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ERNANDO
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ESSOA
Eu…Fernando Pessoa Nome Completo: Fernando António Nogueira Pessoa Idade e Naturalidade: Nasceu em Lisboa em 13 de junho de 1888
O POETA Do fingimento poético Do sentir/pensar Da nostalgia do eu Do sentido de perda Do tédio e do cansaço Da esperança/desencanto
A POESIA Tradicional Ritmada Melodiosa : - música das palavras -música das ideias 2
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Fernando Pessoa – ortónimo O fingimento artístico • Para Pessoa, um poema resulta da sua recordação • Para a concretização de um poema é preciso haver uma intelectualização de sentimento • A escrita do poema funde-se num fingimento • Identidade perdida • Consciência do absurdo da existência • Anti sentimentalismo • Autoanalise
A dor de pensar • Obrigação de estar lucido e consciente • Infelicidade • Tanto a dor de pensar como a deceção pela análise, são fatores que invadem a mente do poeta e o impedem de viver plenamente a vida.
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“Isto”, de Fernando Pessoa Dizem que finjo ou minto Tudo o que escrevo. Não. Eu simplesmente sinto Com a imaginação.
Negação do que finge ou mente;
Não uso o coração.
Justificação de que o que faz é a racionalização dos sentimentos n
Tudo o que sonho ou passo,
a busca de algo mais belo mas inacessível.
O que me falha ou finda, É como que um terraço Sobre outra coisa ainda. Essa coisa é que é linda.
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Por isso escrevo em meio Do que não está ao pé,
Argumentação de que ao escrever se distância da
Livre do meu enleio,
realidade, intelectualizando os sentimentos e elabo-
Sério do que não é.
rando uma nova realidade – a arte
Sentir? Sinta quem lê!
Conclusão
Fernando Pessoa apresenta a sua conceção de arte poética através da temática do fingimento artístico. O Poeta expõe o seu conceito de poesia enquanto intelectualização da emoção, isto é, o poema é uma construção de sentidos que o trabalho poético elabora, a partir de sentimentos criados ou recriados. Assim, a sinceridade artística constrói-se com a base no fingimento, na transfiguração da emoção pela razão, de modo a atingir-se a veracidade intelectual e a emoção artística.
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“Quando as crianças brincam” de Fernando Pessoa Quando as crianças brincam
Se quem foi é enigma,
E eu as oiço brincar,
E quem serei visão
Qualquer coisa em minha alma
Quem sou ao menos sinta
Começa a se alegrar.
Isto no coração.
E toda aquela infância Que não tive me vem, Numa onda de alegria Que não foi de ninguém.
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A nostalgia da infância O mundo fantástico da infância (ao gosto Garrettiano pelo popular) seduz Pessoa nas reminiscências de contos de fadas, de cantigas de embalar. Ressalva-se a infância em Fernando Pessoa é fundamentalmente um símbolo – símbolo da sensibilidade que o atraí. A sua poesia testemunha-nos que submeteu a infância a um processo de intelectualização que a torna, pura e simplesmente, o símbolo da inconsciência, de um sonho, de uma felicidade longínqua, de candura e claridade. Face é incapacidade de viver a vida, o “eu” refugia-se numa infância mística, uma idade de inocência, uma idade na qual ainda não se pensa e, por isso, tudo é possível. Esta felicidade que as crianças experimentam, devido á sua inconsciência e á inconsciência das suas ações, contrasta com a infelicidade vivida pelo sujeito poético. O sonho e a infância são os únicos momentos de felicidade para o sujeito poético, que vê neles um paraíso perdido.
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Síntese – Pessoa ortónimo Temáticas • Fingimento artístico
• Dor de pensar
• Tensão: sinceridade/fingimento
• Autoconhecimento
• Oposição: sentir/pensar
• Refúgio no sonho
• Intelectualização das emoções
• Nostalgia da infância
• Consciência/inconsciência
• Idealização da infância
Estilo e linguagem • Linguagem simples, mas expressiva • Sintaxe simples (alguns desvios sintáticos) • Uso frequente do presente do indicativo • Pontuação emotiva • Recursos expressivos: comparação, metáfora, antítese, aliteração, anáfora, enumeração, personificação
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Estrutura • Predomínio da quadra e da quintilha • Verso geralmente curto (2 a 7 silabas) • Versificação regular e tradicional
Bernardo Soares – semi-heterónimo de Fernando Pessoa • Bernardo Soares foi ajudante de guarda-livros na cidade de Lisboa • Escrevia fragmentos da sua prosa poética nos intervalos de uma e outra tarefa burocrática. • Vivia sozinho, na Baixa, num quarto alugado perto do escritório onde trabalhava e dos escritórios onde trabalhava Fernando Pessoa. •
Conheceram-se numa pequena casa de pasto habitualmente requentada por ambos.
