








FLORESTAL: celulose, papel, carvão, siderurgia, painéis e madeira ano 22 • número 79 • Divisão F • mar-mai 2025
2025
FLORESTAL: celulose, papel, carvão, siderurgia, painéis e madeira ano 22 • número 79 • Divisão F •
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Igor Souza Reflorestar
Capa: Acervo Suzano
Índice: Acervo Bracell-BA
Hans Gottardo Bracell-SP
Marilu Ramos Eldorado
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Júlio César Ribeiro Cenibra
Suzano
Rafael Figueiredo Aiko Logic
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A indústria florestal brasileira, um dos setores que mais investe atualmente no País, enfrenta um desafio estratégico: como crescer e manter sua competitividade global diante do desequilíbrio entre a alta demanda e a crescente escassez de mão de obra qualificada no campo?
Mais do que capacitar pessoas e garantir condições adequadas de trabalho – incluindo salários compatíveis com cada região –, o desafio está em atrair talentos dispostos a fazer o caminho inverso ao do processo de urbanização pelo qual passou a sociedade brasileira e mundial ao longo das últimas décadas. Um processo que exige tempo.
Para evitar que a escassez de mão de obra se transforme em um impeditivo a novos investimentos, a automatização e a mecanização têm sido aliadas importantes, não como substitutas ao capital humano, mas como ferramentas para aumentar a produtividade, segurança, qualidade de vida e renda de trabalhadores nas atividades rurais.
Um exemplo claro dos desafios para viabilizar novos investimentos no futuro pode ser visto no Mato Grosso do Sul. No estado, onde a Suzano possui dois complexos industriais, o setor florestal emprega mais de 27 mil pessoas. Um número que supera, por exemplo, toda a população de Ribas do Rio Pardo, município onde entrou em operação em julho de 2024 a maior linha única de produção de celulose do mundo.
No mesmo estado, dados do IBGE apontam que a Indústria de Transformação cresceu 921% nos últimos 15 anos e que aproximadamente 96% da força de trabalho existente no estado está atualmente empregada.
No estado do MS, a Indústria de Transformação cresceu 921% nos últimos 15 anos, e aproximadamente 96% da força de trabalho existente no estado está atualmente empregada. "
Beatriz Olivares Diretora de Gente e Gestão da Suzano
Alcançou-se, portanto, o pleno emprego, o que obriga as empresas, incluindo a Suzano, a buscarem profissionais em outros estados. Alguns deles, inclusive, oriundos de outros países.
A situação vivenciada no Mato Grosso do Sul é um recorte, mas não uma exceção. O desafio se estende ao setor de árvores plantadas em todo o Brasil. Como maior exportador de celulose do mundo, o País registrou um aumento de 25% no número de empresas de papel e celulose nos últimos dez anos.
A demanda por técnicos e operadores especializados, por exemplo, cresceu 20% entre 2015 e 2022, segundo projeções internas da Suzano. Em contrapartida, o número de trabalhadores empregados no setor agrícola encolheu 16% entre 2012 e 2021 nacionalmente, de 17,6 milhões para 14,8 milhões de pessoas, de acordo com a PNADC, do IBGE.
Tais números evidenciam um descompasso preocupante entre os mais de R$ 100 bilhões em investimentos previstos no setor pela Indústria Brasileira de Árvores (Ibá) até 2028 e a disponibilidade de mão de obra qualificada no País. Esse cenário representa uma ameaça concreta a novos projetos geradores de oportunidades de emprego e distribuição de renda,
sobretudo em regiões mais distantes dos grandes centros – áreas onde estão tradicionalmente concentrados os investimentos do setor florestal no Brasil.
Exemplo de mudança no mercado de trabalho é a situação vivenciada pela Suzano no Vale do Paraíba-SP. Devido à topografia local, parte da operação de colheita precisava ser realizada com o uso de motosserras – uma prática para a qual a mão de obra se tornou cada vez mais escassa ao longo dos anos e pouco adequada à realidade de produtividade e padrões atuais de segurança do setor. Por isso, com o passar dos anos, foi descontinuada.
A alternativa encontrada para a retomada das operações na região foi o uso de tecnologia avançada para mecanização de operações. A equipe que antes trabalhava com motosserras foi capacitada para operar equipamentos modernos, por meio de um programa de desenvolvimento e melhoria de remuneração. Uma evolução que exigiu, antes de tudo, a mudança de mentalidade. Exemplos como esse demonstram que o foco não é a subtração da mão de obra, mas sim sua especialização e capacitação. Afinal, diante da escassez de força de trabalho qualificada, automatizar tarefas repetitivas e menos alinhadas às boas práticas do modelo de trabalho atual permite que as empresas direcionem seus colaboradores para atividades mais estratégicas e que exijam habilidades específicas, como análise de dados, operação de equipamentos de precisão e monitoramento de atividades de forma remota, entre muitas outras.
A capacitação de mão de obra nos permite otimizar os processos florestais, proporcionando maior controle e eficiência, e não se restringe às atividades de plantio ou colheita. Há a utilização de sensores, drones e sistemas de monitoramento em tempo real que permitem o acompanhamento do crescimento das árvores, a detecção de pragas e doenças, a identificação de focos de incêndio e a otimização do uso de recursos como água e fertilizantes.
É maior produtividade e melhor uso dos recursos, redução de custos e minimização de perdas, associadas à qualificação profissional. Esse modelo se torna um diferencial competitivo ao equilibrar a necessidade de inovação com a valorização do capital humano, ou seja, conectando o desenvolvimento tecnológico à formação profissional contínua. E, de quebra, em um importante vetor de retenção de talentos, uma vez que profissionais em constante evolução possuem maior conexão com as empresas que oferecem tais oportunidades.
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Na Suzano, o compromisso com a formação de profissionais do futuro se reflete em iniciativas estratégicas para os diferentes pipelines. Para funções operacionais, os programas de capacitação realizados desde 2021 em parceria com instituições técnicas já formaram mais 1.700 profissionais para atuar nas frentes mecanizadas de silvicultura, colheita e logística florestal.
Do público total capacitado, mais de 65% dos profissionais foram contratados, garantindo produtividade e retenção de talentos. Um exemplo é o Viveiro Florestal de transição de Três Lagoas, onde 50% dos colaboradores são pessoas surdas e que foram capacitadas tecnicamente para atuar na produção de mudas. Apesar dos desafios iniciais, em função do investimento nas pessoas, alinhado à tecnologia, a produtividade cresceu de 2,3 milhões para 4 milhões de mudas anuais.
Ações similares são aplicadas no desenvolvimento de nosso time de técnicos florestais, área na qual 100% das pessoas possuem acesso a um programa estruturado de capacitação técnica e comportamental, que no último ciclo garantiu alavancagem de performance de 49% e aumento de 24% na aceleração para posições de supervisão.
Já na liderança, além das iniciativas de desenvolvimento interno, lançamos em 2024 um programa para capacitação de supervisores florestais, que está preparando 35 talentos para ajudar a construir o nosso futuro operacional.
Investir de forma simultânea e estratégica na automatização e mecanização de atividades, bem como na capacitação de profissionais que consigam responder às melhorias estruturais desses processos, faz parte, portanto, de uma equação complexa e em constante evolução, cujo resultado pode determinar a viabilidade ou não de futuros investimentos, e que está diretamente associada à eficiência operacional e de sustentabilidade de empresas que concorrem globalmente.
Sob a ótica do desenvolvimento humano, trata-se de uma transformação na forma de preparar e valorizar as pessoas. O foco não está em substituição de mão de obra, mas em sua qualificação para um novo ciclo produtivo, no qual trabalhadores capacitados serão protagonistas de uma era marcada pela digitalização, inovação e eficiência. Adaptar-se a essa realidade não é uma opção, mas uma necessidade para garantir crescimento sustentável e relevância no futuro da indústria. n
O setor florestal brasileiro atravessa um período de crescimento acelerado, impulsionado pela expansão da fronteira florestal e pelo aumento da demanda por produtos derivados da celulose e da madeira, conforme demonstra o gráfico 1, Evolução da Produção Brasileira de Celulose. No entanto, esse crescimento exponencial esbarra em um desafio crítico: a escassez de profissionais qualificados e de mão de obra operacional. Como podemos atrair, selecionar e reter talentos nesse cenário? O desafio não é apenas quantitativo, mas também qualitativo, pois as exigências técnicas e comportamentais para atuação no setor estão se tornando cada vez mais complexas.
O descompasso entre a oferta de mão de obra e o crescimento do setor florestal é evidente. A formação de engenheiros e técnicos florestais tem diminuído nos últimos anos, conforme apontam diversas pesquisas acadêmicas, demonstradas no gráfico 2, Formandos em Engenharia Florestal no Brasil.
A quantidade de profissionais formados nessas áreas já não acompanha a demanda crescente das empresas, e a tendência de redução da atratividade desses cursos em algumas universidades agrava ainda mais esse cenário conforme exposto no gráfico 3, Matriculados em Engenharia Florestal no Brasil.
Além disso, a disponibilidade de trabalhadores rurais está em queda, reflexo da urbanização e da migração para setores considerados mais atrativos pelas novas gerações. De acordo com dados da Embrapa, em 2012, o setor primário
O desafio não é apenas quantitativo, mas também qualitativo, pois as exigências técnicas e comportamentais para atuação no setor estão se tornando cada vez mais complexas. "
do agronegócio brasileiro empregava 10,23 milhões de pessoas, número que caiu para 8,25 milhões em 2023, uma redução de 19,35% em 10 anos, o que representa 1,98 milhão de trabalhadores a menos. Com menos pessoas dispostas a trabalhar no campo, o setor precisa se reinventar para manter suas operações sustentáveis e produtivas.
As projeções empresariais indicam que, apenas no Vale da Celulose, mais de 100 mil vagas de empregos devem ser abertas até 2030. No entanto, onde encontraremos profissionais qualificados para ocupá-las? A equação não fecha: ou repensamos nossa abordagem na gestão de pessoas ou enfrentaremos um gargalo que pode comprometer o avanço do setor. A dificuldade não se restringe apenas a cargos técnicos e operacionais. Há também desafios na formação de líderes, supervisores e gestores que compreendam a complexidade do setor e saibam lidar com as novas dinâmicas do mercado de trabalho.
Outro fator crítico é a mudança no perfil dos trabalhadores. O trabalho de campo, muitas vezes exposto a intempéries e condições desafiadoras, já não desperta o interesse dos mais jovens. As novas gerações priorizam qualidade de vida, flexibilidade e inovação, e o setor florestal precisa se adaptar para ser mais atraente. A pergunta que se impõe é: nós, gestores florestais, incentivamos nossos próprios filhos a seguir essa carreira?
Bernardo Alves Pereira
Gerente de Viveiro e Silvicultura da Gerdau
Quantos de nós realmente vemos nossos descendentes interessados em trabalhar nesse setor? Se a resposta for negativa, temos um forte indicativo de que precisamos transformar o setor para torná-lo mais compatível com as expectativas do novo perfil de profissionais. Será que a nova geração mudou tanto, ou será que nós mesmos desejamos mudanças para nossos filhos e acabamos não promovendo o setor da forma como deveríamos?
Diante desse cenário, três aspectos fundamentais devem ser trabalhados para garantir a atração, seleção e retenção de talentos na indústria florestal. O primeiro é o fortalecimento da cultura empresarial e a criação de um ambiente de trabalho mais atrativo. As empresas precisam construir uma identidade forte, baseada em inovação, sustentabilidade e valorização dos profissionais. Criar um ambiente em que os colaboradores se sintam pertencentes e motivados é essencial para garantir não apenas a permanência dos talentos, mas também sua produtividade e engajamento. O clima organizacional tem um papel fundamental na retenção de talentos, e as empresas precisam estar atentas a isso.
O novo profissional deseja se posicionar, ser ouvido e se sentir seguro para expressar opiniões e ideias, independentemente da hierarquia. A segurança psicológica se tornou um fator determinante para o engajamento dos colaboradores. Profissionais que se sentem à vontade para contribuir sem medo de represálias ou julgamentos tendem a inovar mais, propor soluções eficazes e se conectar genuinamente com a organização. Para a nova geração, um bom ambiente de trabalho não se resume apenas a benefícios financeiros ou estabilidade; trata-se de um espaço onde possam se expressar livremente, contribuir para o crescimento da empresa e sentir-se parte de um propósito maior.
Além disso, a felicidade passou a ser um valor inegociável no ambiente corporativo. Não se trata mais de apenas trabalhar para proporcionar felicidade na vida pessoal, mas de ser feliz no trabalho também. O conceito de felicidade no ambiente profissional está diretamente ligado à motivação, satisfação e sentido de pertencimento. Empresas que não compreendem essa nova realidade e insistem em ambientes rígidos e inflexíveis perdem talentos para setores que já abraçaram essa transformação. Os gestores precisam estar atentos a essa mudança e entender que investir no bem-estar do colaborador é investir no sucesso do próprio negócio.
O segundo aspecto é o cuidado com as pessoas e o desenvolvimento profissional. O setor florestal precisa investir na capacitação contínua de seus colaboradores e das comunidades onde está inserido, criando programas de treinamento e qualificação que os preparem para os desafios do futuro. Além disso, é fundamental divulgar mais o setor florestal nas comunidades, despertando interesse e fortalecendo a conexão entre a população local e as oportunidades da área. Para atrair novos talentos, é essencial desenvolver programas voltados para os jovens, trazendo-os para dentro das empresas, permitindo que vivenciem o ambiente de trabalho e conheçam as evoluções tecnológicas do setor, despertando assim seu interesse na área. Também é necessário repensar as escalas de trabalho, adotando turnos menores que promovam mais qualidade de vida e segurança para os trabalhadores.
A melhoria das condições no campo, como a criação de áreas de vivência mais confortáveis e o investimento em tecnologia e comunicação/ conectividade, é outro ponto essencial para garantir um ambiente mais atrativo e produtivo. A evolução de cargos deve ser bem estruturada, permitindo que os profissionais tenham perspectivas de crescimento dentro da empresa.
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Planos de carreira bem definidos, políticas de valorização e reconhecimento e benefícios alinhados às necessidades dos trabalhadores são estratégias essenciais para manter os talentos dentro do setor.
Por fim, a inovação e a tecnologia devem ser vistas como aliadas nesse processo de transformação. A mecanização e digitalização das atividades florestais não apenas aumentam a eficiência operacional, mas também tornam o trabalho menos árduo e mais atrativo para as novas gerações. Embora algumas áreas do setor já tenham avançado significativamente nesse aspecto, a silvicultura ainda depende intensamente de mão de obra. Apesar da evolução nos processos de mecanização, essa transformação não tem ocorrido na velocidade necessária para suprir as demandas do setor. A adoção de tecnologias como automação, monitoramento remoto e inteligência artificial pode reduzir a necessidade de trabalhos manuais extenuantes e oferecer novas
oportunidades para profissionais especializados em tecnologia e inovação. Com isso, o setor pode atrair talentos que, tradicionalmente, não considerariam uma carreira no segmento florestal.
O setor florestal brasileiro enfrenta um dilema crucial: sem uma estratégia robusta para atração e retenção de talentos, o crescimento poderá ser comprometido. É essencial que as empresas do setor, em parceria com instituições de ensino e programas cooperativos, busquem soluções para formar e reter profissionais qualificados. Programas de incentivo, parcerias com universidades, estímulo à pesquisa e desenvolvimento e criação de novas metodologias de ensino para o setor podem ser caminhos viáveis para minimizar essa escassez de mão de obra.
A pergunta que fica é: estamos prontos para adaptar nossa gestão de pessoas ao novo mundo do trabalho? Se quisermos garantir a sustentabilidade do setor florestal, a resposta precisa ser sim e a mudança deve começar agora. n
Fundada no ano de 2015, a Emex Brasil completa 10 anos.
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Temos o orgulho de representar e fabricar marcas que são referência mundial de tecnologia e segurança no transporte de carga orestal.
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A nossa experiência vai muito alem dos 10 anos. Trouxemos da Suécia a missão de expandir o acesso a inovação, promovendo a excelência e evolução no setor do transporte orestal no Brasil.
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Comprometidos com a sustentabilidade, continuamos a construir um legado de con ança, sempre priorizando satisfação dos nossos parceiros e clientes, com soluções de produtividade e segurança.
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O X da questão em segurança no transporte de carga orestal!
Não cabe aqui a discussão dos motivos, mas a escassez de mão de obra é um fato, e o setor florestal não ficou imune a esta realidade. A grande expansão de áreas de florestas cultivadas para atendimento a novos empreendimentos industriais por si só já gera a necessidade de entrada de milhares de novos profissionais no mercado a cada ano.
As empresas precisam desenvolver estratégias eficazes de recrutamento e retenção de talentos, oferecendo condições de trabalho atrativas, oportunidades de crescimento profissional e um ambiente de trabalho saudável e seguro. Além disso, é fundamental promover a capacitação contínua dos empregados por meio de programas de treinamento e desenvolvimento.
A formação profissional é essencial para acompanhar a velocidade da mecanização florestal. A introdução de novas tecnologias e a automatização de processos exigem que os trabalhadores adquiram novas habilidades e conhecimentos. Programas de formação e qualificação profissional, como o curso de operação de máquina de plantio mecanizado oferecido pela Cenibra, são fundamentais para preparar os trabalhadores para essas mudanças.
Além disso, a formação humanizada, que inclui o desenvolvimento de competências interpessoais como comunicação, liderança e resolução de conflitos, é essencial para essas mudanças. A transformação no mercado de trabalho deve ser orientada pela substituição de tarefas repetitivas e pela criação de funções que
investe-se em equipamentos de milhões de dólares para se trabalhar efetivamente cerca de 6 h/dia. O desafio a ser vencido é a execução das atividades em pelo menos 2 turnos e, idealmente, em 3 "
Júlio César Tôrres Ribeiro Presidente da Cenibra
exijam competências além do conhecimento técnico. Portanto, investir na formação dos empregados em áreas técnicas e interpessoais pode ser um diferencial competitivo significativo.
Na prática, mesmo considerando o empenho das empresas em grandes projetos de formação e treinamento de profissionais, não se tem conseguido equilibrar esta equação. A demanda por profissionais tem crescido, enquanto a oferta não acompanha esse ritmo, e isto é verificado desde as funções mais simples até as de grande nível de especialização.
Este cenário complexo gera a necessidade de investimentos robustos em mecanização das atividades florestais para diminuir a demanda de novos profissionais e garantir o crescimento orgânico das áreas de florestas cultivadas.
Nos últimos 20 anos, vivenciamos a consolidação da mecanização da colheita florestal, substituindo as atividades de colheita com motosserra por máquinas florestais desenvolvidas especialmente para esse fim, trazendo maior segurança, eficiência, produtividade e diminuindo significativamente a necessidade de pessoas.
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Foi um processo estruturado com o desenvolvimento de vários equipamentos e intensivo em treinamento e formação de operadores e pessoal de manutenção. Na silvicultura, não observamos a mesma velocidade de mecanização, apesar de várias iniciativas individuais e em conjunto das empresas. E quais as razões para este atraso?
