Opiniões
florestas resilientes para o manejo das doenças abióticas do eucalipto A proteção florestal, até pouco tempo, se restringia ao manejo de pragas, doenças e plantas daninhas, incluindo as ações preventivas e de combate aos incêndios florestais. Mais recentemente, com o aumento das variações do padrão climático e consequente impacto sobre a produtividade florestal, torna-se necessário ampliar esse escopo de atuação. Na última década, foi possível observar eventos de queda de produtividade florestal em diferentes regiões do País, quase sempre associados aos eventos extremos e, ou, de alteração do padrão climático. Considerando essa nova realidade, a proteção dos plantios depende agora de uma visão mais abrangente, incluindo o estudo e o desenvolvimento de opções de manejo para as doenças abióticas.
Além das dificuldades de ferramentas e de metodologias, a falta de profissionais dedicados ao estudo das interações entre o eucalipto e o ambiente é uma forte limitação. "
Reginaldo Gonçalves Mafia Coordenador de Pesquisa da Fibria Celulose
Mas, antes de qualquer coisa, é importante esclarecer o que é uma doença e como podemos diferenciar as doenças bióticas daquelas abióticas. Em patologia florestal, doença é qualquer desvio das funções normais de uma planta, que, em última análise, podem afetar seu crescimento, produção e/ou sobrevivência. As doenças bióticas são causadas por agentes biológicos patogênicos, como fungos e bacté; rias, por exemplo.
Por outro lado, as doenças abióticas são causadas pela falta, excesso ou a combinação desses desvios para um ou vários fatores ambientais. O distúrbio fisiológico e o déficit hídrico, por exemplo, são doenças abióticas do eucalipto. As doenças abióticas não são transmissíveis, a incidência ocorre de forma uniforme, e os sintomas aparecem, muitas das vezes, de forma simétrica. Mas, apesar dessas características bem definidas, existe, normalmente, muita dificuldade para o estudo e o desenvolvimento de formas de manejo desse grupo de doenças. Em contrapartida, as doenças bióticas envolvem a participação de agentes patogênicos que podem ser facilmente visualizados, isolados e inoculados em plantas sadias para confirmação e estudos de causa e efeito. Para esse grupo de doença