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ontem e hoje da cidade

UM “HOJE” VINDO DO “ONTEM”

EDITORIAL

A

cidade é um espaço onde a vida das comunidades ganha particularidades e manifestações que um só olhar não chega para as alcançar.

Na revista anual sobre a nossa cidade procura O Setubalense apresentar sempre factos e imagens de Setúbal que demonstrem aquela diversidade.

A cidade, como qualquer lugar ocupado pelo homem, guarda as suas memórias e projecta-se no futuro.

Porque este ano se comemora o bicentenário do nascimento do nosso fundador D’Almeida Carvalho, decidimos vasculhar o arquivo fotográfico e apresentar aos nossos leitores documentos que evidenciam a evolução histórica dos lugares que costumamos habitar e percorrer. É sempre uma inspiração para o cidadão constatar o progresso já alcançado e valorizar o que os setubalenses que o antecederam foram realizando no seu tempo de vida.

Nessa memória não poderá faltar igualmente o nosso jornal, uma instituição que vem desempenhando o seu papel de ilustração da vida da cidade, representada pelos ardinas que ainda hoje oferecem a quem passa as edições que fazemos a pensar em si.

Esperamos que gostem.

O Director João Abreu

BAIRRO COM VISTA PARA O SADO Fontainhas

A

primeira aglomeração na zona das Fontainhas remonta ao século XVI, tendo-se desenvolvido sobretudo nos dois séculos que se seguiram.

O perfil do bairro desenha-se através de ruas estreitas, numa encosta com vista para o rio Sado. Muitas casas estão decoradas com detalhes arquitetónicos que remontam a períodos quinhentistas, seiscentistas e até mesmo setecentistas.

Escadarias em calçada, ruas com chão pavimentado em pedra, canteiros e vasos repletos de flores, bem como as fachadas das casas decoradas pelas roupas a secar ao sol, refletem o espírito do bairro e o carinho dos moradores para com o mesmo.

Da Rua Braz Martins, tem-se acesso à Rua do Poço das Fontainhas e à das Barrocas, com uma vista panorâmica para a baía. No final de uma escadaria pode encontrar-se o antigo poço com o mesmo nome da rua, no qual jovens de outros tempos se cruzavam, sob o pretexto de irem buscar água, para roubar beijos e juras de amor às escondidas dos pais.

Este poço, antigamente local predileto para namorar, partilha hoje o espaço com um típico restaurante de peixe assado, vizinho de vários outros estabelecimentos semelhantes que se estendem pela Rua das Fontainhas, em frente ao cais de embarque dos ferries para Tróia, com a rotunda das sardinhas, esculpidas em pedra, a completar toda a envolvência da zona.

DE INSTALAÇÃO MILITAR A ESCOLA DE HOTELARIA

O

Regimento de Infantaria 11, para uns conhecido apenas como Quartel do 11, e para muitos outros dos concelhos da região como Centro de Seleção de Setúbal onde passavam pelo crivo da inspeção militar, é um dos edifícios históricos do centro da cidade.

Desativado da estrutura militar em 1981, e adquirido pela Câmara de Setúbal no final da primeira década de 2000. Atualmente neste imóvel, com estrutura central em forma de U, situado na Avenida Luísa Todi, funciona desde 2013 a Escola de Hotelaria e Turismo de Setúbal.

Na preparação das obras para a instalação da escola, através do Projeto de Investigação sobre as Preexistências de Setúbal, da responsabilidade do Centro de Estudos Arqueológicos, foram recu-

Quartel do 11

perar vestígios da utilização militar da estrutura do século XVII e das sucessivas reabilitações deste edifício que sofreu grandes danos estruturais com o terramoto de 1755.