A mecanização da silvicultura envolve a utilização de máquinas e equipamentos para realizar atividades florestais, como preparo de solo, plantio, adubação, irrigação e pulverização. O desafio é alinhar custo, pessoal e soluções tecnológicas adequadas e eficientes. A mecanização reduz os riscos associados às tarefas manuais, diminui o tempo necessário para a realização das atividades e contribui para uma gestão eficiente das florestas. No entanto, como ficam os custos?
As características específicas de cada local, como relevo, solo e clima, geram diferentes demandas de etapas de manejo e frequência de manutenção. Talvez este seja um importante dificultador no desenvolvimento de máquinas de plantio padronizadas e que possam ser utilizadas em qualquer local independente dos critérios acima. O resultado disso é a necessidade de máquinas adaptadas a cada realidade com maiores tempos de desenvolvimento e custos elevados.
Máquinas avançadas e especializadas representam investimento substancial para as empresas, o que muitas vezes torna a mecanização inviável sob o ponto de vista econômico quando comparada com a utilização de mão de obra, até então disponível no passado recente. Além das máquinas, é essencial desenvolver implementos adequados para cada etapa de manejo e padronizá-los.
Outro fator importante que impacta fortemente os custos de mecanização na silvicultura é o regime de trabalho em somente um turno diurno. Na prática, investe-se em equipamentos de milhões de dólares para se trabalhar efetivamente cerca de 6 horas por dia. O desafio e o paradigma a ser vencido é a execução das atividades de silvicultura em pelo menos 2 turnos e, idealmente, em 3 turnos, no que chamo de silvicultura 24 horas. Isto é algo que perseguimos na Cenibra e permitirá a redução do número de equipamentos necessários para menos da metade, otimizando custos de toda a cadeia produtiva.
Todos os fatores acima podem ter contribuído para a lenta adoção da mecanização na silvicultura, uma realidade que precisa mudar e rapidamente.
Dentre as ações imediatas, considero que as parcerias existentes entre empresas e as universidades para desenvolvimento de equipamentos mais flexíveis e adaptáveis aos diferentes cenários são um passo importante para superar essas dificuldades. A cooperação internacional também precisa ser mais bem explorada, permitindo o intercâmbio de tecnologias e práticas de manejo florestal. n
O setor florestal brasileiro nunca esteve tão em alta como nos tempos que vivenciamos hoje. Além de ser um agente propulsor de práticas sustentáveis, o setor se beneficia de um negócio que se mantém competitivo economicamente. O cultivo de florestas plantadas para a produção de papel, celulose e produtos derivados vem se demonstrando resiliente e rentável mesmo com as incertezas do cenário macroeconômico, fomentando um cenário de expansões e novos investimentos.
Apesar do cenário positivo que vem se desencadeando nos últimos anos, o setor necessita permanecer vigilante, visto que a produtividade das florestas plantadas e a escassez de mão de obra qualificada se têm apresentado, por sua vez, como fatores-chave e desafiadores para a garantia da competividade no longo prazo.
Diante de todo esse contexto, se fortalece ainda mais a busca constante por alternativas e soluções que suportem o gerenciamento de toda a cadeia, trazendo mais eficiência para as operações, confiabilidade para as tomadas de decisão e a garantia de práticas sustentáveis.
Um forte aliado nesse cenário e que vem sendo aprimorado a cada ciclo é o uso contínuo e eficaz de tecnologias.
Um forte aliado nesse cenário e que vem sendo aprimorado a cada ciclo é o uso contínuo e eficaz de tecnologias. "
Hans Donner Gottardo Gerente de Projetos Florestais da Bracell-SP
Seja no campo, através da automação de máquinas e equipamentos, seja nos escritórios com análises avançadas de dados. O uso de ferramentas avançadas de análise de dados já demonstra resultados significativos em garantir um planejamento adequado de recursos no médio e longo prazo. Adicionalmente, destaca-se também a atuação de forma preventiva e, às vezes, preditiva em relação aos diversos ofensores que assolam a produtividade das florestas, por meio de dados provenientes de técnicas de sensoriamento remoto e analytics.
Em tempos de constante transformação no que se refere a tecnologias disponíveis no mercado, nos últimos tempos temos ouvido muito sobre Inteligência Artificial (IA), campo da ciência da computação que busca criar máquinas capazes de realizar tarefas que normalmente exigiriam inteligência humana. Por meio do processamento e interpretação de um grande volume de dados, este tipo de tecnologia pode auxiliar nas tomadas de decisões complexas e que, muitas vezes, podem ser subjetivas. Cases de sucesso já estão sendo praticados de forma aplicada em toda a cadeia florestal, alavancando as estratégias de redução de custo, ganhos de eficiência operacional e suporte à tomada de decisão.
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Destaco alguns exemplos notáveis em diversas áreas do segmento: identificação de mato-competição por imagens de satélite, contagem de plantas por imagens de drone, identificação de florestas com danos com imagem de satélite, modelagem de dados LiDAR para estimativa de volume, câmeras de fadiga para caminhões de transporte de madeira, alertas de ocorrências de fumaça nas florestas por monitoramento de vídeo câmeras. Outras técnicas de IA podem prever o crescimento da floresta e a demanda de matéria-prima. Modelos de otimização podem melhorar a eficiência do transporte, colheita e alocação de recursos em geral para um planejamento mais assertivo.
A inserção de tecnologias emergentes estão se tornando ferramentas fundamentais para transformar e modernizar o setor. Um ponto importante de todo o processo de transformação é o uso de Inteligência Artificial como o meio e não o fim. O foco principal deve estar concentrado em priorizar entregas que geram valor para o negócio, utilizando de maneira prática, errando rápido e se adaptando de maneira evolutiva.
A execução dessa esteira é complexa e traz inúmeros desafios junto à aplicação. Um dos principais está relacionado com as pessoas envolvidas em toda a cadeia. Estar engajado e direcionado em um mesmo objetivo (curto prazo) e também em um mesmo propósito (longo prazo)
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certamente é a chave para o sucesso na adoção e criação de inovações em geral. As pessoas são o elo principal e responsáveis diretas em conectar a tecnologia ao processo/fluxo de trabalho em que estão inseridas. São elas que podem extrair o valor máximo que alguma tec nologia pode entregar. Integrar times com pertise técnica em dados e/ou tecnologias em geral dentro do negócio é uma alternativa que conecta os desafios e aproxima a mudança de cultura organizacional fomentada em toda a cadeia por meio de transformação digital.
Ainda nesse contexto, a escassez de mão de obra qualificada permanece sendo uma ques tão central. Habilidades como pensamento analítico, aprendizagem ativa e letramento digital serão fatores de sucesso para o futuro do trabalho nos próximos anos (2023-2027), de acordo com o relatório “Future of Jobs Re ports” publicado pelo World Economic Forum em 2023.
Agindo hoje e com uma visão de médio e longo prazo, o setor precisa fortalecer ainda mais as iniciativas e programas de capacita ção, focados em educação e desenvolvimento dessa mão de obra, no intuito de estar prepa rada e apta a encarar os desafios sob uma ótica diferente e transformá-los em oportunidades. Certamente haverá uma mudança significativa na forma como executamos hoje nossas tare fas cotidianas. n
Em comemoração aos 55 anos da Ponsse e 10 anos de parceria com a Timber!
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A automação no ambiente de trabalho é um tema cada vez mais relevante em todos os setores produtivos. Vivemos uma transformação industrial sem precedentes, em que a inovação tecnológica redefine processos e dinâmicas laborais. Embora essa mudança possa gerar incertezas no início, a verdade é que a automação traz inúmeros benefícios não apenas para as empresas, mas também para os trabalhadores e para o avanço da sustentabilidade.
Antes de aprofundarmos essa discussão, é essencial contextualizar o papel da Aperam BioEnergia, a maior produtora de carvão vegetal do mundo. A empresa mantém cerca de 100 mil hectares de florestas plantadas no Vale do Jequitinhonha e, desde 2010, eliminou o uso de coque em suas operações, adotando exclusivamente o carvão vegetal. Essa transformação tornou o processo produtivo mais sustentável, resultando na criação do Aço Verde Aperam e na conquista do balanço de carbono neutro. Aqui, na Aperam BioEnergia, compreendemos que a transição para um modelo automatizado é um caminho inevitável.
Por isso, investimos na capacitação contínua de nossos colaboradores, preparando-os para serem protagonistas dessa mudança. Nossa estratégia inclui qualificação profissional e investimentos em inovação, garantindo que a automação contribua para a produtividade e a competitividade sem comprometer o fator humano.
Sabemos que, muitas vezes, é necessário que a própria empresa forme sua mão de obra, qualificando profissionais para as novas demandas do mercado. Hoje, a indústria exige operadores com conhecimento multidisciplinar em mecânica, elétrica, eletrônica e mecatrônica, dada a complexidade e inovação dos equipamentos utilizados.
No Brasil, há um déficit de profissionais especializados. Máquinas com alto nível tecnológico exigem operações que demandam formação específica, muitas vezes escassa no mercado. Isso reforça a necessidade de uma postura proativa das empresas na capacitação de seus talentos.
Nesse contexto, valorizar os colaboradores é essencial. Na Aperam BioEnergia, incentivamos a qualificação interna, permitindo que nossos profissionais com muitos anos de experiência na empresa ampliem seus horizontes e transformem suas trajetórias. No passado, as oportunidades de desenvolvimento profissional eram mais limitadas. Hoje, com a automação, elas se expandiram significativamente.
Para apoiar essa transição, contamos com a Fundação Aperam, que investe na oferta de cursos e capacitações. Por meio dela, oferecemos
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Hoje, a indústria exige operadores com conhecimento multidisciplinar em mecânica, elétrica, eletrônica e mecatrônica, dada a complexidade e inovação dos equipamentos utilizados. "
Ezio Vinicius Santos Diretor de Operações da Aperam Bioenergia
Nova Família Sloped Tail Tigercat
LS857 e L877
A Tracbel Florestal e Logística é o distribuidor oficial da Tigercat TCi no Brasil. E apresenta seus mais recentes lançamentos: Os Fellers L877 e LS857
A eficiência nas operações florestais depende diretamente da escolha dos equipamentos certos para o trabalho. Os Fellers Tigercat L877 e LS857 são dois excelentes produtos se tornando modelos mais robustos e avançados, projetados para oferecer alta produtividade, controle e robustez em terrenos desafiadores. Com tecnologia de ponta e características específicas para maximizar o rendimento, se destacam como duas das principais opções para o corte da madeira em operações de colheita florestal.
Características Técnicas
Sistema de Giro Robusto
Novo sistema de giro extremamente resistente, preparado para suportar os desafios das operações florestais intensas. Sua base e rolamento de grande diâmetro oferecem estabilidade, mesmo em terrenos inclinados ou irregulares.
Motorização Tigercat FPT
Equipados com os motores Tigercat FPT N67 e C87, ambos entregam potência de sobra para as aplicações mais exigentes.
Benefícios dos novos produtos Tigercat “Sloped Tail”
Produtividade Elevada
O conjunto de potência, sistema hidráulico e robustez estrutural garante uma produtividade superior. Executam cortes rápidos e precisos, além de agrupar e posicionar a madeira de forma eficiente, reduzindo o tempo de ciclo das operações.
Maior Vida Útil e Menor Custo de Manutenção
Projetados para suportar longas jornadas e condições severas, os equipamentos oferecem alta durabilidade e menores custos com manutenção preventiva e corretiva. Seus componentes foram dimensionados para reduzir o desgaste e facilitar o acesso durante inspeções.
Eficiência Energética
O gerenciamento eletrônico do motor e o sistema hidráulico eficiente resultam em menor consumo de combustível, mantendo alta performance e reduzindo os custos operacionais.
Conforto e Segurança para o Operador
O bem-estar do operador impacta diretamente na produtividade. E a Tigercat preocupada com este importante tema, oferece cabines confortáveis, silenciosa e com excelente visibilidade, contribuindo para jornadas mais seguras e menos cansativas.
Os Tigercats L877 e LS857 são indicados para operações florestais de médio e grande porte que demandam alta capacidade de corte, agrupamento e manipulação de madeira em terrenos difíceis, declivosos ou de acesso limitado. São amplamente utilizados em:
• Colheita florestal em regiões com elevada declividade.
• Corte em florestas densas ou de madeira pesada.
• Operações que exigem grande resistência e durabilidade dos equipamentos.
• Ambientes que priorizam segurança, eficiência e produtividade.
Por que escolher os produtos Tigercat?
• Sistema de gerenciamento eletrônico de potência para otimização do desempenho.
• Eficiência energética obtendo menor consumo de combustível.
Sistema Hidráulico de Alto Desempenho
• Circuito hidráulico dedicado com capacidade para realizar múltiplas funções simultâneas.
• Melhor desempenho de corte, giro e movimentação, aumentando a produtividade no campo.
• Componentes de fácil manutenção e alta durabilidade.
Estrutura Reforçada
O chassi, a lança e a estrutura geral dos novos modelos L877 e LS857 foram projetados para resistir a aplicações extremas, suportando impactos constantes e elevadas cargas de trabalho.
Cabine Ergonômica e Protegida
• Cabine pressurizada, certificada ROPS, FOPS e OPS.
• Vidros em Policarbonatos resistentes e excelente visibilidade para segurança e controle.
• Controles ergonômicos e sistema de monitoramento intuitivo para reduzir a fadiga do operador.
Os Fellers Buncher e Direcional Tigercat combinam robustez, tecnologia e ergonomia, resultando em equipamentos ideais para atender às exigências das operações florestais modernas. Empresas que optam por produtos Tigercat conseguem elevar o nível de eficiência de suas operações, garantindo maiores resultados com menor custo operacional.
O equipamento demonstra na prática a filosofia Tigercat de oferecer máquinas projetadas para ambientes desafiadores, com foco em produtividade, segurança e rentabilidade.
Aliado a tudo isto, o fabricante está associado a um distribuidor de renome, como é a Tracbel Florestal e Logística, que oferece ao cliente um Pós-Vendas de classe mundial, com disponibilidade e facilidade de reposição de peças além de serviços qualificados. Venha conhecer nossa estrutura de suporte.
Seja em florestas densas, terrenos acidentados ou operações que exigem cortes de precisão e alto rendimento, os Tigercats Sloped Tail entregam o desempenho necessário para transformar desafios em resultados concretos.
Para saber mais acesse: www.tracbel.com.br/maquinas
Fale conosco: 0800 200 1000
qualificação profissional à comunidade, facilitando a inserção no mercado de trabalho, além de promover a especialização de profissionais já atuantes na área.
Graças a esse trabalho, os colaboradores da Aperam BioEnergia não veem a automação como uma ameaça, mas como uma oportunidade. Eles se sentem mais confiantes e preparados para as mudanças que estão por vir. A automação industrial é irreversível e benéfica: para os trabalhadores, significa melhores oportunidades e condições de trabalho; para as empresas, representa ganhos substanciais em produtividade e competitividade.
Automação da silvicultura
A silvicultura vive um momento único com os avanços da mecanização. Diante da necessidade de melhorar as condições de trabalho no campo e da escassez de mão de obra, a automação surge como uma solução estratégica para aumentar a produtividade e qualificar as oportunidades de trabalho.
Como parte da nossa transição para a Indústria 4.0, investimos fortemente em tecnologias inovadoras. Um exemplo disso é a parceria com a sueca Plantma Forestry e a Dealer Timber Forest, que nos permitiu adquirir duas unidades da Plantma-X em 2024.
Este equipamento inédito permite o plantio mecanizado de mudas de eucalipto em nossas florestas renováveis no Vale do Jequitinhonha, com alta qualidade e eficiência.
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Com essa iniciativa, a Aperam BioEnergia se tornou a primeira empresa no mundo a utilizar integralmente esse equipamento em plantios de eucalipto. A Plantma-X representa um avanço significativo em produtividade e sustentabilidade. Capaz de plantar até 2.700 mudas por hora, o equipamento georreferencia cada muda, permitindo o rastreamento do plantio. Essa inovação agrega precisão, qualidade e padronização às nossas operações, além de melhorar as condições de trabalho ao oferecer mais segurança, conforto e qualidade de vida aos colaboradores.
Para garantir a gestão eficiente dessa nova tecnologia, contamos com uma sala de controle florestal, que possibilita a comunicação online e em tempo real com todos os nossos equipamentos, garantindo um padrão operacional elevado.
Com toda essa transformação tecnológica, nos dedicamos a requalificar os profissionais que antes atuavam no plantio manual, capacitando-os para atividades de maior valor agregado. Esse movimento reforça o compromisso da Aperam BioEnergia com a sustentabilidade, a inclusão social e a valorização de seus talentos.
A transição para um modelo mais automatizado é, sem dúvida, um desafio. Mas, acima de tudo, é uma grande oportunidade para evoluirmos de forma sustentável, fortalecendo a conexão entre tecnologia, meio ambiente e sociedade. n
A Reflorestar está elevando o padrão da silvicultura, trazendo mais inovação, eficiência, precisão e segurança para cada etapa do processo –totalmente mecanizado.
Preparo de solo
Plantio
Irrigação
Limpeza de área
Tudo isso em uma mesma região, garantindo mais otimização e alto desempenho para as operações florestais.
Saiba mais em: reflorestar.ind.br
Durante muito tempo, as máquinas foram vistas como uma ameaça aos empregos. Hoje, no entanto, são aliadas fundamentais para a manutenção e evolução de diversas atividades no mercado. No setor florestal, a automação não apenas aprimora a segurança e a eficiência operacional, mas também valoriza a formação profissional, promovendo um novo ambiente de trabalho mais dinâmico e tecnológico.
Segundo a Fundação Getúlio Vargas, seis em cada dez empresas relatam dificuldades na contratação e retenção de colaboradores. Dentre essas, 75% apontam a contratação como o principal desafio na gestão de mão de obra. Esse número é ainda mais expressivo no setor operacional, onde a dificuldade sobe para oito em cada dez empresas.
Diante desse cenário, é natural que as lideranças empresariais invistam cada vez mais em inteligência artificial e automação para substituir tarefas repetitivas e garantir a produtividade, mesmo diante da escassez de mão de obra.
A Suzano tem-se destacado pelo programa de Educação Florestal Continuada. Nos últimos 10 anos, esse programa impactou mais de 6 mil colaboradores, somando 25 mil horas de conteúdo em 15 diferentes temas. "
Pablo Cadaval Santos
Diretor de Sustentabilidade, Pesquisa e Inovação da Suzano
Um estudo da KPMG International revelou que o interesse por tecnologias como IA (Inteligência Artificial), análise de dados e computação em nuvem mais que triplicou no último ano, saltando de 10% para 38%.
Na Suzano, esses desafios também são uma realidade. Para enfrentá-los, temos desenvolvido ferramentas e algoritmos que otimizam processos e integram informações florestais, transformando dados em insumos para decisões mais assertivas.
Entre as iniciativas, destacamos o desenvolvimento de um algoritmo de previsibilidade climática baseado em IA, que supera as previsões de mercado e permite antecipar cenários para otimizar operações como plantio, adubação e combate a incêndios.
