assumir o protagonismo nessa agenda.
Para isso, precisamos expandir a capacidade de produzir energia renovável a partir da cana-de-açúcar e do milho e investir em tecnologias. Isso demanda investimentos tanto pelo setor público quanto pelo setor privado e uma infraestrutura adequada.
O estado do Mato Grosso, por exemplo, se destacou pelo pioneirismo na produção de etanol de baixa emissão e vem expandindo a capacidade produtiva ao longo dos últimos anos. A indústria tem investido em novas plantas, modernas, capazes de produzir metanol verde – combustível apontado como umas das alternativas mais viáveis quando se fala no modal marítimo.
O metanol verde apresenta diversas vantagens: é mais fácil de armazenar e de trans-
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portar em relação a alternativas como o hidrogênio verde ou o gás natural liquefeito (GNL), que exigiriam grandes investimentos em estocagem e construção de novas embarcações adaptadas para o armazenamento desse combustível.
Em paralelo a isso, o crescimento da produção de etanol, especialmente a partir do milho de segunda safra, garante a oferta de matéria-prima necessária para a fabricação em larga escala do metanol verde.
O Combustível do Futuro deu um grande passo ao se alinhar com as normas internacionais e criar um arcabouço legal para a transição energética no modal marítimo. O setor privado, por sua vez, está-se preparando para garantir a oferta de combustíveis renováveis para o modal marítimo.
Com uma política bem definida e regulação adequada, temos certeza de que o modal marítimo avançará rumo à redução de emissões e, quem sabe, atinja as metas de emissões líquidas zero nas próximas décadas. Cabe ao governo coordenar os esforços e reunir os setores interessados para desenhar uma regulamentação que seja ousada, mas ao mesmo tempo plausível. n
O combustível renovável para veículos pesados
Veículos pesados e biocombustíveis:
uma solução sustentável
Os veículos pesados, como caminhões, ônibus e máquinas agrícolas, desempenham um papel crucial na economia, sendo responsáveis pelo transporte de mercadorias e pessoas. No entanto, sua dependência de combustíveis fósseis contribui significativamente para a emissão de gases de efeito estufa e a poluição ambiental. Nesse contexto, os biocombustíveis emergem como uma alternativa viável e sustentável. Os biocombustíveis são derivados de materiais orgânicos, como plantas, resíduos agrícolas e biomassa. Eles podem ser utilizados como substitutos diretos da gasolina e do diesel, oferecendo uma fonte de energia renovável.
No Brasil, essa realidade já existe há 100 anos, e atualmente produzimos em larga escala dois biocombustíveis principais: etanol e biodiesel. Além disso, investimentos estão sendo feitos para ampliar consideravelmente a produção de biometano.
As vantagens do uso de biocombustíveis na mobilidade são inegáveis, especialmente quando se trata de veículos pesados. O diesel, além de emitir monóxido de carbono e dióxido de nitrogênio, libera uma grande quantidade de material particulado, como carbono, enxofre e nitrogênio, que, ao serem inalados, podem provocar doenças.
Entre as principais vantagens do uso de biocombustíveis, destaca-se a redução das emissões. A utilização de biocombustíveis diminui a emissão de dióxido de carbono (CO2) em comparação aos combustíveis fósseis, contribuindo para a mitigação das mudanças climáticas. Sua produção é sustentável, promovendo uma integração entre agricultura e gestão de resíduos, beneficiando tanto o meio ambiente quanto as comunidades locais. Além disso, muitas matérias-primas usadas na produção geram resíduos que podem ser reaproveitados para a produção de proteína animal.
O setor sucroenergético se destaca como um protagonista na produção de biogás, com um potencial de até 57,6 milhões de Nm³ por dia, o que equivale a cerca de 21 bilhões de Nm³ anuais. "
Flavio Eduardo Vieira Barros Castellari Consultor especialista no sistema bioenergético
Outro fator importante é a independência energética. O uso de biocombustíveis reduz a dependência de combustíveis fósseis, aumentando a segurança energética dos países e promovendo autonomia nas matrizes energéticas. Por fim, isso estimula inovações tecnológicas e a criação de empregos no setor agrícola e industrial, contribuindo para o desenvolvimento sustentável das economias locais.
Muitas inovações estão em desenvolvimento, incluindo novas tecnologias para a produção de biocombustíveis, como biometanol, HVO, biocombustível sintético, bioéter dimetílico, bio-MTBE e biohidrogênio. A indústria automotiva está se dedicando ao desenvolvimento de veículos que possam utilizar esses novos e tradicionais biocombustíveis de forma eficiente. Hoje, já existem veículos pesados, como tratores e caminhões, que operam com motores a biometano, etanol e até híbridos elétrico-biometano.
O Brasil está plenamente capacitado para liderar a transição energética de baixo carbono e se tornar um dos principais produtores mundiais de biocombustíveis, sem comprometer a produção de alimentos. O país possui um enorme potencial para aumentar a produção de biocombustíveis, especialmente etanol, biodiesel e biometano, destacando-se pela abundância de recursos naturais, tecnologia desenvolvida e políticas públicas favoráveis.
Dispomos de uma vasta gama de matérias-primas, como cana-de-açúcar, milho, soja e óleos vegetais, fundamentais para a produção de biocombustíveis. O Brasil é líder na tecnologia de produção de etanol a partir da cana-de-açúcar, com expansão para outras culturas e processos, como o milho. Além disso, contamos com uma infraestrutura robusta para a produção e distribuição de biocombustíveis, o que facilita ainda mais essa expansão.
Pensando no biocombustível, que está somente começando seu crescimento, o Brasil detém o maior potencial energético do mundo para produção de biogás, estimado em 43,2 bilhões de Nm³ por ano, oriundo de diferentes setores: 48,9% provenientes de resíduos do setor sucroenergético, 29,8% da proteína animal, 15,3% da produção agrícola e 6% do saneamento.
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Essa capacidade poderia suprir quase 40% da demanda nacional de energia elétrica ou substituir 70% do consumo brasileiro de diesel.
O setor sucroenergético brasileiro se destaca como um protagonista na produção de biogás, apresentando um potencial de até 57,6 milhões de Nm³ por dia, o que equivale a cerca de 21 bilhões de Nm³ anuais.
Esse potencial é impulsionado principalmente pelos resíduos gerados na produção de cana-de-açúcar, como bagaço, palha, vinhaça e torta de filtro. As regiões que apresentam maior potencial de produção de biogás no setor sucroenergético são Sudeste e Centro-Oeste, com produção significativa de cana-de-açúcar.
No setor de proteína animal, o potencial é notável nas regiões Sudeste e Sul, especialmente na criação de suínos e aves e na produção de gado. A produção de biogás a partir de resíduos agrícolas é mais robusta nas regiões Centro-Oeste e Sul, devido ao cultivo de soja e milho.
Em relação às regiões Norte e Nordeste, há um potencial significativo de biogás proveniente de resíduos orgânicos da agricultura e pecuária, embora ainda esteja em fase de exploração. Na região Norte, a diversidade de resíduos, como aqueles da produção de açaí, e, no Nordeste, a presença de resíduos de cana-de-açúcar e mandioca são promissoras para o desenvolvimento de projetos de biogás.
A crescente demanda por biocombustíveis, tanto no mercado interno quanto no externo, impulsionada por preocupações ambientais e pela busca por fontes de energia renováveis, contribui significativamente para o desenvolvimento e crescimento da produção no Brasil.
Considerando todas essas vantagens e os avanços tecnológicos, podemos afirmar que a utilização de biocombustíveis em veículos pesados representa uma oportunidade para avançar em direção a um futuro mais sustentável. Com políticas públicas como o "Combustível do Futuro", que incentivam o uso, a pesquisa e a implementação de tecnologias limpas, podemos reduzir as emissões, promover a segurança energética, garantir a segurança alimentar e impulsionar a economia local. O caminho para um transporte mais verde passa pelos biocombustíveis. n
Adubo Foliar Organomineral
Adubo Foliar Organomineral
SJC Bioenergia cria bioinsumo em modelo de economia circular
SJC Bioenergia cria bioinsumo em modelo de economia circular
A SJC Bioenergia segue inovando no campo da sustentabilidade agrícola com o lançamento de um novo adubo foliar organomineral, desenvolvido a partir de subprodutos do milho. Alinhado aos princípios da economia circular, o novo bioinsumo reforça o compromisso da empresa com práticas agrícolas mais eficientes e ambientalmente responsáveis. A iniciativa também está em consonância com os preceitos da agricultura regenerativa, que busca restaurar e preservar a saúde do solo enquanto aumenta a produtividade das culturas.
A SJC Bioenergia segue inovando no campo da sustentabilidade agrícola com o lançamento de um novo adubo foliar organomineral, desenvolvido a partir de subprodutos do milho. Alinhado aos princípios da economia circular, o novo bioinsumo reforça o compromisso da empresa com práticas agrícolas mais eficientes e ambientalmente responsáveis. A iniciativa também está em consonância com os preceitos da agricultura regenerativa, que busca restaurar e preservar a saúde do solo enquanto aumenta a produtividade das culturas.
O novo adubo é rico em aminoácidos, ácidos húmicos e ácidos fúlvicos — compostos essenciais para o desenvolvimento saudável das plantas. Os aminoácidos ajudam a regular o metabolismo vegetal, enquanto os ácidos húmicos favorecem a germinação e o crescimento das plantas, estimulando a produção de hormônios vegetais. Já os ácidos fúlvicos, componentes importantes da matéria orgânica do solo, promovem a absorção de nutrientes e auxiliam no transporte dos mesmos dentro das plantas, contribuindo para um melhor desenvolvimento e produtividade.
O novo adubo é rico em aminoácidos, ácidos húmicos e ácidos fúlvicos — compostos essenciais para o desenvolvimento saudável das plantas. Os aminoácidos ajudam a regular o metabolismo vegetal, enquanto os ácidos húmicos favorecem a germinação e o crescimento das plantas, estimulando a produção de hormônios vegetais. Já os ácidos fúlvicos, componentes importantes da matéria orgânica do solo, promovem a absorção de nutrientes e auxiliam no transporte dos mesmos dentro das plantas, contribuindo para um melhor desenvolvimento e produtividade.
Além de ser eficaz no aumento da produtividade, o adubo foliar organomineral integra uma estratégia mais ampla da SJC Bioenergia para reduzir a dependência de insumos químicos.
Além de ser eficaz no aumento da produtividade, o adubo foliar organomineral integra uma estratégia mais ampla da SJC Bioenergia para reduzir a dependência de insumos químicos.
A empresa tem investido fortemente em soluções alternativas, como sua biofábrica, dedicada à produção de insumos biológicos. Por meio dessa iniciativa, a empresa já obteve êxitos significativos no controle de pragas, como a cigarrinha, sem recorrer a defensivos químicos.
A empresa tem investido fortemente em soluções alternativas, como sua biofábrica, dedicada à produção de insumos biológicos. Por meio dessa iniciativa, a empresa já obteve êxitos significativos no controle de pragas, como a cigarrinha, sem recorrer a defensivos químicos.
Parceria estratégica
Parceria estratégica
A SJC Bioenergia também tem buscado inovar na forma de cultivar a cana-de-açúcar de maneira mais sustentável. Um exemplo disso é a parceria com a Embrapa Agroenergia e a Fundação Arthur Bernardes, com o objetivo de desenvolver um biofertilizante à base de fungos cultivados em resíduos líquidos do milho. Essa colaboração visa promover um cultivo mais sustentável da cana-de-açúcar, alinhado às crescentes exigências do mercado por práticas agrícolas que minimizem os impactos ambientais. Com essas e outras iniciativas, a SJC Bioenergia se reafirma como líder na transição para uma agricultura mais sustentável, destacando-se pela inovação e pelo compromisso com a preservação ambiental.
A SJC Bioenergia também tem buscado inovar na forma de cultivar a cana-de-açúcar de maneira mais sustentável. Um exemplo disso é a parceria com a Embrapa Agroenergia e a Fundação Arthur Bernardes, com o objetivo de desenvolver um biofertilizante à base de fungos cultivados em resíduos líquidos do milho. Essa colaboração visa promover um cultivo mais sustentável da cana-de-açúcar, alinhado às crescentes exigências do mercado por práticas agrícolas que minimizem os impactos ambientais. Com essas e outras iniciativas, a SJC Bioenergia se reafirma como líder na transição para uma agricultura mais sustentável, destacando-se pela inovação e pelo compromisso com a preservação ambiental.
Organomineral Organomineral
A empresa tem se dedicado a promover a saúde do solo e da água, ao mesmo tempo em que contribui para um futuro mais verde no agronegócio, sempre atenta às demandas de um mercado cada vez mais consciente e exigente.
A empresa tem se dedicado a promover a saúde do solo e da água, ao mesmo tempo em que contribui para um futuro mais verde no agronegócio, sempre atenta às demandas de um mercado cada vez mais consciente e exigente.
A SJC Bioenergia é produtora de açúcar VHP, etanol, eletricidade, proteína animal e óleo vegetal. A empresa processa anualmente 11,5 milhões de toneladas de cana-de-açúcar equivalente e emprega mais de 4.500 funcionários em seus dois sites: Unidade Rio Dourado, em Cachoeira Dourada (GO), Unidade Processadora de Grãos e Unidade São Francisco, em Quirinópolis (GO).
A SJC Bioenergia é produtora de açúcar VHP, etanol, eletricidade, proteína animal e óleo vegetal. A empresa processa anualmente 11,5 milhões de toneladas de cana-de-açúcar equivalente e emprega mais de 4.500 funcionários em seus dois sites: Unidade Rio Dourado, em Cachoeira Dourada (GO), Unidade Processadora de Grãos e Unidade São Francisco, em Quirinópolis (GO).
Em suas operações adota práticas inovadoras e sustentáveis, que garantem maior eficiência e reduzem os impactos ambientais, e a automação, que otimiza o processo produtivo e aumenta a precisão operacional.
A empresa tem se destacado por seus investimentos em projetos de recomposição de áreas degradadas, como o Projeto Margem Verde, que restaura ecossistemas e promove a recuperação ambiental.
Em suas operações adota práticas inovadoras e sustentáveis, que garantem maior eficiência e reduzem os impactos ambientais, e a automação, que otimiza o processo produtivo e aumenta a precisão operacional. A empresa tem se destacado por seus investimentos em projetos de recomposição de áreas degradadas, como o Projeto Margem Verde, que restaura ecossistemas e promove a recuperação ambiental.
A gestão eficiente de recursos também é um pilar central das operações. A SJC Bioenergia adota práticas de reaproveitamento de resíduos em seu processo produtivo e implementa sistemas de reutilização de água de forma a garantir uma maior produtividade sem comprometer as reservas hídricas.
A gestão eficiente de recursos também é um pilar central das operações. A SJC Bioenergia adota práticas de reaproveitamento de resíduos em seu processo produtivo e implementa sistemas de reutilização de água de forma a garantir uma maior produtividade sem comprometer as reservas hídricas.
A mobilidade de O combustível renovável para veículos leves
baixo carbono do Brasil
Sem dúvida a humanidade está enfrentando o seu maior desafio de existência e perenidade: as mudanças climáticas. Esse desafio é único na história, especialmente porque as múltiplas soluções que precisam ser executadas não terão efeito se realizadas de forma isolada por alguns países e/ou regiões. Todos precisam contribuir.
A verdade imposta pelos fatos é a de que a nossa sociedade está fundamentada no consumo de bens e na necessidade energética mantida por meio do uso de combustíveis fósseis, cujo resultado da utilização é a emissão excessiva de gás carbônico na atmosfera, o que provoca o tão propagado efeito estufa, causando o aumento da temperatura média em todo o planeta.
Com o aumento da temperatura média, muitos fenômenos climáticos têm-se intensificado em severidade e frequência, já afetando toda sociedade e com potencial de afetar negativamente o mundo todo.
De forma muito resumida, outra imposição dos fatos é que a saída para combater a origem dessas consequências é a descarbonização da economia global.
É nesse contexto climático global que todos os dias dezenas de notícias dão conta de que o Brasil tem um potencial muito grande de colaborar com a necessidade que o mundo enfrenta de descarbonização da economia.
Pois bem, o que tem sido feito e como podemos colaborar com esse potencial são questões muito comuns que as organizações empresariais e entidades de representação se têm desafiado a desenvolver.
