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“O nosso trabalho de 20 anos foi destruído num dia”
FRANCISCO ROMÃO PEREIRA / PÚBLICO
Igor Khashin e Yulia Khashina Casal russo, que tem estado no centro da polémica, em entrevista exclusiva p2 a 5
EDIÇÃO FIM-DE-SEMANA
O SEU DIÁRIO DA REGIÃO SEXTA-FEIRA, 13 DE MAIO DE 2022 PREÇO 0,80€ | N.º 847 | ANO V | 5.ª SÉRIE
DIRECTOR FRANCISCO ALVES RITO
VITÓRIA Semedo acredita que está na hora de voltar a acreditar na subida p14 PUBLICIDADE
ALCOCHETE Misericórdia e Bombeiros Voluntários recebem 320 mil euros de apoio p13
Ministra abre Feira do Porco com promessas
MONTIJO Freguesias rurais de Pegões, Santo Isidro e Canha sem médicos de p7 família p8 Dulce Pontes, The Gift e Matias Damásio nas Festas de São Pedro p12
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Setúbal
EXCLUSIVO O SETUBALENSE E JORNAL PÚBLICO
“O nosso trabalho de 20 anos foi destruído num dia” Igor Khashin e Yulia Khashina, o casal russo que está no centro da polémica com o acolhimento de refugiados ucranianos em Setúbal, responde a todas as perguntas. Francisco Alves Rito (Texto) Maria Coelho (Fotografia) Um dia depois de terem faltado à entrevista em vídeo, por ter sido o dia das buscas da PJ em Setúbal que os deixou “arrasados”, e por receio da câmara de filmar, os dois russos aceitam, finalmente, encontrar-se connosco. Escolhem uma esplanada deserta num café da periferia e apresentam-se com volumes de relatórios anuais da actividade da Edinstvo, desde 2002. São muitas, variadas e até surpreendentes as diversas realizações e projectos, como encontros de imigrantes, conferências, eventos culturais, desportivos e religiosos, um ATL para crianças e um gabinete de apoio aos empreendedores. Tudo bem documentado em fotografias e fotocópias de jornais locais e regionais. Nas fotos de algumas actividades estão os antigos autarcas de Setúbal, Carlos de Sousa e Dores Meira e o cônsul da Ucrânia em Portugal, que participou várias vezes em encontros promovidos pela associação, em Setúbal. Igor Khashin e Yulia Khashina, que já adoptou o nome português de Júlia, respondem a todas as perguntas. O Igor Khashin é um espião russo? (Igor Khashin) Não. Não sou espião russo nem transmiti os dados à embaixada nem a qualquer
autoridade russa. E estou disposto a ser submetido a uma máquina da verdade. Porque estava a participar no acolhimento de refugiados ucranianos? (IK) Porque acho que só participando no acolhimento é que mostrava a minha vontade de apoiar as pessoas. Acho que isso é normal. Tenho experiência para trabalhar numa área de imigração e fazer atendimento. Naquela altura, tudo começou de repente e praticamente ninguém estava preparado, também houve pessoas que contactaram directamente connosco e perguntaram o que é que se pode fazer, neste sentido também se fez algumas perguntas à Câmara
Não sou espião russo nem transmiti os dados à embaixada nem a qualquer autoridade russa Igor Khashin
Municipal de Setúbal (CMS). Que pessoas contactaram directamente convosco? (IK) Os próprios ucranianos contactaram-nos directamente para resolver alguns problemas. Durante 17 anos trabalhámos nesta área, do acolhimento de imigrantes. Foram os próprios imigrantes [residentes em Setúbal] que vos contactaram, por estarem preocupados com a família? (Júlia Khashina) Sim, tentaram contactar-nos para perceberem… (IK) Quando surgiu a oportunidade de atendimento de refugiados eu disponibilizei-me com toda a força para dar a minha ajuda, porque houve muitas pessoas que se dirigiram a mim e tive de dar uma resposta de urgência, porque havia poucas pessoas preparadas para dar resposta. As próprias estruturas do Estado ainda não se tinham organizado relativamente ao que fazer. A própria plataforma do SEF não existia. (JK) Foi tudo muito de repente e o Estado tinha de dar uma resposta muito rápida, por isso é que tudo aconteceu assim. Foi a melhor forma possível que a CMS conseguiu. (IK) As pessoas perguntam “porque é um russo a ajudar os ucranianos?”. Acho que não há mal nenhum, porque existe experiência que vários russos em vários países fazem apoio no atendimento às pessoas. Nós somos humanos, temos de dar apoio. Diz que há outros casos, no
contexto desta guerra, de outras associações e de outros russos pela Europa também nesta situação a ajudar a acolher pessoas ucranianas. (JK) Sim. E, pessoalmente, nós não temos nada contra os ucranianos. É mesmo do fundo do coração que nós tentamos ajudar as pessoas, nós nem imaginamos aquilo que eles passaram lá. (IK) E também para mostrar que ser russo não é ser inimigo. Era com esse espírito que estavam a ajudar? (IK) Nós moramos cá há mais de 20 anos, a nossa associação foi fundada em 2002 para dar resposta às necessidades dos
imigrantes, trabalhamos com todos. A maior parte da associação são imigrantes do Leste, sendo a maioria ucraniana, moldavos, russos. Mas russos são muito poucos. Antes da criação do actual gabinete, a associação já estava a trabalhar com a CMS. Já havia um protocolo para ter dois colaboradores ao serviço da CMS. É isso? (IK) Sim, havia. Esses dois colaboradores eram a Júlia e o Igor? (IK) Não, era a Júlia e uma senhora brasileira. (JK) Ao início, quando foi assinado o protocolo com a CMS [2005],
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Grupo sadino dos Alcoólicos Anónimos celebra três décadas de actividade
era para serem incluídos, no gabinete para os imigrantes, três colaboradores, uma pessoa brasileira, uma de leste e uma caboverdiana. Portanto, três pessoas e não duas? (JK) Sim, mas a cabo-verdiana era como funcionária da CMS, por isso surgiu esta solução para celebrar o protocolo com a associação para colocar as pessoas a trabalhar no apoio dos imigrantes, porque na altura nós não tínhamos nacionalidade portuguesa para poder ser inseridos nos quadros da CMS. (IK) Esta é a forma como o Alto Comissariado [para as Migrações]
Nós não precisamos dos dados. O único sitio para onde alguns foram encaminhados foi o IEFP Igor Khashin
O grupo de Setúbal dos Alcoólicos Anónimos celebrou esta quartafeira três décadas de actividade, desenvolvida com o “propósito único de ajudar pessoas que tenham um problema relacionado com o álcool”. “Os Alcoólicos Anónimos são compostos por
funciona, neste modelo. Eles enquadraram as pessoas no serviço através dos protocolos com as associações de imigrantes. E, em Fevereiro deste ano, quem eram esses dois colaboradores? (JK) Em Fevereiro já não era eu. Estava previsto acabar com este protocolo este ano porque eu já consegui entrar no quadro. Portanto, este protocolo já estava no final e já não havia dois colaboradores designados? (JK) Não havia, porque o protocolo termina em Maio. Até Dezembro de 2021 eram dois colaboradores, eu e a senhora brasileira, mas depois ficou só ela, uma vez que eu entrei na CMS. Então o Igor estava no acolhimento em que qualidade? (JK) Voluntário da associação. (IK) Sim, como tenho experiência e algum trabalho desenvolvido, e também porque as pessoas me conheciam e era eu que dirigia cá os imigrantes. As pessoas já me conhecem e perguntavam-me como acolher um familiar seu que foi trazido de lá, da Polónia ou directamente da Ucrânia. O Igor é que estava no gabinete sempre, de vez em quando, se fosse chamado, ou cumpria um horário? (IK) Sempre que podia estava lá, mas sempre que havia um atendimento estava lá um técnico da CMS. As pessoas chegavam em horários diferentes? (IK) O atendimento começou antes de chegarem os autocarros. Inicialmente eram familiares a trazer os refugiados? (IK) Familiares ou alguém que os encontrou na rua e encaminhou para aquele gabinete. Quando chegou o autocarro também foi ajudar. (IK) Nesse dia também fui ajudar e havia mais pessoas no grupo de acolhimento, ucranianos, e até um cozinheiro ucraniano que fez o almoço de boas-vindas. Pedimos a um amigo para preparar o almoço de acolhimento. Falava com as pessoas em russo ou também fala ucraniano? (IK) Falava em russo, mas percebo ucraniano. Consigo perceber o que as pessoas dizem. E as pessoas ucranianas também percebem russo? São línguas que se entendem bem uma à outra? (IK) O russo, no Leste da Europa, é
pessoas que sofrem da doença de alcoolismo e que, tendo pretendido parar de beber, vivem sem consumir álcool. A razão de ser da comunidade é a de divulgar, a todo e qualquer alcoólico que pretenda ajuda, a existência de uma solução”. Em Setúbal, as
praticamente como o inglês aqui na Europa ocidental. É uma língua de comunicação, de instrumento, basta ouvir as pessoas quando chegam com crianças que língua é que eles falam entre si. Até algumas pessoas da Ucrânia preferiam falar em russo porque se percebe melhor. A língua russa é uma ferramenta de apoio e eu acho que, se a tentarem excluir, é incorrecto. (JK) Nós nem pensámos nessa questão, de quem vai atender os refugiados, se russos ou ucranianos. Não pensámos mesmo, havia uma situação de urgência que ninguém esperava. Fazia mesmo falta a vossa tradução? Não existiam tradutores ucranianos que pudessem fazer isso? (JK) A questão nem era a tradução nem sermos tradutores. No meu caso, era mesmo o meu trabalho, visto que trabalho no gabinete de apoio aos imigrantes. Nós também atendemos cidadãos de outros países, outros refugiados que já havia antes, como da Síria. É o meu trabalho. O jornal Expresso diz que o Igor tinha lá o seu computador. Trabalhava com o seu computador pessoal? (IK) Trabalhávamos com os computadores da CMS e portáteis da CMS. Sempre trabalhou com equipamentos da CMS, não tinha lá o seu pessoal? (IK) Não é uma questão de computadores. O que eu usava era dado pela CMS. Quanto aos documentos das pessoas, eram feitas digitalizações ou fotocópias? (JK) As duas coisas, porque o atendimento de refugiados era intermediado como atendimento social, tudo tratado por um técnico da CMS, porque nós estávamos sempre acompanhados por uma portuguesa. Era ela quem preenchia os formulários. Esse protocolo já existia ou foi criado agora para o acolhimento de refugiados? (JK) É um formulário, rápido, criado para agora, mas as questões colocadas são de atendimento social a qualquer cidadão. Foram tiradas fotocópias do passaporte e da certidão de registo de protecção temporária, que foram juntas ao processo e guardadas mesmo na câmara. A digitalização é feita para carregar na plataforma
“reuniões realizam-se no Centro Comunitário da Anunciada, no nº 14 da Avenida General Daniel de Sousa, todas as segundas-feiras, quartas-feiras, quintas-feiras às 21 horas, e aos sábados, às 18 horas”. “Para ser membro o único requisito é o desejo de parar de beber”.
