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MedUECE JANEIRO 2010
Turma Dr. Fábio Machado Landim
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Editorial Sumário Editorial 3 Comissão de formatura 4 Vantagens de cursar Medicina na UECE 5 Primeiros Passos 6 Áreas Disciplinares 7 Introdução ao Internato 9 HGCC 10 HGF 11 HIAS 12 Policlínica Nascente 12 Patrono & Paraninfo 13 Uma Sábia Escolha 14 Nome da Turma 16 Nosso Tempo... 17 Painel de Fotos 18
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hegamos a mais uma turma formada em Medicina pela Universidade Estadual do Ceará. O curso de Medicina se destaca pela juventude e pelos bons resultados em provas e concursos. Há um ano formamos nossa turma prima, e hoje formamos nossa segunda turma de 40 alunos que se destacaram durante todo o curso pelo senso de responsabilidade e interesse constante no aprendizado. A Universidade se sente orgulhosa em diante de tantas dificuldades enfrentadas nos anos passados conseguir entregar à comunidade do nosso estado profissionais capacitados para o exercício da medicina. Conseguimos, no ano que passou, alguns avanços como a lei da gratificação de práticas médicas, inédita e nunca antes pensada por nenhum curso da área de saúde que utiliza o sistema estadual e seus profissionais para o ensino. Avançamos com a contratação de alguns professores efetivos já aprovados em concurso público como na área de cardiologia, gastroenterologia, reumatologia e cirurgia. Realizamos cursos de capacitação cirúrgica de nível internacional na área de otorrinolaringologia. Realizamos a primeira semana de doação de órgãos da UECE. Algumas perdas ocorreram , mas como tudo na vida, as perdas são fundamentais para o progresso e ações importantes foram desencadeadas em especial pelos alunos de todo o curso, em busca de recursos para suprir as nossas deficiências. Podemos fazer um balanço positivo da MEDUECE, que está pronta para no próximo ano crescer técnica e cientificamente, assim como assumir sua posição definitiva de curso de Medicina do Estado do Ceará , apto a atender as necessidades da nossa rede estadual de saúde, se fazendo presente em todas as unidades de ensino, assistência e extensão. Aos nossos colegas médicos que hoje recebem o seu diploma desejamos que tenham uma vida plena e baseada nos princípios da honestidade, sinceridade, caridade e ciência, para que possam assim retribuir, o bem maior recebido, à todos aqueles que os ensinaram: mestres e pacientes. Profª. Drª. Ivelise Regina Canito Brasil Coordenadora do Curso de Medicina
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Comissão de formatura A nossa comissão de formatura foi constituída desde cedo para representar a turma e expressar, em seis dias de eventos, a comemoração do que foi vivenciado em seis anos de dedicação. Foram inúmeros os percalços, as noites mal dormidas, as reuniões intermináveis e polêmicas, a abnegação de prioridades individuais, para buscar e atingir o equilíbrio coletivo. Chegou a hora! Momento pelo qual lutamos e sonhamos: o exercício da Medicina! A beleza de poder mudar de uma maneira única a vida, lidando diariamente com as diferentes nuances da dor física e emocional. Ressalte-se o empenho da comissão em prol das ações adicionais à convergência de um genuíno sentimento de júbilo do grande instante – Ser Médico. De modo que tudo foi idealizado, constituído e construído com muito amor, na perspectiva de celebrar essa ocasião ímpar, em que nascemos como profissionais na arte da Medicina. A felicidade efusiva de saber que procuramos sempre fazer o máximo do melhor nos preenche de satisfação e legítimo encanto. Carolina Oliveira Costa
Expediente
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Universidade Estadual do Ceará Centro de Ciências da Saúde - Curso de Medicina Turma Dr. Fábio Machado Landim Coordenação e Edição: Prof. Dr. Marcelo Gurgel Carlos da Silva, Roney Gonçalves Fechine Feitosa Redatores: Carolina Oliveira Costa, Carlos Celso Serra Azul Machado Bezerra, Cibele Vasconcelos de Oliveira, Hercília Maria Carvalho Queiroz, Laura Martins Feitosa, Leandro Augusto Menezes Rêgo, Roney Gonçalves Fechine Feitosa, Saulo da Silva Diógenes Fotografias: Roney Gonçalves Fechine Feitosa e João Bosco Breckenfeld Bastos Filho Colaboradores: Prof. Dr. Marcelo Gurgel Carlos da Silva, Profª. Drª. Ivelise Regina Canito Brasil, Dra. Níobe Maria Ribeiro Furtado Barbosa Projeto Gráfico e Impressão: Expressão Gráfica Diagramação: Orlane Rocha