No mesmo sentido, estamos criando uma ferramenta para prever a ocorrência de pragas e doenças, permitindo ações proativas que minimizam impactos ambientais e reduzem custos operacionais.
Outro avanço é o sistema de alocação clonal, impulsionado por big data e IA. Essa solução multiplicou por 15 a capacidade de geração de cenários, possibilitando a escolha ideal dos clones de eucalipto para cada área de plantio.
A ferramenta Tetrys, desenvolvida para esse fim, considera variáveis como temperatura, pluviosidade, altitude e tipo de solo, garantindo maior segurança nos plantios e aumentando a produtividade florestal e industrial. Desde sua implantação, mais de 860 milhões de mudas foram alocadas estrategicamente.
A inovação também impacta diretamente na demanda por mão de obra, promovendo eficiência em processos como coleta autônoma de dados, redução da necessidade de amostragem de solo e monitoramento remoto da nutrição florestal.
No entanto, para um setor que emprega 20% dos trabalhadores brasileiros, a tecnologia sozinha não basta. É essencial investir em estratégias para tornar as carreiras corporativas mais atraentes, modernizando rotinas de trabalho e promovendo treinamentos que
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preparem profissionais para atuar em um ambiente cada vez mais inovador.
Nesse contexto, a Suzano tem-se destacado pelo programa de Educação Florestal Continuada, parte da Extensão Tecnológica. Nos últimos 10 anos, esse programa impactou mais de 6 mil colaboradores, somando 25 mil horas de conteúdo técnico em 15 diferentes temas. A iniciativa garante que o conhecimento gerado pela pesquisa florestal alcance todas as áreas da empresa, promovendo conexões que atraem e retêm talentos.
Embora as tecnologias emergentes tragam eficiência e produtividade, elas seguirão demandando profissionais qualificados para operá-las. A inclusão da nova geração nesse ecossistema requer uma revisão dos modelos educacionais tradicionais, alinhando a qualificação profissional às reais demandas do mercado e a um ambiente de trabalho diferenciado.
Em um mundo onde apenas 2% dos trabalhadores desejam avançar na hierarquia corporativa, a tecnologia não é o único desafio. É preciso realinhar expectativas, investir em formação contínua, desenvolvimento pessoal, propósito e flexibilidade e compreender que a disponibilidade de mão de obra qualificada será um dos principais fatores para a competitividade das empresas no futuro. n
Na ferrenha disputa para atrair, contratar e reter talentos, as empresas estão apostando cada vez mais em estratégias que vão além das convencionais. Se antes treinamento e desenvolvimento (T&D) não era pauta primordial da alta administração, agora percebemos uma maior receptividade para essa conversa, como mostra o Relatório de Aprendizagem no Local de Trabalho de 2024, publicado pelo LinkedIn. Esse movimento reflete a compreensão de que a capacitação dos colaboradores e uma cultura de aprendizagem sólida são diferenciais estratégicos, impulsionando a retenção de talentos, a produtividade e a competitividade.
Empresas que investem em treinamentos estruturados e acessíveis garantem maior engajamento de seus profissionais, promovendo um ciclo contínuo de desenvolvimento e inovação.
O manejo e a condução de florestas demandam conhecimento técnico especializado. Se já é desafiador contratar profissionais qualificados, estruturar processos de aprendizagem eficazes para capacitar a mão de obra operacional torna-se ainda mais complexo.
Historicamente, o Brasil investiu na formação de engenheiros e técnicos florestais desde a década de 1960, enquanto trabalhadores da base (operadores, mecânicos, motoristas, entre outros) estavam amplamente disponíveis. No entanto, esse cenário mudou, tornando necessária a criação de soluções para garantir uma força de trabalho preparada para as exigências atuais do setor.
A automação vem transformando os processos operacionais no setor florestal e exigindo novas abordagens para a formação profissional. As empresas precisam equilibrar a capacitação técnica tradicional com o desenvolvimento de novas competências voltadas para o manuseio e monitoramento de tecnologias avançadas. Profissionais que antes realizavam atividades manuais agora precisam operar sistemas automatizados e interpretar dados para otimizar o desempenho operacional.
As empresas precisam equilibrar a capacitação técnica tradicional com o desenvolvimento de novas competências voltadas para o manuseio e monitoramento de tecnologias avançadas. "
Marilu Ramos Coordenadora do Centro de Treinamento
Operacional da Eldorado Brasil
Nesse cenário, o treinamento deve evoluir com a tecnologia, garantindo que os colaboradores estejam preparados para atuar em um ambiente cada vez mais digital e automatizado.
Diante desse desafio, as empresas estão investindo em alternativas para capacitação, tanto por meio de estratégias internas quanto pelo desenvolvimento de iniciativas voltadas às comunidades ao redor.
Muitas dessas ações já são benchmarking no setor. Contudo, um dos principais entraves ainda é a falta de agilidade na formação de competências, uma vez que a reposição de profissionais qualificados não acompanha a velocidade das saídas.
Antes de explorarmos soluções para acelerar o desenvolvimento de competências, é fundamental compreender os desafios desse processo. Profissionais de T&D enfrentam dificuldades em cumprir todas as etapas da aprendizagem: planejamento, implementação e avaliação dos resultados.
Esta última, em especial, continua sendo um gargalo, pois muitas empresas investem em programas abrangentes e onerosos, mas falham em demonstrar os impactos gerados.
A avaliação deve evidenciar melhorias no desempenho, engajamento, avanço no conhecimento, mudanças comportamentais e retorno sobre o investimento (ROI).
Quando bem estruturados, esses programas ganham credibilidade, atraem apoio interno e justificam novos investimentos. Para superar esse desafio, é necessário um monitoramento contínuo do impacto das capacitações, bem como a aplicação de metodologias que permitam ajustes rápidos e eficazes.
Para impulsionar o desenvolvimento de competências, a personalização dos programas é essencial. A aprendizagem deve refletir a realidade do campo, com exposição a condições reais de trabalho, equipamentos e rotinas operacionais.
Além disso, é crucial adaptar a capacitação à disponibilidade de tempo dos colaboradores e às demandas das áreas solicitantes. Programas bem direcionados promovem maior engajamento e facilitam a mensuração dos resultados.
A efetividade do treinamento não depende apenas da qualidade do conteúdo e dos recursos utilizados, mas também do tempo dedicado à capacitação.
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Qualificação de tratorista: prática de condução e manobras
Qualificação na operação de forwarder: aula prática de formação de pilhas ;
Para que os colaboradores adquiram habilidades técnicas e comportamentais suficientes para atuar com segurança e assertividade no campo, é essencial que os programas de treinamento sejam estruturados de forma a equilibrar teoria e prática.
Treinamentos curtos podem ser eficazes para reciclagem ou atualização, mas a formação inicial exige um período mais extenso, permitindo que os profissionais compreendam os processos, simulem cenários reais e desenvolvam autonomia na tomada de decisões. O tempo adequado de capacitação reduz erros operacionais, melhora a eficiência no trabalho e contribui para um ambiente mais seguro e produtivo, refletindo diretamente nos resultados da organização.
Nesse contexto, a internalização do treinamento se destaca como uma solução eficiente. A criação de centros de treinamento próprios, equipados com máquinas e tecnologias utilizadas na operação, permite um aprendizado mais próximo da realidade de trabalho.
O sucesso de qualquer programa de capacitação depende não apenas da estrutura e dos recursos disponíveis, mas também da preparação daqueles que estão à frente dos treinamentos: os instrutores. Investir no desenvolvimento desses profissionais é essencial para garantir que os conteúdos sejam transmitidos de forma clara, eficaz e alinhada às necessidades do setor.
Isso inclui a capacitação contínua dos instrutores em metodologias ativas de ensino, uso de tecnologias educacionais, técnicas de comunicação e feedback, além do aprimoramento técnico constante. Instrutores bem-preparados não apenas elevam a qualidade do aprendizado, mas também servem como referências para os colaboradores, fortalecendo o engajamento e a retenção do conhecimento dentro da organização.
Um exemplo bem-sucedido dessa abordagem é a iniciativa da Eldorado Brasil, com o Centro de Treinamento Itinerante Florestal (CTIF), inaugurado em fevereiro de 2024. Destinado à capacitação e aperfeiçoamento de mais de 2.000 colaboradores operacionais, o CTIF oferece mais de 100 treinamentos distintos em 8 unidades móveis, contando com mais de 20 máquinas e equipamentos em uma área de 3 hectares.
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Este espaço conta ainda com um campo de provas, que é uma área destinada às práticas com os equipamentos, e permite a simulação de manobras e também o embarque e desembarque destes equipamentos em caminhão prancha. Anualmente, são realizadas mais de 70 mil horas de formação, abrangendo cerca de 4 mil pessoas. Os impactos desse investimento são evidentes nos indicadores de produtividade, que superam metas mensais e anuais. Não é à toa que esses investimentos em aprendizagem têm gerado uma conexão e um propósito aos colaboradores, que percebem o valor do aprendizado, fortalecendo seu compromisso com a empresa e sua evolução profissional.
No entanto, as ações de aprendizagem devem ir além do treinamento formal. O acompanhamento contínuo do colaborador no ambiente de trabalho é fundamental para consolidar os conhecimentos adquiridos e garantir aplicação prática eficiente.
Treinamentos que oferecem feedback imediato e suporte técnico em campo possibilitam uma curva de aprendizagem mais eficiente e uma melhor retenção dos conhecimentos adquiridos.
Precisamos avançar na personalização e na construção conjunta com o cliente, acompanhando também as tendências de aprendizagem, como a microaprendizagem e a nanoaprendizagem. A formação de competências operacionais na era digital exige metodologias dinâmicas e acessíveis.
O público atual consome informação de maneira fragmentada e ágil; portanto, reinventar o treinamento técnico é essencial para garantir o sucesso da capacitação e evitar desafios futuros ainda maiores.
Além disso, com a crescente automação e o uso de máquinas inteligentes, a curva de aprendizado precisa ser mais rápida e focada no desenvolvimento de novas habilidades, como a interpretação de dados, a operação de equipamentos automatizados e a resolução de problemas complexos. Empresas que investirem nessas abordagens estarão na vanguarda da capacitação profissional, preparando sua força de trabalho para um futuro altamente tecnológico e competitivo. n
Algumas poucas décadas atrás seria praticamente impossível imaginar que esse dia chegaria. Afinal de contas, em um passado recente, havia oferta suficiente de mão de obra e as previsões de expansão do setor florestal não apontavam para um crescimento acelerado. Além disso, as instituições de ensino, pesquisa e extensão não enfrentavam dificuldades para selecionar e formar jovens talentos com o sonho de ingressar no setor florestal, mesmo que para isso fosse necessário mudar para cidades e regiões com pouca infraestrutura. Hoje, o cenário é totalmente diferente e, para reequilibrar a oferta e demanda de mão de obra, torna-se importante repensar o papel das empresas na formação de profissionais do futuro.
Em matéria recente escrita para a Revista Opiniões, busquei explorar um pouco mais sobre a relação entre universidades e empresas como parceria estratégica para formação técnica profissional. Partindo desse ponto, é importante entender que, além de desenvolver novos conhecimentos e tecnologias, a aproximação das empresas com as universidades fomenta o ensino,
As empresas precisam lidar com as diferenças e potencialidades das diferentes gerações. No setor florestal estamos observando uma mistura de diferentes gerações e o fechamento do ciclo profissional daqueles pioneiros da área. "
Reginaldo Gonçalves Mafia
Gerente de Pesquisa e Desenvolvimento em Manejo Florestal da Bracell-BA
o treinamento e a capacitação de novos talentos profissionais, mais aderentes com as necessidades do setor produtivo.
Ao longo do tempo foram desenvolvidas várias formas de coparticipação das empresas, incluindo estágios, projetos de pesquisa cooperativa, programas de visitação técnica e de primeiro aprendizado, entre outros.
Estas iniciativas, quando implementadas de forma estruturante, geram vários resultados importantes, inclusive são eficazes para despertar o interesse dos jovens pela carreira na área florestal. Ou seja, a formação de novos talentos depende da ação conjunta das universidades e empresas, mas também da iniciativa dos próprios estudantes.
O estabelecimento de parcerias com as universidades é um primeiro passo, mas o papel das empresas pode ir muito além disso. Atualmente, outra restrição importante é a existência de cursos profissionalizantes ou mesmo técnico-científicos desalinhados com as demandas e desafios atuais. Somente para citar um exemplo, existe uma imensa demanda por profissionais da área de ciência de dados e programação. Neste sentido, os cursos de Engenharia Florestal poderiam incorporar esse tipo de conhecimento e enriquecer a formação acadêmica dos novos profissionais.
O desenvolvimento de novos profissionais, com conhecimentos e habilidades direcionadas para a área florestal, depende da ação de três atores principais, podendo ter direções distintas, mas com o mesmo sentido.
1.Universidade e institutos de ensino, pesquisa e extensão:
• Modernização dos cursos técnicos e profissionalizantes,
• Desenvolvimento de projetos cooperativos com empresas,
• Incentivo para participação das empresas na formação dos profissionais,
• Maior incentivo para pesquisas e tecnologias com aplicação prática, e
• Alinhamento com demandas do setor produtivo.
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O modelo de aprendizado também pode ser aprimorado, considerando as características das novas gerações.
Os novos profissionais devem estar preparados para enfrentar desafios multidisciplinares, com aprendizado mais voltado à experiência prática, de forma a estimular a criatividade e a capacidade de solucionar problemas mais complexos. Mas, para que estas mudanças possam acontecer, será necessário que as empresas se aproximem ainda mais das universidades e dos institutos de ensino.
2.Novas gerações de estudantes:
;
• Participação ativa em programas de estágio e de intercâmbio,
• Participação em projetos de iniciação científica,
• Execução de atividades de extensão florestal, e
• Participação ativa de programas cooperativos.
3.Empresas florestais:
• Programas de estágio e de primeiro aprendizado profissional,
• Estabelecimento de convênios de pesquisa cooperativa,
• Capacitação e qualificação de mão de obra,
• Ações para aumentar atração, desenvolvimento e retenção de talentos, e
• Programas de visitas técnicas e cursos in company
Após contribuir na formação dos novos profissionais, em termos de quantidade e qualidade, as empresas passam para a segunda fase do desafio, a qual pode ser resumida no tripé de atração, desenvolvimento e retenção dos talentos.
E aqui estão grandes oportunidades, pois uma série de mudanças ocorreu, impulsionadas pelo perfil das novas gerações, acesso e desenvolvimento de novas tecnologias e pelo próprio mercado de trabalho.
Atualmente, a busca por flexibilidade, acesso a novas tecnologias e mais espaço para inovação, bem-estar no trabalho e maior equilíbrio entre a vida pessoal e profissional aparecem, muitas vezes, como diferenciais na escolha do emprego.
Dessa forma, as empresas precisam encontrar um equilíbrio entre estes requisitos e, logicamente, com aqueles ligados ao comportamento e performance dos profissionais, de forma a criar um bom ambiente de trabalho, com equipes de alta performance
O desenvolvimento contínuo dos profissionais, após a contratação, é fundamental para manter o engajamento e melhoria do capital intelectual.
Nesse sentido, vários programas podem ser desenvolvidos, inclusive com a participação das universidades e institutos de ensino em cursos in company , visando acelerar as curvas de aprendizado.
Na área florestal muitas vezes pode-se utilizar também os próprios recursos internos, geralmente profissionais especialistas e com grande experiência para realizar treinamentos e capacitação em programas de aprendizagem contínua.
Além de criar um círculo virtuoso de aprendizado, por meio dessas iniciativas, garantimos também o alinhamento de conceitos e dos processos da própria empresa. Após todas essas etapas, ainda é necessário melhorar os programas de retenção dos talentos. Em função do aquecimento do mercado de trabalho e de outros fatores, o que se observa hoje é uma alta rotatividade de profissionais nas empresas.
Logicamente, além de aumento dos custos, esse movimento traz implicações diretas ao próprio negócio, incluindo perda de capital intelectual, falta de continuidade e retrabalho, risco sobre as informações estratégicas, entre outros.
Para contornar esse problema, várias ações podem ser adotadas, incluindo maior atenção e mudança da postura das lideranças. Como se sabe, pessoas não são como máquinas e equipamentos.
É comum, infelizmente, encontrar gestores que acabam perdendo pessoas importantes em função de suas limitações no papel de liderança.
Além disso, nos últimos anos vários processos foram desenvolvidos para avaliação de desempenho, muitos dos quais apresentam falhas importantes.
Esses processos, se não forem conduzidos de forma transparente e responsável, muitas vezes acabam prejudicando o desenvolvimento e a própria retenção dos talentos da companhia.
As empresas ainda precisam lidar, de forma ainda cuidadosa, com as diferenças e potencialidades das diferentes gerações. No setor florestal não é diferente, pois estamos observando uma mistura de diferentes gerações e o fechamento do ciclo profissional daqueles pioneiros da área.
Essa mistura e diversidade de gerações é extremamente benéfica, se for corretamente explorada. As novas gerações são altamente adaptáveis, valorizam flexibilidade e autonomia, sendo normalmente muito criativas.
Por outo lado, as gerações dos profissionais mais experientes são resilientes e persistentes, apresentam alto engajamento ao trabalho e, em função da experiência profissional, sabem direcionar os esforços para maior efetividade.
Encontrar formas de aproveitar esta diversidade é extremamente poderoso, principalmente em um ambiente de negócios mais volátil e cheio de incertezas.
Ao observar o cenário atual é possível entender que o mais desafiador não é conhecer somente os aspectos técnicos e de negócios da área florestal.
Hoje, para qualquer gestor, tornou-se mais relevante exercitar a liderança, de forma adequada para atração, desenvolvimento e retenção dos talentos.
Ao investir tempo, recursos e dedicação para formação de novos talentos profissionais, desempenhamos um papel protagonista, essencial para manter o sucesso da área florestal. n
No final do ano passado, me aposentei da Embrapa depois de 35 anos e uma vida profissional riquíssima. Muito da minha carreira foi ligada à gestão e à inovação. Brinco que tive oportunidades de viajar a trabalho para 25 estados brasileiros e para 25 países da África. Os principais focos do meu trabalho eram ler sobre diferentes assuntos florestais e discutir com diferentes pessoas como a tecnologia poderia nos levar para a frente.
Ao longo dos anos, várias tecnologias se propunham a resolver problemas do mundo e ameaçavam empregos florestais. Cultura de tecidos, plantios de quiri, máquinas de colheita, automação de viveiros, sistemas computadorizados de corte em serrarias entre outros. Foram tecnologias importantes, mas não resolveram todos os problemas do mundo e não acabaram com empregos; simplesmente se integraram aos nossos sistemas produtivos, mudando a natureza de serviços e gerando uma necessidade de profissionais diferentes para aplicá-los.
Nestes últimos tempos, a inteligência digital (IA) é a bola da vez, está por todo canto. Resolverá todos os problemas e mudará nossas vidas. Será que vamos ter robozinhos fazendo de tudo para ficarmos na sombra e água fresca ou será que eles aprenderão tantas coisas e passarão a querer nos dominar?