do SEF, para fazer o registo de protecção temporária. Temos que digitalizar os documentos e anexar na plataforma. As questões colocadas pela plataforma do SEF, e não por nós, são o nome da mãe, nome do pai, local de nascimento, agregado familiar. Tem que ir tudo preenchido. O Igor também já fez este tipo de atendimento no SEF? (IK) O que eu ajudava era a preencher na plataforma do SEF. Como eram guardados os dados na câmara? (JK) Os processos, fisicamente, em papel, eram guardados lá, no gabinete da câmara. A associação ou o Igor, a título pessoal, ficaram também com esses dados? (IK) Não. Nós não precisamos destes dados. O único sitio para onde foram encaminhados alguns foi para o IEFP, para inscrição no curso de português. Pessoalmente não guardou os dados? (IK) Não. Para quê? (JK) Para quê? Não faz sentido. E podem garantir que não os partilharam nem enviaram para qualquer lado? (IK) Eu garanto, com toda a seriedade, que não enviámos para qualquer autoridade russa, nem embaixada. Não foi enviado e isso nem foi pensado. (JK) Não faz sentido, mesmo. Nos processos para a câmara, não era feita depois uma versão digital? (JK) Não. Depois havia os técnicos da câmara, com outros procedimentos e contactos com outras instituições. Esse trabalho era feito por outras pessoas. O jornal Expresso publicou o testemunho de uma refugiada ucraniana a dizer que o Igor lhe perguntou onde estava o marido. (IK) Não me lembro do assunto, concretamente, mas nas conversas, para o preenchimento dos dados, temos de perguntar sempre relativamente ao agregado familiar. No atendimento, as próprias pessoas falavam de pai, mãe, de familiares que ficaram lá. Na conversa poderia haver perguntas, sobre onde estão ou para onde querem ir e se conseguem vir para Portugal. Porque, naquela altura, várias pessoas contactaram connosco com pedidos de apoio >>>
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Setúbal >>> ou de informação sobre como podiam sair da Ucrânia. Algumas pessoas saíram pela Polónia, outras tentaram pela Moldova, houve pessoas que tentaram sair no próprio carro. (JK) Ajudamos quem procura contactos de quem pode ajudar a tirar as pessoas de lá. O que está a dizer é que as perguntas não foram para identificar combatentes, mas para ajudar a saída de refugiados? (IK) Sim. Podia haver uma conversa qualquer, não me lembro. Foram várias pessoas. Umas diziam ‘olha, o marido está em serviço’, ‘olha, consegue sair, não consegue sair”. Por exemplo, diziam “ele está perto da zona da Polónia, não sei se ele consegue sair”, ou noutra zona qualquer. Há zonas mais conflituosas de onde as pessoas não conseguem sair e outras mais calmas de onde conseguem. Obter esses dados para recolha, para registar ou enviar para alguém? Não! Não registavam esses dados? (IK) Claro que não. O registo era só dos dados do formulário. De resto, as pessoas falaram de tudo e de mais alguma coisa. Houve casos de pessoas que conseguiram sair da Ucrânia com a vossa ajuda? (IK) Nós damos os contactos de quem pode ajudar, de grupos do Facebook, online. (JK) Depois apareceram muitos anúncios do género ‘daqui a uma semana vai haver um carro que pode trazer quatro pessoas”, e quando eu encontrava essa informação mandava para as pessoas. A PJ fez buscas, na terça-feira, na Linha de Apoio a Refugiados de Setúbal. Foram constituídos arguidos? (IK) Não. Até ver, não. A Judiciária faz o seu trabalho, que faça o que deve fazer, nós não temos nada a esconder. O que levou a PJ da Edinstvo? (IK) Não sei se posso dizer. O Igor tem sido apontado como próximo do regime russo? É verdade? Está a fazer-me uma pergunta política, mas eu não sou político. Na minha situação, é irresponsável apontar se estou dum lado ou do outro. Eu sou do lado humano. Se é necessário dar uma ajuda humana às pessoas que precisam, refugiados e outras pessoas do Leste que também sofrem alguma perseguição ou pressão, eu ajudo. É incorrecto e irresponsável dizer
que eu estou por um ou outro regime. Eu estou em Portugal há 20 anos. Sou pró-humano e o que me interessa é o que vai acontecer neste momento a todas as comunidades em Portugal. (JK) Somos mais portugueses do que pró-outros. Sentem-se mais portugueses? (JK) Sim. (IK) Se vocês perguntam se eu sou russo, sim, sou russo. Se isso é crime, não sei. No nosso trabalho sempre tentámos dar a imagem que os imigrantes que estão cá têm de estar unidos. O caminho deles, mesmo preservando as suas raízes culturais e a integração na sociedade portuguesa, é contribuir para o desenvolvimento da sociedade portuguesa. Também é apontado como próximo da Embaixada da Rússia. (IK) Sim. Nós estivemos sempre em contacto com a Embaixada da Rússia. E também tivemos contactos, até certo momento, com a Embaixada da Ucrânia. Foram organizados encontros com o cônsul da Ucrânia, em 2002 e 2012, em Setúbal. As pessoas foram convidadas e falaram nestas reuniões, em duas línguas, ucraniano e russo. Como explica ter sido dirigente do Conselho de Compatriotas Russos? (IK) Eu geria o Conselho de Compatriotas em Portugal há quatro anos atrás. Este conselho é igual ao conselho das comunidades portuguesas. O objectivo deste conselho não é mais nem menos que o mesmo que faz o Estado português. Há a Direcção-Geral dos Assuntos Consulares e Comunidades Portuguesas. Este trabalho é o que faz qualquer Estado. Acho que Portugal está
Não fomos constituídos arguidos. A PJ que faça o seu trabalho, não temos nada a esconder Igor Khashin
bem mais desenvolvido neste tipo de trabalho. Quando recebia o convite para participar em conferências, eu ia e trazia as necessidades e as questões dos imigrantes. Participou no Congresso Mundial do Conselho de Compatriotas, em Moscovo, em Abril de 2014. (IK) Esse foi em Abril. Mas não foi só uma vez, fui convidado várias vezes. Nessa conferência defendeu uma “cooperação estreita entre os órgãos legislativos da Federação Russa” para que os compatriotas da diáspora tivessem o direito a ser ouvidos. Sim. Claro que queria. Isso é normal. A comunidade emigrante portuguesa, salvo erro, elege seis deputados. Estes deputados conseguem trazer as necessidades das pessoas, como assuntos consulares e outras, para o nível do Parlamento. Na Rússia isso não existia. Havia alguns encontros com deputados russos e eu também colocava estas questões, como, por exemplo, a que tem a ver com a obtenção de nacionalidade para os filhos de russos em casamentos mistos [com estrangeiros]. Ou acordos bilaterais na área social, que existem entre a Ucrânia e a Moldova e que com a Rússia não existiam. Todas estas questões foram levantadas. (JK) São questões que têm a ver com as necessidades das pessoas. (IK) Foi uma oportunidade de levar essas necessidades para lá e, ao mesmo tempo, promover Portugal. É uma sorte ter uma oportunidade destas para dizer “atenção, Portugal tem estas pessoas, da diáspora, que trabalham com o Estado português e que estão integradas, mas que têm problemas que deviam ser resolvidos”. Há coisas, como as reformas e outras questões sociais, que não são entre nós e o Estado português, mas entre este e o Estado russo. Em 2015 o próprio ACIDI [Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural] defendia a importância destes acordos bilaterais. (JK) Quando chegámos, apaixonámo-nos mesmo por Portugal e tentámos sempre, durante 20 anos, promover o país. (IK) Também criámos o Gabinete de Apoio à Integração de Imigrantes Empreendedores [com o apoio do ACM], para tentar aproximar os empresários, portugueses, russos, ucranianos e de outros países de Leste. Várias pessoas da Ucrânia vieram assim e conseguiram
estabelecer negócios com Portugal. (JK) Nós vivemos cá, os nossos filhos nasceram cá, e o nosso grande interesse é que Portugal se desenvolva. E em paz. A Edinstvo também recebeu apoios da Embaixada da Rússia? E de outras embaixadas? De outras embaixadas não, mas da Embaixada da Rússia havia uns apoios para comemorações, como festas de Natal, passagens de ano, próximo da Páscoa. Havia estes apoios, mas eram simbólicos, às vezes mesmo com prendas ou livros. Houve também apoio, da Fundação Russkiy Mir, para um projecto específico de uma escola em Setúbal [ATL para filhos de imigrantes]. (JK) Não. A escola já existe aqui há muitos anos e inicialmente não pedimos apoios de ninguém. Depois tivemos apoios, do ACM, e uma vez tentámos pedir um apoio desse fundo. E só uma vez fomos apoiados, em 2015, mas para pagar alguns professores e fazer algumas actividades na escola. (IK) A Fundação Russkiy Mir é uma estrutura tipo o Instituto Camões, que promove a língua portuguesa no estrangeiro e tem as suas actividades, tem os seus apoios. Não é uma organização ao serviço da propaganda da Rússia? Eu não sei se é propaganda ou não. Quando trabalhámos com
a fundação, naquele projecto que tivemos, foi só uma questão cultural, promoção da língua. Foi há mais de sete anos. Havia duas funções para esta escola. Para as crianças recém-chegadas, que sofrem um choque de entrada na escola portuguesa, a função era dar-lhes a possibilidade de comunicar com outras crianças, que já estão integradas na comunidade e nas escolas portuguesas, e perceber alguns pormenores. E para outras crianças que nasceram cá, como os nossos filhos, por exemplo, poderem aprender a língua, porque os pais podem até ensinar, mas não conseguem dar aquela especificidade, e as crianças não olham para os pais e mães como professores. Têm dois filhos nascidos em Portugal? (IK) Exactamente. (JK) O nosso filho mais novo, quando fala em russo, é tudo ao contrário. Ele pensa em português e, depois, tem de traduzir de português para russo. Se algum russo falar com ele nota logo. É um português. Como se lembraram de fundar a Edinstvo, em 2002? (IK) É uma história muito interessante. Na altura, estávamos a ajudar na abertura de uma loja de produtos de Leste e apareceram pessoas a colocar várias questões, sobre estadia, emprego, etc., e nós tentámos contactar com
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Futuro parque de estacionamento na Várzea entre os prometidos por André Martins p6