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VANTAGENS DE CURSAR MEDICINA NA UECE O caráter multiprofissional do corpo docente que integra o quadro atual do Curso de Medicina da UECE pode ser expresso pela presença de oito diferentes graduações. Dos cinqüenta professores integrantes do Colegiado do Curso, os 34 médicos são maioria (68%), e, desses, 24 (70,6%) fizeram Residência Médica. No tocante à maior titulação pós-graduada dos professores, 90% possuem mestrado (28%) ou doutorado (62%), sendo 10% deles, inclusive, com pós-doutoramento. A senioridade na carreira acadêmica pode ser notada pela presença de dois professores visitantes, 27 adjuntos e seis titulares, sendo a Medicina o colegiado que concentra o maior número de titulares dos cursos ueceanos. Apenas 17 (34%) docentes cumprem jornada parcial de trabalho e dos 33, em tempo integral, 17 têm dedicação exclusiva à universidade. A maioria dos doutores mantém vinculo com a pós-graduação, como integrantes de vários programas de doutorado e de mestrado. Muitos deles possuem projetos financiados por agências de fomento à pesquisa e alguns são detentores de bolsas de produtividade de pesquisa do CNPq, concorrendo para a inserção de dezenas de alunos em seus projetos, com a concessão de bolsas de iniciação científica, resultando em artigos publicados em periódicos científicos e trabalhos apresentados em congressos, com a inclusão estudantil. A experiência em trabalho na área médica, incluindo atividades assistenciais, é identificada em todos os médiRevista MedUECE - Turma Dr. Fábio Machado Landim - Medicina UECE 2009.2
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cos do corpo docente diretamente envolvido no Curso. Dos demais membros, quase todos exercem funções correlatas à Medicina, notadamente em Saúde Coletiva, ou em pesquisa básica médica. A limitação de recursos institucionais, dos primeiros anos, tem sido compensada pelo uso engenhoso dos excelentes serviços dos hospitais de referência do Estado e de Fortaleza, e de instituições filantrópicas (ICC e FUNCIPE), mercê do empenho e da dedicação dos corpos clínicos dessas entidades, que muito bem acolhem os discentes da UECE. Outro importante diferencial do curso reside na excepcional qualidade dos discentes, recrutados em vestibulares, observando a concorrência média de 66,42 candidatos por vaga, o que leva a matricular alunos secundaristas de inegável brilho. Esse fato pode ser ratificado pelo ENADE, que, na categoria de ingressantes, posicionou os acadêmicos da UECE, em 2004 e em 2007, em segundo e em terceiro lugares, do Brasil, respectivamente. Os vários processos seletivos para estágios hospitalares públicos têm dado destaque à notável performance dos estudantes da UECE, da mesma forma que os preceptores de internato reconhecem o elevado nível e o vivo interesse no aprendizado dos nossos internos, confirmando que ser pequeno, afinal são apenas quarenta novos alunos por ano, pode ser uma vantagem comparativa para melhor preparar futuros médicos. Prof. Dr. Marcelo Gurgel Carlos da Silva
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PRIMEIROS PASSOS Ingenuamente criamos um sonho: Cada um ao seu tempo Com motivos frágeis, mas sinceros Feito de esperanças para o nosso futuro Através da união de 40 desejos. Desta forma, nas nossas diferenças, cultivamos esse sonho: Com a alegria da aprovação Criando laços de amizade Vibrando por cada conquista individual E nos reconhecendo como turma. Então, unidos, amadurecemos nosso sonho: Com empenho para sepultarmos os preconceitos Enfrentando as dificuldades de um curso em formação Buscando compreender os que decidiram seguir outros caminhos E defendendo a ética perante as injustiças. Assim, com respeito, experimentamos esse sonho: Pela dedicação de nossos professores Sobre o pilar da justiça social Com a generosidade de nossos pacientes E amparados pelos que nos precederam. Hoje, médicos, vivemos nosso sonho. Porém, mais importante: Ainda ousamos sonhá-lo. Laura Martins Feitosa
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Áreas disciplinares CADEIRAS BÁSICAS, MAS NÃO MENOS IMPORTANTES... A educação em Medicina composta pelas disciplinas básicas iniciais, ministradas por nossos singulares professores, constituiu ferramenta fundamental para iniciar o processo de amadurecimento, desenvolvimento e formação de jovens futuros médicos, e deve ser considerada como uma das tarefas mais árduas a ser conquistada ao longo de seis anos. Hercília Maria Carvalho Queiroz