Inicialmente designado por Baluarte de Nossa Senhora da Conceição ou Baluarte do Cais, o edifício com grande relevância como instalação militar, nomeadamente de segunda linha de defesa de costa, passou por diversas transformações até meados do século XX. Depois de ter marcado muitos momentos da história nacional, o Quartel do 11 recebe hoje uma escola vocacionada para a formação e requalificação profissional direcionada para o setor hoteleiro e turístico. Um espaço dotado com hotel de aplicação, restaurante e bar de aplicação, duas cozinhas industriais e pastelaria. As instalações receberam ainda um auditório técnico de cozinha, auditório para 100 pessoas, sala de análise sensorial e oito salas de aula.

HISTÓRIA PERDIDA NO TEMPO Avenida Luísa Todi

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ercorrendo a Avenida Luísa Todi de uma ponta à outra, atravessamos os seus jardins e diversos monumentos em homenagem aos golfinhos; ao 25 de Abril; à cantora lírica, Luísa Todi, que deu o seu nome à avenida; e à música.

Em linha reta até às portas das praias de Setúbal encontramos algum do património arquitetónico

mais significativo da cidade, como a sede da Junta de Freguesia de S. Julião, no edifício da antiga Escola Primária Conde de Ferreira, o Auditório José Afonso, o Fórum Luísa Todi, a Biblioteca Municipal, o Baluarte de Nossa Senhora da Conceição, a estátua de Luísa Todi e o Coreto da Avenida Entre o património que mais desperta recordações nos setubalenses, o coreto centenário da avenida ali está entre as décadas do século XX até ao século XXI guardando estórias de bailes e bandas filarmónicas, de figuras ilustres que ali discursaram para brindar a cidade sobre o passado e o presente.

INSEPARÁVEL DAS MEMÓRIAS DA CIDADE

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mercado da cidade comemorou recentemente 141 anos.

O Mercado do Livramento, que faz parte da memória e identidade setubalense, abriu portas a 31 de julho de 1876, com áreas generosas e trabalhos da estrutura em ferro em estilo art déco e valiosos painéis azulejares, com mais de cinco mil peças que retratam atividades ligadas ao mar e ao campo.

Inaugurado pelo presidente da Câmara António Rodrigues Manito, o mercado conta atualmente com setenta pedras de peixe, dezoito talhos, quatro locais de queijos e enchidos, duas floristas e uma zona dedicada ao artesanato, sem esquecer o Ninho de Novas Iniciativas Empresariais que se localiza no 1º piso do edifício.

E, tal como diz Manuel Vieira, apaixonado do mercado setubalense e autor de um livro sobre o mesmo: “o mercado vive com a essência das pessoas” que diariamente marcam presença no mercado, tanto para vender como para comprar.

Alvo de intervenções de recuperação, o mercado sofreu entretanto várias alterações. O valioso património azulejar do equipamento, bem como as quatro estátuas decorativas alusivas a profissões do Mercado presentes na rua principal do mesmo, são alguns dos mais recentes elementos do local e foram financiados por Hans-Peter Buehler e Marion Buehler Brockhaus, da Fundação Buehler-Brockaus.

Mercado do Livramento

PESCADOR AOS NOVE ANOS E ORGULHOSO DE SER VARINO

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oão Silva começou nas lides da pesca apenas com nove anos e lembra “tinha as mãos tão pequenas, que eram os mais velhos que me ajudavam a segurar as redes”. Setúbal do passado´, recorda, “era uma cidade muito difícil para se viver”, ao contrário de hoje “onde tudo tem mais encanto e beleza”.

João Silva

Mais de 60 anos na actividade piscatória levaram a energia, as forças e o dinamismo, do pescador João Silva, que refere “comecei com nove anos para ajudar a família”, mas nesse tempo “tínhamos que enfrentar muitos problemas e Setúbal era uma cidade muito difícil para se viver”.

