JA - Jan2011

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JANEIRO2011 · Tel. 241 360 170 · Fax 241 360 179 · Av. General Humberto Delgado - Ed.

Mira Rio · Apartado 65 · 2204-909 Abrantes · jornaldeabrantes@lenacomunicacao.pt

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jornal abrantes

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Director ALVES JANA - MENSAL - Nº 5480 - ANO 111 - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

ESTA JORNAL mais uma

vez connosco

Um destacável de 12 páginas, pelo curso de jornalismo da Escola Superior de Tecnologia de Abrantes ENTREVISTA

Luís Ferreira é o director da ESTA Mudar de instalações e fazer-se ao mar são as duas maiores apostas do novo director. página 3

A NOSSA SAÚDE

CONSTÂNCIA

Património e Urbanismo em encontro nacional “Território, Cultura, Ciência e Inclusão” é o tema em debate na Batalha e em Constância. página 17

Antena Livre faz 30 anos e edita CD A pioneira das rádios livres comemora aniversário com o lançamento de um CD com músicos da região. páginas 12 e 13

“ESTÁ DE MAL A PIOR” MAS NEM TUDO É MAU A falta de médicos é o cancro do sistema, e vai agravar-se. Há respostas em estudo, mas não são suficientes. Mas, no resto, tem havido ganhos. Fernando Siborro explica a situação. páginas 4 a 6


2 ABERTURA SUGESTÕES

FOTO DO MÊS

de

jornal abrantes

JANEIRO2011

FICHA TÉCNICA Director Geral Joaquim Duarte

Director Alves Jana (TE.756) alves.jana@lenacomunicacao.pt

Sede: Av. General Humberto Delgado – Edf. Mira Rio, Apartado 65 2204-909 Abrantes Tel: 241 360 170 Fax: 241 360 179 E-mail: info@lenacomunicacao.pt

Redacção

FERNANDA MENDES

Jerónimo Belo Jorge (CP.1907 jeronimo.jorge@lenacomunicacao.pt

IDADE 43 anos

Joana Margarida Carvalho joana.carvalho@lenacomunicacao.pt

André Lopes

RESIDÊNCIA Abrantes

Publicidade

PROFISSÃO Técnica de informação

Rita Duarte (directora comercial) rita.duarte@lenacomunicacao.pt

Miguel Ângelo miguel.angelo@lenacomunicacao.pt

Na sua fuga para o Egipto, Jesus passou por aqui e não havia comboios. Então, rogou uma praga a este largo: - Nunca serás arranjado!

Andreia Almeida andreia.almeida@lenacomunicacao.pt

Design gráfico e paginação António Vieira

Editora e proprietária Jortejo, Lda. Apartado 355 2002 SANTARÉM Codex

UM PETISCO Os que se servem nas tascas do Pego.

INQUÉRITO

Se fosse primeiro-ministro por um dia, que medida tomaria?

PRATO PREFERIDO Pataniscas de bacalhau. UM LUGAR PARA PASSEAR Nos parques urbanos: junto ao Tejo, no Aquapolis e em S. Lourenço.

GERÊNCIA Francisco Santos, Ângela Gil, Albertino Antunes

Departamento Financeiro Ângela Gil (Direcção) Catarina Branquinho, Celeste Pereira, Gabriela Alves e João Machado info@lenacomunicacao.pt

Marketing Patricia Duarte (Direcção), Catarina Fonseca e Catarina Silva. marketing@enacomunicacao.pt

UM CAFÉ Sopadel, Portugal e Chave d’Ouro. UM BAR Alcaide; Aquapolis e Coffe Break 53.

Impressão Imprejornal, S.A. Rua Rodrigues Faria 103, 1300-501 Lisboa

UMA POVOAÇÃO Fontes, para contemplar a paisagem sobre a Albufeira de Castelo do Bode.

UM RECANTO PARA DESCOBRIR Travessa do Tem-te-Bem, em Abrantes. Subi-la e descê-la na Primavera. E sentir o cheiro das flores.

Isabel Borda D’Água

Carlos Aparício

Fátima Lobato

Edgard Nunes

Abrantes

Arreciadas

Sardoal

Abrantes

Num dia não se consegue mudar nada. Mas como é uma suposição, faria uma profunda mudança na educação que promovesse a ligação entre o que se ensina e o que os alunos precisam aprender para a sua vida activa.

Com toda a certeza, começava por tomar as rédeas à educação. É onde tudo começa, e tem de começar bem!

Aplicava medidas severas aos contribuintes com mais alta remuneração e criava benefícios reais para os mais desfavorecidos, para diminuir o fosso económico existente.

Eu demitia-me e solicitava a entrada do FMI no nosso país.

UM DISCO Verdes Anos à CAPELLA – Quinteto Belle Chase e Projecto “Zeca Sempre” – “O que faz falta”. UM FILME ‘’A Lista de Schindler’ UMA VIAGEM Cá dentro: um cruzeiro no Douro. Lá fora: Regressar a Sarajevo. UM LEMA DE VIDA Um actual: Ouvir as palavras antes de as dizer. E, (fundamental) dizê-las!

Recursos Humanos Nuno Silva (Direcção) Sónia Vieira drh@lenacomunicacao.pt

Sistemas Informação Tiago Fidalgo (Direcção) Hugo Monteiro dsi@enacomunicacao.pt Tiragem 15.000 exemplares Distribuição gratuita Dep. Legal 219397/04 Nº Registo no ICS: 124617 Nº Contribuinte: 501636110

Sócios com mais de 10% de capital Sojormedia 83%

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EDITORIAL

ALVES JANA

“O ser é, o não-ser não é” … disse Parménides há cerca de 2.500 anos. Vem isto a propósito do ano – e da década – de crise em que acabamos de entrar. Vimos de uma civilização centrada no ter, no comprar, no consumir. O êxito da “Loja dos 300” e das “lojas dos chineses” vem sobretudo do “poder” que deu às pessoas menos abastadas, o poder de comprar. Por isso, muitas casas estão cheias de inutilida-

des baratas. Mas se a vida se alimenta do poder de comprar, não se estrutura sobre o poder de ser. Por isso esta crise é tão ameaçadora: ameaça o comprar, o consumir, isto é, aquilo a que se centrou muita da vida que por aí se vive. E se isso se vai, o que resta? Esta é a questão. “O ser é, o nãoser não é”, disse Parménides. A crise que atravessamos é, por isso, uma boa oportunidade– não apenas

este ano, mas esta década – para darmos uma volta à nossa maneira de viver, pessoal e colectiva. Escusamos de chorar sobre o leite derramado, de ruminar a desgraça, de lamentar o ano de sacrifícios. Isso não leva a lado algum. É bem melhor estarmos neste ano do que do que termos ficado no ano passado, mortos e sepultados. É óptimo estarmos vivos, e melhor ainda se con-

seguirmos caminhar de modo activo para aquilo que queremos. Que queremos ser, pessoal e colectivamente. E é isso que se chama Viver e é, por isso, o essencial do voto de Bom Ano.


ENTREVISTA 3

JANEIRO2011

LUÍS FERREIRA DIRECTOR DA ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA DE ABRANTES

“Em Angola nós temos um campo imenso para nos expandirmos” os querer ajudar a resolver problemas para os quais eles não têm solução. Os brasileiros e os espanhóis estão a apostar forte, e os chineses um pouco. Mas eu sei que os portugueses são os preferidos.

JOANA MARGARIDA CARVALHO

Luís Ferreira é o novo Director da ESTA, conforme o JA informou na última edição.

O que é ser Director de uma Escola Superior? Ser director é basicamente abraçar este projecto, desenvolvê-lo, fazer o melhor para daqui a cinco anos, quando terminar, poder olhar para trás e ver resultados. Para trabalhar numa instituição de ensino superior, primeiro, é necessário adequar o nosso ensino ao meio envolvente, ou seja, é fundamental que estejamos atentos ao que as empresas precisam, de modo a formarmos pessoas qualificadas e adaptadas às empresas da região. De seguida, é garantir um ensino com a melhor qualidade, desde os professores, às instalações entre outros componentes. Por último, é criar um ambiente académico. Nós temos uma desvantagem face às outras escolas mais antigas e com uma vincada tradição. Por a nossa escola ser recente, ainda não é reconhecida, logo ainda nos encontramos na busca pela nossa tradição. Tudo que garante a afirmação da ESTA a nível nacional e internacional é uma preocupação minha e da própria escola. Esta é uma etapa interessante, pois estamos quase a mudar de instalações, é quase fazer um reset aos últimos quinze anos e começar tudo novo, o que vai ser gratificante. Acredita mesmo que, como disse na tomada de posse, que a interioridade não afecta a qualidade de ensino? Não, não afecta, porque os professores que aqui estão também dão aulas noutros centros urbanos. Eu mesmo dei aulas noutras

Luís Ferreira Idade: 58 anos Função: Director da ESTA Formação: Doutoramento em Engenharia Mecânica Residência: Entroncamento

universidades mais reconhecidas e o empenho que eu coloquei lá foi o mesmo que coloquei aqui. E penso que isso acontece também com os outros docentes. Mas, por sermos uma escola pequena, que ainda se está a afirmar, os alunos têm de ver para querer. Ou seja, devemos ter um bom desempenho, de grande qualidade, para convencer os jovens a optarem por este espaço de ensino. Nós temos potencial para sermos uma escola de qualidade. Quais são os principais problemas que a escola enfrenta? Neste momento, o que me parece mais urgente, sem dúvida, é a mudança de instalações para o Tecnopolo. Neste local enfrentamos problemas de falta conforto, de espaço, etc. Este edifício foi adaptado, o que foi óptimo, pois mais vale ter do que não ter nada. Agora já passámos um ciclo, já há experiência adquirida, logo é necessário mudar quanto antes.

De que forma vão entrar os mestrados na ESTA? Já colocámos um mestrado a concurso, mas não avançou por falta de inscrições. Estamos agora a propor dois novos mestrados, informática para a saúde e manutenção industrial.

wQuais são os desafios da ESTA já para 2011? O primeiro de todos é a mudança para o Tecnopolo. Já estamos a mudar os laboratórios e em 2011 espero que fique concluída esta primeira etapa. O segundo é apostar num relacionamento íntimo entre a escola e o meio empresarial. O ensino fica muito mais valorizado pois encurtamos a distância entre o diploma e a aplicação na prática e garantimos pré-experiência ao aluno antes de entrar no mercado de trabalho. Também temos como objectivo criar um centro de investigação, para todos os cursos da Escola. E por último, pretendemos trabalhar num projecto com o meio empresarial de Angola. O que é que as empresas da região podem esperar da ESTA? Da minha parte, toda a colaboração possível. No início deste ano, vou fazer uma carta de apresentação em que vai ser mencionada

quais são as nossas valências e em que aspectos nós podemos ajudar as empresas. Por exemplo, na área da engenharia, aquela que navego melhor, pois sou engenheiro, nós reunimos aqui pessoas que trabalham em investigação que podem resolver situações das empresas. É uma forma de casarmos interesses. O que considera que pode ser a “vocação atlântica” da ESTA? A possibilidade do nosso alargamento pela Europa está quase esgotada. Mas com os países africanos, nomeadamente com Angola, está tudo por fazer. Em Angola nós temos um campo imenso para nos expandirmos, para aplicarmos os nossos conhecimentos e criarmos novas empresas. O povo angolano está receptivo, mas não podemos ficar convencidos que eles é que precisam de nós e que cabe a eles baterem-nos à porta. É bom que sejamos ousados e não devemos ter receio de

Qual é a marca pessoal que pretende deixar? Espero que as pessoas fiquem com a ideia de que fiz um trabalho positivo. O grande objectivo é deixar a obra feita. Tenho um estilo de liderança próprio que tenho aplicado ao longo destes anos. Não costumo mandar, eu peço. Procuro conduzir uma equipa onde as pessoas se sentem responsabilizadas a fazer sem serem obrigadas, com uma colaboração de amizade. Eu dou sempre o benefício da dúvida, dou 100% confiança às pessoas e depois vou avaliando a resposta. E não me tenho dado mal. Como foi a sua experiência como professor em Angola? Eu gosto muito das pessoas de Angola. Fui para lá muito novo, adorei trabalhar com eles e fui muito bem tratado. Em Angola o ensino está dar os primeiros passos, ainda é um ensino muito deficiente, com muito falta de professores especializados. Encontrei bons alunos, a maior parte deles vão muito mal preparados de base. Mas os alunos de lá têm uma característica que cá não é muito visível, estão muito disponíveis para aprender. Já perceberam, depois destes 35 anos de independência, que uma das formas de sair da miséria é a estudar.

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4 especial SAÚDE

JANEIRO2011

FERNANDO SIBORRO, DIRECTOR DO ACES DO ZÊZERE

“Centros de Saúde do Zêzere estão mal e vão ficar pior” A falta de médicos é uma realidade desesperante no Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Zêzere. E vai agravar-se devido à reforma de mais clínicos para este ano de 2011, segundo o director do ACES, Fernando Siborro.

No concelho de Abrantes, de 30 médicos de família, neste momento estão 11 ao serviço. Já no Sardoal, o panorama complicou-se com a reforma recente de um clínico e a entrada de dois em baixa médica. Neste momento, não há médico de família no concelho, e deveriam estar pelo menos 3. Nos restantes concelhos abrangidos pelo ACES a situação não é tão penosa como se pode verificar na coluna em baixo. Onde aparece o número dos médicos colocados face aos que deviam estar no activo. Fernando Siborro afirma ao JA que “a falta médicos é culpa da Ordem dos Médicos e dos políticos que não soube-

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der, mais as grávidas e crianças. Basicamente fora meia dúzia a quem dava consulta o resto só queria receitas. Isto não é nada! Pois se a pessoa necessita de um serviço fora destes dois dias, não tem. Eu não quero isso, pretendo dar aos utentes um serviço permanente e diário, nem que para isso a pessoa tenha de se deslocar para a freguesia mais próxima onde eu colocarei um médico fixo… Isto, sim, é um objectivo a alcançar”. Para já, Fernando Siborro assegurou “que, se alguém encontrar um clínico interessado em preencher o lugar, será colocado de imediato, pois a situação está má e vai piorar”.

ram impor-se, já lá vão trinta anos. Não deixaram formar médicos sabendo que nesta altura se iam reformar todos”.

Soluções possíveis O responsável pelo ACES disse ao Jornal de Abrantes que “nem tudo é mau” uma vez que há a possibilidade de o Ministério da Saúde vir a contratar médicos colombianos. “Eu tenho a promessa que parte deles vêm para cá, para reforçar estes inúmeros lugares que estão vagos no ACES”, admitiu Fernando Siborro. Mas não é certo, pois, acrescentou, “em tempos também se falou da vinda de médicos ucranianos que nunca chegaram a vir”. Outra solução passa pela compra pela Câmara Municipal de Abrantes de duas unidades móveis de saúde, que asseguram a presença de um médico e de um enfermeiro. Estas unidades têm como objectivo garantir um serviço clínico a todas as pessoas que vivem isoladas ou a idosos que

Joana Margarida Carvalho

estão incapazes de se deslocarem ao centro de saúde mais perto. As unidades móveis de saúde inicialmente vão estar presentes no concelho de Abrantes, assegurou Maria do Céu Albuquerque presidente da Câmara Municipal de Abrantes, não desfazendo a

hipótese de possíveis acordos com outros municípios, como o caso de Sardoal. Contudo, apesar destas duas soluções, que estão a ser tratadas, Fernando Siborro explica que “a mais importante é colocação do médico numa localidade de modo a

servir várias freguesias. Desse modo, todas as pessoas têm o médico todos os dias da semana, em vez de apenas dois ou três dias por semana”. Por exemplo,“eu antigamente ia duas vezes por semana a Vale das Mós, chegava lá tinha sessenta pessoas para a aten-

Médicos colocados Abrantes Constância Sardoal Barquinha Tomar F Zêzere Mação -

11 em 2 em 0 em 3 em 23 em 1 em 4 em

30 3 3 4 26 5 5


especial SAÚDE 5

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“Os deuses devem estar loucos” Uma das acusações que se faz ao nosso sistema de saúde é ser “medicocentrado” ou “demasiado medicocentrado”. Dito de outro modo, há coisas que, segundo a lei, só os médicos podem fazer, mas que outros profissionais estão habilitados a fazer. E não o podem fazer apenas porque estão proibidos. Fernando Siborro concorda: “O mal é esse”.

Não há médicos e o serviço fica por fazer, enquanto outros profissionais o poderiam fazer. Então, este é o momento ideal para dar a volta à situação e corrigir as coisas. “Só que há um entrave, que é a Ordem dos Médicos”, explica Fernando Siborro. “Nos

outros países, os enfermeiros têm actuações muito mais intensas que em Portugal. E eu sou apologista disso. Porque é que o enfermeiro não há de seguir um hipertenso ou um diabético ou uma grávida? Não é difícil. Está tudo escrito. Há regras escritas e seguindo essas regras sabe-se que se está a fazer bem. É o que nós, médicos, fazemos. E quando as coisas se alteram, mandamos para o hospital. Os enfermeiros, hoje, ao contrário de antigamente, são licenciados e, por isso, está na altura de dar o salto em frente e dar-lhes muito mais autonomias. Com supervisão dos médicos, poderiam fazer muito mais coisas. E se assim fosse, os médicos que temos

seriam suficientes. Porque o que nos consome grande parte do tempo e enche os centros de saúde são as vigilâncias, da grávida, do hipertenso, do diabético, dos meninos, trabalho que um enfermeiro sabe fazer. Se canalizássemos este trabalho para os enfermeiros, nós ficaríamos com os doentes agudos, ou seja, o que adoece no dia e precisa do médico. Quando as coisas saíssem do que dizem os protocolos, o enfermeiro mandava para o médico, ou mesmo para o hospital, que é o que nós, médicos, também fazemos. Isto iria dar um centro de saúde mais homogéneo, porque o médico não perderia a sua importância, que ninguém lha tira, e dava mais ên-

• Centro de Saude de Constância, sede do agrupamento. fase a um trabalho comunitário que os enfermeiros já estão preparados para fazer.” A situação, neste domínio é hoje muito diferente. Até há uns anos, os enfermeiros saiam da escola e iam para os serviços dos hospitais, mais tarde, na pré-velhice, iam para

as consultas externas, e na velhice iam para os centras de saúde, porque aí só se davam injecções e vacinas e pouco mais. Hoje, não, já encontramos nos centos de saúde enfermeiros jovens, acabados de formar. Com a nova filosofia da enfermagem, há já

enfermeiros novos que, não pensando no dinheiro, porque nos hospitais se ganha mais por fazerem turnos, pensam na satisfação pessoal e no sentido de um trabalho com as pessoas. Há hoje, nos centros de saúde, enfermeiros que nunca trabalharam num hospital nem estiveram interessados nisso. Isto mostra que, hoje, os enfermeiros têm outra mentalidade, têm outra preparação, são capazes de assumir estas funções. Essa mudança de mentalidade terá de acontecer também nos médicos, embora seja mais difícil. Bastava que a Ordem dos Médicos abrisse essa oportunidade.” É caso para dizer que os deuses devem estar loucos.

“A saúde é uma casa fechada” O sistema é medicocentrado, mas poderia abrir-se a um maior papel dos enfermeiros e, assim, resolver uma parte significativa dos problemas. Mas não poderia pensar-se num papel também mais activo das comunidades de proximidade das pessoas? Por exemplo na educação para a saúde e na saúde preventiva? Não podemos esquecer que há aparelhos de controlo de tensão para uso doméstico, e que parte do controlo da diabetes é feito em família. Além disso, há associações para a área da cultura, para a acção social, algumas já para a ciência, mas pouco ou nada para a saúde. “A saúde tem sido uma casa muito fechada, muito fechada sobre si própria. Precisamente porque é medicocentrada. Tudo se baseia no médico, e quando o médico falta, nada funciona. Eu próprio, reconheço, que sou médico há quase trinta anos, por vezes esqueço-me de contar com as Juntas de Freguesia e as Câmaras. Tendemos a vêlos apenas nas reclamações que fazem, que são legítimas, sobretudo se forem para ajudar, mas eles são parceiros muito para além das reclamações. Aqui tenho aprendido e jurei a mim mesmo não voltar a tomar decisões sem avisar os outros parceiros. Mas o ACES não está fechado a isso, nomeadamente através do Conselho de Comunidade.

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6 especial SAÚDE

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No iceberg nem tudo é mau Falamos muito na falta de médicos, que é um problema de primeira importância. Mas isso absorve a nossa atenção de tal modo que corremos o risco de não reparar nos ganhos que têm vindo a ser conseguidos. É isso que nos diz Fernando Siborro.