CLÍNICA MÉDICA... Segundo Voltaire, “A arte da medicina consiste em distrair o paciente enquanto a Natureza cuida da doença”. Com a Clínica Médica, percebemos que não é bem assim. O talento, a transpiração e a busca pelo diagnóstico, com a missão da melhor conduta e do cuidado soberano pelo paciente, fazem toda a diferença no processo da cura. A Clínica médica é a Medicina em sua forma mais complexa e intrigante! O cenário inicial são os grandes Serviços de Saúde do Estado (HGCC, HGF, HGWA, HMessejana, Dona Libânia, ICC), locais com alma própria pela sua história e pela realidade de cada paciente. A Semiologia se iniciou para nós como um desafio peculiar... Mas a clínica médica nos tornou aptos para escutar, examinar, acalentar, diagnosticar e tratar! Aprendemos e como aprendemos... Sem os nossos mestres nada seríamos, ou não seríamos como somos hoje... Agradecemos o empenho; reconhecemos a dedicação e o cuidado em nos tornar aptos. Todos vocês que nos inspiraram nessa ciência de corpos e de almas ficaram de alguma forma em nossa lembrança. Carolina Oliveira Costa CIRURGIA No ensino da arte cirúrgica, muitos foram nossos mestres. Tal qual artistas, souberam-nos inspirar, aguçar-nos a sensibilidade e o compromisso. Com os tons e as texturas do conhecimento tornamo-nos obras de arte, primorosas em sua feitura. Cirurgiões geralmente são vistos como ilhas: auto-suficientes em si mesmos. Que tudo que precisam para fazer seu trabalho é um centro cirúrgico, um bisturi e um corpo. Mas a verdade é que nem o melhor consegue sozinho. A cirurgia, como a vida, é um esporte de equipe. Eventualmente, você tem que levantar do banco e decidir: em que time você joga? Bom, eu jogo pelo UECE! Leandro Augusto Menezes Rêgo e Laura Martins Feitosa Revista MedUECE - Turma Dr. Fábio Machado Landim - Medicina UECE 2009.2
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GINECOLOGIA/OBSTETRÍCIA O termo “obstetrícia” vem da palavra latina “obstetrix”, que é derivada do verbo “obstare” (ficar ao lado), não somente ficar ao lado da gestante, mas ao lado de Deus. A Obstetrícia nos permite ver o milagre da criação todos os dias. Quem não tem uma história engraçada para contar. Na sala de parto, ao examinar pela primeira vez a paciente, imaginávamos tudo, não tínhamos certeza de nada, terminava o exame e a dúvida continuava: seria 3 ou 9cm?. Durante as visitas, as gestantes eram todas iguais e as idades também, até que as próprias pacientes nos corrigissem na hora da visita: 25 não, 30 anos e todos se olhavam, mas um sorriso sempre vinha depois... Cibele Vasconcelos de Oliveira PEDIATRIA No dicionário Aurélio, a pediatria é definida como “o estudo de doenças de crianças”. Definição simplória e objetiva e, eu diria, incompleta. Ao longo dos seis anos do curso, cada um de nós montou o seu conceito particular sobre essa área da medicina. O que ao início era um grande mistério, no qual apenas conseguíamos ver uma medicina miniaturizada, aplicada em adultos pequenos, paulatinamente foi tomando forma de afeição, de simpatia, de uma verdadeira ciência do amor e da dedicação. Foi no internato a grande revelação, quando passamos a ter as verdadeiras aulas de vivência pediátrica com essas que hoje homenageamos e, com grata satisfação, afirmo que, muito mais do que apenas pupilos, essas pediatras nos acolheram como seus filhos, amigos e colegas, tendo para conosco a paciência soberana do conhecimento, a dedicação materna e o companheirismo amigo. Como uma verdadeira mágica, aprendemos a amar a Pediatria e entendemos a excelência do cuidado à criança. Percebemos que para ser pediatra é necessário não apenas dedicação, sacrifício ou mesmo sacerdócio, mas incondicional amor por esses seres puros e inocentes da criação divina, ainda tão necessitados de tudo. Agora formandos, mas, ainda sim, apenas crianças a engatinhar na medicina, foi-nos necessário dar vazão ao sentimento maternal ou paternal e enxergar naquele pequeno ser como sendo seu sobrinho, seu irmão mais novo, ou mesmo, seu próprio filho, conforme nos foi ensinado pelas nossas mestras-mães-professoras. A pediatria é, enfim, meus caros colegas, a verdadeira arte da medicina, onde integralmente conseguimos nos doar ao auxílio da criança. Saulo da Silva Diógenes
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FUNCIONÁRIOS DA UECE Quando fecho os olhos e me imagino chegando à sala de aula, não sonho simplesmente abrindo a porta, mas chegando ao instituto e encontrando pessoas tão especiais com seus “Bom Dia!” tão sinceros. Tenho certeza de que isso não acontece somente comigo, mas com cada um que aqui está. Vocês fazem parte da nossa história, fazem parte do nosso sucesso. E hoje, para nós, vocês não são apenas funcionários, mas o amigo Seu Ivan, o amigo Seu Albano e o amigo Gleidson. Desculpem-nos se por vezes, pela correria do diaa-dia ou pelo nervosismo das provas, não retribuímos a atenção a que nos foi dada. É com grande satisfação que agora nós que batemos continência para vocês como sinal de respeito, de carinho, de saudade e de Muito Obrigado. Cibele Vasconcelos de Oliveira