Foi aí que Bernardo Soares deu a Fernando Pessoa o seu “Livro do Desassossego”.
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Fernando Pessoa e Bernardo Soares – Pontos Semelhantes • Pode-se entrevir uma embaralhada relação de identidade entre Fernando Pessoa “escritor real” e Bernardo Soares. • Temperamento • Bernardo Soares não é Fernando Pessoa por adição de elementos, mas por subtração. Como o próprio “autor real” esclarece no célebre gênese, Soares é Pessoa menos afetividade e o raciocínio
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Livro de Desassossego • Escrito por Bernardo Soares é um livro que trata de uma “autobiografia” sem fotos, escrito em forma de fragmentos. • Na prosa fragmentária desenvolve a dramaticidade das reflexões humanas que vêm a tona na insistência de uma escrita que se reconhece inviável, inútil e imperfeita, á beira do tédio, do trágico e da indiferença estética. Por essa razão, diversos fragmentos do livro são investigações íntimas das sensações provocadas pelo anonimato, pela quotidianidade da vida comum e todo o “universo” da Baixa de Lisboa. Apresenta a diversidade e unidade do texto pessoano. Expõe uma visão do mundo, dos outros e de si próprio, onde todos dialogam. Manifesta a busca incessanto pelo infinito
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Alberto Caeiro de Silva Considerado o mestre de Fernando Pessoa e de todos os outros heterónimos. Nasceu em
Lisba em 1889 e morreu na provincia em 1915 com tuberculose.
Passou a sua curta vida numa aldeia no Ribatejo, em casa de uma velha tia-avó onde se retirava devido á sua frágil saúde. Alberto Caeiro era um homem solitário e contemplativo que levou uma vida longe de toda a agitação.
Alberto Caeiro opõem o seu fazer póetico, simples e ingénuo, aos dos outros poetas que trabalhavam os versos de forma artificial. Alberto Caeiro, (o guardador de rebanhos), definesse pela totalidade das sensações, mas sobretudo pelo olhar, que lhe permite captar a essência
da realidade. Tal como a natureza, ele não pensa, ele não crê em nada, apenas existe. Ex-
prime, através de uma linguagem simples e concreta sensações aparentemente expontaneas,
mas que, na verdade, são produto d euma reflexão. Caeiro finge ser unicamente o poeta mais sensacionista dos heteronimos, mas é tambem cerebral.
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Alberto Caeiro é o poeta bucólico
• Poeta simples, solitário, deambulante • Pastor ficcional • Naturalmente poeta • Rejeição de intelectualização • Valorização das sensações, com privilégio da visão • Espontaneidade da escrita • Recusa da arte de fazer versos
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XIV – Não me importo com as rimas – “O Guardador de Rebanhos” in Poemas de Alberto Caeiro Não me importo com as rimas. Raras vezes Há duas árvores iguais, uma ao lado da outra Penso e escrevo como as flores têm cor. Mas com menos perfeição no meu modo de exprimir-se Porque me falta a simplicidade divina De ser todo só o meu exterior Olho e comovo-me, Comovo-me com a água corre quando o chão é inclinado, E a minha poesia é natural como o levantar-se o vento…
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A conceção de criança poética, na perspetiva do “eu” lírico passa pelo facto do “eu” se assumir como um poeta simples, que não recorre a artifícios como a rima “não me importo com as
rimas”. Ele associa-se a vários elementos da natureza realça a sua incapacidade de ser unicamente exterior.
O “eu” serve-se da várias comparações – “Penso e escrevo como as flores têm cor”; “comovo-me como a água”; “ e a minha poesia é natural como o levantar- se o vento…” – para representar a espontaneidade das suas emoções, bem como o modo natural, claro e espontâneo da sua poesia. O “eu” compara essas emoções e a sua poesia a elementos da natureza.
A estrutura formal do poema estabelece uma relação de semelhança com a arte poética apre-
sentada. Essa apologia da poesia simples e espontânea reflete-se num poema com irregularidades estróficas (estrofes de 6 e 3 versos), métrica (nº de silabas métricas diversificado) e quase ausência de rima.
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Ricardo Reis
Nasceu no Porto a 19 de setembro de 1887 e foi educado num colégio jesuíta. Era médico no
entanto não se sabe se usou esta profissão como modo de vida. Depois da instauração da re-
pública, exilou-se para o brasil devido as suas ideias monárquicas. Foi um poeta sensista, materialista e neoclássico. A sua escrita concretiza-se quase sempre em Odes. Pessoa, define-o
como um “Horácio grego que escreve em português”. Ricardo Reis, atormentado pela passa-
gem do tempo, consciente da morte iminente, escolhe viver de forma tranquila, sem afetos nem emoções, para evitar o sofrimento. •
A consciência da efemeridade da vida;
•
A tranquilidade da alma – epicurismo
• • • • • • •
Ricardo Reis, o poeta clássico, revela
A superação da afetos e emoções – estoicismo Afroição do momento presente – carpe diem
A supremacia do Fordo em relação aos Deuses A influência dos poetas clássicos
Uma linguagem erodita, com recuso a latinismos
Uma sintaxe complexa (predomínio da subordinação) Um estilo denso (anáforas, hipérbatos, perífrases)
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“Prefiro rosas, meu amor, á pátria” -In Odes de Ricardo Reis Prefiro rosas, meu amor, á pátria,
Se cada ano com a primavera
Que a glória e a virtude.