“Nós temos coisas muito boas no nosso ACES. Tenho que enaltecer isto. Quando assumi a direcção, em Março de 2009, ainda não há dois anos, Santarém tinhas uns 15 técnicos superiores, Serra D’Aire tinha uns sete, a Lezíria tinha uns oito ou nove e nós tínhamos apenas dois, os outros eram todos administrativos. Hoje, na Unidade de Apoio à Gestão, que é quem controla o funcionamento do sistema, tenho uma equipa de onze técnicos, espectacular, forte, com gente muito nova, sem vícios, com empenho e dedicação. Hoje não tenho problemas em comparar a minha equipa com as dos outros.

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“Além disso, temos uma Unidade de Saúde Pública, que inclui o Delgado de Saúde, que são apenas dois, e os técnicos de saúde ambiental, que têm estado a desempenhar um papel espectacular. Na Gripe, eles demonstraram o que é a Saúde Pública. Deve ser a Unidade, aqui da zona, mais bem montada e mais eficiente. “Temos ainda a Unidade de Recursos Assistenciais Partilhados, que engloba a psicóloga, a fisioterapeuta, a terapeuta da fala, enfim, os técnicos que não pertencem às outras Unidades, que também estão muito bem organizados e muito activos e colaborantes, e também não deve haver na zona outra a funcionar tão bem. “Portanto, embora a ponta do iceberg seja má, que é a falta de médicos, nós temos coisas muito boas na nossa organização, das quais eu me orgulho e procuro sempre fazer jus às pessoas que têm sido de muita dedicação e competência.”

Quando o médico vai a casa A concentração dos cuidados médicos em algumas das freguesias rurais acarreta algum prejuízo às populações, que têm de se deslocar à freguesia ao lado. Por isso, defende Fernando Siborro, “tem de ter alguma contrapartida. Eu vou fazer tudo para conseguir recuperar o que nós, no Sul de Portugal, perdemos, mas que o Norte mantém, as visitações domiciliárias médicas, a ida do médico a casa. Isso revolve o problema das pessoas acamadas e das que tenham dificuldade de locomoção. E assim fica toda a população coberta. Os que podem deslocar-se vão ao médico, os que não podem vai lá a casa o médico. E o enfermeiro, porque o s enfermeiros já vão a casa das pessoas. Falta só ‘empurrar’ os médicos, e tem que ser com os novos, porque os velhos já não vão lá.”

Em sintonia com a Câmara Fernando Siborro sente-se bem acompanhado pela presidente da Câmara de Abrantes. As autarquias fazem agora parte do Conselho da Comunidade do ACES e Maria do Céu Albuquerque é mesmo a presidente do Conselho. “A nova presidente tem tido uma postura com-

pletamente diferente do anterior, para melhor. Não tem sido um problema, mas uma solução. Entendeu o problema e estas reformas, e está também empenhada nesta soluções. Está a fazer um trabalho espectacular de elucidação dos presidentes de junta. Além da candidatura

que apresentou para as duas unidades móveis, está a tentar que as freguesias sejam dotadas de carrinhas para transporte de doentes. E empenhou-se na construção de um novo edifício para o Centro de saúde de Abrantes, onde era o mercado diário. “O actual é uma vergonha.”


ACTUALIDADE 7

JANEIRO2011

Abrantes adjudica 12 milhões em obras Foi numa cerimónia pública, no início do mês de Dezembro de 2010, que a presidente da Câmara de Abrantes assinou com empreiteiros seis contratos de consignação de obras no valor global de cerca de dez milhões de euros.

Nestas adjudicações o valor mais elevado é do centro escolar de Alferrarede, 2,7 milhões de euros e um prazo de execução de 548 dias. Todas as obras adjudicadas têm comparticipações do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) já aprovadas na ordem dos 80%, ficando a cargo da autarquia os 20% remanescentes. Todas as empreitadas foram lançadas através do dispositivo legal de obras com carácter de urgência, por via da necessidade do financiamento europeu. Já em Janeiro foi a vez do Tecnopolo do Vale do Tejo avançar com mais um projecto de 2,4 milhões de euros, numa empreitada de requalificação do espaço exterior e de loteamento do espaço a par da dinamização do espaço. A autarquia deverá lançar no primeiro trimestre deste ano mais duas empreitadas de grande amplitude e com concursos públicos internacionais, no valor de 23 milhões de euros: o Museu Ibérico de Arqueologia e Arte e a

• Centro de Acolhimento do Tejo. Escola Superior de Tecnologia de Abrantes.

Centros Escolares Alferrarede, Rio de Moinhos e Bemposta Trata-se da construção de três novos centros escolares, que vão receber alunos do pré-escolar e 1º ciclo do ensino básico. As futuras instalações respeitam as actuais exigências curriculares, pedagógicas e sociais e vão proporcionar a alunos, professores e educadores uma boa vivência escolar. Os três centros escolares têm salas de aula para 1º ciclo do ensino básico e jardim-de-infância, centro de recursos/biblioteca, refeitório, salas polivalentes, salas de pessoal docente e não docente, salas para associação de pais, cozinha, áreas técnicas, pátios, recreios cobertos e parque Infantil. O

investimento no centro escolar de Alferrarede é de 2,7 milhões de euros e um prazo de execução de 548 dias. Já o centro escolar de Bemposta representa um investimento de 2,1 milhões de euros e o de Rio de Moinhos 1,9 milhões, ambos com um prazo de execução de um ano.

Requalificação e Ampliação da E.B. 1 nº 1 de Tramagal para Centro Escolar Em Tramagal, em vez da construção de um novo edifício a autarquia prevê a junção das três escolas do 1º ciclo básico existentes na freguesia de Tramagal – EB1 n.º 1 de Tramagal, EB1 n.º 2 de Tramagal e EB1 de Crucifixo num único espaço. Assim irá criar um centro escolar com a integração das escolas do ensino básico do 1º ciclo e edu-

cação pré-escolar da freguesia de Tramagal, através da requalificação do edifício existente e construção de um edifício de raiz. Prevê a criação de cinco salas de aula para o 1º ciclo, três salas de actividades para o jardim-de-infância, vestiários/balneários alunos, instalações sanitárias alunos/ professores/não docentes, refeitório/sala polivalente, centro de recursos/biblioteca, sala de professores/educadores, copa, arrecadações, áreas técnicas, pátios, recreio coberto e parque infantil/zonas de estar. A requalificação da escola de Tramagal representa um investimento de um milhão de euros e será executado no prazo de um ano.

Mercado de Abrantes Depois de muitas polémicas sobre o encerramento do

Mercado Diário e a solução de recurso encontrada, através da criação de duas lojas em locais distintos, a autarquia avança com a construção de um mercado com as infra-estruturas necessárias desenvolvidas em cinco níveis. O nível 4 é o piso técnico. O nível 3 vai ter os acessos para o público e mercadorias por escada e ascensores, Welcom Center para exposições e divulgação de actividades locais, local de cargas e descargas, câmara frigorífica, sala de desmancha e área técnica. O nível 2 vai ter como espaços a venda de produtos hortícolas e frutícolas e flores. O nível 1 consistirá na venda de produtos hortícolas e frutícolas e peixarias, bem como a venda de carnes e enchidos. O nível 0, acesso pela Rua Nossa Senhora da Conceição, terá um átrio, recepção, talhos, padaria, café, esplanada e escadas de acesso aos pisos inferiores e superiores O investimento é de 1,1 milhões de euros com um prazo de execução de 365 dias.

Centro de Acolhimento do Tejo Situado no Aquapolis, margem Sul, esta empreitada prevê a ampliação e reordenamento de todos os equipamentos existentes no Parque de Campismo. Com

esta obra vai ser suprimida a vocação maioritária para acampamento e regista-se a introdução de uma nova vocação de apoio a todas as actividades estruturadas em torno do rio Tejo. Vai ser criado um espaço de amplo uso comunitário que constitua uma referência no apoio a todas as actividades que se desenvolvem em torno do eixo estratégico sustentado pelo rio e onde se desenvolvam o desporto, os tempos livres, a cultura, o conhecimento, o contacto com a natureza ou a mera fruição contemplativa com acesso directo a partir da avenida da marginal do Tejo. Vai ter ainda sala de convívio, esplanada, cafetaria, parque infantil e área para desportos livres, para além do espaço de acampamento e estacionamento de autocaravanas. Esta empreitada prevê ainda a criação de dois pavilhões multiusos, o aluguer, no futuro, de bicicletas, de canoas e de tendas e terá uma capacidade máxima de 300 utilizadores. Será um investimento de um milhão de euros e tem um prazo de execução de 365 dias. Esta obra não está incluída numa já em curso, e já noticiada pelo JA, que é a requalificação da margem Sul do Aquapolis. Jerónimo Belo Jorge

Ponte de Constância reabre no inicio de Março O contrato de adjudicação da empreitada das obras de reabilitação da ponte sobre o Tejo, em Constância, foi assinado no dia 11 de Janeiro com a empresa que vai assegurar os trabalhos, aTecnovia. Encerrada ao tráfego rodoviário desde o passado dia 20 de Julho, por “falta de segurança devido ao

elevado estado de degradação”, a ponte que liga Constância sul e a Praia do Ribatejo, em Vila Nova da Barquinha, foi alvo de um protocolo com vista à sua reabilitação. Segundo o presidente da Câmara de Constância, Máximo Ferreira, o caderno de encargos aponta para que no final de Fevereiro ou

início de Março a ponte possa estar já transitável a viaturas ligeiras, durante o dia, já que os restantes trabalhos serão efectuados à noite. O autarca acrescentou que as obras de reabilitação se deverão estender por 18 meses, assegurando à ponte um prazo de vida útil de 50 anos.

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8 ECONOMIA

JANEIRO2011

PROVE

“Alegrias verdes e frescas” fazem o êxito Acima das expectativas mais animadoras, os PROVE está a ser um sucesso. Esperavam ter 40 consumidores inscritos ao fim de vários meses. Mas ainda mal começou e já têm 160 inscritos.

Destes, 90 já recebem o seu cabaz de frescos, alguns todas as semanas e outros apenas de 15 em 15 dias, conforme a opção que fizeram. E outros 70 estão em lista de espera. Para os abastecer, 7 produtores estão a ampliar a sua produção, mas, mesmo assim, ainda não conseguem dar a resposta à lista de encomendas. O Projecto veio da península de Setúbal pela mão da TAGUS. Os produtores locais aderiram e são o Núcleo de Produtores do Ribatejo Interior que recebeu um programa informático que permite gerir o processo. No início da semana, uma mensagem electrónica avisa os inscritos dessa semana, para verificarem se há algum problema. Na quarta-feira sabem o número de cabazes que têm de preparar. Os produtores reúnem-se e decidem a composição do cabaz dessa semana e recebem o valor apurado com os cabazes da semana anterior. Na sexta-feira, ao princípio da tar-

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de, chegam com os seus produtos ao antigo quartel dos bombeiros e compõem os cabazes. Das 17h00 às 19h30, os consumidores vêm buscar as alegrias verdes e frescas para mais uma semana e pagam os 10€. E, no geral, os ficam satisfeitos. Simão Pita diz que “os produtores fazem por que os cabazes valham a pena”. E diz que “talvez por isso o projecto está a ter tanto êxito”, um êxito que ninguém previa, “ou talvez a TAGUS tenha feito uma boa divulgação”, acrescenta. O PROVE já está instalado em 20 locais no país e Abrantes apresenta os melhores resultados. E não há dúvida de que esta é uma ajuda tanto para as finanças familiares como para a nossa pequena agricultura do sector horto-frutícula. Contudo, não podemos esquecer que, no caso de Abrantes, dos sete produtores dois são a Escola Profissional e o CRIA, portanto produtores com um estatuto muito especial. Dá para perceber que ao nível da produção muito há ainda por fazer. Mas talvez o PROVE seja o canal de escoamento que venha estimular a produção. Aliás, os actuais produtores já estão a fazer isso mesmo. Alves Jana

Simão Pita, uma alma do negócio Simão Pita é professor na Escola Profissional de Desenvolvimento Rural, em Mouriscas, e participa do Núcleo de Produtores do Ribatejo Interior em representação da sua escola. Quando fala de como o processo decorre, diz sempre “nós”. “No início da semana, abrimos o sistema e ele diznos quantas pessoas estão inscritas para receber cabaz nessa se-

mana.” Sim, mas quem é que abre? E quem vê se algum dos inscritos não pode ir buscar o cabaz na sexta? Quase pede desculpa de confirmar o que já se adivinha. É ele. Mas, mesmo assim, diz que “sim, somos nós, a Escola Profissional”. A Escola atribuiu-lhe três horas semanais para trabalhar no projecto. Mas é fácil de ver que investe mais. Quantas? “Umas dez ho-

ras por semana”, diz como quem não quer dizer. A ele se deve uma parte significativa do bom funcionamento do projecto. Qual é o futuro do projecto? Há a perspectiva de abrir outros postos de entrega de capazes noutros concelhos da acção da TAGUS. E a adesão de mais produtores é possível? Diz que sim e fica-se com a sensação de que serão bem-vindos.


ACTUALIDADE 9

JANEIRO2011

Vila do Sardoal convida a provar os sabores da terra

Assalto no campo de Rio de Moinhos No fim-de-semana de 14 e 15 de Janeiro, o campo de futebol da freguesia de Rio de Moinhos foi assaltado pela quinta vez consecutiva. Mário Pernadas, presidente da direcção da Casa do Povo de Rio de Moinhos, instituição responsável pela manutenção do mesmo, referiu ao JA que a direcção está bastante preocupada com situação. Os prejuízos são elevados e a instituição não tem meios para pagar os danos, desde fechaduras partidas, portas arrombadas nos balneários, até aos próprios cabos de electricidade que são constantemente cortados. Além destes estragos, o presidente acrescentou que rouba-

A primeira mostra de Cozinha Fervida e Vinhos vai acontecer no concelho de Sardoal entre o dia 1 de Fevereiro a 6 de Março, nos restaurantes da vila. Miguel Borges, vice-presidente da Câmara Municipal de Sardoal, explicou que este certame tem como objectivo promover a gastronomia tradicio-

nal e atrair as pessoas ao Sardoal. Durante estes dias, basta dirigir-se aos restaurantes - A Fragata, As Três Naus, Dom Vinho e Quatro Talhas e sentar-se para provar a cozinha fervida. Segundo Miguel Borges trata-se de um acompanhamento à base de couves e feijão, que pode saborear com bacalhau assa-

do, entrecosto, febras ou outros pratos. Para acompanhar pode contar com os dois vinhos produzidos no concelho, Quinta do Côro e Quinta do Vale do Armo, a preços mais baixos do que o seu valor normal de mercado. Na próxima edição do Jornal de Abrantes daremos destaque a este certame.

ram “bebidas do bar, botijas de gás e o saco do massagista”. O valor estimado do prejuízo ronda os mil euros. Mário Pernadas assegura que, se a Câmara Municipal de Abrantes não prestar mais uma vez o seu apoio, “não vamos conseguir ter o campo pronto a ser utilizado brevemente”. A denúncia foi feita à Guarda Nacional Republicana, na madrugada de domingo, mas, segundo o presidente, as esperanças não são as mais elevadas. “A denúncia é feita contra desconhecidos, o processo vai para tribunal, mas o tribunal acaba por nos devolver o documento porque não há provas de quem foi e fica tudo em nada”, explica Mário Pernadas.

PSP de Abrantes recupera material roubado Na sequência da “onda de assaltos” que se tem verificado em Abrantes, a PSP local identificou, em dezembro, passado dois grupos de assaltantes e recuperou algum material roubado. Segundo informação da PSP, os dois grupos eram constituídos por 7 e 5 indivíduos. O grupo de 7 elementos “foi autor de várias ocorrências de furto em residência, viatura, estabelecimentos comerciais e um roubo por esticão”. Em resultado,

a PSP recuperou um telemóvel, material informático, máquina fotográfica, jogos entre outros objectos. Quanto ao segundo grupo, a PSP de Abrantes tem a decorrer várias diligências para o apuramento cabal dos factos. Esta informação vem mostrar que é possível apurar os factos, encontrar os ladrões e recuperar o material roubado. Além disso, fica demonstrado que há, de facto, grupos organizados de delinquentes a operar em Abrantes.

jornaldeabrantes


10 PUBLIREPORTAGEM

JANEIRO2011

Vox Pop O Jornal de Abrantes foi conhecer a opinião de alguns lojistas e moradores que estão instalados na Urbanização Jardim dos Plátanos. SONIA PEDRO reside desde 2002 “Quando escolhi os Plátanos para habitar, pensei em dois factores de imediato. A questão da centralidade, uma vez que temos todos os serviços de que necessitamos a um passo de casa, desde as escolas, centro de saúde, a estação de comboios, os hipermercados, etc. Ou seja, acabamos por estar centralizados neste novo centro que é Alferrarede. Por outro lado, em termos visuais toda a envolvência, com o aproveitamento dos plátanos, torna-se bastante agradável. Ao nível das cores e da estética dos apartamentos, de facto existe uma diferenciação dos outros apartamentos da região. Na altura, apreciámos essa estética bastante urbana. Também, a questão da vinda da ESTA para o Tecnopolo vai fazer com que este espaço ganhe um novo fulgor. Em termos imobiliários e comerciais, com o acréscimo de alunos, este centro vai tornar-se bastante concorrido.”

JARDIM DOS PLÁTANOS

“ Uma janela aberta para a natureza” Situada em plena freguesia de Alferrarede, a Urbanização Jardim dos Plátanos nasceu no ano de 2000. Este espaço reúne quatro lotes com apartamentos T1, T2, T3 e T4, bem como, espaços para comércio, escritórios e serviços. Actualmente, os apartamentos T1 e T4 estão já todos vendidos. Restam disponíveis alguns T2 e T3 e onze espaços para comércio.

“A melhor urbanização de Abrantes” Foi assim caracterizada por Paulo Branco, funcionário da Mater Control, empresa responsável pela urbanização. Este espaço tem tudo à mão, desde escola primária, jardim-de-infância, parque infantil, centro de dia, um recente centro de saúde, supermercados, lojas, esplanadas e encontra-se junto à estação de comboios, ao Tecnopólo e ao Parque Industrial de Abrantes.

“Muito mais pelo mesmo Preço” A urbanização oferece uma imagem de unidade e harmonia, com diversas valências dentro dos próprios apartamentos. Valências que foram enumeradas ao Jornal de Abrantes por Júlio Bento, administrador da Mater Control. “Pavimentos em madeira, vidros duplos, aquecimento central, lareira com recuperador de calor, banheira de hidromassagem nas suites, bancadas em pedra natural nas cozinhas, porta de entrada blindada, sistemas de segurança, rede de gás natural, elevadores em todos os lotes, garagens para dois lugares, estacionamentos reservados a moradores e isolamento térmico e acústico nas paredes exteriores”. Estes são alguns motivos para visitar este espaço ou quem sabe, vir a ser o próximo morador ou comerciante da Urbanização Jardim dos Plátanos.

jornaldeabrantes

FERNANDO MANUEL Loja “Musical FH5” “Estou satisfeito com o espaço interior da loja. Relativamente ao espaço exterior, considero que é acessível, seguro e tem bastantes estacionamentos. Penso que falta apenas a presença de um ecoponto”. HÁLIA SANTOS Reside desde 2006 “O que mais me agradou, ao instalarme na urbanização, foi sem dúvida o espaço. Um espaço aberto e plano onde posso circular com tranquilidade. A urbanização é uma zona agradável, que tem tudo à mão, desde multibanco, cafés, correios, centro de saúde… Gosto do edifício, do interior da minha casa e do que a rodeia. Como tenho uma filha pequena, a ideia de ela poder crescer num conceito de bairro também me agradou. Outra questão importante é sem dúvida a vista. A vista que tenho da minha sala para uma praceta que tem os plátanos torna-se extremamente agradável quando estamos em casa”. ANDREIA COSTA Academia na Palma da Mão “Gosto do espaço envolvente às lojas, pois quando se sai não nos encontramos logo na estrada, o que é óptimo para nós, uma vez que trabalhamos com crianças e assim, há a possibilidade de organizar actividades na calçada. A presença do parque infantil também é um forte contributo para as nossas actividades de verão. Relativamente às lojas, considero que são confortáveis e têm montras grandes, o que é bom, pois permite a visibilidade por parte do cliente. está bem localizada, é visível a todos os que passam na estrada e já para não falar que é identificável. Todos conhecem os Plátanos!” CARLA PEDRO Café restaurante “Jardim dos Plátanos” “Foi no ano de 2009 que nos instalamos na urbanização e até agora a experiência tem sido bastante positiva. È um espaço que reúne alguns estacionamentos, encontra-se perto dos hipermercados e é acessível a todos”.


JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA DE ABRANTE

25 DE JANEIRO DE 2011 EDIÇÃO Nº 24 WWW.ESTA.PT

Presidente da Câmara de Abrantes quer criar condições para atrair novos cidadãos para a cidade.

Luís Ferreira, novo director da ESTA, defende que as boas relações pessoais são um bom suporte para as relações profissionais.