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INTRODUÇÃO AO INTERNATO
“Vivendo, se aprende; mas o que se aprende, mais, é só fazer outras maiores perguntas.” (Guimarães Rosa) A partir do dia em que decidimos sermos médicos nos enchemos de expectativas e planos. Daí então… tentamos alcançar esses objetivos: Ingressamos na universidade, somos todos alunos do curso de medicina da UECE, tentamos aprender o máximo possível e, de repente, já se passaram 04 anos e meio e estamos prestes a entrar no internato. E nesse momento, aumentam as expectativas: Expectativa dos caminhos que iremos trilhar. Das pessoas que iremos ajudar. Da diferença que faremos. Grandes expectativas sobre quem seremos. Aonde iremos. Se conseguiremos validar todo o empenho e dedicação dos nossos professores... Laura Martins Feitosa
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Hospital Geral Dr. César Cals de Oliveira
INTERNATO NO HGCC No internato respiramos, praticamos e vivenciamos a Medicina em toda a sua essência. Nas anamneses e exames físicos, prescrições, evoluções, pedidos de exame, relatórios de altas, afeto e convívio diário com cada paciente, que chamamos e reconhecemos como nossos pacientes, amadurecemos para nossas vidas profissionais. Sim eles nos chamam de doutores e nos confiam suas queixas, suas emoções, suas vidas, tornando-nos melhores em nosso ofício, tornando-nos mais humanos. Ao chegar no Hospital Geral Dr. César Cals de Oliveira (HGCC) no primeiro dia de internato, temos uma reunião com todos os internos e chefes de Serviços que nos mostra o tamanho da união do hospital. O Bom Dia, sejam bem vindos, que recebemos diariamente na portaria é uma pequena amostra da satisfação de seus funcionários e da energia de acolhimento que nos envolve. O internato do César Cals é diferenciado, pela responsabilidade e disciplina ensinadas a cada interno, pelo grau de compromisso desenvolvido com cada paciente, pelos preceptores, residentes, internos e funcionários que compõem o hospital, pelo amor como é feito. Cada setor, seja na Clínica Médica, Cirurgia, Gineco-
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logia e Obstetrícia, contribui valorosamente para aprimorar nossa vocação. E o sentimento de estar fazendo parte de uma grande família é quase que imediata. Criamos nossa identidade como médicos, somos respeitados pela história que construímos e somos queridos como filhos de uma instituição viva. E no que se refere ao internato do curso de Medicina da UECE, o resultado vem sendo bastante positivo e promissor. Temos orgulho de estarmos construindo essa tradição. Entramos cheios de teorias, aprendidas nos livros ao longo da faculdade, mas muito inexperientes no exercício da prática Médica. Aprendemos com os pacientes, nos ambulatórios, visitas, seminários, procedimentos, enfim em cada oportunidade de praticar e exercer a Medicina. Saímos melhores, infinitamente melhores e mais completos. E agora, no momento em que terminamos nosso internato e que nascemos como médicos, precisamos registrar e agradecer o papel de destaque que esse Hospital e seus membros ocupam na nossa formação profissional. Somos o que vivemos, e vivemos de acordo com o que nos foi ensinado, nos ensinaram o melhor... Carolina Oliveira Costa Revista MedUECE - Turma Dr. Fábio Machado Landim - Medicina UECE 2009.2
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Hospital Geral de Fortaleza INTERNATO NO HGF Inicia-se uma importante etapa na vida profissional e pessoal de cada um de vocês, que também irão tecer a história desta instituição. O Hospital Geral de Fortaleza – HGF os acolhe em sua missão formadora, com a certeza de estar contribuindo com a melhoria da qualidade do atendimento das pessoas que aqui buscam soluções para seus problemas de saúde, razão maior de nosso compromisso. O HGF caracteriza-se como uma unidade hospitalar de incentivo à pesquisa e formadora de recursos humanos em saúde, isso especialmente é feito através do Centro de Estudos, Aperfeiçoamento e Pesquisas – CEAP com seus Programas de Residência Médica, Internato em Medicina e demais Estágios Acadêmicos. Desde o ano de 2000 o HGF está incluído no Programa de Centros Colaboradores para a Melhoria da Qualidade da Gestão Hospitalar e, em 2001, no Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar, do Ministério da Saúde. Como podem perceber, muitas são as dimensões com as quais estamos comprometidos: prevenir, cuidar, tratar, curar, promover, enfim, produzir saúde.