Minha proposta aqui é abordar essas questões sobre o aspecto da mobilidade terrestre. Como o Brasil pode ter uma matriz de transportes eficiente do ponto de vista energético, ambiental e socioeconômico.
Assim, se a questão a ser respondida na origem do desafio global é a descarbonização, também na matriz de transportes as possíveis múltiplas soluções precisam entregar uma mobilidade de baixo carbono. Proponho que a consideração da mobilidade de baixo carbono deve levar em cinta a sustentabilidade ampla,
O grande destaque e inovação do programa MOVER é que se trata da primeira legislação no mundo que considera o ciclo de vida completo da mobilidade, o chamado “berço ao túmulo”. "
Henrique Mendes de Araujo Diretor de Relações Institucionais e Governamentais da Copersucar
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Evitar acidentes com colaboradores;
Ter mais eficiência na assepsia;
Aumentar o rendimento e a qualidade do produto final;
Reduzir os custos.
Elimina ou reduz o uso de ácido sulfúrico;
Consequente aumento no rendimento e redução de custos;
Redução na corrosão e desgaste de ativos;
Redução de acidentes de trabalho e ambiental; Menor acidez do vinho e da vinhaça, com economia de calcário;
Homologado para levedura e etanol orgânico.
O combustível renovável para veículos leves
que se constitui no atendimento de três eixos: social, econômico e ambiental.
Socialmente eficiente, garantido acesso à população de forma democrática e, portanto, abrangente às soluções que sejam desenvolvidas e incentivadas pelas políticas públicas. Economicamente viável, de forma a que possam ser desenvolvidos, mantidos e melhorados os veículos e insumos energéticos. Assim, as soluções de mobilidades devem seguir ou adotar as rotas tecnológicas capazes de cumprir com demandas sociais e econômicas.
E por fim, mas tão relevante quanto as demais, as soluções devem ser ambientalmente eficazes. Não adianta olhar apenas para uma parte da cadeia da mobilidade, isto é, o insumo energético (combustíveis) ou o uso de um veículo. É preciso olhar o ciclo completo para que as soluções sejam eficientes em relação à temática ambiental.
Há uma frase atribuída a alguns executivos de alto escalão da indústria automotiva que carrega uma mensagem muito precisa sobre esse aspecto: “O inimigo é o carbono e não a tecnologia A ou B.” Portanto, quando a abordagem da descarbonização se refere à mobilidade, é imperativo que consideremos o ciclo todo – produção, uso e destinação ou descarte no fim da vida de um veículo.
Aliás, vale aqui um rápido comentário: a metodologia ACL, Análise de Ciclo de Vida, é um consenso técnico-científico que, como veremos à frente, foi adotado na legislação brasileira que versa sobre mobilidade. Felizmente, o Brasil escolheu em sua legislação considerar a Análise do Ciclo de Vida na medição das emissões de gás carbônico na matriz de transportes, especialmente nos veículos leves e comerciais leves.
Ainda no primeiro semestre deste ano, uma Lei Federal estabeleceu o programa MOVER – Mobilidade Verde. Trata-se de um relevante avanço da política industrial automotiva que concede incentivos fiscais para produtos que sejam acessíveis e eficientes com relação a emissões de CO2.
O Brasil de certa forma sempre primou pela existência de políticas que incentivem o desenvolvimento da indústria, em especial a automotiva. Programas famosos como o plano de substituição de importações, ainda na década de 1950, que foi responsável pela implementação da indústria desse segmento no Brasil, passando pelos incentivos aos chamados “carros populares” na década de 1990, chegando aos mais recentes como o Inovar Auto que estimulou o
incremento do nível de nacionalização e atraiu a vinda de mais montadoras nos anos 2010, e, por fim, o antecessor do MOVER, o Programa Rota 2030, que concedeu incentivos por meio de benefícios fiscais como a redução de IPI para veículos eficientes sob o aspecto de consumo e que adotassem tecnologias que os tornassem mais seguros.
No entanto, o grande destaque e inovação do MOVER é que se trata da primeira legis lação no mundo que considera o ciclo de vida completo da mobilidade, o chamado “berço ao túmulo”.
A partir de 2027, o Brasil fará a apuração das emissões de gases de efeito estufa no ciclo poço-à-roda. E, a partir de 2032, será adotado o ciclo de vida completo, incluindo a produção, montagem e descarte do veículo. A partir des sas medições, serão estabelecidas metas que, se atingidas, resultarão em incentivos fiscais.
Eu não poderia abordar o tema da descar bonização da matriz de transportes sem con siderar uma outra recente legislação aprovada no Brasil. A Lei Federal que instituiu o Programa Combustível do Futuro. De forma muito resu mida, posso dizer que essa legislação, em consonância com o Mover, viabiliza que as ava lições dos combustíveis e dos veículos sejam precisas e realmente eficientes sob o aspecto, principalmente nesse caso, ambiental.
E é nesse ponto que entram os biocombus tíveis. O Brasil incentiva o desenvolvimento e uso de biocombustíveis muito antes das ques tões ambientais que são colocadas pelo desa fio do aquecimento global. Começamos com o etanol, dada a necessidade energética e os impactos que os aumentos e a dependência de importação do petróleo impuseram ainda na década de 1970.
Mas, à parte dessa história, que podemos abordar no futuro, o fato é que chegamos ao ano de 2024 com uma adequada disponibili dade de etanol que contribui com o meio am biente e cumpre com as dimensões sociais e econômicas.
Em conclusão, quando observamos os atuais avanços legislativos, há um claro compromisso do Brasil com o desenvolvimento de soluções de mobilidade mais limpas, respeitando as di mensões econômicas e sociais sem deixar de lado a segurança energética.
É dessa forma que o Brasil já contribui com o desafio global da descarbonização e terá ainda mais relevância nos próximos anos com a im plementação da Mobilidade de Baixo Carbono do Brasil. n
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De sonho a realidade: O combustível renovável para veículos leves o projeto de uma vida
O Combustível do Futuro tem tudo para se tornar o maior programa de descarbonização da matriz de transportes e mobilidade do planeta.
A sanção do Projeto de Lei do Combustível do Futuro, no dia 08 de outubro de 2024, foi o ápice de um grande sonho, que se consolidou nos últimos dois anos com a união do setor automotivo nacional. Pode-se dizer, como enfatiza o governo, que se trata do maior programa de descarbonização da matriz de transportes e mobilidade do planeta e que veio para substituir os combustíveis fósseis no transporte terrestre, marítimo e aéreo por combustíveis sustentáveis e limpos no Brasil.
O Brasil segue com uma das matrizes elétricas mais limpas do mundo, com 89,2% sendo produzida a partir de fontes renováveis. "
Miguel Rubens Tranin Presidente da Alcopar
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse que o programa irá destravar investimentos em diversas áreas e colocar o país na liderança global para uma transição energética no mercado de descarbonização do setor de transporte. Se isso efetivamente acontecer, o Combustível do Futuro pode ser determinante para o futuro do setor de transporte e de mobilidade no Brasil, e tudo isso apenas reconhecendo o valor estratégico dos biocombustíveis e implementando uma solução brasileira para a descarbonização.
Em um evento, há dois anos, comentei com o grande embaixador dos biocombustíveis, Plinio Nastari, presidente da Datagro, que eu parecia estar vendo um sonho se realizar com toda aquela mobilização. Há anos buscávamos um maior engajamento das indústrias em investimentos que pudessem não só evidenciar as qualidades desses combustíveis, mas, também, mostrar a capacidade tecnológica e a competitividade frente aos combustíveis fósseis.
Com a união do setor produtivo agroindustrial, somados ao automotivo, à academia, à Embrapa e aos trabalhadores, foi possível visualizar o “Movimento de Baixo Carbono Brasil”, um grande sonho voltado a todas as fontes de biocombustíveis do nosso país, que é reconhecido em todo o mundo pelas variadas opções sustentáveis de energia e de mobilidade. É esta capacidade que, nos últimos anos, com os avanços tecnológicos mais recentes, tem dado origem a novos produtos e processos, como o combustível sustentável para aviação (SAF, na sigla em inglês), o gás biometano, o biogás, os veículos flex e híbrido, a célula de combustível e toda combinação de mobilidade. Mas, além das iniciativas de fomento à descarbonização e mobilidade sustentável, a Lei do Combustível do Futuro veio promover a integração de diversas políticas públicas relacionadas ao setor de transportes, como a Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio), o Programa de Mobilidade Verde (Mover) e o Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos (Proconve).
Com a implementação do MBCB – Acordo de Mobilidade de Baixo Carbono para o Brasil, vimos entrar em ação a busca pela mobilidade verde ou, como se tem dito, a busca pela desfossilização, e isso em uma velocidade nunca vista. E agora, com a sanção do Combustível do Futuro, que consolidou o ciclo de vida do combustível, “do berço ao túmulo”, isso vem coroar a posição do Brasil e a sua importância na transição energética em todo o mundo, com soluções inovadoras para enfrentar os desafios da mudança climática.
Além de toda a preservação promovida, como o país do combustível limpo, que praticamente zera a emissão de gases poluentes em sua mobilidade terrestre com o etanol, o biodiesel e outras opções, estamos trabalhando para conquistar o mesmo na mobilidade aérea e, no futuro, nas indústrias.
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A história dos biocombustíveis no Brasil começou com o uso de etanol nos veículos, depois vieram os veículos flex , o híbrido e o biogás, a mistura gradativa na gasolina e no diesel e, por fim, a célula de combustível.
Também vemos o crescimento vigoroso do etanol de milho, que, além de combustível e energia elétrica, é fonte de alimento para aves, suínos e bovinos, agregando valor à produção do grão e que nos tornarão um grande exportador de proteína animal, gerando emprego, renda e tributos ao país.
Com os projetos aprovados, o caminho será de aumento da mistura de etanol à gasolina, iniciando para 30% e podendo chegar até 35%, isso após a realização de mais pesquisas e testes, pois uma mistura maior de etanol aumenta a octanagem da gasolina. Outra medida importante prevista na lei, entre as inúmeras propostas, é que as montadoras poderão regular o motor dos veículos flex para o etanol e não para a gasolina, como é feito atualmente.
Todas essas ações fortalecem a produção nacional de biocombustíveis, reduzindo as emissões de carbono no setor de transporte e mobilidade, ao mesmo tempo em que impulsionam a economia, gerando empregos e aumentando a segurança energética do país, também com o fornecimento de energia elétrica para as indústrias e cidades. Uma matriz energética limpa e competitiva. E isso deve ser motivo de orgulho para todo brasileiro, num contexto em que o Brasil segue com uma das matrizes elétricas mais limpas do mundo, com 89,2% sendo produzida a partir de fontes renováveis.
Os primeiros passos já foram dados, mas muito ainda há por vir. E, para que o sonho efetivamente se torne realidade, há muito ainda a ser feito pela pesquisa, pelo governo e pela iniciativa privada, investindo no Combustível do Futuro para que este se torne o nosso presente, contribuindo para a economia do país, para a saúde da população e para a preservação do meio ambiente.
Certamente, em um futuro próximo, os nossos veículos serão Carbono Positivo, ou seja, toda a cadeia produtiva dos biocombustíveis, ao final, será reconhecida pela captura do carbono. n
O combustível renovável na frota agrícola
Uso do biometano na
frota agrícola
O biometano é considerado um gás renovável resultante do enriquecimento ou beneficiamento do biogás (remoção de dióxido de carbono e outros componentes) resultando em aumento do seu poder calorífico. Esse produto pode ser utilizado como substituto do gás natural veicular (GNV), após compressão e posterior armazenamento, desde que atendidas as exigências de qualidade do órgão regulador.
Como alternativas para a aplicação desse biocombustível devidamente purificado e comprimido, podemos citar a própria injeção em redes de gás natural nas regiões onde essa prática é regulamentada ou dutos dedicados a clientes específicos, o transporte por meio de caminhões, prática que chamamos de gasodutos virtuais, e/ou ser usado em frota própria.
Na Adecoagro, como estratégia de uso do biometano, destacam-se as aplicações em frotas próprias nas operações agrícolas e rodoviárias.
Para a aplicação desse gás na frota agrícola, dispomos de alguns escopos, tais como o sistema adaptado para ciclo Otto – conforme a ilustração 1 –, o sistema adaptado para ciclo diesel – nesse caso, há mistura dos combustíveis (diesel e biometano) – e a substituição de ciclo do motor com a troca desse próprio componente, além dos veículos vindos de fábrica 100% movidos a gás.
O uso desse biocombustível passou a fazer parte da matriz energética da empresa em meados de 2022, com a transformação de um caminhão guindaste de 330 cv. Nesse veículo, efetuou-se a troca do motor, anteriormente ciclo diesel para ciclo Otto, em destaque na ilustração 2. Em seguida, 124 veículos leves movidos a etanol passaram pelo processo de instalação do kit, o qual possibilitou o uso de parte do biometano produzido.
Com a possibilidade de instalação do kit também para motores do ciclo diesel, implementou-se em três caminhões com potência de 440 cv e tração 6x4, transformando-os em veículos híbridos, conforme exposto na ilustração 3. Nesse caso, a taxa de substituição do óleo diesel por biometano alcançou 37% em ensaios monitorados.
Na busca de alternativas viáveis para o uso do biocombustível, a empresa adquiriu quatro conjuntos motobombas de 330 cv do ciclo Otto movidos a gás, em destaque na ilustração 4. Esses motores trabalham com skids de substituição em campo e apresentam performances satisfatórias. A aquisição de um trator de ciclo Otto, movido a gás, alavancou os ensaios de performance para essa classe de equipamento, além de forçar a criatividade da equipe quanto às possíveis aplicações e estrutura de abastecimento em campo, em destaque na ilustração 5.
;
A substituição do etanol pelo biometano nos 124 veículos leves possibilitou a comercialização adicional de 344.378 litros de etanol, e a aplicação do gás nos 11 veículos da frota pesada economizou no consumo de 269.584 litros de óleo diesel. "
Gustavo Naves dos Reis
Gerente Corporativo de Motomecanização da Adecoagro
1. Componentes para adaptação em veículo do ciclo Otto - onde: 1. Injetores (rails), 2. Válvula de abastecimento, 3. Chave comutadora, 4. Sensor MAP, 5. Filtro de baixa pressão, 6. Manômetro, 7. Redutor de Pressão e 8. Central Eletrônica
2.
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O combustível renovável na frota agrícola
Mais dois caminhões foram adquiridos em 2024, sendo um com potência de 280 cv e tração 6x4, para a operação de calda pronta (ilustração 6), e outro com potência de 410 cv e tração 6x4, usado para o transporte de adubo líquido ao campo e eventualmente no transporte de cana-de-açúcar (ilustração 7). Ambos apresentam motorização do ciclo Otto e trabalham 100% com biometano.
Outras possibilidades são vislumbradas pela empresa com foco no aumento do uso do biocombustível, dentre elas a transformação completa da frota dos caminhões de apoio sob a estratégia de renovação de frota, a implementação do kit para o uso no modelo híbrido em caminhões do ciclo diesel até que apareçam opções de motorizações mais potentes em caminhões movidos a gás para o transporte de cana-de-açúcar, a aplicação de caminhões rodoviários movidos a gás para transporte do açúcar produzido e a venda do biometano por meio de gasodutos virtuais.
Os ensaios com o caminhão Scânia modelo GH 460, tração 6x2 e movido a gás (abaixo) em operação de transporte do açúcar produzido foram realizados, chegando-se à autonomia de 570 km. A empresa estuda uma solução para aumento de autonomia de modo a atender à distância necessária de 760 km, ou seja, distância entre a unidade de Uvinhema e a cidade de Maringá.
Além disso, a empresa conduz um desenvolvimento em parceria focado na adaptação de motores do ciclo diesel para uma taxa de substituição de 100% do diesel. Esse trabalho está em curso, não havendo dados disponíveis.
Alguns resultados financeiros considerando a comercialização de etanol e substituição do diesel a partir do uso de biometano na frota estão descritos a seguir.
A substituição do etanol pelo biometano nos 124 veículos leves possibilitou a comercialização adicional de 344.378 litros de etanol, e a aplicação do mesmo gás nos 11 veículos da frota pesada economizou no consumo de 269.584 litros de óleo diesel.
