O Brasil das florestas plantadas - OpCP59

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equidade de sexo na engenharia florestal

onde estão as mulheres no setor florestal? O setor florestal é um ambiente cada vez menos estereotipado como masculino, onde as tecnologias de produção, manejo e planejamento permitem que nossos processos e operações sejam cada vez mais limpos e precisos. A revolução tecnológica no setor trouxe drones, sistemas integrados, torres de monitoramento automatizadas, veículos rastreados e a necessidade de um profissional cada vez mais arrojado e especializado para executar suas funções. Contudo o setor florestal continua a ser um reduto masculino. A cultura da hegemonia masculina no setor se materializa, principalmente, na sub-representação feminina nos espaços estratégicos e de decisão política. Mesmo não havendo dados oficiais, é possível observar que não só as empresas do setor como as entidades responsáveis por traçar suas diretrizes não possuem mulheres em seus cargos estratégicos, ou as mantém com uma participação concentrada em áreas administrativas e em funções juniores. Os cargos de liderança do setor florestal continuam, historicamente, concentrados nas mãos dos homens.

Tais informações não estão sistematizadas, contudo uma pesquisa rápida em sites de empresas públicas, privadas e instituições de ensino revela os menores índices da participação feminina. Nesse sentido, em 2016, o Forest Stewardship Council – FSC, reconhecendo as evidências do domínio masculino observadas na formulação de políticas do manejo florestal formal, abriu uma discussão importante acerca da necessidade de promover padrões de igualdade de sexo no manejo florestal. A bem da verdade, o setor florestal acompanha a tendência do mercado de trabalho mundial, em que apenas 22% dos cargos de liderança são ocupados por mulheres, 32% das empresas não contam com administradores do sexo feminino. Além disso, o Brasil apresenta um fenômeno particular em que, quanto mais alto o cargo, menor a proporção de ocupação por mulheres. Esse fenômeno é chamado de “teto de vidro” e é descrito de forma simbólica como uma barreira transparente e sutil, no entanto forte por não ser nítida e capaz de dificultar severamente a ascensão de mulheres aos cargos de liderança e à tomada de decisão. As características do setor estão conectadas a estereótipos de sexo que, historicamente, codificam diferenças como naturalmente femininas ou masculinas, atribuindo habilidades e tarefas distintas para homens e mulheres. Tais diferenças influenciam processos de seleção, avaliação e promoção dentro das organizações, alimentando, assim, a hegemonia masculina no setor florestal.

Mesmo que a discussão esteja democratizada a importância ao tema assim como as decisões acerca do que será discutido continuam a ser dominadas pelos homens. "

Camila Savastano de Queiroz

Mestre em Restauração e conservação de ecossistemas e Coordenadora de pós-graduação da Univiçosa Coautora: Daniela Higgin Amaral, Mestre em Ciência Florestal pela UFV e Doutorado em Energia pela USP

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