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Também são muitos os desafios que aceitamos enfrentar por acreditarmos em um sistema de saúde cujos princípios são a equidade, a universalidade e a integralidade da atenção em saúde. Neste cenário destacamos a existência de profissionais diferenciados por sua formação e valores, envolvimento, dedicação e amor ao trabalho que realizam, sobretudo, por vivenciarem e superarem muitas vezes as inúmeras dificuldades estruturais, matérias e financeiras que permeiam a saúde pública. Diante desse trabalho intenso, procuramos exercer um processo de gestão participativo e integrador, gerando co-responsabilidade e, sobretudo, valorizando a dimensão humana e subjetiva dos colaboradores internos, pacientes e usuários, parceiros e fornecedores deste hospital. Exercitem o aprendizado, se conduzam de maneira ética e façam com que suas ações sejam sempre permeadas pelo carinho com os pacientes, com os colegas, com os outros profissionais de saúde que compartilham conosco este trabalho relevante, com todo o pessoal de apoio, sem os quais nosso trabalho seria impossível. Dra. Níobe Maria Ribeiro Furtado Barbosa Diretora Geral do HGF
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Hospital Infantil Albert Sabin INTERNATO NO HIAS Qual a tríade clássica da pediatria? Alguém sabe dizer? Para quem não pertence à nossa turma eu imagino que a reposta seja a seguinte: Criança chorando, mãe reclamando e avó palpitando. Ou seja: um caos! Para nós, felizmente, significa outra coisa... Passando pelo Sabin, pudemos entender que criança, de fato, não é um adulto pequeno. Descobrimos que não importa o quanto se estude, sempre haverá outro diagnóstico diferencial de hepatoesplenomegalia para aprender. Pudemos entender, enfim, porque tivemos que estudar matemática para ser médicos, afinal, hidratar criança é uma arte, e, dentre tantas outras coisas, aprendemos, principalmente, que aquele médico de jaleco colorido tem o dom de, ao atender uma criança, muitas vezes, tratar uma família inteira. Então, como diz a sabedoria popular dos párachoques de caminhão: “Sou grande porque respeito os pequenos”. Por isso, agradecemos à Dra. Conceição, Dra. Lia e Dra.Virna: graças a vocês, nós podemos dizer que crescemos no Sabin e que, quem sabe um dia, nós nos tornemos tão grandes quantos vocês. Laura Martins Feitosa
Policlínica Nascente O curso de Medicina da Universidade Estadual do Estado do Ceará teve a oportunidade de albergar, durante o processo de aprendizagem de seus acadêmicos, os serviços e as instalações da Policlínica Nascente. Estrutura esta, quase pioneira, que solidifica especialidades em âmbito de atenção primária á Saúde, baseada, também, na viabilização da Residência em Medicina de Família e Comunidade. O espaço, em si, é uma materialização do suor e das conquistas de gerações que batalharam pelo S.U.S. e versaram EM DEFESA DA VIDA; o corpo clínico da unidade (Médicos Residentes e Médicos Especialistas) também representa o avanço das relações científicas utilizadas no manejo das Ações Públicas... Claro que sempre iremos dispor de um tanto de idealismo quando falamos da esfera primária da Atenção á Saúde, pois nosso sistema ainda dá seus primeiros passos (em pouco mais de 20 anos de criação), ainda temos muito para aprender e evoluir...
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Ao lembrar de nossos pacientes (nosso maior objetivo), vale ressaltar que, há alguns anos, muitos engrossavam as filas da atenção filantrópica e grande parte sequer dispunha de uma pétrea condição de dignidade: O Direito do Acesso á Saúde... Em fim, o agradecimento (e um sorriso) de um paciente jamais deverá ser encarado como resposta a um “favor Médico”, mas como um dever bem exercido. Aos amigos da Policlínica Nascente, agradecemos não somente pelo aprendizado, mas, também, pela honra de estarmos escrevendo, juntos, A História da Saúde de Nosso País... Carlos Celso Serra Azul Machado Bezerra Revista MedUECE - Turma Dr. Fábio Machado Landim - Medicina UECE 2009.2
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Patrono
MANASSÉS CLAUDINO FONTELES O patrono, por definição, é aquele que ampara, defende ou até protege uma instituição. Nessa gradação de significados, podemos incluir nosso estimado professor Manassés Claudino Fonteles. Aquele que amparou a gênese do curso, quando reitor, a despeito das inúmeras adversidades; acreditou que era possível. Defendeu-nos dos que nos desejavam o fracasso; afirmou ter fé. Protegeunos quando ainda frágeis, constituindo-se como academia; demonstrou esperança. E ainda hoje, mesmo à distância, ampara, defende e protege o que somos e o que pretendemos ser. Leandro Augusto Menezes Rêgo
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Paraninfo
JOSÉ MOREIRA LIMA Desde o primeiro dia, ele estava lá: orgulhoso e sorridente, mas, ao mesmo tempo, ansioso, compartilhando conosco as aflições do desconhecido. Nos dias que se seguiram, ele continuava lá. Por vezes, mais pontual e interessado que muitos, cabe dizer. E assim permaneceu: sempre ao nosso lado. Doando-se por nós muito mais do que poderíamos ousar pedir. Dividindo alegrias, nos exaltando em meios públicos, nos defendendo dos que nos atacavam e nos amparando nos diversos, inúmeros momentos de dificuldade. “Porque os meninos merecem e precisam”. Quantas vezes não o ouvimos dizendo isso como se tentasse justificar um afeto que julgamos não ter explicação. E assim permaneceremos frente a ele: sempre meninos e meninas encantados com sua força e determinação, inspirados por seu exemplo. Eternos aprendizes do nosso mestre maior e infinitamente agradecidos por sua constate presença. Da nossa primeira à última aula. Esta formatura é tão dele quanto nossa. Muito obrigado ao professor, amigo e amado padrinho: Dr. Moreira. Laura Martins Feitosa
