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“O novo edifício deve ser aproveitado para requalificar todo o hospital”

Administrador defende que a construção das novas urgências é uma oportunidade para reestruturar os serviços e “repensar o funcionamento do Hospital de São Bernardo como um todo”

Em entrevista por escrito, condição que O SETUBALENSE aceitou face à importância de ouvir o presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar de Setúbal, Pedro Lopes faz o balanço dos primeiros meses de mandato desta nova administração e fala sobre as questões da actualidade como as condições do Hospital de São Bernardo, a importância da ampliação das instalações e o funcionamento alternado das urgências de Pediatria e de Ginecologia e Obstetrícia. Sobre este novo modelo, de rotatividade pelos hospitais da região, que implica o encerramento quinzenal aos fins-de-semana, diz que, apesar de impopular, contribuiu para dar uma “resposta possível, efectiva e sem significativas disrupções” e que tranquilizou os utentes.

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Que balanço faz dos primeiros oito meses na presidência do Centro Hospitalar de Setúbal (CHS)?

O exercício deste cargo tem sido muito entusiasmante porque permitiu ao conselho de administração conhecer um número muito significativo de profissionais de elevada competência técnica e incomensurável sentido de missão e dedicação à causa pública, com os quais temos partilhado a gestão do centro hospitalar, observando as limitações, conhecendo os problemas e procurando de forma honesta, leal e transparente encontrar soluções que promovam e dignifiquem os trabalhadores e a instituição.

Este período tem também sido caracterizado por uma elevada intensidade de trabalho visto que o CHS é uma unidade de elevada complexidade técnica, à qual está cometida uma responsabilidade assistencial que em muito ultrapassa a área geográfica correspondente aos concelhos de Setúbal, Palmela e Sesimbra. A gestão de uma unidade hospitalar desta dimensão exige profunda dedicação e empenho, atributos que o conselho de administração assume como missão e nessa medida são indutores de satisfação e motivação pessoal.

Além da ampliação, cujas obras já arrancaram, quais são os principais desafios para o centro hospitalar?

Se atendermos ao que se passa em Portugal, na Europa e nos países que integram a OCDE, verificamos que os sistemas de saúde encontram na actualidade um desafio gigantesco que se prende com a captação e retenção de recursos humanos.

Efectivamente, as profissões da saúde determinam um grau de exigência, um nível de responsabilização e uma capacidade de resistência muito acima do que acontece noutros sectores da sociedade. Aos profissionais de saúde é-lhes exigido conhecimentos científicos robustos e permanentemente actualizados, actuam diariamente em contexto de grande fragilidade psicológica e física dos utentes que os procuram e nem sempre se observam acompanhados de todas as condições infra-estruturais que gostariam. A intensidade do seu trabalho e a carga emocional que o mesmo encerra frequentemente perpassa o ambiente estritamente da prática profissional e invade a sua vida pessoal. Neste contexto não é hoje simples nem fácil ser-se profissional de saúde pelo que acredito que o alento dos profissionais de saúde se encontra fortemente ancorado na vontade de cuidar do próximo. Outro grande desafio que se coloca a este centro hospitalar, às demais unidades hospitalares, às unidades de cuidados de saúde primários, em suma, ao Serviço Nacional de Saúde, prende-se com o facto de as necessidades de saúde da população exigirem abordagens assistenciais distintas das que na actualidade asseguramos. As organizações de saúde têm que se ajustar no sentido de alinharem a sua actuação aos novos desafios decorrentes, nomeadamente do envelhecimento da população, da resposta à elevada prevalência da multi-morbilidade dos utentes, própria do seu nível de envelhecimento, do ressurgimento das doenças transmissíveis, do nível pandémico que algumas doenças não transmissíveis estão a assumir, como sejam a obesidade, a diabetes, as doenças mentais, entre outras. Em suma, a visão episódica, “hospitalocêntrica” e, dentro desta, ainda “urgenticocêntrica”, pouco articulada entre os vários níveis de cuidados que têm prevalecido nos últimos anos tem que ser alterada para uma visão mais integradora, mais participada pelo utente e mais agregadora de todos os agentes e entidades da sociedade civil que directa ou indirectamente contribuem para mitigar os determinantes sociais da saúde. Esta alteração de paradigma envolve não só a reformulação das entidades prestadoras dos cuidados de saúde, como também exige uma actuação mais proactiva da sociedade e um nível de responsabilização superior dos utentes.

Como decorreram os preparativos para o arranque da obra de ampliação do Hospital de São Bernardo?

Os trabalhos foram iniciados no passado dia 23 de Março. Para tal mostrou-se necessário desenvolver um conjunto de diligências prévias, nomeadamente a remoção da área contentorizada em frente ao serviço de Urgência que funcionou como “área ADR” (área para assistência a utentes infectados com o coronavírus SARS-CoV-2), a promoção de reuniões com a Câmara Municipal de Setúbal para explicitação da intervenção e envolvimento da edilidade no ajuste das acessibilidades ao hospital, tendo em conta as limitações de circulação que esta obra determinará e, ainda, a necessidade de acautelar a normal circulação de utentes e profissionais em simultâneo com a circulação de máquinas e veículos pesados envolvidos na empreitada.

Da parte do conselho de administração estamos preocupados com os constrangimentos funcionais que os avanços das obras determinarão porquanto não será fácil acomodar o normal funcionamento dos serviços, em particular o serviço de Urgência, com os trabalhos de construção civil realizados em simultâneo e em grande proximidade. Por outro lado, as limitações de acesso e circulação no perímetro hospitalar constituem motivo de atenção próxima, bem como as limitações de lugares de parqueamento para utentes e profissionais. Importa salientar o nível de compreensão e colaboração que temos observado por parte dos utentes, profissionais, fornecedores externos e demais visitantes. Merece ainda realce a boa colaboração que a Liga dos Amigos do Hospital de São Bernardo tem assegurado no

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