F PÁGINA 03

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Carlos Pinto Coelho Alunos da ESTA escrevem, em diferentes registos, sobre o Jornalista e sobre aquilo que com ele aprenderam. F PÁGINAS 8 e 9

MÓNICA RIBEIRO CARDOSO é a presidente da nova Associação de Estudantes (AE) da ESTA. Aluna de Engenharia Mecânica, explica o que a levou a criar uma lista: “A ideia não partiu só de mim, foi um grupo de amigos que decidiu.” A porta da AE “estava sempre fechada e era bastante complicado quando precisávamos de tratar alguns assuntos” A ESTA esteve sem AE durante vários meses. Durante esse período foi o Conselho de Veteranos que assumiu as funções da AE, como a recepção aos novos alunos e o apoio em diferentes actividades.

ESTA

volta a ter Associação de Estudantes A lista liderada por Mónica Cardoso foi a única a candidatar-se e conseguiu cerca de 75% dos votos. A nova AE é costituida por 19 elementos e tem, pelo menos, um representante de cada curso

da escola. Um dos primeiros objectivos desta nova direcção foi o de saldar as dívidas, juntamente com a preocupação de repor uma boa imagem: “Limpar o nome da Associação e o nome dos estudan-

tes na cidade, porque nem sempre somos bem vistos pela comunidade abrantina.” A nova presidente da AE considera que o grupo de estudantes que consigo alinharam no desafio são pessoas activas e interessadas, apesar de nem todas poderem estar presentes diariamente. E revela que “as expectativas são as melhores, apesar do estado em que a Associação está”. Por isso, Mónica Cardoso promete: “Vamos esforçar-nos para que o nome seja limpo e, claro, vamos trabalhar.” Um dos primeiros

desafios a concretizar será o de voltar a instalar o ‘espírito’ académico na cidade. A primeira actividade da nova AE foi a colaboração num trabalho de voluntariado do Banco Alimentar e a prova de fogo, em termos de organização, foi o Jantar de Natal, que acabou por exceder todas as expectativas. Ainda numa fase de arranque, a presidente a AE descreve o pensamento comum à sua equipa: “Todos para o mesmo, sem dúvida. Vamos trabalhar todos juntos e com o mesmo fim, levantar a Associação.” TERESA FRANCO

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www.nyb.pt


02

Opinião

TERÇA FEIRA, 25 DE JANEIRO 2011

O verdadeiro Jornalismo

EDITOR AL

CLÁUDIA FERREIRA ESTA D ABRANTES

Adaptação aos novos tempos HÁLIA COSTA SANTOS ESTA D ABRANTES

Uma nova imagem: grafismo mais limpo e ‘arejado’, textos mais pequenos e novas apostas em termos de imagem. Este é o novo ESTAJornal, que passa, assim, por mais uma reformulação. Trata-se de uma adaptação aos novos tempos, caracterizados por um forte apelo da imagem e por tempos de leitura (dos jornais) mais rápidos. A nova imagem do ESTAJornal é o resultado do trabalho de José Gregório Luís, aluno do Mestrado em Tecnologias Editoriais da Escola Superior de Tecnologia de Tomar (ESTT), do IPT. A publicação que agora se apresenta responde na perfeição ao desafio que lançámos: um jornal feito por estudantes de Comunicação Social, generalista nos temas e arrojado na apresentação. Vale a pena dizer que os trabalhos que aqui se publicam são apenas uma pequena parte de tudo os que os alunos de Comunicação Social da ESTA produzem ao longo dos seis semestres do curso. Para além dos trabalhos de experimentação e aperfeiçoamento da prática jor-

nalística, apenas apresentados em contexto de sala de aula, os futuros profissionais que estão a ser formados nesta Escola têm ainda uma outra importante ‘montra’ daquilo que são capazes de fazer: www.estajornal.com . Esta edição do ESTAJornal tem, ainda, alguns outros aspectos que merecem ser destacados: o trabalho feito numa aula sobre Carlos Pinto Coelho, que gostava desta Escola de uma forma muito especial (as duas páginas que publicamos com textos e fotos sobre ele são um reconhecimento público pelo seu profissionalismo e pela sua capacidade de partilhar conhecimentos); os testemunhos de três dos muitos alunos que este ano estagiaram em jornais nacionais (porque valorizamos o percurso dos nossos estudantes); a apresentação de um projecto de cariz social, desenvolvido por quatro alunos da Escola Secundária Dr. Manuel Fernandes (porque apoiamos aqueles que mostram valor, empenho e dedicação pelos outros). Com estas três abordagens mostramos três facetas completamente diferentes, que vão construindo a marca deste ESTAJornal. Pelo menos, assim o esperamos...J

Ficha TÉCNICA DIRECTORA: Hália Costa Santos EDITORA EXECUTIVA: Raquel Botelho COLABORADORES: Cláudia Ferreira, Daniel Teixeira, Élia Batista, João Pereira, João Vasco, Margarida Pereira, Pedro Ramos, Sara Corda, Sara Pereira

Ferreira, Paula Pereira, Vera Mendes, Vera Agostinho, Joana Lages, Teresa Franco, Sofia Schabowski PROJECTO GRÁFICO: José Gregório Luís PAGINAÇÃO: João Pereira Tiragem: 15000 exemplares

REDACTORES: Joana Rato, Manuel António, Juliana Madeira, Daniela Afonso, Joana Antunes, Joana

Se me pedissem para resumir a experiência no Público em apenas uma palavra a escolha seria, definitivamente, “aprendizagem”. Em três meses, num simples estágio curricular, consegui obter uma visão completamente distinta do mundo que até então apenas conhecera através de teoria e pequenos trabalhos. Não minto quando afirmo que foi uma das vivências mais enriquecedoras que tive até hoje, contudo também não vou omitir o receio que senti e as inseguranças que me acompanharam. Estar naquele jornal, que para mim é o melhor diário nacional, mesmo que por um curto período de tempo, era algo verdadeiramente impensável, algo que exigia de mim muito trabalho e

dedicação. Sei que na ESTA nos preparam para o melhor, para aquele tipo de jornalismo puro, completo e sério, mas chegar ao edifício verde na Rua Viriato faz pensar. Surge o frio na barriga, a estranha sensação de medo, e a pergunta não sai mais da nossa cabeça: “serei boa o suficiente para estar aqui?”. É difícil. É exigente. É, acima de tudo, fascinante. Naqueles meses a “silly season” nem se fez notar. Tinha acesso ao verdadeiro jornalismo, aquilo que nos motiva diariamente. Trabalhos realizados em horas, pesquisa de campo, (chatos) assessores de imprensa, óptimas estórias, convívio com grandes jornalistas! Em três meses mostrei trabalho e vontade, senti dificuldade e orgulhoso. O Público permitiu-me crescer um pouco mais, conhecer melhor a profissão que me apaixona. Cada vez mais.

Três meses e três anos SARA PEREIRA ESTA D ABRANTES

Aqueles três meses do estágio são quase tão valiosos como os três anos do superior. Pode parecer frase feita, eu achava o mesmo, mas quando chegarem lá vão perceber. Quando vos dizem isto, normalmente referem-se à aprendizagem que trazem de lá. Eu refiro-me mais à experiência em si, ao ambiente… Acho que só a sensação de experimentar trabalhar numa redacção, depois de tantos anos a ouvir os professores contarem as histórias de redacção deles, só isso já vale a pena! O meu estágio foi um pouco mais longo, foram seis meses no “i”… e fiquei mesmo. Mais, na secção que mais cobiçava – o internacional. Imaginemos que, por alguma razão, eu deixo o jornal amanhã.

Aquela “rotina” vai ficar colada a mim como se tivesse feito sempre parte da minha vida! O chegar na carrinha e ir direita ao “lounge” guardar o almoço, fazer um chá bem quente para acordar, sentar-me na secretária (cheia de Hello Kitty´s que a minha irmã me dá sempre que vou a casa) e ir vendo o que poderá abrir o Radar Mundo no dia seguinte. Esperar pela paginação e entretanto ir fazer a página da meteorologia. É um dia-a-dia mecânico que, de manhã, pouco muda, e a rotina só tem livretrânsito até à hora de almoço. A partir daí é a incerteza. É o nunca saber o que se vai passar a seguir, a vertigem de trazer parte da História mundial até às pessoas é o que me move, todos os dias. E ao mesmo tempo, enquanto preencho as caixas de texto com a História, preenchome a mim mesma, porque estou a fazer aquilo que me realiza.

ESTA JORNAL

Acreditar nunca fez mal a ninguém JOÃO NUNES ESTA D ABRANTES

Tive a oportunidade de estagiar no jornal “Record” e isso devo-o exclusivamente à ESTA. Nos dias que correm é muito difícil poder estagiar num jornal desportivo, e ainda mais num diário tão prestigiado, que me é familiar desde a infância (como leitor) e onde sempre sonhei estar. Senti-me sempre, durante esse período de tempo, um jornalista e não um estagiário. O mito do “estagiário/garçon” ou do “estagiário/fotocopiador” já não faz sentido nos dias que correm pois os jornais, rádios, Tv’s ou empresas precisam de nós mais do que nunca. Sempre me deparei com as célebres frases de que “no Record depois ninguém fica”, mas nunca foi essa a minha preocupação. Centrei-me antes em esforçar-me e mostrar o meu valor a todos os minutos dos 90 dias (e mais alguns) que lá passei. O resto ficou para segundo plano. O grande conselho que deixo a todos os alunos da ESTA é que tenham sempre espírito de iniciativa. Acreditem em vocês e nas vossas qualidades. Mas mais ainda na oportunidade. Irão surgir críticas e repreensões, mas isso são coisas que acontecem a todos. A única forma de não desmoralizar é interiorizar e seguir em frente, sempre com a perspectiva de que da próxima vez vão fazer melhor. Acredito em todos os meus colegas: os que estudaram comigo e os que hão-de vir no futuro, porque sei o quanto, e bem, a ESTA os prepara. Sei de “fonte segura” que qualquer um pode fazer um trabalho igual ou melhor que o meu. Acredito em todos. O fenómeno “cunha” reina por todo o lado, mas penso que o mérito ultrapassa isso tudo. Por isso, façam o favor de acreditarem também em vocês.


Entrevista 03

WWW.ESTAJORNAL.PT

Maria do Céu Albuquerque, presidente da Câmara Municipal de Abrantes

“É preciso co-responsabilizar o cidadão pela gestão municipal” JOANA RATO ESTA D ABRANTES

L Objectivo. Criar condições para que o concelho de Abrantes possa ser mais conhecido numa escala regional e nacional dois, três anos, vamos ter um parque escolar completamente novo e capaz de proporcionar às nossas crianças as melhores condições de aprendizagem, mas também à comunidade educativa. Também por outro lado, ao nível do segundo e terceiro ciclo e secundário, as escolas estão a ser melhoradas através do esforço do Governo para que os nossos jovens possam ter melhores condições de aprendizagem. A ESTA, cuja obra vamos iniciar a curto prazo e que vai capacitar Abrantes para ter uma oferta formativa a nível superior, não só capaz de gerar postos de

“ ”

A ESTA vai capacitar Abrantes para ter uma oferta formativa a nível superior

trabalho, mas também de trazer mais jovens para Abrantes, para que aqui se possam formar e que depois, através de um projecto mais alargado que é o tecnopólo, desenvolver os seus próprios postos de trabalho ou trabalhar em projectos empresariais capazes de gerar na comunidade empresarial valor acrescentado com base no conhecimento, na inovação e na transferência de tecnologias. Por outro lado, fazer uma aposta muito clara no turismo. Turismo cultural, turismo desportivo, turismo activo e turismo de negócio, que também queremos promover junto das nossas empresas e aproveitando a ESTA. Quanto a investimentos futuros, por exemplo, a construção do centro náutico para dar apoio à canoagem, na criação de condições de fruição e acesso à água tanto a nível do Tejo como ao nível da alfândega de Castelo de Bode. Pretendemos também uma aposta muito significativa no turismo cultural, com a instalação do Museu Ibérico de Arqueologia. Os cidadãos que habitam em Abrantes queixam-se de uma insegurança crescente… A Câmara não tem responsabilidade directa em matéria de segurança. É claro

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Que balanço faz deste primeiro ano como presidente da Câmara Municipal de Abrantes? É um balanço positivo. Penso que estamos a conseguir cumprir os objectivos a que nos propusemos e a expectativa que foi criada não saiu de maneira nenhuma defraudada, antes pelo contrário. Estamos também a conseguir responder àquilo que eram as expectativas do cidadão em relação a esta eleição e ao projecto que nos propusemos construir. Quando diz que conseguiu cumprir os objectivos está a falar especificamente de quê? Estou a falar em várias áreas. Em primeiro lugar aquilo a que nos propusemos foi a uma política de proximidade, de estar ao lado do cidadão abrantino, e isso temos conseguido. Temos estado sempre nas iniciativas da sociedade civil e sempre que possível acompanhamos o trabalho que é feito aos vários níveis pela comunidade empresarial e pelos movimentos associativos, que são muitos no nosso concelho. É também feito um acompanhamento em gabinete dos cidadãos que pedem para falar connosco e que nos solicitam ajuda. Qual o objectivo dessa política de proximidade? Hoje é preciso co-responsabilizar o cidadão pela gestão municipal. É preciso que o próprio cidadão se envolva, que conheça aquilo que estamos a fazer. Ser autarca nos dias de hoje é muito diferente do que o ser há dez anos. Se nos mandatos anteriores, por via dos quadros comunitários abundantes e cheios de dinheiro, era possível fazer obra e criar projectos, hoje cada vez mais estes recursos são limitados. Isso faz com que tenhamos um novo paradigma de desenvolvimento, assente muito mais nas pessoas e nas questões imateriais do que na obra física. Esses constrangimentos orçamentais vão influenciar os projectos actuais ou futuros? Faz-nos ter prioridades e hierarquizar os investimentos. O plano de investimento material passa, por um lado, por criar melhores condições de vida aos cidadãos que já vivem em Abrantes, mas também criar condições para que o concelho de Abrantes possa ser mais conhecido numa escala regional e numa escala nacional de maneira a que mais cidadãos possam vir viver para Abrantes. E como pretende fazer isso? Através da criação de infra-estruturas básicas como são as escolas. Hoje o nosso parque escolar, aquele que depende directamente da autarquia, que são os jardins-de-infância e escolas de primeiro ciclo, estão a ser completamente revolucionados. Dentro de

FOTOGRAFIA DR

que nos preocupa muito o sentimento de insegurança. O nosso dever é, junto de quem tem responsabilidade directa nessa matéria, encontrar formas de pressão e de trabalho em conjunto. E essa pressão está a ser feita? Sim. Aos vários níveis. Pedimos à Policia de Segurança Pública que reforçasse o policiamento no centro histórico, não só durante o dia mas especialmente à noite. E isto é o nosso maior problema neste momento, é criar junto da PSP esta necessidade de andar na rua a pé e nomeadamente à noite. A Câmara criou, logo no início do mandato, o Conselho Municipal de Segurança onde estão todos os responsáveis directos em matéria de segurança, mas também a sociedade civil, as entidades representativas das associações de comerciantes e empresários, para que possamos encontrar formas de promover a segurança. Este Conselho tem estado a trabalhar na construção de um diagnóstico local de segurança para podermos depois avançar para um contrato local de segurança com o Ministério da Administração Interna e, assim, criar condições para fazer o reforço da segurança para potenciar qualidade de vida. J


04

Destaque

SÃO COMO TODAS AS OUTRAS. Casadas, algumas; enamoradas, outras tantas. Mas todas separam claramente o trabalho da vida sentimental. De acordo com uma investigadora do Porto, as mulheres que actuam no campo da prostituição são, até, muito conservadoras. A região de Abrantes não é diferente do que se passa no resto do país.

TERÇA FEIRA, 25 DE JANEIRO 2011

ESTA JORNAL

Entre o sexo e o corpo que lhes pertence

“Lavar escadas por 500€ por mês? Nem pensar!”

A PROSTITUIÇÃO entre adultos em Portu-

EM ABRANTES , como em qualquer outra localidade, a prostituição é uma realidade. Existem perto de dez casas, cada uma com três a quatro mulheres, que recebem clientes em ambientes discretos. Sónia Silva, 38 anos de vida e 20 de profissão, já viveu numa dessas casas. Hoje vive e trabalha sozinha num T1, bem no centro da cidade. “Assim é muito melhor. Muitos homens casados preferem vir a casa do que andar por aí em casas mais ou menos públicas. Assim é um serviço mais personalizado, marcam antecipadamente e passam despercebidos”. Sónia Silva explica que os homens que procuram os seus serviços são de todo o tipo. São homens de todas as classes sociais, idades, estatutos, estados civis e experiência de vida. São maridos, pais e irmãos de toda a gente, diz. Confrontada com a possibilidade de sair do meio, responde com a firmeza de todas as certezas: “Nem pensar! Lavar escadas por 500€ por mês? Tenho as minhas despesas e com as minhas habilitações não conseguiria ganhar para o que me faz falta.” Nas quatro casas, da região, abertas ao público e onde se conjuga o ‘alterne’ e o aluguer de quartos (Mouriscas, Sardoal, Pego e Ortiga) encontram-se mulheres dos 18 aos quase 60 anos. “Há clientes para todas, desde que se queira trabalhar”, dizem. Ao todo, serão umas 40 mulheres que todas as noites se disponibilizam a beber copos, conversar, dançar e, em função da situação, subir aos quartos onde vivem e habitam durante o dia. Quem manda? O cliente só escolhe a prostituta. A partir daí, o poder passa a ser da profissional. Ela é quem dita as regras: quanto leva, o que faz ou não, se quer ou não preservativo – quase todas usam, algumas usam-no sempre e é assunto inegociável. Também há aquelas que, trabalhando na noite, apenas ‘alternam’, ou seja, não sobem para os quartos. Só bebem copos que os clientes vão pagando a troco de conversa e da permissão de alguns “atrevimentos” que vão aumentando em função das bebidas pagas. “Elas são, até, muito conservadoras, acreditam na monogamia. O que fazem é recorrer a técnicas de neutralização, de racionalização, formas de lidarmos psicologicamente com os nossos problemas. Neste caso, é muito frequente, por exemplo, as prostitutas que têm companheiros – marido ou namorado –, que é a maioria, terem com eles relações de fidelidade. E sãolhes fiéis, porque não vêem infidelidade na sua actividade: para

elas, são relações de trabalho, relações instrumentais nas quais não h á e nvolv i mento emocional. Distinguem essas relações das que têm com os companheiros, os quais usam as mesmas formas de racionalização”. Quem o diz é Alexandra Oliveira, investigadora da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto, que se doutorou com uma tese sobre a prostituição de rua no Porto, e que defende que esta actividade deve ser regulada como qualquer outra profissão. Por questões relacionadas com a religião e com a moral, a prostituição está ainda associada a diversos preconceitos, o que faz com que a generalidade destas mulheres pareça ‘invisível’. Estão à nossa volta, mas são, muitas vezes, “olhadas de lado”. Estas mulheres que actuam na área do trabalho sexual identificam situações em que são discriminadas quando se dirigem a determinados serviços e instituições públicas, nomeadamente no campo da saúde e da justiça. Para lutarem contra todos esses estigmas, “o dia 17 de Dezembro foi o dia escolhido pelas organizações que trabalham na área do trabalho sexual para relembrar todos os trabalhadores e trabalhadoras de sexo que foram alvo de violência, opressão e ódio, por parte de clientes, parceiros, autoridades policiais ou pelo Estado. A violência contra os/as trabalhadores/as do sexo é um fenómeno em larga escala perpetrado, legitimado e aceite por muitos. As autoridades policiais e as leis que regulam esta actividade têm, em algum casos, aumentado o risco de violência contra os/as trabalhadores/as do sexo, em vez de os/ as proteger”. No ano 2000 o número de prostitutas em Portugal estimava-se em 28.000, sendo que, pelo menos 50%, são estrangeiras. Este fenómeno tornou-se mais visível desde os princípios da década de 1990, com a chegada de muitas mulheres vindas do Brasil e da Europa de Leste. Quem não se lembra da primeira página da Revista “Time”, dedicada “Às mães de Bragança”? A prostituição, vista até há pouco

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MANUEL ANTÓNIO ESTA D ABRANTES