Hoje, a empresa produz 6.000 m3 diários de biometano com ampliação planejada para 30.000 m3 diários após futura expansão programada. O abastecimento está anexado à planta industrial, porém um gasoduto interno foi construído para levar o gás ao posto de combustível, facilitando a logística de abastecimento. Abaixo destaque para a Planta de produção de biometano e extensão do módulo de abastecimento para o posto, em evidência.
Em parceria com a empresa Convergás, recentemente desenvolveu-se o primeiro kit gás para o caminhão Arocs 3351 com sistema Euro 6. Esse exemplar de 495 cv e tração 6x4 surge como uma opção para o transporte de cana picada e passará por ensaios monitorados de performance e consumo.
Constantemente, a Adecoagro busca alternativas como a reciclagem de nutrientes, produção de biocombustível e energia limpa com foco na sustentabilidade dos processos agrícolas e industriais. A inovação tecnológica está no DNA da companhia, e valores como a segurança das pessoas, transparência, confiança e eficiência se fazem presentes. n
Oportunidades e desafios
no mercado de biocombustíveis
Quando o Brasil lançou os carros flex-fuel , em 2003, a região Centro-Sul registrou uma safra canavieira de 298 milhões de toneladas. Com a retomada crescente do mercado de etanol hidratado e ótimas perspectivas de exportação do produto, houve enorme investimento no setor, com inaugurações de mais de uma centena de usinas. Com isso, em 2013 o País processou 597 milhões de toneladas de cana, um crescimento de 100% em 10 anos.
Entretanto, as boas notícias sobre investimentos na cana cessaram em 2014. Desde então, mantivemos praticamente a mesma área de cana, com moagem oscilando ao sabor do clima: acima dos 600 milhões de toneladas com tempo bom ou abaixo com clima adverso. Naquela década, diante do otimismo que o governo brasileiro propagou ao mundo, a resposta do setor foi alta e rápida.
As boas notícias sobre investimentos na cana cessaram em 2014. Desde então, mantivemos praticamente a mesma área, com moagem oscilando ao sabor do clima: acima dos 600 milhões de toneladas com tempo bom ou abaixo com clima adverso. "
Martinho Seiiti Ono CEO da SCA Brasil
Os produtores investiram e tornaram o Brasil candidato a ser o maior supridor de energia verde no mundo. Porém, não se observou a adesão de novos países à mistura do etanol na gasolina, e o excesso de oferta acabou sendo absorvido quase exclusivamente pelo mercado doméstico.
EVOLUÇÃO
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Opiniões
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Isso causou o fechamento de dezenas de usinas e a entrada de novos players , entre tradings, distribuidoras e fundos, em socorro aos tradicionais empreendedores do setor sucroenergético.
Neste contexto, é importante salientar os prejuízos causados por medidas adotadas no passado, como o congelamento dos preços da gasolina, a mudança de mistura de etanol anidro, o aumento da carga tributária no etanol, alterações de metas e prazo para cumprimento do RenovaBio. Causaram insegurança jurídica e falta de previsibilidade, afugentando novos investimentos.
Em contraponto à oscilação verificada desde 2014 na moagem de cana, a demanda do ciclo Otto cresceu 15%, ou oito bilhões de litros em volume.
Paralelamente, tivemos forte crescimento de investimentos na produção de etanol de milho, hoje com participação de 22% na fabricação total do biocombustível.
Para os próximos anos, devemos destacar, entre desafios e oportunidades para os biocombustíveis, a aprovação de vários programas que visam incentivar a participação das energias renováveis e a redução de emissões de CO2. Entre as principais medidas com esse objetivo estão o RenovaBio, o Programa de Mobilidade Verde e Inovação (Mover), o Programa de Aceleração da Transição Energética (Paten) e a recém-sancionada Lei do Combustível do Futuro. Todas são iniciativas voltadas à atração de novos investimentos na produção de combustíveis renováveis, em linha com a transição enérgica que impõe metas de redução de emissões de CO2. O RenovaBio, que estima a produção de 47 milhões de metros cúbicos (m³) de etanol até 2034 contra os atuais 30 milhões de m³ anuais, completou cinco anos promovendo a redução de emissões em relação à energia fóssil, gerando substancial receita com a comercialização dos CBios. Já o programa Mover vai estimular a produção e uso de carros híbridos no Brasil, e a
recente sanção do Combustível do Futuro consolida o uso dos biocombustíveis como mistura, com o etanol anidro podendo alcançar 35% e o biodiesel 25%.
Assim, o setor sucroenergético, que até o passado recente tinha como base de sustentação a produção e comercialização de açúcar, etanol e energia elétrica, agora está diante de novas oportunidades. Uma das principais é a produção dos combustíveis sustentáveis de aviação (SAF, na sigla em inglês), que chegam com demanda global de 60 bilhões de litros para reduzir em 10% as emissões de carbono no transporte aéreo até 2030. Para atingir a mesma redução no Brasil até 2037, o Combustível do Futuro estabelece demanda de etanol para SAF entre 3,45 e 4,1 bilhões de litros.
O etanol de segunda geração (2G), cuja produção não requer ampliação de área cultivada graças ao reaproveitamento do bagaço e da palha da cana, pode impulsionar a produção de etanol em 50%. E o biogás e o biometano surgem como novas oportunidades de acordo com as diretrizes do Combustível do Futuro: os dois produtos deverão ser adicionados ao gás natural, de origem fóssil. A mistura de 1% começará em 2026 e terá o teto máximo de 10%. Esses dois produtos renováveis têm enorme potencial de abastecer as empresas B2B que consomem energia fóssil, especialmente óleo diesel. Vale considerar ainda a oportunidade de gerar valor na produção de diesel verde, além do processo de estocagem de carbono na agroindústria canavieira.
É fundamental ressaltar a importância da conscientização da sociedade quanto à necessidade de proteger o planeta, que é a nossa casa, assumindo a responsabilidade pela redução das emissões. Para tanto, é preciso quebrar o paradigma entre a consciência e a necessidade. Ainda vivemos em um ambiente em que concordamos e nos preocupamos com a necessidade de baixar drasticamente as emissões, mas estamos resistentes e despreparados para pagar o preço justo pela redução.
Para exemplificar, a frota brasileira de ciclo Otto tem mais de 80% de carros flex equipados para o uso de etanol hidratado, mas apenas um quarto dela usa o biocombustível, sob o argumento de não apresentar vantagem econômica (paridade), maior autonomia e outras justificativas como potência ou corrosão de peças automotivas. No biodiesel, que tem um custo levemente superior ao do concorrente fóssil, encontramos o produto sem adição alguma ou com mistura abaixo dos 14%.
Olhando para o futuro, temos dois caminhos prioritários a seguir: melhorar a produtividade agrícola de nossos canaviais e extrair mais valor ou receita com novos produtos da cana. Num passado recente, a atividade agrícola apresentou avanços com a mecanização e a eliminação das queimas dos canaviais, mas ainda temos outros desafios a serem vencidos.
Enquanto as commodities agrícolas como soja, milho, algodão e as proteínas animais, que disputam a mesma área com a cana, cresceram mais de 100% em produtividade, nossos canaviais continuam com o mesmo índice TCH (tonelada de cana por hectare) de 40 anos atrás. Neste quesito, é preciso intensificar investimentos no desenvolvimento de novas variedades que apresentem maior e melhor rendimento agrícola.
A crescente participação do etanol de milho com menor custo de produção em relação ao etanol de cana é outro desafio. O etanol de milho vai continuar crescendo, com novas unidades produtoras pelo Brasil a caminho. Não é difícil imaginar o momento em que poderá superar a produção de etanol oriundo da cana.
Precisamos mitigar as adversidades climáticas, cada vez mais frequentes, com longos períodos de estiagem prejudicando a produtividade, impedindo renovação e plantio nos períodos adequados, além das chuvas em excesso, geadas imprevisíveis e os incêndios cada vez mais presentes. E, como oportunidade de negócios, a necessidade de reduzir emissões de CO2 e a transição energética apresentam enorme potencial.
É preciso que o governo regularize todos os grandes programas para dar maior previsibilidade e segurança jurídica ao produtor.
Deste modo, o Brasil dará início a uma escalada de investimentos para capturar os benefícios e reforçar a imagem do país como o maior produtor e fornecedor global de energia renovável e sustentável. n
O Brasil estáparapreparadoenfrentar desafios logísticos?
O maestro caminha lentamente até o pódio ao som de pequenos aplausos. Após um breve momento de completo silêncio, ergue seus braços e então passa a reger a abertura imponente e emocionante de uma bela ópera. Houve um tempo em que tais espetáculos representavam o auge do entretenimento. As obras prendiam a atenção dos espectadores durante duas, três ou até mais horas. Os tempos mudaram e novos “atores” entraram em cena; novas tecnologias como cinema, televisão, internet, streaming e redes sociais redefiniram os parâmetros de entretenimento ao longo dos anos. Na logística, a situação não é diferente, cada inovação tecnológica tem marcado um novo ato no espetáculo da vida real.
No palco logístico, vemos o desenrolar de uma trama envolvente: o Brasil está preparado para enfrentar os desafios logísticos para abastecer o mercado mundial de açúcar? Os portos estão preparados para acomodar o crescimento das safras de grãos e açúcar?
Existe um fato importante que serve de ponto de partida para a nossa aventura: a produção de produtos agrícolas cresce de forma mais rápida que o avanço da infraestrutura logística. Diante desse desequilíbrio, oferta e demanda por vezes parecem ensaiar um ballet digno de ser apresentado no Bolshoi. Durante períodos de crise logística, é necessário respirar fundo e tentar enxergar o copo meio cheio, isto é, identificar as oportunidades que redefinirão o sincronismo da dança entre oferta e demanda de logística.
Assim como a história de grãos ensinou que o “rio encontra uma forma de chegar até o mar”, surgiram novas soluções logísticas alternativas para suprir a demanda de embarque de açúcar "
Calebe Lorden Vital da Silva
Gerente Comercial da CLI Sul –Corredor Logística e Infraestrutura
A história recente de grãos tem algo a nos ensinar neste respeito. A produção brasileira de soja e milho cresceu de forma acelerada em décadas recentes, e, assim como um rio que em algum momento vai desaguar no mar, o produto encontrou formas de ser exportado até quando as opções de escoamento não eram tão claras. Períodos de restrições logísticas incentivaram a criação de rotas e soluções alternativas, como, por exemplo, o já consolidado Arco Norte brasileiro – importante corredor de exportação de grãos instituído em 2008 como um plano estratégico que integrou portos e terminais de transbordo nos estados do Amapá, Amazonas, Rondônia, Pará e Maranhão.
No caso do açúcar, não é só a cana que se tem mostrado resiliente. O açúcar produzido no Centro-Sul possui vocação natural para escoamento via porto de Santos ou, a depender da região, pelo porto de Paranaguá. A produção de açúcar na safra 23/24 superou as expectativas iniciais esperadas pelo mercado, e este produto foi disponibilizado para exportação.
No entanto, o açúcar se deparou com um cenário desafiador: grãos competindo agressivamente pela capacidade portuária no porto de Santos e terminais açucareiros com as capacidades já tomadas. Assim como a história de grãos ensinou que o “rio encontra uma forma de chegar até o mar”, surgiram novas soluções logísticas alternativas para suprir a demanda de embarque de açúcar como, por exemplo, o porto de Antonina no Paraná e o porto de São Sebastião no estado de São Paulo.
A CLI Sul (Corredor Logística e Infraestrutura), terminal portuário localizado em Santos, detém 40% do total de exportação acumulada de açúcar no porto de Santos dos últimos 12 meses e é o maior terminal exportador deste produto da América Latina. Como parte relevante da cadeia de abastecimento global de açúcar, buscou inovar mesmo diante do cenário desafiador de estresse logístico. Foi uma busca intensa para aumentar a produtividade e eficiência operacional dos ativos sob sua gestão e garantir o fluxo saudável do abastecimento global da commodity.
Reger uma orquestra não é uma tarefa fácil, mas quanto maior seu tamanho e complexidade mais imponente e marcante será a música por ela executada. A CLI assumiu a batuta dessa grande orquestra, isto é, as operações do terminal de Santos em novembro de 2022 e, já em abril de 2023, iniciou um novo e disruptivo modelo operacional para o açúcar, conhecido como “Modelo de Pool”. Inspirado no modelo operacional existente em grãos, a elaboração e adaptação do conjunto de regras para a realidade do mercado de açúcar exigiu tempo e esforço.
Lembro-me de diversas vezes reunirmos a equipe em uma sala com um desejo, um propósito, um quadro branco na parede e uma caneta na mão. Discutimos incansavelmente os possíveis cenários, e, após muito trabalho, foi concluído em tempo o Regramento de Operações em Pool de Açúcar da CLI. Visto com certa apreensão pelo mercado nos meses que antecederam seu início, o modelo em pool se consolidou e provou que criatividade e inovação também podem ser aplicadas aos modelos de gestão existentes. Foi necessário pensar diferente para trazer resultados diferentes.
O modelo consiste em tornar a operação dos membros participantes em um sistema fluído de entregas, empréstimos e devoluções de carga no porto mantendo a boa
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ordem do line up , modelo este que torna o sistema mais dinâmico, requer menor capacidade de armazenamento e mantém fluxos operacionais estáveis com baixa exposição à interrupção do fluxo logístico. O modelo pioneiro criado pela CLI foi um divisor de águas no mercado de açúcar por destravar capacidade e já está sendo replicado em outros corredores logísticos.
Há projetos também em andamento que ampliarão a infraestrutura portuária em Santos. Entre os projetos em desenvolvimento que trarão retorno no curto prazo (1-3 anos) destacam-se a CLI e o STS11. O projeto de modernização da CLI consiste num programa robusto de investimentos no complexo portuário de Santos, incluindo a construção de um novo parque de moegas, novo armazém, novo shiploader, entre outros investimentos, que deverão ampliar a capacidade de recebimento e elevação do terminal dos atuais 16 milhões para 19 milhões de toneladas por ano.
Em resumo, o plano de fundo neste palco da logística é claro, há expectativa de crescimento na produção e na exportação de açúcar e grãos, bem como há investimento em infraestrutura portuária no curto/médio prazo para atender a estas demandas. No curto prazo, provavelmente com o avanço das obras e liberação das novas capacidades, a exportação de açúcar volte ao seu caminho natural e reduza a participação em portos alternativos, trazendo maior eficiência para o sistema. Em contrapartida, enxergo que o forte crescimento esperado de grãos ocupará progressivamente as novas capacidades ao longo do tempo e pressionará de certa forma o mercado de açúcar. Para garantir seu acesso à logística vocacional, as tradings e usinas de açúcar precisarão se planejar no modelo alongado, em contratos de longo prazo.
A CLI está preparada para continuar na dianteira do fornecimento mundial de produtos agrícolas, como principal terminal exportador de açúcar do Brasil e maior terminal bandeira branca de exportação de grãos do porto de Santos. Os avanços feitos no modelo de gestão operacional, no aumento da produtividade e eficiência bem como nos projetos que estão em andamento reforçam esse comprometimento para com o mercado e mostram que o Brasil continuará como protagonista desse espetáculo, garantindo o abastecimento global de alimentos. n
Gestão tecnológica
Fabricação de açúcar: elevados rendimentos com tecnologias adequadas, modernas e sustentáveis
A fabricação de açúcar enfrenta constantemente o desafio de aumentar a capacidade de produção, o rendimento, reduzir custos operacionais e, ao mesmo tempo, ser cada vez mais sustentável.
Neste artigo, a ideia é transformar em texto uma apresentação que fizemos recentemente no último Congresso Nacional de Bioenergia - UDOP, observando aspectos conceituais, de operação e de projeto.
Na nossa visão, uma planta adequada e moderna deve ser eficiente. Deve ter um elevado SJM (rendimento de fábrica); produzir açúcar de qualidade; com poucas pessoas na operação; layout e automação com baixo consumo de energia térmica e elétrica; com baixo consumo de água; permitir flexibilidade operacional e ter fácil manutenção.