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TURMA DR. FÁBIO LANDIM: Uma Sábia Escolha O Dr. Fábio Machado Landim nasceu em Fortaleza, em 05/04/1974, em um lar de sólida fundamentação cristã, sendo o primogênito do casal de educadores Luís Carlos e Rita Maria. A educação propiciada pelo Colégio Irmã Maria Montenegro, escola de propriedade dos seus pais, encontrou nele um terreno fértil, à conta de sua excepcional inteligência, indicativa de uma precocidade singular, a qual se agregava a disposição para estudar, que fez dele um bem sucedido aluno, vencedor contumaz de olimpíadas estudantis, culminando com a brilhante aprovação, no concorrido vestibular para o curso de Medicina da UFC, onde ingressou aos 16 anos de idade. Por sua extrema ânsia em auferir conhecimentos, mediante a devoção aos livros, foi aluno de Medicina, com notável rendimento acadêmico, mas sempre encontrou tempo para iniciar-se nos meandros da prática médica, engajando-se cedo, como estagiário concursado, na Emergência do IJF (Frotinha) de Messejana e no Serviço de Oncologia da Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza. Ainda como universitário, participou de vários congressos médicos, quase sempre com a apresentação de trabalhos científicos advindos da experiência que adquiria nos locais de estágio, robustecendo o seu currículo complementar, e evidenciando uma latente vocação científica. Teve o privilégio, nesse período, de receber a orientação segura do Dr. Florentino Araújo Cardoso Filho, que, por certo, emulou-o a optar pela Oncologia, que foi seguida do contato tutorial com o Dr. José Eudes Bastos Pinho, preceptor do Internato e da Residência Médica em Cirurgia do Hospital Geral de Fortaleza (HGF), a quem coube acolher aquele rapaz, imberbe, que mais lembrava um calouro de tão jovem, quando Fábio ingressou no Internato do HGF. Aos 22 anos de idade, já médico, deparou-se com um leque de aprovações para cumprir Residência Médica (RM) em Cirurgia Geral, o que incluía vários programas dessa especialidade no Ceará e em outros estados, do Sul e do Sudeste, do Brasil. O apreço que sempre deu aos seus laços familiares levou-o a escolher a RM do HGF, postergando o seu deslocamento para fora de sua cidade natal, para quando fosse obter o treinamento em Oncologia Cirúrgica, uma feliz decisão porquanto permitiu que ele continuasse, durante três anos, sob a
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orientação de alguns dos mais experimentados cirurgiões do Ceará, integrantes do “staff ” desse nosocômio. Em 2000, após a conclusão do R3 e da Especialização em Medicina do Trabalho, foi selecionado pelo Prof. Abdul Haim Moossa, que o classificou como “outstanding”, um estupendo adjetivo devidamente comunicado ao Dr. Eudes Pinho, para realizar um “fellowship” em Cirurgia, no afamado Departamento de Cirurgia da University of Califórnia Los Angeles (UCLA). De novo, os fortes laços afetivos, dessa vez majorados pela distância da pátria, trouxeram-no de volta ao Brasil, desembarcando no Rio de Janeiro, onde efetuou, com brilhantismo, a RM em Cancerologia Cirúrgica, no Instituto Nacional de Câncer (INCA). O Dr. Moossa, figura exponencial da cirurgia norteamericana, apesar da convivência de apenas um mês entre os dois, lamentou a desistência do Fábio Landim, mas demonstrou compreender as razões dessa renúncia e se prontificou a acolhê-lo, em outra oportunidade, isso se fosse da conveniência do próprio Fábio. Em 2003, o Dr. Fábio Landim retorna em definitivo ao Ceará, assumindo posto de trabalho conquistado por concurso público no Hospital Geral Dr. Waldemar de Alcântara e integrando, a convite institucional, o corpo clínico do Instituto do Câncer do Ceará (ICC), que, com o seu Hospital do Câncer, se consolidava como entidade de referência em Cancerologia, para as regiões Norte e Nordeste. Nesses quase seis anos de atuação no ICC, nosso colega Fábio exibiu uma capacidade laboral inexcedível, tanto em intensidade como em qualidade, nos mais variados campos, surpreendendo a todos pela versatilidade e pela competência. Em que pese a sua juventude, desde o princípio, não parecia ser um médico, em início de carreira, tal era a sua desenvoltura para lidar com as situações do cotidiano médico e a sua garra em enfrentar novos desafios gerenciais e de conceber projetos estruturantes e arrojados para o ICC. Foi ele de capital importância para assegurar a manutenção da qualidade e da credibilidade da RM do ICC e ainda para a abertura de novos programas de RM, que fazem do ICC o terceiro maior centro de formação de oncologistas do País. A sua vocação para o ensino aflorou no ICC, pois, além da RM, a instituição é campo de estágio para diferentes cursos da Revista MedUECE - Turma Dr. Fábio Machado Landim - Medicina UECE 2009.2
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área da saúde, sejam eles públicos ou privados. Nesse aspecto, convém salientar a gratificante inserção do Dr. Fábio Landim, como Professor de Práticas Médicas do Curso de Medicina da UECE, ministrando aulas teóricas e práticas de Oncologia, e docente dos cursos e dos eventos científicos patrocinados pela Escola Cearense de Oncologia (ECO), bem como exímio elaborador de provas de cirurgia para concursos públicos e processos seletivos. Para o curso médico da UECE, ele desempenhou importante papel na organização e na condução do Módulo de Oncologia, da disciplina de Clínica Cirúrgica II, além da sua inserção em outras disciplinas da grade curricular. Foi dele, aliás, a última aula que antecedeu ao ingresso no internato da Turma de 2009, ministrando, na disciplina Ambulatório de Atenção Básica, o tema “Atenção Primária em Oncologia”. Essa cuidadosa exposição, ocorrida no Auditório do ICC, foi seguida de calorosos cumprimentos e de uma sessão de fotografias, revestida de uma atmosfera de congraçamento.
