Por Fábio Marton
Por Fred Lins Junior
Por Mário César Mancinelli de Araújo
Por Ligia Amorese
Colunas Ceticismo
Ciências
Educação Evolução
A importância Falar sobre Tecnologia do Ceticismo ciência é como Assistiva um oásis no meio de um deserto...
Filosofia
Evolução Rumo ao sem Mistério da Complicação Consciência
Natureza Operando o Pedagogia Humana Comportamento Deixem as A Bondade
Ateu sim, porque não
Crianças Em Paz!
Resenhas de Livros “Mendigos: Párias ou heróis da cultura?”
Revista Livre Pensamento – Número 1 Índice – Página 1
17/08/2011
Editorial Página 04 Página 05 Página 05
Carta ao Leitor O Leitor Escreve Dicas do Leitor
Matérias Página 07
Deus nunca diz não Uma análise do ataque terrorista na Noruega, sob o ponto de vista da religião.
Por Fábio Marton
Pedofilia e Crueldade Humana
Página 10
Uma análise de como nossa sociedade cuida de suas crianças: escravidão, abuso sexual e assassinato.
Por Fred Lins Junior
Aniversário de 1 ano do Livres Página 13 Pensadores A história da criação do site, contada por seu fundador: como foi idealizado e em quê se transformou.
Por Mário César Mancinelli de Araújo
No buraco mais embaixo de tudo... Uma análise do ataque terrorista na Noruega, sob o ponto de vista política.
Por Ligia Amorese
Página 15
Revista Livre Pensamento – Número 1 Índice – Página 2
17/08/2011
Colunas Página 18
Ceticismo A importância do Ceticismo Por Mário César Mancinelli de Araújo
Página 21
Ciências Falar sobre ciência é como um oásis no meio de um deserto... Por Ligia Amorese
Página 24
Educação Tecnologia Assistiva Por Wagner Kirmse Caldas
Página 27
Evolução Evolução sem Complicação Por Gustavo Melim Gomes
Página 32
Filosofia Rumo ao Mistério da Consciência Por Eder Juno N. Terra
Página 36
Natureza Humana A Bondade Por Felipe Carvalho Novaes
Página 38
Operando o Comportamento Ateu sim, porque não? Por Marcos Adilson Rodrigues Júnior
Página 42
Pedagogia Deixem as Crianças Em Paz! Por Kelly R. Conde
Página 45
Resenhas de Livros “Mendigos: Párias ou heróis da cultura?” Por Fred Lins Junior
Gerais Dicas para a Internet Sites recomendados, sites úteis e blogs que fazem parte do Projeto Livres Pensadores
Página 47
Carta ao Leitor – Mário César Mancinelli de Araújo e Jeronimo Freitas
Carta ao Leitor Caro leitor,
A Organização Livres Pensadores, associação formada por brasileiras e brasileiros que unem esforços e tempo na tentativa de construir uma sociedade mais justa – na qual as decisões sejam tomadas com base no uso da razão, do pensamento crítico, da observação dos valores democráticos e do conhecimento científico – tem a honra de apresentar o primeiro número de sua Revista Livre Pensamento. Em uma época na qual o acesso à informação deveria contribuir para diminuir o abismo econômico e social que separa as sociedades laicas, dos regimes teocráticos; vemos um impressionante recrudescimento do mito religioso e em especial de suas facções mais fundamentalistas, ramificando-se, tal qual uma metástase, por culturas até então tidas como moderadas. Se até pouco tempo atrás, vangloriávamo-nos de nossa tolerância e do sincretismo religiosos, recentemente assistimos o crescimento de uma bancada parlamentar cristã organizada, que interfere nos assuntos de estado, para segmentar os brasileiros em cidadãos de primeira, segunda e demais categorias. Entendemos que não é possível observar passivamente, em nome do respeito à tradição cristã do nosso povo. Ao passo que observamos o surgimento de uma nova ordem social, na qual gigantes adormecidos como o Brasil, a China e a Índia finalmente despertaram do "sono eterno", vemos que é chegada a hora de competirmos em pé de igualdade com a "turma mais velha". Até que alguém nos prove que Deus existe e, claro, é brasileiro, preferimos como armas, nessa batalha de gigantes, confiar na ciência e no pensamento crítico em vez de acreditar na mitologia, em amuletos ou rituais medievais. Entendemos que a religião teve a sua oportunidade de governar o mundo, em um período que ficou conhecido como a Idade das Trevas. É chegada a hora da razão e do pensamento livre. Por meio dessa revista, vamos promover a liberdade de expressão, informar e alertar os cidadãos comuns, assim como os formadores de opinião, os poderes legislativo, executivo e judiciário, sobre os perigos aos quais está submetida uma sociedade guiada pela ignorância e pela superstição. Estamos cientes que em nosso governo há uma maioria secular que, devido a interesses diversos, é pressionada por uma minoria cristã, porém organizada, cujos objetivos claros ameaçam o secularismo de nosso estado. Como céticos, ateus e agnósticos, daremos atenção especial aos danos morais e aos atrasos sociais causados pela obediência aos dogmas religiosos e, sobretudo, à doutrinação religiosa ou sectária de crianças ou pessoas emocionalmente ou intelectualmente fragilizadas. Vamos discutir os antidemocráticos privilégios fiscais concedidos a instituições que vendem ilusão como se realidade fosse. Mais do que isso: como Livres Pensadores, queremos incitar a discussão sobre temas polêmicos, até então protegidos pela carapaça invisível do dogma religioso; bem como mostrar aos brasileiros que, onde há inteligência, tudo pode ser discutido e que apenas pessoas – não as ideias ou crenças – devem ser respeitadas.
Atenciosamente,
Mário César Mancinelli de Araújo e Jeronimo Freitas, Presidente e vice-presidente da Organização Livres Pensadores. Revista Livre Pensamento – Número 1
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Carta ao Leitor – Mário César Mancinelli de Araújo e Jeronimo Freitas
O Leitor Escreve Este espaço é destinado à publicação das mensagens enviadas pelos leitores à redação da revista Livre Pensamento. Participe! Escreva para revista@livrespensadores.org, incluindo seu nome, a cidade e o estado onde vive e, caso more no exterior, o país também.
Dicas do Leitor Se você conhece um site, blog, tumblr e quer enviar sua dica aos leitores da Revista Livre Pensamento, escreva para revista@livrespensadores.org com o título "dica do leitor".
Revista Livre Pensamento – Número 1
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Matérias – Autor: Fábio Marton
Deus nunca diz não Certamente religião não é suficiente para uma conduta moral. Dizer isso seria extremamente injusto com os cristãos. Exceto por malucos como o próprio Breivik, cristãos não costumam aceitar a morte de inocentes para avançar uma causa política, assim como não aceitam a escravidão, pedofilia, sexo não consensual e racismo. E fazem isso apesar do que diz a Bíblia.
A Tomada de Jericó, por Jean Fouquet
Como todos que não passaram os últimos dias escondidos num bunker antinuclear devem saber, no dia 22 de julho de 2011, o norueguês Anders Breivik lançou um manifesto de 1500 páginas e um vídeo no YouTube, bravejando contra muçulmanos e marxistas. No mesmo dia, provou que tinha mais que palavras. Um carro-bomba explodiu em frente a um prédio público, matando dez pessoas, enquanto Breivik pessoalmente invadia uma estância turística ligada a um partido de esquerda, onde pessoalmente executou 69 pessoas com armas de fogo. Breivik é cristão, o que faz questão de afirmar. Mas não estou aqui para soprar qualquer brisa de suspeita sobre uma relação entre sua religião e seus atos. Ao contrário, o que vou indagar aqui é por que Brevik ser cristão não evitou que se tornasse um terrorista assassino. Diz o famoso (ou infame) Argumento de Karamazov: “Se Deus não existe, tudo é permitido”1. Pode ser uma ideia detestável, mas – coisa raramente lembrada nestes dias em que o relativismo é dado como certo em qualquer boteco de azulejo rachado – uma ideia ser detestável não torna ela mais ou menos verdadeira. 1
Frase que nunca foi dita por Ivan Karamazov, o racionalista de Os Irmãos Karamazov, de Fiodor Dostoievisky. Mas o raciocínio do livro, como outros do genial reacionário russo, ia mesmo nessa linha.
Em Êxodo 11:52, deus em pessoa aparece matando primogênitos inocentes egípcios (crianças inclusive, animais inclusive) para avançar a liberação dos judeus. O mesmo deus, em Levítico 25:44-463, regulamenta a escravidão. Deus também aprova o estupro e escravização de mulheres capturadas na guerra em Deuterunômio 20:144, que devem ser consideradas um presente dele próprio. E também engravida (sem sexo) a Virgem Maria aos 13 anos5, recomendando que mantenha o casamento com um velho – união que os católicos afirmam não ter sido consumada, mas os protestantes discordam. Sobre o que deus
2
“Todo o primogênito na terra do Egito morrerá, desde o primogênito de Faraó, que haveria de assentar-se sobre o seu trono, até ao primogênito da serva que está detrás da mó, e todo o primogênito dos animais”. 3 “E quanto a teu escravo ou a tua escrava que tiveres, serão das nações que estão ao redor de vós; deles comprareis escravos e escravas. Também os comprareis dos filhos dos forasteiros que peregrinam entre vós, deles e das suas famílias que estiverem convosco, que tiverem gerado na vossa terra; e vos serão por possessão.E possui-los-eis por herança para vossos filhos depois de vós, para herdarem a possessão; perpetuamente os fareis servir; mas sobre vossos irmãos, os filhos de Israel, não vos assenhoreareis com rigor, uns sobre os outros”. 4 “Porém, as mulheres, e as crianças, e os animais; e tudo o que houver na cidade, todo o seu despojo, tomarás para ti; e comerás o despojo dos teus inimigos, que te deu o SENHOR teu Deus”. 5 A Bíblia menciona a concepção milagrosa logo após seu casamento com José, o que, na época, acontecia aos 13 anos. Como em Mateus 1:18-20: “Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: Estando Maria, sua mãe, desposada com José, antes de se ajuntarem, achou-se ter concebido do Espírito Santo. Então José, seu marido, como era justo, e a não queria infamar, intentou deixá-la secretamente. E, projetando ele isto, eis que em sonho lhe apareceu um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber a Maria, tua mulher, porque o que nela está gerado é do Espírito Santo”.
Revista Livre Pensamento – Número 1
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Matérias – Autor: Fábio Marton Gomorra9. Ao final, a única forma de ler o verso é “Não Matarás (exceto quando deus concorda)”.
A Destruição de Sodoma e Gomorra, John Martin, 1832
acha de racismo, bem, ele tinha sua própria raça superior e a guiou a conquistar seu "espaço vital"6. Todas essas coisas podem ter sido corriqueiras para a época. Certamente os judeus não estavam sozinhos nesses costumes e nem por delírio foram os únicos a fazer guerra de conquista achando que os deuses estavam de seu lado. Mas não deveria um deus eterno e onisciente estar acima do tempo e dos costumes bárbaros dos povos? Não deveria ter passado instruções morais melhores ou ao menos mais duradouras a seu povo escolhido? Curiosamente, mesmo com essas passagens, é quase certo que o cristão normal, que rejeita terrorismo, escravidão, pedofilia e racismo, provavelmente considere que essas ideias morais leigas levem a pecados. Fazer escravos, ser pedófilo, estuprar uma mulher numa guerra, ser racista, tudo isso pode levar ao inferno. O cristão normal imprime a seu deus o julgamento moral moderno. Pode ser incoerente, mas seria uma validação da ideia de Karamazov. Temos sentimentos morais nativos, que a Ciência dá seus primeiros passos em descobrir, e também temos leis e pressão social. Mas ter medo do Inferno, mesmo que seja um medo esquizofrênico por conta de uma moral que absolutamente não é religiosa, poderia ser, ao menos, um freio extra. Então entram as interpretações. Para sermos justos com a Bíblia, ela não é feita apenas de barbaridades. No Velho Testamento, há o famoso Não Matarás7. Mas isso é seguido de inúmeros matarás8 ordenados pela mesma divinidade, quando ela não tomava o serviço nas próprias mãos, como em Sodoma e 6
Com o perdão do péssimo gosto da comparação, e absolutamente nenhum comentário sobre os judeus em si ou Israel – falo apenas da atitude do velho YHWH. 7 Êxodo 20:13. 8 Só um exemplo em Deuterunômio 7:2 “E o SENHOR teu Deus as tiver dado diante de ti, para as ferir, totalmente as destruirás; não farás com elas aliança, nem terás piedade delas”
Isso, dirão os cristãos, é o Velho Testamento, antes do deus eterno e onisciente da lei escrita em pedra mudar de ideia, desistir de vários mandamentos eternos e mandar um pedaço de si próprio à Terra para se tornar o Pai de Todos os Hippies. E Jesus realmente parece a coisa real, um pacifista convicto. A seguir as recomendações de Jesus para amar ao próximo como a si mesmo10 , dar a outra face11 ou que quem vive pela espada, morre pela espada12, todo cristão teria de ser pacifista a ponto de fazer Gandhi parecer um redneck americano com uma metralhadora na caçamba da camionete pintada com a bandeira confederada. As recomendações pacíficas de Jesus, belas e idealistas que talvez sejam, são também completamente impráticas. Dando a outra face em 1939, teríamos hoje Oktoberfest na Bahia – quer dizer, os nazistas teriam, nós mischling teríamos virado sabão. O próprio Jesus parece ter reconhecido a impraticidade de seus conselhos em Lucas 22:36, onde mandou os discípulos se armarem para o tempo ruim que viria: Disse-lhes pois: Mas agora, aquele que tiver bolsa, tome-a, como também o alforje; e, o que não tem espada, venda a sua capa e compre-a; O que quer dizer que Jesus abriu a possibilidade, apesar do dito antes, de legítima defesa. E então começam novos problemas: quando a “defesa” de algo tão mal definido quanto a fé é legítima? As Cruzadas foram em “legítima defesa”. O Sultão AlHakin (985-1021), chamado de “O Louco”, destruiu o templo de Jerusalém e começou a assassinar peregrinos cristãos. Isso foi considerado pela religião de nosso amigo hippie como razão suficiente para “liberar” a terra santa, com todos os atos comuns na guerra, vivendo pela espada, morrendo pela espada, causando inveja ao Velho Testamento. Anders Breivik certamente se considerava um irmão espiritual dos cruzados, combatendo o inimigo mouro e seus frangotes simpatizantes.
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Gênesis 19:24 Mateus 22:39 11 Lucas 6:29 12 Mateus 26:52 10
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Matérias – Autor: Fábio Marton também se torna parte da moral dos incrédulos. Já regras morais que não concordam com a razão, mas são afirmadas por livros ou teologia, é o ponto em que a religião pode atrasar o desenvolvimento moral – como o caso da homofobia e pesquisas com célulastronco hoje em dia. Ainda que a religião provavelmente fará como antes e, com grande atraso, acabará aceitando o que a razão já entendia, criando novos pecados, mudanças de opinião de seu deus eterno, onisciente e indeciso.