O Rendimento de Fábrica é um indicador muito relevante e nem sempre recebe a devida atenção. Um elevado rendimento significa maior produção de açúcar. "
Fernando Cullen Sampaio Gerente de Tecnologia e Processos Industriais da São Martinho
O Rendimento de Fábrica é um indicador muito relevante e nem sempre recebe a devida atenção. Um elevado rendimento significa maior produção de açúcar. Se a planta permitir operar com 100% do caldo para o circuito açúcar, teremos maior rendimento, ou seja, mais açúcar e menos mel. Caso a planta não permita operar com 100% do caldo para açúcar, devido a limitações no tratamento do caldo ou evaporação, por exemplo, um rendimento alto permite fazer mais açúcar com o mesmo volume de caldo/xarope, reduzindo o custo específico do açúcar, considerando os custos com insumos e consumo de vapor no processo.
Outro aspecto relevante a considerar: o etanol produzido através do melaço tem perdas mais elevadas, ART sofre todas as perdas do circuito açúcar e posteriormente as perdas na fermentação e destilação. Um bom rendimento de fábrica permite uma eficiência industrial mais elevada. Isto não é pouca coisa nos volumes que nossas Usinas operam.
Planta eficiente, com elevados rendimentos, também exige a disponibilidade de cozedores bem projetados, com elevada relação área/volume, agitação mecânica, desenho de fundo que permita boa circulação da massa, com bom nível de automação, garantia da disponibilidade das utilidades necessárias, vapor (P e T constantes), água de qualidade, EE e ar comprimido, além de um sistema de geração de vácuo bem projetado e bem operado. Este cenário vai garantir temperaturas sob controle nos processos de cozimento.
No aspecto operacional, lembrando que a força motriz da cristalização é a pureza das soluções, além da qualidade da cana, é fundamental preservar a pureza da matéria-prima no decorrer do processo. É muito importante realizar os controles de pH na clarificação e filtração, evitar tempos de residência elevados, temperaturas adequadas nas diversas etapas, evitar recirculações excessivas, bem como eliminar pontos mortos no decorrer de todo processo que antecede a fábrica propriamente dita.
Na operação da fábrica, o planejamento e a padronização fazem grande diferença. Plano de produção e balanços ajudam muito na definição da condução do processo. Deve-se considerar o volume de semente adequada, número de cortes necessários, parametrização de todos os fluxos. Para massas, méis, magma, o brix, pol e pureza e, obviamente, a condução esmerada das operações, bem como cozimentos, centrifugações, diluições de méis e magma, vaporização dos cozedores, fervura dos cozedores, cortes, sequenciamento das operações (quando batelada), bombeamentos. A automação é fundamental, além de muito capricho e disciplina por parte da operação e liderança.
Estamos projetando na São Martinho uma planta de açúcar para nossa unidade de Goiás, ainda sem aprovação e previsão de implantação. Estamos estudando o projeto e algumas discussões têm sido muito interessantes. Na questão da recuperação da fábrica, surgem
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debates como: projetar fábrica com duas ou três massas? Olhando a recuperação: 3 massas – pureza do mel final < 50% com SJM > 84%, já com 2 massas – pureza do mel final entre 55 a 60% com SJM variando de 76 a 81%; para uma planta de 5MMtc, com todo caldo para o circuito açúcar (álcool residual). A opção de 3 massas possibilitaria produção de açúcar aproximadamente 7% superior à de 2 massas – por volta de 35kt açúcar adicionais, significativo, porém com capex mais elevado; maior consumo de vapor; EE e água (processo e geração de vácuo); maior custo de manutenção e, um ponto relevante, que é a qualidade do mel final e seus efeitos na fermentação, bem como, a maior geração de ácidos (devido à maior exposição a temperaturas elevadas e alto tempo de retenção). Por todo o cenário, estamos optando por seguir o nosso projeto com a opção de 2 massas.
Outra discussão importante é a possibilidade de recuperação de açúcar por resfriamento de massa, lembrando que podemos manter a supersaturação da massa por evaporação – cozimentos, empregado nas nossas unidades – ou por resfriamento – cristalização, essa ainda pouco usual no Brasil. Portanto, a cristalização pode complementar a produção de cristais de açúcar ou até substituir uma terceira massa.
Alguns parâmetros para cristalizadores verticais, com resfriamento (serpentina interna) e aquecimento no final (para alimentação das centrífugas). A cada 4-5ºC de redução de temperatura possibilita 1 ponto de redução na pureza do mel; tempo de resfriamento – 1,5 a 2,0ºC/h; temperatura final – pode-se chegar até 40ºC na condição de massas B ou C. Normalmente cristalizadores verticais são dimensionados para 16h de tempo de residência, com ganhos de aproximadamente 5 a 6 pontos na pureza do mel. Cristalizador para a massa B pode até substituir a terceira massa, com a vantagem de apresentar menor consumo de vapor, opera com temperaturas mais baixas, e, portanto, menos inversões/ degradações e menor formação de ácidos orgânicos (das reações de inversão/degradação), preservando a qualidade do mel.
Os cuidados com os controles são fundamentais nesta operação, controle do resfriamento mantendo a supersaturação elevada (próximo 1.2) e no aquecimento final, ;
Gestão tecnológica
garantindo supersaturação > 1, para não derreter os cristais formados. Esta é uma opção interessante a ser avaliada para plantas novas ou mesmo as existentes.
Pensando em granulometria, sequenciamento das operações na fábrica, balanço térmico, menor consumo de vapor, vácuo, batelada ou contínuo, qual seria a melhor opção? Outra discussão acalorada.
O sistema contínuo traz uma série de vantagens e alguns pontos preocupantes, por exemplo: permite vazões estáveis de processo e utilidades, opera com brix alto de xarope e/ou mel, produz menores quantidades de água de limpeza (água doce), evita aquecimento/ resfriamento frequentes do equipamento, permite maior utilização de sangrias – até VG3 (efeito menor da pressão hidrostática, baixa e constante coluna de massa). Mas, em compensação, exige automação obrigatória e mais sofisticada, homogeneidade da massa – regularidade dos cristais? Operação de limpeza bem menos frequente, mas mais complexa e capex mais elevado.
Já no sistema batelada, a automação é recomendada, mas não obrigatória, permite maior flexibilidade operacional, com manobras, limpezas, bem como maior flexibilidade para aumentos de capacidade e custo de implantação mais baixo. O sistema contínuo, sem dúvida, é muito interessante e muito bem consolidado para aplicações em massas B e C, já com a existência de algumas iniciativas bem-sucedidas para massa A. Na São Martinho estamos optando por projetar contínuo na massa B, com utilização de VG3 e batelada na massa A, com agitação mecânica e utilização de VG2.
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Um bom sistema de geração de vácuo também é fundamental para a boa performance da evaporação e dos cozedores. Já temos em uma das nossas unidades um condensador evaporativo instalado, na massa B, com vácuo contínuo, na nossa visão um equipamento muito inteligente e eficiente, mas tínhamos algumas dúvidas quanto à operação desse equipamento em um cozedor batelada, em função das paradas e retomadas, principalmente.
Fizemos algumas visitas, estudamos e verificamos que, com alguns critérios no dimensionamento da bomba de vácuo (parte do sistema), o condensador evaporativo nos dá a segurança necessária na operação.
Comparando com sistemas convencionais como multijato, condensador com bomba de vácuo ou hidroejetor, com aspersor ou torre para resfriamento da água, o sistema evaporativo traz muitas vantagens, como operação mais simples, menos manutenção, menor consumo de EE, redução de insumos no tratamento da água e layout, opção muito favorável, principalmente para uma planta nova, comparando todo o sistema.
O condensador evaporativo elimina a necessidade da torre ou spray, todo circuito de água e bombas enormes, estamos optando por instalar essa tecnologia em todas as operações, evaporação e cozimentos, da granagem à massa A.
Para finalizar, em projetos de melhoria ou na concepção de uma nova planta, as tecnologias hoje disponíveis têm de ser consideradas. Citamos algumas que estamos estudando em nosso projeto:
• Automação e operação remota dos equipamentos;
• Automação do sequenciamento das operações da fábrica de açúcar – “diagrama de ocupação” dos cozedores;
• Autonomia no tempo de lavagem das centrífugas, com leitura da cor do açúcar online;
• Monitoramento online da granulometria dos cristais nas massas;
• Controle da temperatura do açúcar seco, resfriamento final através de trocador de calor a placas e água gelada como fonte fria.
Longe de esgotar o assunto, em uma outra oportunidade voltaremos a abordar outros aspectos relacionados a este tema, vasto e apaixonante no processo de fabricação de açúcar. n
Condensador Evaporativo-Citrotec-e Vácuo Contínuo de massa B, Bosch, Usina Sta Cruz
Construtora Fetz
O Grupo Fetz iniciou suas atividades na constru-
Ganhou espaço no mercado através das grandes obras industriais e se tornou sinônimo de qualidade,bém no estado de Goiás.
Em 1999, a necessidade de utilizar técnicas que que começassem a trabalhar com concreto usinado e pré-moldados e assim melhoraram processos internos e também passaram a abastecer o mercado da construção civil em regiões de Santa Catarina e Goiás.
Contam com um extenso portfólio com mais de 500 projetos realizados com sucesso, atuando comdenciais e agroindustriais de grande porte e alto padrão.
Buscam constante aperfeiçoamento de equipamentos e maquinários, bem como treinamentos pa-
Acreditamos no crescimento conjunto. Onde de mãos dadas vamos juntos em busca de um mesmo objetivo.
O Grupo Fetz surgiu da vontade de fazer a diferença no mundo. Realizar sonhos e construir novas
A empresa que começou com cerca de três funcionários, hoje tem mais de 1000 colaboradores diretos e indiretos, que fazem parte de tudo que alcançamos, pois dedicam sua vida a realizar seu trabalho com dedicação e carinho.
Inovações
O setor sucroenergético brasileiro desempenha um papel crucial na matriz energética e econômica do país, destacando-se por sua capacidade de produção de açúcar, etanol e energia elétrica renovável. No entanto, a busca pela inovação e a implementação de novas tecnologias ou melhorias significativas nas existentes são a rota do avanço por maior eficiência, competitividade e sustentabilidade. Esta jornada apresenta desafios complexos. Sua implementação no setor bioenergético ainda enfrenta barreiras consideráveis, especialmente quando se considera a adoção das tecnologias da Indústria 4.0, que abrangem a digitalização, automação avançada, IoT (Internet of Things), big data e inteligência artificial, que irão oferecer promessas de melhorias significativas na eficiência e no controle de processo e na qualidade dos produtos acabados.
A sazonalidade da produção, a variabilidade na qualidade da matéria-prima e os altos custos de implementação são alguns dos obstáculos que limitam a adoção dessas inovações. Além disso, existe uma resistência cultural e operacional em adaptar as práticas tradicionais às novas tecnologias. Essas barreiras resultam em uma série de questionamentos sobre a viabilidade e a eficácia da Indústria 4.0 no setor bioenergético. A inovação e suas tecnologias exigem também um novo perfil de habilidades e competências.
O relevante papel da liderança nesse processo é fundamental para que a transformação digital seja bem-sucedida. Sem o apoio da alta gestão, é improvável que as mudanças tecnológicas sejam bem implementadas. "
Cristiano Silva Azeredo Diretor Industrial Região Norte da Atvos
na área industrial
No setor bioalcooleiro, a formação técnica dos trabalhadores historicamente foca em habilidades operacionais específicas, o que pode limitar a capacidade de adaptação. Esse desafio pode ser superado por meio de programas de capacitação e qualificação que forneçam aos trabalhadores o conhecimento necessário para operar e manter as novas tecnologias.
O relevante papel da liderança nesse processo é fundamental para que a transformação digital seja bem-sucedida. Sem o apoio da alta gestão, é improvável que as mudanças tecnológicas sejam bem implementadas. Nosso setor, como outros setores tradicionais, apesar de toda a evolução na gestão mais profissionalizada nos últimos anos, em muitos casos, adotam uma gestão mais conservadora, o que pode representar um obstáculo para a inovação.
Opiniões
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No entanto, líderes que apoiam a transformação digital podem facilitar o processo de adaptação, promovendo uma visão estratégica alinhada com as tendências da Indústria 4.0.
A questão central que surge, então, é que, diante dos desafios mencionados, por que investir em Inovação? A imediata resposta está no seguinte conceito: as empresas que sobrevivem ou crescem são as que introduzem novidades tecnológicas e organizacionais ao longo do tempo.
Na indústria bioenergética, um caminho a ser percorrido está na automação de processos com a análise em tempo real de grandes volumes de dados, permitindo um monitoramento mais preciso e preditivo, entendendo que, para superar barreiras como o custo inicial elevado, é necessária a integração eficiente das novas tecnologias com os sistemas atuais existentes, implementando uma infraestrutura de suporte que inclua investimento adequado, capacitação técnica da equipe e estratégias de adaptação cultural, que irão maximizar a eficiência, reduzindo os desperdícios e custos, aprimorando o controle de
qualidade para melhorar padrões e garantindo a sustentabilidade do negócio.
Dentro desse contexto, iniciamos em 2017 na Atvos essa jornada de avanço tecnológico e tínhamos como estratégia de planejamento desdobrar um Plano Diretor Industrial de Automação, pautado naquela oportunidade com as plataformas disponíveis no mercado que traziam essa disruptura na operação voltada à nossa visão. Com isso, criamos quatro pilares dos conceitos da Indústria 4.0, sendo: planejamento avançado, controle avançado de processo, manutenção preditiva avançada e o laboratório online.
Escolhemos uma planta piloto para o início desses projetos, a Unidade Conquista do Pontal (UCP), que fica em Mirante do Paranapanema-SP, na região de Presidente Prudente. Dentre alguns fatores, tínhamos a questão geográfica, única planta green field, completa em seus processos de açúcar e etanol e devido à estabilidade operacional que a mesma já apresentava por ter integrantes experientes e engajados que já demostravam o interesse de crescimento profissional, o que ajudou muito em toda evolução desse processo. ;
Gestão tecnológica
EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA
Implementamos inicialmente o planejamento avançado, introduzindo o gêmeo digital (digital twin), modelo virtual que representa com precisão todos os processos da indústria, além de ser dotado de algoritmos que, a partir do input dos usuários, gera as melhores condições operacionais para serem cumpridas. Dessa forma, garantem-se as metas de desempenho da produção diária, pois testar cenários e determinar as melhores condições, do melhor setup, maximizam o desempenho e a rentabilidade da planta, trazem mapeamento de gargalos e nos dão a visão integrada de todo o processo produtivo. A partir do gêmeo digital, dentro da plataforma (Planejamento e Gestão de Desempenho Industrial), as referências online são comparadas com os dados reais da planta, os desvios são tratados como ocorrências, e planos de ação são gerenciados dentro da plataforma.
INOVAÇÃO: TRANSFORMAR DADOS EM INFORMAÇÕES E MELHORAR A ASSERTIVIDADE DAS DECISÕES
EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA
EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA
INOVAÇÃO = transformar dados em informações e melhorar a assertividade das decisões.
PILARES DA INDÚSTRIA 4.0
PILARES DA INDÚSTRIA 4.0
Atualmente chegamos ao sistema de planejamento de safra que funciona integrado ao gêmeo digital, possibilitando eficiência e precisão no planejamento da safra em uma plataforma robusta e detalhada para o planejamento e controle da produção.
Para otimização do nosso processo, usamos o Controle avançado do Processo, que está pautado em um otimizador de set points utilizando a linguagem fuzzy, que introduz na automação a disruptura da linguagem clássica booleana, para a linguagem difusa, em que esse controle de múltiplas variáveis com um algoritmo torna a automatização do controle mais rápida e confiável, além de reduzir a variabilidade do processo, passando a ter uma operação assistida. Com isso, conseguimos aumentar a eficiência da operação, baseada na otimização dos principais KPI´s escolhidos de cada setor de produção, desde a extração, passando pela geração de vapor e energia e chegando às operações unitárias de produção de açúcar e etanol.
Outro estudo implementado em nossa estratégia está em nossos laboratórios industriais, onde fomos buscar o uso de métodos analíticos avançados para dar maior integração com as plataformas de planejamento e controle avançado de processo.
PLANEJAMENTO AVANÇADO
PLANO DIRETOR DE INOVAÇÃO PRODUÇÃO
PLANO DIRETOR DE INOVAÇÃO
CONTROLE AVANÇADO
BASEADO NA LÓGICA FUZZY
Atualmente, temos em nossos laboratórios de PCTS, industrial e em alguns pontos de nosso processo industrial como a entrada de cana desfibrada e o bagaço que sai de nosso processo de extração, gerando em tempo real a extração online e já estamos implementando na entrada e saída da fermentação, onde queremos controlar em tempo real os dois principais processos, extração e fermentação. Garantem-se assim respostas decisórias mais rapidamente e com a maior precisão, para obter a máxima eficiência industrial através desses recursos inovadores de gestão industrial.