E com o outono cessam?
E antes magnólias amo
As folhas aparecem
Logo que a vida não me canse, deixo
E o resto, as outras coisas que os humanos
Logo que eu fique o mesmo.
Que me aumentam na alma?
Que a vida por mim passe
Acrescentam á vida
Que importa aquela a quem já nada importa
Nada, salvo o desejo de indiferença
Se a aurora raia sempre
Na hora fugitiva.
Que um perca e outro vença,
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E a confiança mole
Neste Poema, o “eu” lírico, consciente da fugacidade da vida prefere viver sem nada ambicionar, usufruindo apenas do que é belo, natural, ainda que efémero. Neste poema, são evidentes os seguintes traços da poética de Reis:
• Afirmação de uma filosofia estoico – epicurista, patente na fruição que retira do instante (do momento) e na aceitação lucida da inevitabilidade da morte.
• Defesa de uma arte de viver assente no gozo moderado do momento (seguindo o tema horaciano do Carpe Diem); • Negação de emoções intensas;
• Atitude contemplativa, distanciando-se de tudo porque está ciente da fatalidade do destino;
• A sua arte poética caracteriza-se pelo rigor neoclássico e sua complexidade.
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Álvaro de Campos Álvaro de Campos nasceu em Tavira, no Algarve a 15 de outubro de 1890. Licenciou-se em engenharia naval em Glasgow. Viveu em Lisboa sem exercer a profissão. Fez uma
viagem ao oriente, á qual dedicou o poema “Opiário”. Foi decadente. Futurista, vanguardista e niilista. Em 1928 escreveu o poema do século “Tabacaria”. Ele era alto, de cabelo
preto com risca ao lado, impecável e um tanto snob, de monóculo, Campos foi a figura
típica de um certo vanguardista da época, simultaneamente burguês e anti burguês, refi-
nado e provocador, impulsivo, neurótico e angustiado. Morreu em Lisboa a 30 de novembro de 1935, dia e ano da morte de Pessoa.
Álvaro de Campos e o reencontro com o passado Na sua fase intimista, Álvaro de Campos evidência tristeza, melancolia, solidão e cansaço. Esta angustia existencial, que o leva a sentir saudades da infância ou de qualquer coisa irreal,
Aproxima-o de Pessoa ortónimo pela dor de pensar.
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Ode Triunfal de Álvaro de Campos Á dolorosa luz das grandes lâmpadas elétricas da fábrica Tenho febre e escrevo
Escrevo rangendo os dentes, fora para a beleza disto,
Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos. Ó rodas, ó engrenagens. r-r-r-r-r-r-r eterno!
Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria! Em fúria fora e dentro de mim,
Por todos os meus nervos dissecados fora,
Por todos as pupilas fora de tudo com que eu sinto! Tenho os lábios secos, ó grandes ruídos modernos, De vos ouvir demasiadamente de perto,
E arde-me a cabeça de vos querer contar com um excesso .
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De expressão de todas as minhas sensações
Com um excesso contemporâneo de vós ó máquinas ….
Ah não ser eu toda a gente e toda a parte A Ode Triunfal, expoente máximo da fase futurista apresenta aspetos modernistas futuristas e
sensacionistas assim, o modernismo está presenta, por exemplo, nas referências às lâmpadas
elétricas e aos meios de transporte. Relativamente ao futurismo, deparamo-nos com a defesa de uma estética não aristotélica (beleza: grandeza, ordem, harmonia, por porção), mas baseada na ideia de força. Campos canta a velocidade, faz a apologia da beleza desconhecida
da máquina e da civilização moderna adota um estilo excessivo (exclamações, interjeição. Aliterações, onomatopeias)
O desejo de total identificação com as máquinas, símbolos de modernidade ou, de “ao
menos” puder estabelecer com elas uma relação eufórica e a procura de totalização de todas as possibilidades dadas pelas sensações ou precessões de toda a humanidade são características sensacionistas. PORTUGUÊS
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Escola Secundária Martins Sarmento Ano Letivo: 2018/2019 Curso profissional: 3ºano PTM Módulo: 9 A Professora: Maria de Fátima Lopes Trabalho Realizado Por: Tatiana Cardoso n27 Vânia Machado n28