Miniatura do cerco de Antioquia (Sébastien Mamerot, c.1490)
A verdade – detestável para muitos – é que, mesmo se muitas pessoas procuram agir de forma moral por medo do inferno e a promessa de um puxadinho no céu, deus insiste em não existir. Quando, em nome de deus, o sangue encheu as ruas até bater nas canelas, seja nas Cruzadas, seja nas conquistas islâmicas e a Reconquista espanhola, seja em atentados recentes, jamais houve vozes na cabeça de alguém para dizer “opa, não é bem assim, gente. Vocês estão me interpretando mal”. Nem um trovãozinho que fosse. Nunca há deus para dizer que não é um caso de vender suas tralhas e comprar uma espada ou que aquele matarás específico ele não aprova. Deus não apareceu a Breivik para impedir sua ação, mesmo após alertado pelo YouTube. E, aliás, considerando que esse mesmo deus teria impedido Abraão de matar seu filho Isaque13, é difícil justificar como não tenha agido em tantas e inúmeras circunstâncias similares, vezes sobre vezes em que inocentes foram massacrados por quem diz ter ouvido sua voz ou acha que ele concorda com seus planos. Como vimos antes, mesmo para os religiosos, grande parte da moral não vem da religião. Quanto às outras regras morais, o que é pregado nos livros sagrados e teologia, se é percebido como moral racionalmente, 13
Gênesis 22
É certo que o religioso, por conta de seu medo de punição divina, seja capaz de fazer boas ações, dentro do que a moral moderna considera boas ações. Mas essa mesma fé, que pode mover atos caridosos, deposita em uma autoridade muda, invisível e inexistente o julgamento final para as decisões humanas. Quando Breivik matou, ele poderia acreditar que tinha a aprovação de deus – e acreditaria mesmo se todos os cristãos do mundo discordassem dele, porque esse julgamento não seria “deste mundo”. Como deus não existe, Breivik jamais poderia ser contrariado. Se, ao invés disso, tivesse convicções racionais que o impedissem de agir daquela maneira, então haveria algo que segurasse sua mão: sua razão, sua consciência. Não estou nem perto de sugerir que os cristãos não tenham ou façam uso da razão e consciência. Apenas que, se o que é certo e errado é definido independente de fé, seu medo de punição divina é redundante e perde-se mais que se ganha com isso. A fé pode atrasar a evolução moral e até mesmo diminui o valor dos atos morais (porque fazer algo por medo de ameaça não é agir moralmente, mas isso é outra discussão). Mas, principalmente, o problema numa moral baseada em fé é que, ao tirar dos humanos o julgamento final pelos próprios atos, entrega esses julgamentos ultimamente ao nada, e daí às fantasias de qualquer lunático. Se deus não existe e assim mesmo se acredita nele, tudo é permitido. Sobre o autor da matéria Fábio Marton é jornalista paulistano e autor de Ímpio – O Evangelho de um Ateu, em que descreve suas experiências como pastor infantil pentecostal e sua desconversão na adolescência.
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Matérias – Autor: Fred Lins Junior
Pedofilia e Crueldade Humana
Esse texto foi escrito por quem tem, no mínimo, a grandeza de colocar-se à altura da nojeira e da miserabilidade humana. Cuidado: esse conteúdo poderá provocar-te estupefação, dispnéia, e até náuseas. Se estás em busca de uma leitura afável e morna, que te faça conciliar o sono depois da novela, desista! Aqui não há vínculo com a troupe arquiconhecida nem cumplicidade com os bandidos da política, com os espertalhões pós-graduados e muito menos com a elite esclerosada, essa quadrilha que mantém o Brasil chafurdando num pântano demagógico e ordinário, do querer mais sendo menos, da desconfiança como premissa maior, da incompetência em não saber organizar nem filas de cinema, das aparências, da demência burocrática e da corrupção generalizada. A escravidão, o abuso sexual e o assassinato de crianças sempre estiveram evidentes, e a história, essa cloaca de mentiras construída sobre infâmias e infanticídios, permanece falsa e petrificada no cérebro da humanidade. E quem é brasileiro, apesar do “revolucionário” Estatuto da Criança e do Adolescente, apesar das Pastorais, das CPIs e dos outros despistes, nem precisa ir tão longe para
inventar uma hermenêutica pedófila ou para ver o mercado prostitutivo e criminoso de crianças. Um padre queimava incenso às escondidas e prometia o paraíso à pequena beata que retribuía-lhe com uma felação. Um político proxeneta, nas barbas dos Conselhos Tutelares e dos agentes da ordem, coopera no tráfico humano de crianças. Um papa que, para cobrir com panos quentes os escândalos do clero, envia para a África Central uma legião irremediável de padres pedófilos. E os bufões intelectuais e outros pesquisadores da área, que vivem em função do dinheiro e de suas ignóbeis tripas, controem hipóteses e inventam nomes pomposos, a fim de justificar o salário, intensificando o espetáculo de pendanteria e ampliando a minha única certeza: como é cretina e venal a espécie humana. Os países submissos, corruptos e pobres da América Latina - apesar das manadas perfumadas que vão se comungar todas as manhãs e dos berros histéricos dos evangélicos de todos os matizes, cacarejando e implorando o dízimo - engendram verdadeiros exércitos de crianças abusadas, mutiladas, enjeitadas, desqualificadas, encarceradas, castradas, desamadas
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Matérias – Autor: Fred Lins Junior e imbecilizadas. Do Recife ao Chile, do Piauí à Colômbia não falta sexo infantil para nenhum dos rufiões e dos gigolôs dessa repúblicas. São Paulo, Santa Cruz de la Sierra, Curitiba, Montevidéu, Roraima, Porto Alegre, Assunción, Lima, DF etc., cada uma dessa cidades têm seus puteiros infanto-juvenis disfarçados, e quase sempre para satisfazer os mesmos crápulas do poder e do vício. Sujeitos até fora-de-suspeitas, mas que quase sempre foram abusados em suas meninices e que agora, movidos por um ressentimento inconsciente, precisam vingarse realizando suas taras sobre outras crianças. As praias de Fortaleza exibem a mercadoria local em abundância, e apesar da encenação das Ongs, das Campanhas, do “Dia mundial contra o trabalho infantil”, da “caça aos turistas sexuais”, da balela demagógica das Altas comissões de Executivos e do doutorismo, elas e eles estão todas as noites lá. Lá e voando para as garras dos conhecidos e velhos predadores, como se para eles, o abuso e a prostituição fossem ritos de passagem obrigatórios. Às margens do barrento Rio Amazonas, as pequenas embarcações também transportam esses filhotes do acaso, esses pequenos heróis para o grande bazar de diversões noturnas das cidades e dos garimpos. Ali, homens barrigudos, bandidos semibrochas, com seus bigodes manchados pela nicotina, os esperam, ansiosos para neles repetir a história de seus próprios estupros... e depois, se for necessário, dar um sumiço em seus corpos. Famílias urbanas de comerciantes, industriais, políticos e profissionais liberais, costumam “importar” crianças do meio rural precário, das tribos em extinção e das fazendas, para transformá-las em pequenas escravas de suas mansões. Outras vezes, esses novos ricos, mascarados de altruístas, adotam crianças para que seus “filhinhos” tenham com quem se distrair e para que entre um Big Mac e um passeio de lancha, possam iniciar-se sexualmente com elas. E toda a quadrilha que comanda as leis no país sabe disso. Mas como o suborno é irrefutável, como a culpa nos psicóticos é menor e como as elites têm bons advogados e pagam o dízimo em dia, fica tudo por isso mesmo. Irônica e paradoxalmente, o pequeno abusado, intimidado pelo patético, confuso e complicado mundo dos adultos, costuma sentir-se responsável e culpado pelo abuso do qual foi objeto. O resultado disso? Quase sempre uma histeria. Mas depende de vários fatores. Em algumas crianças o malefício e o
trauma são ficar doentes por isso. Na grande maioria os resultados dessa experiência só serão realmente conhecidos bem mais tarde, na forma de fobias, homofobias, impotência, autopedofilia, frigidez, ódio, confusão entre prazer e culpa, euforia e depressão. O abusador não sente apenas um tesão ambíguo pela criança “desejada”, mas, principalmente, raiva e desprezo por ela, o mesmo que sente por si mesmo. No fundo no fundo, o pedófilo, movido por sua angústia, age como se sentisse um desejo incontido por si mesmo, uma necessidade de auto-enrabar-se, um desejo que só pode ser rastreado através de um Outro, de preferência, parecido... A homofobia têm raízes em experiências precoces de abuso. Os crimes frequentes contra homossexuais, gays e travestis, etc, praticados com requintes de perversidade, podem ter a conotação inconsciente de um acerto de contas. É importante lembrar que no caso dos tão comuns escândalos clericais com abuso de crianças, além da pedofilia, há também um incesto simbólico, já que o padre assume junto aos pequenos religiosos, o papel de pai. O mercado de crianças, o incesto, a pedofilia e a prostituição infantil são apenas detalhes do desatino e do infanticídio generalizado que sempre marcou a história fisiológica e cretina do mundo. Na capital do Brasil de 1726, as mães que não queriam ou que não sabiam o que fazer com seus filhos, entre uma mandinga e outra, os abandonavam à noite nas ruas de Salvador, onde eram fatalmente devorados por cães, porcos e outros animais famintos, ou deixavamnos na praia para que se afogassem durante a subida da maré. - Mas meu Deus, hoje as coisas não são mais tão brutais assim! Ouço os alienados resmungando.
e
otimistas
de
plantão
Seguem equivocados, porque as coisas, queiram eles ou não, continuam assim e até tão ou mais brutais para as crianças. Além de tudo o que é cotidianamente noticiado, os abusos, os sacrifícios e os massacres continuam ocorrendo aos milhares e por todos os lados. As guerras são um exemplo. Na Colômbia, atualmente são mais de dez mil meninos atuando no exército das FARC, das milícias urbanas e nos grupos paramilitares. Quem é que não se lembra das crianças ciganas que os nazis batiam contra as
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Matérias – Autor: Fred Lins Junior árvores e das crianças judias que eram eliminadas com doses de luminal? E o infanticídio dos anos 80, perpetrado pelas forças armadas de El Salvador, assessoradas pelo exército norte americano? Nesse minúsculo país, pouca gente sabe, foram degoladas, fuziladas e raptadas milhares de crianças, filhos e filhas dos rebeldes e guerrilheiros que o governo não conseguia derrotar... E por fim, quem é que não vê diariamente, os milhares de pequenos mendigos na guerra dos semáforos nas ruas do Brasil? Já leste um livro sério, digo sério, e não esses que estão nos nefastos livreiros mercantilistas e ulcerados do Brasil? Volto ao Antigo Testamento meio contra a vontade e visivelmente enojado. Retorno a leitura dessa brochura, não porque acredite no monte de idiotices nelas contidas, mas por saber o quanto influenciou e ainda influencia as leis e as crenças sociais da tropa. E aqui é pertinente lembrar que em quase todo o Reino Cristão, até a bem pouco tempo, a fase dos seis aos dez anos de idade era considerada teologicamente imunda. Leio as 56 páginas do Gênesis e chego a ficar tonto com tanta cretinice, com tanta infantilização dos adultos e com tanta violação de ética. Com o Código Penal à mão fui lendo e listando os principais “delitos” cometidos pelo Senhor Jeová, pelos Faraós e pelos filhos de Adão e Eva. Vejam: falsidade ideológica; exploração de mão de obra; estelionato; proxenetismo; abuso de poder; bigamia; prevaricação; corrupção; estupro; incesto; bastardismo; fraticídio; latrocínio; tráfico de pessoas; onanismo; fornicação; assassinato; expropriação de bens; vingança; soberba; autoritarismo; uso de armas biológicas; infanticídio; redução à condição análoga à de escravo, etc. Seríamos mesmo descendentes dessa ralé? Ah, e eu que entre uma mentira histórica e outra costumava atribuir levianamente as nossas desgraças cotidianas aos portugueses, aos espanhóis, italianos e outros pseudocolonizadores, ao terminar essa releitura me convenço de que toda a sociopatia atual vem de longe, mas de muito mais longe e que a civilização só começará a libertar-se verdadeiramente, depois que vomitar até as entranhas, que defecar até as tripas e fizer uma imensa fogueira com tudo o que é teológico. Cada dia se torna mais difícil traçar um meridiano entre Pesquisador, o Doutor e o Estelionatário. E o complô do silêncio impera tanto aí, entre esses vermes, como lá entre os filósofos do abuso. Esses
oportunistas que, sob o pretexto de “discutir a infância” estão “mamando” nas tetas de organismos internacionais desde 1959, quando foi aprovada pela ONU a Declaração de Direitos da Criança. O que, por uma razão qualquer, caem fora, se aposentam, morrem ou arranjam mamatas melhores, passam os postos aos seus familiares, amantes, cupinchas ou pertencentes ao mesmo gueto. Os vivaldinos contemporâneos que na prática, além de uns rótulos novos e da mistificação mútua, não produzem absolutamente nada! Nada além de relatoriozinhos inúteis e mentirosos. É por isso que esse texto não deve ser lido nos púlpitos das igrejas, nem nos auditórios das universidades, nas assembléias dos partidos e nem nos escritórios da ONU. Esses ambientes manipulados por uma pseudocasta internacional esmagam e castram quase tudo o que lhes cai nas mãos. Da família para a igreja (batismo, crisma, primeira comunhão, confissões semanais, colonização clerical, etc); da igreja para a escola (obediência antes de tudo, e se for pego tocando mais de uma punheta/dia, é logo enviado para o pedagogo ou para o psicólogo); da escola para uma universidade (barriga para dentro, submissão, idealização e adestramento inútil) e da universidade para uma empresa onde passará a competir com os colegas e sonhar em ser o mais aplicado dos funcionários. É o fim! Está construído o cidadão completamente idiotizado. O tipo ideal para a manada ruminante, aquele que é sádico com seus subalternos e masoquista com seu superior... Nada mais a declarar.
Fontes: Ezio Flavio Bazzo, “A Lógica dos Devassos: No circo da pedofilia e da crueldade...”, 2007, LGE Editora, 219 p. Ezio Flavio Bazzo, “Manifesto Aberto à Estupidez Humana”, 2007, LGE Editora, 144 p. Emanuel Araújo, “O Teatro dos Vícios”, 2008, Jose Olympio, 364 p. Sobre o autor da matéria Fred Lins Junior é alguém que luta por uma sociedade onde o trabalho alienado deve dar lugar a uma criatividade coletiva, regulada pelos desejos de cada um, onde o direito de comunicação real pertence a todos.
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Matérias – Autor: Mário César Mancinelli de Araújo
Aniversário de 1 ano do Livres Pensadores
Dia 30 de agosto nosso blog, o Livres Pensadores.org, fará um ano. Então, que data melhor do que esta para uma retrospectiva? Há alguns anos (3 ou 4, acho eu), eu e minha prima, Geamille Rissato, conversamos sobre a criação de um blog. A ideia inicial era simplesmente escolher algum assunto que ambos gostássemos, criar um blog e monetizá-lo (através do Google AdSense, por exemplo). Era realmente para "ganhar uns trocados".
Depois, nunca mais conversamos a respeito. Até ano passado, quando ganhei dois ingressos para a Bienal do Livro de São Paulo do Submarino, num concurso de melhores frases no Facebook. Sinceramente, sequer faço ideia de que frase foi, nem sei como encontrar isto hoje no Facebook. Mas foi lá, durante a Bienal do Livro de São Paulo, que voltamos à ideia do site, mas já com algo bem mais "estruturado".
Eu e a Geamille na Bienal do Livro de São Paulo, em 2010.
Neste período a ideia cresceu. Não seria mais um blog para "ganhar uns trocados", como disse acima, mas para realmente tentar fazer alguma diferença. Não apenas através de textos em blogs, mas também com a criação de uma organização – sonho este que começa a virar realidade – para podermos tirar as ações apenas do "virtual" e levá-las também para o "real".
Além disto, o que mudou neste período "entre conversas", basicamente, foi que fui apresentado ao WordPress, graças ao meu amigo Devanil Junior, que me chamou para participar do blog Astronomia Brasil, criado por ele. Infelizmente o blog já não está mais no ar, pois tinha um conteúdo ótimo. E não falo de meus textos, mas principalmente pelos textos dele, do André Haiske e da Hellen.