entidades, como o SEF, para saber se havia possibilidade de organizar um encontro de esclarecimento. No SEF é que nos disseram que só podiam responder a uma estrutura organizada… (JK) Foram eles próprios que nos sugeriram que criássemos uma associação. (IK) Começámos a estabelecer contactos e o primeiro encontro em Portugal entre o SEF e os imigrantes de Leste aconteceu em 2003, em Setúbal, e os imigrantes até estavam com medo de participar porque podiam ser detidos. O SEF também não estava preparado para ir e colocava-nos várias questões, mas conseguimos organizar o encontro, também graças à câmara que disponibilizou um espaço. Nós criámos um livro, em duas línguas, russo e português, como um guia de perguntas e respostas sobre o processo de legalização, para ajudar os imigrantes. E depois organizámos também um encontro com a Segurança Social, sobre a importância de pagar as
contribuições, e também foi criada uma brochura. Nessa altura, o ACIDI ainda não estava tão desenvolvido como agora. A associação tem tido apenas actividade social e não política? (IK) Sim. (JK) Esse é mesmo o objectivo da associação, não tem nada a ver com política, propaganda ou alguma dessas coisas. Toda a actividade está ligada à integração das pessoas na comunidade portuguesa. (IK) E está aberta a todos os que quisessem participar. Os portugueses também participaram. Havia famílias mistas, que mandaram crianças para a escola, ou participaram nas nossas actividades. Têm ideia de quantos ucranianos e russos a associação atendeu em 20 anos? (YK) Não foram cem nem mil. Foram milhares. De todas as nacionalidades de Leste? (IK) A maioria ucraniana. Porque é a comunidade mais representada. Tenho aqui um número que diz que, de 2019 a 2021, foram atendidos no gabinete municipal de imigrantes, em Setúbal, 631 ucranianos, 276 moldavos e 68 russos. A proporção será esta? (IK) Sim, é isso. Os 24.900 euros que a Edinstvo recebia por ano da Câmara de Setúbal eram só para os encargos com os colaboradores ao serviço da autarquia? (JK) Eram só para isso. Às vezes havia outros apoios pontuais, como para a participação na Feira de Sant’Iago, que era dado a todas as associações para participarem nesta actividade. E do ACM, de 2013 a 2019, receberam cerca de 126 mil euros. Para quê? (IK) Havia vários projectos, anuais, que realizámos, de acção intercultural. (JK) Tínhamos um projecto de mediadores interculturais dos serviços públicos, que durou cinco ou seis anos, e que tinha três ou quatro mediadores. Estes valores eram para os salários deles, passaram pela associação mas não eram apoios nossos, eram para
No dia que fizemos o acolhimento, quando cheguei a casa nem conseguia falar. Ficámos desgastados Julia Khashina pagar os salários dessas pessoas. Por que é que o Igor deixou de ser presidente da Edinstvo e passou a ser a Júlia? (IK) Foi em 2017, porque eu tenho outros projectos, tinha de me dedicar mais a trabalho. É uma questão pessoal, digamos assim. (JK) O trabalho na associação é voluntário e nós temos que trabalhar para viver, além da associação. Quando temos duas crianças, temos que ter mais rendimentos Qual tem sido a profissão do Igor em Portugal nos últimos anos? (IK) Trabalhei nos projectos da associação, como chefe do gabinete de apoio à integração de imigrantes empreendedores e como formador no IEFP. Porque têm estado em silêncio? (IK) Primeiro, porque não sou uma pessoa pública, não tenho experiência para trabalhar com jornalistas. E com este contexto de guerra e tudo à volta, preferi ficar mais recatado, até que fique tudo esclarecido, que as pessoas percebam que é assim. Mas a polémica aumentou e fiquei preocupado com a família e com o que se poderia passar. (JK) E outra coisa: não sentimos culpa por aquilo que aconteceu. Tudo foi feito com boa intenção e de acordo com todos os procedimentos estabelecidos. E ficámos numa situação em que nós é que temos que provar que não
somos maus. Ficámos chocados. (IK) A intenção foi sempre mostrar que não havia conflito dentro da comunidade, porque é difícil gerir a situação quando temos pessoas das várias partes da Ucrânia cá em Setúbal e em Portugal, que neste momento estão em confronto uma com a outra, lá. Entre ucranianos? (IK) Sim, entre ucranianos. O objectivo do nosso apoio foi não transmitir o conflito de lá para aqui. É difícil. Nós tivemos um projecto de mediação intercultural, tentamos mediar e não deixar as pessoas odiarem-se umas às outras. Como classifica o ambiente actual entre os imigrantes de Leste aqui na região? (IK) É tenso. Eu percebo as pessoas. Eles querem combater e proteger os seus, mas não é combater aqui, entre pessoas que se conhecem. A guerra não é aqui, aqui há paz. A cidade tem que manter a paz. E o que nós tentamos em Setúbal é manter a paz. Perguntam porque é que eu ajudo os ucranianos, se eu sou russo. Eu disse sempre, ‘nós temos de ajudar as pessoas quando têm necessidade de ajuda’. Não vou perguntar se é ucraniano, russo ou de outra etnia qualquer. Se a pessoa chegou, precisa de ser ajudada e não prejudicada. Como se sentem com toda esta situação? (JK) Sentimos uma injustiça. É o primeiro sentimento. Agora até os outros voluntários têm medo de ajudar as pessoas, por poderem ser prejudicados. (IK) Nós queremos fazer o bem e depois somos postos como estando a fazer o mal. Os voluntários estão um bocadinho em choque, estão com medo, querem-se afastarse. Isso tem que ser pensado, ninguém fala sobre o que sentem os voluntários. Pelo voluntário passa a vida das pessoas, e as pessoas desgastam-se porque, não conseguindo dar resposta e mesmo dando ajuda, ou alguma coisa, aparecem notícias como esta. (JK) Os nossos próprios filhos comentaram com os professores: “vocês não viram o estado dos nossos pais, na altura do atendimento, ficaram
desgastados.” Eu, quando cheguei a casa, não conseguia falar. (IK) Não é fácil, e não é por sermos russos a ajudar ucranianos. Quando somos confrontados com necessidades de casa, alimentação, estadia, onde ir, onde procurar emprego, etc… (JK) E depois há estas questões políticas. Não sei. As pessoas não nos conhecem mas não têm vergonha de dizer estas coisas e que somos culpados. Dão os factos como consumados. Pensem que somos pessoas, que temos família, temos a nossa vida pessoal. A Júlia foi retirada ou pediu para sair daquele serviço da câmara? (JK) Fui logo afastada do atendimento a refugiados. Já nem estou no atendimento dos outros imigrantes. A situação tem de ser esclarecida, acalmada, para eu conseguir voltar às minhas funções normais. Recebo não sei quantas chamadas, o telefone não pára de tocar, as pessoas perguntam quando é que podem ser atendidas por mim. As pessoas perguntam por si, incluindo ucranianos? (JK) Incluindo alguns refugiados que atendi lá no gabinete. Da Ucrânia e de outros países. Ligam directamente para mim. Eles precisam de alguma janela para a burocracia portuguesa. É através de nós que eles conseguem perceber como funciona Portugal. (IK) Porque o nosso número também está espalhado e as pessoas sabem e contactam connosco. Como vê a guerra na Ucrânia? (IK) É uma tragédia. O que é que eu posso dizer? É uma tragédia. Isso tem de ser acalmado e tratado pelos políticos. E não se quer meter nessa área da política? (IK) Não quero. A associação vai continuar a sua actividade? (IK) Espero que sim. (JK) Este ano fazemos 20 anos, pensávamos convidar todos os parceiros, com quem trabalhamos, para celebrar. Agora já não sei. Começamos a ficar desmotivados. O nosso trabalho de 20 anos foi destruído num dia. PUBLICIDADE
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Setúbal DR
ABERTURA A 10 DE JUNHO
Praias da Arrábida começam a ser limpas e higienizadas para época balnear Operação executada pela Câmara Municipal com recurso a equipamento mecânico atrelado a um tractor
INVESTIMENTO DE 120 MIL EUROS
Futuro parque de estacionamento na Várzea entre os prometidos por André Martins Empreitada com prazo de execução de 45 dias vai permitir abertura de espaço com capacidade para cerca de meia centena de automóveis Com um total de 120 mil euros, a Câmara Municipal de Setúbal pretende avançar em breve com a construção de um parque de estacionamento junto ao terminal de autocarros instalado na zona da Várzea. Trata-se de uma das bolsas de estacionamento prometidas por André Martins, presidente da edilidade sadina, na Assembleia Municipal de Setúbal do passado dia 2, face à indignação de munícipes contra o estacionamento tarifado na cidade. Na referida reunião, o edil disse que no final desta semana seria divulgada “informação de mais parques desta natureza”, ou seja, mais bolsas de estacionamento gratuito na periferia da cidade. Sobre o futuro parque da Várzea, explicou a autarquia em comunicado que este terá “capacidade para cerca de meia centena de automóveis”,
tendo o “objectivo de melhorar as condições de segurança, mobilidade e acessibilidade viária e pedonal”, através da “implementação de um sistema funcional de circulação, de passeios e de estacionamentos”. “Com um prazo de execução previsto de 45 dias e uma área de intervenção de aproximadamente 3 884 metros quadrados, a obra consiste na pavimentação de passeios, colocação de lancis e asfaltamento das vias rodoviárias e do estacionamento”. No entanto, continuará a existir uma bolsa informal de estacionamento junto ao campo do Clube Desportivo “Os Pelezinhos”. De acordo com o município, “fica, assim, concluído o desenho total daquele terreno municipal delimitado
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A Câmara de Setúbal avança que o novo parque de estacionamento terá capacidade para cerca de meia centena de automóveis e condições de segurança
entre a Avenida de Moçambique e os campos de futebol da Várzea, garantindo-se o apoio e os acessos pedonais e rodoviários ao equipamento desportivo municipal”, utilizado pelo Vitória Futebol Clube e pelo CD “Os Pelezinhos”. Os materiais a empregar serão “idênticos utilizados na obra do terminal de autocarros instalado na Várzea, sendo aplicada nos arruamentos uma camada de betão betuminoso numa área com aproximadamente 1 584 metros quadrados”. Já nos passeios vão ser “aplicados cerca de 1 555 metros quadrados de pavê em betão vibro-prensado de dupla camada e, nos lancis, aproximadamente 420 metros lineares de vidraço”. O Terminal da Várzea entrou em funcionamento em Fevereiro do passado ano, em substituição da antiga estação rodoviária situada na Avenida 5 de Outubro, que esteve ao serviço do concelho sadino durante mais de cinco décadas. A infra-estrutura, cedida pelo município à empresa Transportes Sul do Tejo (TST), operadora pertencente ao Grupo Arriva, por um período de oito anos, representa um investimento superior a 200 mil euros.
