A proteção que as plantações florestais exigem - OpCP46

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Opiniões

manejo de formigas-cortadeiras em

florestas cultivadas Ao longo de vários anos, estudando o manejo de formigas-cortadeiras, pude perceber que muito do que se sabe sobre elas ainda é insuficiente para entendê-las. Talvez as formigas-cortadeiras se encaixem perfeitamente na lógica desta edição da Revista Opiniões: nunca se pode deixar de cuidar delas em uma floresta cultivada. O manejo desse grupo de insetos inicia antes da implantação e se estende até a colheita, para então iniciar novamente.

O manejo integrado de pragas preconiza o uso integrado de diversas técnicas de controle selecionadas com base em parâmetros econômicos, ecológicos e sociais, objetivando manter a população da praga abaixo do nível de dano econômico. Para isso, um programa de manejo de pragas requer amplo conhecimento da praga; técnicas de estimação precisa da densidade populacional da praga; ferramentas ajustadas de tomada de decisão; e variedade de métodos de controle. O que podemos dizer sobre isso?

Ao longo de vários anos, estudando o manejo de formigas-cortadeiras, pude perceber que muito do que se sabe sobre elas ainda é insuficiente para entendê-las. "

Ronald Zanetti Bonetti Filho Professor de Manejo de Pragas Florestais da UF-Lavras

As formigas-cortadeiras são insetos dos gêneros Atta e Acromyrmex (Hymenoptera: Formicidae) e são consideradas as principais pragas de florestas cultivadas no Brasil e em diversos países sul-americanos, pois necessitam cortar grande quantidade de material vegetal fresco para fornecer ao fungo simbionte que cultivam no subsolo, para que ele disponibilize constantemente alimento a colônia. Possuem ciclo de vida longo, que pode ultrapassar o ciclo da própria floresta cultivada. Apresentam infestação anual e constante e podem gerar muitas colônias descendentes numa mesma área. Os primeiros programas de manejo integrado de formigas-cortadeiras no Brasil foram concebidos no início da década de 1990, com o objetivo de aumentar a eficácia do controle, reduzir seus custos e racionalizar a quantidade de inseticida utilizado nos plantios. Tais programas foram sendo aperfeiçoados com o tempo; no entanto ainda é preciso avançar muito para se alcançar um bom programa.

Amplo conhecimento da praga: Estudos sobre formigas-cortadeiras são abundantes e abordam diferentes temas sobre a biologia, ecologia, comportamento, fisiologia, taxonomia, amostragem, controle, entre outros. A minoria trata de questões básicas da sua bioecologia, das quais dependem as questões aplicadas, como o controle. Veja um exemplo: aplicam-se formicidas tendo como base o tamanho externo dos ninhos, porém ainda não se sabe ao certo qual a relação entre o tamanho do ninho e a quantidade de formigas que ele abriga. Ninhos aparentemente grandes podem conter poucos indivíduos, porém pode ocorrer o contrário, o que resultaria em inefetividade de controle. Pouco se sabe sobre o ciclo biológico ou longevidade das diferentes castas de uma colônia, a taxa de mortalidade natural, os efeitos das variáveis ambientais na atividade das formigas, os fatores que levam ao amuamento dos ninhos ou ; sobre o forrageamento de iscas formicidas.

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