Revista Livre Pensamento – Número 1
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Matérias – Autor: Mário César Mancinelli de Araújo O atual blog do Devanil é http://devanil.com/ – acessem. O que o WordPress nos deu foi a facilidade de criar o blog em pouco tempo, bastando comprar um domínio, contratar um serviço de hospedagem, instalar o WordPress, escolher, personalizar e aplicar o template e pronto: lá estava o blog, pronto para receber conteúdo. E aí nasceu um novo problema: que nome colocar no blog? A ideia inicial foi "Conscientia" (consciência em latin), pois o que queríamos com nossos textos era realmente tentar conscientizar as pessoas – não "convertê-las" ao ateísmo, convencê-las de que a filosofia é importante, de que apenas na ciência podemos ter respostas válidas, ou "forçar" que aceitassem nossas ideias... Mas apenas colocar temas importantes, com uma visão crítica da coisa, de forma que todos pudessem não só entender, mas também debater e, assim, fazer com que o conhecimento chegasse ao maior número de pessoas o possível. Cogitamos diversos outros nomes: "Guardiões da Vela", "Paradoxo", "Biopoese", "Buraco Branco", "Serapion" (templo ao deus Serápis, o qual foi convertido em parte da Biblioteca de Alexandria, a "biblioteca filha" e se tornou sua principal instalação), "Neo Serapion" ("Novo" Serapion), "Iluminismo", "Iluminador", "Iluminista", "Navalha de Occam", "Ponto Crítico", "Trepanação" (uma operação antiga, que literalmente "abria a cabeça") e assim por diante. Diversas pessoas também auxiliaram neste processo: Ligia Amorese, grande amiga; Francisco Quiumento (Chicão), também grande amigo; João Augusto Mattar Neto, meu professor de filosofia e também grande amigo; minha mãe, a mãe dela (que sugeriu "obra do capeta" – pois é, ela é evangélica), entre outros. No fim, descobri o movimento Livre Pensamento (é, não sou tão intelectual quanto possam imaginar, eu não conhecia o nome). Achamos que se encaixava perfeitamente, então resolvemos colocá-lo, mesmo com os protestos daqueles que nos ajudaram a escolher o nome (não lembro o que a Ligia disse, mas o Chicão achou pretensioso demais, o professor João Mattar insistia em algo relacionado ao iluminismo e a mãe dela insistia em "obra do capeta"). Uma coincidência interessante sobre a escolha do nome é que o símbolo deste movimento, do Livre
Pensamento, é a flor Amor Perfeito. E... Bem, quando criança, uma vez minha mãe comprou sementes de diversas flores. Plantou todas, com a exceção de uma espécie, a qual havia me conquistado desde o início. Qual? Exatamente o amor perfeito.
Sabíamos que, sozinhos, jamais conseguiríamos fazer tal coisa, então já estava em nossos planos chamar mais pessoas para ajudar na empreitada. Mas a ideia era que apenas nós levássemos o blog por um bom tempo, até que pudéssemos criar um bom "nome" e, assim, as melhores mentes pudessem se interessar em fazer parte dele. Bem... Isto aconteceu mais rápido do que esperávamos. Aliás, tudo está acontecendo mais rápido que esperávamos. E hoje temos pessoas fantásticas envolvidas com o blog, com a organização, com tudo enfim. Como o Wagner Kirmse Caldas, Jeronimo Freitas, Fred Lins Junior, Yuri Grecco ("Eu, Ateu"), Felipe C Novaes, Gustavo Melim Gomes, Marcos Rodrigues e tantos outros. Enfim... É isto. E espero que a coisa continue crescendo cada vez mais. Sobre o autor da matéria Mário César Mancinelli de Araújo é um apaixonado por ciências em geral, que adora pesquisar a ufologia (com uma visão científica/cética). É formando em Ciência da Computação e pretende fazer mestrado em Inteligência Artificial. Pretende ainda se formar em astronomia ou astrobiologia. Blog: agloriousdawn.livrespensadores.org
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Matérias – Autora: Ligia Amorese
No buraco mais embaixo de tudo... Interessante... apontando o dedão unhento para uma característica de quem se atém à ciência para busca de respostas às questões do mundo. Do outro, ateus buscando respostas para os males do mundo na crença religiosa. Enquanto isso, lá no buraco bem mais embaixo de tudo, a razão, a motivação primeira, o que realmente impulsiona a roda da fortuna (a câmera adentra um fosso escuro, bem abaixo), dois olhos ambarinos faiscantes rompem a escuridão: A natureza animal. Cena um, tomo um, ação: Como um vento ruim soprando as páginas do tempo, o termo "Darwinismo" associado a massacres volta com força depois dos atentados na Noruega em 22 de julho último, levados adiante por Anders Behring Breivik. Cristãos, arrogando-se o direito de contradizer Darwin em sua teoria da Evolução, costumam associar as práticas nazistas da segunda guerra com a teoria de Darwin, desmerecendo-a, ao reduzi-la a um dos mais fortes motivos para que o nazismo se empenhasse na "purificação" da população mundial, eliminando os "refugos" e desenvolvendo uma raça "superior". E isso, como é de se esperar, cai feito uma bomba sobre as mentalidades afeitas a colocarem a culpa pelo caos social nas costas de quem "não tem Deus no coração" e que "segue" a ciência. Darwinismo = ateísmo => coisa de quem não tem Deus no coração. Tomo dois: Do outro lado, como um vendaval deslocando o centro de massa do sistema para o buraco mais embaixo, vejo uma motivação política visando a manutenção da Europa para os europeus, sendo tratada como mais um capítulo da série: "Amor cristão mata". Sem escrúpulo algum, reduzindo a intenção do sujeito à simples loucura de um pretenso fundamentalismo cristão tocando as trombetas de Jericó contra os infiéis, as motivações políticas hegemônicas são lançadas a um último plano de abordagem, visando fazer fulgurar a irracionalidade inerente à fé religiosa como a causa principal do massacre na Noruega (oi?). Observação: Sim, sim, mais do mesmo. Ao invés de procurar os motivos reais, ao invés de observar a tela ao fundo, parte-se para as cores berrantes em contraste. Polarização: De um lado, cristãos
Incólume, intocável, à espreita, nossa natureza animal dita nosso comportamento à revelia de nossas mais sublimadas intenções. A sensação é de derrota. Mas como, se somos humanos, seres pensantes, racionais, como nós nos deixamos carregar por instintos?(aqui eu vejo uma claquete fechando...) Cena dois, um abre aspas gigante: O territorialismo, o senso de proteção à família, ao clã/grupo social em que estamos imersos, está entocado dentro de nosso cérebro límbico, uma camada abaixo e mais intrínseca de nossas mais elaboradas construções mentais, visando deslocar o eixo do sistema acima das raízes da árvore na qual ainda nos empoleiramos. Dessa construção teratogênica forçada, deslocando-se a copa para muito acima das raízes, o tronco exposto torna-se fino, fraco, um fio suspenso entre as nuvens no céu e o abismo. E é justamente nesse fio exposto, dividido entre os que crêem em Deus e os que não crêem, que desejam encontrar razões e fundamentação para todas as atividades humanas ilícitas. Fecha aspas (e claquete). Cena três: Uma brisa revolve os finos cabelos loiros... ah, o ar de superioridade em olhos cinza brilhantes e frios como o fio de uma navalha. Anders Behring Breivik, 32 anos, norueguês, resolve fazer parte de um plano de erradicação dos islâmicos na Noruega. O plano exige a elaboração durante 18 meses. Um ano e meio de esforços concentrados. Nesse ínterim, um manifesto é escrito explicando as razões, os motivos, as metas, tudo compartimentalizado e, à primeira vista, não dizendo coisa com coisa. Sim, é mais fácil dizer que ele é só mais um louco. Afinal, quem perderia seu tempo elaborando um plano macabro com requintes de racionalidade?
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Matérias – Autora: Ligia Amorese Li gente chamando-o de psicopata. Outros alegam que ele é paranóico, narcisista. Um cristão fundamentalista de extrema direita. Um ateu "darwinista" sem deus no coração. E até agora, nenhuma menção a um ser humano exercendo sua intenção de defender seu grupo da invasão de outro grupo. Mas o caso é que grupos defensores da hegemonia de um grupo são pura e simplesmente animais em luta pela defesa de território e do grupo. Quando o que nos torna humanos é sobrepujado por nossos instintos mais básicos, nós matamos, usurpamos, destruímos, tentamos eliminar a ameaça, sem remorsos pelo que possa advir de nossas ações. Cena quatro: Como Moisés na bíblia levantando o cajado contra o Mar Vermelho, dividindo o senso comum, pessoas na busca por explicações visando emporcalhar o que for mais importante ser emporcalhado no momento, puxando a sardinha pra brasa do próprio fogareiro, ou atendo-se à pretensa loucura de Anders, deixam passar o mais importante nessa e em outras muitas questões humanas com que nos deparamos a cada folheada de jornal, a cada acesso a site de notícias. O que nos torna humanos, essencialmente humanos, é também o que nos afasta de nosso ideal de viver em harmonia com o Cosmos, na base de alcançarmos as nuvens subindo pelo fio fraquinho suspenso acima do abismo naquela construção teratogênica de nossas elaborações mentais, visando afastar-nos de nossa natureza animal. E sim... ela, a nossa natureza animal, ainda nos surpreende. Nós a negamos. Mas ela está lá e faz parte de nós. A diferença entre religiosos que seguem seus deuses e ateus que os eliminaram é talvez o uso de hipocrisia para funções diferentes. Enquanto religiosos tentam manter a fachada de tementes a Deus e, portanto, "bons cidadãos", contando para isso com a hipocrisia da bondade de fachada, ateus contam com a hipocrisia de não estarem fazendo o mesmo que religiosos. E todos, sem discriminação, dançam conforme aquele ser de olhos ambarinos, à espreita no buraco mais embaixo de tudo, dita. Eu, atéia, também danço (derbaques em fúria, por favor...). Cena final: Na dança do ventre, o som dos derbaques marca a dança mais primitiva, ligada ao sexo feminino, apenas ritmo, sem outros instrumentos. Ela massageia e revigora o ventre de forma a dar melhor sustentação aos músculos pélvicos, além de fazer a
dançarina gastar energia e irradiar vigor físico. Um frenesi. Enquanto isso, mulheres cobrem-se com véus, são obrigadas a isso por causa de sua religião. Homens que professam a mesma fé que as mulheres envoltas em véus, matam e castigam as mulheres que não se submetem. E essa gente que mascara a sexualidade sob mantos escuros e sombrios como o kajal adornando os olhos, não é bem vinda por pessoas como Anders em sua terra natal, lutando pela manutenção de costumes essencialmente europeus, há pelo menos 2000 anos. A igreja católica tem perto dessa idade na Europa. Aí, vem gente e coloca representantes da religião católica de extrema direita como os mandatários de assassinatos dos de extrema esquerda na Noruega, visando erradicação de islâmicos na Europa. Minorias prejudicadas por representantes da ICAR em sua aceitação na sociedade, homossexuais, ateus, alimentam essa associação. Enquanto isso, lá embaixo, no fundo profundo de tudo, olhos ambarinos faíscam, à espreita... Assinalando: Trajetória parabólica da defecação em direção à ventilação. (claquete fechando com estrondo...).
Sobre a autora da matéria Ligia Amorese é uma pessoa muito curiosa, sempre em busca de respostas. O que eu sou, não sei dizer. Talvez um agregado de células em sistemas complexos o suficiente para que eu seja considerada humana, já que há muitos outros como eu. Ou, uma mente inquieta que se maravilha vendo o céu estrelado, teias de aranha com orvalho, nuvens de tempestade aproximando-se. A propósito, a mente habita o agregado... Nasci assim. Formada em física. Artista por opção.
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Colunas – Autor: Mário César Mancinelli de Araújo
CETICISMO A importância do Ceticismo Muitas pessoas criticam aqueles que se dizem céticos, afirmando que elas apenas "negam tudo". Contudo, isto está longe de ser a verdade. O que céticos fazem é duvidar, ou, em outras palavras, ter dúvidas a respeito do que se alega. "Acreditar é mais fácil do que pensar. Daí existirem muito mais crentes do que pensadores." — Bruce Calvert Existem duas principais correntes no ceticismo: a filosófica e a científica: A corrente filosófica procura examinar de forma crítica todo o conhecimento, de modo a verificar se são realmente verdadeiros, e se opõe à ideia de que alguém possa possuir um conhecimento absolutamente verdadeiro. Por outro lado, a corrente científica é simplesmente uma postura prática, a qual questiona a veracidade de alegações, procurando prová-las ou refutá-la, utilizandose do método científico.
"O Pensador", de Auguste Rodin, localizado no Palácio da Legião de Honra em São Francisco, Califórnia.
Dentro do ceticismo filosófico há diversas correntes, como o Pirronismo, Empirismo, etc. O texto ficaria extremamente longo se eu fosse dissertar a respeito de cada uma delas. Além disto, o foco deste texto é o ceticismo científico, pois é aquele que, apesar de não percebemos, utilizamos em nosso dia a dia.
O ceticismo científico, como seu próprio nome diz, é baseado na ciência. Ele tem sim suas raízes no ceticismo filosófico, da mesma forma que a ciência tem suas raízes na filosofia. Contudo, entre ciência e filosofia há uma diferença: apesar de ambas serem baseadas em argumentação, existe algo na ciência
para desempatar argumentos. O nome disto é evidência. Evidências científicas são o resultado de pesquisas realizadas dentro dos preceitos científicos (que incluem falseabilidade – exigência de que haja uma forma de refutar a teoria ou hipótese – , repetição – exigência de que um experimento possa ser repetido por outros cientistas – , etc). Elas são usadas para dar suporte a argumentos, apontando se são verdadeiros ou falsos, assim como para suportar ou refutar teorias e hipóteses. Assim, um cético científico pode se dar por convencido de que algo é verdadeiro ou falso: para isto basta que lhe sejam apresentadas evidências suficientes. Contudo, por saber que jamais conheceremos a "verdade absoluta", ele passará a encarar isto apenas como uma "verdade temporária", a qual pode sempre voltar a ser analisada quando novas evidências surgirem. "O maior pecado contra a mente humana é acreditar em coisas sem evidências. A ciência é somente o suprassumo do bom-senso — isto é, rigidamente precisa em sua observação e inimiga da lógica falaciosa." — Thomas H. Huxley Mas, afinal, qual seria a importância do ceticismo? (Lembrando que, de agora em diante, referir-me-ei apenas ao ceticismo científico.) Em que o utilizamos em nosso dia a dia? Bem, para explicar isto, vejamos alguns cenários: A compra de um carro usado: digamos que eu esteja vendendo um carro usado e que você esteja procurando um para comprar. Então eu lhe digo que o carro está em perfeito estado de conservação, realmente parecendo novo, apesar de já ter, digamos, 10 anos de uso. Você, por óbvio, iria querer ver o carro. O problema é que há algum segredo em torno dele: não posso mostrá-lo para você, não importando aqui a razão. Ainda assim você fecharia a compra
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Colunas – Autor: Mário César Mancinelli de Araújo comigo? Ou esperaria para poder vê-lo primeiro, ou, quem sabe, até desistisse e passaria a procurar por outro?
Compra de produtos pela internet: digamos que você esteja procurando um produto bastante específico para comprar. Digamos ainda que você tenha o procurado em lojas físicas sem sucesso e esteja procurando já há um bom tempo, também sem sucesso, em lojas virtuais. Então, de repente, você encontra um site que tenha o produto. O problema aqui é que você não conhece o site, nem conhece ninguém que já tenha comprado nele. Ou seja: você não sabe se é algo confiável, ou se é armadilha para terem acesso ao número de seu cartão de crédito. O que você faz? Compra assim mesmo, ou tenta buscar mais informações antes?
Alguém para cuidar de seus filhos: digamos que você tenha filhos pequenos, tenha acabado a sua licença maternidade (ou de sua esposa, não sei) e, portanto, precise contratar alguém para cuidar de seus filhos. Uma babá. Você começa a procurar e, de repente, alguém aparece em sua porta se oferecendo para o serviço. Os problemas aqui são que você não conhece a pessoa, ninguém de seus vizinhos e amigos a conhecem, ela mora bastante longe, não tem referência alguma, nem ela te dá alguma. O que você faz? Contrata esta pessoa? Busca mais informações? Procura outra pessoa?