As praias da Serra da Arrábida estão já a receber “uma limpeza aprofundada”, cuja operação está a ser executada pela Câmara Municipal de Setúbal com recurso a equipamento mecânico, para a época balnear, que decorre entre 10 de Junho e 18 de Setembro. “A preparação das zonas balneares já teve início, com uma limpeza aprofundada dos areais das praias, com recurso a um equipamento mecânico atrelado a um tractor, através de um sistema de crivagem que recolhe os detritos”, referiu a autarquia sadina em nota de Imprensa. “Além desta limpeza mecânica, a executar sempre que necessário, as equipas municipais asseguram a limpeza diária das zonas balneares do concelho, feita de forma manual, e a substituição dos sacos dos contentores de resíduos distribuídos pelos areais”. É desta forma que a edilidade revela conseguir que as praias do concelho, “escolhidas anualmente por milhares de pessoas como zona de veraneio”, apresentem “condições de limpeza e higiene públicas”. Também “os pontos de deposição de resíduos” vão ser reforçados pela autarquia, “como habitual”, através da “colocação de mais contentores nas zonas balneares, adequando os meios às necessidades”. “A limpeza é igualmente assegurada nas praias da Saúde e da Gávea, ainda que estas não estejam classificadas como zonas balneares”, sen-
do que “a manutenção dos areais e a recolha de resíduos nas áreas concessionadas das zonas balneares são garantidas pelos respectivos concessionários”.
Acesso à Arrábida volta este ano a ser “sem carros”
A circulação automóvel na Serra da Arrábida durante a época balnear volta este ano a ser controlada pela Câmara Municipal de Setúbal, através do programa “Arrábida sem Carros e em Segurança”. No entanto, os transportes públicos vão ser reforçados, apesar de o estacionamento perder lugares com o encerramento do Parque da Secil para obras. Sabe O SETUBALENSE que a administração cimenteira está a procurar espaços para arranjar uma solução, sendo que uma das hipóteses estudada é a utilização do parque de camiões. A proibição da circulação de automóveis particulares vai desde a praia da Figueirinha à do Creiro, sendo que a autarquia pretende assegurar transportes públicos a cada trinta minutos. Com partidas de Azeitão e de diversos pontos da cidade sadina, a frequência de algumas carreiras poderá ser reduzida para 15 minutos “no período da manhã”. Já a “circulação nos troços com restrição de trânsito é autorizada a veículos de duas rodas, trotinetas, viaturas portadoras de dístico de residente, transportes públicos regulares, táxis e similares, autoridades e viaturas de emergência”. “Há ainda o caso dos residentes, comerciantes e concessionários, que podem pedir cartões de acesso por requerimento disponibilizado na página do município ou pelo endereço de correio eletrónico praias@mun-setubal.pt”. DR
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Cartazes da paz de alunos do concelho em exposição na Galeria Municipal
A exposição “Cartazes sobre a Paz (2021-2022): estamos todos conectados” foi inaugurada na passada segunda-feira na Galeria Municipal do Montijo. A mostra reúne os trabalhos das escolas do concelho que concorreram ao 32.º Concurso Anual de Cartaz sobre a Paz, promovido
pelo Lions Clubs Internacional. Durante a sessão foram entregues prémios e diplomas aos autores dos trabalhos expostos. A inauguração da exposição foi abrilhantada por um apontamento musical a cargo de Duarte Breia (guitarra clássica) do Conservatório Regional de Artes do Montijo.
VÍTOR NENO
Montijo
NA GALERIA MUNICIPAL
União Mutualista aposta em painel de luxo para debater economia social A iniciativa marca o arranque do programa de comemorações do 150.° aniversário da instituição montijense PARQUE DE EXPOSIÇÕES ACÁCIO DORES
Ministra abre Feira do Porco e deixa promessas de apoio ao sector A governante ouviu apelos de apoio do presidente da federação de suinicultores e anunciou medidas imediatas e para o futuro Mário Rui Sobral Com pontualidade inglesa e sorriso aberto. Foi assim que Maria do Céu Antunes, ministra da Agricultura e da Alimentação, "apadrinhou" ontem a abertura da 25.ª edição da Feira Nacional do Porco. Às 14 horas já a governante estava no Parque de Exposições Acácio Dores, no Montijo, para cumprir o ritual de inauguração do certame, que decorre até amanhã. Ladeada por David Neves, presidente da Federação Portuguesa de Associações de Suinicultores (FPAS), e Nuno Canta, presidente da Câmara do Montijo, a ministra tentou até acariciar alguns leitões, antes de rumar em comitiva ao interior dos pavilhões. Visitou as cerca de três centenas de expositores, distribuiu cumprimentos e dois dedos de conversa, posou para as fotos da praxe, provou alguns dos produtos e fez um “fixe” em sinal de aprovação – até porque, o que é nacional... é bom. E de sorriso aberto lá foi soltando à medida que avançava: “Boa tarde, boa feira”.
Concluída a ronda pelos dois pavilhões, vieram os discursos precedidos por um apontamento musical, executado numa trompa de caça por João Gaspar, professor do Conservatório Regional de Artes do Montijo. Perante um plateia composta por deputados parlamentares, autarcas, representantes de organismos regionais e nacionais, entre outros, David Neves não enjeitou a oportunidade de vincar à ministra a crise que o sector atravessa e a necessidade de apoios imediatos do Governo. O sector, disse o responsável pela FPAS, “precisa de respostas urgentes”, de “medidas excepcionais para circunstâncias excepcionais”. Precisa de “uma urgente reforma estrutural” ao nível do licenciamento da sua actividade, apelou à governante, para reforçar de seguida: “O sector não pode esperar mais quatro anos. É necessário agir, fazer, dotar as empresas dos instrumentos legislativos que permitam acompanhar a evolução da actividade. Licenciar não pode ser um calvário. É preciso ultrapassar impasses com a tutela do Ministério do Ambiente.” E lembrou que a fileira, no agregado de actividades, “contribui com mais de 2 mil milhões de euros anuais para o PIB português”.
Independência alimentar e medidas a caminho
Maria do Céu Antunes viria a responder mais à frente. De permeio, Nuno Canta acentuou a importância de
se poder contar com um sector que “garanta a independência alimentar” na região e no País. “A agricultura e a suinicultura têm de ser uma prioridade. É preciso mobilizar todos (…) para garantir a nossa independência alimentar”, sublinhou. A observação do autarca foi subscrita pela ministra, que admitiu haver “trabalho a fazer” quando se olha para os escassos montantes utilizados no sector entre 2014-2021 neste território, onde não só a suinicultura mas também a produção de flores assume grande expressão. “Foram apoiados 117 projectos de investimento com cerca de 10,5 milhões de euros”, lembrou. A governante apontou depois algumas medidas lançadas – como o Observatório de Preços – ou em preparação e anunciou: “Hoje [ontem] posso garantir que temos autorização para uso de 51,5 milhões de euros (…) no desenvolvimento rural.” Tratada está já a disponibilização “pela primeira vez” de uma verba de 500 milhões de euros “para poder antecipar pagamentos” que os produtores só iriam receber “parte em Outubro e outra parte em Dezembro”. O futuro, frisou Maria do Céu Antunes, passa “por trabalhar a produção extensiva e a intensiva”. E quanto aos licenciamentos da actividade no sector revelou que estão já a ser constituídos grupos de trabalho para se avançar nas diversas dimensões desta vertente.
“Desafios da Economia Social no Presente”. É este o tema da conferência/debate que a União Mutualista Nossa Senhora da Conceição (UMNSC) promove já amanhã, a partir das 15 horas, na Galeria Municipal do Montijo. A iniciativa abre o programa de comemorações dos 150 anos da UMNSC e vai apresentar um painel de excelência, moderado por Pedro Bleck da Silva, actualmente consultor da Associação Internacional das Mutualidades e da APM - Rede MUT. Abordar questões que tragam à luz os contornos e os desafios com que se debatem as entidades que actuam neste sector é o objectivo da iniciativa. A definição do conceito de economia social, o enquadramento e limitações legais das mutualistas e os modelos de financiamento são alguns dos tópicos que vão estar em cima da mesa. Entre os oradores vão estar Eduardo Manuel Fernandes Graça, actual presidente da Cooperativa António Sérgio para a Economia Social (CASES), que já leva 30 anos de experiência no sector, e Juan Antonio Pedreño, presidente da Social Economy Europe e coordenador geral da ESMED (Economia Social Euro-Mediterrânica), que vai trazer ao debate o estado da arte da Economia Social na Europa. O
documento “Construção de uma economia ao serviço das pessoas: plano de acção para a economia social”, recentemente apresentado pela Comissão Europeia e que vai ditar as políticas para o sector nos próximos anos, deverá ser um dos temas centrais. O painel é completado por Jaime Crato, da comissão dos 150 anos da UMNSC, e Pedro Santos, presidente da UMNSC. Para o responsável pela mutualista do Montijo a promoção deste tipo de iniciativas “é também uma forma de valorizar a instituição e a comunidade”. “O esforço da UMNSC em acompanhar as tendências e as políticas que vão enquadrar a actividade destas instituições é sinónimo do compromisso que temos com um trabalho cada vez mais eficiente e capaz de responder às necessidades e desafios colocados pelos seus associados, utentes e comunidade”, adianta Pedro Santos. A conferência é aberta à população.
As limitações legais das mutualistas e os modelos de financiamento são alguns dos tópicos que vão estar em cima da mesa DR
Eduardo Graça, Pedro Bleck, Juan Antonio Pedreno (da esq. para a dir.)
8 O SETUBALENSE 13 de Maio de 2022
Montijo JOÃO AFONSO DENUNCIA E TUTELA CONFIRMA
BREVES
Freguesias rurais de Pegões, Santo Isidro e Canha sem médicos de família
INSÍGNIAS
Aula aberta na Universidade Sénior DR
Só 5,9% da população das três localidades tem clínico. Polo de Santo Isidro está fechado há quase um ano. Consultas diminutas Mário Rui Sobral Mais de 94% dos residentes na zona Este do concelho do Montijo não têm médico de família. São ao todo 6 582 utentes, de entre um total de pouco mais de 7 mil, maioritariamente idosos, que habitam nas freguesias rurais de Pegões, Santo Isidro e Canha. A situação foi denunciada pelo vereador do PSD João Afonso e confirmada a O SETUBALENSE pela Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT). Em comunicado enviado à redacção de O SETUBALENSE, o autarca alerta para o facto de existirem sem médico de família “cerca de 3 800 utentes em Pegões, 1 500 em Santo Isidro e 1 200 em Canha”. O total (inclusive superior ao número apontado pelo vereador do PSD) é admitido pela ARSLVT, que apenas não confirma os parciais de cada uma das três localidades. “Temos 6 582 utentes sem médico de família. Pese embora este constrangimento, importa referir que estes utentes têm cuidados de saúde assegurados no Polo de Pegões [da Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados Montijo Rural, formada ainda pelos polos de Santo Isidro e Canha]”, assume a ARSLVT. O cenário, critica João Afonso, “agravou-se” desde Junho passado, já que o Polo de Santo Isidro da unidade de saúde fechou portas por “falta de profissionais”. O serviço passou para o Polo de Pegões que, apesar de contar com cinco médicos, não presta mais do que “22 horas de consultas semanais, repartidas por quatro dias”, revela o social-democrata e reconhece a ARSLVT, que acrescenta que o atendimento abrange utentes das três localidades. E a tendência não é melhorar. Até final do ano, o Polo de Pegões deverá perder um médico,
A sala multiusos da Universidade Sénior do Montijo acolhe hoje, pelas 15 horas, uma aula aberta subordinada ao tema “O processo criativo das insígnias honoríficas açorianas”, ministrada pelo professor José Manuel Pedroso da Silva. Após a aula, será feita uma exposição de exemplares das insígnias, que são da autoria do próprio docente.
