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Nadja Sofia Trombetta Camisasca
Ela está presente na avaliação de mortalidade das mudas em decorrência de geadas ou deficiência hídrica, na avaliação da distribuição espacial do resíduo de exploração, no monitoramento nutricional, no levantamento e no monitoramento de pragas e de doenças, na localização de áreas atingidas por geadas, no mapeamento de riscos e localização de incêndios, no planejamento de inventários e até mesmo no mapeamento da produtividade dos talhões. Isso tem exercido grande pressão, também, sobre as relações de trabalho.
Por último, surge um terceiro fator, também importante: o estabelecimento de condomínios florestais. Este tem sido um modelo definido como alternativa de “economia compartilhada”, que pode formar e fortalecer polos produtivos florestais, facilitando desde a compra de insumos até a negociação e o transporte da madeira produzida. Os condomínios florestais vêm sendo uma forma quase predominante no novo movimento de estabelecimento de um subsetor florestal voltado, especificamente, para a produção de madeiras nobres, como teca, mogno africano e cedro australiano, por exemplo. Nesse caso, há quase uma terceirização ao inverso, pois o investidor não se responsabiliza pelas relações de trabalho e sim a empresa implementadora e gestora do condomínio. Torna-se, cada vez mais, evidente que o sucesso da terceirização está altamente correlacionado à existência de adequada relação de parceria entre os envolvidos no processo.
A empresa contratante deve tomar o máximo cuidado, principalmente com as relações contratuais da empresa terceirizada, pois é certo de que a terceirização, de certa forma, provoca uma ruptura no binômio empregado-empregador. O processo deve ter sempre como base a longevidade da relação, pois troca de empresas significa custos aumentados, até porque envolverá novo treinamento de pessoal e readaptação da empresa terceirizada com a contratante. Ele também depende da necessidade de que as empresas terceirizadas se preocupem com a forma pela qual o seu trabalho pode influenciar as questões socioambientais.
O certo é que, uma vez tornado irreversível o modelo de terceirização, há necessidade urgente de mudança nas relações entre empresas contratantes e empresas terceirizadas. É preciso que o sentimento ganha-ganha seja o predominante nas relações. Não há mais espaço para o sentimento ganha-perde ou perde-ganha. As empresas terceirizadas e as suas contratantes devem estabelecer verdadeiras parcerias. É necessário um trabalho conjunto no sentido de manter os equipamentos dentro dos padrões mais modernos, e as relações de trabalho sempre considerando o bem-estar do funcionário e o seu desenvolvimento profissional. As duas devem agir de forma solidária, inclusive com investimentos compartilhados, nas áreas de transferência de conhecimentos, programas de treinamento, conhecimentos gerenciais, controle de qualidade e aprimoramento tecnológico. n
terceirização: benefício social
Assunto do momento na mídia e nas rodas de bate- -papo, a terceirização, cuja regulamentação está às vésperas de consolidação pelos Poderes Legislativo e Executivo, mereceria, talvez, todo o espaço gráfico desta edição. Pretendo sintetizar um olhar diferente sobre ela, a partir das necessidades do nosso setor florestal.
Mas o que interessa é o que estamos fazendo, ou seja, trabalhando com mão de obra própria ou contratada. Quando um sistema é mais vantajoso que o outro, são várias as análises a serem feitas, e eu considero bastante temerário que qualquer profissional do ramo florestal argumente a favor de qualquer um. Penso que cada caso é um caso e que cada empresa deve analisar a sua situação momentânea de acordo com o ambiente atual em que vive. Digo isso porque já vivi momentos em que migrar de um sistema para o outro foi fundamental para a empresa. Assim, não existe verdade definitiva quanto à terceirização ou à primarização na área florestal, mas sim uma boa análise que possa levar em conta uma porção de variáveis, inclusive a socioeconômica, cujo escopo vamos analisar adiante. Não gostaria, pois, que este artigo fosse interpretado como uma “defesa” da terceirização, mas somente uma colaboração para a análise de uma importante componente da mesma, que é o social, cujo foco, hoje, se tornou fundamental para muitas empresas.
Assunto considerado bastante polêmico, especialmente pelos sindicatos dos empregados, afirmo que nada do que se cogita fazer hoje é novidade, pois a terceirização na área florestal vem sendo praticada há décadas. O foco que queremos abordar é a terceirização como “socialização do capital”. A terceirização florestal existe em duas situações bastante bem definidas. 1. Atividade florestal em pequenas e médias propriedades. Nesse caso, consideramos que a atividade terceirizada é fundamental, pois, do contrário, é quase impossível imaginar que um pequeno ou médio empreendedor vá ter mão de obra própria para plantio e tratos silviculturais e, mais tarde, para colheita e transporte. Assim, os empreiteiros florestais são fundamentais ao desenvolvimento florestal do País,
garantindo a execução dos serviços necessários para possibilitar aos pequenos investidores possuírem suas áreas plantadas com árvores. Quem é do ramo sabe bem do que estou falando. 2. Atividade florestal em áreas de grandes corporações industriais ou não. É nesse caso que a componente social entra quando o grande investidor terceiriza sua atividade florestal total ou parcialmente, de acordo com sua melhor conveniência. Senão, vejamos. Imaginemos uma hipotética grande fábrica de celulose que necessite de noventa caminhões de transporte de madeira. Cada caminhão fatura, em média, R$ 60.000,00/mês, perfazendo, pois, uma geração de capital de R$ 5.400.000,00. Sabemos que cerca de 30% (R$ 1.620.000,00) desse valor é representado por custos de manutenção, pneus, etc.
Se a frota for da empresa de celulose, muito pouco desse valor circulará nos municípios vizinhos à fábrica, pois, obviamente a empresa estará trabalhando com manutenção também própria ou, talvez, contratando o próprio fornecedor dos caminhões através de sua revenda. Do contrário, na mão de pequenas transportadoras, aquele valor ficará “pulverizado” em várias oficinas, lojas de peças, borracharias, eletricistas, lojas de pneus, etc., criando empregos e distribuindo a renda ao redor do empreendimento. Semelhante raciocínio vale para a silvicultura, esta muito mais complexa e trabalhosa, grande geradora de mão de obra, especialmente sem grande qualificação. A empresa primarizada otimiza ao máximo todas as atividades, concentra as compras em grandes fornecedores (normalmente, fora da localização do empreendimento). As pequenas empresas terceirizadas, tal como no transporte, “pulverizam” os fornecedores e as oficinas de manutenção, sempre o mais próximo possível, contemplando, assim, a região onde se localizam, ou seja, socializando mais o capital. Nessa atividade, os números são ainda maiores.
Essa é a nossa tese, ou seja, que a terceirização não é o bicho-papão que alguns querem mostrar, mas, antes de mais nada, um fator de socialização do capital, pelo menos na área florestal. Vários exemplos estão espalhados pelo País para quem quiser comprovar. n
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Manoel Francisco Moreira Consultor da Engenheiros Florestais Associados
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