No final do ano de 2007, Dr. Landim decidiu buscar a pós-graduação senso estrito, matriculando-se no Mestrado em Oncologia, fruto da parceria Minter/Dinter envolvendo o Hospital A. C. Camargo, como entidade proponente, e o ICC, como instituição receptora. Desde então, o nosso perfilado revestiu-se de uma nova vibrante faceta – a de pesquisador, que se consubstanciava na elevada freqüência de submissão, de projetos de pesquisa de sua lavra, ao Comitê de Ética em Pesquisa do ICC, e nos costumeiros aceites de seus artigos originais, para publicações em periódicos portadores de certificação intelectual e legal. Ademais, para o seu orientador, a qualidade excepcional do seu projeto de dissertação, já posto em marcha, reforçava a proposta de “up grade” para tese, o que ensejaria a obtenção do diploma de doutorado. Não há dúvidas de que esses atributos de competência foram relevantes para firmar o reconhecimento da excelência profissional do Fábio, entre os seus pares, e para avalizar a vasta clientela de pacientes, de convênios ou particulares, bem como inspirar confiança nos usuários do SUS. No entanto, como nos diz São Paulo na Carta aos Coríntios I, em seu versículo 2: “ainda que eu tivesse o dom da profecia, o conhecimento de todos os mistérios e de toda a ciência; ainda que eu tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tivesse o amor, eu Revista MedUECE - Turma Dr. Fábio Machado Landim - Medicina UECE 2009.2
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não seria nada”. De pouco adiantaria tanta competência técnica se o médico não tivesse o amor. O amor permeava todas as ações, profissionais ou não, de Fábio e, nisso, talvez residisse, em grande parte, a razão do seu crescente número de admiradores, igualmente colhidos na legião dos seus beneficiados e dos seus colegas de trabalho, que, neste ano, sufragaram-no para distintas funções: Presidência da Comissão de Ética Médica do ICC, membro da Diretoria da Associação Médica Cearense e conselheiro do CREMEC. Apesar da sua devoção ao trabalho, que o impossibilitava de se negar a absorver mais fardos, sabia ele usar muito bem o seu tempo, para, com a devida intensidade, interagir com a família (pais e irmãos) e se dedicar afetuosamente à criação e à educação dos seus amados Maria e Pedro, gerados no abençoado amor de Camila e Fábio, responsabilidades compartilhadas com sua esposa e dileta companheira. A família que lhe serviu de berço forjou nele a temperança, a lhaneza de trato, a determinação, qualidades que, todavia, não tolhiam o seu espírito crítico, pois possuía notória capacidade de defender seus pontos de vista, construída com argumentos traçados sob a égide da lógica e da busca do convencimento; mas era uma pessoa permeável, apto a ouvir os seus interlocutores, e de mudar de opinião ao reconhecer que o outro tinha sobejas razões. O infausto acontecimento, iniciado em 14 de outubro, que se prolongou durante uma semana, marcada por angústias e incertezas, mas aliviada pela força das orações e temperada pela demonstração da solidariedade de tantos, que fomentavam a esperança de que Fábio viesse a sobreviver e dar continuidade a sua boa obra terrena dissipou-se em 21 de outubro de 2008, quando partiu de volta ao Pai, onde se encontra a Irmã Maria Montenegro, a carismática amiga da família Machado Landim, que partira um pouco antes dele. Esse é um momento que cabe uma passageira recordação do conhecido soneto de Luiz Vaz de Camões: “Alma minha gentil, que te partiste / Tão cedo desta vida, descontente, / Repousa lá no Céu eternamente / E viva eu cá na terra sempre triste...” Instante como esse, é, pois, de extrema saudade, que, mercê da fé em Deus, exige de nós o esforço de superação, para, gradualmente, substituí-la pelas boas lembranças da convivência que se teve ao seu lado. Mesmo que não tenha sido tão prolongada, porquanto, poucos foram os seus 34 anos de vida e apenas quase doze, os de labuta médica, ele deixou um legado intenso de boas ações, que perdurará nos corações de muitos que foram gratificados por conhecê-lo. Descansa em paz, nobre e gentil cavaleiro! Que Deus nos conforte a todos! Essa valorosa turma de médicos da UECE, que, por uma feliz e sábia escolha, leva o seu nome, velará por sua memória durante muitos anos. Dr. Marcelo Gurgel Carlos da Silva Professor do Curso de Medicina - UECE