AMANHÃ
O Polo de Pegões só dá 22 horas de consultas por semana
por aposentação, diz João Afonso. A O SETUBALENSE, a ARSLVT contorna a questão e refugia-se no facto de o Polo de Pegões contar “neste momento com cinco médicos”. Já o Polo de Canha funciona “com dois médicos contratados pela Santa Casa da Misericórdia” local, afirma o autarca do PSD, que contesta o horário do serviço confirmado pela ARSLVT: “Funciona duas vezes por semana, num total de 9 horas.” “A população destas freguesias, para agendar uma consulta, tem de 'acampar' à porta do respectivo centro de saúde durante a madrugada. Em Pegões e Canha a minoria que tem dinheiro recorre ao serviço
de saúde privado, quem não tem dinheiro morre lentamente… é este o Serviço Nacional de Saúde que os socialistas nos oferecem. As populações de Pegões e Canha estão esquecidas e abandonadas pelo Governo e pelo clientelar poder socialista que há 25 anos nos empobrece e engana”, dispara João Afonso. O social-democrata defende que a Câmara Municipal deve “implementar medidas de incentivo” à fixação de médicos de família: “A atribuição de uma comparticipação financeira, para apoiar a aquisição ou arrendamento de habitação, ou, em alternativa, o transporte para médicos que não residam no concelho”, aponta, a concluir.
Santo Isidro ARSLVT procura solução para reabrir polo Com o encerramento do Polo de Santo Isidro, no início de Junho último, os utentes desta localidade são obrigados a deslocar-se ao Polo de Pegões para acederem aos cuidados de saúde primários. Mas a ARSLVT diz que, em conjunto com o Agrupamento de Centros Saúde Arco Ribeirinho, está “a envidar todos os esforços na procura de uma solução que permita
a reabertura do Polo de Santo Isidro”. Em resposta a O SETUBALENSE, a administração regional de saúde não indica, no entanto, qualquer data para a reactivação da unidade naquela localidade. “Até que tal seja possível, os cuidados de saúde a estes utentes são assegurados no Polo de Pegões”, rematou.
Rita Vian actua na 1.º de Dezembro É já amanhã que a cantora Rita Vian actua na sede da Sociedade Filarmónica 1.º de Dezembro, no Montijo. O espectáculo, inserido num novo ciclo dos “Concertos no Salão”, está agendado para as 21h30. A produção é da responsabilidade da Companhia Mascarenhas-Martins. Os ingressos têm um custo de cinco euros.
MÚSICA
'Sleepwalker's' vencem mostra de bandas The Sleepwalker's foi a formação vencedora da IV Mostra de Bandas, do Montijo, que decorreu no último fim-de-semana no Jardim da Casa Mora. O grupo arrecadou um prémio de 500€ e vai actuar na Semana da Juventude e representar o concelho na edição deste ano do Festival da Liberdade em Sesimbra. Zóra, Uandmi e Metamorfose foram os 2.º, 3.º e 4.º classificados, respectivamente.
RODA CLDS4G
Projecto de inclusão social promove segurança da comunidade A Escola Profissional recebe no próximo dia 20, entre as 9h30 e as 12h30, uma demonstração de meios de segurança na comunidade, no âmbito do projecto de inclusão social “RODA CLDS4G Montijo”. A actividade vai decorrer no espaço exterior da escola montijense e visa “promover a aproximação das forças de segurança à comunidade, bem como dar a conhecer os vários serviços e valências que a GNR disponibiliza”, explica a Associação para a Formação Profissional e Desenvolvimento do Montijo (AFPDM), que executa o projecto RODA CLDS4G em parceria com a Santa Casa da Misericórdia local, entidade coordenadora. Na demonstração agendada para a manhã de dia 20, participam os Bombeiros Voluntários do Montijo e o Serviço de Protecção Civil local, que vão interagir com os participantes na actividade. O evento é aberto à comunidade. Para este mês, ainda no âmbito do mesmo projecto que promove “várias actividades de qualificação e capacitação pessoal e social, dirigidas a pessoas, famílias, crianças e jovens, idosos, alunos, desempregados e comunidade no geral”, está agendada outra iniciativa. Trata-se do webinar subordinado ao tema “Prescrição Social: E se o seu médico lhe receitasse um voucher para visitar um museu ou fazer aulas de pintura?”, a realizar no dia 26, entre as 10 e as 12 horas. “Esta actividade pretende abordar algumas questões como: 'O que é a prescrição social? Quais os objectivos? Como se operacionaliza? Quem são os seus intervenientes?'”, explica a AFPDM. A organização está a cargo do RODA CLDS4G e do Centro Local de Aprendizagem da Universidade Aberta no Montijo. A participação é gratuita, mas sujeita a inscrição prévia através de: clds4gmontijo@ gmail.com. O projecto RODA 4G iniciou a sua intervenção em Setembro de 2020 e terminará em Setembro de 2023.
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O SEGREDO DAS CARTAS
Opinião
TARÓLOGO e ASTRÓLOGO FRANCISCO GUERREIRO
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É racismo tentar ser justo?
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CARNEIRO 21.03 a 20.04 No plano amoroso – não rejeite a possibilidade de se envolver um novo relacionamento. Poderá ser surpreendido, muito favoravelmente, com as atitudes e gestos de alguém que entrou há pouco na sua vida. No plano profissional – poderá entrar numa nova fase profissional, comece a pensar em novos projetos ou novas aplicações financeiras. Carta da semana – O SOL – semana muito luminosa e feliz para Peixes. Vai sentir-se com muita vontade de viver a vida e demonstrar a força das suas emoções e sentimentos. TOURO 21.04 a 21.05 No plano amoroso, sente-se muito apaixonado e tem receio de mostrar os seus sentimentos. No plano profissional, terá algumas propostas, mas não se iluda com as mais vantajosas. Carta da Semana – A Lua, esta carta mostra que você estará sensível e um pouco frágil, mas ao mesmo tempo estará com um grande poder de análise. GÉMEOS 22.05 a 21.06 No plano amoroso – poderá travar novos conhecimentos, embora deva amadurecer bem as ideias antes de lançar num novo romance. Poderá ter de enfrentar oposições familiares para poder levar em frente uma relação. No plano profissional – deve manter a calma em todas as circunstâncias, até porque esta semana tudo está ao seu alcance. Carta da semana – O CARRO – a conjuntura anuncia progressos. CARANGUEJO 22.06 a 22.07 No plano amoroso – possibilidade de os seus sentimentos serem completamente renovados. Numa situação inesperada ou mesmo sem estar disponível pode sentir novas emoções. No plano profissional – se estiver envolvido em atos de representação ou de cariz público, sair-se-á muito bem. Carta da semana – O AMOROSO – esta carta define uma semana intensa em que todos os comportamentos estão marcados pela paixão. LEÃO 23.07 a 23.08 No plano amoroso – não aceite opiniões ou que se metam demasiado na sua vida, o seu coração é o seu melhor amigo e só poderá arrepender-se do que não fizer. No plano profissional – todos os negócios ou investimentos em que se envolver, desde que estruturados e calculados darão bons resultados. Carta da semana – O IMPERADOR – está muito lúcido, objetivo e eficaz marcando pontos em todas as situações que se envolver. VIRGEM 24.08 a 23.09 No plano amoroso – não permita que o orgulho atrapalhe ou ponha em causa em relação. No plano profissional – alguns colaboradores podem interferir ou pôr em causa as suas opiniões, mas é aconselhável que não baixe os braços e faça persistir as suas ideias. Carta da semana – A FORÇA – fomenta novas ideias confere rapidez de raciocínio e força de vontade não permitindo que se instalem na sua vida indecisões ou qualquer tipo de medo. BALANÇA 24.09 a 23.10 No plano amoroso – é uma semana adequada a que faça alterações na sua forma de vida; pode iniciar uma fase mais límpida e intensa. No plano profissional – algumas situações podem assumir contornos que não esperava e perante os quais terá de tomar uma posição. Carta da semana – A MORTE – é uma carta forte que permite conduzir a sua vida de forma objetiva e eficaz. Fim de uma etapa e inicio de uma nova etapa próspera. ESCORPIÃO 24.10 a 22.11 No plano amoroso – não entregue o seu amora quem não o merece, corre o risco de deceções. Nem todas as promessas serão cumpridas esta semana. No plano profissional – dê atenção a um negócio ou a um projeto que pode esconder problemas, procure novos apoios. Carta da semana – A LUA – a conjuntura leva-o para o mundo dos sonhos em que é difícil ser racional, tente manter-se lúcido para não ser enganado. SAGITÁRIO 23.11 a 20.12 No plano amoroso, relações são correspondidas e regidas por si e pelos seus interesses. Controle o seu feitio pois numa relação toma decisões a dois. No plano profissional, mostre-se mais activo e mais empenhado com trabalhos que lhe são solicitados. Carta da Semana – O Mundo, esta carta mostra que as conquistas e os seus êxitos estão ao seu alcance, basta que consiga reunir todas as suas potencialidades para atingir os seus fins. CAPRICÓRNIO 21.12 a 20.01 No plano amoroso – escute o que lhe dita o coração sempre que tomar uma decisão ou fizer uma escolha sentimental; todos os gestos deverão ser fruto de reflexão solitária e amadurecida. No plano profissional – está perfeitamente apto a atuar em proveito próprio e fazer bom uso das suas habilitações e conhecimentos. Carta da semana – A PAPISA – a semana promete ser muito importante. AQUÁRIO 21.01 a 19.02 No plano amoroso, poderá estar a passar uma fase conflituosa, que se deve á indefinição de sentimentos, clarifique-os. No plano profissional, os trabalhos que tem em curso irão sofrer alguns atrasos, devido á falta de recursos. Carta da Semana – O Eremita, esta carta mostra que deve agir com rigor e cuidado em todas as situações. PEIXES 20.02 a 20.03 No plano amoroso – momento propicio á evolução sentimental; conseguirá compreender alguns gestos e lidar melhor com os afetos. No plano profissional – vida financeira sujeita a flutuações que merecerão medidas adequadas em cima dos acontecimentos. Carta da semana – O JULGAMENTO – traz uma semana marcante pródiga em acontecimentos importantes que lhe possibilitarão análises e iniciativas fundamentadas.