PLANEJAMENTO AVANÇADO
ÁREAS APLICADAS: cogeração de energia, destilaria, tratamento de caldo/evaporação e cozimento.
Não menos importante, outro pilar dessa jornada trata-se da Manutenção Preditiva avançada. Nela buscamos quebrar os modelos tradicionais de manutenção preditiva e preventiva, introduzindo o novo modelo e fazendo uso de sensoriamento, com recursos 4G e 5G, em que os dados são transportados para uma nuvem e analisados através de big data. Isso traz, de forma rápida e robusta, informações antecipadas de falha desses equipamentos, tornando a tomada de decisão mais assertiva, garantindo aumento da disponibilidade industrial, reduzindo custos de manutenção e aumentando a confiabilidade da manutenção industrial.
ÁREAS APLICADAS: cogeração de energia, destilaria, tratamento de caldo/evaporação e cozimento
destilaria, tratamento de caldo/evaporação e cozimento.
Estamos atualmente usando o NIRS – Near Infrared Spectroscopy (Espectroscopia no Infravermelho Próximo), método analítico baseado nas interações de radiação eletromagnética com a matéria, que a partir do espectro obtido é possível ter informações importantes sobre a estrutura molecular e o modo de interação entre as moléculas. Apesar de ser uma técnica de análise bastante avançada, tem sua eficácia dependente dos métodos analíticos tradicionais, já que é necessária a construção de uma curva de calibração com alto grau de confiabilidade, no entanto, permite a análise de múltiplos componentes de forma não invasiva e em menor tempo.
Telas de monitoramento – Centro de Operações
A inovação na Atvos avança para o processo de evolução e transformação digital de suas operações como um todo. Acreditamos que esse processo de inovação representa tanto uma oportunidade quanto um desafio. A adaptação bem-sucedida depende da capacidade de integrar tecnologias novas com sistemas, superar a resistência cultural, desenvolver novas habilidades entre os trabalhadores e garantir o engajamento da liderança. Esse processo é complexo e exige uma abordagem estratégica para assegurar os benefícios da Indústria 4.0, pois apresenta melhorias em termos de eficiência operacional, redução de custos, controle de qualidade e aumento da confiabilidade industrial, contribuindo para o fortalecimento da competitividade da Atvos dentro do setor bioenergético, bem como no cenário global. n
Biotecnologia, NIR e Gestão
inteligência operacional como motores de eficiência
O Brasil está na vanguarda da transição energética com o programa “Combustível do Futuro”, uma iniciativa que visa enfrentar os desafios da mudança climática e acelerar o desenvolvimento de biocombustíveis. O país, com sua vasta experiência na produção de etanol a partir da cana-de-açúcar, agora se posiciona estrategicamente para liderar o movimento global em direção a um futuro mais sustentável. O uso de biocombustíveis não só reduz as emissões de carbono no transporte, mas também impulsiona a economia, gera empregos e fortalece a segurança energética. Esse momento marca um divisor de águas, ao posicionar o Brasil como um dos principais atores no cenário internacional de combustíveis limpos e renováveis.
A expansão dos biocombustíveis e a diversificação industrial
O fortalecimento do setor de biocombustíveis exige a criação de um ambiente favorável para expandir a participação desses produtos no mercado energético brasileiro. Novos produtos como biogás, biometano, etanol de segunda geração, combustíveis sustentáveis para aviação e navegação abrem horizontes para ganhos de escala e eficiência. Para isso, é fundamental que haja um aumento nos investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D).
Mesmo dentro das tecnologias de primeira geração, ainda existem inúmeras oportunidades de inovação. Embora a diversificação de matérias-primas, como o milho, e a produção de co-produtos de alto valor agregado, como
Embora as tecnologias NIR e IA estejam transformando o setor, o verdadeiro diferencial ainda reside nas pessoas. A tecnologia, por mais avançada que seja, precisa ser operada por equipes capacitadas e comprometidas. "
Fernando Henrique Carvalho Giometti
Sócio
e
especialista de aplicação na Fermentec
bioinsumos e leveduras, sejam fundamentais, as tecnologias de primeira geração estão passando por uma revolução impulsionada pela biotecnologia e pela digitalização.
Biotecnologia: a chave para inovações na seleção de leveduras
A biotecnologia está no centro das inovações que prometem transformar a indústria bioenergética. A aplicação de técnicas avançadas de seleção de leveduras é um exemplo claro disso. Leveduras geneticamente modificadas para suportar melhor os estresses do processo de produção de etanol são desenvolvidas utilizando mutagênese induzida, fusão de esferoplastos, cruzamentos entre cepas e engenharia genética. Essas inovações têm resultado em fermentações mais estáveis e maiores rendimentos, mesmo em condições adversas.
Novas leveduras, capazes de produzir compostos como ácido succínico, têm demonstrado potencial para reduzir contaminações bacterianas. Além disso, o uso da engenharia genética para desativar genes responsáveis por inibidores vegetais aumenta significativamente a competitividade das leveduras em relação aos contaminantes. A capacidade de dominar e manter leveduras até o final da safra é um grande passo rumo à excelência operacional.
Digitalização: o motor da eficiência operacional
A digitalização na indústria não é apenas uma tendência, mas uma necessidade. Dados são gerados em grande volume e velocidade, e o desafio está em como coletar, processar e utilizá-los de maneira eficiente. Sensores avançados e sistemas inteligentes são essenciais para o controle e otimização de processos, fornecendo uma base sólida para a tomada de decisões rápidas e assertivas. A digitalização tem o potencial de reduzir perdas e garantir a qualidade dos produtos, elevando o padrão de eficiência das usinas.
Uma das ferramentas mais promissoras dentro desse cenário é a tecnologia de espectroscopia no infravermelho próximo (NIR), que permite medições não invasivas em tempo real. Essa tecnologia traz uma nova perspectiva para o controle de qualidade e otimização dos processos industriais.
NIR: transformando as operações industriais
A implementação da tecnologia NIR nas usinas de açúcar e etanol é um marco para a indústria. O NIR permite análises em tempo real da composição química de amostras, tornando os processos mais ágeis e precisos. No entanto, para garantir que o sistema NIR funcione com máxima eficácia, é essencial seguir três pilares: calibração, validação e monitoramento contínuo.
A calibração é o primeiro passo crucial, pois envolve a criação de modelos precisos baseados em um conjunto de amostras representativas, analisadas por métodos de referência confiáveis. Uma vez calibrado, o sistema precisa ser validado para assegurar que os modelos sejam robustos e suas previsões sejam precisas, utilizando parâmetros como erro médio quadrático (RMSE) e coeficiente de correlação (R²). O monitoramento contínuo é necessário para ajustar os modelos a variações que possam ocorrer com o tempo, garantindo que as predições permaneçam confiáveis.
Aplicações do NIR na usina: do campo ao produto final
Uma aplicação prática do NIR que tem revolucionado a produção é o monitoramento da esteira de cana. Tradicionalmente, o aumento da moagem nas usinas reduzia a frequência das amostragens, gerando lacunas no controle de qualidade. Com a instalação do NIR na moenda, é possível analisar 100% das cargas de cana de forma automática e não invasiva. Além disso, a integração com sensores via satélite permite rastrear a origem da cana e enviar os
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dados em tempo real para o laboratório. Isso assegura uma maior representatividade das amostras e um controle preciso da qualidade do ATR, tornando o NIR uma ferramenta valiosa para análises online.
Na produção de açúcar, o NIR também desempenha um papel crucial. Implementado tanto no laboratório quanto na linha de produção, o sistema monitora continuamente parâmetros como a cor do açúcar, garantindo que os desvios sejam detectados e corrigidos de imediato. Essa automação traz maior eficiência ao processo, eliminando a dependência exclusiva de análises laboratoriais e permitindo ajustes em tempo real, o que reflete diretamente na qualidade do produto final.
NIR e IA no monitoramento de fermentações
No contexto das fermentações alcoólicas, o NIR tem demonstrado ser uma ferramenta poderosa, principalmente em conjunto com a inteligência artificial (IA). O projeto financiado pela FINEP e liderado pela Fermentec explora a aplicação do NIR no monitoramento em tempo real das fermentações, com foco na redução de vinhaça e aumento da produtividade.
Simulações indicam que o controle adequado da alimentação pode reduzir a temperatura da fermentação e otimizar a produção de etanol. Além disso, o uso de redes neurais artificiais tem-se mostrado eficaz para prever o término da fermentação com até 99% de acurácia. Reduzir uma hora no tempo de fermentação pode resultar em até 10% de aumento na produtividade das plantas, reforçando a importância da integração entre NIR e IA no contexto da Usina 4.0. O papel das pessoas na revolução tecnológica
Embora as tecnologias NIR e IA estejam transformando o setor, o verdadeiro diferencial ainda reside nas pessoas. A tecnologia, por mais avançada que seja, precisa ser operada por equipes capacitadas e comprometidas. O sucesso de qualquer inovação depende da habilidade e dedicação dos profissionais envolvidos. Capacitar os colaboradores para entender, operar e otimizar essas ferramentas é essencial para transformar o potencial tecnológico em resultados concretos.
O futuro da indústria bioenergética está nas mãos de quem tem a coragem de inovar. O setor já provou sua capacidade de adaptação e liderança e agora, com o apoio de tecnologias inovadoras e o talento humano, tem o potencial de atingir novos patamares de excelência operacional e sustentabilidade. n
1 o p a s s o pa ra
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Inovar
é preciso
Quando falamos em inovação, ou no uso dela, temos duas formas de enxergá-la.
Primeiro com a utilização de algo já estudado, com resultados consolidados, mas não praticado no momento e local específico. O uso desta atividade, para o local específico, passa a ser uma inovação, pela mudança na maneira de se fazer trazendo benefícios no manejo, em produtos ou operações agrícolas.
A segunda forma é pensar, desenvolver, testar e consolidar uma ideia nova, visando ganhos relacionados ao manejo, produtos ou operações agrícolas. A segunda forma é mais trabalhosa e demorada, e o desenvolvimento poderá chegar a resultados não adequados como parte do processo, porém fundamental para a evolução.
As duas formas de se praticar a inovação são válidas na busca da melhoria contínua. Na cadeia agronômica do setor bioenergético, temos diferentes players que trabalham a inovação: instituições de pesquisa públicas e privadas, empresas de insumos, máquinas e equipamentos, profissionais autônomos, as próprias agroindústrias, além dos produtores independentes de cana-de-açúcar.
A inovação na agricultura, e aqui nos referimos à cultura da cana-de-açúcar, é um tema de crescente relevância, dado o impacto direto que as práticas agrícolas proporcionam no resultado final de toda a cadeia do setor, propiciando condições de evolução na segurança alimentar e preservação ambiental. Para este trabalho ser efetivo, eficaz e célere, é imperioso ter uma coordenação integrada dos players do processo, definindo prioridades, otimizando os desenvolvimentos e democratizando os resultados.
O setor bioenergético voltou a entender que o solo, por ser vivo, necessitava ser visto e tratado com tal, ser regenerado, recebendo manejos e insumos agregadores e catalizadores dos processos vitais para seu equilíbrio "
Cassio Manin Paggiaro Diretor Agrícola da Usina Santa Adélia
Toda a inovação passa pela fase de tendência para, depois de confirmada, virar prática de mercado. Como acelerar este processo, sabendo que a inovação na agricultura traz grandes benefícios, mas que também existem desafios? Como dar acesso às novas tecnologias aos pequenos agricultores, principalmente em razão de altos custos iniciais ou falta de infraestrutura adequada? Estes questionamentos, conforme a equalização, trarão a velocidade nos resultados potenciais práticos a serem atingidos pelas inovações.
A robótica, o acompanhamento das operações em tempo real, os fertilizantes e corretivos de solo “premium”, a genômica e transgenia, o melhoramento varietal tradicional, o manejo de pragas e doenças, os defensivos químicos e principalmente os biológicos são temas que vêm demonstrando celeridade no desenvolvimento e grande aceitação no uso comercial, isoladamente e no conjunto integrado das ações. Estes temas passaram da fase de tendência e estão na fase de confirmação e práticas de mercado.
No que toca a tecnologias emergentes no setor sucroenergético, vemos o uso da tecnologia de precisão como uma das principais inovações. Equipamentos como drones, sensores e imagens de satélites permitem que os produtores monitorem as lavouras em tempo real, identificando necessidades de irrigação, adubação ou controle de pragas e doenças com mais precisão. Isso resulta em uma aplicação mais eficiente e racional de insumos, reduzindo desperdício e melhorando a saúde da lavoura.
Outra inovação relevante é o uso de inteligência artificial (IA) e big data. Com essas tecnologias, é possível processar grandes quantidades de dados sobre condições climáticas, solos, histórico de safras e outras variáveis. Esses dados ajudam na tomada de decisões, prevendo problemas antes que eles aconteçam, e otimizam o planejamento de plantios e colheitas.
A Internet das Coisas (IoT) tem permitido que os equipamentos agrícolas, como tratores, caminhões e sistemas de irrigação, sejam conectados à rede de dados, permitindo automação e controle remoto. Isso facilita a gestão das operações agrícolas, especialmente em grandes propriedades, onde o controle de cada área se torna mais eficiente e preciso.
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A biotecnologia também desempenha um papel essencial na inovação agrícola. Por meio da engenharia genética, novas variedades de plantas mais resistentes a pragas, doenças e condições climáticas adversas estão sendo desenvolvidas. Essas plantas geneticamente modificadas podem ajudar a cultura da cana-de-açúcar a aumentar a produtividade, principalmente em regiões onde as condições de cultivo são mais desafiadoras. Ainda há preocupação por parte de algumas áreas da sociedade em relação a possíveis impactos de algumas inovações, como o uso de organismos geneticamente modificados (OGMs) sobre o meio ambiente e a saúde humana.
Por fim, a agricultura regenerativa e a agroecologia vêm ganhando destaque com abordagens inovadoras que integram práticas sustentáveis ao cultivo comercial. Essas técnicas se concentram no ganho de produtividade pela preservação da biodiversidade, no uso responsável da água e na regeneração do solo.
O aumento do uso de produtos biológicos na cultura da cana-de-açúcar não se deve apenas ao apelo ecológico, mas principalmente ao desempenho propiciado nos controles a que eles se propõem, muitas vezes superiores aos concorrentes químicos.
O setor bioenergético voltou a entender que o solo, por ser vivo, necessitava ser visto e tratado com tal, ser regenerado, recebendo manejos e insumos agregadores e catalizadores dos processos vitais para seu equilíbrio e, consequentemente, beneficiando as lavouras. O setor, nos últimos anos, tem-se transformado rapidamente com a incorporação de novas tecnologias e práticas que buscam não apenas aumentar a produtividade, mas também tornar o uso dos recursos mais eficientes e sustentáveis.
A inovação na agricultura é essencial para garantir que o setor consiga enfrentar os desafios futuros, como o climático, o crescimento populacional e a escassez de recursos. Soluções criativas e tecnologias de ponta continuarão a desempenhar um papel crucial no desenvolvimento de uma agricultura mais eficiente, resiliente e sustentável.
O Seminário Udop de Inovações proporciona um ambiente propício para a integração de ideias inovadoras em um caminho de crescimento sustentável. n
Agronômica
os caminhos para a a incêndios no setor bioenergético
prevenção e combate
O inverno costuma ser um período de atenção para o setor bioenergético, uma vez que o ar seco e a menor incidência de chuvas característicos desta estação potencializam o risco de ocorrência de incêndios que, historicamente, podem aumentar de forma significativa nos canaviais nessa época do ano.
Em 2024, no entanto, acompanhamos um forte agravamento desta questão que afetou não apenas o segmento de bioenergia, mas também diferentes setores da economia e a sociedade como um todo, colocando governos, iniciativa privada e cidadãos diante de um cenário altamente desafiador.
Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em agosto e setembro deste ano foram mais de 151 mil focos de incêndio registrados no Brasil, os maiores índices desde 2010.