Pois é. O ceticismo é extremamente necessário, até mesmo ao comprar frutas, afinal você provavelmente irá querer examiná-las antes de pagar por elas; um jornalista também vai querer checar as informações que chegam a ele antes de publicar algo; juiz algum vai condenar quem quer que seja apenas devido à aparência do réu, ou devido à opinião pública e assim por diante. “Apenas pense sobre a tragédia de ensinar as crianças a não duvidar!” — Clarence Darrow Mais do que isto, o ceticismo é parte fundamental da ciência. É exatamente por isto que coisas como a falseabilidade e a repetição são exigidas. Mas isto chega a ser evidente, quando você pensa sobre. Por exemplo, imaginem este cenário: um cientista afirma ter encontrado um remédio para a AIDS, mas não disponibiliza evidência alguma disto. O que pode acontecer quando as pessoas tomarem este medicamento é que, muito provavelmente, nenhuma fique curada e algumas até morram. Mesmo ignorando a área da saúde, que realmente é mais crítica, a coisa não muda muito. Imagine se alguém alegasse ter criado uma "peça revolucionaria", não importa qual, de aviões e esta fosse usada sem ser testada antes. Teria o potencial de causar muitas mortes. Ainda que fosse uma peça para a sua TV... Você não ficaria contente se ela fosse destruída devido a tal peça, não é mesmo? Mas a ciência não é infalível. Isto chega a ser óbvio, afinal ela é feita por pessoas. Contudo, devido à sua estrutura, que foi criada principalmente devido ao ceticismo, ela é capaz de se auto corrigir. Isto é, mesmo que eu publique um artigo errando na conclusão, este estudo será repetido por várias outras pessoas e a probabilidade de que uma delas perceba o erro é grande.
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Colunas – Autor: Mário César Mancinelli de Araújo Pode parecer uma péssima forma de fazer as coisas, talvez até uma forma antiprodutiva. Ainda assim,
fizemos maravilhas com ela. Mesmo com toda esta visão metódica, exigente, "pessimista", alguns diriam.
Da esquerda para a direita: Astronauta Buzz Aldrin na Lua, durante a missão Apollo 11; Ônibus Espacial Atlantis decolando durante a missão STS-27, em 2 de dezembro de 1988; e Estação Espacial Internacional e Ônibus Espacial Endeavour durante sua missão STS-134, fotografados da Soyuz TMA-20 durante sua partida da Estação Espacial Internacional.
Um detalhe importante: pode-se ser cético até mesmo a respeito de tais conquistas. Contudo, este "estado de dúvida" deve desfazer-se ao analisar as evidências (que são muitas) de tais feitos. Quem continua insistindo na dúvida mesmo após esta análise, não estará sendo cético científico: estará sendo cético filosófico ou, conforme o caso, até mesmo um pseudocético (falso cético).
A tradição é muito boa para transmitir coisas como a linguagem. Mas, quando associada a dogmas, impede que mudanças sejam realizadas, mesmo que mudanças de raciocínio. Já a autoridade, como o próprio nome sugere, é tida como "inquestionável" e é justamente ela que decide quais tradições devem ou não ser perpetuadas, assim como quais são os dogmas que devem ser impostos.
Ainda assim, as pessoas costumam resistir muito ao ceticismo, como se o ato de questionar fosse errado. Mais que isto, este ato é condenado como pecado por dogmas religiosos. Infelizmente existem até mesmo pessoas que se declaram céticos, mas que não aplicam o ceticismo a seus conceitos dogmáticos.
E é justamente para enfrentar estas três coisas (tradição, dogmas e autoridade) que o ceticismo existe. Para evitar seus efeitos maléficos, seja na ciência, seja na sociedade como um todo.
“Se você acha que sua crença é baseada na razão, você a defenderá com argumentos e não pela força, e renunciará a ela se seus argumentos se mostrarem inválidos. Mas se sua crença se baseia na fé, você perceberá que a discussão é inútil e, portanto, recorrerá à força, ou na forma de perseguição ou anestesiando e distorcendo as mentes das crianças no que é chamado ‘educação’.” — Bertrand Russell Além de dogmas, outras coisas que impedem o total livre pensar, isto é, a aplicação do ceticismo a todas as áreas da vida humana são a tradição e a autoridade (normalmente religiosa).
“Se 5 bilhões de pessoas acreditam em uma coisa estúpida, essa coisa continua sendo estúpida.” — Anatole France
Sobre o autor da coluna Mário César Mancinelli de Araújo é um apaixonado por ciências em geral, que adora pesquisar a ufologia (com uma visão científica/cética). É formando em Ciência da Computação e pretende fazer mestrado em Inteligência Artificial. Pretende ainda se formar em astronomia ou astrobiologia. Blog: agloriousdawn.livrespensadores.org
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Colunas – Autora: Ligia Amorese
CIÊNCIAS Falar sobre ciência é como um oásis no meio de um deserto...
ainda mais atualmente no meio dessa confusão política, social e econômica assolando a humanidade. Tempos de crise, longe de serem resolvidos, vivemos um período que será lembrado no futuro como a dissolução dos valores vigentes para a criação de uma nova ordem, onde há a quebra de tudo que tomamos por certo e viável. No entanto, mesmo em meio a essa crise de proporções mundiais, ainda existe lugar para a busca por respostas em meio a um universo de dúvidas. A ciência vem consolidando suas teorias, encontrando meios de confirmá-las através de aplicação de seus conceitos no dia a dia. Convivemos com postulados de mecânica quântica em dispositivos de comunicação. Tão longe de ser compreendida e assimilada, ainda assim, ao ser colocada em prática, vem permitindo a aproximação de pessoas no mundo inteiro, integrando ao invés de simplesmente derivar. Nunca estivemos em contato tão direto com a ciência através do emprego da tecnologia desenvolvida a partir dela. Mesmo nos lares mais simples, TVs de LCD, ou de LED, recebem sinal digital. A música que
ouvimos é produzida em altíssima fidelidade... Nossos carros têm computadores acoplados. Ainda assim, em meio a essa imersão literal no mundo tecnológico, filho direto do avanço científico, ainda há segmentos da sociedade questionando-se quanto à validade da busca por respostas, aquelas mesmas que nos assombram desde que começamos a perguntar para nós mesmos qual o porquê de sermos algo ao invés de nada e, com isso,estarmos aqui. Há os que acomodam-se na zona de conforto da fé, da crença de que somos parte de uma criação levada a cabo por um deus, base de toda existência. No entanto esses, embora maioria esmagadora, aos poucos têm-se convencido de que não basta apenas crer. E ainda que cometam o erro crasso de buscar validação da fé em conhecimentos científicos, já que fé pura e simples não carece de validação, é assim que o conhecimento científico vem sendo muito lentamente introduzido à grande parcela da população ainda devota de algum tipo de divindade. Embora de forma errada, distorcendo conceitos, a ciência, antes restrita a uns poucos grupos humanos, hoje faz parte do
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Colunas – Autora: Ligia Amorese cardápio... e até para falar em espíritos recorre-se a ela. No primeiro dia de agosto último, vi uma notícia muito interessante. Através de um observatório de infravermelho chamado Herschel (infravermelho aquela parte do espectro de luz que se encontra além do vermelho e que permite medir variações de temperatura, já que o calor também emite radiação nesse comprimento de onda), cientistas conseguiram identificar moléculas de oxigênio em outra parte do universo além da Terra. Sim, existe oxigênio disperso no universo, junto com outros elementos químicos
como hidrogênio, hélio, carbono. Mas o oxigênio molecular, esse mesmo que nós respiramos, ainda não havia sido identificado. Sim, mas o que isso tem a ver? Assim como aparentemente nem as buscas pelo entendimento do que foi o Big Bang têm algo a nos oferecer além de mais dúvidas, encontrar tijolos dispersos no universo daquilo que permite existir a vida que conhecemos, pode nos ajudar a entender, finalmente, que não somos tão especiais assim... Nem que a Terra é um local abençoado, nem que o universo inteiro foi criado apenas para comportar nossa existência... Apesar disto soar patético, muita gente ainda acredita convictamente nesse disparate.
Um exemplo? Dia 28 de maio último foi um dia tenso para uma parcela da população que acredita em intervenções divinas diretas. Nessa data, era esperado que Deus arrebatasse os escolhidos para não perecerem junto aos infiéis, àqueles que
"merecem" sofrer as dores do fim do mundo que, segundo eles, está próximo. Sim, isso soa engraçado. Mas imagino o sofrimento real de alguém que chega à triste conclusão de que não faz parte dos escolhidos, depois de uma vida de privações, penitência, devoção
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Colunas – Autora: Ligia Amorese e cumprimento das regras e normas de sua religião. E é esse mesmo tipo de mentalidade que acredita firmemente que é o ápice da criação divina, que herdará a Terra, que Deus tem um plano para a vida. E, lógico, que o mundo foi criado para comportar seres humanos, imagem e semelhança de Deus.
E é com pessoas assim, comuns, condicionadas à crença, que temos que conviver... Basta ver que fora de um meio cético ateísta, quando pessoas vão desejar melhoras a um doente, ou incitar esperança, sempre recorrem à vontade divina, mandam votos de melhora em nome de Deus e se alguém falar nos recursos médicos de que dispomos graças ao trabalho e esforço de seres humanos, logo vem quem discorde e atribua tudo a Deus... Posição cômoda essa. Se tudo vai bem e deu certo, foi graças a Deus, se não deu certo, a culpa é a falta de fé. Como então falar em acaso como resposta à nossa existência? Como explicar que o universo é indiferente ao fato de existirmos e que uma espécie dotada de razão, como a nossa, poderia jamais existir caso uma sequência interminável de eventos cataclísmicos não tivessem resultado nas condições ideais para que desenvolvêssemos nossa inteligência? Talvez porque pessoas que ainda crêem numa causa primeira, que ainda crêem em propósitos para a própria existência, ainda não tenham se deparado com a grandiosidade, com a maravilha de existirmos aqui, num planeta ínfimo ao redor de uma estrela na periferia de uma galáxia em meio a bilhões de outras galáxias... Tudo isso, surgido a partir de uma origem comum. Não somos apenas fruto de acaso, mas parte de sequências de acasos que, sem intenção, apenas adaptando-se ao meio e às circunstâncias, vêm permitindo que a vida e o próprio universo perpetuese no tempo. E assim, depois de 13,7 bilhões de anos, numa linha do tempo que me une ao momento inicial
deste universo, que pode ser apenas um em meio a bilhões de outros universos, eu escrevo estas linhas destinadas a quem tiver paciência e disposição de lêlas, utilizando-me para isso, de um dispositivo que, de tão banal atualmente, já não se imagina a vida sem ele. Fruto direto de nossos esforços em aprimorarmos nossa capacidade inata de comunicarmos uns aos outros, aquilo que pensamos, sentimos, queremos. É assim então que, humildemente, a partir de meu cérebro, fruto de milhões de anos de evolução das espécies vivas aqui deste planeta, eu contemplo meu texto destinado a vocês. Vocês que se utilizam de uma capacidade magnífica de transformar símbolos em linguagem e linguagem em símbolos. Vocês, cuja capacidade cognitiva permite perceber o início, o meio e o fim de algo, permite reconhecer aqui, deste outro lado, outro ser humano. Que acaba de estabelecer contato. Olá, meu nome é Lígia. Estou aqui com vocês. E isso foi uma introdução.
Sobre a autora da coluna Ligia Amorese é uma pessoa muito curiosa, sempre em busca de respostas. O que eu sou, não sei dizer. Talvez um agregado de células em sistemas complexos o suficiente para que eu seja considerada humana, já que há muitos outros como eu. Ou, uma mente inquieta que se maravilha vendo o céu estrelado, teias de aranha com orvalho, nuvens de tempestade aproximando-se. A propósito, a mente habita o agregado... Nasci assim. Formada em física. Artista por opção.
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Colunas – Autor: Wagner Kirmse Caldas
EDUCAÇÃO Tecnologia Assistiva Tecnologia Assistiva: Os Novos Possíveis da Educação As Tecnologias Assistivas podem ser consideradas como tudo aquilo que promove melhor qualidade de vida para pessoas que tem alguma necessidade especial. Ela não é, necessariamente, ferramenta para a deficiência. Elas podem estar ligadas à alguns fatores de diminuição de mobilidade e outros aspectos, bem como podem ser utilizadas para facilitar a acessibilidade de pessoas com deficiências.
formidável potencial de racionalidade e um formidável potencial de desenvolvimento técnico, que se atualizarão ao longo da história, tendo se acelerado e amplificado nestes últimos séculos.
Os recursos de tecnologia assistiva estão muito próximos do nosso dia-a-dia. Ora eles nos causam impacto devido à tecnologia que apresentam, ora passam quase despercebidos. Para exemplificar, podemos chamar de tecnologia assistiva uma bengala, utilizada por nossos avós para proporcionar conforto e segurança no momento de caminhar, bem como um aparelho de amplificação utilizado por uma pessoa com surdez moderada ou mesmo veículo adaptado para uma pessoa com deficiência.
Tratando-se de inovações, vivemos um período fértil, onde o avanço das ciências tecnológicas e as possibilidades da computação de ponta nos colocam próximos ao nível dos filmes de ficção científica das décadas de 80 e 90. Ainda não estamos atravessando os céus com naves espaciais, porém, já encontramos carros que estacionam sozinhos, linhas de montagem automatizadas, caixas eletrônicos que substituem seres humanos, supermercados que dispensam carrinho de compras, sistemas de segurança baseados em biometria, vídeo games sem controle remoto e outros que simulam a realidade aumentada, cinema 3D, celulares que funcionam como computadores de mão, casas e prédios inteligentes, entre tantos outros avanços que hoje fazem parte do olhar de normalidade de muitas pessoas.
E, segundo Bersch (2009):
Pensando nesses avanços, Freire (1995, p. 98), já dizia:
Tecnologia Assistiva – TA é um termo ainda novo, utilizado para identificar todo o arsenal de recursos e serviços que contribuem para proporcionar ou ampliar habilidades funcionais de pessoas com deficiência e conseqüentemente promover vida independente e inclusão.
Acho que o uso de computadores no processo de ensino aprendizagem, em lugar de reduzir, pode expandir a capacidade crítica e criativa [...] Depende de quem usa a favor de quê e de quem e para quê.
Como nos diz Manzini (2005, p.82):
Vivemos um mundo onde somos surpreendidos dia-adia pelas novas tecnologias, pelas novas possibilidades que se apresentam, a cada momento desenvolvemos mais possibilidades a partir de nossa capacidade técnica, como nos diz Morin (2005, p. 41): Há no humano (este termo, lembro, diz respeito, ao ser ao mesmo tempo individual, social e biológico) um
Complementando esse dizer, Lévy (1999) nos aponta que As tecnologias intelectuais suportadas pelo ciberespaço (TICs) ampliam, exteriorizam e alteram muitas funções cognitivas humanas, como memória (bancos de dados e hipertextos), imaginação (simulações), percepção (ambientes interativos e imersivos) e raciocínio (inteligência artificial), além de favorecer novas formas de acesso à informação.