O
Chega não é contra a habitação municipal, é contra o uso abusivo da mesma e é contra o facto de as casas serem entregues sem critério, não serem entregues muitas vezes a quem na realidade precisa em determinado momento da sua vida, é contra a inoperância do sistema perante dividas com dezenas de anos de determinados inquilinos que têm sinais exteriores de riqueza que não se coadunam com dívidas. A existência de milhares de casas municipais que estão em “regime de subarrendamento”, ou seja, pessoas que alegadamente necessitavam de uma casa de habitação permanente e que usam o bem público para através de um esquema fraudulento subarrendar a outras famílias que não conseguem entrar no mercado de arrendamento legal. O problema vem de longe quando foi permitido fazer contratos com “desdobramento”, quando um filho que estivesse na ficha de habitação dos pais ao atingir os 18 anos teria direito também ele a viver em habitação municipal. A lei alterou e proibiu estes desdobramentos, mas a lógica de entrega de chaves de habitação municipal continuou a ser igual e para os mesmos. A injustiça é tremenda perante não apenas os que trabalham e têm de pagar a sua habitação, como perante aqueles que realmente necessitam de habitação municipal e que em consequência da política de habitação existente não têm acesso a este “bem público”. Não é feito um levantamento sério das dívidas, não se sabe quantas casas estão em posse de agregados familiares que não são os mesmos que têm contrato com a câmara, não
OPINIÃO Bruno Nunes
Será xenofobia saber quantos idosos não têm acesso a casas municipais porque descontaram uma vida de trabalho e assistirmos a quem nada faz a ficar com casas com sinais exteriores de riqueza?
cruzam os dados entre municípios e não conseguem garantir que o mesmo agregado familiar não tenha casa em mais que um concelho. Será racismo pedir a clarificação deste assunto? Será racismo tentar definir regras claras e justas para todos? Será xenofobia saber quantos idosos não têm acesso a casas municipais porque descontaram uma vida de trabalho e assistirmos a quem nada faz a ficar com casas com sinais exteriores de riqueza? É apenas uma questão de bom sendo e de justiça social. Não somos contra A ou B, somos contra todos aqueles que se servem de uma discriminação positiva para viverem à margem do estado, chamar racista, ou qualquer coisa acabada em “ista” a todos aqueles que lutam diariamente contra um sistema que teima em se adaptar às novas realidades. Mas nos bairros municipais só existe gente má? Gente que não trabalha? Obvio que não, e para quem tinha dúvidas o covid deu uma resposta clara, pois enquanto praticamente todos estávamos fechados em casa no início da pandemia, os focos de maior transmissão eram os bairros municipais, por uma razão, os transportes públicos com muita gente que de lá saía para trabalhar iam cheios, muitos tiverem de continuar a trabalhar, mas até para esses é uma injustiça terem de viver determinadas realidades discriminatórias à porta de casa. É racismo tentar ser justo? Racismo é beneficiar A ou B porque é da raça/ etnia C ou D. Não misturamos os que não pagam porque não podem e os que não pagam porque não querem! Deputado do Chega
13 de Maio de 2022 O SETUBALENSE 11 PUBLICIDADE
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ASSEMBLEIA-GERAL ELEITORAL CONVOCATÓRIA Nos termos do artº 9º, nº 3, alínea b) dos Estatutos da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Setúbal, convoca-se uma Assembleia Geral Extraordinária, com fins eleitorais, para reunir na sede, sita R. João de Deus, nº 1, em Setúbal, no dia 23 de junho de 2022, pelas 18h00. PONTO ÚNICO: Eleição dos Corpos Sociais para o triénio 2022/2024 (ver NOTA). O acto eleitoral decorrerá entre as 18H00 e as 20H00 do referido dia. Após o encerramento da mesa de voto serão apurados e divulgados os resultados. Setúbal, 12 de maio de 2022 O Presidente da Assembleia-Geral, Dr. José Manuel Brissos Lino NOTA: De acordo com o artº. 8º. do Regulamento Eleitoral em vigor na AHBVS, as listas a concorrer para a eleição dos Corpos Sociais deverão ser apresentadas na sede da Associação até trinta dias antes da data da Assembleia Geral. Segundo o artº. 9º. do processo de candidatura fazem parte: uma lista completa para cada um dos Órgãos Sociais, com o cargo, número de associado e os nomes dos candidatos efetivos e suplentes; uma declaração, individual ou coletiva, de aceitação de candidatura; uma proposta de candidatura subscrita pelos proponentes e a indicação do delegado da lista.
1392
cremação, considerando todos os custos envolvidos, é tipicamente mais barato que o funeral para sepultura?
12 O SETUBALENSE 13 de Maio de 2022
Montijo MATIAS DAMÁSIO A ABRIR
Dulce Pontes e The Gift garantidos nas Festas Populares de São Pedro DR
Calendário das três actuações está definido. Depois de dois anos de interregno, a tradição volta a ser o que era Mário Rui Sobral A montijense Dulce Pontes vai voltar a actuar em casa. É cabeça-de-cartaz da edição deste ano das Festas de São Pedro, que vão decorrer na cidade do Montijo entre 28 de Junho e 4 de Julho. Garantidos estão ainda os concertos com The Gift e Matias Damásio. Tal como O SETUBALENSE avançou em primeira mão, a 17 de Março passado, estes eram três dos nomes melhor posicionados numa “shortlist” (lista curta) que a comissão organizadora havia definido para estas festividades. As negociações foram bem sucedidas e já há algumas semanas que “os três espectáculos estão garantidos”, apurou O SETUBALENSE junto de fonte próxima da organização. O angolano Matias Damásio – que chegou a estar apontado à edição de 2020 – sobe ao palco na noite de abertura das festas (28 de Junho). A actuação do grupo The Gift está programada para dia 1 e Dulce Pontes apresenta-se ao público que a viu nascer no encerramento das celebrações, 4 de Julho. Os três concertos estão previstos, para já, realizarem-se pelas 22 horas, na Praça da República. Igualmente certos estão dois outros concertos com as actuações das bandas filarmónicas da Sociedade 1.º de Dezembro do Montijo e da Academia Musical União e Trabalho de Sarilhos Grandes. A vertente religiosa é cumprida no dia 29 com a realização das duas habituais procissões – a fluvial, a iniciar-se depois das 14 horas e com regresso ao Cais das Faluas previsto para pouco depois das 16 horas; e a nocturna, que percorrerá algumas das principais artérias do centro montijense a partir das 22 horas. Na primeira, a imagem de São Pedro é transportada por uma embarcação de pesca que é escoltada
Dulce Pontes regressa a casa para dar um espectáculo que promete encerrar com chave de ouro as festas
por outras, todas engalanadas, cumprindo-se pelo leito do Tejo a ligação entre a Base Aérea n.º 6 e o Cais das Faluas. Na segunda, saem em cortejo pelas ruas dezenas de andores com imagens oriundas das várias igrejas do concelho.
Cinco palcos e muito convívio
A Noite do Pescador, em frente à Sociedade Cooperativa União Piscatória Aldegalense (SCUPA), e a Noite de Comes e Bebes, a ter lugar na Rua Joaquim de Almeida, são dois dos momentos de forte convívio. Esta
Tauromaquia Grandiosa corrida e oito largadas no programa A vertente taurina é outra das componentes que vincam as tradicionais Festas Populares de São Pedro. Este ano, o programa volta a contemplar um total de oito largadas de toiros, na Rua Joaquim de Almeida, e a habitual Corrida de São Pedro, a ter lugar na monumental Amadeu Augusto dos Santos, a 2 de Julho, pelas 22 horas. O cartel da Corrida das Festas
de São Pedro vai contar com seis cavaleiros, que vão lutar pelo prémio da melhor lide frente a um imponente curro da ganadaria José Varela Crujo. Certos no cartel estão os nomes de António Ribeiro Telles, João Moura Caetano, Rouxinol Jr. e Andrés Romero. Dois grupos de forcados – um dos quais montijense – vão competir pelo prémio da melhor pega.
última, de maior dimensão, inicia-se ao final da noite de sábado (2 de Julho) e entra pela madrugada dentro. E no domingo (3 de Julho), ainda na Rua Joaquim de Almeida, é levado a efeito o almoço “Pé na Areia”, que junta várias tertúlias e convidados. A animação, com o envolvimento do movimento associativo local, vai distribuir-se por cinco palcos: ao da Praça da República (a cargo da comissão de festas) juntam-se os palcos da Dance Fusion (no Cais das Faluas, nas imediações do terminal da rodoviária), da SCUPA (na Avenida dos Pescadores), do Motoclube do Montijo (no Jardim da Casa Mora) e da associação A Quadrada (na Praça Gomes Freire de Andrade). As Festas em Honra de São Pedro estão de regresso, após dois anos de interregno provocado pela conjuntura pandémica. Mais de 200 mil euros é o montante que a Câmara Municipal do Montijo destinou atribuir às festividades.
AMANHÃ
Junta lança história da Igreja dos Pastorinhos em livro “Movidos pela Fé – Breves Notas sobre a Igreja dos Pastorinhos” dá nome ao livro que a Junta da União das Freguesias de Montijo e Afonsoeiro vai lançar em cerimónia pública já amanhã. A apresentação está marcada para as 21 horas e vai ter lugar na Igreja dos Pastorinhos, localizada no Bairro do Areias. De acordo com a autarquia, a obra apresenta a história associada ao nascimento deste que é o mais recente templo edificado no concelho montijense. “Na semana em que muitos fiéis fazem a sua peregrinação ao Santuário de Fátima, a junta de freguesia realiza o evento de lançamento de um livro que relata o percurso de construção da Igreja dos Pastorinhos. Através dos testemunhos de diversas pessoas que estiveram envolvidas no processo da Igreja dos Pastorinhos, a obra dá conta de como o sonho da comunidade se transformou em realidade”, desvenda a autarquia presidida por Fernando Caria, em nota de Imprensa. Os primórdios da Igreja dos Pastorinhos, adianta a junta no mesmo comunicado, “remontam a 1984 quando, no sótão de casa de Maria da Luz Ribeiradio, foi iniciada a catequese”. “Ao longo dos anos, a comunidade do Bairro do Areias nunca desistiu de ver nascer a sua igreja, que viria a ser inaugurada a 20 de Fevereiro de 2015”, complementa. O lançamento da obra insere-se na programação “No Meu Bairro Acontece”, que a junta de freguesia “vai promover mensalmente até Setembro”, com o intuito de descentralizar as “actividades culturais e de lazer pelos vários bairros” do território.
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Na Boca do Povo para ouvir este sábado histórias e fábulas fantásticas
Os contos tradicionais continuam na Biblioteca de Alcochete, chegando este mês à Ludoteca da Fonte da Senhora e ao Centro Social do Passil. Este sábado, dia 14, haverá momentos repletos de histórias dirigidos às famílias. Entre fábulas fabulosas, lendas
e mitos, os protagonistas serão vários: lebre e tartaruga, a senhora Carochinha e seu João Ratão, um pinto espertalhão e uma raposa matreira. A actividade é gratuita, decorre às 11h00, na Ludoteca, e 15h00 no Centro Social do Passil, e tem a duração de 45 minutos.