Voltando à minha história de vida, a aposentadoria não representava um desafio econômico, pois me preparei para ela. No entanto, ela gerou um medo de estagnação intelectual muito grande, e decidi trabalhar em 3 frentes:
• Voltei para a universidade e fui fazer um curso na London Business School sobre IA em Negócios. O curso não se propunha a ensinar como se programa IA, mas sim a ver como ela se encaixa em negócios.
• A convite do José Totti, me juntei a um grupo excepcional de 10 florestais em um clube de investimentos chamado Colligo. Nosso objetivo é apoiar startups florestais e agrícolas a se tornarem negócios sólidos, investindo conhecimento e recursos financeiros.
• Eu me envolvi com construções de madeira, porque acredito que este tipo de construções são uma das grandes inovações do momento.
Resolvi contar todo esse preâmbulo como uma apresentação do tema da inteligência artificial, cruzando o que aprendi nas aulas e o que tenho aprendido em nossa experiência de promover negócios inovadores no Colligo.
Quando falamos em IA, nos referimos à capacidade das máquinas de perceberem seu ambiente e tomarem decisões que maximizam seus objetivos. Esses dispositivos, que podem ser máquinas ou computadores, imitam funções cognitivas humanas, como aprendizagem, comunicação e resolução de problemas.
É comum confundir IA com aprendizado de máquina (machine learning). O aprendizado de máquina é um ramo da IA que estuda algoritmos capazes de melhorar automaticamente por meio da experiência, sem a necessidade de programação explícita.
Ao longo dos anos, várias tecnologias se propunham a resolver todos os problemas do mundo e ameaçavam empregos florestais. Não resolveram todos os problemas e não acabaram com empregos; simplesmente se integraram aos sistemas. "
Erich Gomes Schaitza Consultor e Membro do Clube de Investimentos Colligo
Esses algoritmos fazem previsões e tomam decisões com base em dados, mas sempre sob supervisão, permitindo que aprendam com seus acertos e erros. Assim, o aprendizado de máquina é uma das técnicas fundamentais dentro do campo da IA. Ela é construída sobre grandes bases de dados, que são processadas por algoritmos para gerar os resultados desejados. Isso nos leva a uma importante oportunidade de trabalho na área: o desenvolvimento de bases de dados robustas que sirvam como suporte para a manipulação de algoritmos. É crucial que essas bases de dados sejam bem estruturadas, pois dados mal elaborados podem resultar em produtos distorcidos e preconceituosos, gerando respostas não confiáveis.
O avanço e a aplicação da IA estão intimamente ligados ao recente desenvolvimento de diversos tipos de sensores, que possibilitam a criação de grandes bases de dados e a coleta de informações em tempo real. Por exemplo, a empresa Treevia instala sensores nas florestas de seus clientes, coletando 17 tipos de dados em tempo real, como umidade, temperatura e crescimento das árvores, que são integrados em seus modelos de gestão. Outra empresa, a ONS, analisa múltiplas imagens de satélite de uma mesma área, fornecendo informações sobre diferentes aspectos do uso da terra em tempo quase real.
O setor de IA está em rápida evolução, impulsionado pela disponibilidade de várias plataformas que desenvolveram bibliotecas de algoritmos. Essas bibliotecas podem ser rapidamente organizadas em aplicativos utilizando dados dos usuários. Exemplos de plataformas incluem ChatGPT, Gemini, DeepSeek, Rekognition, Detectron, Amazon Web Services, Google Cloud Platform, PyTorch, R, TensorFlow, Microsoft Azure e Scikit-learn, entre outras. Algumas são gratuitas, enquanto outras são pagas, e cada uma se destaca em áreas específicas, como processamento de linguagem natural ou reconhecimento e tratamento de imagens.
Quando olho para a área florestal, vejo inúmeros usos para a IA, alguns já em implementação ou desenvolvimento:
• Treinamentos e manuais operacionais: com a construção de guias de interativos customizados para a situação de cada empresa. Ferramentas que mesclem realidade virtual a bases de dados florestais do tipo “identificação e controle de pragas do eucalipto”, “como identificar ninhos de saúva e quém-quém”, “combate a percevejos” e sistemas de reconhecimento de insetos podem qualificar técnicos rapidamente e serem adaptados a pragas do momento.
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• Construção de um sistema nacional de alerta de pragas, com armadilhas dispostas estrategicamente perto de portos e pátios de madeira, coletando insetos e por análise de imagens identificando-os. Um sistema bacana a ser construído pela nossa indústria em parceria com o Ministério de Agricultura e com órgãos de defesa sanitária estaduais. Dá para treinar as armadilhas para identificarem qualquer inseto nacional, chileno, chinês ou americano, e lançar alertas de perigo.
• Um trabalho semelhante pode ser em escala regional ou de empresas para monitorar pragas, conhecidas e desconhecidas, das mais diversas, incluindo aí formigas, macacos, vespa, percevejos etc.
• Sistemas de sensoriamento remoto, por satélite, ou por sensores colocados em torres ou satélites que varram florestas de forma contínua e determinem o perigo de incêndios florestais em tempo real, ligados a sistemas de alerta e de combate.
• Desenvolvimento de equipamentos com IoT, medindo e adaptando processos conforme mudanças ambientais, encontrando pontos de risco e combatendo-os automaticamente, com drones e tratores autodirigíveis.
• Sistemas de inventário rápido, por sensoriamento remoto, que forneçam o estoque de carbono em plantios florestais, com metodologias aceitas por certificadores e compradores de carbono, algo relativamente fácil nos plantios industriais, mas extremamente complexo em áreas de manejo e plantios de restauração.
A implementação de soluções de inteligência artificial não acontece sem uma organização empresarial para a manter. Temos visto excelentes soluções técnicas com Inteligência Artificial embutida, desenvolvidas em pequena escala, mas que não irão para a frente por não terem como aumentar a escala e por não terem sido pensadas como um negócio que seja comprável por empresas e que dê lucro para seus desenvolvedores.
Precisamos nos organizar para que ferramentas de IA deixem de ser trabalhos acadêmicos geniais e se transformem em negócios inovadores. Para isso, só criando mecanismos de apoio à inovação, mais clubes de investimento em inovações florestais, assumindo parte do risco de desenvolvimento, para lá na frente colher lucros.
A solução alternativa é esperar que desenvolvam produtos em países onde o sistema de inovação é forte e venham nos vender soluções que poderíamos ter gerado em casa. n
O setor florestal brasileiro tem passado por transformações significativas nos últimos anos, impulsionado pela necessidade crescente de mecanização das operações, pelas oscilações cambiais e pelo aumento expressivo nos preços das máquinas e insumos. Empresas que operam no segmento enfrentam desafios estratégicos para equilibrar investimentos e otimizar custos operacionais sem comprometer a produtividade e a sustentabilidade de suas atividades.
De acordo com o Relatório Anual da Indústria Brasileira de Árvores – Ibá, em 2023 o valor bruto do setor de árvores cultivadas alcançou R$ 202,6 bilhões, representando cerca de 0,9% do PIB nacional, com 10,2 milhões de hectares de florestas plantadas. Essa expansão reforça a importância da mecanização para atender à demanda crescente por eficiência produtiva. O mercado global de equipamentos florestais apresentou crescimento expressivo, com previsão de expansão de US$ 10,59 bilhões em 2023 para aproximadamente US$ 12,98 bilhões até 2028, registrando uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de 4,15%. Esse cenário mundial se reflete diretamente no mercado brasileiro, especialmente devido à alta dependência do país em relação a equipamentos importados.
Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos – Abimaq, o Brasil importa cerca de 65% das máquinas florestais utilizadas no país. Esse cenário expõe as empresas brasileiras aos riscos decorrentes das variações cambiais, que aumentam consideravelmente os custos operacionais.
Dados do Banco Central do Brasil revelam que, entre 2018 e 2023, houve uma valorização cambial média acima de 50% no dólar. Essa oscilação impacta diretamente o planejamento de investimentos das empresas florestais, que enfrentam custos elevados para a aquisição de máquinas novas e para peças de reposição.
A mecanização das operações florestais é um fator essencial para a competitividade no mercado. No entanto, a elevação dos preços das máquinas e equipamentos tem sido uma preocupação para os gestores do setor. Segundo a Abimaq, os preços das máquinas florestais tiveram um aumento de até 25% entre 2021 e 2023. Essa elevação foi impulsionada por diversos fatores:
• Escassez global de matérias-primas, como aço e componentes eletrônicos, elevando os custos de produção;
• Aumento nos custos logísticos decorrente da crise global de contêineres e dificuldades no transporte marítimo;
• Desvalorização cambial, encarecendo máquinas e peças importadas, uma vez que boa parte dos equipamentos florestais é adquirida no exterior.
O Brasil importa cerca de 65% das máquinas florestais utilizadas no país. Esse cenário expõe as empresas brasileiras aos riscos decorrentes das variações cambiais, que aumentam consideravelmente os custos operacionais. "
Igor Dutra de Souza Diretor Florestal da Reflorestar
A idade média das máquinas em operação também se tornou um desafio para as empresas, visto que muitas têm postergado investimentos em novos equipamentos, elevando custos com manutenção e reduzindo eficiência operacional. Isso gera um dilema para os gestores, que precisam decidir entre realizar compras antecipadas para evitar altas futuras ou adiar investimentos na esperança de um câmbio mais favorável.
Estratégias financeiras, como o leasing operacional, vêm sendo amplamente adotadas para renovar a frota e mitigar o problema. O “aluguel de equipamentos” oferece benefícios importantes como a redução do desembolso inicial, permitindo maior disponibilidade financeira para outros investimentos.
Além disso, ao fixar as parcelas em moeda nacional, proporciona proteção contra a volatilidade cambial, contribuindo para uma gestão financeira mais previsível e segura. A renovação constante da frota viabilizada por este tipo de locação também diminui os custos com manutenção, garantindo máquinas mais modernas e eficientes em operação.
Por outro lado, é essencial considerar que o leasing pode trazer algumas desvantagens, como custos totais potencialmente maiores ao longo do prazo contratual em comparação com a aquisição direta. A rigidez contratual do leasing operacional, com possíveis penalidades por rescisões antecipadas, pode limitar a flexibilidade das empresas diante de mudanças rápidas na demanda ou no mercado, exigindo uma análise criteriosa das cláusulas antes da contratação.
Além dos desafios financeiros, a mecanização traz a necessidade urgente de capacitação profissional específica, uma vez que equipamentos modernos requerem profissionais qualificados para garantir eficiência e segurança nas operações. O Relatório Anual da Ibá destaca que a capacitação contínua é fundamental, especialmente devido à rápida evolução tecnológica das máquinas empregadas atualmente no mercado.
Esse é um desafio considerável, já que a formação de operadores especializados envolve investimentos substanciais em infraestrutura, contratação de instrutores qualificados, aquisição de simuladores sofisticados e realização de treinamentos contínuos.
Isso exige desembolsos financeiros elevados que se somam aos custos operacionais já existentes. O retorno desse aporte em capacitação é, geralmente, de médio a longo prazo, uma vez
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que a formação técnica especializada demanda tempo até que os profissionais atinjam o desempenho esperado.
A mecanização das operações tradicionalmente manuais oferece benefícios importantes ao setor florestal, como aumento da segurança no trabalho, redução significativa dos riscos de acidentes, melhoria das condições ergonômicas e maior conforto para os trabalhadores.
A mecanização também se torna uma alternativa eficaz diante da crescente escassez de mão de obra rural, realidade vivenciada em diversas regiões produtoras do país. Apesar disso, a substituição de atividades manuais por processos mecanizados ainda enfrenta resistência, visto que alguns ainda apresentam custos elevados.
Entretanto, a mecanização é uma realidade necessária para o desenvolvimento e aperfeiçoamento das soluções florestais. Ocorreu desta forma com a atividade de colheita florestal e não será diferente com a silvicultura.
Para lidar com a demanda de capacitação de mão de obra, diversas empresas têm estabelecido parcerias com instituições técnicas e fabricantes de equipamentos, oferecendo cursos especializados e programas estruturados de treinamento contínuo. Iniciativas bem-sucedidas incluem academias corporativas, treinamentos práticos em simuladores de última geração e certificações técnicas reconhecidas pelo mercado.
Embora esses programas representem uma solução eficaz a longo prazo, o alto custo inicial e o tempo requerido para qualificar plenamente os profissionais são desafios adicionais que as empresas precisam considerar em seus planejamentos financeiros.
O setor florestal brasileiro precisa se reinventar para lidar com a situação imposta pelo aumento dos custos de máquinas, flutuações cambiais e a necessidade de mecanização. A busca por soluções estratégicas, como adoção de novas tecnologias, financiamentos flexíveis, otimização no uso de equipamentos entre as operações florestais, combinada com a capacitação de profissionais especializados, representa o caminho mais seguro para o sucesso das operações florestais.
Diante desse cenário, empresas que conseguirem equilibrar inovação, mecanização e gestão eficiente de custos estarão mais bem posicionadas para superar essas adversidades econômicas e operacionais, garantindo produtividade, sustentabilidade e competitividade nos próximos anos. n
O setor florestal desempenha um papel vital no equilíbrio ecológico e na economia global, sendo responsável não apenas pela preservação dos ecossistemas naturais, mas também porque fornece recursos essenciais para diversas indústrias. No entanto, à medida que o setor cresce e se adapta às novas exigências do mercado, surgem desafios importantes, como a necessidade de qualificação profissional contínua e a integração das tecnologias emergentes nas práticas de manejo e produção. Nesse cenário, a formação científica se destaca como uma ferramenta essencial para garantir que o setor se desenvolva de maneira sustentável e inovadora, ao mesmo tempo em que se adapta às novas tecnologias e metodologias que surgem constantemente.
Consultores e fornecedores de insumos e tecnologias, por sua vez, desempenham um papel essencial, não apenas oferecendo suporte contínuo e tecnologias avançadas, mas também incorporando esse conhecimento científico nas soluções que fornecem. "
Fabrício Gomes de Oliveira Sebok
Gerente de Desenvolvimento de Produtos na Envu
Essa formação traz maior robustez nas decisões de manejo e no desenvolvimento tecnológico, favorecendo o potencial do setor. Profissionais bem formados cientificamente têm uma compreensão aprofundada de temas como as interações ecológicas e das tecnologias emergentes, permitindo decisões mais informadas e eficazes. Essa combinação fortalece a sustentabilidade e impulsiona o desenvolvimento de novas tecnologias, promovendo a produtividade e a eficiência operacional.
Ainda, mesmo quando voltada para o viés profissionalizante, desempenha um papel central em aumentar a qualidade e a profundidade do conhecimento aplicado nas atividades da cadeia florestal. ;
Muitos programas de formação voltados para o mercado de trabalho não devem se limitar a ensinar habilidades práticas básicas, mas sim promover uma abordagem que inclua a aplicação de conceitos científicos, teorias e o uso de tecnologias.
Isso significa que mesmo os cursos focados na formação técnica, como os voltados para técnicos de manejo ou operadores de máquinas, devem integrar, de maneira prática, os conhecimentos científicos necessários para que os profissionais não apenas executem tarefas, mas também compreendam o impacto e a importância de suas ações dentro de um contexto ambiental e tecnológico mais amplo. Por exemplo, técnicos especializados em monitoramento florestal não devem se restringir ao uso de equipamentos e ferramentas, mas também devem ser capazes de interpretar estes dados e, ainda assim, avançar na busca por novas oportunidades tecnológicas. Isso exige um entendimento científico básico que permita ao profissional não apenas operar as ferramentas, mas também tomar decisões críticas com base nos dados obtidos, considerando as implicações ambientais e de manejo sustentável.
Dessa forma, a formação científica cria uma base mais sólida preparando os profissionais para enfrentar desafios imprevistos e adaptar suas práticas de maneira eficiente e sustentável.
Consultores, sejam independentes ou vinculados a instituições públicas, também desempenham um papel crucial nesse processo. Através de suas consultorias, esses profissionais elevam constantemente o nível científico no setor, aplicando conhecimentos atualizados e práticas inovadoras que impactam diretamente a gestão florestal e o uso de novas tecnologias. Suas contribuições ajudam a integrar a pesquisa científica ao mercado, promovendo soluções práticas e sustentáveis que atendem às necessidades de empresas e órgãos públicos.
Além disso, os fornecedores de insumos e tecnologias desempenham um papel fundamental ao atender com tecnologias de ponta. Muitas dessas empresas têm, em sua base de criação e inovação, a colaboração de cientistas que contribuem com pesquisas e experimentações que resultam em produtos que atendem às necessidades do mercado.
Esses fornecedores não apenas oferecem produtos, mas também oferecem apoio contínuo em consultorias e treinamentos, garantindo que as tecnologias sejam aplicadas corretamente, maximizando seus benefícios e potencial no setor florestal.
A diversidade no setor, causada pela crescente demanda e pela rápida expansão das áreas florestais, gera um movimento de "dança das cadeiras".
Isso pode ser visto como um risco, mas também como uma oportunidade para diversificar conhecimentos e estimular regiões ainda carentes de cursos profissionalizantes ou faculdades.
Essas regiões, ao adotar programas focados em formação prática e científica, contribuem para o avanço do conhecimento, beneficiando tanto o campo quanto a indústria.
Embora a automatização possa aliviar a escassez de mão de obra, ela também exige profissionais capacitados para gerenciar e adaptar essas novas tecnologias, como o uso de drones e da inteligência artificial.
A formação científica capacita esses profissionais a aplicarem as inovações de maneira eficiente e sustentável, além de fornecer uma base sólida para questionar e impulsionar novos avanços. Em contrapartida, o conhecimento empírico nunca deve ser descartado, pois é ele que desafia a ciência e fomenta o desenvolvimento de novas tecnologias.
Portanto, a formação científica, mesmo voltada para o profissionalizante, eleva o nível do conhecimento aplicado no setor florestal, permitindo um crescimento mais sustentável e inovador, com decisões de manejo mais robustas e o desenvolvimento contínuo de tecnologias que potencializam o setor.
Dentro das próprias empresas, esta formação é fundamental para a formação de bases internas e sólidas. Consultores e fornecedores de insumos e tecnologias, por sua vez, desempenham um papel essencial, não apenas oferecendo suporte contínuo e tecnologias avançadas, mas também incorporando esse conhecimento científico nas soluções que fornecem, promovendo a aplicação eficaz dessas inovações e impulsionando o desenvolvimento do setor. n
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O avanço tecnológico tem ocorrido de forma cada vez mais acelerada, possibilitando soluções mais eficientes e acessíveis. Um exemplo claro dessa evolução é o desenvolvimento dos drones. Meu primeiro contato com essa tecnologia foi por volta de 2006, quando uma equipe desenvolvia nacionalmente modelos adaptados para captação de imagens aéreas. Já em 2011, firmamos uma parceria com a Canoinhas Geoassessoria para adquirir o primeiro drone voltado ao setor florestal no Brasil — o SenseFly Swinglet CAM —, que nos permitiu obter ortofotos das áreas plantadas, principalmente para atualização pós-plantio.