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Colunas – Autor: Wagner Kirmse Caldas Partindo dessas afirmações, podemos imaginar que há um universo de possibilidades para as Tecnologias de Informação e Comunicação, enquanto Tecnologias Assistivas. Sobre a forma como elas podem ser utilizadas, trazemos a classificação apresentada por Santarosa (1997): a) As TIC como sistemas auxiliares ou prótese para a comunicação. b) As TIC utilizadas para controle do ambiente. c) As TIC como ferramentas ou ambientes de aprendizagem. d) As TIC como meio de inserção no mundo do trabalho profissional. A classificação tratada nesse artigo é a que apresenta as TICs como ferramentas ou ambientes de aprendizagem, pois, como nos diz Radabaugh (1993): "Para as pessoas sem deficiência, a tecnologia torna as coisas mais fáceis. Para as pessoas com deficiência, a tecnologia torna as coisas possíveis". Assim, devemos pensar quais são os caminhos possíveis nessa direção. Que tipos de produção acadêmica podem contribuir para a ampliação dessa perspectiva e a efetivação de significações para a utilização da tecnologia em prol das pessoas com deficiência. Segundo o CENSO de 2000, 24,5 milhões de pessoas declararam-se com algum tipo de deficiência, representando 14,5% da população brasileira. Deste total, 48,1% se declararam com deficiência visual; 22,9% com deficiência motora; 16,7% com deficiência auditiva; 8,3% de deficiência mental e; 4,1% de deficiência física. Ou seja, temos um grande contingente de indivíduos que são potenciais utilizadores de tecnologias assistivas. E, conforme nos diz Sousa Santos (2003, p. 458), “Temos o direito a ser iguais quando a diferença nos inferioriza; temos o direito a ser diferentes quando a igualdade nos descaracteriza”. Partindo do olhar sobre a utilização de Tecnologias Assistivas na educação, podemos inferir que o uso das mesmas pelas pessoas com deficiência pode ser um “facilitador” em seu percurso de escolarização,
possibilitando que mais pessoas possam ultrapassar o ensino médio, chegando aos cursos técnicos profissionalizantes ou aos cursos superiores, para, então, integrar o mercado de trabalho, ao invés de diminuí-los à impossibilidades, pois, “a compreensão complexa do ser humano não aceita reduzir o outro a um único aspecto e o considera na sua multidimensaionalidade” (MORIN, 2005, p.112). Porém, na contramão das possibilidades, verifica-se que estudos e pesquisas na área de Tecnologias Assistivas, que visem à facilitação da inclusão dos alunos na educação, mostram-se ainda insipientes. Um dos aspectos que podemos evidenciar se refere ao histórico de exclusão desses alunos em seu percurso de escolarização na educação básica e, consequentemente, na educação profissional. Incentivar a pesquisa em Tecnologia Assistiva é uma forma de buscar alternativas que se adequem às possibilidades em educação, dado que segundo o disposto na Resolução CNE, Nº 2/01, em seu Art. 17: Em consonância com os princípios da educação inclusiva, as escolas das redes regulares de educação profissional, públicas e privadas, devem atender alunos que apresentem necessidades educacionais especiais, mediante a promoção das condições de acessibilidade, a capacitação de recursos humanos, a flexibilização e adaptação do currículo e o encaminhamento para o trabalho, contando, para tal, com a colaboração do setor responsável pela educação especial do respectivo sistema de ensino. É possível que “a promoção das condições de acessibilidade” possam ser oriundas de produções de Tecnologias Assistivas, as quais, para além de promover a qualidade de vida do indivíduo em seu cotidiano, podem contribuir para o processo de ensino/aprendizagem desse sujeito. A política de inclusão dos alunos com deficiência na rede de ensino não consiste somente na permanência física desses alunos, mas o propósito de rever concepções e paradigmas, respeitando e valorizando suas diferenças, exigindo assim que a instituição assuma sua responsabilidade criando espaços inclusivos e utilizando os recursos tecnológicos como
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Colunas – Autor: Wagner Kirmse Caldas aliados nesse sentido, como nos diz Oliveira (2007, p. 127):
LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo, Editora 34, 1999.
Compreender a educação como um direito social, nos remete a considerar a necessidade de se conceber a escola como uma instancia que abarque em sua missão educativa, a diferença e a diversidade inerente à condição humana.
MANZINI, E. J. Tecnologia assistiva para educação: recursos pedagógicos adaptados. In: Ensaios pedagógicos: construindo escolas inclusivas. Brasília: SEESP/MEC, p. 82- 86, 2005.
As instituições, que pretendem ser inclusivas, devem reconhecer e responder às diversas dificuldades de seus alunos, acomodando os diferentes estilos e ritmos de aprendizagem e assegurando uma educação de qualidade para todos mediante currículos apropriados, modificações organizacionais, estratégias de ensino, recursos e parcerias com suas comunidades (Salamanca, 1994). Na busca de um ensino de qualidade - para todos - a inclusão demanda da instituição educacional um esforço de atualização e reestruturação das condições atuais, para que haja modernização na forma de ensinar. Não é o aluno que deve se adequar à escola, mas, sim a escola, cumprindo seu papel na construção de uma sociedade igualitária, que se dispõe a se adaptar ao aluno com deficiência, seja a partir da adequação de seu espaço físico, seja no incentivo à utilização de tecnologias assistivas que facilitem o acesso ao conhecimento à esses cidadãos.
Referências Bibliográficas BERSCH, R.; J. C. Tonolli. Tecnologia Assistiva. Disponível em: http://www.assistiva.com.br. Acessado em 27 de junho de 2009. BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Básica. Resolução CNE/CEB n. 2, de 11 de setembro de 2001. Brasília: CNE/CEB, 2001c. Declaração de Salamanca. Princípios, Políticas e Prática em Educação Especial. Espanha, 1994. FREIRE, Paulo. Educação na Cidade. São Paulo: Editora Vozes, 1995.
MORIN, Edgar. O método 5: a humanidade da humanidade. Porto Alegre: Sulina, 2005. OLIVEIRA, Renata Imaculada de. Inclusão na educação infantil: infância, formação de professores e mediação pedagógica na brincadeira da criança. Vitória: UFES, 2007. RADABAUGH, Mary Pat. Study on the Financing of Assistive Technology Devices of Services for Individuals with Disabilities - A report to the president and the congress of the United State, National Council on Disability, Março 1993. Disponível em Acesso em 04 dez. 2007. SANTAROSA, Lucila M.C. "Escola Virtual" para a Educação Especial: ambientes de aprendizagem telemáticos cooperativos como alternativa de desenvolvimento. Revista de Informática Educativa, Bogotá/Colombia, UNIANDES, 10(1): 115-138, 1997. SOUSA SANTOS, Boaventura de. Por uma concepção multicultural de direitos humanos. In: SOUSA SANTOS, Boaventura de (Org). Reconhecer para libertar: os caminhos do cosmopolitismo cultural. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003, p. 429-461.
Sobre o autor da coluna Wagner Kirmse Caldas é Professor Federal de Ensino Superior (Informática e Educação Inclusiva), Bacharel em Sistemas de Informações, Mestre e Doutorando em Educação na área de Práticas Educacionais Inclusivas. Blog: bardoateu.blogspot.com
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Colunas – Autor: Gustavo Melim Gomes
EVOLUÇÃO Evolução sem Complicação Rapaz... eu como colunista, tenho que contar pra mamãe! Para começar minha participação nessa revista, quero pedir desculpas se o leitor não é navegante de primeira viagem no assunto, mas vou tentar escrever da forma mais simples, clara e sucinta possível especificamente para o público leigo. Não vou me ater ao conceito evolutivo em si uma vez que todos, mesmo que de forma errônea, fazem alguma ideia do que o mesmo signifique, mesmo que seja apenas a evolução do seu time no Brasileirão – que nem sempre é como desejamos. Aliás, este pode ser um ótimo exemplo: seu time no campeonato enfrenta desafios assim como os seres vivos na vida real. Ele nem sempre os vence mas – teoricamente – aprende com seus erros para tentar melhorar na rodada seguinte. Pode evoluir de fato e atingir um novo patamar (conquistar o título ou uma vaga importante), manter-se vivo (ficar no meio da tabela) ou “ser extinto” (cair para a divisão inferior). A escalação é formada pelos jogadores, assim como o código genético é formado pelos genes: se o time vence, o código é mantido; caso contrário, será necessário modificá-lo (causar-lhe uma mutação) que pode ou não vir a dar certo.
Quer outro exemplo? Suas notas no antigo boletim escolar demonstravam sua evolução no decorrer do ano letivo, mesmo que não fossem tão satisfatórias como se gostaria. E que também podiam fazê-lo evoluir ou cair – aqui não tinha meio termo, era um sufoco só! Tal como nesses dois exemplos, evolução não significa necessariamente melhoria, mas sim progressão – que às vezes pode até significar retrocesso, é verdade. Isso vai ser exemplificado mais adiante.
Seleção brasileira de 1970. Esses genes, para muitos, formaram o melhor código genético futebolístico de todos os tempos.
Vejam só, disse que não ia explicar o que era e acabei começando... pois bem, o que vou enfatizar aqui, especialmente para os leigos e/ou incrédulos, é que a evolução é um fato, comprovado e (quase) irrefutável. Por que "quase irrefutável"? Porque toda teoria científica, para ser válida, tem de ter a possibilidade de ser refutada, e o que a torna mais verdadeira é exatamente o fato de ninguém conseguir fazê-lo. Como a teoria da evolução. Existem muitos exemplos que demonstram que a evolução está ocorrendo nesse exato momento. É, agora mesmo enquanto você está lendo este texto.
A molécula do DNA. Tudo que você é ou deixa de ser, tem ou deixa de ter, já estava escrito aqui muito antes de você nascer.
Vou apresentar pra vocês quatro áreas de diferentes abrangências para demonstrar eventos evolutivos: molecular, microscópica e macroscópicas invertebrada e vertebrada. Voilá!
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Colunas – Autor: Gustavo Melim Gomes No primeiro caso, Sarah Voytek, do Scripps Research Institute (La Jolla / EUA), conseguiu “ver” a evolução em moléculas. A principal vantagem desse tipo de experimento é que as replicações ocorrem em questão de minutos, sendo possível à evolução acontecer – e ser acompanhada – em poucos dias. Ela criou um ecossistema (artificial, claro) dentro de um tubo de ensaio. As moléculas, no caso, eram enzimas forçadas a competir pela mesma fonte de alimento, que era outro tipo de molécula mais simples. Conforme se replicavam, apresentavam sensíveis diferenças com relação às moléculas matrizes, e no decorrer do processo transformaramse em moléculas totalmente distintas daquelas. Isso se chama especiação, um dos conceitos chaves da evolução darwiniana. Veja bem, eram moléculas, agrupamentos de átomos, e não criaturas vivas. Mas ainda assim, elas evoluíram para formas moleculares mais complexas – exatamente o que se acredita ter acontecido nos primórdios da vida no planeta, com os coacervados. Além do mais, não são tão desconhecidas do grande público assim... existe uma molécula que conhecemos bem – e que nos infecta todo ano com a gripe: o vírus.
Em tempo: algumas das moléculas originais desapareceram ao longo do experimento, mostrando
que as mutações das concorrentes foram mais eficientes. Isto é seleção natural – outro conceito chave da teoria da evolução. “ESPECIAÇÃO: uma população de uma mesma espécie se torna tão diferente da original que acaba criando outra, totalmente nova” Com relação à evolução microscópica, um bom exemplo é a experiência conduzida por Richard Lensky, da Michigan State University (East Lansing / EUA) com uma espécie de bactéria chamada Escherichia coli. Microrganismos possuem taxa de duplicação bastante acelerada, podendo chegar às centenas de divisões em muito pouco tempo, tornando-se ótimos objetos de estudo de gerações. Em ambientes controlados, podemos aplicar-lhes condições específicas para acompanhar suas mutações. Lensky começara a pesquisa com 12 populações quase idênticas da bactéria em 1988 e, em 2010, atingira a marca de 50.000 gerações. Todavia, algo fantástico já havia acontecido muito antes. As colônias eram alimentadas com glicose, porque uma das principais características da Escherichia coli é sua incapacidade de absorver citrato como alimento. Aliás, essa incapacidade é tamanha que é utilizada pelos cientistas para distinguí-la de outras espécies de bactérias. Contudo, foi exatamente isso que aconteceu à altura da 31.500ª geração: elas passaram a metabolizar o citrato acrescentado propositalmente à cultura. É algo tão surreal quanto um ser humano evoluir a ponto de realizar fotossíntese! Mais que isso, a população que conseguiu tal façanha prosperou e diversificou-se, mostrando que haviam obtido sucesso em algo que jamais havia acontecido antes.
Microfotografia de uma colônia de Escherichia coli, à esquerda. À direita, as 12 populações originais do experimento de Lensky. O frasco A–3, no centro à frente, apresenta turbidez justamente por abrigar a colônia mais diferente – aquela que metaboliza o ácido cítrico presente no meio de cultura.
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Colunas – Autor: Gustavo Melim Gomes O caso mais clássico de macroevolução talvez seja o das mariposas britânicas Biston betularia. Bem improvável alguém que se interesse por evolução nunca ter ouvido falar delas. Basicamente o caso ilustrava um exemplo de seleção natural provocada pelo homem, na qual as mariposas mais claras, outrora mais abundantes, gradativamente foram substituídas pela variedade melânica – preta – da espécie à medida em que a Revolução Industrial saturou o ambiente com fuligem. Desta forma, a variedade branca passou a ser mais predada pelas aves da região, ao passo que a preta, por sobreviver mais, passou a também se reproduzir mais, aumentando seu numerário e consequentemente sua população. O que pouca gente deve saber é que aquela hipótese foi demonstrada errada décadas mais tarde. A conclusão foi provada e aceita pelos experimentos da época, sim – e não deixa de ter alguma validade – mas aqueles não eram os mais adequados para fornecer a explicação mais correta. A ciência evoluiu, os equipamentos e metodologias idem. Contudo, é exatamente esse tipo de deixa que os criacionistas precisam para invalidar toda uma teoria. Discorrerei mais à respeito na conclusão do artigo. “SELEÇÃO NATURAL: características benéficas são passadas adiante em gerações contínuas de uma espécie, ao passo que as ‘ruins’ são esquecidas e desaparecem” Apesar disso, a hipótese das mariposas de Londres vai ficar para sempre lembrada como (não um evento de evolução no sentido literal da palavra mas) um exemplo de seleção natural, que é um dos principais mecanismos do processo evolutivo.
Foto de época demonstrando o caso das mariposas. À esquerda a mariposa preta distingue-se claramente no tronco da árvore – o inverno ocorrendo no tronco impregnado de fuligem da foto à direita, onde a mariposa branca se torna muito mais visível.
Mas existe um caso mais moderno (e na minha opinião muito mais curioso), o de uma espécie de morcego da Nova Zelândia, o Mystacina tuberculata (você também pode chamá-lo de pekapeka-tou-poto, seu nome original na língua nativa, o maori). Existem aproximadamente 1.100 espécies de morcegos, mas esta é uma das duas únicas do grupo que conseguem andar pelo chão (a outra é o morcego-vampiro Desmodus rotundus). É também o último representante vivo de sua família, a Mystacinidae, que por sua vez, é a única família de mamíferos endêmica da Nova Zelândia (só existe lá).
Agora que já o apresentei, vamos lá. Lembra lá no começo do texto quando disse que evolução também poderia ser um retrocesso? Este é o caso, mas novamente, não significa involução. Pelo contrário: o animal está simplesmente voltando ao seu estado ancestral original, trocando um ambiente por outro numa espécie de “retorno às origens”. Detalhadamente o que está acontecendo com ele é o seguinte: por perceber uma maior disponibilidade de alimento ao solo da floresta, o animal está se acostumando a procurar comida no chão, e não no ar, como de praxe. Em decorrência disso, este morcego já desenvolveu algumas especializações musculares e esqueléticas que nenhum outro possui. O resultado? Centenas e centenas de morcegos vêm até o chão para encontrar alimento (frutas, artrópodes e etc). Contribui para isso também a falta de predadores ao solo da floresta. Ou seja: eles se sentem totalmente à vontade. O biólogo que acompanha o fenômeno, Jared Diamond, afirma que estes não são apenas os mais terrestres dentre todos os morcegos, mas também indicam uma tentativa da natureza de fazer um animal voador retornar à condição terrestre (lembra da especiação?). Eles não procuram mais alimento no ar, como seus parentes, embora ainda
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Colunas – Autor: Gustavo Melim Gomes possuam a capacidade de voar – e de fato o façam, vindo à terra apenas para procurar comida. Com o tempo, contudo, é bem provável que percam essa capacidade e se tornem animais exclusivamente terrestres novamente, como já foram um dia seus
ancestrais mais basais. Pode parecer algo simples, mas existem outras histórias similares de retrocesso no reino animal cujos resultados foram espetaculares. Pesquisem mais a respeito desse bichinho da figura abaixo, por exemplo.
O nome deste animal é Pakicetus, e você nem imagina o que a especiação fez com seus descendentes...