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NOME DA TURMA Qual seria o momento ideal de criar palavras dirigidas a quem temos saudades? Segundo Clarice Lispector: “Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida”. Por vezes, as palavras nos fogem da mente, embotada pela emoção, procuramos frases feitas que sofisticadamente tentem transmitir um sentimento íntimo tão complexo e, paradoxalmente, fácil de ser emitido sem palavras. Definir verbalmente a saudade é um desafio incomensurável, pois a saudade é quando o momento tenta fugir da lembrança para acontecer de novo, e não consegue... Dr Fábio Machado Landim, nosso mestre eterno, nome da turma, representou para nós, alunos da segunda turma de Medicina da Universidade Estadual do Ceará, mais que um professor exemplar, serviu-nos de INSPIRAÇÃO pela integridade, pela missão cumprida em vida, pelo amor à Medicina e sobretudo aos pacientes. Tive a oportunidade de conviver com o Dr Fábio por mais tempo que meus colegas, e pude perceber que esse convívio foi muito valoroso na minha formação acadêmica e, principalmente, pessoal. Ele me ensinou mais que técnicas cirúrgicas apuradas; me ensinou como é importante se doar como médico... Ele costumava me dizer que “o mínimo que o paciente merece de nós, médicos, é do
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máximo da nossa capacidade e do nosso empenho.” Certa vez, durante uma consulta de ambulatório no Hospital do Câncer do Ceará, interroguei o Dr. Fábio o motivo pelo qual ele se dedicava aos pacientes oncológicos, muitos já com a doença bem avançada e com o prognóstico reservado, e ele me respondeu: “Nossa missão como médicos é entender o sofrimento alheio e aliviar a tristeza do próximo, construindo a Esperança. Pois a vida existirá enquanto houver esperança...” A partir daquele dia, a minha visão do sofrimento e da doença mudou, amadureci o conceito de que como médicos somos elos imprescindíveis do paciente com a esperança, e precisamos acreditar na Vida junto com os nossos queridos e muitas vezes sofridos pacientes. A nossa última aula antes do internato foi ministrada pelo Dr. Fábio. Foi uma sexta-feira ensolarada de junho de 2008, onde no auditório do ICC, nós tivemos o privilégio de participar daquela aula, que nos deixou tanta saudade... O tema da aula seria Atendimento ambulatorial de paciente oncológico, mas ele extrapolou o conceito logosófico da temática. Ele versou sobre os grandes nomes da Filosofia e da Medicina. Saímos melhores do que entramos. Todos ficamos boquiabertos com a belíssima aula e com a maneira como nos foi exposta a filosofia da arte médica e a nossa função humana diante ao sofrimento. Antes de terminar a aula ele apresentou um vídeo sobre motivação, pois ele queria que nós, médicos em formação, fôssemos antes de tudo MOTIVADOS... Nosso eterno mestre, amigo, partiu no dia 21 de ouRevista MedUECE - Turma Dr. Fábio Machado Landim - Medicina UECE 2009.2
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tubro de 2008. Partida precoce, mas uma vida grandiosa... Naquele dia, muitos de nós acháramos que tivéramos perdido parte importante da história de nossas vidas que ainda iria ser criada. No entanto, a vida é apenas uma aventura incrível, que beira a impossibilidade. A vida é como um improviso equilibrado, uma novidade sempre, como um salto longo e quase, quase, sem fim. O futuro iria nos revelar que o fato de o nosso mestre Dr. Fábio deixar o plano terreno, era para na realidade, ganhar a eternidade; em nossos corações, lembranças, gestos e atitudes... Victor Hugo traduziu muito bem os sentimentos aqui expostos, quando disse: “Se não há nada que brilhe
debaixo da pálpebra, é que nada há que pense no cérebro e nada há que ame no coração”. Sinto meu coração comandar meu cérebro e meus pensamentos neste momento e uma lágrima de emoção, saudade e admiração é incontrolável... Obrigado Dr Fábio, porque não sei se entendi tudo, mas tudo o que entendi ajuda muito a que esta vida breve faça mais sentido. Seus ensinamentos valiosos, eterno mestre e amigo Dr Fábio, ficarão para sempre gravados na memória de nossa turma e em particular na minha! Roney Gonçalves Fechine Feitosa
Nosso tempo...
Ouvimos muitos “dizeres” sobre caminhadas; nossos passos seguem, tênues, estendidos e embaçados por uma longínqua névoa. As palavras (escritas ou não) nos dão conteúdo, mas são insuficientes para ensinar quanto ao caminho... Nosso maior professor é o TEMPO. Quando sentamos na calçada com as mãos estendidas, apenas esperamos o TEMPO chegar; ele não vem, às vezes passa e sempre não volta. Uma contagem, em diversas unidades, é o mesmo TEMPO que servirá de cura, os minutos que nos faltaram para agir (e, talvez, salvar). A vida pode seguir contada em medidas, podemos virar as costas e chorar um TEMPO perdido, encarar munidos de boas lembranças... Não sabemos, ao certo, o que é o TEMPO; alguns dizem que ele pode ser medido, mas o TEMPO é relativo, o TEMPO não é um instrumento. Enfim, não precisamos saber muito sobre o TEMPO... mas apenas notar que se seguirmos acreditando e sem desistir... O TEMPO não será contra nós... Carlos Celso Serra Azul Machado Bezerra
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