12 de Julho de 2022 O SETUBALENSE 13
Equipa técnica do Amora já está completa e plantel continua a ser reforçado p15 DR
OPINIÃO Francisco Ramalho
A arraia miúda, os tubarões e a poluição
T A festa vai decorrer a 2,3 e 4 de Setembro e, como sempre, promete atrair mais do que comunistas
QUINTA DA ATALAIA
Festa do Avante! dá forte na música de expressão portuguesa Este ano um dos grandes destaques da Festa do Avante! vão ser as comemorações do Centenário do Nascimento de José Saramago Humberto Lameiras A festa que nem a pandemia fez parar, já está a ser montada para mais uma edição. Nos 30 hectares da Quinta da Atalaia, no Seixal, a Festa do Avante! volta a marcar o início de Setembro, este ano a 2,3 e 4, e sempre a valorizar a música de expressão portuguesa, apesar do fim das restrições já permitir a presença de nomes vindos do estrangeiro, alguns deles que não estão no radar dos grandes concertos comerciais. Este ano, um dos grandes destaques da festa vão ser as comemorações do Centenário do Nascimento de José Saramago, com música ins-
pirada na obra do Prémio Nobel da Literatura de 1998. Segundo a organização, este foi o critério para elaborar o programa do Concerto Sinfónico da Festa do Avante!. A festa este ano vai ainda assinalar os 80 anos do nascimento de Adriano Correia de Oliveira. Com as EP já à venda, a 27 euros até 1 de Setembro, a festa este ano, além da música, conta mais uma vez com a Corrida da Festa do “Avante!”, é a 33.ª edição e realiza-se no dia 4 de Setembro às 9h30m, na distância de 10 mil metros. Volta a estar presente o cinema, teatro, espaço de debates, a festa das crianças, espaço ciência, artes plásticas e todos os outros que têm composto a grande festa comunista. Destaque, e relevante, para a gastronomia que, como sempre, está presente no Avante! como “parte da cultura e das tradições dos povos. “É nessa perspectiva que as Organizações Regionais trazem à Quinta da Atalaia o melhor da gastronomia de cada região, valorizando este património único”, refere a organização da festa. Na música, além do concerto com
base na escrita de Saramago e a memória a Adriano Correia de Oliveira, pelos palcos da festa vai passar música popular portuguesa, africana, fado, o jazz, rock, bluegrass, hip hop e muito mais. “Até há dança electrónica e politicamente empenhada numa iniciativa inovadora: a “Rave Avante!”, avança mais uma vez a organização. O cartaz considera ainda espectáculos com artistas de Angola, Bélgica, Brasil, Cabo Verde, Cuba, França, Gana, Líbano e de outras paragens do mundo. Entre os nomes em palco vai estar a brasileira Bia Ferreira, Carlos Leitão, Carmen Souza, Carminho, o cubano Emílio Moret que vai actuar ao lado de Vitorino Salomé, Domenico Lancellotti a subir ao palco com Nina Miranda ao som de música brasileira. O programa inscreve ainda, entre outros artistas, Dino D’ Santiago, Dany Silva, a banda de bluegrass belga Rawhide, Paulo Bragança, o colectivo do Porto Retimbrar que vai estar com Uxía, Scúru Fitchádu, Marta Ren, Jonas, Capicua, Paula Oliveira, Ricardo Ribeiro e a artística angolana Pongo.
erminada a Conferência dos Oceanos. Onde, evidentemente, se falou muito, e bem, sobre o mal que lhes estamos a fazer e quão importantes eles são para o planeta. Mas, no terreno, como se usa dizer-se, tudo como dantes, quartel-general em Abrantes. Apesar do calor já ter assentado arraiais em força, mas como o tempo tem andado incerto, o que agora é mais que certo, tenho ido pouco à praia. Mas já lá fui algumas vezes. As últimas das quais, agora durante esta onda de calor. E em termos de comportamento cívico da arraia miúda, parte dela, claro, em relação à última época balnear, não verifico melhoras nenhumas. Antes pelo contrário. Por exemplo em relação às máscaras, embora agora só sendo obrigatórias em determinados locais, na praia não são, mesmo assim, ainda se veem tantas espalhadas pela areia! Quanto aos plásticos em geral, garrafas, copos e invólucros diversos, infelizmente, neste caso, até piorou. Refiro-me às praias que frequento na Costa da Caparica que, com certeza, não serão exceção. Apesar da limpeza noturna efetuada pela autarquia, se não seriam estrumeiras, muito desse lixo por ação do vento ou da subida da maré, vai para o oceano. Com isto, não estou a desvalorizar este ou outros importantes eventos, onde se reúne a fina flor dos especialistas na matéria, se divulgam informações preciosas sobre o estado dos oceanos, e se produzem declarações e conclusões. O problema, é não se chegar às massas. Informá-las, sensibilizá-las, e, em última instância, penalizá-las por tão nocivos comportamentos. E isso, apesar dos meios mediáticos serem mais que suficientes, não tem sido feito. Prefere-se, e aqui já estamos a falar de tubarões, pão (pouco) e circo. Entreter-se a malta com futebol, telenovelas, concursos simplórios, etc. Por ignorância e insensibilidade, este, é apenas um exemplo do comportamento incorreto da “arraia miúda”.
Veja-se o que se passa com esta guerra na Ucrânia que pura e simplesmente devia ter sido evitada Depois temos o comportamento dos “tubarões”. E esse, é também por insensibilidade, não por ignorância, mas sim por interesse. Pelo lucro. Os exemplos são mais que muitos. Apenas alguns deles: a devastação de florestas para monoculturas, terras que antigamente produziam cereais e outras culturas tradicionais e agora passaram a culturas intensivas que consomem imensa água e que as esgotam e contaminam com o uso excessivo de pesticidas e fertilizantes para produzirem ao máximo. Como no Alentejo com os olivais e amendoais. A desertificação de tantas regiões como o nosso interior onde cresce o mato, pasto para incêndios, e onde quase se cultiva apenas o eucalipto, ou esse flagelo que é a guerra, para onde se desviam recursos que deveriam estar ao serviço do homem e da Natureza, e não da morte e da destruição. Veja-se o que se passa com esta guerra na Ucrânia que pura e simplesmente devia ter sido evitada, principalmente pelos que a mantêm, apesar das consequências tão negativos mesmo para o ambiente. E assim, irresponsavelmente, apesar do diagnóstico estar mais que feito, caminhamos para o abismo. Ex-bancário, Corroios