ILUSTRAÇÃO PEDRO RAMOS

como um pequeno negócio, é hoje vista como uma actividade massificada e uma indústria multimilionária. Com facilidade encontramos serviços de prostituição em revistas, jornais e sítios da Internet. O turismo sexual é reconhecido pela Organização Mundial do Turismo. No entanto, para todos efeitos, é uma actividade profissional inexistente. Para as associações representativas do sector, o trabalho sexual devia ser legalizado e institucionalizado. Porque “A prostituição é uma escolha”! Exigem o direito a estabelecer “relações comerciais e sentimentais formais e informais”. Assumem, inclusivamente, o papel de “educadoras sexuais dos clientes” e reivindicam o reconhecimento pelo papel desempenhado na sociedade como um “recurso valioso para fomentar a saúde e o bem estar sexual”.J

gal não é uma actividade considerada ilegal por si só, não incorrendo em penas nem aos clientes, nem às pessoas que se prostituem. O artigo 215, nº2, do Código Penal apenas prevê e pune a exploração da prostituta como pessoa e não a exploração do negócio da prostituição. Apenas a obtenção de lucros pela actividade de prostituição de terceiros é considerado crime de lenocínio, punível com prisão. Mas como é vista, afinal, a prostituição? Numa manifestação que ocorreu em Fevereiro de 2002, em Madrid, um dos slogans usado foi: “Nem vítimas, nem escravas”. Mas em 1917, Camille Mauclair, no livro « De lémaour Physique », dizia: “A característica mais impressionante do corpo da prostituta é que não lhe pertence. Ela habita nele, mas é um cubículo que subaluga aos transeuntes. Decora-o, enfeitao e oferece-o”. Quase um século medeia entre estas duas frases. No entanto e se há primeira vista tudo mudou, há um longo processo ainda pela frente. A história “da mais velha profissão do mundo” – que não corresponde à realidade, pois há vestígios anteriores de trabalho agrícola, por exemplo -, é feita de muitos avanços e retrocessos. O estatuto das mulheres, entre “objecto de prazer” e “fêmea procriadora”, prolongou-se ao longo dos séculos. Na antiga Grécia, Apolodoro proclamava: “Temos raparigas para o prazer, amantes para o refrigério diário dos nossos corpos, mas esposas para nos darem filhos legítimos e olharem pela casa”. Este estatuto atravessou séculos e séculos. À mulher era negado o prazer. Ainda não há muito, a mulher que demonstrasse prazer na relação sexual poderia ser “mal vista”. Nalgumas consultas médicas ainda se escuta: “Quando o meu marido se serve de mim”. A primeira regulamentação da prostituição, em Portugal, surgiu em 1853 (Regulamento Sanitário das Meretrizes do Porto). E em 1889, realizou-se o primeiro inquérito sobre a prostituição em Portugal. Um inquérito, com uma série de perguntas, respostas e apontamentos relativos às “mulheres de má nota”. O Regulamento de Braancamp, de 1865, tornou obrigatória a matrícula policial das prostitutas, mas não lhes consagrando quaisquer direitos. “Eram presas, perseguidas, deportadas, humilhadas e violentadas pelos agentes policiais, sofriam duplamente a violência da polícia sanitária e o horror das inspecções”. O sistema de regulação foi mais ou menos comum ao longo do Sé. XIX em praticamente todos os países europeus: registo, exames médicos, internamento em instituições quando estivessem infectadas. Em Portugal o sistema abolicionista foi instaurado em 1963, mas abolido 20 anos depois. Com a conferência de Pequim, em 1995, tenta-se a distinção entre “prostituição forçada” de “prostituição de livre escolha”. Actualmente afiguram-se três sistemas ou quatro sistemas, na forma de abordar a problemática: O sistema proibicionista (que considera a prostituição um crime e condena todos os elementos envolvidos: prostituta, proxeneta e cliente); um enquadramento legal (que confere direitos e deveres, incluindo acesso aos sistemas públicos de saúde, segurança social, associação, cobrança de impostos, que é o caso da Alemanha ed a Holanda); a descriminalização (com o propósito de uma menor estigmatização das pessoas envolvidas, como é o caso do enquadramento legal português); e penalização de clientes (como o sistema vigente na Suécia, que faz com que os homens procurem esses serviços noutros países).J


Destaque 05

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Verdade Paixão em todas as idades para todas as pessoas

Era uma vez o amor sem tabus JULIANA MADEIRA ESTA D ABRANTES

são diferentes e cada pessoa relaciona-se com cada outra de forma diferente, não se ama toda a gente de igual modo.” Quem o diz é a psicóloga Sara Pacheco. A ideia de que o amor não escolhe pessoas nem idades é mesmo verdade. O amor como o de Adão e Eva, de Romeu e Julieta, de Pedro e Inês de Castro, aquele que Camões descreve como “fogo que arde sem se ver” é o mesmo que dá cor à relação de Margarida e Carlos. Tudo começou quando a Margarida entrou no comboio que seguia rumo à cidade de Faro, no qual também viajava Carlos. O rapaz perguntou o nome à rapariga e pediu-lhe o email. Margarida hesitou, mas acabou por dá-lo. Uns tempos mais tarde acabaram mesmo por combinar um encontro, altura em que surgiu um namoro que já dura há quase quatro anos. “Ele fez-me sentir especial”, diz ela. O romantismo faz-nos crer que é possível duas pessoas apaixonaram-se desde o primeiro momento em que trocam um olhar. Sara Pacheco, psicóloga, explica: “Amor à primeira vista? Não, existe uma atracção, a pessoa gosta do que vê e sente-se atraída por aquela pessoa. O amor é um sentimento que é construído, não aparece de um dia para o outro. É um sentimento mais sólido, não é como uma mera atracção ou paixão.” O amor não escolhe idades, nem sexos. Flávio percebeu aos 17 anos

“TODAS AS PESSOAS

que era homossexual. Só descobriu o que era o verdadeiro amor quando conheceu o seu actual parceiro, com quem já namora há um ano. Poderia ter a seus pés todas as mulheres do mundo que nada seria diferente. “Tentei estar com mulheres mas não sentia nada”, garante. “Foi sem dúvida com o Miguel que descobri o verdadeiro amor, foi algo completamente diferente. Eu já me tinha apaixonado outras vezes mas as coisas nunca deram certo, acabava sempre por me desiludir. Com o Miguel isso nunca aconteceu, já estamos juntos há um

“ ”

Quando estamos com alguém que amamos esperamos tudo menos a desilusão

ano e cada vez gosto mais de o conhecer.” Flávio não lida bem com as pessoas que não entendem o seu amor, só porque é por outro rapaz. Questionado sobre esta distinção entre amor e sexo, Fernando Mesquita, sexólogo há sete anos, refere: “Existe uma ideia generalizada que as pessoas ‘fazem amor’ com quem amam e sexo com os ‘amantes’ ou com os outros. A base desta ideia é que no ‘amor’ estamos perante uma relação sexual mais afectuosa, com muito carinho e grande envolvimento de sentimentos.” A questão que se coloca é, então, a de saber se o sexo é a base de uma relação estável. Este profissional admite que “o sexo pode ser um dos pilares”, mas não acredita que seja a base. No que diz respeito ao amor, a mulher é completamente diferente do homem. Geralmente, eles agem consoante o que sentem, enquanto elas se movem conforme o que meditaram. “Os homens sentem à flor da pele, sentem e agem. As mulheres não, elas pensam muito, tentam controlar a situação e tentam também testar os rapazes. Mal eles falham, elas já sabem o que vão dizer, é como se tivessem o discurso pronto antes do erro”, refere a psicóloga Sara Pacheco. Também no ciúme os dois géneros são diferentes. Hidehiko Takahashi é um neurologista Japonês que desenvolveu um estudo, através de exames de ressonância magnética no cérebro de homens e mulheres, que prova a existência de dissemelhanças. Segundo a sua observação, o homem, quando sente ciúmes, impulsiona as partes do cérebro aliadas a comportamentos agressivos e sexuais. Já a mulher, quando é dominada pelo sentimento de ciúme, impulsiona outras partes do cérebro que levam à associação e percepção de emoções nas outras pessoas. A psicóloga Sara Pacheco explica que “quando estamos com alguém que amamos, apesar de conhecer as qualidades e os defeitos dessa pessoa, nós esperamos tudo menos uma desilusão”. E quando as coisas não correm bem “é muito fácil passar para um sentimento negativo em relação a essa pessoa, porque nos desilude”. Da desilusão

Redes sociais Uma alternativa às tradicionais cartas de amor

A Internet como cenário de relacionamentos DANIELA AFONSO ESTA D ABRANTES

PRIMEIRO vem a vida real e depois a virtual. Será mesmo esta a ordem? A forma como as pessoas se relacionam está a mudar. Na sua maioria, as cartas são substituídas por e-mails, rápidas mensagens, conversas em redes sociais. Longas prosas? Até podem ser, mas quanto mais rápido chegarem ao seu destino melhor. Então, vêm acompanhadas de smiles, abreviaturas e, certas vezes, até de alguns erros ortográficos. “Cartas de amor?! Hoje em dia as cartas de amor foram substituídas

pelas mensagens e pelos e-mails”, confessa Joana Lopes, 19 anos. Os jovens andam baralhados. É esta a conclusão que se retira depois de uma conversa on-line com a estudante: “Muitos dos jovens de hoje em dia nem sabem o que é o amor. Hoje amam uma pessoa, amanhã já amam outra, por isso é preferível utilizarem as mensagens e os e-mails, sempre são mais rápidos a chegar ao destino. Ao enviarem uma carta até poderiam correr o risco de quando esta chegasse ao remetente já não estar interessado na pessoa em questão.” As novas tecnologias vieram tirar o protagonismo da tinta e do papel em determinadas ocasiões. A rapidez é o mais importante. “Apesar de ser uma

maneira romântica de contactar, é pouco eficiente porque demora muito tempo a chegar ao destino”, opina Fábio Moreira, 20 anos. Estas e outras tradições começam a esmorecer com o passar do tempo. Um computador ligado à Internet é parte fundamental nestes “novos relacionamentos”. Mas nem todos colocam o envio de cartas de parte. Tiago Damião, 20 anos, quer manter a tradição: “Exprimir os sentimentos na carta não só faz sentir bem, como também pode ajudar a que um relacionamento funcione.” Apesar da tradição, para muitos jovens a Internet é vista como um bem essencial. É assim que Joana Lopes, 19 anos, descreve a realidade actual

dos jovens. Muitos relacionamentos começam com uma simples conversa numa rede social: “O tempo que seria para estar na conversa com os amisas gos torna-se impessoal. As conversas o são efectuadas pela Internet e não num contacto corpo a corpo.” net um Há quem considere a Internet m nomeio fiável para se conhecerem omvas pessoas, apesar de não ser come pletamente seguro. “Pessoalmente, nunca tive problemas. Conheci as minhas melhores amigas pela Internet”, conta Fábio Moreira. Adianta ainda que é uma óptima forma das pessoas mais tímidas conversarem de forma mais desinibida: “A Internet ajuda as pessoas que têm dificuldades em relacionar-se.” J

nasce o desgosto amoroso, que é sobretudo perigoso na fase da adolescência. Trata-se de “uma fase de experimentação e de grandes transformações, quer tanto a nível físico, como psicológico”. A especialista lembra que “um desgosto de amor nesta altura é vivido como o fim do mundo”. E acrescenta: “Se determinado desgosto de amor não trouxe coisas muito positivas é normal que, para a próxima, a pessoa tenha algum receio, uma vez que já teve uma má experiência. Mas não tem de ser assim.” Nunca é tarde para se amar, e muitos só encontram o amor quando a idade já pesa. Diz-se que o amor na terceira idade é melhor, porque é um amor mais amigo e mais meigo. A psicóloga refere: “Na terceira idade já houve uma vida, muitos anos, muitas experiências, outros conhecimentos. É um amor diferente do dos mais jovens, é um amor mais calmo e mais companheiro.” Em termos físicos, Fernando Mesquita explica que “o que acontece na velhice é que as pessoas têm um melhor conhecimento do seu próprio corpo.” Por outro lado, como os homens levam mais tempo a conseguir ter uma erecção, quem já está numa idade avançada dedica mais tempo aos preliminares. Isto “não quer dizer que seja melhor, ou pior, que o amor dos mais novos, apenas é diferente!” Elisabeth Guerreiro, de 64 anos, vive um amor na terceira idade. Conheceram-se há 14 anos quando Elisabeth, triste com a vida que tinha naquela altura, passeava numa rua a chorar. Um taxista reparou nela e, preocupado, acompanhou-a devagar. Preocupado, deu-lhe o seu cartão, dizendo que era um bom ouvinte. Passadas umas semanas Elisabeth telefonou-lhe e combinaram tomar um café. Apaixonaram-se. Casaram no dia 2 de Junho de 2010.“Achámos que ainda não era tarde para isso, e assim o fizemos.” Perante a pergunta sobre o que vive de diferente neste amor que não viveu antigamente, Elisabeth responde: “Antigamente vivia um amor de submissão. Agora, finalmente, vivo um grande amor, aquele que sempre sonhei. Pode chegar tarde mas chega.” J


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Sociedade

ESTUDANTES Quando entram no ensino superior os jovens começam por ter que procurar o seu novo espaço, que adaptam ao seu tipo de vida. Nem sempre a escolha do quarto corre bem à primeira e nem sempre os senhorios são “impecáveis”.

TERÇA FEIRA, 25 DE JANEIRO 2011

Aluga-se quarto a estudante PEDRO LOURO ABRE a porta da sua casa, em Abrantes, sorridente. Depois de um lance de escadas velhas, chegase à cozinha de uma típica casa de estudantes, demasiado ocupados com os estudos para conseguirem ter tudo sempre arrumado. “A água faltou ontem o dia todo e não conseguimos lavar a cozinha”. Pedro Louro tem 21 anos, é estudante no 2º ano do Curso de Engenharia Mecânica, na ESTA, e vem da Ilha Graciosa, dos Açores. Lembra como foi complicado conseguir encontrar um quarto. Os avisos que estavam na Associação de Estudantes (AE) da ESTA estavam desactualizados. “Um quarto com uma cama e uma secretária” eram as únicas coisas que exigia quando procurava um espaço para alugar. Diz que ficou ime-

diatamente na primeira casa que encontrou. Actualmente, Pedro paga 125 euros com as despesas já incluídas. Não se queixa da qualidade em relação ao preço. Em relação ao senhorio, Arménio de Sousa Alves, só diz elogios: “É um senhorio impecável. Sempre que nos queixamos que alguma coisa está estragada, o Sr. Arménio está pronto a resolver.” Mas nem todos os senhorios foram tão compreensivos como o actual. Outro senhorio que também aluga casas a estudantes é, também ele, um estudante na ESTA. Manuel António Lopes começou a alugar casas a estudante há mais de sete anos, altura em que comprou uma casa nova para o efeito. Mais tarde começou também a alugar quartos na própria casa onde habita. “Uma das queixas permanentes dos estudantes era o facto de em Abrantes não haver casas de qualidade e pedirem demasiado pelos quartos. Os senhorios aproveita-

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JOANA ANTUNES ESTA D ABRANTES

ESTA JORNAL

FOTOGRAFIA Joana Antunes

vam todos os buracos para meter lá estudantes…”. Manuel António viu ali uma boa possibilidade investir e decidiu dar o primeiro passo, alugando casas novas a estudantes, na esperança de que muitos senhorios lhe seguissem o exemplo. Alugou uma casa por estrear a quatro estudantes da ESTA, que tinham saído de uma casa sem condições. “Tratavam a casa como se fosse delas, tinham muito cuidado.” Até à data, ainda só teve um problema com um estudante que não tinha o mínimo de condições de higiene e deixava a casa desarrumada. Apenas ficou um mês. “Prefiro ter um quarto vazio que uma casa mal tratada.” Manuel António pratica preços bastante variados, desde 150 euros, já com as despesas incluídas, até 210 euros, sem despesas. Neste caso trata-se de um quarto com duas camas, casa de banho privada, internet, telefone e tv cabo. Este senhorio diz que lhe é totalmente indiferente alugar

quartos a raparigas ou rapazes. “Já tive rapazes que eram das pessoas mais incríveis e que tinham muito cuidado, enquanto algumas raparigas eram uma desgraça total.” É tudo uma questão de boa educação e de responsabilidade. Tiago Dias tem 22 anos, vem de Setúbal e está a viver em Lisboa há já dois anos. Alugou uma típica casa lisboeta, com um longo corredor e as paredes pintadas de branco, simples. A pequena sala a que tem direito tem apenas uma televisão com tv cabo, que entretanto trouxe de outra casa, e um colchão que serve de cama para quem lá dormir. Teve de investir um bocado no quarto, uma vez que quando o alugou estava vazio. Teve de comprar a cama e uma secretária. Também a cozinha estava quase “nua”. Tiago lembra como teve que comprar um esquentador e uma máquina de lavar. Com o fogão teve sorte: um amigo deu-lhe.

“Queria um quarto num valor de 250 a 260 euros, mas com as despesas já incluídas.” Actualmente está a pagar 215 euros, sem despesas. Lembra-se das longas horas que teve de andar por Lisboa à procura de um quarto. “A minha AE não ajuda muito, somos quase lançados aos lobos, por assim dizer.” No entanto, não deixa de considerar o preço que paga bastante justo, tendo em conta o custo de uma renda em Lisboa. “Mas não deixa de ser caro quando comparada com todo o mercado imobiliário”. Tiago queixa-se um bocado da falta de vontade do senhorio para arranjar os problemas da casa: “Demora muito tempo. Há que haver uma certa insistência pela nossa parte para que tudo seja resolvido.” Por média, todos os meses gasta cerca de 400 euros a estudar fora de casa, um preço que não considera muito elevado, tendo em conta que está a estudar na capital do país.J


Sociedade 07

WWW.ESTAJORNAL.PT

Vida de camionista Horas de viagem, de saudades e de cansaço

“Temos muitas responsabilidades para o ordenado que se ganha” MAIS UMA GRANDE VIAGEM se aproxima. São cinco horas da manhã de segunda-feira e Carlindo Silvério, motorista de profissão há cerca de vinte anos, prepara-se para mais um dia de trabalho. Um dia aparentemente normal, mas com uma particularidade diferente na maioria das actividades profissionais: o regresso a casa ainda não foi definido. França será o próximo destino onde pretende chegar. Acordar, levantar, vestir e comer são alguns verbos comuns e habituais para uma manhã normal de trabalho. No caso de um motorista profissional de pesados, que faz viagens de longo curso, acrescenta-se o verbo ‘despedir’. Dizer “adeus” ou um “até já” prolongado torna diferente esta profissão. São horas e horas percorrendo terras, vilas, cidades e até mesmo países, ao som do rádio que nem sempre toca. Durante o dia faz-se nove horas de condução, mas a lei permite dez horas duas vezes por semana. O ruído do camião já se consegue ouvir. Chegou o momento de partir para mais uma viagem. Para trás deixa-se a família e muita saudade, que faz com que a hora do regresso a casa se torne cada vez mais distante. Ao volante de um grande camião, Carlindo Silvério percorre quilómetros de estrada, sempre na mesma posição. Para fazer face ao problema, este motorista não tem nenhuma preparação física em especial. “Pode se fazer às vezes pequenas marchas, mas não há nada em especial.” O dia vai avançando e já se viu um

pouco de tudo nas estradas: condutores a cometerem asneiras impensáveis, acidentes e muito trânsito, entre outras coisas. Em relação aos acidentes, este motorista já teve dois, envolvendo o camião. “Felizmente não tive culpa, eles é que vinham com excesso de velocidade.” As muitas horas ao volante já pedem uma pausa mais prolongada, para o merecido almoço. Já é uma hora da tarde e a próxima estação de serviço aproxima-se. A sopa, feita em casa, aquece o estômago e relembra as saudades do doce lar. O tempo não é muito, mas o cansaço já se começa a sentir. Nada melhor do que trinta minutos a descansar para, depois, prosseguir viagem. Como refere Silvério, “a seguir ao almoço, se nos der sono, devemos fazer uma pequena pausa de 30 a 45 minutos e depois prosseguir.” A responsabilidade é muita e as horas de descanso são fundamentais, para evitar acidentes. “Temos muitas responsabilidades para o ordenado que se ganha.” Os motoristas são responsáveis pelo camião, pela carga que transportam e pelos outros condutores que circulam na via, que “muitas vezes não são profissionais e são mal encartados”. Havendo algum acidente, as próprias empresas têm seguro do camião e de danos pessoais, porque são obrigados por lei. A empresa pode controlar quase tudo, se assim o entender: a hora a que os camiões saem e chegam, a velocidade que o camião está a atingir e o consumo que o camião vai fazer durante a viagem. As novas tecnologias também se fazem sentir nos camiões. Em relação às mudanças, em muitos deles já são automáticas. “Têm travões com tecnologias muito satisfatórias para nos ajudar em locais perigosos,

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JOANA FERREIRA ESTA D ABRANTES

FOTOGRAFIA Joana Ferreira

L Tecnologias. Camionistas já usam Internet para falar com a família como descidas muito prolongadas com diversos quilómetros.” Nos dias de hoje, um sistema de navegação (GPS) é fundamental para chegar ao destino que se pretende mais rápido e com menos enganos. O fim do dia de trabalho está a chegar. Mais uma vez, a área de serviço mais próxima acolhe vários camiões. É tempo de tratar das questões de higiene, de aquecer o jantar e de matar saudades da família que por outras terras ficou. Aqueles que têm hábitos de higiene, conseguem mantê-los nas próprias áreas de serviço e em alguns restaurantes. No entanto, Carlindo Silvério admite que alguns dos seus colegas de profissão “não têm esses hábitos e, dessa forma, passam uma imagem negativa da classe.”