Alcochete
SUBSÍDIOS MUNICIPAIS
Executivo aprova 320 mil euros para apoiar Misericórdia e Bombeiros Voluntários DR
As verbas foram definidas para obras, no caso da Santa Casa, e para encargos e aquisição de equipamentos para os bombeiros Humberto Lameiras A Câmara Municipal de Alcochete aprovou um envelope financeiro no total de 320 mil euros para duas instituições do concelho, Misericórdia e Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários. No caso da Santa Casa a verba é de 150 mil euros, e dos bombeiros de 170 mil euros. Os dinheiros foram aprovados na reunião de Câmara de 11 de Maio. No caso da Misericórdia de Alcochete, a verba aprovada, por unanimidade do executivo, pretende fazer frente a um conjunto de obras como a substituição de toda a canalização, incluindo os depósitos para água quente, caldeiras, tubagem e outros equipamentos acessórios. É
Bombeiros vão receber 170 mil euros para muscularem meios
ainda considerada reformulação da rede eléctrica, detecção de incêndios e sistema de segurança de pessoas e bens, impermeabilizações sectoriais inadiáveis, e modernização do sistema informático para reestruturação dos serviços de secretaria. Depois de salientar o “apoio incondicional” da autarquia às quatro instituições particulares de solidariedade social do concelho, CERCIMA, o CENSA, a Fundação João Gonçalves
FÓRUM CULTURAL
“Insónia” de Fernando Mendes na dura figura de um vendedor de vinhos licorosos O Fórum Cultural de Alcochete vai ter Fernando Mendes a solo no palco, este sábado, às 21h30. Uma peça onde o actor se transforma em Custódio Reis, um vendedor de vinhos licorosos que vive com a corda ao pescoço. A sua vida é cheia de percalços, tanto financeiros como familiares, ao estilo do comum português de classe média, que vive afogado em dívidas e créditos. Pelo meio desta “Insónia”, que dá nome ao espectáculo, o público assiste a alguns programas de televisão que Custódio vai vendo para “chamar o sono”, onde Fernando Mendes pro-
tagoniza momentos muito improváveis com alguns dos seus amigos e colegas de toda a vida. “Insónia” é considerado um espectáculo para brincar com coisas sérias Os bilhetes estão disponíveis no Fórum Cultural de Alcochete, no Posto de Turismo de Alcochete, na Ticketline e postos aderentes, tendo um custo de 10 euros. Toda a informação para este e outros espectáculos promovidos pela Câmara Municipal de Alcochete está disponível no website do município e pode ser consultada em www.cm-alcochete.pt .
Júnior e Santa Casa de Alcochete, o presidente do município, Fernando Pinto, salientou o caso da Misericórdia que apresentou “um conjunto de problemas sérios” no edifício principal. “Estamos a falar de problemas estruturantes que afectam fundamentalmente os idosos e sobretudo os cerca de 90 trabalhadores desta instituição”. “A Misericórdia tem feito um esforço apreciável na resposta a necessidades a população, constituindo uma
instituição incontornável do concelho de Alcochete no âmbito da sua actividade e no auxílio que presta aos munícipes”, vincou o autarca. No caso dos Bombeiros Voluntários de Alcochete, o apoio financeiro destina-se ao pagamento de encargos correntes, aquisição de equipamentos e apoio à missão de protecção civil, com o propósito de “responder às necessidades da população local e à dinamização da instituição, tendo como principal objectivo o desenvolvimento social do município de Alcochete na vertente do socorro”, identifica a autarquia em nota de Imprensa. Trata-se assim de uma medida que “dá continuidade aos pressupostos estratégicos do actual executivo que definiu como um dos pilares fundamentais a melhoria do sistema de protecção civil local, com a finalidade de prosseguir de forma coerente e sustentada a política de desenvolvimento social entre as várias instituições do concelho”. Para o presidente da Câmara, Fernando Pinto, trata-se “de investir na corporação de bombeiros do concelho e, sobretudo, investir na assistência e socorro a cada membro da nossa população”.
ESTE SÁBADO
Produtos sazonais da Salina Greens encerram ciclo de promoção do Mercado Municipal Sábado é o último dia do programa de promoção do Mercado Municipal de Alcochete. Dia 14, entre as 11h00 e as 13h00, a iniciativa “O Mercado já Abriu” tem um workshop promovido pela Salina Greens sobre produtos locais e endógenos, nomeadamente, a sarcocórnia, a salicórnia, o espinafre do mar, ervas aromáticas e frutas desidratadas. Trata-se de legumes que, produzidos pela Salina Greens de acordo com os ritmos e ciclos de vida naturais, apenas estão disponíveis sazonalmente. Quanto às plantas halófitas beneficiam dos elementos naturais essen-
ciais existentes nas salinas. Quando produzidas no seu ambiente natural, estas plantas apresentam elevado conteúdo em compostos bioativos com poderosa atividade antioxidante, antimicrobiana e anti-inflamatória, reforçando o sistema imunitário. A iniciativa “O Mercado Já Abriu”, que começou a 26 de Março e termina este sábado, “tem como objectivos atrair cada vez mais pessoas ao mercado, potenciar hábitos de consumo local, criar parcerias e dinâmicas com produtores locais e regionais e desenvolver uma oferta regular de produtos agroalimentares”, sublinha a autarquia.
CONFERÊNCIA
Prevenção e Segurança Industrial traz especialistas ao concelho O encontro vai considerar a grande imprevisibilidade de acontecerem acidentes nas unidades fabris A prevenção e segurança em ambiente industrial vão estar em debate no Fórum Cultural de Alcochete a 18 de Maio, entre as 9h30 e as 12h30, numa conferência onde estará presente a secretária de Estado da Protecção Civil, Patrícia Gaspar. Um encontro que vai colocar em cima a grande imprevisibilidade da segurança neste tipo de unidades, e o facto de “não ser possível garantir com fiabilidade a ausência de acidentes”, pelo que “a principal missão assenta na prevenção de riscos”, sublinha a organização da conferência. Neste quadro, o objectivo da conferência na próxima quarta-feira consiste na “sensibilização dos diferentes actores para a implementação de medidas consideradas necessárias, no âmbito da prevenção e segurança em ambiente industrial e na redução do risco de qualquer acidente industrial, num ambiente de trabalho seguro e protegido”. A conferência está aberta ao público em geral, mas está sujeita a inscrição obrigatória através do endereço https://bit.ly/confprevencaoesegurancaindustrial. H.L. DR
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Desporto
JOSÉ SEMEDO OPTIMISTA NO FUTURO DO VITÓRIA
“Está na hora de acreditar novamente que é possível chegarmos ao topo” DR
“Vitória é novamente um clube estável e equilibrado, organizado, pronto para voltar a sonhar com outro tipo de patamares e resultados”, diz o capitão Ricardo Lopes Pereira O Vitória falhou em 2021/22 o objectivo da subida à Liga 2, mas esse revés não abala a confiança de quem dentro das quatro linhas enverga a braçadeira de capitão do clube. Concluída a temporada, José Semedo, de 37 anos, fez questão de deixar uma mensagem aos adeptos, prometendo que na próxima época o clube estará na luta pelo objectivo de regressar às provas profissionais. “Hoje dirijo-me a todos vós, nação vitoriana, para vos dizer que ninguém vai baixar os braços enquanto não atingirmos o objectivo mais desejado. Aqui ninguém desiste! E depois de um período tão complexo e delicado, está na hora de acreditar novamente que é possível chegarmos ao topo”, escreveu o jogador numa mensagem partilhada na sua conta de Instagram. O médio garante que todos os que trabalham no Bonfim em prol do Vitória estão unidos num objectivo comum. “Não há ninguém neste histórico clube que não sonhe todos os dias em devolver o Vitória ao seu verdadeiro lugar, entre os maiores do futebol nacional. Merece a cidade de Setúbal, merecem os nossos adeptos e merecem todos os profissionais que trabalham diariamente para honrar e dignificar esta camisola. Apesar de se aproximar o período de férias, o capitão, que representa o emblema da sua terra natal há cinco anos, não se coíbe de perspectivar já o regresso ao trabalho com o foco na subida de divisão. “É com esta ambição que quero antecipar a época que vem, é com este espírito de vencer que quero que partamos de férias já
Aos 37 anos, o capitão do Vitória cumpriu em 2021/22 a sua quinta época ao serviço do clube do coração
AF Setúbal Vitória defronta Pescadores na 1.ª Divisão Distrital Após a pesada derrota (4-0) sofrida na ronda anterior no reduto do Alfarim, o Vitória joga domingo, pelas 17 horas, com o Pescadores com o objectivo de se reencontrar com os triunfos, em partida da 35.ª jornada da 1.ª Divisão Distrital da Associação de Futebol de Setúbal. O duelo com o conjunto da Costa da Caparica terá como palco o Campo Municipal Júlio Adrião, em Setúbal.
Numa altura em que faltam realizar quatro partidas para o final do campeonato, os comandados de Paulo Martins, que se estrearam esta temporada na competição depois de terem sido campeões da 2.ª Divisão em 2020/21 (triunfo 4-2 na final com o Monte Caparica), ocupam neste momento a sétima posição, com 55 pontos, menos dois que o Pescadores que é quinto classificado.
com o foco em tudo aquilo que teremos de fazer para voltarmos a ser felizes no nosso Bonfim”. Nas palavras que escreveu na publicação, que acompanhou de um vídeo alusivo à derradeira jornada da Liga 3 em que os sadinos lutara pela promoção num duelo com o U. Leiria, José Semedo frisou a “ambição inabalável de vencer” que se mantém bem viva. “Mais uma temporada que se encerra, mais um momento de definição de objectivos, sempre com os olhos colados no futuro e uma ambição inabalável de vencer com este símbolo ao peito”.
“Clube estável e equilibrado”
O jogador, que tem mais um ano de contrato com o clube, justifica o seu
optimismo também pela forma como o clube foi gerido na presente época, que contrasta com o que tinha sucedido em 2020/21 em que o plantel teve vários meses de salários em atraso. “Hoje, o nosso Vitória é novamente um clube estável e equilibrado, organizado, pronto para voltar a sonhar com outro tipo de patamares e resultados”. Sem nunca mencionar nomes nem aludir à entrada no Vitória do investidor Hugo Pinto, que é administrador da SAD a par de Carlos Silva (presidente) e Francis Obikwelu (vice-presidente), José Semedo acredita que estão reunidas as condições para ter sucesso. “O pior já passou, estamos todos certos disso, e agora poderemos lançar as bases para um processo de crescimento sólido e sustentado”. O capitão faz questão de terminar a publicação com uma mensagem de despedida aos vitorianos que partilham consigo o amor pelo clube. “Um forte abraço a todos vós que nunca nos abandonaram. Despeço-me por agora com a promessa de que tudo faremos para retribuir o vosso apoio! Sempre! E para sempre! Viva o Vitória, equipa de tradição e clube do meu coração”, lê-se. Tal como já tinha acontecido nas cinco temporadas que leva ao serviço do Vitória, José Semedo foi um dos esteios da equipa. Utilizado em 22 partidas, sempre na condição de titular, o atleta repetiu, curiosamente o mesmo número de jogos que tinha efectuado na temporada transacta. Desde que chegou ao Bonfim em 2017/18, o médio, que fez a sua formação no Sporting, contabilizou seis golos em 133 jogos. Nas três primeiras épocas (entre 2017/18 e 2019/20), com os sadinos a disputarem a I Liga, José Semedo fez 89 partidas e apontou três golos. Em 20210/21, no Campeonato de Portugal, fez três golos em 22 jogos. Antes de chegar ao Vitória, o jogador tinha actuado 10 anos em Inglaterra, seis temporadas ao serviço do Sheffield Wednesday e quatro no Charlton Athletic. Do seu percurso, além dos clubes já mencionados, fizeram parte o Casa Pia e Feirense e Cagliari (Inglaterra).