Desde esse primeiro contato, já imaginávamos utilizar drones para realizar avaliações de sobrevivência 30 dias após o plantio, substituindo amostragens feitas por equipes de campo por censos completos dos talhões. No entanto, as primeiras câmeras acopladas aos drones não ofereciam resolução suficiente para esse propósito, o que nos impediu de avançar na época.
Atualmente, o Brasil vive uma grande expansão dos plantios destinados à produção de celulose e outros fins, com o cultivo de
A evolução dos sensores embarcados em drones, aliada aos avanços em algoritmos de Deep Learning, marca uma transformação significativa no monitoramento florestal. "
Dennis Bernardi Diretor da Field Eyes e da ForLiDAR
Eucalyptus sp. predominando no setor. Com essa expansão, a escassez de mão de obra no campo se torna um desafio crescente, impactando diversas atividades. Para mitigar esse problema, o setor tem investido em máquinas plantadoras, permitindo que o plantio ocorra de forma contínua e mais eficiente.
Na edição da Revista Opiniões (Jun-Ago 24), abordamos o uso da Inteligência Artificial na integração florestal-indústria como um caminho sustentável. Agora, avançamos nessa discussão ao explorar como drones e Inteligência Artificial podem finalmente solucionar um desafio persistente desde 2011: a avaliação da sobrevivência pós-plantio. Naquele período, fomos pioneiros no uso de imagens de drones e VANTs para atualização cartográfica no setor florestal e já buscávamos formas de aplicar essa tecnologia na detecção da sobrevivência das mudas. Hoje, com os avanços em sensores e algoritmos de IA, essa realidade está cada vez mais próxima.
A evolução tecnológica e a demanda pelo monitoramento pós-plantio: Em 2011, a resolução espacial dos sensores embarcados nos drones era um obstáculo significativo. Com resolução entre 5 e 10 cm, a detecção de mudas recém-plantadas era inviável. Apenas mudas com 45 a 60 dias de crescimento podiam ser visualizadas, limitando a capacidade de tomar ações corretivas, como o replantio. Replantios tardios podem aumentar a heterogeneidade da floresta e resultar na formação incompleta do estande, gerando custos sem os benefícios esperados.
Quando fundei a Field Eyes em 2023, um questionamento recorrente de potenciais usuários era quando teríamos a avaliação da sobrevivência pós-plantio a partir dos 30 dias. Mas dependíamos dos avanços na resolução espacial dos sensores necessários para viabilizar tal análise, mas, com o progresso em Deep Learning e Machine Learning, os resultados satisfatórios estavam mais próximos. Para isso, precisávamos de ortomosaicos com resolução de, pelo menos, 1 cm (GSD).
A nova geração de sensores e os desafios iniciais: Até então, os sensores disponíveis não permitiam voos economicamente viáveis em altíssima resolução (GSD de 1 cm), pois a autonomia das baterias era limitada. Além disso, sensores com melhor qualidade ofereciam, no máximo, 2-3 cm de GSD, de forma operacional, insuficientes para identificar mudas recém-plantadas.
No final de 2024, por meio da antiga parceria, recebemos ortoimagens RGB com 1,5 cm de resolução espacial, obtidas por dois novos sensores: o Matrice 300/350 com Câmera P1 (CCD Full Frame de 45 MP), e o Wingtra com Câmera RGB61 (CCD Full Frame de 61 MP).
As imagens foram capturadas em uma área de plantio com 30/45 dias, e, ao analisarmos os mosaicos, percebemos um salto significativo na qualidade. Os novos sensores Full Frame com espectro eletromagnético visível demonstraram alto potencial para entregar ortomosaicos superiores aos obtidos anteriormente.
Com essas imagens, treinamos modelos de Deep Learning para identificar mudas e localizar falhas de plantio por meio de análise espacial. Apresentamos esses resultados no evento de comemoração dos 10 anos do Grupo PCMAF do IPEF, em Três Lagoas-MS, na sede da Suzano. Refinamento do processo e desafios superados: Durante as provas de conceito (Proof of Concept - POC), encontramos três grandes desafios: 1. Seca severa que atingiu o país no
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segundo semestre de 2024; 2. Falta de um padrão para a obtenção dos ortomosaicos; e 3. Deficiência na capacitação dos técnicos na marcação das mudas para treinamento das redes de Deep Learning. Inicialmente, subestimamos a complexidade do processo e obtivemos resultados insatisfatórios. Ajustamos o padrão de coleta de imagens e capacitamos a equipe, garantindo melhor consistência na identificação das mudas.
Em 2025, refizemos o processo em duas áreas: uma de reforma e outra de implantação. Além disso, um novo desafio surgiu: realizar a análise de sobrevivência no 15º dia pós-plantio, reportando os resultados até o 20º dia. Para isso, utilizamos o conjunto Matrice 300/350 com a Câmera P1. Definimos um GSD de 1 cm e seguimos um cronograma rigoroso:
• Dia 1: Coleta das imagens;
• Dia 2: Geração do ortomosaico;
• Dia 3: Seleção de 500 mudas para treinamento;
• Dia 4: Treinamento do modelo Deep Learning;
• Dia 5: Revisão dos resultados, análise espacial das falhas e entrega do produto.
Os resultados foram expressivos: a área de Reforma com F-Score médio de 92,9%, acurácia de 87,0% e precisão de 94,2% (conforme demonstrado na tabela e figura 1 da página seguinte); e a área de Implantação com F-Score médio de 96,9%, acurácia de 94,1% e precisão de 99,6% (tabela e figura 2, também na página seguinte)
Conclusão: A evolução dos sensores embarcados em drones, aliada aos avanços em algoritmos de Deep Learning , marca uma transformação significativa no monitoramento florestal. Essa tecnologia atende a uma demanda histórica do setor, permitindo a avaliação da sobrevivência pós-plantio de forma abrangente, por meio de censos completos, em vez de amostragens pontuais nos talhões. O processo desenvolvido possibilita a análise da sobrevivência das mudas já no 15º dia após o plantio, com a entrega dos resultados até o 21º dia. Isso viabiliza intervenções rápidas e eficazes, aumentando a eficiência no manejo florestal. Além disso, como subprodutos temos a atualização dos limites do talhão, e uma análise detalhada dos resultados permite identificar oportunidades operacionais, permitindo ações estratégicos e direcionados.
Com essa abordagem, estamos aprimorando a tomada de decisão no campo, bem como garantindo maior uniformidade dos talhões, otimizamos recursos e, consequentemente, apoio para uma máxima produtividade florestal. n
A visão e as alternativas dos fornecedores
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O Herbicida seletivo da Envu para impedir as daninhas desde o início e em todas as épocas do ano
Aplicação
Pré e Pós-Plantio
Das culturas do eucalipto e pinus
Seletividade
Não afeta o desenvolvimento das culturas do eucalipto e pinus
CURVAS
Flexibilidade
Permite aplicação em épocas úmidas e secas
Efeito Recarga
Promove atividade residual no controle de plantas daninhas, mesmo após longos períodos sem chuvas (120 dias)
Aplicação com Drone
Registro para aplicação com drone, avião e aplicação terrestre
TEXTO
É PERIGOSO À SAÚDE HUMANA, ANIMAL E AO MEIO AMBIENTE; USO AGRÍCOLA; VENDA SOB RECEITUÁRIO AGRONÔMICO; CONSULTE SEMPRE UM AGRÔNOMO; INFORMESE E REALIZE O MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS; DESCARTE CORRETAMENTE AS EMBALAGENS E OS RESTOS DOS PRODUTOS; LEIA ATENTAMENTE E SIGA AS INSTRUÇÕES CONTIDAS NO RÓTULO, NA BULA E RECEITA; E UTILIZE SEMPRE OS EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL.
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A pauta "a formação profissional versus a automação" me fez refletir por um bom tempo, isso por não concordar com essa aparente oposição. Afinal, não se trata de um embate, mas de um processo de transformação em que ambas as frentes caminham juntas. São dois desafios – e oportunidades – distintos, mas complementares. Isto é, um não anula o outro; pelo contrário, são interdependentes e se potencializam.
Inicialmente, é preciso entender o cenário: de um lado, um setor florestal pujante, em crescimento e com uma demanda intensa por mão de obra qualificada; do outro, uma força de trabalho frequentemente subempregada, mal remunerada e com qualificações que não atendem às necessidades do mercado. Ainda que haja capital financeiro disponível, a frustração é evidente, considerando que falta gente qualificada ou com a qualificação certa.
Seja para operar máquinas, seja para tomar decisões estratégicas, o setor clama por mão de obra, mas a tarefa de encontrá-la e retê-la é árdua. Diante dessa dificuldade, a automação surge como uma solução óbvia e inevitável.
No entanto, automatizar processos não deve ser apenas uma resposta à escassez de mão de obra. A automação é, acima de tudo, uma estratégia de sobrevivência, tendo em vista que reduz custos, aumenta a competitividade, minimiza riscos e melhora a satisfação dos colaboradores. No limite do exagero, qualquer atividade passível de automação não deveria (ou ao menos não precisaria) ser executada por humanos.
Um estudo da McKinsey aponta que, até 2030, 30% das horas trabalhadas nos EUA poderão ser automatizadas, uma tendência acelerada pela Inteligência Artificial.
Em um cenário ideal, uma empresa altamente automatizada permitiria que seus colaboradores se concentrassem no que realmente exige criatividade, inteligência emocional e pensamento crítico.
Máquinas, robôs e softwares devem ser encarados como aliados, não como substitutos. Sistemas e processos devem operar de forma autônoma sempre que possível, liberando as
O setor florestal precisa reforçar sua atratividade. Muitas vezes, a percepção externa sobre o setor ainda está presa a paradigmas antigos, o que afasta potenciais talentos. "
Bruno Pereira Gerente de Experiência do Cliente da Remsoft para
a América do Sul
pessoas para agregar valor naquilo que realmente importam e fazem diferença. A automação bem implementada pressupõe que os talentos humanos são direcionados para seu maior potencial, enquanto as tarefas repetitivas são deixadas para as máquinas.
Contudo, o mundo ideal não é o mundo real. A automação não acontece sozinha, ela depende de pessoas. Pessoas essas constituídas por profissionais que projetam, operam e aprimoram esses sistemas e processos. A implementação de novas tecnologias exige conhecimento, adaptação e, acima de tudo, qualificação.
Temos um paradoxo aí. Buscamos a automação para lidar com a escassez de talentos, todavia a automação só será bem-sucedida se houver talentos para concebê-la e operá-la. No contexto do software, a realidade não é diferente. Conectar sistemas, integrar bancos de dados, automatizar processos – tudo isso já é possível e amplamente aplicado.
Entretanto, as decisões devem ser pautadas de modo a garantir que essas automações de fato agreguem valor e tragam ganhos reais, e isso só é possível através de pessoas qualificadas.
O problema não é simplesmente a falta de qualificação profissional. É fácil encontrar pessoas com mestrado, doutorado e pós-doutorado, por exemplo. Nunca tivemos uma força de trabalho com um nível educacional tão alto. Podemos até falar sobre a qualidade do ensino, mas o índice de tempo médio de estudo da população vem aumentando.
O expressivo crescimento do setor florestal brasileiro foi impulsionado por muito trabalho, esforço e inteligência. No entanto, a média de qualificação profissional da população à época não era superior à de hoje.
Décadas atrás, não se falava em engenheiros dirigindo táxis. Nos dias atuais, é comum encontrar os famosos engenheiros motoristas de aplicativos, um reflexo de um problema mais profundo: profissionais enfrentam dificuldades para se posicionar no mercado.
O grande desafio não está apenas na qualificação, mas no desalinhamento entre as competências desenvolvidas e as reais necessidades do setor produtivo.
Essa desconexão entre o mercado de trabalho e a oferta de profissionais é um problema estrutural. Vemos universitários, por exemplo, sendo formados para áreas com baixa demanda, enquanto setores estratégicos e em crescimento,
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como o florestal, enfrentam dificuldades para atrair e reter talentos. O primeiro desafio, portanto, é direcionar esses estudantes para as áreas onde realmente há demanda.
O setor florestal precisa reforçar sua atratividade. Muitas vezes, a percepção externa sobre o setor ainda está presa a paradigmas antigos, o que afasta potenciais talentos.
É primordial que o setor se posicione como inovador, sustentável e com oportunidades para o crescimento profissional (“Sim, vai fazer bem pro seu bolso vir pra cá”). A comunicação eficiente sobre os diferenciais do segmento pode ser um fator crucial na captação de novos talentos.
Após a formação e absorção desses talentos, o obstáculo que surge é a retenção. As novas gerações, e aqui eu como millennial me incluo, cresceram em um ambiente hiperestimulado, bombardeados por informações e redes sociais, por isso tendem a ser imediatistas e pouco pacientes e buscar desafios constantes. Por outro lado, são nativos digitais e possuem um alto grau de familiaridade com a tecnologia, o que pode ser um grande diferencial na implementação de novas soluções.
A adaptação à nova cultura de trabalho é fator fundamental para atrair e reter esse público. A digitalização, o trabalho remoto e modelos flexíveis são cada vez mais valorizados pelas novas gerações. Empresas que souberem equilibrar suas necessidades operacionais com essa nova dinâmica terão maior sucesso na retenção de profissionais qualificados.
As novas gerações já representam a maior parte da força de trabalho, e essa participação só tende a crescer nos próximos anos. Engajar esse público não é uma opção, mas uma necessidade estratégica.
Diante desse cenário, o setor florestal precisa melhorar sua comunicação para atrair profissionais, bem como deve adaptar suas práticas para melhor integrar e reter essa nova geração de trabalhadores.
Empresas que conseguirem alinhar suas estratégias de automação com políticas eficazes de captação e retenção de talentos terão uma vantagem competitiva significativa. Afinal, não basta apenas investir em tecnologia; é preciso garantir que haja pessoas preparadas e motivadas para fazer essa transformação acontecer. n
A inovação tem sido um motor essencial para a evolução do setor florestal em escala global. Com desafios crescentes relacionados à sustentabilidade, eficiência produtiva e digitalização, a adoção de novas abordagens tecnológicas e estratégicas se tornou uma necessidade para garantir competitividade e resiliência ao setor.
Um artigo recente na Revista Opiniões do ex-Ministro da Agricultura Roberto Rodrigues chamou minha atenção ao destacar quatro fatores estruturais e trágicos que ameaçam a paz global, afetando indiscriminadamente cidadãos e governos. Ele os denominou "Os Quatro Novos Cavaleiros do Apocalipse": segurança alimentar, segurança energética, mudanças climáticas e desigualdade social. Essa visão sistêmica ressalta que a inovação, por si só, é insuficiente se não for aplicada para superar os desafios do futuro dos cultivos florestais e agrícolas, os quais também são a solução para estas quatro situações.
Inspirando-se em modelos de inovação amplamente testados em outras indústrias, a silvicultura está se transformando por meio da integração de dados, automação e soluções biotecnológicas avançadas. A figura 1, adaptada de Hacco et all, destaca o percentual de utilização e as potencialidades do que poderíamos chamar de tecnologias digitais revolucionárias, em que várias delas se adequam ao setor florestal.
A digitalização da silvicultura envolve a aplicação de sensores, Inteligência Artificial (IA) e análise de dados em tempo real para otimizar o manejo das florestas.
Ferramentas como drones e imagens de satélite estão permitindo a detecção precoce de pragas e doenças, enquanto algoritmos preditivos ajudam a estimar a produtividade, definir estratégias de colheita com menor impacto ambiental e realizar alocação clonal. A Internet das Coisas (IoT) aplicada às operações florestais possibilita o monitoramento contínuo da umidade do solo, crescimento das árvores e condições microclimáticas, promovendo uma gestão mais precisa dos recursos hídricos, nutricionais e do estoque de carbono. Além disso, a adoção de blockchain pode garantir rastreabilidade total da madeira desde o plantio até a comercialização, conferindo mais transparência à cadeia produtiva. Já existe um modelo flexível de macrodados integrado às novas tecnologias para elevar a eficiência e a produtividade do manejo florestal, conforme a figura 2 da página seguinte.
A resiliência das plantações às condições climáticas, que se refere à capacidade de resistir à seca, calor, inundações, pragas e doenças, mantendo a produtividade, se destaca como o grande desafio de longo prazo. A inovação terá um papel fundamental para a sustentabilidade do setor.
O melhoramento genético florestal será essencial para selecionar plantas mais resilientes à escassez hídrica. Simulações já têm sido utilizadas para otimizar a seleção de características quantitativas, acelerar ganhos genéticos e aprimorar o uso de recursos. Tecnologias como genômica avançada, seleção assistida por marcadores (MAS) e edição gênica via CRISPR estão sendo empregadas para acelerar a identificação e incorporação dessas características.
A fenotipagem de alta precisão e o uso de big data e Inteligência Artificial permitem o desen-
Empresas que estruturam um ecossistema de inovação aberto e colaborativo terão vantagem competitiva, acelerando a transição para um manejo florestal mais eficiente, regenerativo e conectado às demandas do futuro "
Roosevelt de Paula Almado CEO da Ferrinho Consultoria em Inovabilidade
BIG DATA
Info de dados detectados para suporte na Tomada de decisão
SENSO REMOTO
Capacidades avançadas de monitoramento aplicadas a silvicultura para monitorar parâmetros fisiológicos, crescimento e outros
IA Sistema de apoio a decisão, gestão, planejamento e simulação
REDES SOCIAIS
Comunicação com a sociedade
WEBSITES
Comunicação com clientes e fornecedores
volvimento de sistemas de alocação clonal por meio de análises detalhadas do desempenho das árvores em diferentes condições ambientais, combinando material genético, tipo de solo e risco de déficit hídrico. Essas inovações, aliadas à hibridação e clonagem de indivíduos superiores, possibilitarão o desenvolvimento de clones que não apenas sobreviverão melhor a períodos extensos de seca, mas também manterão taxas aceitáveis de crescimento e produtividade.
A inovação bem-sucedida não acontece de forma aleatória, mas sim como uma competência sistêmica estruturada. Inovadores bem-sucedidos conduzem a inovação em torno de quatro grandes pilares:
1. Estabelecimento de uma agenda que antecipa tendências e oportunidades;
2. Gerenciamento do portfólio de inovações;
3. Design e escalabilidade das inovações;
4. Fomento contínuo à inovação.
Inovar passa a não ser uma escolha, mas uma necessidade estratégica. Embora o processo de inovação apresente desafios inerentes e a resistência natural das pessoas possa dificultar a mudança, construir um sistema humano adequado é fundamental para acelerar essa transformação. Ao percorrer os caminhos corretos e substituir mitos por métodos comprovados, o processo se
CLOUD
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Sistemas semi e totalmente autônomos para silvicultura (corte, carregamento, colheita e transporte)
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torna menos árduo e mais eficiente, transformando desafios em oportunidades. A inovação no setor florestal requer investimentos estruturados e mecanismos financeiros adequados para viabilizar pesquisas e a adoção de novas tecnologias. Empresas que desejam inovar devem alocar recursos de forma estratégica. Estudos sobre o assunto apontam que o modelo mais adotado pelas empresas compreende a seguinte divisão de investimentos:
• 70% em inovações incrementais, otimizando processos e reduzindo custos operacionais;
• 20% em inovações adjacentes, expandindo para novas práticas e segmentos de mercado;
• 10% em inovações transformacionais, apostando em tecnologias emergentes e novos modelos de negócios.