A higiene, assim como outras questões, por vezes levam a que as pessoas criem uma ideia extremamente negativa generalizada a todos os motoristas. “Muitas vezes com razão porque é criada pelos próprios, com falta de civismo e de respeito pelo próximo.” Frequentemente, os camionistas são associados a homens que têm determinados comportamentos, como os sinais de luzes, as apitadelas e os posters das mulheres nuas. Quanto ao relacionamento com os outros condutores, Carlindo Silvério lembra que a maioria dos camionistas “anda com muito stress, derivado aos horários das descargas e cargas impostas pela empresa, que por vezes são apertados”. Por isso, “a paciência para auxiliar

os outros condutores, que algumas vezes fazem asneiras, é mais reduzida”. Por isso, às vezes reagem quando os ligeiros se colocam à frente do camião sem atingirem rapidamente “uma velocidade que não estorve a circulação.” A noite passa rapidamente. Após dois dias de viagem, França já se começa a avistar. O sentimento de missão cumprida começa-se a fazer sentir. No país com uma língua diferente, os motoristas têm de se desenrascar, por conhecimento próprio ou pela experiência de alguns anos que lhes ensinou algumas palavras em Francês ou Inglês. Depois de descarregar a mercadoria é hora de pensar em carregar para regressar a casa. Um imprevisto acontece, a carga não é para Portugal, mas para Espanha ou outro país. Mais alguns dias de viagem. O motorista tem, afinal, de fazer mais uma grande viagem até Itália… Ainda não é desta que vai rever a família, que deixou há cerca de uma semana. Vai ter de aguentar e fazer mais um sacrifício. Mais horas de viagem, mais horas de saudade e mais horas de cansaço. Tudo revivido outra vez. A comida de que tanto gosta, como um bom cozido, acompanhado por um bom vinho, vai ter de esperar, ficando, assim, pela água mineral. Uma vida sobre rodas onde por vezes o custo de vida não compensa. O ordenado base é um pouco mais que o ordenado mínimo nacional. “O custo de vida é caro, porque os salários não acompanham a inflação e não são actualizados há muitos anos. As empresas não têm culpa, mas sim o Governo.”J

Feira Já não é como antigamente, mas ainda é vista como um local privilegiado para comprar

“Havia mais gente e mais dinheiro” PAULA PEREIRA ESTA D ABRANTES

DE OITO EM OITO dias, sempre às Segundas-feiras, Abrantes continua a receber a habitual feira. Nesses dias a cidade enche-se de gente. Este mercado regional, onde se pode comprar todo o tipo de roupas, calçado, utilidades domésticas e outros, realiza-se no Campo de Futebol do Barro Vermelho. Nos dias em que se realiza a feira, as pessoas das localidades vizinhas rumam até cidade para fazerem as

suas compras. Estas feiras, que em certos pontos do país são semanais noutros mensais, são já uma tradição de tempos antigos. Sofreram algumas alterações, mas não morreram. Maria Luísa foi à feira de Abrantes numa segunda-feira de Dezembro. Esta compradora estabelece comparações: “A feira já não é o que era antigamente, havia mais gente e mais dinheiro. As pessoas compravam mais, embora na feira ainda seja mais barato do que nas lojas”. António Sousa é da mesma opinião: “As Segundas-feiras eram os dias dos grandes negócios, mas agora nada. Nesta crise em que nós estamos não

há nada mesmo.” E compreende o desespero dos feirantes que, “coitados”, perguntam: “O que é que eu venho aqui fazer à feira? Não venho aqui fazer nada, estamos no mesmo no caos.” Quem visitava a feira todos os oito dias vinha em busca dos bens mais essenciais. Compravam calçado, roupa variada como meias, camisolas ou mesmo fatos para vestir ao Domingo, porque naquela altura já eram caros. Apesar das dificuldades, ainda há quem continue a ver na feira o local comercial privilegiado. “Eu costumo comprar toda minha roupa e calçado na feira, tanto para mim

como para os meus filhos, porque é mais barato e algumas coisas até são tão bonitas como nas lojas”, refere Teresa Afonso. Antigamente, as pessoas que moravam nas freguesias mais próximas do centro de Abrantes deslocavamse a pé, muitas vezes de madrugada. Quem frequentava a feira nesses tempos diz que, mesmo assim, havia mais gente. Hoje já existem transportes para quem não tem carro próprio, mas nem esta evolução fez com que se chegasse ao movimento de há alguns tempos atrás. Embora estas feiras continuem a

encher a cidade de gente e de movimento no início de cada semana, há quem considere que a tradição já não é o que era e que a mudança de moeda veio prejudicar o negócio. Maria Gonçalves, uma senhora já de alguma idade, diz que, antes do euro, “com qualquer coisinha as pessoas traziam uns saquinhos de compras. Agora os euros não rendem nada”. Esta cliente dos feirantes lembra que “500 escudos davam para comprar muita coisa”. Agora, como o dinheiro não rende, já não frequenta tanto o mercado semanal: “Só costumo vir à feira mesmo para comprar o essencial, nada mais”. J


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Memória

TERÇA FEIRA, 25 DE JANEIRO 2011

CARLOS PINTO COELHO A ESTA teve o privilégio de receber, em momentos diferentes, est grande profissional do Jornalismo, que marcou gerações de futuros profissionais da Comunicação.

Crónica

ESTA JORNAL

O Senhor “Acontece” partiu sem avisar

“Esta noite é a vossa última noite”

MANUEL ANTÓNIO ESTA D ABRANTES VERA MENDES ESTA D ABRANTES

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A participação no workshop “Jornalismo, televisões e públicos hoje em Portugal”, que seria conduzido por Carlos Pinto Coelho, estava limitada aos primeiros 20 inscritos. Apressei-me a inscrever-me. Já assisti a bastantes workshops no decorrer da minha vida académica e posso afirmar que este foi um dos que mais me marcou. Carlos Pinto Coelho fez questão de nos dizer que ser jornalista não é um emprego, mas sim uma profissão. Afirmou, ainda, que a profissão de jornalista é a mais linda do mundo. Sabe bem ouvir frases como esta da boca de alguém com tanta experiência de vida e de carreira profissional nesta área. “Esta noite é a vossa última noite” - frisou algumas vezes o jornalista ao longo do workshop. Com esta frase, quis dizer que em vez de se estar em frente à televisão, a ver coisas desinteressantes, que se inove e se cresça, que se façam trabalhos, se crie um jornal online, pois temos todos os meios ao nosso dispor. Outra frase muito importante que referiu foi: “Olhar, porém ver”. Carlos Pinto Coelho falou-nos também do público e das audiências e do jornalismo dos pontos de vista global e local. No final desta “Grande Lição” todos os que assistiram foram embora. Desci as escadas da ESTA, mas senti que não poderia ir simplesmente embora sem trocar umas palavras com este grande senhor da televisão. Subi as escadas, juntamente com uma colega, e reparei que Carlos Pinto Coelho se encontrava sozinho junto à janela a fumar um cigarro. Fomos ao encontro dele. Virou-se para nós com um grande sorriso nos lábios

FOTOGRAFIA DR

e perguntou-nos se tínhamos gostado da aula. Respondemos que sim e agradecemos-lhe pelos conselhos que nos deu. Eu disselhe que gostei bastante da parte em que ele referiu os casos de sucesso de licenciados formados no perfil de Jornalismo do curso de Comunicação Social da ESTA. E conteilhe que também me marcou o mo-

Jornalista, sobretudo, mas também professor

mento em que nos explicou que não era no final do curso que nos deveríamos questionar: “E agora?” Perguntei-lhe se se importava que eu tirasse uma fotografia com ele. Sinto-me lisonjeada por hoje poder guardar uma lembrança. Lembro-me que quando cheguei a casa mostrei logo a fotografia aos meus pais e à minha avó. O

VERA AGOSTINHO ESTA D ABRANTES

O JORNALISTA Carlos Pinto Coelho, que foi afastado da apresentação do magazine “Acontece”, estava de volta à casa da RTP, para conduzir um conjunto de entrevistas para a RTP Memória. Para o programa “Conversa Maior”, estava a preparar uma série de entrevistas a várias personalidades, que seriam emitidas no canal RTP Memória. Foi durante a última entrevista, que estava a gravar, que Carlos Pinto Coelho se sentiu mal. Foi submetido a uma intervenção cirúrgica ao coração, mas na sequência de uma complicação aguda acabou por morrer.

Carlos Nuno de Abreu Pinto Coelho era um Homem Maior. Partiu a meio de muitos projectos que nunca poderiam terminar. Carlos Pinto Coelho, como era conhecido, foi, é, e continuará a ser uma referência. O “Senhor Acontece”, como gostava de ser referido, não fazia programas de televisão: entrava pelas nossas casas dentro e conversava connosco, assim mesmo, a conversar. Essa amabilidade que os telespectadores conhecem não era uma imagem de marca. “Era assim mesmo”, dizem todos os que com ele privaram de perto. “Profissional rigorosíssimo, com ele e com os restantes, cultor exímio da língua portuguesa e do seu uso, homem culto e de cultura”, é um testemunho recorrente. Nas artes da comunicação e da cultura fez muito e em muitos lugares: “Sou um homem sem Pátria, sem terra, sem raiz, sem sítio, um Homem do tempo, do dia, do momento”. Homem de grande sensibilidade e de sonhos permanentes, nunca estava quieto, havia sempre mais um projecto, uma ideia, uma coisa nova para dar. Homem de muita vida e de muitas vidas, sempre com uma alegria contagiante. Com uma simplicidade de encantar, marcava e deixava-se marcar pelas pessoas e lugares onde passava: “Corri mundo, conheci muita gente e muita coisa que me enriqueceu. Não sou daqui, onde estou de passagem, que tenho o meu coração. Tenho-o no sítio onde estou, no momento em que estou. E não sei qual será o último e onde estarei quando morrer”. Escreveu e editou vários livros, jornalista de referência em todos os géneros, amante da fotografia, mas foi a televisão no “Acontece” que o tornou mais conhecido e acessível a todos. Laureado e premiado por diversas vezes, foi júri em diversos estilos, desde o jornalismo ao cinema. J

meu pai disse-me que, provavelmente, eu não tinha bem noção da importância que Carlos Pinto Coelho tinha no mundo da televisão e da rádio. Fico contente por ter tomado a iniciativa de ter ido falar com ele. Encontrava-me no jantar de Natal da ESTA quando uma colega me enviou uma mensagem a dar-me

Carlos Pinto Coelho começou como repórter no jornal “Diário de Notícias”, em 1968. Na sua carreira, evidenciou-se na rádio e na televisão, principalmente com a apresentação e produção do magazine “Acontece”, na RTP, entre 1994 e 2003. Ligado à televisão, foi também directoradjunto de Informação da RTP, chefe de redacção do programa Informação/2, da RTP2, director de Programas e director de Cooperação e Relações Internacionais. Carlos Pinto Coelho foi um dos fundadores do diário “Jornal Novo”, foi redactor da Agência de Notícias portuguesa ANI e assumiu a direcção da revista “Mais”, em 1982. TSF, Rádio Comercial, Ante-

conhecimento da morte de Carlos Pinto Coelho. Senti um arrepio na espinha. Pode parecer estranho dizer isto, porque falei com ele apenas uma vez. O que mais me choca é ver que num dia as pessoas estão bem e no outro deixam-nos assim, sem mais nem menos. Com 66 anos. Ainda tanto para viver. Tanto para ensinar. J

na 1 e Teledifusão de Macau foram as estações de rádio onde Carlos Pinto Coelho trabalhou. Carlos Pinto Coelho recebeu vários prémios jornalísticos: o Prémio Bordalo, na categoria de Televisão, pela Casa da Imprensa; o Grande Prémio Gazeta do Clube de Jornalistas; o Prémio Carreira Manuel Pinto de Azevedo Jr., de “O Primeiro de Janeiro”. Foi distinguido como comendador da Ordem do Infante D. Henrique. Na Escola Superior de Tecnologia de Abrantes, Carlos Pinto Coelho, leccionou a Unidade Curricular de Jornalismo Cultural e Atelier da Comunicação II entre 2003 e 2006. Juntamente com os alunos elaborou um suplemento no ESTA Jornal “Vistas do 4º”. J


Memória 09

WWW.ESTAJORNAL.PT

D FOTOGRAFIA VANDA BOTAS

A passagem pela ESTA e outras memórias JOANA LAGES E JULIANA MADEIRA ESTA D ABRANTES

ENTRE 2003 E 2006, Carlos Pinto Coelho ensinou os alunos de Comunicação Social da ESTA. Na comunidade escolar da época deixou uma excelente imagem, que renovou há três meses, quando voltou para que a nova geração de alunos com ele também aprendesse. Foi só uma tarde, mas deixou marcas (ver crónica nesta página). Quem conheceu Carlos Pinto Coelho na ESTA só tem recordações positivas. Tânia Matos, do secretariado, e Manuela Gaio, da secretaria, são unânimes: distinguia-se por espalhar boa disposição por onde passava, era uma pessoa muito simpática, muito culta, simples, afável e divertida acima de tudo. Pelas redes sociais, desde o dia em que morreu, correram inúmeros agradecimentos dos alunos da ESTA, por tudo o que lhes ensinou e, sobretudo, pela forma como o fez: com convicção e com carinho. A passagem de Carlos Pinto Coelho pela ESTA ficou marcada especial-

mente pelo facto de tratar todas as mulheres da Escola, incluindo as alunas, por “minha menina”. Quem recorda este pormenor é Marta Azevedo, professora de Inglês. Chegava à escola de manhã e perguntava: “Então como estão as minhas meninas?” As palavras desta docente resumem o espírito da generalidade das pessoas que o conheceram na ESTA: “Admiravao muito pelo facto de ser uma pessoa da televisão e da rádio. Apesar disso, nunca se tentou superiorizar, tratava toda a gente de igual para igual.” Pela ESTA circulam agora novas gerações de alunos e de docentes que não o chegaram a conhecer pessoalmente. Mesmo assim, têm memórias, sobretudo do jornalista. Margarida Gil ainda não era professora de Vídeo e Cinema Documental na ESTA quando Carlos Pinto Coelho por cá passou. Recorda que quando era estudante de Comunicação Social via o programa “Acontece” todos os dias e via no seu autor e apresentador uma referência. Também Pedro Ramos, a fazer um estágio profissional no campo do audiovisual, refere a

importância que o programa teve para si. Ao contrário da maioria dos actuais alunos, que eram muito pequenos na altura, Francisco Rocha, aluno de Comunicação Social, lembra-se bem do “Acontece”. Recorda-se de “um jornalista especial que introduziu um estilo muito próprio aos seus programas e que veio preencher uma lacuna que havia no nosso jornalismo, que é justamente o aspecto cultural”. Já João Luz, indignado com o fim que o “Acontece” teve, lembra a emotividade com que Carlos Pinto Coelho apresentava o programa. “Era um homem que tinha um estilo muito emocional e notava-se que era uma pessoa muito empenhada no seu trabalho.” Porque o café Chave d’Ouro é paragem obrigatória para todos os que passam pela ESTA, também Carlos Pinto Coelho lá ia. A proprietária, Telma Dias, recorda-o como “um charme, um senhor delicioso”. E garante que, com a sua morte, todos nós perdemos: “Ele era uma daquelas figuras que nos marcou e de quem nos vamos lembrar para sempre.” J

Outra paixão: a Fotografia TERESA FRANCO ESTA D ABRANTES

PARA CARLOS PINTO COELHO, a Fotografia era “apenas um hobby”. Por isso, alertava quem entrava no seu sítio da internet, acontece.com, onde alojava esta paixão: “Não esperem que esta página mostre obras de mestre”. Apesar de não se considerar um profissional na área, chegou a fazer várias exposições em Portugal, oportunidades para mostrar ao público e fãs os seus registos fotográficos. Desde África a Macau, da Tailândia ao Brasil, Carlos Pinto Coelho retratou cada canto do Mundo que visitou. As suas objectivas passaram ainda pelo México, E.U.A. e Europa: Grécia, Espanha, França, Veneza e Escandinávia. Não esquecendo, claro, o país que o viu nascer, o autor transmitia através da fotografia o orgulho que tinha pelas terras lusitanas, incluindo os Açores e a Madeira. Na galeria podemos encontrar retratos, fotografias de nu artístico e grafismos. Nos retratos capta principalmente ‘velhos’, como ele diria, e o povo. O lado mais simples do Mundo, e ao mesmo tempo o magnífico que nos rodeia. O fotógrafo transparecia para os negativos muito da sua personalidade, era directo e sem rodeios. As imagens dele são registos de alguém que sabe o que é a vida, e que a viveu. Em nu captava a mulher e a beleza do sexo feminino no seu esplendor. Casado por duas vezes, pai de quatro filhas, torna-se óbvio o motivo de tanto fascínio. Nas reportagens retratava sítios, momentos e pessoas. No site podemos ainda encontrar uma das suas obras favoritas, ‘Senhora Eva’. J


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Media

CAPAZ de continuar a exercer fascínio sobre os mais jovens, o mundo da televisão funciona de uma maneira muito própria. Rita e Roberto mostram-nos como trabalhar hoje em dia nesta indústria não é tarefa fácil.

o i c n Silê r a v a r G o ã ç c A SOFIA SCHABOWSKI ESTA D ABRANTES

ANA RITA CLEMENTE, 29 anos, licenciou-se em Produção e Argumento na Escola Superior de Teatro e Cinema. O interesse de Rita sempre foi cinema, e desde cedo percebeu que viver deste mundo não iria ser fácil. “Isto é um trabalho de cunhas”. Só se entra nesta indústria se tiver conhecimentos de alguém que já trabalhe nalguma empresa ou produtora a algum tempo, ou se tiver um contacto de um amigo que conheça o seu trabalho e o recomende. Desde o seu estágio curricular, não remunerado, Rita sempre trabalhou em

produção e admite que o início é duro, “quem começa em produção é “pau para toda a obra”, nós fazíamos tudo, desde limpar, levar cafés, tirar fotocópias, tudo”. Quando recebeu a sua primeira proposta por parte de um amigo, cuja mãe trabalhava numa produtora televisiva, para trabalhar como assistente de produção, Rita hesitou, “era muito longe de minha casa, não pagavam bem; havia mais contras do que prós, mas era a única maneira de entrar na área.” Uma vez dentro da indústria televisiva, e se se for bom profissional, facilmente se continua. Entre os inúmeros projectos no âmbito da ficção e do entretenimento, as pausas de 2/3 meses, ou até de um ano, são uma constante. E actualmente cada vez mais se verifica isso. “O mercado está o caos, não

há trabalho em lado nenhum, e eu só vejo os meus colegas fazerem coisas que nunca fizeram. Vejo assistentes de realização a serem motoristas. Vejo tudo, porque não há trabalho”, afirma Rita. E acrescenta ainda que quem recusa trabalho é ultrapassado, “se um de nós recusa um trabalho, porque estão a pagar muito mal, eles vão chamar alguém sem formação para o fazer”. Como secretária de produção do projecto de ficção “Morangos com Açúcar”, Rita Clemente defende o cargo de produção com “unhas e dentes” e acrescenta ainda que, para além das 12 horas de trabalho diárias na Plural, das 8h às 20h, há que estar sempre contactável: “Sem produção não há nada. Somos sempre os primeiros a chegar e os últimos a sair. A produção nunca dorme. O meu telemóvel está ligado 24 horas por dia! Se um actor me liga às 3h da manhã tenho que atender. Isto é um trabalho que não pára.” Ao passarmos o dia nos estúdios da Plural, e ao ver como se desenvolve todo o trabalho que uma produção desta magnitude implica, percebemos que não é fácil ser-se trabalhador na indústria televisiva. “Todos os dias há um problema”, repete Rita várias vezes enquanto falamos com ela e somos interrompidos pelo seu telemóvel de trabalho que não parou de tocar. Ao contrário de outros projectos como os de entretenimento, que duram três a quatro meses, um projecto de ficção

TERÇA FEIRA, 25 DE JANEIRO 2011

demora nove meses, o que acaba por ser cansativo e desgastante; mas para o cenário que enfrentamos actualmente, nove meses são garantia de trabalho. Se é necessário ir para o estrangeiro para encontrar melhores condições, mais oportunidades e mais visibilidade? Rita não esconde que o “ir para o estrangeiro” ajuda muito. A mentalidade portuguesa ainda valoriza bastante o que vem de fora e se alguém tem escrito no currículo que estudou no estrangeiro é colocado à frente dos outros. Mas Rita garante: “Se não tiverem cunha no estrangeiro não conseguem entrar na indústria. É uma ilusão.” O panorama nacional não assusta Rita e é importante que as pessoas que querem vingar nesta área estejam cientes que haverá alturas que estarão paradas. Rita espera um dia poder fazer o seu projecto de cinema, mas por enquanto procura estabilidade pessoal e financeira e acrescenta ainda: “Tenho tempo”. “Enviado para o terreno” Roberto Roque é os olhos, ouvidos e boca do realizador, melhor dizendo, assistente de realização. Era dia de gravar no “corredor da escola”, por sinal um décor complicado de trabalhar. Toda a equipa técnica estava a postos: operadores de câmara, as meninas dos adereços e da maquilhagem, os figurantes. O momento que antecede o “Acção” é importantíssimo. As cenas são ensaiadas para que nada falhe. É necessária a máxima concentração por parte de todos e sobretudo silêncio. Como trabalho de equipa exige-se que todos dêm o máximo de si para que a cena fique bem logo à primeira. Se não ficar