Como ficou demonstrado, a evolução ocorre mais rapidamente conforme há maior velocidade na formação de novas gerações – e mutações. As moléculas multiplicam-se em minutos; as diferenças em bactérias já podem ser visualizadas em dias; no caso dos morcegos, serão necessários talvez algumas centenas de milhares de anos para se observar modificações anatômicas significativas. De qualquer forma, todos estes exemplos (bem como qualquer teoria científica) requerem observação, experimentação, postulação de hipóteses e confirmação/eliminação das mesmas. Um cientista reúne fatos e procura tirar conclusões satisfatórias a respeito deles. Um religioso reúne “conclusões” (!?) nada plausíveis e tenta (só tenta) usar fatos para respaldá-las, sem nenhuma credibilidade ou sequer uma mínima acurácia científica. Em seu desespero, tenta se apegar ao que a ciência ainda não descobriu – convenientemente ignorando todas as outras
respostas que ela já encontrou – para tentar invalidar tudo o que já foi descoberto até então. Mas vamos lá, outro exemplo didático: pensem na seguinte analogia: quando você tem um quebracabeças de 500 peças e conseguiu encaixar 400 delas já se é possível ver, ainda que sem muitos detalhes, a imagem que está se formando à sua frente, sem a necessidade de se conhecer todas as peças para saber do que se trata. A reconstrução evolutiva dos seres vivos segue o mesmo raciocínio: com a disponibilidade de fósseis de que já dispomos – e que aumenta todos os dias – já podemos construir um quadro relativamente seguro da história da vida no planeta, sem precisarmos de todos os registros para isso. Com a evolução humana é a mesma coisa: não precisamos mais encontrar todas as peças para saber que de fato somos primatas derivados, parentes próximos dos chimpanzés, e não descendentes de um homem feito de lama bafejada por um velho gigante,
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Colunas – Autor: Gustavo Melim Gomes e cuja fêmea foi feita a partir de um pedaço de sua costela...
nos levam à essa conclusão. Sim, a resposta é grande e confusa para o público fora da área, mas é segura. E ciência se faz com segurança. Essa resposta pode mudar? Claro que pode. Aliás, a ciência vive se corrigindo. Diferentemente de algumas pessoas... http://www.bispomacedo.com.br/2009/09/27/fe-emevolucao/
Sim, você é parente dele. Tudo confirma isto, então não insista em negar.
Para os criacionistas, a grande menina dos olhos da vez são os "fósseis transicionais", os famosos elos perdidos que ligam grupos distintos de animais. Embora saibam que a ciência, especialmente no grupo de vertebrados, já encontrou praticamente todos eles, isto é simplesmente ignorado por "especialistas" que afirmam que tais fósseis não têm nada de diferente ou de espetacular. Talvez pensem que um fóssil transicional entre dois grupos distintos, como peixes e anfíbios, tenha de ser uma quimera aberrante, uma mescla de todas as características mais desenvolvidas de ambos os grupos. Um peixe com patas de sapo de fato ficaria horroroso. Mas pior que isso, ficaria muito longe da verdade. E não é necessário ser muito inteligente para se dar conta disso. Uma forma transicional une as características mais desenvolvidas do 1º grupo com as mais simples do 2º – o que é exatamente a mesma coisa. Mas o Tiktaalik apareceu para nos dar essa resposta, assim como o fizeram o Archaeopteryx, o Furcacauda, o Cynognathus, Acanthostega e tantos outros antes dele. Através destes animais e de todos os seus predecessores/sucessores, sabemos que a evolução não se deu num estalo, num único elo perdido, mas sim em vários elos perdidos que demonstram, passo a passo, a transformação de um grupo em outro tão diverso anatômica, fisiológica e ambientalmente. Mas sobre essas formas transicionais posso (e quero) falar mais numa próxima vez. Agora, para finalizar, quero dizer que, graças à evolução, hoje sabemos a resposta à milenar pergunta sobre quem veio primeiro, o ovo ou a galinha: foi o ovo, e quem o colocou foi (MUITO provavelmente) um réptil diapsida archosauria saurischia theropoda coelurosauria dromaeosauridae – nessa ordem. Os fatos (fósseis)
Sobre a experiência com as moléculas: http://www.sciencedaily.com/releases/2009/04/0904 29140849.htm Sobre a evolução das bactérias: http://www.ask.com/wiki/E._coli_longterm_evolution_experiment Aqui também: http://www.pnas.org/content/early/2009/04/29/090 3397106.full.pdf+html E aqui: http://www.newscientist.com/article/dn14094bacteria-make-major-evolutionary-shift-in-thelab.html Vídeo mostrando os morcegos da reportagem: http://www.youtube.com/watch?v=WUFo3IOqMGA& feature=player_embedded Outros experimentos que comprovam a Teoria da Evolução: http://www.decodedscience.com/evolution-in-actionthree-experiments-demonstrating-naturalselection/1796
Sobre o autor da coluna Gustavo Melim Gomes é formado em Biologia, totalmente apaixonado pela área evolutiva geral e pela filogenia de Chordata. Ama Charles Darwin pelo tamanho da descoberta que fez, para a qual o mundo não estava (e ainda não está) preparado, e Carl Sagan, pela facilidade e paixão com que consegue explicar ciência para o público leigo. É professor do ensino público e também voluntário em ONG's de proteção animal da cidade em que mora (Itajaí / SC). Blog: outrasverdadesinconvenientes.blogspot.com
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Colunas – Autor: Eder Juno N. Terra
FILOSOFIA Rumo ao Mistério da Consciência
Para não correr o risco de cometer enganos, é necessário ter um olhar multidimensional à consciência, como já disse o sociólogo Edgar Morin. Olhar para a maior quantidade de lados para evitar a cegueira de uma visão unilateral, fadada ao erro e ilusão, procurando a resposta para a pergunta errada.
Comecemos olhando nas vísceras, através da física, para desmistificarmos a infeliz associação de consciência com inteligência. Segundo o médico fisiologista, Edgar Douglas Adrian (1889-1977):
O cérebro é uma estrutura de células e fibras nervosas, encontrado em alguns, mas não em todos os animais. Aqueles seres que não possuem um cérebro no mais estrito senso anatômico, apesar disso são capazes de realizar tarefas complexas, bem adaptadas às circunstâncias, definindo um comportamento que pode ser chamado de inteligência. E dentro de nosso próprio corpo existem muitas células nadando livremente na corrente sanguínea e se comportando como seres vivos mais ou menos independentes, evitando o que lhes é maléfico e se aproveitando do que é bom. Teriam essas células algum direito a reivindicar a posse de uma própria mente? (Nicolelis, 2011, pg.60,61). Essa é a observação de um homem que fez nada menos que medir com exatidão como informações sensoriais (tato, olfato, visão, audição e gustação) sobre o mundo externo e o corpo são codificadas em salvas de eletricidade, a linguagem da mente, para então serem transportadas por nervos periféricos para todo o cérebro. Por tudo isso Adrian mereceu compartilhar o prêmio Nobel de Medicina em 1932. E pensar que tudo começou por Adrian, juntamente com um amigo, chegar a pensar em disparos elétricos biológicos supostamente de por natureza binária, 1 ou 0. E desta natureza algorítma surge a inteligência, existente nos mais simples organismos, e naqueles mais complexos, que possuem um cérebro, acontece com um processamento drasticamente evoluído.
Assim, vemos quão difícil é delimitar a consciência. Mas como propôs o filósofo da mente Daniel Dennett, talvez não exista uma consciência, mas sim tipos de mente. E fio que liga a definição de mente, possibilitando que todas compartilhem do mesmo título, é algo nomeado de “Postura Intencional”. A Postura Intencional, também conhecida como Sistema Intencional, é o conceito de um sistema cujo comportamento pode ser – pelo menos às vezes – explicado e predito com base em atribuições a ele de crenças e desejos (esperanças, medos, intenções, pressentimentos...). Ao contrário das mentes da grande maioria dos outros animais, a mente humana possui um “sistema intencional” que interage com o ambiente e o prevê.
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Colunas – Autor: Eder Juno N. Terra Enquanto uma gazela nasce programada para agir de uma determinada forma diante de cada estímulo, ou percepção do ambiente (não tem a capacidade de aprender com as experiências, no entanto já nasce
com alguns conhecimentos empíricos instintivos), a mente humana é capaz de passar por duas experiências diferentes e ter a capacidade de julgar qual delas é a mais apropriada.
Como exemplo, as gazelas que estão sendo caçadas por predadores muitas vezes fazem algo, chamado “stotting”:
ordem tem crenças e desejos sobre crenças e desejos, suas próprias ou aquelas de outros. Um sistema intencional de terceira ordem seria capaz de feitos como querer que você acredite que ele quer algo, enquanto um sistema intencional de quarta ordem pode acreditar que você queria que ele acreditasse que você acreditasse em algo, e assim por diante. (DENNETT, 1997).
Elas dão saltos ridiculamente altos, que obviamente não trazem qualquer beneficio à sua fuga, mas são planejados para chamar a atenção dos predadores para sua velocidade superior: “Não se dê ao trabalho de me caçar, cace meu primo. Sou tão rápido que posso desperdiçar tempo e energia dando estes saltos tolos e ainda assim vencer você.” E aparentemente isso funciona; os predadores regularmente voltam suas atenções para outros animais. (DENNETT, 1997, p. 113). E nós humanos, ainda diferenciamos nossa mente de qualquer animal pelo fato de não por tomarmos apenas quaisquer decisões, mas tal como o método de pesquisa científica do filósofo Karl Popper, que uma vez refinadamente colocou, esse reforço nos permite que nossas hipóteses morram em nosso lugar. Uma intencionalidade de terceira ordem dentro da seguinte convenção: Um sistema intencional de primeira ordem tem crenças e desejos sobre muitas coisas, mas não sobre crenças e desejos. Um sistema intencional de segunda
Assim, dentro dos tipos de intencionalidade, estamos no terceiro andar na torre de criaturas popperianas. Nosso tipo de mente nos proporciona que nossas hipóteses morram em nosso lugar no envolvimento com um ambiente ainda não experienciado. A beleza da idéia de Popper é exemplificada no desenvolvimento de simuladores de vôos realistas utilizados para treinar pilotos de avião: Em um mundo simulado, os pilotos podem aprender os movimentos que devem executar em cada crise, sem jamais arriscar suas vidas (ou os aviões muito caros). Como exemplos do truque popperiano, porém, os simuladores de vôo são enganadores em um ponto: eles reproduzem o mundo real muito literalmente. Devemos ser muito cuidadosos para não pensar no meio interno de uma criatura popperiana como
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Colunas – Autor: Eder Juno N. Terra simplesmente uma réplica do mundo externo, com todas as contingências físicas daquele mundo reproduzidas. (DENNETT, 1997, p. 84).
frio com a sua pelagem e desta forma se adaptar melhor que os outros - que irão sendo extintos por sua incapacidade de sobrevivência.
E a resposta do por que de todos esses tipos de mente poderia ser respondida pelo biólogo Charles Darwin, observando que toda a evolução e mudança ocorrida em seres vivos, apesar de acontecer através de mutações, têm de ser necessária para que se mantenha.
Pense em uma mariposa, talvez uma candidata a um suposto início na longa trajetória até o que chamamos de consciência, Postura Intencional de terceira ordem, igualmente ao que ocorreu à nossa espécie.
Caminhando nesta direção induzimos a consciência como um produto lateral da evolução. Segundo Darwin, acontecem erros na transmissão de características entre gerações, e estes ocasionariam possibilidades naturais para sobrevivência e melhor adaptação, levando em consideração que é fato a mudança contínua de ambientes, climas e vegetações nos mesmos lugares. Nas palavras de Darwin, (...) qualquer ser que sofra uma variação, por menor que seja, capaz de lhe conferir alguma vantagem sobre os demais, dentro das complexas e eventualmente variáveis condições de vida, terá maiores condições de viver, tirando proveito da seleção natural. (DARWIN, 2009b, p. 30). De acordo com biólogo Richard Dawkins, somos máquinas de sobrevivência e replicação dos nossos genes. É o egoísmo dos nossos genes que substituiria um animal, dando lugar a outro. Por exemplo: Digamos que nasceram cinco filhotes de lobos. Quatro deles são bem fortes e ágeis e com uma pelagem fina, do mesmo modo que seus pais. No entanto, um deles não é tão forte e nem tão ágil e ainda possui uma pelagem bem grossa - o que dificultaria a vida dele -, considerando o ambiente aberto e de extremo perigo predatório. Porém, o ambiente onde os filhotes vivem teve mudanças significativas. O frio se tornou cada vez mais drástico e, especificamente nesta geração, ele prejudicaria a resistência da espécie nativa de lobo que lá habitava. O filhote que sofreu mutação teria poucas chances de sobreviver no antigo ambiente, por ser fraco e lento, mas neste novo ambiente ele poderá se aquecer do
Em determinadas épocas, o inseto costuma ficar em constante impacto com lâmpadas, ou instrumentos luminosos. Isso acontece pelo fato das mariposas estarem programadas para seguir a luz solar - o Sol, obviamente -, este foi o mecanismo realizado pela natureza para que o inseto vá em direção a seus alimentos. Mas houve uma mudança considerável no ambiente a partir de Thomas Edison, com a invenção da lâmpada - algo não esperado pelos nossos genes. Isto proporcionou o comportamento estúpido das mariposas, compulsivamente se arremessando contra esses objetos luminosos. E apenas a capacidade de aprender com a experiência poderia ser a salvação da mariposa. Suspeita-se que de forma semelhante aconteceu com o homem para o primeiro despertar de uma proto-consciência. O que não seria nada mais do que valores e crenças injetados na mente do animal. No homem talvez a contradição tenha sido tantas que ao acaso, como um relojoeiro cego, que por “sorte” acerta as horas, uma mutação proporcionou uma mente capaz de mudar sua realidade durante sua vida e não mais esperar por milhares ou milhões de anos, através da capacidade de imaginar novas experiências. E essa ideia de criatura popperiana chega a veras semelhanças com a noção de intencionalidade de Brentano e virtualidade de Gilles Deleuze, ou seja, é a promessa que nos foi feita pela percepção - a fé seria a peculiaridade da consciência. Criticas surgem de místicos e religiosos por acreditar que a crença não é um ato racional do ser, ou seja, que ela é independente do ser, uma peculiaridade especial na personalidade. Pensando assim, seria possível, em um experimento de inteligência artificial,
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Colunas – Autor: Eder Juno N. Terra implementar-se uma crença induzida na mente de uma pessoa. Suponhamos por um momento que nos coloquemos na posição de um homem que acorda e descobre uma crença induzida não racionalmente em sua cabeça (ele não sabe que ela foi induzida não racionalmente; ele apenas encontra essa nova crença no curso de uma reflexão, digamos). (DENNETT, 2006a, p. 330, 331).
Podemos contar diversas estórias diferentes, e conservá-las tão neutras quanto possível; Suponhamos que a crença induzida seja falsa, mas não maluca: a pessoa (vamos chamá-la de Tom) foi induzida a acreditar que tem um irmão mais velho em outra cidade (Cleveland). Assim:
Tom está em uma festa e em resposta à questão “Você é filho único?” ele responde: “Eu tenho um irmão mais velho em Cleveland”. Quando se lhe pergunta então “Qual é o nome dele?”, Tom fica desconcertado. Talvez ele diga alguma coisa como: “Espere um minuto. Porque penso que tenho um irmão? Nenhum nome, nem rosto, nem experiência dele me vem à mente. Não é estranho? Por um momento, tive a convicção de que eu tinha um irmão mais velho em Cleveland, mas agora que penso de novo em minha infância, lembro perfeitamente bem que sou filho único”. (DENNETT, 2006a, p. 331). Se Tom saiu de sua lavagem cerebral ainda predominantemente racional, sua crença induzida pode durar apenas um momento, uma vez descoberta. Por essa razão, uma única crença induzida é impossível, pois mesmo que seja possível no futuro implementá-la, ela é inconsistente – não seria capaz de se manter sozinha.
a máscara de realidade, opiniões, amores, preconceitos, injustiças, que nós tão orgulhosamente, e por vezes, cegamente vestimos a casa milissegundo de nossas vidas, jubilosamente ignorantes de como e de onde tudo isso vem. (NICOLELIS, 2011, pag. 51).