Um ponto a ser destacado é a nossa estrutura de combate a incêndios, que conta com 97 caminhões-bombeiro equipados com jatos de água automatizados e controlados por joystick, 16 caminhões-pipa, 12 caminhões-tanque e 1.050 colaboradores treinados como brigadistas. "
Mario Sérgio Salani Junior Gerente Sênior de Mecanização Agrícola Corporativo da BP Bioenergy
No estado de São Paulo, um dos mais afetados, foi detectado neste período o maior número de focos de incêndios desde 1998, quando teve início a série histórica do Inpe – no total, foram 6.134 registros, sendo 3.612 em agosto e 2.522 em setembro. Antes, o maior número mapeado nestes dois meses tinha sido de 2.444 em 2010.
Um levantamento divulgado em meados de setembro pela Unica - União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia indicou que mais de 230 mil hectares de cana-de-açúcar foram
atingidos pelo fogo no interior de São Paulo, o que representaria um prejuízo financeiro de cerca de R$ 1,2 bilhão para os produtores da região, de acordo com a Orplana – Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil .
Dados da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) relacionados a todo o país elevam esse indicador para R$ 2 bilhões, estimando em 19 milhões o número de pessoas afetadas neste cenário.
Além do impacto econômico, episódios desta natureza geram outros inúmeros problemas. Os impactos ambientais, por exemplo, são bastante significativos, uma vez que as queimadas liberam gases de efeito estufa na atmosfera e causam danos à biodiversidade e degradação do solo, aumentando os problemas enfrentados pelas regiões afetadas em relação a eventos climáticos futuros, sem contar os problemas de saúde relacionados à qualidade do ar.
Diante de tudo isso, podemos constatar que prevenir e combater incêndios é uma tarefa sempre urgente e que precisa ser levada a sério por todos, incluindo órgãos governamentais, ONGs, iniciativa privada, além da população de um modo geral.
A colaboração entre todos os agentes da sociedade é fundamental, afinal, não é possível pensar em soluções individuais para problemas coletivos. A intensificação de políticas públicas, o investimento em inovação tecnológica e a conscientização são fundamentais para melhorar os resultados no enfrentamento a esse desafio no Brasil.
Na BP Bioenergy, a tecnologia é uma das principais aliadas do programa Brigada 4.0, desenvolvido pela companhia com o objetivo de prevenir e combater incêndios em suas 11 unidades agroindustriais instaladas em cinco estados brasileiros. Ele está estruturado sobre quatro pilares principais: práticas preventivas, detecção rápida, combate ágil e ação segura. O programa conta com plano robusto de práticas preventivas como mapas de reincidência, aceiros e enleiramento de palha entre outras práticas, um sistema de monitoramento por satélite que alerta sobre as condições climáticas favoráveis para o aumento da propagação de focos de fogo.
Além disso, utiliza câmeras térmicas de alta definição instaladas em torres de observação que detectam tais episódios de forma rápida e precisa ― tudo isso monitorado de forma online pelo SmartHub, uma central de gestão
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logística integrada que abarca recursos da indústria 4.0 e acompanha durante 24 horas, em tempo real, de forma online e remota, toda a operação da companhia no campo, incluindo plantio, colheita, transbordo e transporte. Os investimentos voltados à sua implementação somam cerca de R$ 30 milhões.
O último balanço de resultados do programa mostra resultados bastante significativos. Dados registrados em 2020 apontavam 508 incêndios nas áreas de influência de nossas usinas, que com a implantação do programa foram reduzidos, em 2023, para 185 ― uma queda de 63,58%.
Já o volume de área queimada também diminuiu de forma relevante: de 37.327 hectares em 2020, para 8.059 hectares em 2023, totalizando uma redução de 78,4%. Além dos ganhos do ponto de vista operacional e financeiro, os resultados são animadores sobretudo porque mostram que, com tudo isso, estamos garantindo mais segurança para as pessoas, incluindo nossos colaboradores e cidadãos que vivem no entorno de nossas unidades.
Outro ponto a ser destacado é a estrutura de combate a incêndios da empresa, que conta com 97 caminhões-bombeiro equipados com jatos de água automatizados e controlados por joystick, 16 caminhões-pipa, 12 caminhões-tanque e 1.050 colaboradores treinados como brigadistas. Essa estrutura, inclusive, é comumente colocada à disposição da comunidade para o combate de incêndios identificados nas regiões onde atuamos, colaborando assim com os corpos de bombeiros locais e com a administração pública.
Vale mencionar ainda que a empresa colabora com grupos e comitês locais de combate ao fogo e realiza campanhas anuais de prevenção a incêndios para seus colaboradores e para a população em geral, com o objetivo de levar informação e conscientização sobre os riscos do uso do fogo e consequências dos incêndios.
Todas essas iniciativas evidenciam nossa trajetória bem-sucedida na prevenção e combate a incêndios, mas temos consciência de que os desafios diante desta temática são permanentes, pois são inúmeros os fatores que a impactam, como as questões climáticas, por exemplo, que vêm demandando um olhar de inquietude a todos os setores da sociedade, a fim de buscarmos inovações em recursos e processos que contribuam para o avanço de uma economia de baixo carbono, que proporcione um futuro mais sustentável para todos. n
Suprimento e logística
A necessidade de adaptabilidade aos novos desafios de suprimentos
No mercado atual, as empresas se veem obrigadas a reconstruir frequentemente suas estratégias, especialmente na cadeia de fornecedores, onde as pressões competitivas se intensificam e os profissionais de suprimentos precisam ser ágeis e eficazes na escolha das estratégias corretas.
A partir do final do século XX, as organizações têm enfrentado um ambiente de negócios em constante transformação, onde a oferta de produtos passa a ser maior do que a demanda. Nesse cenário, a mera diferenciação não é mais o suficiente para atender às projeções de lucratividade e ao retorno sobre o capital investido desejado.
A parte da cadeia de suprimentos destinada aos clientes (a jusante) demonstra estrangulamentos nas capacidades das empresas em se diferenciarem através de produtos e serviços.
Assim, a disputa pelo melhor objetivo de desempenho que conquistará o cliente fica mais restrita a preço e, consequentemente, menores margens de lucro.
Diante dessas condições, a adaptabilidade se tornou crucial para os profissionais de suprimentos. As empresas passaram a intensificar as análises em todos os elos anteriores de suas cadeias de suprimentos (a montante), e as estratégias começam também a evoluir no desenvolvimento de inteligência de mercado nas aquisições e na identificação e eliminação de custos desnecessários, que não agregam valor aos produtos e serviços.
Para prosperar nesse cenário dinâmico, também impactado por pandemia, guerras e inseguranças nas cadeias de suprimentos, os profissionais precisam constantemente se atualizar e adaptar suas abordagens para que as estratégias de aquisições possam ter significativo papel na competitividade das empresas. No setor de varejo de roupas, por exemplo, a prática de organizar araras de produtos pelos próprios fabricantes ilustra como a colaboração e a inovação podem reduzir processos e custos. Da mesma forma, é essencial que todas as empresas busquem eliminar atividades desnecessárias e se adaptar às melhores condições de custo total, incluindo produtos e fretes.
Processos são feitos para organizar a forma como as pessoas trabalham. A tecnologia é feita para garantir que esses processos sejam bem executados e que as pessoas tenham as ferramentas certas para agir. "
Francisco Luiz Gallo Gerente de Suprimentos da Da Pedra Agroindustrial
Opiniões
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As estratégias de aquisições ganham significativo papel de protagonismo na competitividade das empresas. O profissional de suprimentos se transforma em um líder sistêmico e deve desenvolver a melhor estratégia por meio de três importantes cenários de desenvolvimento: processos, tecnologias e pessoas, que permitam melhorar as negociações de preços, reduzir a necessidade de capital de giro dos estoques e reduzir os tempos de atendimento de seus clientes internos.
Em processos, é necessário fazer uma boa matriz estratégica de compras, também conhecida como Matriz de Kraljic. Trata-se de um modelo de classificação que considera o risco e o custo de cada tipo de aquisição. Existem diversas formas de se relacionar comercialmente com seus diversos tipos de fornecedores, sejam eles de commodities, imobilizados ou mesmo de MRO (peças de manutenção). Contratos de fornecimento com fórmulas paramétricas, garantindo preços e disponibilidade, participação em grupos de compra com outras empresas, utilização de VMI (Vendor Managed Inventory), leilões de compra, utilização de e-procurement, entre outros, que podem ser usados como forma de atender à estratégia condizente ao problema que se quer resolver.
Em tecnologias, temos um amplo portfólio de possibilidades que podem usufruir de todas as potencialidades geradas pela capacidade de processamento, mobilidade de dados e, agora, tudo potencializado ao infinito pelo uso de inteligência artificial.
Em pessoas, o negociador deve ser capaz de construir pontes de relacionamentos, ser um excelente gestor de conflitos e educador, e, nesse oceano de variáveis, o grande desafio será motivar e comprometer pessoas para a formação de equipes de alto desempenho.
Como conclusão a estes diagnósticos e perante esta diversidade de possibilidades em processos e tecnologias disruptivas, é necessário que o gestor da cadeia de suprimentos tenha a capacidade de realizar um bom diagnóstico das variáveis existentes e rapidamente se adaptar à melhor estratégia que possa evitar as ameaças e a aproveitar das oportunidades dos mercados.
Processos são feitos para organizar a forma como as pessoas trabalham. A tecnologia é feita para garantir que esses processos sejam bem executados e que as pessoas tenham as ferramentas certas para agir. É assim que criamos uma empresa bem-sucedida para todos os seus grupos de interesse (stakeholders). n
Governança
Liderança estratégica e adaptação para a inovação sustentável
A governança de Tecnologia da Informação (TI) deixou de ser um fator de apoio para se tornar um elemento central para o sucesso de qualquer organização. No setor bioenergético, a integração entre tecnologia, campo e indústria é essencial para garantir eficiência operacional, inovação sustentável e competitividade. No entanto, muitas corporações ainda resistem às inovações e mantêm processos ultrapassados, representando uma verdadeira ameaça à transformação digital e à sustentabilidade dos empregos.
A transformação digital não é uma opção; é uma necessidade no ambiente de negócios atual. O setor bioenergético, ao lidar com a pressão por eficiência e sustentabilidade, precisa adotar uma abordagem integrada, combinando automação, big data, Internet das Coisas (IoT) e inteligência artificial (IA). No entanto, um investimento mal direcionado em tecnologia pode resultar em ineficiências e falhas operacionais. A governança de TI deve assegurar que a inovação tecnológica esteja alinhada aos objetivos estratégicos da companhia, e as pessoas, em todos os níveis, devem ser preparadas para essa jornada.
A tecnologia é apenas uma ferramenta. Sem uma liderança eficaz e uma cultura organizacional aberta à transformação, a empresa corre o risco de automatizar e acelerar ineficiências já existentes. "
Rodrigo Perez Verna Gerente de TI da Usina Estiva
Governança de TI – O alinhamento entre estratégia e tecnologia:
A governança de TI é um conjunto de práticas que orienta as iniciativas tecnológicas para agregar valor ao negócio e mitigar riscos. No setor bioenergético, essa governança atua como uma ponte estratégica entre a TI e as necessidades da usina, garantindo que a digitalização de processos agrícolas, a automação da produção e o uso de plataformas inteligentes para análise de dados contribuam diretamente para o alcance dos KPIs e OKRs estratégicos.
O papel da governança de TI é assegurar a eficiência dessa integração por meio de uma gestão sólida e estratégica, que deve incluir:
• Gestão de riscos tecnológicos: A segurança cibernética é crítica em um ambiente industrial e operacional interconectado, onde ataques podem comprometer tanto a produção quanto a integridade dos dados. A governança deve garantir políticas robustas de proteção e recuperação, bem como a conformidade regulatória.
• Transição de sistemas legados: A substituição gradual de tecnologias antigas é necessária para evitar rupturas na operação. É fundamental que a integração entre sistemas novos e antigos seja bem planejada, garantindo a continuidade e minimizando impactos no fluxo operacional.
• Agilidade na tomada de decisão: Em mercados dinâmicos, a capacidade de adaptação é um diferencial competitivo. A governança deve apoiar decisões ágeis e orientadas por dados, permitindo que líderes respondam rapidamente a mudanças no mercado e no ambiente regulatório.
• Desenvolvimento das pessoas: A transformação tecnológica só é bem-sucedida quando acompanhada pelo desenvolvimento humano. A governança de TI deve garantir que as equipes sejam capacitadas para lidar com novas ferramentas e processos, fomentando uma cultura de aprendizado contínuo. Programas de treinamento e iniciativas de gestão de mudança são essenciais para preparar os colaboradores da companhia para novas tecnologias e assegurar o engajamento durante o processo de transformação. A adoção de um mindset digital entre todos os níveis da organização é um fator decisivo para o sucesso.
Resistência à mudança: o verdadeiro obstáculo:
Muitas organizações investem em tecnologia acreditando que a inovação, por si só, resolverá seus problemas. No entanto, a maior ameaça para o futuro do trabalho não é a adoção de inovações disruptivas como a IA, mas a resistência à mudança e a falta de visão estratégica. A tecnologia é apenas uma ferramenta. Sem uma liderança eficaz e uma cultura organizacional aberta à transformação, a empresa corre o risco de automatizar e acelerar ineficiências já existentes.
Empresas que não promovem essa mudança cultural acabam em situações em que grandes investimentos tecnológicos não geram o retorno esperado. Não se trata apenas de implementar novos sistemas, mas de capacitar pessoas e otimizar processos para que a inovação se torne um vetor de crescimento, e não uma fonte de frustração.
Integração de tecnologia e adaptação organizacional:
Para que a gestão de Tecnologia da Informação tenha êxito, é crucial que a tecnologia e a adaptação organizacional estejam em sintonia. A introdução de novas tecnologias exige que todas as partes interessadas (stakeholders) compreendam seu valor e impacto. Um modelo de liderança ágil é necessário para facilitar essa transição, promovendo uma cultura de aprendizado contínuo e colaboração.
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Algumas estratégias eficazes incluem:
1. Treinamento e capacitação constantes: Preparar a equipe para trabalhar com novas ferramentas e plataformas é essencial para evitar resistências e aumentar a produtividade.
2. Comunicação clara: Líderes precisam comunicar o propósito das mudanças e os benefícios esperados de forma transparente e objetiva.
3. Inovação colaborativa: As melhores soluções surgem quando a tecnologia é desenvolvida e adotada com a participação ativa de todos os níveis da organização.
Liderança no futuro do trabalho e da tecnologia:
A transformação digital não é apenas uma questão técnica; é um desafio de gestão e liderança. Um líder que não considera o impacto humano da tecnologia corre o risco de criar um ambiente hostil à inovação.
Empresas líderes devem alinhar sua estratégia tecnológica a uma cultura organizacional que promova aprendizado e evolução contínuos.
Um exemplo prático de como realizar essa integração são projetos que promovem essa transição de forma eficaz. Um deles é o projeto "Conectando Gerações", no qual jovens ajudam pessoas mais velhas a se familiarizarem com a tecnologia, promovendo convivência intergeracional e facilitando o aprendizado mútuo.
Outro caso inspirador é o da Casa Ondina Lobo, em São Paulo, que criou uma iniciativa inovadora: um ônibus itinerante que oferece aulas digitais em bairros vulneráveis, ampliando o acesso ao aprendizado tecnológico. Por que não adotar práticas como essas nas usinas?
A governança de TI não é apenas um conjunto de ferramentas e frameworks; é uma estratégia essencial para garantir que a tecnologia entregue valor ao negócio de forma sustentável.
Sem uma governança eficaz, dificilmente os investimentos tecnológicos resultarão em benefícios sustentáveis para a organização.
A gestão tecnológica deve harmonizar tecnologia e pessoas, promovendo uma cultura de adaptação e evolução contínua. Não é a IA que ameaça o futuro do trabalho, mas a falta de visão e a resistência à mudança. n
Governança
Governança contratual: segurança jurídica e mitigadores de riscos
A Lei 13.874 de 2019, também conhecida e nomeada como Lei da Liberdade Econômica, teve por objetivo a redução de aspectos burocráticos e um maior impulsionamento ao desenvolvimento de atividades econômicas.