L Estúdios. Na

indústria telev

isiva não há tem

ESTA JORNAL

repete-se outra vez. O ambiente entre actores e técnicos é de boa disposição e de muita entreajuda. Há actores que fazem aquilo pela primeira vez e aí o trabalho dos técnicos é fulcral. O trabalho de assistente de realização é bastante intenso. Não há tempo para pausas. Na televisão “fazem-se minutos”. 12 horas de trabalho são 12 horas de trabalho, com pouco menos de uma hora para almoçar. “A hora para almoço nunca é uma hora, como não se sai do trabalho para almoçar, come-se qualquer coisa e começa-se logo a discutir o que vai acontecer a seguir. Depois há outro problema. Para as pessoas que têm carro e moram perto do trabalho, acordam às 6h45 e conseguem estar às 8h no trabalho; e depois às 20h quando saem, 20h30 mais tardar estão em casa. Agora imaginemos uma pessoa que mora a 60 km do trabalho, tem que acordar às 5h45 e só chega às 22h a casa. Quem não tem carro tem que apanhar o transporte da empresa, e quem tem que apanhar o transporte da empresa ainda tem que estar mais cedo.” O esforço não compensa o resto. “Fazendo a conta às horas que se trabalha, mais as horas que se perde nos transportes e quando somamos tudo e vemos o que ganhamos ao fim do mês, deparamo-nos com uma realidade muito triste no recibo de vencimento”. Apesar disto Roberto explica que cada um tem as suas motivações para continuar e persistir no mundo da televisão. “Muita gente faz isto com desejo de subir na vida, outros fazem com o desejo de um dia poderem chefiar, outros fazem por amor ao trabalho que têm, outros porque estão a começar e é o entusiasmo de trabalhar neste meio. No início é sempre um deslumbre.” J

po para pausas


ESTA 11

WWW.ESTAJORNAL.PT

Luís Ferreira, novo director da ESTA

Mais cursos e parcerias com países lusófonos L Desejo. “Gostava de ter mais um ou dois cursos”

D FOTOGRAFIA JOÃO PEREIRA

TERESA FRANCO ESTA D ABRANTES

“TENHO O MEU ESTILO próprio, os meus objectivos, tenho o meu plano de acção e as minhas ideias. Mas há coisas muito boas feitas aqui e a essas irei dar continuidade.” Este é o cartão de visita de Luís Ferreira, novo director da ESTA. Uma nova direcção traz consigo sempre novos objectivos e ambições. Como a ESTA não é excepção, Luís Ferreira, que tomou posse como novo director em Dezembro, revela alguns dos alvos que pretende alcançar: “O facto de a Escola mudar para outras instalações é uma medida urgentíssima e muitos dos planos que eu tenho só são facilmente exequíveis se isso acontecer.” Deste modo, e com o apoio da Câmara Municipal de Abrantes, os laboratórios de Engenharia da Escola já começaram a ser transferidos para o Tecnopólo, em Alferrarede, onde vai nascer a nova ESTA. Cursos novos são também uma das ambições que o director da ESTA tem: “Eu gostava de ter mais um ou dois cursos e a nova Escola vai facilitar isso. Já pensei em algumas opções, mas nada sólido, e também é algo a decidir com a presidência” do Instituto Politécnico de Tomar (IPT). Na cerimónia da tomada de posse, o relacionamento entre Abrantes e Angola, e outros países africanos de língua oficial portuguesa, foi um tema que ficou no ar, com

a ideia de possíveis parcerias. Em entrevista, Luís Ferreira explica: “Eu deixei um projecto de uma escola em Luanda, no qual estive em permanência três anos, e há vontade por parte de Angola em aprofundar este protocolo.” O IPT e a ESTA poderão ter uma participação activa no ensino naquele país, defende o novo director. Luís Ferreira também esteve ligado ao Instituto Piaget de Angola, que está a lançar a formação avançada, como pós-graduações e mestrados. Também neste caso a sua ideia é estabelecer parcerias, que envolvam intercâmbio de professores e alunos. Luís Ferreira, doutorado em Engenharia Mecânica, foi director do departamento da mesma área da ESTA, nos seus primeiros anos. Depois, esteve vários anos em Angola. “Eu tinha planeado estar lá mais um ano ou dois e, se não tivesse surgido este convite, ficava. Já tinha sido abordado pelo novo presidente do IPT, Eugénio Pina de Almeida, quase há um ano. O facto de ele se ter lembrado de mim, mesmo estando ausente, pesou bastante na minha decisão.” Como estilo de liderança, Luís Ferreira revela ter uma maneira própria de ser. Não se revê na figura de um ditador e acrescenta: “Eu gosto de aplicar a minha liderança de forma a criar um bom ambiente entre as pessoas, pois defendo que as boas relações pessoais são um bom suporte para as relações profissionais. As coisas assim têm mais possibilidade de sucesso. Lutarei por isso.” J

Estilos Alunos da ESTA que fazem a diferença

JOANA LAGES ESTA D ABRANTES

À SEMELHANÇA do que acontece em qualquer outro lugar, à medida que vão sendo criados novos cursos, na ESTA, vão surgindo novas formas de estar e, também, de vestir. Se antes havia sobretudo “os engenheiros e os de comunicação”, os jovens que ingressaram no curso de Vídeo e Cinema Documental (VCD) trouxeram, regra geral, estilos muito próprios. Sara Natal Lopes é caloira do curso de VCD. Desde que entrou na ESTA que sente que, por vezes, é olhada de forma diferente pelas outras pessoas. “Às vezes, quando uma pessoa tem tendência a fugir aos padrões de normalidade que a sociedade nos impõe, acaba por se destacar de alguma forma.” Esta jovem já ouviu comentários desagradáveis muitas vezes, mas não lhes dá grande importância. Com a sua forma de vestir, Sara Lopes não tem nada para dizer aos outros, afirma que apenas se quer sentir confortável e bem consigo mesma. Não tem qualquer

problema em mudar o seu visual mas, como se sente bem na forma como se veste, só o faz em ocasiões mais especiais e requintadas como em casamentos ou baptizados. Ou seja, cerca de quatro vezes por ano. Para se vestir, Sara inspira-se no naturalismo e na arte, e é no artesanato que encontra as peças de que mais gosta. Não é adepta das marcas, mas como por vezes não tem possibilidades de comprar nas feiras que vendem as suas roupas, acaba por ter que ir a um centro comercial e optar por lojas que têm roupas mais básicas. Quanto às distinções que existem na ESTA, Sara diz que as regras são para quebrar. Entende que é normal existirem esses contrastes, devido aos gostos e aos cursos em si. Sobre o futuro e a sua forma de vestir quando for profissional, a aluna de VCD não tem dúvidas: “A partir do momento em que tiver que ser uma pessoa diferente para exercer a minha profissão será porque não deveria de estar a praticá-la. Eu tenho que estar 100% confortável no meu emprego e ter liberdade para ser quem sou. Se isso não acontecer, é mesmo

porque não estou no sítio certo.” Benedita Cameira, de 22 anos, frequenta o segundo ano do curso de VCD da ESTA. Também ouviu alguns comentários relacionados com a sua forma de vestir quando chegou à cidade e até mesmo na Escola. Chamaram-lhe “freak” ou “metaleira”, pela simples razão de ter preferência por roupa preta, como qualquer pessoa tem por outra cor qualquer. “Às vezes, na rua ou num café, as pessoas olham para mim, porque eu me visto toda de preto ou porque tenho botas. Por vezes devem pensar que sou maluca, mas penso que não me julgam muito! Talvez pensem que estou de luto.” Benedita Cameira brinca com a situação afirmando que as únicas críticas que ouve são da sua mãe ou avó. Benedita é inspirada pela música que ouve e assume que a única coisa que quer transmitir é o seu gosto e nada mais. Não é grande fã das marcas e muitas vezes compra roupa na feira, sobretudo para poupar dinheiro. Esta jovem estudante orgulha-se de ser aquilo que é e garante que será diferente dos outros para sempre. Até porque “o mundo do cinema é muito artístico e não avaliam as pessoas pela maneira de vestir, mas sim pela maneira de pensar e de trabalhar”. Teresa Franco frequenta o curso de Comunicação Social da ESTA e destaca-se no seu curso por ter um estilo próprio, a que muitos chamam “calças no fundo do rabo”.

É uma aluna como qualquer outra, que se diferencia apenas pela sua forma de vestir. “A maneira como me visto acaba também por ser um filtro para mim: quem não gostar mantém a distância, e isso é óptimo.” Teresa Franco afirma já ter sido julgada pela sua forma de vestir: “Em certos sítios parece que as pessoas pararam no tempo e tudo o que foge do banal, é criticado.” A estudante de Jornalismo conta que já ouviu comentários como “Puxa as calças para cima”. Teresa reconhece ter uma personalidade muito própria, mas diz que é uma pessoa que gosta de mudar constantemente e, se necessário, de um dia para o outro. Dependendo da ocasião,

Teresa Franco muda o seu visual. O seu estilo é inspirado na música, mais propriamente no Hip Hop. Para esta jovem, não se trata só de música ou uma filosofia, é também um estilo de vida. Acerca das distinções existentes na ESTA, Teresa Franco defende que “uma pessoa normalmente veste-se conforme o que sente” e acrescenta: “Cursos diferentes significam pessoas com estilos de vida e conceitos diferentes.” Apesar do seu lado mais descontraído, Teresa defende o uso do traje académico. “Serve para representar a instituição onde se estuda.” J D

Natureza, música e arte inspiram formas de vestir

FOTOGRAFIA DR


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Última

TERÇA FEIRA, 25 DE JANEIRO 2011

ESTA JORNAL

“Colorindo Sorrisos”, projecto de solidariedade

Como tudo começou... Daniel Teixeira, Élia Batista, Margarida Pereira e Sara Corda, alunos da Escola Secundária Dr. Manuel Fernandes, Abrantes EM CADA ANO de ensino, temo-nos deparado com desafios diferentes. No primeiro ano, a aprendizagem do alfabeto, as somas, as subtracções… No quinto, foi uma escola diferente, muitos professores… Num instante chegámos ao 12º ano, e com ele surgiram também novos desafios! O principal deles todos é, sem dúvida, a disciplina de área de projecto, que regressa ao nosso curriculum depois de dois anos de férias, dando-nos espaço para amadurecer e crescer física e psicologicamente. E é o que temos feito desde Setembro! Amadurecendo ideias e fazendo crescer o nosso espírito de equipa. Foi assim que surgiu este grupo. “Colorindo Sorrisos” é a junção de quatro personalidades, seres com diferentes objectivos e formas de ver e estar na vida, mas que decidiram formar o projecto “Necessidades básicas e sociais de crianças institucio-

“ ”

Campanha de angariação de aquecedores e outros bens

nalizadas”, e melhorar, de certa forma, a vida de alguém, ao mesmo tempo que se auto formam numa componente mais humana e social, tornando assim a sua formação futura mais complexa e abrangente. Durante as primeiras aulas aprendemos a teoria para depois, ao longo do ano, elaborarmos os anteprojectos, os relatórios e demais documentos que estão inerentes à disciplina. E a seguir veio a parte mais prática... A ideia de elaborar, ao longo deste ano, um projecto de cariz social, foi mútua e simultânea, partindo de todos os elementos do grupo. Juntámo-nos devido aos interesses comuns, e foi a partir deles que o projecto nasceu. Contactámos o Instituto de Apoio à Criança (IAC) e, através das informações obtidas, começámos a ter noção do que é realmente uma instituição. Pouco a pouco, convergimos no Centro e Acolhimento Temporário (CAT). O CAT, segundo a Dr.ª Ana Silva, é “uma resposta social que surge para responder às necessidades postas pela temática das crianças e famílias em situações de risco, devendo caracterizar-se por garantir o acolhimento transitório de crianças em situação de urgência, decorrentes de abandono, maus tratos, negligência,

entre outros. O acolhimento em meio institucional deve ser visto como o último recurso de medida de protecção.

“Colorindo sorrisos” desenha o projecto Situado no Rossio ao Sul do Tejo, tem actualmente 10 crianças, embora a sua capacidade total seja para 12. Acolhe-as entre os 0 e os 12 anos de idade, e chegam ao centro “através de decisão Judicial, da Comissão de Protecção de Menores ou da Segurança Social”, conforme relata o sítio na internet da paróquia de Abrantes. Ao contactar a Dr.ª Ana Silva, assistente social responsável pela instituição, e tendo uma luz “semi – verde”, avançámos com o contacto formal, no qual especificávamos a base do nosso projecto e pedíamos a concretização de uma parceria que esperávamos ser proveitosa para ambas as partes. Após a aprovação da direcção do CAT, tornámos as nossas ideias soltas num anteprojecto. Dividiremos o nosso trabalho em dois momentos: realizaremos diversas actividades com as crianças, onde tentaremos proporcionarlhes um leque de acções lúdicas, como a visita à Escola Superior de Tecnologia de Abrantes (ESTA) e a hora do conto, na biblioteca António Botto; simultaneamente, realizaremos uma campanha através da colocação de panfletos em vários locais públicos da cidade, onde exporemos o nosso projecto, e apelaremos ao espírito solidário de cada um, pois a ajuda de todos é fundamental. “ A união faz a força”! A cooperação tanto poderá ser feita através de doações materiais (aquecedores, aparelhos para fazer vapores, bens de higiene...) como monetárias, utilizando o N.I.B. 00350 003000 5050 260073. Decidimos também fazer uma “apresentação à comunidade” do trabalho que realizaremos ao longo deste ano lectivo. Para isso, decidimos produzir, com a assistência do departamento de comunicação social da ESTA, na pessoa da Professora Hália Santos, Margarida Gil e João Pereira e dos estagiários Romeu Fernandes e Pedro Ramos, auxílio a delinear, a fazer a captação de imagens, e a cooperarem na montagem final do documentário. Este foi planeado segundo os objectivos da instituição, que passamos a citar: - “Acolher por um período transitório, as crianças em situação de risco; - Protegê-las, salvaguardando os seus direitos no que respeita à educação, saúde, alimentação,

privacidade, socialização; - Satisfazer as suas necessidades básicas em condições de vida tão aproximadas quanto possível às da estrutura familiar; - Definição do projecto de vida da criança, em conjunto com os organismos de solidariedade e segurança social, CPCJ’S, tribunais e família, promovendo o encaminhamento adequado de cada situação específica.”

Meninos “dão cor” à biblioteca E chegou o dia 12 de Janeiro, e porque isto não é só “conversa”, foi esta a data escolhida para a primeira actividade a realizar com as crianças! Quinze horas. Pontuais, chegam na carrinha do CAT quatro rostos com quem já tínhamos contactado, numa das nossas visitas à instituição, mas que pouco mais do que os nomes conhecíamos. Nada envergonhados, aproximámo-nos e lentamente, enquanto caminhávamos para o último piso da biblioteca, as conversas

iam surgindo... Artur Marques, ou “senhor Artur”, como depois lhe chamaram, depressa colocou à vontade os quatro dos dez meninos do CAT que se deslocaram à biblioteca. Introduziu a história e não tardou muito para que os olhos das crianças ficassem colados aos dele, a brilhar e com a maior atenção do mundo. As câmaras que filmavam não os intimidaram e, baixinho, lá iam dando o seu juízo também. Depois, claramente entusiasmados, fomos uns passinhos ao lado, visitar o estúdio de rádio da ESTA, e recontar a história que tínhamos ouvido. Lembraram-se de todos os pormenores, e ainda falaram da moral da história... Depois do lanche, e chegado o momento de ir embora, ainda pediram “mais uma hora...” Ficou também no ar o cheirinho da próxima actividade: “qualquer coisa relacionada com cavalos”, e depressa alguém disse “a quinta do cabrito”. Despediram-se de nós a pedir mais, e a pedir mais já para a semana... Sem dúvida que nesta quarta feira, “colorimos sorrisos” nestas crianças!

Obrigado (s) Não podemos perder a oportunidade de agradecer a muitas das pessoas que nos têm ajudado na concretização deste projecto; primeiro que tudo, queremos dar os parabéns às crianças do CAT, por se terem portado tão bem e agradecer pela ajuda que nos vão proporcionar a esta disciplina. Esperemos contribuir também, colmatando algumas necessidades sentidas na instituição, o melhor que pudermos e conseguirmos! Depois, há que agradecer à Dr.ª Ana Silva, e a toda a direcção do CAT, a oportunidade que nos deram, no que depender da nossa força de vontade e iniciativa, não se vão arrepender. Por fim, agradecemos a todas as pessoas que directa ou indirectamente nos receberam de braços abertos e se prontificaram a ajudar no que for necessário, desde professores, em especial a professora da disciplina, Sónia Lourenço, à ESTA, à associação “Palha de Abrantes” e ao grupo “Espalha fitas”, à Quinta do Cabrito, e demais individualidades e entidades, que, embora não sejam mencionadas, sabem quais são.


ECONOMIA 11

JANEIRO2011

Vale Manso está de volta com novo nome e posicionamento

ABRANTES

Gallo renova Patronato de Santa Isabel A cantar “A todos um bom Natal”, os cerca de 60 funcionários do Gallo Worldwide receberam as meninas que residem no Patronato Santa Isabel, em Abrantes.

Incrédulas, lágrimas nos olhos, sorrisos largos, as meninas entraram na sala de estar da instituição e percorreram com os olhos todo o espaço, renovado. Os funcionários do Gallo Worldwide escolheram esta instituição para fazer esta acção solidária de Natal. Os trabalhos consistiram em restaurar, pintar, montar, equipar e decorar todo o primeiro piso, que apresentava sinais de deterioração. Para além dos trabalhos, feitos pelos próprios empregados da empresa, que tem a fábrica de azeite em Rossio ao Sul do Tejo, as crianças e jovens receberam prendas individuais e uma despensa cheia de produtos alimentares. Carlos Gonçalves, funcionário dos escritórios de Lisboa da empresa,

disse que “apesar de não ser uma novidade, é gratificante participar nesta acção. Levo daqui uma excelente prenda de Natal para partilhar com a minha família”. Carlos Gonçalves revelou que esta é uma forma de transportar para fora aquilo que somos na empresa. Isabel Alfredo fez parte da equipa que preparou todo o trabalho que os colegas fizeram na instituição. “Uma grande emoção. Sabe bem ver no olhar das meninas a emoção

que reflectiu o trabalho que aqui fizemos”, explicou Isabel Alfredo. Os funcionários da Gallo de Lisboa levantaram-se cerca das 5 da manhã para fazer a viagem até Abrantes. Muita animação, canções e muita vontade de ajudar. Foram formadas várias equipas para fazer o trabalho num único dia, em que a instituição fez deslocar as meninas a uma visita à Vila Natal, em Óbidos. Pedro Cruz, CEO da Gallo Worldwi-

de, explicou que a empresa quis contribuir para melhorar uma instituição de Abrantes, onde está a fábrica da Gallo:“Quisemos contribuir, mas contribuir com o nosso trabalho, para além do apoio financeiro”. Pedro Cruz, com as mãos ainda com tinta, depois de uma tarde de pinturas, revelou ainda que “foi um dia de muito prazer, darmos uma alegria a estas crianças”, adiantando que “podemos dar mais uma ponta de carinho a estas crianças”. Por outro lado reforça o trabalho de equipa da própria empresa. Alberto Margarido, vice-provedor da Santa Casa da Misericórdia de Abrantes, que gere esta valência do lar de raparigas, agradeceu o trabalho desenvolvido e explicou que o mesmo foi acompanhado pela Segurança Social. O edifício necessitava de intervenção e esta acção da Gallo veio dar mais condições a estas 22 meninas que ali vivem longe das suas famílias.