Não há como negar que o fenomenólogo da percepção, Maurice Merleau-Ponty, tem bons argumentos para concluir que o homem é o resultado da complexidade de sua própria vida, aquilo que foi condicionado pelas suas experiências, misturado com as determinadas condições de seu organismo fisiobioquímico. A cada tomada de decisão através da consciência que é a marca do sistema mental humano -, a sua percepção vai formando o que você é. Este é o surgimento do nosso "eu", aquilo que pensamos, aquilo que somos, aquilo que pensamos que somos. Tudo a priori programado e limitado por nosso corpo e experiências. Assim, percorrendo da semiótica à neurociência, a ideia de que nosso cérebro é um simulador de realidade que nos condiciona a um mundo virtual, como pensa o filósofo Jean Baudrillard é como podemos entender a consciência, e nas palavras do neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, essa virtualidade compõe
Sobre o autor da coluna Eder Juno N. Terra, 22 anos, é jornalista, pós-graduando em Cinema e Vídeo, graduando em Física-Biológica e músico. Autor do blog CCAL e integrante do Projeto Livres Pensadores, tem uma visão secular, e é contrário a qualquer tipo de fé, valor, crença, moral, ideologia, doutrina, religiosidade, cientificismo ou filosofia de vida. Blog: criandocondicoesaliberdade.blogspot.com
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Colunas – Autor: Felipe Carvalho Novaes
NATUREZA HUMANA A Bondade
Por muito tempo o ser humano foi tido como o único animal capaz de desenvolver a moralidade. Até hoje algumas pessoas pensam no que há de mais humano do que a própria moralidade, ou a caridade, a preocupação com o próximo sem que seja exigido algo em troca. Alguns usam esse fato até para pregarem contra a Teoria da Evolução, por acharem que a evolução só consegue gerar indivíduos egoístas e competitivos. Bom, parece que nossos parentes mais próximos, chimpanzés e bonobos, estão nos mostrando que a bondade humana, tão apregoada pelas religiões, tem raízes mais profundas do que imaginávamos. Lolita, uma bonobo muito simpática, não encontrava o pesquisador Franz de Waal há 11 anos. Quando ele foi visitá-la numa colônia em um zoológico, ela logo foi correndo em direção a ele emitindo gritinhos e outros grunhidos que ela não costuma exibir para estranhos. O primatólogo descobriu que ela estava grávida e logo ficou ansioso para ver seu filhotinho. E lá estava ela, sentada com uma bola de pelo (seu filhote) no colo. Franz apontou para seu ventre e logo depois a primata pegou o filhote pelas mãos e girou-o de forma que sua face ficasse visível para o observador humano. O pequeno macaquinho começou a grunhir e fazer caretas porque os filhotes odeiam se separar da barriga quente de suas mães. Esse é um belo exemplo da inteligência acurada desses animais. Ou, ainda mais que isso, é um indício de que eles tem o que alguns pesquisadores sustentam ser um atributo unicamente humano: a empatia. Como Lolita soube que o gesto de apontar para seu ventre sugeria que o primatólogo queria ver
seu filhote? E mais: como ela sabia que “mostrar” seu filhote significava exibir seu rosto? A empatia pode ser definida como a capacidade de reconhecer a intenção dos outros, é a chamada teoria da mente. Mas essa habilidade também implica em sentirmos o que os outros estão sentindo também. Isso pode ser notado nos exemplos mais cotidianos possíveis. Quem nunca ficou tenso vendo um filme de terror em que percebemos a tensão dos personagens do filme e acabamos ficando no mesmo estado? Quem nunca se emocionou (mesmo sem derramar lágrimas) assistindo a um filme de drama? Algumas experiências mostram a empatia aplicada também à ações humanas. Em um desses, o pesquisador, na frente de um bebê, tenta colocar uma argola em seu dedo da mão, mas quando a argola chega perto do dedo, ele deixa que ela caia e reinicia o processo. Depois de um tempo repetindo isso, ele deixa que o bebê pegue a argola. O que ele faz? Pega e coloca no dedo do pesquisador, mostrando que mesmo um bebê já consegue perceber a intenção dos outros.
Outro belo exemplo é o bonobo Kidogo, que é um doente cardíaco e por isso é um macho crescido, porém, fraco, inseguro e sem energia. Ao ser transferido para a colônia do Zoológico de Milwaukee, kidogo ficou confuso com a mudança e não reconhecia os comandos dos tratadores, não sabiam para onde tinha que ir. Depois de um tempo, outros
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Colunas – Autor: Felipe Carvalho Novaes bonobos interferiram. Eles pegavam Kidogo pela mão e o conduziam até os locais indicados. Quando ele se perdia, gritava aflito e outros vinham socorrê-lo. Aparentemente, diriam alguns, esses relatos revelariam contradições na Teoria da Evolução porque agir dessa maneira solidária não tratia nenhum benefício em termos da sobrevivência do mais apto. Há duas teorias que explicam esse comportamento: a primeira diz que a empatia, que é a responsável pela solidariedade e cooperação, surgiu como um mecanismo que nos permite ajudar os seres aparentados geneticamente conosco, assim, preservando também os nossos genes contidos em outros indivíduos da família. A segunda teoria pode ser traduzido como simplesmente “uma mão lava a outra”. Isto é, ajudamos aquele cara ali agora para que no futuro possamos ser ajudados por ele. Essas duas teorias podem ser verdadeiras, mas elas nos falam dos motivos evolutivos que fizeram essas características se conservarem nos animais de hoje, e não dos motivos presentes na mente de cada um (mesmo que seja um animal não-humano) para que esses atos sejam realizados. Precisamos de motivos que ajam no aqui e agora para explicar isso. Certamente, os bonobos que ajudaram Kidogo não estavam interessados em favores futuros de um animal enfraquecido e necessitado de cuidados como ele. Também não imagino o motivo pelo qual uma fêmea de gorila pegou o menino que tinha caído dentro de sua jaula no zoológico, colocouo no colo, como se estivesse embalando-o, e depois, gentil e cuidadosamente entregou-o para os tratadores que foram resgatá-lo (ela agiu de maneira bem parecida com os bonobos quando algum filhote cai num rio e é resgatado). Veja o caso que ocorreu em 2004, na cidade de Roseville, Califórnia. Um labrador preto pulou na frente de um menino, seu dono, e levou uma piaca de cascavel em seu lugar. O que estimularia ali, naquele momento, o cão a fazer isso? A decidir arriscar a sua vida pela de seu dono? Com certeza não foi a expectativa de uma futura retribuição de favores. É como, também, no exemplo do século XX, dado pela psicólogo russa Nadia
Ladygina-Kahts, que criava Yoni, um jovem chimpanzé. Ele era indisciplinado, sempre fazia questão de desobedecer Nadia. Um dia, ele foi para cima do telhado e não saía de lá por nada. Então a psicóloga apelou: Se finjo chorar, fechando os olhos e gemendo, Yoni imediatamente pára a brincadeira ou qualquer outra atividade e vem correndo. Chega todo agitado e preocupado dos lugares mais remotos da casa, como o telhado ou o teto de sua jaula, de onde eu não consegui trá-lo apesar de meus persistentes chamados e súplicas. Ele corre à minha volta, como se procurasse quem me fez mal; olha meu rosto, pega minha bochecha com carinho na palma da mão, toca suavemente meu rosto com um dedo, como se tentasse entender o que está acontecendo. É muito interessante percebermos que até as ações humanas mais nobres parecem ter algum tipo de equivalência em animais não-humanos, revelando a ancestralidade dessas potencialidades. Dessa forma, podemos até mesmo arranjar meios contundentes de questionar a clássica idéia do senso comum, de que foi a religião que sempre colocou juízo na humanidade. Quando somos estimulados a fazer o bem ao próximo sem exigir algo em troca, estamos fazendo nada mais do que fazendo valer algo que já faz parte do repertório de habilidades humanas e que se não fosse a religião, com certeza iríamos arrumar outros motivos para justificar isso. Sobre o autor da coluna Felipe Carvalho Novaes é um graduando em psicologia que quer seguir as áreas de psicologia evolucionista e/ou psicologia cognitiva e/ou neurociência mas que não deixa de ser fascinado pelo universo, natureza e pela história humana, o que o leva a ter um pé também na astronomia, cosmologia, filosofia e história. Dentro da psicologia, um de seus temas preferidos é o autismo (especialmente a síndrome de Asperger) e as expressões faciais, além de pesquisar sobre as raízes da psicopatia e da genialidade. Nerd de carteirinha, também é fã de um bom filme de ficção científica, de revistas em quadrinhos e de video game. Blog: nerdworkingbr.blogspot.com
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Colunas – Autor: Marcos Adilson Rodrigues Júnior
OPERANDO O COMPORTAMENTO Ateu sim, porque não? Publicado originalmente no blog: Análise Funcional em 03/12/2010
Nasci como todos nascem concebido de um homem e uma mulher, que doaram seus gametas y e x que se juntaram para formar uma “célula ovo”.
Este que se dividiu inúmeras vezes, passando por embrião, feto dentro do útero desta que foi minha progenitora parasitando nutrientes de seu corpo até o momento de meu nascimento.
após meu nascimento), e minha primeira comunidade verbal.
Eles foram quem reforçaram minhas primeiras respostas operantes, minhas primeiras verbalizações, e deles copiei diversos modelos para minha sobrevivência. Mas nem todo operante reforçado ou modelo é adaptativo, e acabei aprendendo deste modo o que vou chamar aqui de comportamento religioso.
Saindo deste útero entrei em contato com uma família, um grupo de pessoas que exerceram e exercem inúmeras funções em minha vida, sendo a minha primeira agencia de controle (detinham os meus primeiros reforçadores, e recursos necessários para minha sobrevivência por pelo menor 14 anos Revista Livre Pensamento – Número 1
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Colunas – Autor: Marcos Adilson Rodrigues Júnior Como podem ver, criança nenhuma nasce cristã, judia, muçulmana, viking, adoradora de espaguete, etc. Neste blog tem uma série em videos do brilhante biólogo Richard Dawkins sobre esse tema: http://danielgontijo.blogspot.com/2010/12/ha-umproposito-na-vida.html
A religião então pode ser entendida como uma prática cultural que a muito tempo vem sobrevivendo, mas que não necessariamente seja adaptativa para a cultura, ou seja, provenha coisas boas para a cultura (muito pelo contrário do meu ponto de vista esta é uma das práticas culturais mais nocivas que existem tendo produzido inúmeras guerras, xenofobia, discriminação, escravidão, tortura, mutilação, dentre outras).
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Colunas – Autor: Marcos Adilson Rodrigues Júnior Dentre alguns fatores que reforçam esta prática está o fato de por sermos animais sociais, ao nascermos como já mencionei na minha história, tendemos a copiar e confiar em tudo que nossa primeira comunidade verbal (família) nos ensina.
Veja este exemplo de Epicuro e seu famoso paradoxo deus:
Este repertório desde então é reforçado por comunidades verbais mais amplas e agencias de controle organizadas para o fortalecimento deste, como igrejas, parentes, amigos, correntes de e-mail, etc... E mais, quando o nosso repertório de orar e clamar a deus está instalado, eles nos ensinam a interpretar eventos aleatórios e naturais, como “obra divina”, desde então qualquer “sinal”, ou seja, evento que fomos ensinados a entendermos como sinal é um reforçador para a prática social de religiosa. Vê-se ai um incentivo, do que é chamado pela analise do comportamento de contigüidade (comportamento supersticioso) que já falei neste Ou seja, a fé não é nem um pouco racional, é só ver as inúmeras discussões fervorosas de crentes e ateus em blogs, estude os argumentos dos crentes, aqui tem uns exemplos: http://ceticismo.net/religiao/tipicasjustificativas-religiosas/ Existem argumentos ateístas desde a antiguidade, mas eles nem ao menos são considerados pelos crentes, pois como já mencionei, o que mantém seu comportamento é algo “não racional”.
"Deus, ou quer impedir os males e não pode, ou pode e não quer, ou não quer nem pode, ou quer e pode. Se quer e não pode, é impotente: o que é impossível em Deus. Se pode e não quer, é invejoso, o que, do mesmo modo é contrário a Deus. Se nem quer nem pode, é invejoso e impotente: portanto, nem sequer é Deus. Se pode e quer, o que é a única coisa compatível com Deus, donde provém então a existência dos males? Por que razão é que não os impede?" Para entendermos esse paradoxo é claro a necessidade de repertório verbal sofisticado, chamado “lógica” ou “racionalidade”, nossos sistemas de ensino não instalam muitas vezes esse tipo de repertório em nós, muitas vezes por influência política (é mais fácil manipular gado que leões). Muito pelo contrário, nos ensinam a apenas aprender por modelação (o professor passa a matéria, o aluno aceita aquele dado pronto, o professor corrige o desvio e reforça aquele que mais se assemelhar a seu modelo), isso é muito parecido com a prática religiosa em que o catequista ensina a “verdade” os catequizados dizem amém, reproduzem aquele conteúdo e o catequista os reforça. Padrão este de ensino herdado da Escolástica, e que infelizmente ainda sobrevive em nossas escolas do século XXI. Sobre Escolástica: http://pt.wikipedia.org/wiki/Escol%C3%A1stica
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Colunas – Autor: Marcos Adilson Rodrigues Júnior
Só o argumento acima já invalidaria se todos fosse “processadores” racionais de informação, como já dizia Descartes e alguns psicólogos modernos. Mas como sai daquele esquema fadado a me transformar em um crente, e não conhecer as maravilhas da filosofia, ciência etc? Não foram por mérito meu, ou de alguma essência interna, mas, algumas contingências aleatórias modelaram alguns repertórios de fuga/esquiva na minha infância para a leitura de livros e enciclopédias, paralelo ao religioso estava sendo criado o repertório embrionário do cientista.
E graças a deus....rsrs (isso é um eufemismo), através de meu repertório rudimentar de questionamento, exploração e lógica, passei a interpretar os textos sagrados de forma cientifica e não de forma copiadora, e a achar as tais inconsistências inegáveis neles. Explorei então diversas religiões e práticas exotéricas tentando encontrar meu caminho, até ingressar na faculdade de psicologia. Nesta ao ver inúmeras teorias de funcionamento humano, consegui finalmente me desprender daquilo
que era e é de muitos seres humanos um calcanhar de Aquiles: A Religião. Não é um caminho fácil, mas é fascinante, a minha perspectiva de ver o mundo e a vida como ateísta em primeiros momentos foi difícil e sofrida, não vou negar, olhar o mundo sem o “véu da ideologia” parafraseando Marx é dolorido num primeiro momento assim como alguém que estava a muito no escuro passa a ver a luz do sol. Os olhos doem, mudar seu repertório doem analogamente. Espero que esse texto ajude quem ainda não “saiu do armário” do Ateísmo, ou não tem coragem, saiba, vc não está sozinho!.
Sobre o autor da coluna Marcos Adilson Rodrigues Júnior é estudante do 8° Período do curso de Psicologia, Ateu, Cético, Pragmático e Behaviorista Radical. Acredita que a Ciência é a melhor forma que temos de obter conhecimento seguro e resultados satisfatórios para a espécie humana e o universo que a circunda. Blog: analisefuncional.livrespensadores.org
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Colunas – Autora: Kelly R. Conde
PEDAGOGIA Deixem as Crianças Em Paz! A ideia de que nada deve se interpor entre os pais e seus filhos é o núcleo dos “valores de família”. Mas o que ninguém parece perceber é que os pais não são donos de seus filhos, mas são - ou ao menos deveriam ser - aqueles que prezam pelo seu bem-estar. Muitas pessoas defendem que a criança na barriga da mãe tem o direito à vida e não pode ser abortada, mas ninguém se importa que, quando nasça, ela perca esse direito ficando totalmente entregue ao que quer que os pais queiram fazer com ela.
Os pais não são os detentores da verdade em relação aos filhos e temos o direito de intervir nas relações entre eles quando são prejudiciais. Mas quando os pais ouvem isso e são questionados sobre o que eles sentem e que é difícil defender com a razão, eles ficam irritados, defensivos, e à procura de algo atrás do qual se esconder e apoiar. E, para isso, nada melhor do que um valor que – exatamente por ser um valor – é inquestionável. Dizem: “Somos os pais, e ninguém pode dizer como devo agir com meu filho, pois eu sei o que é melhor para ele.”
