doenças
Opiniões
seca de ponteiros laterais:
uma nova doença na cultura do eucalipto a seca de ponteiros laterais do eucalipto, ou seca por pseudoplagiostroma, é, definitivamente, uma nova doença emergente na eucaliptocultura nacional "
Edival Angelo Valverde Zauza
Gerente de Tecnologia e Proteção Florestal da Suzano Papel e Celulose
O grande desafio à introdução e à utilização comercial de essências exóticas é a adaptação da espécie às condições edafoclimáticas. Espécies mal adaptadas, quando sobrevivem, ficam continuamente sob estresse e não expressam seu potencial genético máximo. A incidência de pragas e doenças podem ser limitantes, uma vez que a espécie introduzida não coevoluiu com grande parte das pragas e dos fitopatógenos locais. São relativamente frequentes os problemas de doenças em plantios comerciais de eucalipto, e há várias doenças relatadas desde a expansão da eucaliptocultura para diferentes regiões do país. Existem doenças abióticas, causada por agentes não infeciosos e não transmissíveis de planta a planta que normalmente decorrem de intempéries ou manejo inadequado da cultura como, déficit hídrico, malformação radicular e toxicidade por herbicidas ou fertilizantes. As principais doenças de causa biótica, na cultura, são incitadas por fungos como a ferrugem-do-eucalipto (Puccinia psidii), murcha-de-ceratocystis (Ceratocystis fimbriata) e mancha-de-teratosphaeria (Teratosphaeria nubilosa) e por bactérias como a murcha-de-ralstonia (Ralstonia solanacearum), murcha-de-erwinia (Erwinia psidii) e mancha foliar de bactérias (Xanthomonas axonopodis e Pseudomonas cichorri). A sanidade e arquitetura dos ponteiros dos Eucalyptus, que possuem crescimento apical indeterminado e dominante, são aspectos que rapidamente atestam o vigor da planta e, sua deformação, seca ou morte envolve agentes causais
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abióticos e bióticos. Por isso, deparamos com muitos equívocos ao descreverem a causa primária de uma seca de ponteiros quando essa não é efetuada seguindo um processo rigoroso de diagnose fitossanitária e, muitas vezes, multidisciplinar. A identificação errônea do agente causal de uma doença pode desencadear uma série de medidas de controle inadequadas e ineficazes. Para tanto, é primordial que o etiologista tenha conhecimento técnico em fitopatologia e experiência com a cultura e suas diferentes espécies, pois alterações fenológicas próprias do material genético, como queda natural de folhas ou desrama, podem ser confundidas com doenças. Caso comum é a seca de ponteiros seguida da morte de plantas em decorrência da inadaptabilidade da espécie ou do clone a uma determinada condição edafoclimática. A doença, ainda abiótica, mais investigada na eucaliptocultura nas últimas quatro décadas é a Seca de Ponteiros do Eucalipto do Vale do Rio Doce (SPEVRD), descrita pelo professor Francisco Alves Ferreira, e com grande impacto econômico na região. Há outras doenças, também de causas abióticas e com as mesmas características sintomatológicas de SPEVRD, com incidência de lesões ou minicancros nas inserções dos ramos e folhas seguida por perda de dominância apical da planta, formação de brotações ao longo do tronco e morte no caso de materiais genéticos mais suscetíveis. Elas vêm sendo registradas em diferentes estados e com distintas denominações em decorrência de um ou mais sintomas adicionais, a depender das condições ambientais do local. Assim, em eventos florestais, estando ou não relacionados à sanidade florestal, é comum ouvirmos nomes das doenças: distúrbio fisiológico do eucalipto, distúrbio abiótico do eucalipto, inadaptabilidade clonal e declínio clonal do eucalipto. Em todas essas secas de ponteiros, tem sido relatada a presença e o isolamento de fungos das mais diversas ;