GENÉRICO AUTO

“Para este ano, as expectativas são as melhores” Esta frase pertence a Pedro Bugalho, gerente da loja GenericoAuto, um espaço que tem ao dispor do cliente todo o tipo de peças originais e genéricas para o automóvel. Pedro Bogalho trabalha no ramo de peças de automóveis há cerca de quinze anos. Foi no ano de 2008, que decidiu abrir o seu próprio negócio. Hoje a empresa encontrase sediada em Rossio ao Sul do Tejo e aposta na comercialização de peças e acessórios auto de grande qualidade. Segundo o gerente o objectivo passa por “aliamo-nos às marcas de refe-

rência a nível mundial obtendo assim a relação ideal entre qualidade e custo, para o cliente que tem necessidades empresariais ou particulares”. A GenericoAuto comercializa todo o tipo de peças para as várias marcas de automóveis e vende sobretudo para as oficinas do concelho de Abrantes e concelhos limítrofes, bem como para o consumidor individual. Relativamente às vendas, Pedro Bogalho refere que “as expectativas para este ano são as melhores. Uma vez que estamos em crise, o cliente deixa de com-

prar um automóvel novo e passa a recuperar o seu já antigo. E é ai que nós entramos com um serviço e material de qualidade”. Este ano com a crise instalada Pedro Bogalho explicou ao JA “que esta é altura ideal para a GenericoAuto se fazer valer dos seus serviços, tal como aconteceu o ano passado, onde o balanço foi bastante positivo”. Este estabelecimento encontra-se aberto ao público entre as 9h00 e as 13h00 e das 14h30 às 19h00, e para mais informações sobre a loja pode consultar o site www. genericoauto.com

Jerónimo Belo Jorge

Hotel Segredos de Vale Manso é o novo nome da antiga Estalagem de Vale Manso, em Abrantes. A reabertura da unidade aconteceu no reveillon, depois de algumas obras de requalificação e da colocação de uma nova decoração. O espaço, recorde-se, foi adquirido em hasta pública pela empresa Segredos da Aldeia, uma empresa de turismo abrantina que investiu cerca de dois milhões de euros. A antiga unidade hoteleira de cinco estrelas, situada junto à barragem de Castelo do Bode, foi adquirida em hasta pública por 1,25 milhões de euros, em Julho do ano passado, pondo fim a um processo de insolvência que se arrastava desde fevereiro de 2009. A venda em leilão incluiu o imóvel, de 22 quartos e duas suites, e todo o mobiliário e recheio da estalagem. O resto do investimento foi aplicado numa nova decoração e em obras de modernização e recuperação da estalagem. Isabel Coimbra, da Segredos da Aldeia, revelou que desde o início houve a ideia de reposicionar o hotel no mercado, baixando a sua classificação de cinco para quatro estrelas. Segundo Isabel Coimbra, o público-alvo do hotel será a classe média, com uma oferta de um turismo de qualidade a preços mais acessíveis e à medida dos serviços prestados aos clientes. O turismo rural e de natureza é um nicho de mercado com grandes potencialidades na região de Abrantes, considera a proprietária. Além do alojamento, o Hotel Segredos de Vale Manso oferece ainda uma série de actividades outdoor como canoagem, passeios de jangada com skipper, motas 4×4, passeios BTT de lazer ou o contacto com o cavalo lusitano e o burro, e dispõe ainda de um SPA e health club, piscinas de água salgada, campos de ténis, squash e mini golfe. A empresa Segredos da Aldeia explora também a praia fluvial de Aldeia do Mato e tem o projecto para construção de uma unidade de turismo rural em Carreira do Mato, projecto que mantêm apesar da abertura do Hotel Segredos do Vale Manso.

jornaldeabrantes


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JANEIRO2011

ANTENA LIVRE

30 anos “é muito tempo” A festa dos 30 anos Centenas de pessoas encheram o Aquapolis, em Abrantes, na festa dos 30 anos da antena Livre. O ponto forte foi a apresentação de “Escuta”, o CD de antologia de oito bandas ou artistas da região. A noite musical foi marcada por David Antunes e pela participação de músicos de algumas as bandas que integram o CD, Dionísio.com, KAVIAR e KWANTTA. Não faltou o tradicional bolo de aniversário e o cantar dos parabéns. A festa durou até às tantas e foi o culminar de um dia de intensa animação em antena e de presença na RTP a apresentar o disco que agora começa a sua carreira.

Parece que foi ontem, mas já lá vão 30 anos. E, para o melhor e para o pior, o mundo é hoje muito diferente. E a Antena Livre também já não é a mesma.

Tudo começou com as cheias e o bom serviço que alguns radioamadores prestaram na informação às populações. Depois, veio a boa ideia, o de transformar esse serviço pontual numa rádio a emitir todos os dias. E assim foi. Depois de algumas experiências… No dia 21 de Janeiro de 1981, a RAL; ou seja, a Rádio Antena Livre, começou as suas emissões regulares. Os mais novos não sabem, nem imaginam, que naquele tempo só algumas rádios estatais, mais a Rádio renascença, podiam emitir. Tratava-se, portanto, de iniciar emissões não autorizadas, não legais, “piratas” dizia-se então. Ou “livres” pretendiam, outros. Daí o nome. Daí também a caça do gato ao rato, leia-se, dos Serviços Radioeléctricos aos “piratas” que era preciso apanhar e multar. Muitas foram as peripécias, algumas mais ou menos heróicas. Mas foi também uma luta nacional pela legalização das emissões privadas, o que viria a acontecer em

• Era assim no início. 1989. Nessa luta, a RAL teve um papel histórico de liderança, pelo que foi em Abrantes, em 1984, que se realizou o Encontro de Rádios Livres, cujo objectivo era justamente a legalização das rádios “piratas”. Entretanto, como em tudo na vida, era necessário fazer o trabalho de todos os dias e mostrar, aí, que valia a pena apoiar e legalizar aquilo que estava a nascer. Foram tempos heróicos também nesse campo de inventar, primeiro em completo amadorismo e depois em regime semi-profissional, o que devia ser uma rádio local. Mas os resultados

foram animadores, com todos os problemas naturais naquilo que é humano e está vivo. Os fundadores, que convém recordar, foram Sousa Casimiro, já falecido, Augusto Martins e Carlos Ramos. E entre os muitos que deram corpo à história da RAL é justo, a vários títulos, destacar António Colaço, pelo dinamismo e criatividade que imprimiu não só à luta pela legalização como ao modo de usar a antena em proveito das populações locais. Em 1981, a RAL muda das Arreciadas, onde nasceu, para Abrantes, na Rua Manuel

Constâncio. Em 1987, mudase para a Av. Gen. Humberto Delgado, onde ainda hoje se encontra. A vida é feita de ciclos, e a RAL passou por um momento bastante em baixo. É então que Albano Santos lidera um projecto que levou à integração da RAL no grupo Lena Comunicação e mudança de nome apenas para Antena Livre. E neste mês de Janeiro, a RAL – Antena Livre celebra o seu 30º aniversário com a edição de um CD, “Escuta”, de divulgação com originais de bandas e intérpretes da sua zona de influência. Alves Jana

Antena Livre - Cronologia 1981 – 21 de Janeiro – Início das emissões regulares da RAL, com a frequência 100.1 fm 1984 – Realiza-se em Abrantes o 1º Encontro de Rádios Livres, cujo objectivo era o de lutar pela legalização das rádios “piratas”. 1985 – RAL edita, com apoio da autarquia, um single de Jor-

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ginho Portugal com o tema Abrantes. 1988 – Dezembro – Fecho das emissões para legalização, com a frequência 96.7fm. 1989 – 9 de Maio – Início das emissões legais, na frequência 93 fm. 1990 – Mudança de frequência para 89.7fm

1991 – RAL muda de instalações para Abrantes, para a Rua Manuel Constâncio. 1995 – Introdução dos primeiros sistemas informáticos de gestão de publicidade na emissão. 1997 – Mudança de instalações para a Rua Gen. Humberto Delgado (actuais

Instalações) 2001 – A rádio integra da Lena Comunicação, muda logótipo e assume a designação Antena Livre. 2011– 21 de Janeiro - Comemoração do 30º Aniversário e apresentação do CD “Escuta” com originais de bandas e artistas da região.


DESTAQUE 13

JANEIRO2011

Antena Livre lança “Escuta” com bandas da Região A rádio Antena Livre apresentou na sexta-feira, dia 21 de Janeiro, na festa do 30º aniversário, o CD “ESCUTA”. Tratase de um disco que pretende assinalar os 30 anos da estação emissora de Abrantes e, ao mesmo tempo, ser uma plataforma de apoio e lançamento a artistas e bandas da região, nomeadamente, dos concelhos de Abrantes, Constância, Mação, Sardoal e Entroncamento. O “ESCUTA” contou com a colaboração das bandas e autores das músicas, que para o efeito, cederam gratuitamente os direitos de duplicação dos 16 temas ali divulgados. A rádio vai agora pensar na comercialização do álbum, sendo que o mesmo poderá, desde já, ser adquirido nos estúdios da Antena Livre em Abrantes. Este trabalho junta dois temas musicais de cada um dos seguintes artistas ou grupos, Ana Laíns, The Kaviar, Hyubris, Kwantta, Dyonysyo.com, Alf, The Scart e The Grim Reaper Society. Para Marco Pereira, vocalista dos Kwantta “é um grande orgulho para os Kwantta fazer parte desta colectânea. Para já, porque temos grandes amigos nessa

casa, que é a rádio Antena Livre, que nos ajudam em tudo o que podem. Por outro lado, sentimos uma alegria enorme em partilhar este CD com bandas da nossa terra”. Marco Pereira salienta ainda que “é importante para a divulgação das nossas bandas, e para dar a conhecer o que, espero eu, dentro de algum tempo será conhecido como a cena musical abrantina. Não é desconhecido o carinho que os Kwantta têm pela terra que os viu nascer.” Já Humberto Felício, dos The Kaviar, refere que “esta é uma iniciativa extremamente importante para as bandas que nela têm oportunidade de participar, para a região e para a Antena Livre

pela iniciativa inédita. A rádio está de parabéns”. Filipa Mota, dos Hyubris, revela que “jamais poderíamos deixar de participar numa iniciativa deste género. A Antena Livre teve uma grande ideia. É muito importante divulgar a música da região, que é riquíssima. Há grandes músicos aqui, que a Antena Livre sempre divulgou e apoiou, e agora através deste CD. Os Hyubris tiram o chapéu à Antena Livre, que agora vai pôr toda gente à “Escuta”. Resta dizer que a Antena Livre poderá vir a promover uma festa de lançamento do disco, com um espectáculo que deverá contar com a presença das bandas que fazem parte do “Escuta”.

Abrantes em 1981 Janeiro, 21 - Iniciam-se as emissões da Rádio Antena Livre. Janeiro – Rui Martins assume a direcção artística do Orfeão de Abrantes. Maio, 16 - É constituído o Rotary Club de Abrantes. Junho, 1 – O Governo autoriza que a instalação de uma unidade industrial de fabrico e montagem de dispositivos de travagem. Junho, 21 - Realiza-se o I Encontro de Coros do Ribatejo, organizado pelo Orfeão de Abrantes. Junho, 27 - É inaugurado o abastecimento de energia eléctrica a Vale do Açor e a Água das Casas. Julho, 10 - É lançada a primeira edição da

Memória histórica da notável vila de Abrantes, da autoria de Manuel António Morato e de João Valentim da Fonseca Mota, organizada por Eduardo Campos, que “inaugura” a actividade editorial da CMA. Julho – Devido a uma grande vaga de incêndios florestais o Serviço Nacional de Bombeiros declara os concelhos de Abrantes e Constância zona de calamidade. Outubro, 1 - É constituída a ANAMCAR — Associação de Naturais, Amigos e Moradores de Carvalhal. Outubro, 3 - É inaugurado o abastecimento de energia eléctrica a Bairrada (Souto). Outubro, 24 - É constituído o Lions Clube de Abrantes.

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CULTURA 15

JANEIRO2011

LUGARES COM HISTÓRIA

A torre de Punhete (Constância) TERESA APARÍCIO

A Torre de Punhete, hoje Constância, infelizmente já não existe, nem já há qualquer pessoa viva que dela se lembre, pois, infelizmente, foi deitada abaixo, por ordem da Câmara, em 1905. Ainda entrou na era da fotografia e, pelo menos, as suas últimas imagens puderam ser fixadas para a posteridade. A esplanada Pèzinhos no Rio é um local muito agradável, sobretudo quando o tempo ajuda. Em baixo desliza o Tejo manso ou acelerado, consoante a época do ano e um pouco abaixo desagua o Zêzere, que ainda se vê por entre as copas frondosas de algumas árvores centenárias. Em tempo de cheias, o rio vem mesmo molhar os pés desta esplanada. Abaixo desta encontra-se uma escadaria e depois um pequeno largo que dá para o Tejo e que se encontra ladeado por um gradeamento de ferro, que tem uma reentrância em ângulo recto. Era aqui que se situava a torre, restos do que foi um castelo apalaçado e, se nós olharmos para

ver o que se encontra por baixo da grade, ainda podemos ver restos de uma forte muralha antiga, derradeiros vestígios do velho monumento. Haver uma fortaleza perto da confluência dos rios era previsível, pois locais como este eram muito sujeitos a ataques, desde a mais remota antiguidade. Desconhece-se quem foram os povos que construíram neste local a primeira fortaleza. Sa-

be-se que quando a povoação foi conquistada aos Mouros em 1150, existia já ali um castelo em mau estado, que Gualdim Pais, então mestre da ordem dos Templários, mandou reconstruir, para reforçar a defesa da linha do Tejo. Nos séculos seguintes, com a região pacificada, não há referências ao castelo, sabe-se apenas que, nos princípios do século XVI, se encontrava na posse dos Sande,

então senhores de Punhete. D. João de Sande, por volta de 1530, fez no castelo importantes obras e transformou-o no seu palácio residencial, como era moda no início do Renascimento. É muito provável que date desta época a configuração exterior de que fazia parte a emblemática torre, cujas imagens ainda chegaram até nós. Este palácio fortaleza teve os seus tempos áureos no século XVI. Por ali passaram convidados notáveis dos senhores de Sande, contandose entre os mais famosos D. Sebastião e muito provavelmente Luís de Camões. Sabe-se que aquele rei passou várias vezes por Punhete e que foi ele que elevou esta povoação à categoria de vila. Seria também aqui, na chamada Casa da Torre, que teria anunciado aos nobres a sua intenção de se deslocar até ao Norte de África para combater os muçulmanos, campanha esta que desembocou na infeliz batalha de Alcácer Quibir, onde viria a falecer. Depois destes tempos de glória, a Casa da Torre foi entrando lenta-

mente em decadência, de modo que, nos princípios do século XIX, já estava reduzida a um monte de ruínas, sobressaindo na paisagem apenas a torre altaneira que lhe dera o nome. No princípio do século XX, o processo de degradação tinha chegado a tal ponto que o local encontrava-se transformado em retretes públicas, o que tornava sítio desagradável, insalubre e mal cheiroso. A Câmara então resolveu cortar o mal pela raiz, pelo que em 1905 tomou a infeliz decisão de mandar deitar abaixo o que restava do velho monumento, o que, diga-se em abono da verdade, não teria sido fácil com a pouca tecnologia existente na altura. Os mais esclarecidos revoltaramse com a decisão de destruir este pedaço importante da sua história, mas nada já havia a fazer. Hoje, só sobrevive na toponímia, pois aquele espaço ainda conserva o nome de Largo da Torre. Bibliografia: Coelho, António Matias, “Memórias da Torre de Punhete”, Zahara nº8, Novembro de 2006

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16 CULTURA & ESPECTÁCULOS

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Rita Redshoes estreia-se a solo em Abrantes

AGENDA DO MÊS

Rita Redshoes apresenta-se a solo no Cine-teatro São Pedro para mostrar o segundo disco de originais Lights & Darks. Composto por 14 temas, este álbum já conquistou o público por onde a cantora o tem levado, onde os singles Captain of my soul e You Should Go são cantados em uníssono. Fazem ainda parte deste trabalho Marching In This Life, Bad Lila, Holy Ghost, entre outros, que vão ser ouvidos neste concerto em Abrantes. “Golden Era”, o seu primeiro trabalho a solo, lançado em 2008, conquistou o galardão de disco de ouro por vendas superiores a 15 mil unidades. A última vez que esteve na cidade abrantina foi para acompanhar David Fonseca, na altura ainda em início de carreira enquanto Rita Redshoes. Agora a artista estreia-se a solo com um disco muito aplaudido pela crítica. Será que a cantora vai trazer os seus sapatos vermelhos? O concerto acontece dia 4 de fevereiro, às 21h30.

Abrantes

Pintura de Engrácia Cardoso na Galeria de Arte de Abrantes A pintora Engrácia Cardoso vai levar a sua pintura à Galeria Municipal de Abrantes entre 5 de Fevereiro a 18 de Março. Nascida em Tomar, a artista que já expos em todo o país, chega a Abrantes com o trabalho intitulado Enciclopédia, Um Projecto de Desenho, com pinturas inspiradas em viagens, onde a “relação homem-animal é explorada na perspectiva da partilha do espaço físico”. Engrácia Cardoso já venceu alguns prémios, de destacar o Prémio Jovens Criadores e o Prémio Amadeu de Souza-Cardoso, ambos em 2007.

Adivinhas em verso para jogar em família “Ao contrário de fogo sem se ver / Contenta e descontenta muita vez / Mas é fonte de quanto quer viver / Nasce e morre por dia uma só vez.” Esta é uma adivinha em verso, uma das 60 da autoria de Ema Simplício, que acaba de publicá-las no seu livro “Adivinhas das minhas” (Ed. Página Seguinte). A obra vem na linha da melhor tradição das adivinhas populares e apresenta-se mesmo com uma proposta de jogo. Com base nos curtos poemas de Ema Simplício, tentar adivinhar a resposta. Na sua maioria, as adivinhas foram publicadas no já desaparecido jornal Notícias de Abrantes, nos anos 1987/88. Um livro divertido, para ler e jogar. Enquanto se aguardam novas obras que a autora nos promete.

Borboletas e outros insectos Na Biblioteca António Botto está patente, até 31 de Janeiro, uma exposição de borboletas e outros insectos. É uma iniciativa da UTIA, Universidade da Terceira Idade de Abrantes, que expõe a colecção de António Trindade, um seu professor, aluno e membro do seu grupo de cavaquinhos além de pertencer aos corpos directivos da UTIA desde a sua fundação. A Biblioteca, como de costume, apoia a exposição com um conjunto de livros sobre o mesmo tema. Lembremos que as borboletas são insectos que aliam uma grande fragilidade com, por vezes, uma rara beleza. São ainda animais que podem servir como indicadores de qualidade ambiental, justamente pela sua grande sensibilidade aos factores agressivos do ambiente. O coleccionador, António Gonçalves Trindade, de 68 anos, natural de Arronches, casado e abrantino desde 1970, além de estudar e coleccionar insectos, também o faz relativamente aos minerais, de que já antes ali pudemos ver uma exposição.

Até 31 de maio - Exposição - Memória dos sítios nas colecções do Museu D. Lopo de Almeida - Museu D. Lopo de Almeida - Castelo de Abrantes Até 31 de janeiro - Exposição - Borboletas e outros insectos Trabalhos de colecçãon Biblioteca António Botto Até 28 de janeiro - Exposição - À prova de fogo e de bala - Foto-pinturas de Andrea Inocêncio - Galeria Municipal de Arte 4 de fevereiro – Concerto – Rita Redshoes apresenta “Lights & Darks - Teatro São Pedro, às 21h30. 4 de fevereiro a 11 de março Exposição - Eça de Queiroz - Marcos Biográficos e Literários 18451900 - Biblioteca António Botto 5 de fevereiro a 18 de março - Exposição - Enciclopédia, Um Projecto de Desenho - trabalhos de Engrácia Cardoso - Galeria Municipal de Arte 12 de fevereiro - Teatro infantil Partida, Lagarta, Fugida! - Teatro São Pedro, às 10h30 24 de fevereiro - Entre nós e as palavras com Moita Flores - Apresentação do livro - Mataram o Sidónio - Biblioteca António Botto, às 21h30 CINEMA Espalhafitas - Teatro São Pedro, às 21h30: 26 de janeiro – “36 vistas do Monte Saint-Loup”

Barquinha Até 31 de janeiro - 1 Mês, 1 escritor - Mostra Bibliográfica de Miguel Sousa Tavares - Biblioteca Municipal 5 de fevereiro - Sábados às cinco com Tenente-General Mascare-

nhas - Palestra sobre “A evolução da construção no território português até à romanização” - Centro Cultural, às 17h00

Constância Até 29 de janeiro - Exposição Casca de Caracol - Trabalhos com objectos reciclados de Elisabete Santos - Posto de Turismo Até 31 de janeiro - Mostra Biobibliográfica de Mário Vargas Llosa - Biblioteca Alexandre O’Neill, 10h00 às 12h30 e das 14h00 às 18h30 1 a 28 de fevereiro - Mostra Biobibliográfica de Catherine Andersen - Biblioteca Alexandre O’Neill 6 de fevereiro - Recriação do antigo mercado na Praça Alexandre Herculano - Venda de produtos locais - Das 10h00 às 13h00 11 e 12 de fevereiro - XVI Encontro Nacional Museologia e Autarquias e o VIII Fórum Nacional Urbanismo e Autarquias - dia 11 às 21h00, no Centro Ciência Viva, dia 12 na Casa-Memória de Camões em Constância, das 9h30 às 17h30

Sardoal 1 de fevereiro a 6 de março - 1ª Mostra de Cozinha Fervida e Vinhos – Restaurantes da vila 5 de fevereiro - Teatro - A Boda Deslumbrante, pela Companhia Ultimacto - Centro Cultural Gil Vicente, às 21h30 CINEMA Centro Cultural Gil-Vicente, às 16h00 e 21h30: 29 de janeiro - “Harry Potter e os Talismãs da Morte - Parte 1” 13 de fevereiro – “Gru – O Maldisposto” 19 de fevereiro – “A Cidade”

Casca de caracol em exposição Encontra-se patente ao público no Posto de Turismo de Constância, até ao dia 29 Janeiro, uma exposição de trabalhos em casca de caracol. A artesã Elisabete Santos é natural de Abrantes e realiza este tipo de trabalhos nos seus tempos livres. Nesta mostra vai encontrar pequenas peças que representam o cara-

col na sua forma original. Esta exposição dá especial valor ao acto de fazer reciclagem. Além disso, promove uma variedade de trabalhos para decoração de interiores. A mostra pode ser visitada nos seguintes horários: Dias úteis: 9h3013h00 /14h30 17h30; sábados, domingos e feriados: 14h30-18h00.