Segundo o artigo 14 da Convenção dos Direitos da Criança, toda criança deve ter direito à “liberdade de pensamento, consciência e crença”. Mas o mesmo estatuto que defende a busca por autonomia diz que essas pessoas, ainda em processo de desenvolvimento, necessitam de orientação para alcançarem sua maturidade cívica e social. Os pais, desse modo, têm o direito de “orientar” os filhos no que dirá respeito aos seus pensamentos e crenças. Mas, sendo assim, como essas crianças desenvolverão seus próprios pensamentos? Crianças são extremamente manipuláveis e isso se deve à sua credulidade, pois ainda não possuem o senso crítico desenvolvido e confiam na autoridade das pessoas que as cercam. O cérebro delas é pré-programado para apreender todas as informações transferidas em pouquíssimo tempo, e com isso é difícil impedir ao mesmo tempo a entrada de informações prejudiciais que os adultos impediriam sem esforço. Por isso, é de se esperar que cérebros de crianças sejam crédulos e vulneráveis a qualquer sugestão. Um exemplo disso é Marjoe Gortner. Ele teve um nascimento difícil - quase foi estrangulado pelo cordão umbilical - e o obstetra disse a sua mãe que apenas por um milagre ele havia sobrevivido. Assim, “Marjoe”, – junção dos nomes “Maria e José” – assumiu sua posição na extremidade de uma longa linhagem de ministros evangélicos.
Aos 3 anos, ele sabia pregar o evangelho de memória e recebia aulas de interpretação dramática em todo tipo de performance. Com 4 anos, Marjoe foi oficialmente ordenado ao ministério e lançado numa carreira extraordinariamente bem-sucedida. A “Criança Miraculosa” deixava multidões em pranto e estado de “êxtase religioso”. Diziam os fiéis que o garotinho era um “milagre de Deus”. Mas a verdade é que Marjoe recebia um treinamento cuidadoso, norteado por uma disciplina severa e a insaciável ambição de sua mãe. Os sermões eram impecavelmente memorizados: cada palavra, cada pausa, cada gesto, cada “cura de fé” - tão cativantes que enchiam os pratos de coleta da igreja.
Desde muito pequeno, suas habilidades de pregação foram meticulosamente cultivadas. Antes de “mamãe” e “papai”, Marjoe aprendeu a dizer “Aleluia!” e, aos nove meses de idade, gritava “oh, glória!” no microfone. Revista Livre Pensamento – Número 1
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Colunas – Autora: Kelly R. Conde Marjoe considera o que passou como praticamente uma lavagem cerebral, onde não teve ao menos tempo para ser criança. Na adolescência, ele foi se desiludindo diante da encenação de seus poderes divinos, deixou o movimento evangélico em busca de meios de sustento mais legítimos e fez parte de uma banda de rock. Mas em seguida voltou para o circuito evangélico para realizar seu documentário-denúncia “Marjoe”, gravado em 1971 e ganhador do Oscar no ano seguinte, revelando os milenares truques que utilizava e expondo as características de indústria do entretenimento que tornaram o evangelismo um movimento popular de enorme sucesso comercial.
Mas e quanto a todas as outras crianças que passam por imposições e manipulações mas que, ao contrário
Isso seria invadir os “valores” e a “autonomia” dos pais em relação a seus próprios filhos, certamente dirão. Mas os mais prejudicados está claro que serão sempre as crianças. A reprodução do comportamento dos pais e conseqüente criação ausente de questionamentos e discussões só pode levar a um desenvolvimento unicamente passivo e não reflexivo da criança, onde o conhecimento nunca terá lugar frente à imitação.
de Marjoe, nunca têm a oportunidade de entender o que lhes foi feito? Ninguém conhece realmente o poder de recuperação de uma criança. Há jovens que viram as costas às tradições a que estiveram submersos durante anos, sem nenhum dano, enquanto há crianças que são feitas prisioneiras ideológicas de tal modo que se tornam suas próprias carcereiras mais tarde, se recusando a ter conhecimentos que poderiam lhes abrir e mudar a mente. Porque não se preocupar com o modo como os pais estão formando as crianças e o que estão fazendo para garantir-lhes informação e conhecimento necessários para que mais tarde elas possam ser pessoas esclarecidas, críticas e livres?
Não deveríamos tapar os olhos e achar que deixar os filhos totalmente entregues aos pais é benigno, pois sabemos que essa privacidade da vida em família encobre práticas nas quais os pais submetem os filhos a tratamentos que os mandariam para a prisão se não fosse com o filho deles (como castigos violentos e ofensas, por exemplo). E o que dizer ainda dos casos de violência sexual e maus-tratos de todos os tipos que os filhos sofrem dos próprios pais ou outros parentes próximos?
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Colunas – Autora: Kelly R. Conde A violência contra as crianças ainda prevalece em todos os países do mundo, estando presente em qualquer cultura, classe, nível de escolaridade, faixa de renda e origem étnica. É ilusório pensar que os pais, por tomarem decisões “adultas” e baseadas em suas experiências, estejam com a razão. Embora eles tenham alcançado a idade para consentir e tomar decisões “por sua livre escolha”, suas percepções do que é correto e bom são suas, produtos apenas de sua própria fé perceptiva, e seus filhos serão vítimas da sua ignorância. Como diz o psicólogo Nicholas Humphrey: “As crianças têm o direito humano de não ter a cabeça aleijada pela exposição às péssimas idéias de outras pessoas — não importa quem sejam essas outras pessoas. Os pais, da mesma maneira, não possuem permissão divina para aculturar os filhos do modo que bem quiserem: não têm o direito de limitar os horizontes do conhecimento dos filhos, de criá-los numa atmosfera de dogma e superstição, ou de insistir que eles sigam os caminhos estreitos e predefinidos de sua própria fé.”
Todos têm direito de tomarem suas próprias decisões. Mas essas decisões precisam ser decisões informadas e muito bem pensadas. E as crianças não têm como tomar decisões ainda pequenas, não têm informações suficientes para isso. O que dizer a elas então? TUDO. Para ensinar religião, ensine sobre todas e as deixem pensar sobre isso, do mesmo modo como ensinaria história ou filosofia. Elas precisam saber que têm opções, em tudo, e que tudo tem um motivo, que nada tem como resposta “porque sim”, ou “porque eu estou dizendo”. Se não sabe, diga simplesmente “não sei”, procure saber, ou procure alguém que saiba para explicar. Assim, ao menos, ninguém será enganado ou privado de fazer as melhores escolhas.
Que chances essas crianças terão se não fizermos nada e os deixarmos à mercê das convicções e ignorâncias daqueles que deveriam estar lhes protegendo e formando? O direito à liberdade é espalhado pelo mundo, mas não para as crianças. Nenhuma criança tem direito à liberdade de doutrinação, de pensamento, de ser. Devemos deixar que as crianças sejam submetidas a isso por causa de uma falsa moral que só faz esconder os abusos contra esses seres humanos indefesos? Imagem do filme "Monstros S.A."
Todos nós deveríamos nos sentir incomodados ao ouvir uma criança pequena sendo rotulada como pertencente a uma ou outra religião específica. Afinal, as crianças são jovens demais para tomar decisões fundamentais sobre suas opiniões a respeito da origem do mundo, da vida ou da moral, como defende o biólogo Richard Dawkins dizendo que “O simples termo ‘criança cristã’ ou ‘criança muçulmana’ deveria soar como unhas arranhando uma lousa.” E o filósofo Daniel Dennett completa: “Imagine se identificássemos as crianças como crianças fumantes ou bebedoras, porque seus pais o são?”
Sobre a autora da coluna Kelly R. Conde, 22 anos, é formada em Ciências Contábeis, graduanda em Pedagogia e musicista. Autora do blog CCAL e integrante do Projeto Livres Pensadores, tem uma visão secular, e é contrária a qualquer tipo de fé, valor, crença, moral, ideologia, doutrina, religiosidade, cientificismo ou filosofia de vida. Blog: criandocondicoesaliberdade.blogspot.com
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Colunas – Autor: Fred Lins Junior
RESENHAS DE LIVROS “Mendigos: Párias ou heróis da cultura?” (LGE, 203 páginas, 35,00 reais), de Ezio Flavio Bazzo O país inteiro os abriga contra a vontade, a sociedade - preocupada exclusivamente com suas ignóbeis tripas e aparências - os detesta e os oculta. A França hoje tem o desgosto de tê-los aos montes. Roma tem uma rede de restaurantes para saciá-los e apaziguá-los. Não dirigem a palavra a ninguém, vivem rindo ou em prantos sem medo de escancarar a boca desdentada. São usados por cristãos que arquitetam sorrateiramente uma demagogia de caridade, com seus albergues, suas sopas, suas bastardices falsamente pacifistas e sua metafísica piegas. Os comerciantes mandam matá-los para que não fiquem ali nas escadas de seus negócios. Os adolescentes os queimam vivos nas paradas de ônibus e os governantes os enfiam em trens, caminhões ou em carroças e os despacham para seus vilarejos de origem de onde também já foram banidos. Os mendigos desprezam tudo aquilo que a sociedade “normal” gastou 7 mil anos para construir e organizar. Sim, essa filosofia kamicaze é algo digno de admiração e de interesse, algo fascinante, que merece muito mais que alguns textos. Essa prática “agnóstica” e essa praxis “niilista”, exposta livremente nas ruas e nos becos deveria ser tema de Encontros Internacionais, de Aulas Magnas e de Congressos. Os padres os excomugam quando os surpreendem cagando nos fundos das catedrais, a polícia e os "seguranças" dos prédios os acossam dia e noite. Se precisam de uma hospitalização são tratados como porcos e com horror. São vistos nos semáforos aos pedaços, como bufões decadentes, trêmulos de embriaguez e de fome. Entretanto, todas as religiões colocadas em fila, não seriam mais do que merda desidratada quando interpretadas à luz de um mendigo de cócoras. A sociedade perdulária e extravagante os detesta mesmo mortos e os expurga implacavelmente até mesmo de sua memória, mas eles "milagrosamente" resistem. Não se rendem. Apesar de todas as canalhices, estão por todos os lados. Seguem dizendo não ao trabalho, não à sujeira política, não à corrida
idiota do cotidiano em direção ao nada e cospem sobre as propostas estatais ou clericais de "readaptálos" ou de "normalizá-los". Ezio Flavio Bazo é graduado em psicologia, cursou mestrado em psicologia clínica na Universidade Nacional Autonoma do México e doutorado na Universidade Nacional de Barcelona. Mais tarde dedicou-se a um pós doutoramento no Instituto de Altos Estudos da América Latina, em Paris. Apesar dessa longa permanência no meio acadêmico, Bazzo considera o estudo formal uma grande fraude, um adestramento desnecessário e inútil que vai deixar limitações e cicatrizes profundas na capacidade de pensar dos estudantes e dos futuros "doutores". Bazzo faz questão de ressaltar e de colocar em primeiro lugar sua bagagem como auto didata e como "viajante inveterado". Sobre o autor da matéria Fred Lins Junior é alguém que luta por uma sociedade onde o trabalho alienado deve dar lugar a uma criatividade coletiva, regulada pelos desejos de cada um, onde o direito de comunicação real pertence a todos.
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Dicas para a Internet
DICAS PARA A INTERNET Sites Recomendados Ceticismo:
- Neurociência
Ceticismo Aberto: http://www.ceticismoaberto.com/
A neurocientista de Plantão: http://www.suzanaherculanohouzel.com/
E-Farsas: http://www.e-farsas.com/
- Biologia
Ceticismo.net: http://ceticismo.net/
Tree of Life Web Project: http://tolweb.org/tree/
Ateísmo: - Psicologia
Ateus.net: http://ateus.net/ Diário Ateísta: http://www.ateismo.net/
Mente e Cérebro: http://www2.uol.com.br/vivermente/
Ateus do Brasil: http://ateusdobrasil.com.br/
Filosofia:
Ciência:
Só Filosofia: http://www.filosofia.com.br/
Scientific American Brasil: http://www2.uol.com.br/sciam/
Notícias: PauloPes Weblog: http://www.paulopes.com.br/
Instituto Ciência Hoje: http://cienciahoje.uol.com.br/
Humor: CienSinando: http://www.ciensinando.com.br/ Scientia Est Potentia: http://franciscoscientiaestpotentia.blogspot.com/
Desordem Publica: http://desordempublica.com.br/ Um Sábado Qualquer: http://www.umsabadoqualquer.com/
- Astronomia GAEA: http://gaea-astronomia.blogspot.com/
Jesus Manero: Blog http://jesusmanero.blog.br/ e Tumblr: http://jesusmanero.com/
Sites Úteis Encurtadores:
Imagens e Wallpapers:
Virou Grama: http://virou.gr/home – Quando você encurta uma URL nele, cada caractere vira 1g de alimento a ser doado pelo Carrefour.
Astronomy Picture of the Day (Foto Astronômica do Dia) da NASA: http://apod.nasa.gov/apod/astropix.html
Previsões de passagens de satélites
HubleSite: http://hubblesite.org/gallery/wallpaper/ – Papéis de parede criados a partir de fotos do Hubble
Heavens Above: http://www.heavens-above.com/ – Nele é possível ver previsões de passagens da ISS, Hubble e vários outros satélites (como Iridium Flares) de forma bastante simples.
Domínio Público: http://www.dominiopublico.gov.br/ – TONELADAS de conteúdo que pode ser baixado gratuitamente por qualquer um.
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Dicas para a Internet
Projeto Livres Pensadores Diários de Harvey Dent: http://diariosdeharveydent.blogspot.com/ Personalogia: http://personalogia.wordpress.com/ Notas de um Flanador: http://flanador.livrespensadores.org/ PodPensar: http://podpensar.livrespensadores.org/ Nihil Lemos: http://nihil-lemos.livrespensadores.org/ Outras Verdades Inconvenientes: http://outrasverdadesinconvenientes.blogspot.com/ Livres Pensadores: http://livrespensadores.org/ Metropolis: http://metropolis.livrespensadores.org/ Bar do Ateu: http://bardoateu.blogspot.com/
Crazy Feelings: http://costelafeelings.blogspot.com/ Vida em Órbita: http://vidaemorbita.blogspot.com/ Contraventro: http://contravento.net/ Fiat Lux: http://fiatlux.livrespensadores.org/
Uma Visão de Mundo: http://www.umavisaodomundo.com/ NerdWorking: http://nerdworkingbr.blogspot.com/
A Influência da Cultura na Lei: http://ainfluenciadaculturanalei.blogspot.com/ Insônia Lúdica: http://insonialudica.blogspot.com/
A Origem: http://aorigem.wordpress.com/ Filhos de Oort: http://filhosdeoort.blogspot.com/ Deus Ilusão: http://deusilusao.wordpress.com/ Historiae Religionis: http://historiaereligionis.wordpress.com/
Aos Humanos: http://felipegama.wordpress.com/ Enseada Niilista: http://enseadaniilista.wordpress.com/ Behaviorist Lady: http://behavioristlady.blogspot.com/
Criando Condições à Liberdade: http://criandocondicoesaliberdade.blogspot.com/ Análise Funcional: http://analisefuncional.livrespensadores.org/
Sobre o Projeto Livres Pensadores: Endereço: http://projeto.livrespensadores.org/ Contato: projeto@livrespensadores.org
Carlos Orsi: http://carlosorsi.blogspot.com/ Rebeldia Visual: http://rebeldiavisual.tumblr.com/ Olhar Beheca: http://olharbeheca.blogspot.com/ In Nomine Dei: http://www.wilsonoliveira.com/ Sou Evoluído!: http://souevoluido.livrespensadores.org/ Montando o Quebra-Cabeça: http://danielgontijo.blogspot.com/ Revista Livre Pensamento – Número 1
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Revista Livre Pensamento – Número 1 Editores das Matérias: Fábio Marton Fred Lins Junior Ligia Amorese Mário César Mancinelli de Araújo
Colunistas: Eder Juno N. Terra Felipe Carvalho Novaes Fred Lins Junior Gustavo Melim Gomes Kelly R. Conde Ligia Amorese Marcos Adilson Rodrigues Júnior Mário César Mancinelli de Araújo Wagner Kirmse Caldas
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Diagramação e Edição: Mário César Mancinelli de Araújo
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