A proteção que as plantações florestais exigem - OpCP46

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pragas

as pragas exóticas

que estão chegando

A produção de madeira baseada em plantações florestais, utilizando principalmente espécies de eucalipto e pinus, tem viabilizado com sucesso da produção industrial de papel e celulose, painéis e chapas e da siderurgia, baseada em carvão vegetal. Para isso, a silvicultura intensiva aplica conhecimentos e tecnologias avançadas, como a melhoramento para seleção de híbridos mais produtivos e adaptados, clonagem, fertilizantes mais eficientes, mecanização de operações florestas, etc. Entretanto, os ganhos de produtividade são afetados pelo ataque de pragas e doenças florestais. As espécies e híbridos de Eucalyptus são as que mais têm sofrido, nas últimas décadas, com o problema de pragas. Além das pragas nativas, como formigas-cortadeiras, cupins e lagartas, as pragas exóticas, originárias da Austrália, são as que mais têm afetado a produção de madeira no Brasil. As principais pragas exóticas do eucalipto são psilídeo-de-concha (Glycaspis brimblecombei), percevejo bronzeado (Thaumastocoris peregrinus), gorgulho-do-eucalipto (Gonipterus platensis) e vespa-de-galha (Leptocybe invasa). Com exceção do gorgulho-do-eucalipto, que foi introduzido na década de 1950, as demais pragas exóticas foram constatadas a partir de 2003. A globalização e o aumento do comércio internacional têm sido considerados fatores-chave na introdução de pragas e doenças exóticas em nível mundial. Entretanto a maioria dos casos está relacionada a insetos broqueadores de árvores, como os casos do besouro A globalização e o aumento do comércio internacional têm sido considerados fatores-chave na introdução de pragas e doenças exóticas em nível mundial. "

Carlos Frederico Wilcken Professor de Entomologia Florestal, Diretor da Unesp-Botucatu e Coordenador do Protef/IPEF

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asiático Anoplophora glabripennis (Coleoptera: Cerambycidae) e besouro-verde do freixo Agrilus planiplennis (Coleoptera: Buprestidae), que já causaram mais de um bilhão de dólares em prejuízos na arborização urbana na América do Norte. Os insetos broqueadores têm mais risco de serem introduzidos por estarem associados à madeira, principalmente de pallets e caixotaria. No caso das pragas exóticas de eucalipto, insetos sugadores e formadores de galhas, que necessitam de tecido vegetal vivo, como folhas e ramos, os de maior ocorrência. Nesse caso, a introdução pode ser devida ao transporte clandestino de mudas e/ou estacas para propagação vegetativa, introduzindo as pragas de forma acidental ou mesmo intencional. O percevejo bronzeado, detectado no Brasil em 2008, causa redução no incremento médio anual (IMA) entre 15% a 20% em MG e SP. A estimativa de prejuízos econômicos no período de 2010 a 2015 chega a R$ 1,1 bilhão. Os danos causados pelo psilídeo-de-concha e vespa-de-galha ainda não foram completamente determinados. Porém essas três pragas inviabilizaram a continuidade dos plantios de Eucalyptus camaldulensis e de híbridos com essa espécie no Brasil, sendo esse o principal material genético utilizado nos programas de melhoramento, visando à resistência ao déficit hídrico e à produção de carvão vegetal.


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