3 de Maio de 2022 O SETUBALENSE 13
Presidente do Vitória mostra ambição para 2022/23 p14 DR
OPINIÃO Francisco Ramalho
O abominável mundo novo
O “PATRULHA PATA”
Moradora de Corroios investe tempo e dinheiro no bem-estar e felicidade de gatos de rua Todos os meses há despesas com a alimentação e esterilização dos felinos, e todos os dias duas horas são dedicadas para acarinhar os animais Mariana Pombo Ana Ferreira [nome fictício], moradora de Santa Marta do Pinhal, Corroios, dedica o seu tempo a dar uma nova vida aos gatos abandonados. 80 euros mensais são reservados para a alimentação dos animais e, mais recentemente, já conseguiu esterilizar 15 felinos. Para a seixalense sempre foi natural destinar duas horas do dia para a alimentar e mimar os animais abandonados, mas foi a partir de 2017 que se dedicou a esterilizar gatos de rua, investindo o seu tempo e rendimento no bem-estar dos felinos. “Adoro animais e o que faço é dar uma segunda oportunidade a cada um deles”, assinala, referindo que
sem o apoio do Grupo Voluntários do Canil/Gatil Municipal do Seixal, onde os animais são esterilizados a “preços mais económicos”, seria “impensável” fazer o que faz. Com a intenção de oferecer um lar a estes animais criou a “Patrulha Pata”, uma página nas redes sociais onde apela para a adopção dos animais abandonados e através da qual já garantiu a adopção de 15 gatos. Em Março, e com a ajuda da divulgação feita pela Associação de Moradores de Santa Marta do Pinhal (AMSMP), foi-lhe cedido um espaço para funcionar como recobro para a recuperação dos animais, sem que tenha de os hospedar em sua casa.
Com o novo espaço, ambiciona esterilizar entre 15 a 20 gatos nos próximos dois meses, contudo, depende inteiramente da cedência de ‘boxes’ para capturar e isolar os felinos. Dado o elevado custo de cada ‘boxe’, a AMSMP disponibilizou um mealheiro no ‘Imperius Café’, em Corroios, onde os moradores podem contribuir para a causa. “Acredito que existam entre 300 a 400 gatos a viver nas ruas de Corroios e o que faço é muito pouco para reverter a situação”, declara Ana Ferreira. “Todas as juntas de freguesia e câmaras municipais têm de se envolver não só para sensibilizar as pessoas como para esterilizar em massa”. DR
Paprika e Noz Moscada, (na foto de cima) é o Biscoito
abominável mundo novo, começou com as promessas dos ideólogos e beneficiários do capitalismo, aquando da queda do muro de Berlim. Com o desmoronamento da União Soviética, portanto, sem a “ameaça do comunismo”, prometeram um mundo de paz e de justiça. Depois, foi o que se viu. A primeira guerra na Europa com o desmembramento da Jugoslávia, depois o Afeganistão, Iraque, Líbia, Síria, Iémen, a continuação da ocupação da Palestina. Enfim, todas estas guerras com o respetivo cortejo de mortos, feridos, refugiados, destruição de países, uma imensa desgraça. Todas, com o selo dos EUA e da “sua” NATO. Até que chegámos à da atualidade, a da Ucrânia. Todas estas guerras são condenáveis. E esta, evidentemente, não foge à regra. Mas esta, tem novos elementos. Desde logo, um dos intervenientes, é uma das mais poderosas nações do mundo. Pelo menos em armamento incluindo o nuclear. E é também, de longe, a mais mediatizada. Outro elemento, que não é novo, a continuada presença dos inevitáveis EUA e da NATO. A comunicação social dominante, aponta o dedo apenas à Rússia e a Putin, omitindo os antecedentes. Apenas talvez os mais importantes: o golpe de Estado apoiado pelos EUA, UE e NATO que na sua sequência, colocou no poder o atual governo, os crimes da Casa dos Sindicatos de Odessa com pessoas queimadas vivas (crimes estes, perpetrados por forças nazis, como o já tristemente Batalhão Azov), a guerra civil no Dombass contra populações russófonas, os acordos sobre essa região não cumpridos, o desejo de Zelensky de que a Ucrânia seja membro da NATO, e o avanço desta, para junto das fronteiras da Rússia. São estes os principais motivos que deram pretexto à guerra, e agora o forte apoio em armamento ao regime ucraniano, em vez de conversações para o seu fim. Com esta guerra, entrámos plena-
Todas estas guerras são condenáveis. E esta, evidentemente, não foge à regra mente na nova era do abominável mundo novo. Seja qual for o seu desfecho, esperemos que não ainda mais catastrófico do que já é para a Ucrânia e, pelo menos, para a Europa, mas o fortalecimento da NATO, o exponencial aumento do orçamento para a Defesa dos seus Estados membros e não só, a corrida aos armamentos, não auguram nada de bom. Auguram que a potencial nova guerra fria, poderá transformar-se em guerra escaldante. E, dessa vez, não por motivos ideológicos. O capitalismo, as oligarquias, imperam tanto a oriente como a ocidente. O que está em causa, é o domínio. Grosso modo, de um lado os EUA que continuam a liderar, a UE, Canadá, Austrália, Nova Zelândia e o Japão, e do outro, a Rússia, China, que está na mira, Índia, África e América Latina. O imperialismo norte-americano com a sua ambição de hegemonia global, é o maior perigo para a paz mundial. Mas, como é da história, os impérios têm ascensão, apogeu, e a inevitável queda. E, nem tudo é mau! O 25 de Abril em Lisboa, foi uma agradável surpresa. Uma imensa multidão. E, com tantos jovens, como há muito não se via. Portanto, como disse o poeta, todo o mundo é composto de mudança... Sejamos atores dela. Ex-bancário, Corroios