Empresas que estruturam um ecossistema de inovação aberto e colaborativo terão vantagem competitiva, acelerando a transição para um manejo florestal mais eficiente, regenerativo e conectado às demandas do futuro. Sendo assim, a inovação no setor florestal não deve se limitar apenas à adoção de novas tecnologias, mas envolver uma transformação profunda na forma como o setor se organiza e opera.
A inovação pode e deve atender simultaneamente às dimensões econômica, social e ambiental, sendo amparada por políticas públicas sólidas que orientem seu uso no processo de melhoria da competitividade industrial, promovendo a inclusão social, o desenvolvimento sustentável e a preservação dos recursos naturais para as futuras gerações. Portanto, alinhar inovação, sustentabilidade e governança não é apenas uma escolha estratégica, mas uma necessidade imperativa para garantir um futuro florestal próspero e equilibrado. O momento de inovar é agora, e o setor florestal tem todas as condições para liderar essa nova era de transformação. n
A falta de conectividade em regiões florestais é um desafio amplamente conhecido pelo setor. Embora a intensidade do problema varie de acordo com a região do Brasil, é raro encontrar uma área florestal com cobertura de sinal totalmente eficiente. Esse déficit impacta diretamente a gestão remota das operações e limita a adoção de tecnologias essenciais para automação e monitoramento, fatores cruciais para o aumento da produtividade.
A baixa cobertura de sinal ocorre, em parte, devido à falta de incentivos econômicos para que operadoras de telecomunicações invistam em infraestruturas em áreas de baixa densidade populacional. No entanto, um fator crítico adicional agrava essa situação: as próprias árvores, que atuam como barreiras naturais à propagação do sinal. A densidade das folhas e o alto teor de água na vegetação absorvem parte das ondas eletromagnéticas, especialmente em frequências mais altas, como as utilizadas pelo 4G e 5G, reduzindo drasticamente o alcance e a qualidade da conexão.
Outro desafio comum no setor florestal é a escassez de profissionais qualificados para operações florestais, uma dificuldade que se tem intensificado nos últimos anos. ;
Embora a intensidade do problema varie de acordo com a região do Brasil, é raro encontrar uma área florestal com cobertura de sinal totalmente eficiente. "
Rafael Pereira Figueiredo
Diretor Executivo Aiko Logic
P
Discos de corte para Feller: conforme modelo ou amostra
Discos especiais conforme desenho
Detalhe de encaixe para ferramentas de 4 lados
• Disco de corte com encaixe para utilização de até 20 ferramentas, conforme possibilidade devido ao O externo.
• Diâmetro externo e encaixe central de acordo com a máquina
P Usinagem de peças conforme desenho ou amostra: Eixos, acoplamentos, roscas sem-fim transportadoras, roletes e tambores para esteiras transportadoras, tambores para pontes rolantes, cilindros hidráulicos e pneumáticos e outros.
Com a expansão do setor e o aumento de novas unidades industriais, cresce ainda mais a demanda por mão de obra especializada. Contudo, essa limitação tem impulsionado investimentos em inovação, automação e monitoramento remoto.
Em paralelo à situação do mercado florestal, o agronegócio brasileiro sempre teve a eficiência e a produtividade como pilares fundamentais de seu crescimento. Dados históricos comprovam essa evolução: nos últimos 40 anos, a produção agrícola nacional cresceu 503%, enquanto a produtividade aumentou 216%, com um aumento da área plantada de apenas 93%. Esses números demonstram que a busca por eficiência sempre esteve no centro das decisões estratégicas do setor, e no segmento florestal, não é diferente.
Nesse contexto, o investimento em tecnologias para gestão e monitoramento remoto de máquinas florestais torna-se imprescindível. O uso de telemetria avançada, controle remoto de operações e sensores inteligentes permite mitigar parte dos impactos de escassez de mão de obra, ao mesmo tempo em que otimiza processos, reduzindo a necessidade de intervenção humana direta no campo e tornando as operações mais seguras, eficientes e previsíveis. Entretanto, nenhuma dessas inovações seria viável sem um pilar fundamental: a conectividade. A comunicação eficiente entre máquinas, sensores e centrais de operação depende de uma infraestrutura robusta de transmissão de dados. A internet no campo não é apenas um complemento tecnológico, mas a base sobre a qual todas as novas soluções são construídas. Quase todas as tecnologias digitais relevantes para o setor florestal exigem conectividade para operar de forma plena. Sem isso, a tomada de decisão perde eficiência e os ganhos de produtividade são limitados pela falta de dados em tempo real. Uma boa infraestrutura de comunicação possibilita o monitoramento remoto das operações, garantindo maior controle e previsibilidade para as empresas, além de reduzir o tempo ocioso de máquinas, permitir ajustes imediatos nas operações, identificar e corrigir desvios operacionais em tempo real, melhorar a comunicação entre equipes em campo, garantindo um fluxo de informações mais ágil e preciso, acionar mais rapidamente equipes de manutenção e aumentar a segurança operacional com monitoramento remoto de riscos e otimização de processos críticos.
Além desses benefícios diretos, a conectividade também viabiliza a implementação de tecnologias complementares, como videotelemetria para detecção de fadiga em operadores, visualização e correção de desvios do padrão operacional, acompanhamento remoto da aplicação de insumos na silvicultura, otimização logística, uso de inteligência artificial para predição de falhas, soluções de comunicação VOIP para suporte remoto, dentre outros benefícios.
Apesar das dificuldades em manter a conectividade florestal, novas tecnologias estão sendo lançadas para reduzir os problemas atuais. Avanços recentes, como redes privadas LTE/5G e comunicação via satélite de baixa órbita em alta velocidade, como o Starlink, têm possibilitado um nível de conectividade sem precedentes para o setor florestal. Além disso, a crescente competição nesse mercado promete acelerar a evolução dessas tecnologias. Novos players satelitais, como o Kuiper, da Amazon, e o SpaceSail, da China, devem ampliar a oferta de soluções, tornando os serviços de conectividade ainda mais acessíveis, reduzindo custos e expandindo as possibilidades tecnológicas para as empresas do setor.
A implementação de conectividade em áreas florestais não é, portanto, um investimento isolado, mas um movimento estratégico que prepara as empresas para o futuro.
A automação das operações, a digitalização da gestão e o uso intensivo de dados são tendências irreversíveis para o setor, e a infraestrutura de conectividade será o diferencial competitivo entre as empresas que lideram essa transformação e aquelas que ficarão para trás.
A adoção de tecnologias de conectividade e monitoramento remoto torna a tomada de decisão cada vez mais estratégica, permitindo que as empresas atuem de forma mais eficiente, reduzam custos e aprimorem sua capacidade de planejamento. Esse movimento também abre espaço para novas oportunidades, como o desenvolvimento de soluções de computação em nuvem para operações florestais, inteligência artificial e o uso de machine learning para previsão de cenários.
Em resumo, os fatos expostos acima comprovam que os investimentos em conectividade e tecnologias de gestão de frota remotas não são apenas tendências, mas uma necessidade urgente para garantir competitividade e sustentabilidade no mercado florestal brasileiro. n
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Desde o final de 2022 vivemos intensamente a era da IA generativa em que grande parte das empresas e profissionais buscam entender quais são os impactos e oportunidades que essa camada de tecnologia traz. Seria exagero? É preciso compreender duas características essenciais da IA generativa que justificam grande parte da atenção que o tema vem recebendo: ela é uma tecnologia de uso geral e que impacta fortemente pela primeira vez a forma como fazemos tarefas dentro da chamada economia do conhecimento. Vamos por partes.
Se, em um primeiro momento, parece que as ferramentas de IA generativa estão mais ligadas ao mundo da produção de conteúdo, lembre-se que foi exatamente o que aconteceu com a chegada da internet. "
Arthur Igreja
Palestrante TEDx e Master em Intl. Business pela Georgetown University-EUA
Tecnologias que causam os impactos mais profundos são aquelas que têm aplicações transversais, ou seja, potencial em praticamente todas as áreas da economia e atingem grande parte da população. Foi assim com o vapor, a eletricidade, a internet, smartphones e agora com a inteligência artificial. Para que ela serve?
A resposta é a mesma para todas as gerações tecnológicas mencionadas: depende unicamente de como será aproveitada, pode ser livremente moldada e permite a construção de soluções inéditas. É uma plataforma de desenvolvimento ao invés de ser algo com destinação específica e definida.
O segundo ponto é que a IA muda pela primeira vez a forma como construímos o conhecimento. Vivemos por décadas um longo processo de digitalização da economia. Tudo aquilo que era anotado em um caderno se tornou uma planilha em um computador. Em um segundo momento, esses mesmos dados passaram a ser inseridos em algum software mais elaborado como um ERP ou um CRM.
Note que o processo ainda era fundamentalmente o mesmo, dados inseridos por pessoas, o que mudou foi a forma de armazenamento, do papel para os arquivos. Com a chegada da internet vivemos a revolução da distribuição. Se antes a informação chegava até mais pessoas por meio de jornais e revistas, passa a estar instantaneamente disponível para muitas pessoas.
Foi também o início do fim do broadcast, a distribuição com o mesmo formato para todos. Passamos a ter nossas timelines curadas por algoritmo, o conteúdo que uma pessoa recebe é completamente diferente daquilo que outra pessoa receberá, vide Spotify e Netflix.
Nessa época, considerava-se que o futuro da capacitação consistia em dois pilares: formação com base tecnológica e a economia do conhecimento ou economia criativa. Isso porque o emprego de tecnologia nunca parou de crescer e porque, ao trabalhar com conhecimento, estaríamos nos afastando da mecanização das tarefas repetitivas e que demandam esforço físico. No século XIX e ao longo do século XX, vimos a substituição de pernas e braços por tratores, robôs e impressoras 3D. É justamente aqui que muda tudo com a chegada da IA generativa, ela redefine o que é trabalho.
Explico: lembra-se da tarefa que era feita no papel e foi para o computador e depois para um smartphone? Ela continuava a ser feita de uma forma muito parecida, dependia de um processo realizado ou supervisionado por uma pessoa em sua totalidade.
Exemplificando: um texto, um relatório, uma análise, um gráfico, uma apresentação de Powerpoint ou um desenho. Avance para a era ChatGPT. Nós passamos a descrever (prompt) qual é o alvo e todo o processo é feito por IA. Fica perfeito? Não, mas pouco importa. O tempo para corrigir ou ajustar é imensamente menor do que o tempo para realizar a tarefa a partir do zero. Isso não apenas traz um salto de produtividade, mas altera o cerne deste artigo que é: o que ainda continua relevante em nossa
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formação profissional? Como será o trabalho a partir de agora? Perceba que, assim como máquinas substituem braços e pernas, estamos convivendo pela primeira vez com uma tecnologia que pode substituir cérebros.
Muito longe de achar que isso é necessariamente distópico. Alguns acreditam que ficaremos obsoletos e sem serventia ou significado. Acredito exatamente no oposto. O que a IA nos pressiona e causa uma boa dose de desconforto é que ela questiona o que de fato é valioso naquilo que fazemos. Ela passa a automatizar e substituir aquelas tarefas que enquadramos como “correria”.
Tarefas que são execução pura (inserção ou processamento de informação). Paradoxalmente, a IA pode eliminar a parte robótica do nosso cotidiano e despertar os aspectos humanos mais singulares. Na prática, isso significa não ter receio, conhecer cada vez mais a fundo como a IA pode nos ajudar e focar no conhecimento mais core de nossas carreiras. E obviamente que a parcela mais valiosa sempre estará na atuação mais estratégica e, principalmente, nos relacionamentos.
Na agricultura e na silvicultura não será diferente. Se, em um primeiro momento, parece que as ferramentas de IA generativa estão mais ligadas ao mundo da produção de conteúdo (texto, imagens e vídeos) e parecem mais distantes destes segmentos, lembre-se que foi exatamente o que aconteceu com a chegada da internet. É cedo demais para se tornar cético.
Vimos nas últimas décadas uma drástica mudança na atuação no campo e nas florestas. Se antes eram sinônimo de atividades penosas, repetitivas e pouco tecnológicas, hoje vivemos uma realidade de alta produtividade, profissionalização, dados e muita tecnologia. Todos formam a base onde essa próxima camada chamada IA vai sendo conectada aos poucos.
Conclusão: veremos uma curva de adoção e capacitação neste tema parecida com o que vimos na transição do final dos anos 1990 para o começo dos anos 2000. Muitos acharão que o tema não tem conexão com suas atividades atuais e deixarão de lado. Outros investigarão e acompanharão de perto, irão adotar IAs que aumentarão sua produtividade e irão expandir sua atuação profissional. Assim, serão capazes de colher antes os benefícios gerados. Ou seja, mudança tecnológica demanda mudança de mentalidade, sempre. n
A escassez de mão de obra no setor florestal não é uma novidade, mas sim um sintoma de um problema maior: a velocidade da inovação tecnológica supera, e muito, a capacidade de adaptação das pessoas. Enquanto máquinas e algoritmos evoluem a passos largos, a formação profissional segue um ritmo mais lento, presa a métodos tradicionais que já não acompanham mais as exigências do mercado. Diante desse cenário, há dois caminhos possíveis: resistir à mudança e sofrer as consequências da obsolescência ou desenvolver a adaptabilidade como a principal competência do profissional do futuro.
As causas da escassez de mão de obra são um problema sistêmico, e, antes de debatermos a automatização como solução, é preciso entender por que a falta de profissionais se tornou um problema estrutural no setor florestal. Esse fenômeno não ocorre por acaso, mas sim pela interseção de diversos outros fatores que contribuem para tal, como, por exemplo, o crescente desinteresse pelas atividades florestais, uma vez o trabalho no campo ainda é interpretado por muitos como fisicamente mais exigente e que ocorre muitas vezes sob condições climáticas adversas.
O isolamento de algumas áreas florestais também afasta trabalhadores que priorizam uma melhor infraestrutura urbana. Outro fator analisado é a carência de cursos técnicos e profissionalizantes voltados para as necessidades da indústria florestal. Esse cenário, inclusive, vem fomentando um movimento forte das empresas e indústrias do setor florestal a buscarem parceiros educacionais ou até mesmo investirem em seus próprios programas de desenvolvimento de mão de obra qualificada nas comunidades e cidades em que operam, a fim de atender às devidas demandas.
Outra perspectiva é a de trabalhadores qualificados que acabam por migrar para setores que garantem uma maior previsibilidade de carreira. Em algumas comunidades, o trabalho florestal é até mesmo estigmatizado e associado à falta de crescimento profissional, o que não reflete a realidade. O setor florestal cresce a cada ano com passos firmes e sólidos.
Nosso país é exemplo de produção florestal com responsabilidade ambiental de forma inquestionável por qualquer país, e as áreas de desenvolvimento são inúmeras. A formação técnica é muito importante e deve ser contínua. Podemos perceber isso ao analisarmos o quanto as técnicas vêm se adaptando e mudando conforme surgem novas tecnologias, e capacitar para essa nova realidade profissional torna-se ainda mais desafiador diante da crescente demanda por qualificações avançadas. A disponibilidade de mão de obra capacitada será fator cada vez mais determinante para a competitividade.
Enquanto máquinas e algoritmos evoluem a passos largos, a formação profissional segue um ritmo mais lento, presa a métodos tradicionais que já não acompanham mais as exigências do mercado. "
Leandro Fray Especialista de Gente e Cultura da Reflorestar Serviços Florestais
A automatização pode surgir como uma resposta lógica à escassez de mão de obra. Máquinas mais autônomas aumentam a produtividade, reduzem custos e garantem previsibilidade operacional. Mas há um detalhe que precisa ser considerado: quem operará essas máquinas?
A transição para um setor florestal altamente automatizado não significa eliminar a necessidade de profissionais, mas sim redefinir seus papéis. O problema é que a curva de aprendizado do ser humano é muito menor do que a velocidade da inovação tecnológica. Enquanto novas máquinas são lançadas a cada ano, a capacitação profissional leva tempo – e tempo é o que as empresas não têm.
A pergunta que fica é: estamos preparando as pessoas para essa nova realidade ou apenas substituindo trabalhadores sem oferecer alternativas viáveis de requalificação? Algumas empresas do setor já estão sentindo na prática esses desafios.
Um exemplo recente vem de uma grande empresa do sul do Brasil, que investiu milhões na aquisição de colhedoras automatizadas de última geração, e, apesar da eficiência das máquinas, a operação foi prejudicada pela falta de operadores capacitados, o que levou à necessidade da empresa em criar um programa interno de treinamento emergencial, aumentando seus custos operacionais.
Outro caso é de uma empresa na América do Norte que, ao perceber que a automação avançada poderia gerar desemprego e resistência dos trabalhadores, optou por um modelo híbrido: introduzindo robôs colaborativos que auxiliam as equipes humanas, otimizando tarefas repetitivas sem eliminar empregos. O resultado foi um aumento de produtividade sem impactos sociais negativos. Esses exemplos deixam claro que a tecnologia por si só não resolve o problema. Se não houver um plano estratégico para capacitação, as empresas podem enfrentar um paradoxo: máquinas paradas por falta de profissionais qualificados.
Pesquisas globais indicam que a transformação digital tem impacto direto na empregabilidade e na qualificação dos profissionais. Segundo um relatório do World Economic Forum, 50% dos empregos no mundo passarão por transformações profundas até 2027 devido à automação, mas apenas 34% das empresas têm programas estruturados de requalificação profissional. Um estudo da McKinsey & Company mostra que setores intensivos em mão de obra, como o florestal e o agrícola, podem automatizar até 60% das tarefas nos próximos dez anos.
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No entanto, a falta de profissionais treinados para operar e manter essas novas tecnologias pode gerar um gargalo na produtividade.
Além disso, o relatório de tendências do trabalho da PwC aponta que empresas que investem na capacitação contínua de seus funcionários têm um aumento de 30% na retenção de talentos e maior eficiência operacional.
Isso reforça a importância de programas de requalificação alinhados à adoção de novas tecnologias.
No Brasil, o Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) identificou que profissões técnicas ligadas à automação, operação de máquinas e manutenção industrial estarão entre as mais demandadas nos próximos anos.
O problema é que a oferta de cursos específicos para o setor florestal ainda é limitada. Esses dados deixam claro que a automação não elimina empregos, mas transforma suas exigências. Empresas que não investirem na capacitação de seus colaboradores podem sofrer com a falta de profissionais qualificados, mesmo em um cenário altamente tecnológico. Quais os caminhos para um setor sustentável? O que pode ser feito?
A escassez de mão de obra e a automação não devem ser tratadas como fenômenos isolados, mas sim como duas faces da mesma moeda.