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Cova da Piedade não se pode inscrever nos campeonatos nacionais
A SAD do Cova da Piedade, que garantiu a permanência na Liga 3, falhou a certificação exigida pela Federação Portuguesa de Futebol e não se poderá inscrever nos campeonatos nacionais. A informação foi avançada pelo presidente do clube, Paulo Veiga, e
depois confirmada por fonte ligada à administração da SAD. Assim, na próxima temporada, o Cova da Piedade SAD apenas poderá competir na 1.ª Divisão da AF Setúbal, onde já tem uma equipa. A propósito, recorda-se, que o clube está há vários anos em litígio com
VICE-PRESIDENTE PEDRO GIRO
FUTEBOL DISTRITAL
Alcochetense coloca em causa decisões do Conselho de Disciplina da AF Setúbal
Desportivo Fabril joga em Grândola e Comércio Indústria recebe o Trafaria DR
Acontecimentos registados no final do jogo de juniores com o Amora, no Parque do Serrado, estão na origem do problema
As equipas estão separadas por quatro pontos mas nada está ainda decidido José Pina
José Pina O Grupo Desportivo Alcochetense ficou indignado com a decisão tomada pelo Conselho de Disciplina da Associação de Futebol de Setúbal sobre os acontecimentos registados no final do jogo de juniores, realizado no Parque do Serrado, relativo à 25.ª jornada do Campeonato Distrital da 1.ª Divisão e, em declarações a O SETUBALENSE não esconde a sua revolta. “Existem clubes que parecem estar em bolsas de protecção onde permanecem quase como intocáveis e naturalmente, e estatutariamente, beneficiados em relação aos restantes”, refere o vice-presidente do clube, Pedro Giro. “Exemplo disso são algumas decisões incompreensíveis do Conselho de Disciplina da AFS onde todos começam a perceber que muitas dessas decisões são decididas conforme “os ventos”. Os árbitros para os jogos são nomeados conforme as “marés” e outras coincidências climáticas, que têm tornado estes últimos campeonatos numa série de tempestades, tornados e num turbilhão de decisões no mínimo estranhas e por vezes de coerência duvidosa”, acrescenta o dirigente alcochetano que passou de seguida a narrar os acontecimentos. “Depois de um jogo intenso e competitivo, os jogadores de ambas as equipas entraram em desacatos e vários elementos estranhos ao jogo entraram em campo. No meio da confusão houve um adepto da bancada do Amora SAD que, com uma mochila, tentou agredir um dos nossos jogadores que, em legítima defesa,
a SAD e já na época passada, após garantir a manutenção na Liga 2, os piedenses foram despromovidos à Liga 3 depois de terem falhado os prazos de inscrição nas provas profissionais, abandonando, inclusivamente, o estádio municipal José Martins Vieira.
Vice-presidente Pedro Giro é a voz da revolta
se defendeu. Outro dos nossos atletas desfaleceu momentaneamente devido a uma pancada, sendo assistido prontamente pela nossa fisioterapeuta e posteriormente conduzido ao hospital”, conta o vice-presidente do clube, acrescentando ainda que “as forças policiais tiveram de ser chamadas para manter a ordem porque havia um elevado risco da integridade física dos nossos jogadores e restante staff. Eu, pessoalmente, após acalmar os nossos jogadores, tive o cuidado de me dirigir ao árbitro e de lhe perguntar se estava a anotar tudo. Disse-me para ficar descansado”. O Grupo Desportivo Alcochetense enviou de imediato ao Conselho de Disciplina uma exposição a explanar o sucedido e solicitou o relatório do árbitro, mas “para nossa resignação, ou não, e após conhecer a decisão disciplinar, verificámos que o clube da casa foi apenas penalizado com
80 euros de multa e um jogador expulso. Ao invés, o GD Alcochetense teve dois jogadores expulsos, um deles que se defendeu das agressões do adepto. Relativamente ao recinto de jogo, talvez muito previsivelmente, não houve suspensões, mesmo com o relatório do árbitro a reconhecer que houve invasão de elementos estranhos para o recinto do jogo”. “Julgo que a minha indignação é igual à de muitos que todos os fins-de-semana sentem estas injustiças, se sentem impotentes e que também merecem e têm o direito de serem reconhecidos. Creio que o que todos (ou quase todos) querem é uma associação cada vez mais unida, mais justa e forte, dentro e fora, principalmente saudável e competitiva. E ter a noção que os “capitalistas” e as Sad vivem do futebol, e os “carolistas” vivem para o futebol, isso faz toda a diferença”, deixou bem vincado.
O Campeonato Distrital da 1.ª Divisão prossegue este fim-de-semana com a realização da 35.ª jornada que tem um jogo agendado para sábado, o Águas de Moura – Alfarim, que está a gerar alguma expectativa devido aos resultados obtidos pelas duas equipas na jornada anterior. No que respeita aos jogos de domingo os que prendem mais a atenção são aqueles em que estão envolvidos os dois primeiros classificados que agora estão separados por quatro pontos, mas com tudo ainda em aberto no que respeita ao título. O Desportivo Fabril, que segue na frente da tabela classificativa, tem uma deslocação complicada a Grândola porque a equipa alentejana obteve um excelente resultado em Sesimbra e antes havia ganho aos Pescadores parece estar a subir de rendimento. Na expectativa do que puder acontecer neste jogo está o Comércio Indústria que aparentemente tem um jogo mais acessível porque defronta o Trafaria, no Campo da Bela Vista. E, se há grande interesse na questão do título, o mesmo se poderá dizer da luta pela manutenção porque nela estão envolvidas várias equipas e algumas delas vão-se defrontar nesta jornada, como é o caso do confronto entre o U. Santiago e o Seixal que se
encontram ambos na zona de despromoção. O Alcochetense que recebe o Vasco da Gama, o Sesimbra que se desloca à Trafaria onde joga com o C. Piedade B e o Monte de Caparica que joga no seu estádio com o Palmelense, precisam de pontuar para melhorarem as suas posições mas não é certo que todas consigam. Jogos agendados: Águas de Moura – Alfarim; Monte de Caparica – Palmelense; Comércio Indústria – Trafaria; U. Santiago – Seixal; Vitória FC – Pescadores; Olímpico do Montijo – Moitense; Grandolense – Desportivo Fabril; C. Piedade B – Sesimbra; Alcochetense – Vasco da Gama.
II Divisão
Na 2.ª Divisão Distrital o grande destaque da 31.ª jornada vai para o encontro que se disputa na Baixa da Banheira entre o Banheirense e o Estrela de Santo André que pode ser de festa para a equipa orientada por Ricardo Pardal. Se vencer o seu adversário garante desde logo a subida de divisão, tal como já aconteceu com o Amora que recebe o Almada, no Estádio da Medideira, para o jogo de consagração junto dos seus adeptos. A recepção do Botafogo ao Brejos de Azeitão e da Quinta do Conde ao Alcochetense B são importantes na luta pelo terceiro lugar. Jogos da 31.ª jornada: Amora B – Almada; Samouquense – Pelezinhos; Botafogo – Brejos de Azeitão; Banheirense – Santo André; Lagameças – Barreirense B; Santoantoniense – Arrentela; Corroios – Paio Pires; Quinta do Conde – Alcochetense B. DR
01:02 ~ 3.0 m ~ Preia-mar 07:20 ~ 0.8 m ~ Baixa-mar 13:30 ~ 3.0 m ~ Preia-mar 19:35 ~ 0.9 m ~ Baixa-mar
ALMADA
01:01 ~ 3.1 m ~ Preia-mar 07:17 ~ 0.9 m ~ Baixa-mar 13:29 ~ 3.1 m ~ Preia-mar 19:32 ~ 0.9 m ~ Baixa-mar
SESIMBRA
01:29 ~ 3.1 m ~ Preia-mar 07:43 ~ 0.8 m ~ Baixa-mar 13:57 ~ 3.2 m ~ Preia-mar 20:02 ~ 0.8 m ~ Baixa-mar
SINES
SETÚBAL TRÓIA
MARÉS
01:43 ~ 3.3 m ~ Preia-mar 07:46 ~ 0.8 m ~ Baixa-mar 14:11 ~ 3.3 m ~ Preia-mar 20:02 ~ 0.8 m ~ Baixa-mar
FICHA TÉCNICA REGISTO DE TÍTULO n.º 107552 | DEPÓSITO LEGAL n.º 8/84 PROPRIETÁRIO Outra Margem – Publicações e Publicidade, NIF 515 047 325 (detentores de mais de 10% do capital social: Gabriel Rito e Carlos Bordallo-Pinheiro) Sede do proprietário: Travessa Gaspar Agostinho, 1, 1.º, 2900-389 Setúbal EDITOR Primeira Hora – Editora e Comunicação, Lda, NIF 515 047 031 (Detentores de mais de 10% do capital social: Setupress Lda, Losango Mágico, Lda, Carla Rito e Gabriel Rito) Sede do Editor Travessa Gaspar Agostinho,1, 1.º, 2900-389 Setúbal Conselho de Gerência Carla Rito, Carlos Dinis Bordallo-Pinheiro, Gabriel Rito e Carlos Bordallo-Pinheiro REDACÇÃO Travessa Gaspar Agostinho, 1, 1.º, 2900-389 Setúbal DIRECTOR Francisco Alves Rito Redacção Mário Rui Sobral, Humberto Lameiras, Maria Carolina Coelho Desporto Ricardo Lopes Pereira, José Pina Departamento Administrativo Teresa Inácio, Branca Belchior PUBLICIDADE Direcção Comercial Carla Sofia Rito, Carlos Dinis Bordallo-Pinheiro Coordenação Ana Oliveira (Setúbal), Carla Santos (Moita e Barreiro) Publicidade Lina Rodrigues, Rosália Batista, Célia Félix IMPRESSÃO Tipografia Rápida de Setúbal, Lda - Travessa Gaspar Agostinho, 1, 1.º, 2900-389 Setúbal geral@ tipografiarapida.pt DISTRIBUIÇÃO VASP - Venda Seca, Agualva - Cacém Tel. 214 337 000 Tiragem média diária 9000 exemplares Estatuto Editorial disponível em www.osetubalense.com