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CULTURA 17

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CONSTÂNCIA

Especialistas vêm debater Património e Território O XVI Encontro Nacional Museologia e Autarquias e o VIII Fórum Nacional Urbanismo e Autarquias decorrem no dia 11 de Fevereiro na Batalha e nos dias 11 à noite e 12 em Constância. “Território, Cultura, Ciência e Inclusão” é o tema destes Encontros e a irganização científica é da responsabilidade dos Departamentos de Urbanismo e de Museologia da Universidade Lusófona de Humanidade e Tecnologias. Esta reunião de especialistas pretende “debater a presença das áreas científicas e tecnológicas no mundo do património e dos museus, analisar a utilização dos recursos patrimoniais no ordenamento do território à luz da recente legislação e procurar caminhos para a inclusão no campo da comunicação cultural”. Em Constância, os trabalhos decorrem no dia 11, a partir das 21h00, no Centro Ciência Viva e no dia 12 na Casa-Memória de Camões em Constância, das 9h30 às 17h30. A participação no Encontro está sujeita a inscrição e ao pagamento de 20 € para estudantes e 25€ para o público em geral. Para mais informação e inscrições, contactar a Câmara Municipal de Constância – Gabinete de Apoio ao Presidente (249 730 051).

ABRANTES

Testemunhas de Jeová construíram Salão do Reino Deve ser tomado à letra o termo “construíram”. Foram eles e elas, com as suas mãos, dando o corpo ao manifesto, que durante sete meses construíram o templo que já está ao serviço das “congregações” de Abrantes e Alferrarede.

E pagaram da sua carteira os cerca de 200 mil euros que a obra custou. Um arquitecto fez o projecto e um empreiteiro dirigiu os trabalhos. Mas os trabalhadores foram os próprios crentes. “Foram centenas de pessoas, não só daqui, mas de 43 congregações, de Norte a Sul do país”, explica José Luís Torres, um dos homens que responde pela casa. Portanto, o valor da obra não entra em conta com o trabalho voluntário. E Massimo Esposito, outro dos responsáveis da casa realça: “Foi tudo pago por nós, em contribuições pessoais. Não tivemos qualquer subsídio, nem recorremos a empréstimo bancário”, O novo templo, ou Salão do Reino das Testemunhas de Jeová, fica situado na zona dos Telheiros,

entre a Chainça e Alferrarede. É sobretudo uma sala, ou melhor, um auditório, muito bem equipado, com cento e vinte lugares sentados. “Nós não temos propriamente um culto com um ritual presidido sempre pela mesma pessoa. Nós temos reuniões de estudo bíblico. Lê-se um trecho da Bíblia, depois desenvolve-se, há uma interacção entre as pessoas da sala e quem está na tribuna, que não é sempre a mesma pessoa, o bispo ou o chefe,”, explica Massimo Esposito.

As Testemunhas de Jeová, segundo José Luís Torres, estão em Abrantes desde a primeira metade da década de sessenta. Tinham até ao momento o Salão do Reino em instalações provisórias um pouco abaixo do antigo quartel dos bombeiros de Abrantes. Agora, a nova construção serve as duas congregações, cada uma com cerca de sessenta membros, que reúnem em dias diferentes, quartas e quintas e sábados e domingos. O Salão está, portanto, calculado para o cresci-

mento da comunidade das Testemunhas de Jeová nesta zona. O novo Salão do Reino já entrou ao serviço, mas a inauguração formal será apenas dentro de alguns meses. Entretanto, fica o convite, formulado por José Luís Torres, para que “os nossos vizinhos e amigos nos visitem. A casa está aberta a quem quiser vir. Não há colectas, a pessoa é livre, entra quando quer e sai quando quer. Serão bem-vindos.” Alves Jana

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Conceição Maria Mendes Conceição Maria Mendes, faleceu no dia 14 de Dezembro de 2010, com 89 anos, residente em Fontes, tendo sido sepultada no cemitério de Fontes. Tinha seis filhos Joaquim Maria Mendes, Agostinho Maria Mendes, Maria da Conceição Mendes, João Martinho Mendes, Manuel Conceição Mendes, Martinho José Mendes. Era casada com Martinho Mendes Agradecimento e apreço pelo pessoal médico do C.H.M.T. Abrantes extensivo ao pessoal de enfermagem e auxiliar pelo carinho dedicado, não esquecendo o trabalho do Exmo Dr. Pedro Pires.

Agradecimento

Joaquim Rodrigues Chaleira N - 29/06/1926

F - 3/01/2011

A sua família agradece a todas as pessoas que o acompanharam até à sua última morada, ou que por qualquer forma manifestaram o seu pesar. Um agradecimento especial a todos quantos o apoiaram e se interessaram pela sua doença. A todos o seu bem-haja.

Telefone: 241364471 Telemóvel: 938 066 087

NOTARIADO PORTUGUÊS

NOTARIADO PORTUGUÊS

CARTÓRIO NOTARIAL DE SÓNIA ONOFRE EM ABRANTES A CARGO DA NOTÁRIA SÓNIA MARIA ALCARAVELA ONOFRE

CARTÓRIO NOTARIAL DE SÓNIA ONOFRE EM ABRANTES A CARGO DA NOTÁRIA SÓNIA MARIA ALCARAVELA ONOFRE

-Certifico para efeitos de publicação que por escritura lavrada no dia dez de Dezembro de dois mil e dez, exarada de folhas cinquenta a folhas cinquenta e um verso, do Livro de Notas para Escrituras Diversas OITENTA E CINCO – A, deste Cartório Notarial, foi lavrada uma escritura de JUSTIFICAÇÃO na qual os Senhores JOAQUIM ANASTÁCIO, contribuinte fiscal número 133 302 024 e mulher MARIA DE LURDES AGUDO ANASTÁCIO, contribuinte fiscal número 133 302 032, casados sob o regime da comunhão geral de bens, ambos naturais da freguesia de Sardoal, residentes na Rua da Espinhaça, número 11, em Sardoal, DECLARARAM QUE, com exclusão de outrém, são donos e legítimos possuidores do seguinte prédio: - Prédio urbano, sito na Rua da Espinhaça, na freguesia e concelho de Sardoal, composto de casa de habitação de rés-do-chão, primeiro e segundo andar, com a área coberta de setenta e seis metros quadrados e logradouro com a área de doze metros quadrados a confrontar de Norte com José Miguel, de Sul com Rua da Espinhaça, de Nascente com Manuel Grácio e de Poente com David Agudo, omisso na Conservatória do Registo Predial de Sardoal, inscrito na respectiva matriz sob o artigo 261. - Que o prédio ora justificado está inscrito na matriz em nome dele justificante marido e que são possuidores do prédio acima identificado e que este veio à sua posse por compra verbal, não titulada a Tobias de Carvalho e mulher Emília Carapuça, casados no regime da comunhão geral de bens, residentes que foram em Sardoal, no ano de mil novecentos e setenta e oito, logo há mais de trinta anos. - Que, desde a referida data, vêm exercendo continuamente a sua posse, à vista de toda a gente, usufruindo de todas as utilidades do prédio, fazendo a sua conservação e obras de beneficiação, na convicção de exercer direito próprio, ignorando lesar direito alheio, sendo reconhecidos como seus donos por toda a gente da freguesia e freguesias limítrofes, pacificamente, porque sem violência, continua e publicamente, de forma correspondente ao exercício do direito de propriedade, sem a menor oposição de quem quer que seja e pagando os respectivos impostos, verificando-se assim todos os requisitos legais para que ocorra a aquisição do citado imóvel por usucapião. - Está conforme ao original e certifico que na parte omitida nada há em contrário ou além do que nesta se narra ou transcreve.

Certifico para efeitos de publicação que por escritura lavrada no dia vinte e nove de Dezembro de dois mil e dez, exarada de folhas trinta e quatro a folhas trinta e seis do Livro de Notas para Escrituras Diversas OITENTA E SEIS – A, deste Cartório Notarial, foi lavrada uma escritura de JUSTIFICAÇÃO na qual os Senhores JOÃO ANTÓNIO TAVARES LOURENÇO, contribuinte fiscal número 128 625 821 e mulher EMÍLIA ISABEL RODRIGUES DUQUE LOURENÇO, contribuinte fiscal número 175 196 010, casados no regime da comunhão de adquiridos, naturais, ele da freguesia e concelho de Sardoal e ela da freguesia de Alcaravela, do concelho de Sardoal, residentes na Rua da Alagoa, em Presa, Alcaravela, Sardoal, DECLARARAM que, com exclusão de outrém, ele marido é dono e legítimo possuidor dos seguintes prédios: - UM) Prédio rústico, sito em Horta Velha, na freguesia de Alcaravela, do concelho de Sardoal, composto de cultura arvense de sequeiro, macieiras, oliveiras e pinhal, com a área de cinco mil metros quatrocentos e oitenta metros quadrados, a confrontar de Norte e Sul com Júlio Lobato, de Nascente com caminho público e de Poente com ribeira, omisso na Conservatória do Registo Predial de Sardoal, inscrito na respectiva matriz sob o artigo 252 da secção AE. - DOIS) Prédio rústico, sito em Rabo de Gato, na freguesia de Alcaravela, do concelho de Sardoal, composto de mato, oliveiras, pinhal e horta com a área de mil seiscentos e vinte metros quadrados, a confrontar de Norte com Manuel Pereira, de Sul com ribeira, de Nascente com Manuel Lopes Pimenta e de Poente com Custódio Fernandes, omisso na Conservatória do Registo Predial de Sardoal, inscrito na respectiva matriz sob o artigo 68 da secção AF. - TRÊS) METADE do Prédio urbano, sito em Porto da Presa, na freguesia de Alcaravela, do concelho de Sardoal, composto de casa que se destina a azenha com uma pedra e uma porta, com a área coberta de dez metros quadrados, a confrontar de Norte, Sul, Nascente e Poente com António Lourenço Bernardo e Joaquim Pires Vital, omisso na Conservatória do Registo Predial de Sardoal, inscrito na respectiva matriz sob o artigo 387. - Que os prédios ora justificados estão inscritos na matriz em nome dele justificante marido e que é possuidor dos mesmos desde pelo menos mil novecentos e setenta e quatro, os quais vieram à sua posse por partilha verbal, por óbito de seu pai JOSÉ LOURENÇO, casado com Maria da Luz Tavares, no regime da comunhão geral de bens, residente em Presa, Alcaravela, Sardoal, ainda no estado de solteiro. - Que, desde a referida data, vem exercendo continuamente a sua posse, à vista de toda a gente, usufruindo de todas as utilidades dos prédios, fazendo a sua conservação e obras de beneficiação, amanhando-o, apanhando a fruta, cortando a madeira, na convicção de exercer direito próprio, ignorando lesar direito alheio, sendo reconhecido como seu dono por toda a gente da freguesia e freguesias limítrofes, pacificamente, porque sem violência, continua e publicamente, de forma correspondente ao exercício do direito de propriedade, sem a menor oposição de quem quer que seja e pagando os respectivos impostos, verificando-se assim todos os requisitos legais para que ocorra a aquisição dos citados imóveis por usucapião. Esta conforme ao original e certifico que na parte omitida nada há em contrário ou além do que nesta se narra ou transcreve.

Abrantes, 10 de Dezembro de 2010

Abrantes, 29 de Dezembro de 2010

A Notária, Sónia Maria Alcaravela Onofre

A Notária Sónia Maria Alcaravela Onofre

(em Jornal de Abrantes, edição 5480 – Janeiro de 2011)

(em Jornal de Abrantes, edição 5480 - Janeiro de 2011)

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SAÚDE 19

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Secção da responsabilidade da Unidade de Saúde Publica do ACES do Zêzere

Saúde oral: uma responsabilidade de todos

CENTRO MÉDICO E DE ENFERMAGEM DE ABRANTES Largo de S. João, N.º 1 - Telefones 241 371 566 - 241 371 690

CONSULTAS ACUPUNCTURA Dr.ª Elisabete Alexandra Duarte Serra ALERGOLOGIA Dr. Mário de Almeida; Dr.ª Cristina Santa Marta CARDIOLOGIA Dr.ª Maria João Carvalho CIRURGIA Dr. Francisco Rufino CLÍNICA GERAL Dr. Pereira Ambrósio - Dr. António Prôa DERMATOLOGIA Dr.ª Maria João Silva GASTROENTERELOGIA E ENDOSCOPIA DIGESTIVA Dr. Rui Mesquita; Dr.ª Cláudia Sequeira MEDICINA INTERNA Dr. Matoso Ferreira NEFROLOGIA Dr. Mário Silva NEUROCIRURGIA Dr. Armando Lopes NEUROLOGIA Dr.ª Isabel Luzeiro; Dr.ª Amélia Guilherme

POR

MARCAÇÃO

OBSTETRÍCIA E GINECOLOGIA Dr.ª Lígia Ribeiro, Dr. João Pinhel OFTALMOLOGIA Dr. Luís Cardiga ORTOPEDIA Dr. Matos Melo OTORRINOLARINGOLOGIA Dr. João Eloi PNEUMOLOGIA Dr. Carlos Luís Lousada PROV. FUNÇÃO RESPIRATÓRIA Patricia Gerra PSICOLOGIA Dr.ª Odete Vieira; Dr. Michael Knoch; Dr.ª Maria Conceição Calado PSIQUIATRIA Dr. Carlos Roldão Vieira; Dr.ª Fátima Palma UROLOGIA Dr. Rafael Passarinho NUTRICIONISTA Dr.ª Carla Louro SERVIÇO DE ENFERMAGEM Maria João TERAPEUTA DA FALA Dr.ª Susana Martins

ESCRITÓRIO/ /CONSULTÓRIO ARRENDA-SE/ VENDE-SE No centro da cidade, em prédio novo Rua Luís de Camões – 11- 1.º Abrantes CONTACTAR:

241 372 831

A prevenção das doenças orais implica intervenções na área da higiene oral, da educação alimentar e administração de flúor. Também a utilização de uma resina nos dentes posteriores - selante de fissuras - protege as zonas mais difíceis de escovar e por isso mais frequentemente atingidas pela cárie dentária. Em Portugal, na sequência de uma reestruturação do Programa Nacional de Promoção da Saúde Oral, existem agora dois tipos de referenciação (encaminhamento para prestação de cuidados por profissional especializado) – para higiene oral, se a criança tem todos os dentes definitivos sãos, e para medicina dentária, se a criança necessita de tratamentos curativos, como restaurações ou extracções. No ACES do Zêzere as crianças referenciadas para higiene oral são convocadas através do Agrupamento de Escolas e transportadas a maioria, pelas Câmaras Municipais, às consultas de saúde oral de Alferrarede ou de Tomar, para a aplicação dos selantes de fissuras nos dentes definitivos sãos pelas higienistas orais. As crianças com cárie dentária, através da atribuição de cheques-dentista, podem fazer tratamento aos dentes doen-

tes e aplicação de selantes de fissuras nos que ainda se apresentam sãos. No nosso ACES colaboram com o programa 24 médicos-dentistas, que fazem parte da lista nacional de médicos aderentes (ver em www.saudeoral.min-saude.pt e de listas concelhias disponíveis nos Centros de Saúde e que pode ser escolhido livremente, de acordo com a decisão e preferência do encarregado de educação. No ano lectivo de 2009/10 receberam cheque-dentista cerca de 3000 alunos de 7, 10 e 13 anos. Infelizmente cerca de 45% perderam a possibilidade de beneficiarem dos cuidados de saúde oral prestados nas consultas, por falta de comparência. Tratando-se de um processo completamente gratuito, desde a triagem dos dentes definitivos nas escolas, até ao final dos tratamentos preventivos e/ou curativos, não parece aceitável que atitudes menos cooperantes por parte dos adultos responsáveis possam prejudicar, no presente e no futuro, a saúde oral e geral das crianças beneficiárias. Por isso, é desejo dos serviços de saúde do ACES do Zêzere que todos os alunos de 7, 10 e 13 anos, que no presente ano lectivo corres-

NOTARIADO PORTUGUÊS CARTÓRIO NOTARIAL DE SÓNIA ONOFRE EM ABRANTES A CARGO DA NOTÁRIA SÓNIA MARIA ALCARAVELA ONOFRE Certifico para efeitos de publicação que por escritura lavrada no dia dezanove de Janeiro de dois mil e onze, exarada de folhas cento e trinta e cinco a folhas cento e trinta e seis verso, do Livro de Notas para Escrituras Diversas OITENTA E SEIS – A, deste Cartório Notarial, foi lavrada uma escritura de JUSTIFICAÇÃO na qual os Senhores ROSÁRIA RODRIGUES D’OLIVEIRA ALVES FERNANDES e marido JOAQUIM ALVES FERNANDES, casados sob o regime da comunhão de adquiridos, ambos naturais da freguesia de Bemposta, do concelho de Abrantes, residentes na Rua Nova, no lugar de Chaminé, em Bemposta, Abrantes, DECLARARAM QUE ela outorgante mulher e com exclusão de outrem, é dona e legítima possuidora do Prédio urbano, sito na Rua Nova, no lugar de Chaminé, na freguesia de Bemposta, do concelho de Abrantes, composto de arrecadação com a área coberta de sessenta e quatro vírgula setenta e cinco metros quadrados e logradouro com a área de dois mil cento e seis virgula vinte e cinco metros quadrados, a confrontar de Norte com Herdeiros e Fernando de Matos Lourenço, de Sul com Firmino Duarte Simões, de Nascente com Rua Nova e de Poente com ribeira, omisso na Conservatória do Registo Predial de Abrantes, inscrito na respectiva matriz sob o artigo 2221. Que o prédio está inscrito na matriz em nome dela justificante mulher e que ela é possuidora do prédio acima identificado por lhe ter sido doado verbalmente, por seus pais JOSÉ DE OLIVEIRA DA FONTE e SENHORINHA MARIA RODRIGUES, casados no regime da comunhão de geral de bens, residentes que foram no lugar de Chaminé, em Bemposta, Abrantes, antes do ano de mil novecentos e setenta e sete, logo há mais de trinta anos. Que, desde a referida data, vem exercendo continuamente a sua posse, à vista de toda a gente, usufruindo de todas as utilidades do prédio, fazendo a sua conservação e obras de beneficiação, na convicção de exercer direito próprio, ignorando lesar direito alheio, sendo reconhecida como sua dona por toda a gente, pacificamente, porque sem violência, continua e publicamente, de forma correspondente ao exercício do direito de propriedade, sem a menor oposição de quem quer que seja e pagando os respectivos impostos, verificando-se assim todos os requisitos legais para que ocorra a aquisição do citado imóvel por usucapião. Está conforme ao original e certifico que na parte omitida nada há em contrário ou além do que nesta se narra ou transcreve. Abrantes, 19 de Janeiro de 2011 A Notária, - Sónia Maria Alcaravela Onofre (em Jornal de Abrantes, edição 5480 – Janeiro de 2011)

pondem às crianças nascidas em 2003, 2000 e 1997, aproveitem esta oportunidade única, sendo para isso indispensável que os pais/encarregados de educação assumam a sua responsabilidade pela utilização dos documentos de referenciação/cheques-dentista que lhes serão enviados através da Escola e que terão validade até 31 de Agosto de 2011. Filipa Serra Higienista Oral

Afectividade Nível de cultura médio, idade madura, presença atraente. Considero que cada pessoa é responsável pela própria felicidade. É porém a doce partilha de vivências e emoções que dão sentido à vida. Concorda? Teria muito gosto em conhecê-la. Ligue: 922 110 737 A partir das 21h

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