Em matéria contratual, foco deste artigo, tal lei alterou o Código Civil brasileiro e trouxe uma importante mudança na forma de interpretação de contratos, enfraquecendo a Teoria da Imprevisão, que prevê a possibilidade de revisão dos contratos diante de efeitos extraordinários, antes já tão enraizada em nosso ordenamento jurídico e até mesmo na cultura das organizações.
Com efeito, o artigo 421-A do Código Civil, introduzido em 2019, traz de forma expressa a presunção de que os contratos civis e comerciais são paritários e simétricos, sendo permitido às próprias partes a adoção de parâmetros objetivos para interpretação das cláusulas contratuais, estabelecendo ainda que deva ser respeitada a alocação de riscos definida pelas partes, sendo a revisão dos contratos medida excepcional e limitada.
Aqui abrimos parênteses para esclarecer que os contratos civis são acordos firmados entre partes para criar, modificar ou extinguir direitos e obrigações. Já os contratos empresariais são uma subcategoria dos contratos civis, mas com especificidades voltadas para atividades empresariais. Eles são regidos não só pelo Código Civil, mas também por legislações específicas que tratam de atividades econômicas e comerciais.
Vê-se, portanto, que a legislação em referência promoveu um maior prestígio à atuação dos particulares, reduzindo ao máximo a intervenção estatal e trazendo, com
Podemos afirmar, com certa tranquilidade, que a segurança jurídica ganha um relevo ainda maior em temas relacionados ao agronegócio "
Luciana Godoi Lorenti
Sócia da Ferraz de Camargo e Matsunaga Advogados Associados
isso, uma interpretação mais objetiva, uma vez que a vontade das partes, não refletida nas cláusulas e regras contratuais, ganha, a partir da promulgação desta lei, menor relevância.
Podemos afirmar, portanto, que há aumento da segurança jurídica em termos contratuais, diante da possibilidade reduzida de se alterar obrigações já contraídas e um aumento da previsibilidade quanto ao cumprimento de obrigações.
Como ficam as usinas de açúcar e etanol neste contexto?
Podemos afirmar, com certa tranquilidade, que a segurança jurídica ganha um relevo ainda maior em temas relacionados ao agronegócio e, portanto, também no que diz respeito às usinas de açúcar e etanol. Os últimos anos nos mostram de maneira bastante elucidativa que as empresas do agronegócio sofrem, por si só, em decorrência de eventos imprevisíveis causados pelos riscos climáticos inerentes às suas atividades, desastres ambientais, secas severas, inundações sem precedentes, apenas para citar os acontecimentos mais recentes.
Ademais, este tipo de empresa sujeita-se à responsabilidade ambiental/uso responsável da terra e cumprimento de normas trabalhistas rigorosas, levando-se em consideração as peculiaridades atinentes às suas atividades. É de se defender, portanto, que, nos aspectos que estejam no controle de seus administradores, uma maior segurança jurídica dos contratos e maior previsibilidade quanto ao cumprimento das obrigações neles previstas sejam medidas saudáveis e até mesmo desejáveis aos negócios sociais.
As usinas de açúcar e etanol estão sujeitas a um conjunto complexo de contratos que vão desde o arrendamento de terras até contratos de exportação de seus produtos. Esses contratos, quando bem estruturados, são fundamentais para reduzir litígios e garantir o pleno cumprimento das obrigações pactuadas, impactando de forma relevante na geração de resultados pelas empresas. É neste contexto que surge o tema da governança contratual como um mitigador de risco.
A Governança Contratual como mitigadora de risco: Podemos afirmar que a governança contratual é um processo essencial para garantir que os contratos sejam geridos
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de maneira eficiente ao longo de todo o seu ciclo de vida, tendo seu início antes mesmo da formalização dos contratos, podendo (e devendo) envolver muitas áreas, além do próprio departamento jurídico.
Tudo se inicia com o planejamento adequado do contrato, que passa pela identificação de suas necessidades e definição de escopo. Após isso, recomenda-se uma cuidadosa avaliação da contraparte a fim de se verificar pendências financeiras, envolvimento em situações e atos desabonadores, dentre outros aspectos que possam ser relevantes, uma verdadeira diligência com o intuito de se selecionar o parceiro capaz de cumprir com o contrato sem a atração de riscos financeiros ou reputacionais.
Posteriormente, dá-se início à importante fase de negociação de termos contratuais, revisão, trocas de minutas, concessão de garantias, redação contratual pelos assessores jurídicos das partes, até se chegar à formalização e assinatura de contrato.
Uma vez celebrado o contrato, importante que as partes criem e mantenham ativos procedimentos de acompanhamento e monitoramento de obrigações contratuais, podendo envolver a adoção de SLAs – Services Level Agreements, indicadores de desempenhos (KPIs) e revisões e auditorias periódicas, adoção de comunicação clara e tempestiva entre as partes. Neste contexto, requer-se, ainda, um repositório adequado de documentos, instrumentos de contrato e até mesmo notificações entre as partes.
Todo o processo de governança contratual brevemente descrito acima pode (e deve) estar amparado em tecnologias que promovam a automação de contratos, arquivamento de documentos e auditorias digitais.
Concluímos que os contratos, atualmente, são dotados de força mais vinculante, tornando mais imperativo o princípio de que o contrato é lei entre as partes, o que traz mais segurança jurídica às partes envolvidas. Também entendemos que as usinas de açúcar e etanol possuem um conjunto complexo de contratos a gerir, ganhando relevo a governança contratual. A governança contratual é um fator importante para a mitigação de riscos que permeia todo o ciclo de vida do contrato e pode estar amparada por diferentes ferramentas digitais de automação. n
Somos protagonistas de um planeta mais verde
A Zilor está próxima de completar oito décadas de uma trajetória de solidez e compromisso por meio de energias sustentáveis e ingredientes de alta qualidade, para promover o bem-estar de pessoas em todo o mundo, bem como contribuir para a preservação da biodiversidade e desenvolvimento das comunidades onde atua.
A safra 2023/2024 foi a melhor da nossa trajetória – a maior moagem e receita líquida registradas na história da Companhia. A conquista se deve aos resultados operacionais históricos, com a otimização de processos, o comprometimento dos colaboradores, o êxito na entrega de projetos de cogeração de energia e à nossa forte disciplina financeira.
No período, a Zilor atingiu um marco histórico de moagem com 11,4 milhões de toneladas, estabelecendo 39 recordes de eficiência e produtividade e alcançando uma receita líquida recorde de R$ 3,49 bilhões, conquistas que nos motivam a seguir adiante.
Nessa trajetória, também merece destaque a entrega dos dois projetos de expansão de cogeração de energia nas unidades São José e Barra Grande, com investimento de R$ 579,2 milhões, ampliando o portfólio da Companhia, que vão permitir um crescimento de cerca de 60% no volume de coge-
cios como forma de mitigar o risco de oscilações das commodities e trazer maior previsibilidade na geração de caixa, além de contribuir para o combate das mudanças climáticas com a oferta de energia elétrica sustentável.
COMBUSTÍVEL DO FUTURO
O futuro da mobilidade sustentável chegou e passa pelo setor sucroenergético. A partir de um trabalho construído em conjunto, entre o Governo, a iniciativa privada e o terceiro setor, a sanção
da Lei Combustível do Futuro é um marco para a transição energética. Ela incentiva a produção do etanol para SAF (Sustainable Aviation Fuel), considerado uma alternativa mais ecológica aos combustíveis fósseis tradicionais ajudando a reduzir as emissões de carbono na aviação, entre outros novos combustíveis, além de aumentar a mistura de etanol à gasolina.
A Zilor foi uma das primeiras unidades no mundo a obter a certificação para SAF - ISCC CORSIA
Plus, um padrão reconhecido internacionalmente que atesta a sustentabilidade do etanol de cana-de-açúcar e habilitou nosso etanol para ser matéria prima na produção de combustível sustentável de aviação.
O Brasil, que já é reconhecido como país do Etanol e será reconhecido como nação da bioenergia, com produção relevante também para outras matrizes energéticas. Isso significa desenvolvimento econômico para o país e comprova a importância do setor sucroenergético, que no Brasil sempre foi um aliado do meio ambiente, e agora é ainda mais protagonista na missão de tornar sustentável diferentes modalidades de transporte, um dos principais vetores de emissão de carbono no Brasil e no mundo.
BIORIGIN
Outra alavanca de diversificação e crescimento para nossos negócios é a Biorigin, unidade de biotecnologia responsável por 17% da receita da Zilor na safra 2023/2024.
A Biorigin deve seguir crescendo no atendimento ao mercado, a partir da associação anunciada recentemente ao mercado com a Lesaffre, importante player global independente em fermentação e microorganismos, que divulgou a aquisição da participação majoritária da Biorigin para aumentar o fornecimento de ingredientes a base de levedura que melhoram o sabor dos alimentos. Como resultado do acordo, Lesaffre se torna acionista controladora da Biorigin com 70% de seu capital social total, enquanto a Zilor permanece sendo acionista com 30%. O negócio envolve a unidade de produção da Biorigin em Quatá/São Paulo, planta operacional localizada no Brasil*. As unidades em Lençóis Paulista (SP) e Macatuba (SP) e os produtos fabricados a partir da fermentação alcoólica e fermentação de cerveja dessas localidades continuarão a ser produzidos e vendidos pela Zilor.
ao Pacto Global da ONU, realizada em janeiro de 2024, foi um passo natural para a Zilor, confirmando nosso compromisso com boas práticas socioambientais que adotamos há anos alinhada às diretrizes ESG e o compromisso de divulgar anualmente o progresso das ações socioambientais.
Ao longo da safra 2023/2024, o Programa Zilor + Sustentável 2030 foi aperfeiçoado, graças à gestão suportada por metodologias reconhecidas. Em sintonia com as boas práticas de mercado, a Zilor estabeleceu uma série de compromissos, visando detalhar ações orientadas ao futuro.
Com muita Energia para um Futuro Melhor
Não precisamos prever o futuro, temos o dever de construí-lo. A Zilor se mantém alinhada à es tratégia corporativa de gerar valor para todos os stakeholders e avan çar em sua missão de crescer com sustentabi lidade. Temos consciên cia da Responsabilidade Social Corporativa da Zilor na cadeia de valor e continuaremos a traba lhar com dedicação para imaginar, desenvolver e disponibilizar soluções inteligentes a partir da cana-de-açúcar e alcançar nossos objetivos, na busca por oportunidades de crescimento.
Estamos prontos e entusiasmados para atender a demanda de uma nova economia verde e colaborar para um planeta mais sustentável e próspero.
*O acordo está sujeito ao cumprimento das condições habituais para tais transações, dentre eles a aprovação de credores e outras aprovações legais e regulatórias, incluindo o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), e deve ser concluída nos próximos meses.
Para conferir os destaques da Agenda de Sustentabilidade e ESG da Zilor acesse o QR Code.
AGENDA ESG
O fortalecimento das unidades de negócio da Zilor tem sinergia com a agenda ESG. A adesão
Sustentabilidade ambiental
A sustentabilidade como alavanca para a Agricultura do Futuro
O mundo está em constante transformação, marcado por desafios de insegurança alimentar, energética e hídrica, agravados pelas mudanças climáticas, pela perda de biodiversidade e pela poluição dos ecossistemas. Nesse contexto, a sustentabilidade emerge como um dos pilares essenciais da Agricultura do Futuro e, dentro dessa complexa realidade, se torna vítima e vilã ao mesmo tempo. Então, surge a Agricultura 6.0 – conectada e sustentável, baseada em quatro eixos estratégicos: proteção, manejo, restauração e alta produtividade.
A trajetória da agricultura brasileira revela transformações importantes ao longo das décadas. Entre 1960 e 1970, o foco principal era a expansão das áreas produtivas, com grandes avanços na conversão de solos ácidos e pobres em solos férteis.
Nas décadas seguintes, a tropicalização de cultivares e espécies animais consolidaram a agricultura tropical. Atualmente, vivemos a transição da convencional para o modelo mais sustentável, holístico e multifacetado. Por isso, a Agricultura 6.0 desponta em vários setores, como no bioenergético, onde assume uma posição de liderança.
O Protocolo Agroambiental do Setor Sucroenergético, lançado em 2007, é um exemplo dessa visão de futuro, com o objetivo de eliminar as queimadas na colheita da cana-de-açúcar, mecanizar o processo e adotar práticas sustentáveis. O protocolo antecipou metas, originalmente previstas para 2021, por meio do incentivo à colheita mecanizada e pela eliminação das queimadas em áreas planas e declivosas. Além disso, promoveu a conservação ambiental, com foco na preservação de áreas de proteção, restauração de matas ciliares e redução do uso de água. As usinas aderiram voluntariamente ao protocolo, o que resultou na redução das emissões de gases de efeito estufa e no avanço das práticas sustentáveis. A renovação em 2017 estabeleceu novas metas voltadas para a eficiência hídrica e conservação da biodiversidade para ilustrar como a colaboração entre governo e indústria pode promover
surge a Agricultura 6.0 –conectada e sustentável, baseada em quatro eixos estratégicos: proteção, manejo, restauração e alta produtividade. "
a sustentabilidade agrícola e fazer do setor bioenergético um dos mais avançados em termos de proteção ambiental.
Lidar com os constantes desafios da agricultura exige uma abordagem sistêmica que administre as complexidades de maneira sustentável, responsável e ética. No setor bioenergético, a busca por soluções integradas consolidou as transformações necessárias, materializando os compromissos da Agricultura 6.0, especialmente, com sua contribuição significativa para a produção de energia renovável e biocombustível, como o etanol. A sustentabilidade está no centro das operações desse setor, com diversas iniciativas voltadas à mitigação dos impactos ambientais e à promoção de práticas agrícolas mais responsáveis.
Na transição da agricultura tradicional para um modelo sustentável, descarbonizante, de base biológica e regenerativa, práticas como sistemas integrados, aumento da diversidade de culturas e o plantio direto têm-se destacado por preservar ecossistemas e promover a biodiversidade. O foco crescente na bioeconomia e na economia circular fortalece uma produção mais sustentável e regenerativa. Essas práticas integram a agricultura de baixo carbono, cujo objetivo é mitigar e se adaptar às mudanças climáticas. Nesse contexto, a agricultura brasileira desempenha um papel crucial, se posicionando como um ator importante no cenário global da sustentabilidade.
O Plano ABC+ (Plano de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono) e o RenovaBio são duas políticas públicas fundamentais, baseadas em pesquisas, que incentivam a redução de emissões no setor agrícola e de biocombustíveis no Brasil, o que fortalece o compromisso do país com o desenvolvimento sustentável e a diminuição dos gases de efeito estufa. Essas políticas, alicerçadas em evidências científicas robustas, orientam a adoção de práticas mais eficientes, inovadoras e de baixo carbono, a fim de garantir resultados consistentes em termos de sustentabilidade e mitigação climática.
O Plano ABC+ faz parte da estratégia brasileira de agricultura de baixa emissão de carbono, sendo uma evolução do Plano ABC (20102020), focado em promover práticas agrícolas sustentáveis que contribuem tanto para a mitigação das mudanças climáticas quanto para a adaptação ao novo cenário climático. Entre as principais ações estão a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF), a recuperação de
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pastagens degradadas, o plantio direto e a fixação biológica de nitrogênio, que não apenas evitam a emissão de gases de efeito estufa, mas também aumentam a resiliência da agricultura frente às mudanças climáticas.
O Plano tem como meta evitar milhões de toneladas de CO₂eq nos próximos anos, com o objetivo de promover uma transição para uma agricultura mais sustentável e descarbonizante.
O RenovaBio, criado em 2017, é voltado à descarbonização do setor de combustíveis no Brasil, pois incentiva o uso de biocombustíveis como etanol e biodiesel.
Este Programa estabelece metas de redução de emissões para distribuidores de combustíveis, que podem ser cumpridas por meio da aquisição de Créditos de Descarbonização (CBIOs), gerados com base na eficiência energética e na pegada de carbono de cada produtor. Esta política pública tem desempenhado um papel crucial no setor de transportes, já que promove o uso de energias renováveis e substitui os combustíveis fósseis.
Ambos, Plano ABC+ e RenovaBio, são essenciais na estratégia nacional para o cumprimento dos compromissos, assumidos no Acordo de Paris, em relação à economia de baixo carbono e ao avanço para a sustentabilidade nos setores agrícola e energético.