Para que a transição seja sustentável, algumas ações precisam ser priorizadas como investimento em qualificação e formação técnica, empresas, governos e instituições de ensino precisam criar programas ágeis que formem profissionais para a nova realidade do setor com cursos práticos voltados para operação e manutenção de máquinas automatizadas. Promover mais a imagem do setor florestal como um ambiente de inovação, tecnologia e oportunidades de carreira entre outros.
Conclusão: Podemos reescrever o futuro do trabalho no setor florestal. A automatização não é a vilã da história. O verdadeiro inimigo é a resistência à mudança e a falta de planejamento estratégico para lidar com essa transição. Diante do atual cenário, empresas que assumem a responsabilidade e investem na formação de seus times não apenas enfrentam de frente os desafios da escassez de mão de obra, mas também contribuem para um futuro mais promissor e sustentável. Aqui em nossa empresa, essa visão faz parte de nossa cultura. Parafraseando nosso diretor florestal Igor Souza: “Não existe cultura forte sem sacrifícios.” n
A automação está transformando o mundo do trabalho, e o setor florestal não é exceção. Sensores, drones e algoritmos agora fazem parte do manejo de florestas, da análise de riscos e da fiscalização ambiental. Mas o que isso significa para os profissionais da área? A tecnologia está substituindo ou apenas mudando as exigências do mercado?
O debate sobre formação profissional e automatização não se resume à dicotomia “máquinas versus humanos”, mas exige uma reflexão sobre o que a Inteligência Artificial (IA) pode aprender e o que não pode. Enquanto algoritmos podem otimizar processos e melhorar previsões, o conhecimento humano continua sendo essencial, especialmente em um setor tão complexo e dinâmico como o florestal.
As técnicas avançadas da indústria 4.0 vêm sendo aplicadas à silvicultura para otimizar o manejo florestal e aumentar a eficiência, promovendo maior sustentabilidade por meio da sinergia entre IA, Internet das Coisas (IoT) e Robótica.
A integração de IA tem permitido lidar com a escassez de mão de obra ao aumentar a produtividade e a segurança, além de reduzir perdas. Exemplo disso é o uso de máquinas com visão computacional e robótica que realizam o corte e processamento da madeira com precisão.
Tecnologias como Light Detection and Ranging (LiDAR) e drones revolucionam a silvicultura ao fornecer dados em tempo real para inventário, monitoramento da saúde das florestas, planejamento e manejo.
Imagens de satélite permitem monitorar a cobertura vegetal e prever desastres como incêndios e surtos de insetos. Essas inovações tornam possível que trabalhadores deixem de focar em tarefas manuais e perigosas e passem a exercer funções muito mais estratégicas.
Embora a Inteligência Artificial esteja transformando o setor, isso não significa que os trabalhadores serão substituídos por máquinas.
Na realidade, a tecnologia surge como uma ferramenta para auxiliar e complementar o trabalho humano, tornando algumas tarefas mais eficientes. Já existem modelos de Inteligência Artificial sendo empregados para monitorar e combater incêndios, identificar pragas, caracterizar áreas produtivas e otimizar o planejamento florestal.
Embora a IA processe grandes volumes de dados, ela não substitui a experiência sensível dos profissionais que lidam com as florestas diariamente. "
Anderson Rocha Professor
e Coordenador do Laboratório de Inteligência Artificial do Instituto de Computação da Unicamp
Com essa crescente integração, surge também uma demanda por profissionais capacitados que possam operar e desenvolver essas tecnologias. A formação profissional precisa acompanhar essa evolução, incluindo conhecimentos em aprendizado de máquina e análise de dados. Novas funções estão surgindo, como cientista de dados florestais, especialista em monitoramento ambiental e consultor em sustentabilidade e IA.
Para acompanhar essa tendência, é fundamental que profissionais invistam em capacitação e que instituições de ensino atualizem seus currículos para incluir disciplinas relacionadas à Inteligência Artificial. Ademais, a colaboração entre engenheiros florestais, cientistas da computação e analistas de dados pode potencializar ainda mais os benefícios da tecnologia para o setor.
Contudo, a adoção da IA também levanta questões éticas e desafios críticos, especialmente com a introdução de algoritmos na tomada de decisões no manejo florestal. Quem assume a responsabilidade quando um erro de cálculo resulta no corte indevido de uma área preservada? Como garantir a transparência das decisões automatizadas?
O viés algorítmico é outra preocupação, já que dados históricos podem conter desigualdades e erros humanos que a IA tende a amplificar, impactando decisões de conservação e manejo e afetando comunidades locais de maneira desproporcional. O manejo florestal envolve não apenas técnica, mas também valores e disputas de interesse. Se a IA for responsável por definir estratégias de conservação e exploração, será que estamos realmente preparados para lidar com suas consequências?
Além disso, há o risco da desumanização do conhecimento. Embora a IA processe grandes volumes de dados, ela não substitui a experiência sensível dos profissionais que lidam com as florestas diariamente.
Existe um saber acumulado na prática que não pode ser reduzido a planilhas e redes neurais. O verdadeiro desafio não é apenas desenvolver boas tecnologias, mas garantir que elas complementem, e não substituam, a inteligência humana.
Outro aspecto relevante é a relação entre IA e sustentabilidade. A IA, especialmente os grandes modelos de linguagem como o Open.AI’s ChatGPT e Meta’s Llama demandam altos
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volumes de energia e recursos, tornando seu impacto ambiental um desafio. No entanto, a própria tecnologia tem promovido práticas mais sustentáveis, como a redução do uso de herbicidas em 61% no Brasil com Visão Computacional. Esse paradoxo impulsiona a busca por modelos mais eficientes, como o DeepSeek, que equilibra desempenho e consumo energético. Além disso, pesquisadores têm-se dedicado a estabelecer um entendimento comum sobre a relação entre IA e sustentabilidade.
A discussão deve abranger tanto o uso de IA como ferramenta para práticas sustentáveis quanto a análise crítica dos impactos ambientais gerados pelos próprios sistemas de IA. Essas iniciativas evidenciam que há caminhos promissores para tornar a IA uma aliada mais eficaz na busca por um futuro sustentável, mas que ainda existe incerteza quanto à viabilidade de sua ampla aplicação em relação à sustentabilidade.
É preciso pensar também nos desafios sociais e legais que a IA apresenta. Seu uso indevido tem gerado preocupações com segurança, privacidade e fake news . Casos de deepfakes e falsificações já resultaram em fraudes financeiras e ameaças pessoais. Em resposta, regulamentações internacionais, como a 2024/1689 aprovada pela União Europeia em 2024, buscam garantir transparência, mitigação de viés e proteção da privacidade, proibindo práticas que possam ameaçar a democracia. O objetivo é garantir que seu uso seja feito de forma segura e ética.
Em conclusão, a IA tem muito a oferecer ao manejo florestal e diversas outras áreas, mas seus limites são os mesmos que os nossos: ela reflete nossos dados, decisões e vieses.
O segredo não está em resistir à tecnologia, mas em moldá-la para que sirva aos objetivos certos. Para a formação profissional, o desafio não é apenas se adaptar à automação, mas aprender a guiar o uso da IA com senso crítico e responsabilidade.
O futuro do trabalho não será sobre substituir pessoas por máquinas, mas sobre redefinir o que significa ser um profissional em um mundo cada vez mais automatizado. No setor florestal, essa equação é ainda mais crítica, pois florestas não são apenas números em um banco de dados, mas ecossistemas vivos, interligados e, acima de tudo, nossa responsabilidade. n
Com um mundo em constante evolução, diferentes áreas do conhecimento têm vivenciado transformações vertiginosas que alteram substancialmente a forma como se lida com as atividades ordinárias dos respectivos setores. Tais transformações advêm, em muito, das ferramentas digitais que estão cada vez mais presentes no dia a dia das sociedades.
Nas ciências agrárias, as tecnologias digitais têm oportunizado grandes revoluções, principalmente nas etapas de gestão e manejo agrícola e florestal. Por mais que, em comparação a outros segmentos, essas alterações possam ainda parecer tímidas, quando analisamos a complexidade e dinamismo do setor, elas são significativas. Em ambientes onde as fontes de variação são limitadas e controladas, a adoção de tecnologias
é mais fácil (o que não significa ser mais simplória), entretanto, quando expandimos para realidades onde estas são diversas e com padrões difíceis de serem estabelecidos, o desafio é muito grande.
Apesar dos desafios enfrentados na agricultura e silvicultura, algumas ferramentas digitais têm mudado drasticamente a realidade no campo. Impulsionada por máquinas precisas, sensoriamento remoto e inteligência artificial e por soluções ainda mais disruptivas, ferramentas e soluções digitais têm sido desenvolvidas com o objetivo de escalonar e aumentar o detalhamento dos monitoramentos, ampliar a velocidade, a automação e a precisão das tomadas de decisão e, não obstante, minimizar os impactos das atividades, garantindo produções agrícolas e florestais ainda mais sustentáveis.
A revolução digital que evidenciamos hoje teve início com a Agricultura (AP) e a Silvicultura de Precisão (SP), em especial no início da década de 1990, com a primeira delas.
Dentro de uma agenda global cada vez mais verde e sustentável, as tecnologias são importantes aliados de produtores agrícolas e gestores florestais. "
Samuel de Assis Silva Professor de Mecanização Agrícola da Universidade Federal do Espírito Santo
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Mapeamento de condutividade elétrica aparente do solo em lavoura de agrícola, utilizando sensor portátil visando a predição de atributos físicos e químicos do solo.
Identificação automatizada de plantas doentes em lavoura agrícola após integração de imagens multiespectrais levantadas com sensor ótimo embarcado em drone e sistemas de deteção desenvolvidos a partir de inteligência artificial.
Sistema sensor embarcado em drone para segmentação, via sensoriamento remoto aéreo com sensor multiespectral, de plantas infestadas por doenças fúngicas em cultivo agrícola.
Com a AP e a SP, máquinas com elevado e variado aparato eletrônico embarcado começaram a surgir no mercado, em especial as dotadas de sistemas de navegação por satélite e de controladores e atuadores que permitiam variar a dose de um determinado insumo a partir de mapas de prescrição construídos por interpolação.
Com o avanço da digitalização, melhorou-se tanto a capacidade de monitoramento das condições e fatores envolvidos na produção agrícola e florestal, bem como as tomadas de decisão e intervenções. Máquinas precisas, com sistemas autônomos, piloto automático, reguladores de vazão e atuadores para intervenções localizadas têm crescido em uso e eficiência, permitindo maior precisão e uniformidade nas operações.
Tecnologias de aplicação de insumos a taxa variável ajustam a quantidade de sementes/mudas, fertilizantes e defensivos conforme as necessidades específicas de cada área da lavoura ou floresta, otimizando recursos e aumentando a produtividade e a lucratividade do setor.
No campo do sensoriamento e da inteligência artificial (IA) os avanços são ainda maiores. Sensores capazes de avaliar o vigor vegetativo das plantas, detectar e monitorar estresses bióticos e abióticos, como o ataque de pragas e doenças, e aqueles destinados a variáveis de solo têm oferecido a possibilidade de um entendimento mais amplo e detalhado sobre os campos de produção e sobre a integração de variáveis que concorrem para maiores produtividades e qualidades dos produtos colhidos.
Sensores de solo, por exemplo, têm assegurado respostas em tempo real sobre variáveis envolvidas no manejo da irrigação em áreas agrícolas, assegurando, em alguns casos, até 20% de economia de água, otimizando a produção sem comprometer a produtividade. Para o monitoramento do pragas e doenças, diversas iniciativas têm utilizado ;
Mapeamento de condutividade elétrica aparente do solo (CEa) em lavoura agrícola e mapas real de potássio em comparação com o predito a partir da CEa e utilizando modelos de inteligência artificial.
Sensores portáteis para determinação da condutividade elétrica aparente (CEa) do solo e mapeamento de CEa em lavoura agrícola e mapas real de potássio em comparação com o predito a partir da CEa e utilizando modelos de inteligência artificial.
distintas plataformas e sensores visando monitorar surtos de lagartas desfolhadoras em eucalipto e/ou doenças em cultivos agrícolas. No âmbito da academia, temos desenvolvido soluções, adaptando ferramentas já existentes e/ou desenvolvendo novas, objetivando descrever surtos de pragas e estresses ocasionados por doenças, antes do atingimento ao nível de dano econômico. Esses avanços somente são possíveis com a integração entre sensores, plataformas transportadoras (sejam áreas – drones, sejam orbitais – satélites ou até mesmo terrestres – robôs autônomos) e algoritmos de Inteligência Artificial.
A IA proporciona a segmentação de padrões, a simulação de sistemas complexos e o processamento de uma quantidade massiva de dados, entregando insights importantes para a gestão dos campos de produção.
Modelos de IA aplicados a imagens de áreas multiespectrais nos permitiram desenvolver um sistema capaz de identificar, em lavoura agrícola comercial, plantas infestadas por fungos fitopatogênicos.
Mais importante que isso, quando integramos sistemas de monitoramento com sistemas de tomada de decisão (também construídos a partir de IA), conseguimos fechar o ciclo de manejo com precisão nos monitoramentos, assertividade nas detecções (e indicação dos níveis de severidade) e maior eficiência e velocidade nas tomadas de decisão.
Na vanguarda da tecnologia, encontram-se os sensores e modelos baseados em Internet das Coisas (IoT). Estes têm a capacidade de comunicação em tempo real com unidades inteligentes de processamento e gestão de dados, fazendo uma interface clara e objetiva entre os campos de produção e cérebros artificiais, os quais processam e propõem intervenções em altíssima velocidade e/ou enviam informações para atuadores que entram em ação aplicando autonomamente a prática de manejo.
Ciclo de Agricultura e Silvicultura de Precisão, incluindo as etapas de digitalização visando o monitoramento, processamento, tomada de decisão e atuação assertiva no manejo agrícola e florestal.
Cultivo de eucalipto submetido a aplicação localizada de herbicidas a taxa variável após determinação, por inteligência artificial, dos níveis de infestação.
Classificação automatizada de plantas daninhas em áreas de cultivo de eucalipto. Associação entre sensoriamento remoto aéreo e inteligência artificial baseada em redes neurais artificiais para definição do nível de infestação e aplicação localizada de herbicidas.
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Em fração de segundos, saímos do monitoramento para a tomada de decisão e a aplicação da ação de manejo necessária. Em silvicultura, por exemplo, sistemas de detecção do tipo “ You Only Look Once ” (YOLO) para deteção de objetos e segmentação de imagens em tempo real conectados diretamente com aqueles para aplicação de água ou herbicida têm prometido uma revolução tanto para o manejo de irrigação, quanto para a aplicação localizada de herbicidas.
Atualmente, estamos tratando a Agricultura e a Silvicultura como atividades orientadas por dados. Por assim ser, a capacidade de levantamento, armazenamento, processamento e compartilhamento destes deve ser elevada e segura.
Neste sentido, uma tendência está na tecnologia blockchain, a qual, além de permitir o compartilhamento de dados de forma segura em uma rede fechada e/ou aberta de computadores, permite a construção de bancos descentralizados que armazenam informações em blocos interligados, formando uma cadeia, reduzindo o tempo de transferência, sem alterá-los e com segurança. Essa tecnologia tem sido amplamente utilizada ao longo do globo para fornecer transparência na rastreabilidade de diferentes cadeias produtivas.
Um ponto que ainda é carente, mas cuja perspectiva é positiva, está na integração de sistemas e tecnologias. Essa integração é fundamental para que as diversas soluções individualizadas possam originar uma única que abranja uma quantidade maior de práticas e ofereça maior assertividade em todo o processo.
Adicionalmente, vislumbra-se a tecnologia como uma forte aliada da sustentabilidade e segurança alimentar e ambiental. Dentro de uma agenda global cada vez mais verde e sustentável, as tecnologias são importantes aliados de produtores agrícolas e gestores florestais. n
Como forma de melhor compreender a participação das mulheres na cadeia produtiva florestal brasileira, foi realizada uma consulta ao Sistema Nacional de Informações Florestais (SNIF) do Serviço Florestal Brasileiro, em que foi possível obter a série histórica de 2010-2021 dos vínculos formais ativos de empregos ocupados por mulheres e homens (vide gráfico). Esses dados fazem parte da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) do Ministério da Economia, que contém informações sobre a atividade trabalhista no País. Esse acervo é baseado em atividades elencadas segundo a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAEs), sendo algumas delas reagrupadas pelo SNIF. Essas informações são essenciais para melhor compreensão da realidade da cadeia produtiva florestal e embasar estratégias visando à equidade de oportunidades entre mulheres e homens.
Em 2021, foram contabilizados 738.522 vínculos na cadeia produtiva florestal, o que correspondeu a 1,5% da totalidade de 48.728.871 empregos formais ativos gerados no Brasil. Pela série histórica, nota-se que a maior proporção de mulheres ocorreu em 2014 (22,41%) e a menor em 2010 (20,08%).
Embora haja maior percentual de mulheres nos segmentos com consideráveis níveis de automatização, é evidente a necessidade de ampliar a participação das mulheres nas diferentes faixas etárias, na cadeia produtiva florestal. "
Cristiane Aparecida Fioravante Reis
Pesquisadora da Embrapa Florestas
No decorrer de 12 anos, o percentual médio anual de empregos ocupados pelas mulheres foi 21,37%. Em 2021, as mulheres ocuparam 22,2% dos postos formais de empregos. Essas informações corroboram que essa cadeia produtiva, historicamente, emprega mais homens que mulheres.
Observou-se também que, em 2021, 73,09% dos empregos ativos (mulheres e homens) tiveram remuneração variando de um a três salários-mínimos. Os maiores percentuais de mulheres se concentraram nas faixas salariais mais baixas (até 0,50 salário-mínimo: 39,7%; 0,51 a 1 salário-mínimo: 27,5%; 1,01 a 1,5 salários-mínimos: 27,4% e 1,51 a 2 salários-mínimos: 23,7%), ao passo que os maiores percentuais de homens se concentram nas faixas salariais que receberam acima de três salários-mínimos (superiores a 81%).
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No que se refere à escolaridade, 92,23% dos empregados (mulheres e homens) tinham formação igual ou inferior ao superior incompleto no ano de 2021. Aproximadamente metade destes vínculos formais estavam relacionados a empregados com ensino médio completo. Esses resultados ajudam a explicar o fato de que 73,08% dos empregados ativos receberam remuneração abaixo de três salários-mínimos, já que os maiores salários estão normalmente associados a um maior nível de escolaridade.
O percentual de funcionários com ensino superior completo e com formação complementar de mestrado e doutorado não alcançou 8%. A média de vínculos ocupados por mulheres no decorrer das diferentes faixas de escolaridade foi 24,7%. Essa média foi superada pelos seguintes níveis de escolaridade: superior incompleto (36,9%), superior completo (40,3%), mestrado (34%) e doutorado (40,9%). Em 2021, o percentual médio de mulheres ocupadas nas diferentes faixas etárias foi 20,5%.
