oscar kellner neto
mural
poemas
Delfinópolis-mg – 2009 Franca-sp - 1969
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mural
RECADO para márcio almeida, crítico
sim comigo me habituei mas já livre das amarras sulcos da rotina tempo apagará sim tirei a máscara do poeta: no meu rosto um semblante literariamente acuado mas esse paiol mineiro ah minas grande glande poética fecundação pt 3
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PISTIL'HOMEM
parti no alento da mão que me colheu esférico quando em minha haste explodiu a petalágrima sob o sol (o) eu era fruto homem sem(lat)ente...
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mural
MARICOELI,
cadê o sentido das raízes do edifício imerso em nós? ao lado, só gestos repetidos repetid repet rep r : máscaras no essencial das coisas...
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DESCAMINHO
dias e noites em busca, parto agora natural como a tarde. que ninguĂŠm entenda porque meus passos desfalam caminhos...
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mural
POKER
momentos de paz valeram nada.
na mesaverde verdemesa ajustamentos: blefei ou eram cartas marcadas? escorre da noite uma quadra de ases: destino ganha. cai de minhas mĂŁos uma trinca de reis: a Ăşltima.
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NU(ES)P(A)CIAL
vergo me em lutas sem sonhos. chegou realidade parto com ela de braรงos dados: um rumo paira distante como a liberdade.
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mural
10º CAIS
dúvida florindo silêncio, parto do refúgio gruta-neblina do sonho do porto da preamada.
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ANTIPEDRA
quiçá nunca encontre a verdade que me emuralha amortalha de papelator apaixonado e no azul esmaga pássaros.
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INSTANTÂNEO
evidência rota em fecundangústia: a espera da verdade apenas pressentida, como o salvamento pro náufrago...
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BIBLITINERANTE
parto destino horizonte morrer ao lado do sol no eco da aurora num diluvinterior arca da certeza naufraga aquém de mim. onde, um Noé retardatário?
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INCIDENTE
emerjo duniversirreal me explico nada me preocupo com nada talvez, anfĂbio, um dia regresse. gente, onde o amor?
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POEMA
pressinto n'horizonte da estrelargila algum谩guia ou flor ferida cujo p贸lem tinge a relva de abismalgum meu.
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NOVO MURO
na busca sangrei muralhas. eis-me: f r a e a o t l z emruĂnas sobestre linertes no aguard o, no agu ardo.
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CIG(ANA)
nata do sortilĂŠ gio,est ruturad a tritu rada no seio da busca d a brusc a semen te de cr istal, inaugur ando me us enig mas...
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SUB(A)MARINA
com ardor de peixe mudo te cercarei de bosques estilizados esterilizados no silĂŞncio dos corais do tempo cantarei tua estrelaalga...
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CASULINA
invada me com vĂŠsper, fantas ma da areia, amada de lib ĂŠlulas prenhe...
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POEMEL
em teus cabelos de relâmpago tecerei o rubro musabelha rainha da colméiamor músicaçoite.
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VIKINGAMOR
lusamada grĂĄvida de baĂşs arrombados (mistĂŠrio). de jarras de bronze (segredo). do ventre madrugal partem a nau e o arrepio de teu aceno lusitano.
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FLORFRUTO
frĂĄgil fruto do a(po)mar. do jardim, rosamuada. flor humilde Ăşnica.
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COLÓQUIO
pra recheio de tuas rendas uterinas o néctar de meus sóis embrionários anualmente.
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PROFUND(A)ÇÃO
nossas quatro pupilas edifiquem uma verdade socialista, em laborconjunto. o suor de tuaxilas (ilhas): bálsamo e perfume de meus odoresquivos...
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FLUVIAL
amada ah!!! esse teu b ulĂcc cccci o de cacho e i r a ...
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NO POSTO SOL
ofereço-te a paz da ovelha no cio de tranqüilos lençóis dobrados teremos poesias nas c i s ternas da terra, onde as nuvenssserreúnem aos montes, de tarde...
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EXERCÍCIO/1
amada, haja n a inoc ência de teu regaço o silê ncio dos lí (vidos) rios...
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O(S)(RA)CUL(O)AR
teu sup lício d e ser t erna: t oda tar dinha b eijo tu a intenç ão de s er únic amada e deposit o n'oca so, uma renúnci a.
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MESSE
vistamos sementes na paz dos celeiros cheios se(remos)ara pro ceifeiro, grão do trigueiro, canto da mó. nosso destino não tão assim sem luz: nós exatamente pó.
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ANTONIOUTONO
semear o vale das mãos no vácuo: de (lírio)(s) fo lhados colher no a b i s m o .
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1ª NÚPCIA
com nítidos olhos semearei minúsculos anjos à trompa direitesquerda da cativa da grinalda.
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SERESTA
mi mur mĂşrio em tu madrugada mis anseios em seiva diluindo tus soĂąos...
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CONVOCACテグ
sテェ marinhalga em meu oceanテ。rido praia densi dada.
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SURREAMOR
plantas velejan do na t essitura dos cla rins an tigos o galope das ond as corc ĂŠis. lendando flori desertos no opaco azul.
embaçamento.
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KATIANA
morenamada virรกs como essa madruga bela pรกlidajรก. com essa boca de sol tรฃo pouca, com esse baton de nuvens afins...
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FRUTESCÊNCIA & COLHEITA,
a maçã da fonte da f rente do v erticopo d o verticor po e o sono e o suspiro (frutas tuas sem dono) em mi nhas mãos de procela.
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ARTIGO/1
vem, nรฃo com a paz da solteirona รกrida na janela da tarde dona do ocaso. sim com aquela lรกgrima de alvestrela embaรงada, com aquele rosto salpicado de olh(lu)ares...
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COLÓQUIO II
vagamada ventre do caminho origem do tumulto galera de murmúrios no dilúvio da noite. represa. circundação circunavegação circuncisão. o circo cinzão (o circo) o circo dos meus tempos de moleque, de moleque.
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PROLE(TANTA)TÁRIA
tenhas a costumança das estações
sejas a fêmea única.
(pró e contra)
as estações se sucedem os rebanhos se perpetuam...
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NINHO
prisioneira da dรกdiva do olhar, a sombra fecundarรก a noite com pรกssaros ardentes, orgรกsticos...
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HOMENAGEM ao joaquim branco, guia
graças a ti hoje sou ao m enos car avana em marcha n o leito do vento. não mais pássaro azul apartado na poesagem acadêmica...
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ALPINISTIA para márcio almeida, poeta
ontem, hom embalado em abismos, sondei a neve dos cumes es féricos. hoje, queda em tinta relva, lágrima machucada de bem com a cabra da montanha, da monta nha, már cio.
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POR ISSO, RECEITA (à moda Guimarães Rosa)
pra fazenda da viúva dona poesia nacional a enxadáspera o estrumelódico o caloema o gadológico a mudardente a sementespessa do armazém da viúva dona minas gerais.
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A MARÉ, AMOR (É)
um dia, no cais d'águavida d'aguávida do mar das infantí(tese)s e nublonecas, a âncora. no cais-chegança, lume: candeia e grilhão de amor sem fim... o passado imerso, um grito de in-sonho pro futuro: âm(b)argamento.
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oscar kellner neto FINDA (INTRO) MISSÃO
dia tal (em não outro) cansados de acertar alvos tornaremos à aljava-terra pois há: para as flechas o tempo. para o arco a eternidade.
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