Em complemento a essas iniciativas, temos ainda a Política Nacional de Recuperação de Pastagens Degradadas, o Cadastro Ambiental Rural (CAR), o Programa de Regularização Ambiental (PRA) e o Código Florestal que fortalecem a agenda ambiental do país e impulsionam as práticas de produção mais responsáveis e regenerativas.
Em um cenário global de desafios ambientais, a agricultura brasileira passa por uma transformação profunda e lidera a transição para práticas mais sustentáveis e inovadoras.
Portanto, a Agricultura 6.0 surge como uma resposta ao integrar tecnologia, eficiência e sustentabilidade para equilibrar a alta produtividade com a conservação dos ecossistemas. Nesse contexto, a pesquisa brasileira gera resultados significativos para a sociedade, embasados em ciência, inovação e apoio às políticas públicas. Com isso, o Brasil se consolida como líder global na construção de uma agricultura regenerativa e de baixo impacto, o que reforça sua capacidade de mitigação e adaptação às mudanças climáticas, como também promove uma economia de baixo carbono no cenário mundial. n
A importância do “Valor Compartilhado” para uma transição energética sustentável
Para abordar este tema, é importante entender primeiro o conceito desses dois tópicos e a relação entre eles. “Valor compartilhado” refere-se à criação de valor econômico de uma forma que traga benefícios sociais e ambientais para todos. É um conceito cada vez mais adotado por grandes empresas e instituições e está diretamente ligado ao conceito de sustentabilidade. De forma mais simplificada, é o famoso “ganha-ganha”.
A transição energética é um processo de mudança de fontes de energia, com o objetivo de reduzir as emissões de gases com efeito de estufa e mitigar os efeitos das mudanças climáticas, que já são sentidos em todo o mundo. Este conceito propõe a migração de matrizes energéticas poluentes, como os combustíveis fósseis à base de carvão ou petróleo, para fontes de energias renováveis, como a hidroeletricidade, a eólica, a solar e a biomassa. Mas você pode estar se perguntando: qual é a relação entre o “valor compartilhado” e a “transição energética sustentável”?
No Brasil, a transição energética está muito mais evoluída do que no restante do mundo. A matriz elétrica brasileira é 84% renovável, e a matriz energética (que inclui combustíveis) já é 45% renovável. "
Olívia Conceição Pinheiro Gerente de Sustentabilidade da Usina Lins
A transição energética sustentável não se trata apenas de tecnologia ou política, mas de como podemos trabalhar juntos para um futuro energético mais limpo. Quando empresas, instituições, governos e comunidades trabalham em conjunto, torna-se muito mais fácil alinhar interesses, tornando esta transição não só desejável, mas também viável.
A transição energética não é apenas uma mudança na fonte de energia, mas é uma mudança na consciência do atual modelo de produção/ consumo e do seu impacto nas alterações climáticas e, especialmente, na vida das pessoas.
No Brasil, a transição energética está muito mais evoluída do que no restante do mundo. A matriz elétrica brasileira é 84% renovável, e a matriz energética (que inclui combustíveis) já é 45% renovável. Na maior parte do mundo, o setor de energia é o principal responsável pelas mudanças climáticas. No entanto, no Brasil, quase metade das fontes de energia já é renovável, emitindo muito menos carbono do que o restante do mundo.
A transição energética é necessária e urgente e, embora apresente desafios únicos, também oferece novas oportunidades. Para que essas oportunidades sejam plenamente aproveitadas, é fundamental que a transição seja justa, responsável e gradual, a fim de minimizar o impacto na sociedade. Diante desse cenário, a união de todos os atores envolvidos e em especial do setor bioenergético é fundamental, pois o setor desempenha um papel importante na produção de biocombustíveis e na geração de energia a partir da biomassa.
O setor bioenergético tem demonstrado cada vez mais maturidade em relação à geração de valor compartilhado e sustentabilidade. Na verdade, essa preocupação com sustentabilidade já fazia parte de suas práticas muito antes de o tema ganhar destaque na mídia. Há décadas, biocombustíveis são produzidos, e resíduos, como a vinhaça, são reaproveitados. Nos últimos anos, o setor foi além, promovendo a troca de conhecimento e inovando em tecnologias, o que tem diversificado o portfólio, maximizando a eficiência e a rentabilidade. Hoje, é considerado um dos maiores exemplos de economia circular no mundo. Este desenvolvimento do setor só foi possível graças a esta união que gera valor compartilhado para empresas, governos e sociedade.
Um caso recente que ilustra o valor compartilhado gerado por essa colaboração foi observado durante os incêndios que atingiram diversas regiões do país nos últimos meses. Graças à estrutura sólida de prevenção e combate a incêndios, além dos Planos de Auxílio Mútuo (PAM) já implementados pelo setor sucroenergético, foi possível reduzir significativamente os danos em algumas áreas.
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A atuação conjunta com governos, instituições e a sociedade ajudou a controlar a situação e evitou que a tragédia fosse ainda maior.
Nas pequenas cidades ao redor das usinas, o impacto positivo dessas práticas é sentido diariamente. Além de fomentar a economia local com a geração de empregos e a implementação de projetos socioambientais, as usinas desempenham um papel fundamental em ações como o combate a incêndios em áreas urbanas desassistidas, a manutenção de estradas rurais, o reflorestamento de Áreas de Preservação Permanente (APPs) e a conservação de matas. Essas iniciativas são essenciais para o desenvolvimento sustentável das regiões onde o setor está presente.
Outro exemplo importante de geração de valor compartilhado é a troca de conhecimentos, práticas e experiências que ocorre entre as usinas e com seus parceiros e fornecedores. Através de benchmarking, congressos e seminários, como os encontros realizados pela UDOP – União Nacional de Bioenergia, o setor nivela e dissemina o conhecimento, podendo, desta forma, acelerar a adoção de tecnologias mais limpas, bem como fortalecer toda a cadeia de valor, o que é vital para a competitividade em um mercado crescente de energias renováveis.
Além de seus impactos diretos, o setor também contribui para aumentar a conscientização da sociedade sobre as vantagens do etanol como uma alternativa sustentável aos combustíveis fósseis.
Esse trabalho de conscientização, somado ao fortalecimento da cadeia de valor, dá ao setor uma voz mais influente na defesa de políticas públicas que incentivem as energias renováveis, os biocombustíveis e práticas sustentáveis, por meio de incentivos fiscais e apoio à pesquisa.
Com estas e outras iniciativas, o setor bioenergético gera valor compartilhado e pode não apenas contribuir significativamente para a transição energética sustentável, mas também se posicionar como um líder em práticas de produção responsável e inovação em energias renováveis, sendo essencial para enfrentar os desafios climáticos e promover um futuro mais sustentável. n
A cultura de segurança na prevenção e combate a incêndios
O Brasil tem enfrentado preocupante cenário em relação aos incêndios, especialmente os agrícolas. Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o ano de 2020 registrou o maior número de focos de incêndio no país, foram mais de 222 mil ocorrências. Entretando, 2024 já superou esse número, com mais de 230 mil ocorrências, de janeiro a outubro.
A crescente de incêndios em diversos Estados do país é agravada pela combinação de mudanças climáticas e seca/baixa umidade que contribuem para o aumento da frequência e intensidade das queimadas, remetendo-se ao conceito “triângulo do fogo”, representado por três elementos essenciais, os quais são: combustível, comburente e calor. Assim, para prevenir incêndios, é necessário gerenciá-los e desenvolver estratégias eficazes.
Os incêndios causam prejuízos ambientais, comprometendo as APP’s (Áreas de Preservação Permanente) ou Reservas Legais, e aumentam a poluição atmosférica, além de impactar a produtividade de lavouras, como canaviais, com a degradação do solo resultando em prejuízos financeiros. A situação coloca em risco a sustentabilidade das operações agrícolas e apresenta grandes desafios.
Neste cenário, há risco às vidas e à saúde respiratória de moradores nas áreas rurais e urbanas, além de funcionários treinados do setor bioenergético (usinas) que foram efetivos no auxílio do combate aos incêndios ou
Os riscos de incêndios florestais aumentam em razão da regra dos 30: temperaturas acima de 30°C; umidade relativa do ar abaixo de 30%; vento acima de 30 km/h; além da inclinação do terreno acima de 30º e mais de 30 dias sem chuva. "
que estavam operando máquinas nas proximidades. Portanto, a necessidade de estratégias eficazes de prevenção e combate a incêndios se torna cada vez mais prioritária, com destaque para os pilares: Prevenção, Otimização de Recursos e Gerenciamento de Crise.
Na esfera da Prevenção, destacam-se ações como campanhas educativas para promover a conscientização, o conhecimento e a segurança da comunidade e de funcionários do setor sucroenergético, transformando a prevenção em esforço coletivo e contínuo. Inicia-se com o estímulo da cultura de segurança na organização, através de campanhas internas e externas, que agregarão na temática de prevenção a incêndios, além da necessidade de definição de Procedimentos de Prevenção. A responsabilidade é de todos para que se criem ambientes mais seguros.
Estender a conscientização à comunidade é de suma importância, objetivando preservar a saúde e o bem-estar de todos, por meio de eventos em parceria com escolas, associações de bairro, serviços de emergência, em que as empresas estão inseridas. Palestras educativas
e workshops sobre prevenção de incêndios ajudam a disseminar o conhecimento para a comunidade.
Outra forma de prevenção a incêndios é a gestão de carreadores, a qual engloba diretrizes internas, referente ao dimensionamento dos carreadores e à acessibilidade para deslocamento de caminhão-pipa. A prevenção também se aplica à gestão de aceiros, faixas de terra sem vegetação que separam plantações de áreas de mata, impedindo que as chamas se propaguem. Nesses locais, é importante a prática de limpeza nas áreas de servidão das redes de energia, dos carreadores paralelos e do pós-colheita, bem como em torno de áreas que se deseja proteger, como propriedades, máquinas ou recursos naturais, sempre respeitando as legislações pertinentes das faixas de domínio das margens de rodovias.
Dentre as estratégias práticas de prevenção de incêndios nas operações, é possível destacar o cumprimento do plano de manutenção e limpeza de máquinas, equipamentos e implementos agrícolas, inspeções térmicas regulares, entre outros relevantes. Em qualquer intervenção nas áreas operacionais, devem ser levados em consideração o gerenciamento de riscos, a realização de treinamentos regulares com as equipes de trabalho sobre práticas seguras nas operações agrícolas, Procedimentos Operacionais Padrão, diretrizes da empresa e otimização do uso de recurso.
Merece destaque a metodologia do triângulo de emergência (regra dos 30), nascida nos EUA, na região mais seca do Texas, bem como na região da Califórnia, nas grandes florestas de pinheiros, a qual combina fatores temperatura, umidade e vento, influenciadores na propagação do fogo, além do material combustível vegetal, da topografia e das condições meteorológicas.
Os riscos de incêndios florestais aumentam em razão da regra dos 30: temperaturas acima de 30°C; umidade relativa do ar abaixo de 30%; vento acima de 30 km/h; além da inclinação do terreno acima de 30º e mais de 30 dias sem chuva). Quando essa situação ocorre, há alto risco de qualquer foco de incêndio se tornar grande incêndio florestal. Essa metodologia tem sido utilizada como balizador para tomadas de decisões estratégicas nas intervenções operacionais.
O investimento em prevenção subtrairá o uso de recursos durante o combate a incêndios. Pode-se destacar que, para a estrutura de apoio, é necessário definir o dimensionamento
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de equipe de apoio com os devidos treinamentos e realização de exercícios práticos; frotas de apoio dedicadas com as devidas manutenções e em bom estado de conservação; equipamentos de proteção individual e coletiva; e equipamentos de controle meteorológico. O uso de tecnologias como softwares de inteligência climática e sistemas de vigilância por meio de satélites para monitoramento das áreas agrícolas pode auxiliar na detectação de focos de incêndios e identificar precocemente as queimadas. Há também novas tecnologias em produtos desenvolvidos para atuar como retardante do fogo e ainda aumentando a eficiência da água.
Em caso de incêndio, a boa gestão das demandas envolvidas no combate é essencial para garantir resposta eficaz e coordenada diante dessas situações. A gestão de crise robusta, dinâmica e bem-estruturada, com papéis e responsabilidades definidos, bem como os procedimentos seguros em caso de emergências podem evitar e minimizar as lesões às pessoas, meio ambiente e impactos ao patrimônio, promovendo a continuidade das operações. Assim, dependendo da magnitude da emergência, poderá ter apoio do PAM (Plano de Auxílio Mútuo), com o envolvimento de órgãos competentes e de empresas, por exemplo as usinas, para auxílio na resposta à emergência causada pelo incêndio.
A comunicação durante a crise deve ser clara e eficiente. Informações sobre o estado do incêndio, rotas de evacuação e orientações devem ser disseminadas rapidamente. É fundamental que todos os envolvidos saibam como agir em caso de emergência, minimizando o pânico e garantindo a segurança e agilidade no tempo de resposta.
Contudo, após a ocorrência de um incêndio, é importante realizar a avaliação completa do que ocorreu. O que funcionou? O que poderia ser melhorado? A análise de lições aprendidas permite ajustes nos procedimentos, treinamentos, recursos e preparação para futuras emergências.
A prevenção e o combate a incêndios nas operações agrícolas vão além de uma obrigação legal e devem ser vistos como responsabilidade social priorizando a proteção das pessoas, do meio ambiente e da economia agroindustrial. Medidas efetivas de prevenção e combate promovem futuro sustentável para a indústria bioenergética e resguardam as operações agrícolas. É hora de agir, investir e incentivar o compromisso de todos com a cultura de segurança e sustentabilidade. n
Carta aberta ao diretor
Imagine se você descobrisse que o médico com o qual você vai fazer uma cirurgia cardíaca na manhã seguinte se formou há 20 anos como o melhor aluno da sua classe, na melhor faculdade de medicina do País. Muito bom, hein?!
Entretanto, nos últimos 20 anos, ele não leu nenhum livro, nem participou de nenhum congresso, nem teve por costume ler regularmente revistas especializadas da sua área médica. Você faria a cirurgia em paz?
diretor de comunicação
No que se refere a nossa área, quantas tecnologias foram desenvolvidas e implantadas nessas duas décadas como o estado da arte e, depois de algum tempo, substituídas por uma nova opção, muito mais eficaz e eficiente, que tomaria o lugar da anterior, até ser igualmente substituída por uma mais nova ainda.
Quantas pragas e doenças apareceram, desapareceram, e algumas até voltaram? Quantas técnicas foram substituídas nesses últimos 20 anos?
Nenhum conhecimento é definitivamente eterno. A faculdade está sempre atualizada, mas tão somente até o dia da sua formatura. Os livros, igualmente, até o dia da sua publicação. As opções que são continuadamente atualizadas são os congressos e as publicações regulares das áreas.
Conhecendo esse cenário e o que passou a representar nesses 21 anos de operação para as universidades, centros de pesquisa e empresas do sistema agrícola e florestal, a Revista Opiniões decidiu abrir inscrições gratuitas para que todos os estudantes de todos os cursos de agroconhecimento, de qualquer parte do Brasil e do mundo, passem a receber gratuitamente todas as suas publicações.
O objetivo é fazer com que o estudante, desde o primeiro dia de aula, passe a participar da vida empresarial na qual se integrará, em alguns anos, já com atualizado conhecimento do que está sendo discutido, avaliado e implantado nas empresas. Muitos dos executivos e cientistas que hoje escrevem na Revista Opiniões declararam que liam nossas edições desde quando ainda eram estudantes nas universidades.
Ampliando o projeto de educação continuada, decidimos também abrir as inscrições gratuitas para todos os funcionários das áreas técnicas, agrícolas, industriais e administrativas das empresas produtoras e fornecedoras dos sistemas florestal e bioenergético de qualquer parte do Brasil e do mundo.
Todos os artigos da Revista Opiniões têm textos publicados em 7 idiomas, quais sejam: português, espanhol, inglês, francês, chinês, árabe e hindi, cobrindo a língua falada pelo incrível numero de mais de 4 Bilhões de pessoas.
O acesso à informação dirigida é a mais eficiente forma de unificar e atualizar o conhecimento entre todos os funcionários em cargos de comando, bem como preparar os funcionários em ascensão para assumi-los. Esta é a mais agradável forma de gerar a educação continuada.
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William Domingues de Souza Editor-chefe das Revistas Opiniões
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