VÍNCULOS FORMAIS ATIVOS DE EMPREGOS OCUPADOS POR MULHERES E HOMENS, NA CADEIA PRODUTIVA FLORESTAL BRASILEIRA - 2010–2021
DISTRIBUIÇÃO DOS VÍNCULOS FORMAIS DE EMPREGOS OCUPADOS POR MULHERES E HOMENS POR SEGMENTO DE ATIVIDADE EM 2021 ;
Nota-se que os percentuais de mulheres com vínculos ativos formais de empregos foram relativamente semelhantes entre as faixas etárias de: 24 anos ou menos (22,9%), 25 a 29 anos (23,4%), 30 a 39 anos (24,4%) e 40 a 49 anos (21,8%). As faixas etárias mais elevadas, 50 a 64 anos e acima de 65 anos, tiveram 17,4% e 13% de mulheres empregadas.
Os percentuais de mulheres e homens ocupados em 13 segmentos dentro da cadeia produtiva florestal brasileira são apresentados na tabela exposta na página anterior. Em 2021, os quatro segmentos com maiores números de empregos, em ordem decrescente, foram: fabricação de móveis, fabricação de produtos de papel, fabricação de produtos de madeira e atividade de impressão, totalizando 66,1% dos empregos formais da cadeia produtiva florestal brasileira.
A automatização, que visa acelerar processos, garantir maior segurança dos colaboradores e otimizar a produção, mostra-se presente também nos segmentos com maiores percentuais de mulheres empregadas. Em especial, o segmento de impressão se destacou por ter o maior percentual de mulheres empregadas, 33,9%. Esse segmento engloba a impressão de jornais, livros, revistas e outras publicações periódicas, além de materiais de segurança e impressão para diversos outros fins. É notável a presença da automatização neste segmento, proporcionando maior eficiência e qualidade nos processos e produtos.
A indústria de fabricação de produtos de papel apresentou a segunda maior porcentagem de mulheres formais ativas, atingindo 26,6% do total. Dentro deste segmento, englobam-se diversas atividades, tais como a produção de chapas e embalagens de papelão ondulado, embalagens de cartolina e papel cartão, outras embalagens de papel, formulários contínuos, fraldas descartáveis, absorventes higiênicos, produtos de papel para uso doméstico e higiênico-sanitário não especificados anteriormente, entre outros.
A automatização neste segmento desempenha um papel fundamental na otimização de processos, na melhoria da eficiência operacional, na redução de custos e no aumento da segurança dos empregados.
O segmento de fabricação de móveis está na terceira posição, com mulheres ocupando 24,9% dos vínculos formais de empregos. Este segmento é composto por indústrias de mobiliários de madeira ou com predominância de madeira, envernizados, encerados, esmaltados, laqueados, recobertos com lâminas de material plástico, estofados, para uso residencial e não residencial.
Abrange também a fabricação de móveis embutidos ou modulados de madeira, a fabricação de esqueletos de madeira para móveis e o acabamento de móveis (envernizamento, esmaltagem, laqueação e serviços similares).
A automatização também tem sido ampliada nos processos industriais deste segmento, além de abrir novas oportunidades para gerar produtos ainda mais inteligentes, com maior valor agregado e com redução no desperdício de matéria-prima.
O segmento de produção de produtos de madeira, cortiça e material trançado alcançou a quarta posição em termos de porcentagem de ocupação pelas mulheres, atingindo 22,2%. Esse segmento engloba a fabricação de diversos produtos, como madeira laminada; chapas de madeira compensada, prensada e aglomerada; estruturas de madeira para construção e de artigos de carpintaria; fabricação de artefatos de tanoaria e embalagens de madeira, além de artefatos feitos de madeira, palha, cortiça, vime e material trançado.
Neste caso, a automatização também já se faz presente em vários dos processos industriais ora relatados. Do exposto, embora haja maior percentual de mulheres nos segmentos com consideráveis níveis de automatização, é evidente a necessidade de ampliar a participação das mulheres nas diferentes faixas etárias, na cadeia produtiva florestal.
Como o percentual de funcionárias nas maiores faixas salariais ainda é pequena, o estímulo e o investimento na capacitação profissional consistem em estratégias pertinentes de promoção de desenvolvimento profissional. Clique no link abaixo para acessar a íntegra deste estudo com download gratuito. n
A agricultura e a silvicultura vivem um momento de profunda transformação tecnológica, impulsionadas pela rápida expansão da automatização e da digitalização dos processos produtivos. Paralelamente, o setor enfrenta um desafio igualmente complexo: a escassez de mão de obra qualificada. Diante desse cenário, surgem questões fundamentais sobre o futuro da formação profissional e seu papel frente às soluções digitais emergentes.
Como professor universitário atuando na Universidade Federal do Espírito Santo, diretamente ligado aos cursos de graduação e pós-graduação em Agronomia e Engenharia Florestal, acompanho de perto as demandas por profissionais preparados para interagir com as novas tecnologias no campo. Vivenciamos uma realidade em que a automatização deixa de ser uma possibilidade para se tornar uma necessidade estratégica para a eficiência produtiva, sustentabilidade e competitividade das atividades agroflorestais. No entanto, automatizar processos não significa substituir completamente o fator humano. Ao contrário, a transição digital re quer uma reformulação da formação técnica e acadêmica tradicional.
Precisamos ir além das disciplinas tradicionais e investir fortemente em educação continuada e no desenvolvimento de habilidades multidisciplinares, aproximando o ambiente acadêmico das reais necessidades do mercado. "
Willian Bucker Moraes
Professor Adjunto da Universidade Federal do Espírito Santo
Profissionais do campo, engenheiros florestais, agrônomos e técnicos precisam desenvolver competências adicionais, como o domínio de sistemas digitais integrados, robótica, inteligência artificial e análise avançada de dados (big data). Essa mudança, longe de eliminar empregos, promove uma evolução qualitativa das funções desempenhadas pelos trabalhadores rurais e especialistas do setor.
Atualmente, diversas universidades e instituições de pesquisa vêm revisando seus currículos e estratégias pedagógicas para atender à nova realidade tecnológica. Precisamos ir além das disciplinas tradicionais e investir fortemente em educação continuada e no desenvolvimento de habilidades multidisciplinares, aproximando o ambiente acadêmico das reais necessidades do mercado. A cooperação entre instituições de ensino, empresas e centros tecnológicos será decisiva para acelerar esse processo de adaptação.
No campo da silvicultura, especificamente, as tecnologias digitais já demonstram potencial para revolucionar desde o planejamento florestal até a colheita mecanizada. Drones, sensores remotos, equipamentos autônomos e softwares preditivos permitem ganhos significativos em produtividade, precisão e segurança operacional. Contudo, tais soluções exigem profissionais com capacidade crítica e técnica avançada para interpretar dados, tomar decisões estratégicas e gerenciar as operações automatizadas.
Um exemplo prático desse cenário pode ser observado no uso de veículos aéreos não tripulados (VANTs) para o monitoramento de pragas e doenças em plantações de eucalipto ou pinus. Com a captura de imagens multiespectrais, os profissionais conseguem identificar focos de infestação em estágio inicial, permitindo intervenções rápidas e eficientes. Além disso, sistemas de inteligência artificial podem analisar padrões de crescimento e gerar relatórios precisos, otimizando o manejo florestal e reduzindo perdas de produtividade.
Da mesma forma, na agricultura, os sensores de umidade do solo e as estações meteorológicas automatizadas oferecem dados em tempo real sobre as condições climáticas e hídricas. Em culturas como café, cana-de-açúcar ou frutas tropicais, essas informações viabilizam a aplicação racional de insumos, o que resulta em menor desperdício
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de água e defensivos agrícolas, além de custos operacionais mais baixos. Profissionais habilitados para interpretar esses dados e integrar o conhecimento agronômico com a tecnologia digital tornam-se peças-chave para o sucesso dessas inovações.
É fundamental perceber que a automatização, mais que um fator competitivo, se tornou um diferencial de sustentabilidade. A eficiência alcançada pelas tecnologias digitais reduz desperdícios, otimiza recursos e minimiza impactos ambientais, ao mesmo tempo em que potencializa a rentabilidade e a segurança dos processos produtivos.
Portanto, enfrentar o desafio da automatização exige um compromisso profundo com a educação profissional. As instituições acadêmicas, especialmente as universidades públicas, têm um papel decisivo em formar profissionais altamente capacitados para uma agricultura e silvicultura digitalizadas, inovadoras e responsáveis. Trata-se não apenas de acompanhar a revolução tecnológica, mas de liderá-la, garantindo que os avanços digitais tragam benefícios econômicos, sociais e ambientais tangíveis.
A sinergia entre os avanços tecnológicos e a qualificação humana tem o potencial de inaugurar uma era de maior produtividade e sustentabilidade. Entretanto, é preciso enfatizar que essa transição só será efetiva se as instituições de ensino, a iniciativa privada e o poder público unirem esforços para promover a capacitação contínua, a pesquisa aplicada e a disseminação de boas práticas em todas as frentes do agronegócio e do setor florestal.
Assim, garantiremos não apenas o suprimento de mão de obra especializada, mas também a manutenção de um ecossistema produtivo mais resiliente, competitivo e integrado às demandas globais de preservação ambiental e segurança alimentar.
Nesse sentido, nosso maior desafio é alinhar a velocidade da transformação digital com a capacidade das pessoas em absorver, dominar e inovar a partir dessas novas ferramentas.
Investir em formação profissional robusta é, portanto, o caminho mais seguro para que a automatização não seja vista como ameaça, mas sim como uma grande oportunidade para o crescimento sustentável das atividades agrícolas e florestais do futuro. n
Ao contrário do que muitos pensam, o mercado de drones destinado ao uso agrícola não começou na China, mas sim no Japão. Ainda na década de 80 e meados de 90, uma reconhecida empresa japonesa testou e lançou os primeiros modelos de drones para a pulverização de defensivos agrícolas, com capacidade de até 28 kg. De acordo com a ANAC – Agência Nacional de Aviação Civil, existem cadastrados mais de 170.000 drones para diversas finalidades (recreativo, cinematografia, segurança, etc.), dos quais 6.500 são destinados ao uso agrícola. Em empresas que atuam com plantações florestais, o drone tem sido utilizado para levantamento de sobrevivência precoce de mudas pós-plantio (antes dos 30 dias), de resíduos oriundos da colheita da madeira (ex. ponteiros); aplicação de defensivos (ex. herbicida e inseticidas) e insumos agrícolas (ex. fertilizantes); dispersão de agentes biológicos para o controle de pragas; identificação e registro de incêndios; inventários florestais, com utilização de tecnologias modernas (ex. Light Detection and Ranging - LiDAR) para censo dos talhões e, em escala experimental, o monitoramento de formigas cortadeiras com uso de sonar, para identificação dos formigueiros, ou mesmo câmeras RGB, multi e hiperspectrais para avaliação da taxa de infestação por plantas daninhas ou desfolha ocasionada por pragas e doenças. Além da multifuncionalidade, o uso de drones na silvicultura possui ampla vantagem quanto à mobilização e logística de transporte para determinadas atividades quando comparado a tratores ou autopropelidos.
Os softwares devem tomar a decisão pelo engenheiro ou devem contribuir para que ele tome a sua decisão? "
Uma das principais vantagens no uso do drone na silvicultura é a redução de demanda por trabalhadores rurais e, ao mesmo tempo, menor exposição desses colaboradores a acidentes e contato com produtos perigosos, como, por exemplo, durante a pulverização de herbicida.
Em números gerais, uma equipe de pulverização de herbicida com drone é composta por quatro pessoas, sendo um piloto, um responsável técnico pela recomendação da calda (doses dos produtos) e critérios de pulverização, além de dois auxiliares para preparo da calda e troca das baterias do drone durante a operação.
Em uma pulverização de herbicida com costal, principalmente em áreas declivosas, a equipe pode chegar a ter 16 trabalhadores rurais; ou seja, cerca de quatro vezes mais colaboradores quando comparado a pulverização com drone.
Vale destacar que, em ambos os modelos de pulverização, os colaboradores devem utilizar vestimentas e equipamento de proteção individual (EPI) adequados à operação. Nesse sentido, destaca-se também que o uso de drones facilita o atendimento à norma regulamentadora NR31, que versa prioritariamente sobre a obrigação de prover condições para banho
Alexandre de Vicente Ferraz
Coordenador do PTSM - Programa Cooperativo sobre Silvicultura e Manejo do IPEFInstituto de Pesquisas e Estudos Florestais
dos trabalhadores envolvidos com agrotóxicos, após finalizadas todas as atividades de preparo e/ou aplicação.
Se, por um lado, o uso de drones reduz a demanda por mão de obra, por outro lado e em determinadas atividades, demanda profissionais com maior capacidade técnica e múltiplas competências. Por exemplo, para que a pulverização de herbicidas com drone (baixo volume comparado à atividade com o uso de trator) seja efetiva e eficiente, a equipe de trabalho deve ter bom conhecimento sobre as condições climáticas desejadas (ex. velocidade do vento e umidade do ar); a altura, velocidade de voo e faixa de aplicação; o tipo de bico de pulverização; a compatibilidade e ordem de mistura de produtos (herbicida + adjuvante) no tanque; entre outros.
Em qualquer pulverização aérea, como por avião agrícola, o risco de deriva aumenta significativamente quando comparado à operação com o uso de trator. Apesar de a pulverização com drone ser classificada como uma atividade intermediária, ou seja, nem aérea nem terrestre, a deriva na pulverização de herbicidas com o drone tem sido um problema comum, principalmente quando há falta de conhecimento sobre os critérios mínimos para a pulverização (ex. temperatura do ar abaixo de 30ºC).
Por isso, ter boa experiência e conhecimento sobre pulverização com drones é premissa fundamental para que a atividade tenha êxito.
O uso do LiDAR para inventários florestais tem tido a oportunidade de ganhos significativos no âmbito técnico (grande quantidade e qualidade de informações – big data) e operacional, pois permite reduzir significativamente o esforço de amostragem e, consequente -
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mente, o número de talhadores responsáveis pelas medições em campo.
Dependendo das condições do talhão (ex. subosque denso), os métodos de inventários tradicionais podem apresentar um número elevado de acidentes (ex. queda devido a terreno irregular) e afastamentos quando comparado ao uso de drones e sensores remotos.
Da mesma forma, o uso de sensores modernos nos inventários tem exigido profissionais altamente especializados no processamento, filtragem e geração de algoritmos que extraiam da “nuvem da dados” proporcionada pelo LiDAR os resultados objetivados; ou seja, a quantidade de informações obtidas com o LiDAR é tamanha que somente um profissional capacitado consegue analisar e obter, por exemplo, o volume de madeira em uma plantação florestal ou a diversidade e a estrutura de uma floresta nativa.
Com todo o advento tecnológico recente, como sensores remotos de elevada precisão e exatidão, drones, algoritmos de análise de imagens satelitais e, até mesmo, de predição, há uma tendência de o engenheiro florestal passar mais tempo no escritório, em frente a um computador, do que no campo observando a resposta do povoamento florestal ao clima, solo e práticas silviculturais.
Apesar de toda evolução computacional e matemática, os fenômenos físicos, químicos e biológicos atuantes em uma floresta ao longo do tempo estão longe de ser integralmente representados por um algoritmo, ou seja, quem está servindo a quem? Os softwares devem tomar a decisão pelo engenheiro ou devem contribuir para que ele tome a sua decisão? Termino meu texto com estas perguntas para reflexão. n
Imagine se você descobrisse que o médico com o qual você vai fazer uma cirurgia cardíaca na manhã seguinte se formou há 20 anos como o melhor aluno da sua classe, na melhor faculdade de medicina do País. Muito bom, hein?!
Entretanto, nos últimos 20 anos, ele não leu nenhum livro, nem participou de nenhum congresso, nem teve por costume ler regularmente revistas especializadas da sua área médica. Você faria a cirurgia em paz?
No que se refere a nossa área, quantas tecnologias foram desenvolvidas e implantadas nessas duas décadas como o estado da arte e, depois de algum tempo, substituídas por uma nova opção, muito mais eficaz e eficiente, que tomaria o lugar da anterior, até ser igualmente substituída por uma mais nova ainda.
Quantas pragas e doenças apareceram, desapareceram, e algumas até voltaram? Quantas técnicas foram substituídas nesses últimos 20 anos?
Nenhum conhecimento é definitivamente eterno. A faculdade está sempre atualizada, mas tão somente até o dia da sua formatura. Os livros, igualmente, até o dia da sua publicação. As opções que são continuadamente atualizadas são os congressos e as publicações regulares das áreas.
Conhecendo esse cenário e o que passou a representar nesses 22 anos de operação para as universidades, centros de pesquisa e empresas do sistema agrícola e florestal, a Revista Opiniões decidiu abrir inscrições gratuitas para que todos os estudantes, professores e cientistas de todos os cursos de agroconhecimento de qualquer parte do mundo, passem a receber todas as nossas publicações.
Todos os artigos da Revista Opiniões têm textos publicados em 7 idiomas, quais sejam: português, espanhol, inglês, francês, chinês, árabe e hindi, cobrindo a língua falada pelo incrível numero de mais de 4 Bilhões de pessoas.
O objetivo é fazer com que o estudante, desde o primeiro dia de aula, passe a participar da vida empresarial na qual se integrará, em alguns anos, já com atualizado conhecimento do que está sendo discutido, avaliado e implantado nas empresas.
Muitos dos executivos e cientistas que hoje escrevem na Revista Opiniões declararam que liam nossas edições desde quando ainda eram estudantes nas universidades.
Ampliando o projeto de educação continuada, decidimos também abrir as inscrições gratuitas para todos os funcionários das áreas técnicas, agrícolas, industriais e administrativas das empresas produtoras e fornecedoras dos sistemas florestal e bioenergético de qualquer parte do Brasil e do mundo.
O acesso à informação dirigida é a mais eficiente forma de unificar e atualizar o conhecimento entre todos os funcionários em cargos de comando, bem como preparar os funcionários em ascensão para assumi-los. Esta é a mais agradável forma de gerar a educação continuada.
Para passar a receber regular e gratuitamente as edições de nossas revistas, basta enviar um e-mail com os dados abaixo:
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e as mudanças
A convergência entre tecnologia e a automação
Anuário de Sustentabilidade & Guia de Compras do setor bioenergético Como as empresas estão se preparando para conviver com os eventos climáticos
A manutenção ideal
A velocidade da implantação das inovações
FLORESTA: Celulose, Papel, Carvão, Siderurgia,
Desafios da produtividade florestal no Brasil
Anuário de Sustentabilidade & Guia de Compras do sistema Florestal - 2025
A sustentabilidade precisa trocar o abstrato pelo concreto
Os impactos econômicos e sociais das florestas plantadas
A busca da alta produtividade florestal
Ações diretas e indiretas de proteção da floresta plantada
A floresta plantada, as áreas degradadas e o desmatamento
Nota: Pautas e datas de fechamento sujeitas a alterações em função da pesquisa de mercado que será realizada 45 dias antes da publicação para verificar a atualidade do assunto.
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