Para este “velho lobo do mar”, a cidade “modernizou-se e tem mais encanto” e confessa com orgulho “gosto de ir até à zona ribeirinha, olhar o Rio Azul, e contemplar as alterações que foram feitas”. João Silva desabafa “estendo o olhar até ao Parque Urbano da Albarquel, onde os estalei-

ros desapareceram, surgindo zonas verdes enfeitadas de golfinhos de cores tão lindas”. A velha lota desapareceu “dando lugar a modernos edifícios, que nos enchem de orgulho”, confessa, e até “os barcos antigos foram substituídos por modernas embarcações com todas as condições”.

O pescador de 72 anos, natural do Bairro Santos Nicolau, faz questão de referir “tudo mudou para melhor, apenas se mantem este orgulho de ser varino e viver numa cidade que tem mais encanto e beleza”.

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ESPAÇO POLIVALENTE DA CULTURA AO LAZER

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etúbal não esquece Zeca Afonso e prova disso mesmo é o Largo José Afonso, cujo nome homenageia o cantautor.

A zona ampla tornou-se um local polivalente, onde várias atividades das mais diversas áreas se podem realizar.

Atualmente com um auditório ao ar livre, equipamento de caracter lúdico, construído sob a forma de pórtico, a Praça José Afonso situa-se na direção de um dos principais eixos de ligação rodoviária da cidade de Setúbal, na Avenida Luísa Todi.

O edifício, construído no âmbito do Programa ViverSetúbal – POLIS e inaugurado em novembro de 2005, surge como uma estrutura no formato de um grande arco cénico que enquadra um audi-

tório ao ar livre, com capacidade para 2.500 espetadores.

O Auditório José Afonso acolhe uma programação de espetáculos musicais, teatro, festivais e outras atividades de animação, estando aberto à utilização da comunidade mediante condições específicas.

Na empena sul do auditório, Sérgio Odeith, street artist, pintou, em março de 2014, um graffiti que reproduz uma fotografia do acervo do Arquivo Fotográfico Municipal Américo Ribeiro, que remonta ao início do século XX, na qual é retratado um menino, Vicente Inácio Martins, vendedor de pássaros, descalço pelas ruas da cidade. A iniciativa, em homenagem ao fotógrafo setubalense Américo Ribeiro, foi realizada no âmbito do projeto “Arte em Toda a Parte”, promovido pela Immochan, empresa imobiliária do Grupo Auchan, com o apoio da Câmara Municipal.

Largo José Afonso

NO HORIZONTE DA COSTA PORTUGUESA Forte de S. Filipe

A

Castelo de S. Filipe foi outrora um importante bastião defensivo da cidade. A ordem de construção da fortaleza é de 1582, altura em que o rei D. Filipe II visitou Setúbal. Sendo a planta do castelo da autoria do engenheiro Filipe Terzi, datada de julho de 1594.

Mais frequentemente designado por forte ou fortaleza, devido à sua origem como reforço da estratégia de defesa da cidade e da orla costeira, o Castelo de S. Filipe desempenhou um papel tático de reforço na linha da defesa da costa portuguesa, assaltada por piratas oriundos do norte da Europa e de África.

Alguns historiados apontam também que, um dos principais objetivos da fortificação seria o de manter uma guarnição fiel à dinastia filipina, que reinou em Portugal com os reis Filipe I, II e III. Este ponto de estratégia permitia assegurar o controlo da população setubalense que, havia demonstrado várias vezes oposição à dominação espanhola.

Ao longo dos séculos, o Castelo de S. Filipe, para além de fortificação defensiva, foi também Casa do Governador. E atualmente funciona como Pousada de Portugal.

A HISTÓRIA DE PORTUGAL GRAVADA NA PEDRA Convento de Jesus

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Convento de Jesus de Setúbal ou a igreja do antigo Mosteiro de Jesus, como também era conhecida, faz parte da arquitetura simbólica da cidade e da história longínqua. Considerado um dos primeiros exemplos do estilo manuelino, que conta na pedra as venturas e desventuras dos Descobrimentos portugueses. Desenhado no final do século XV pelo arquiteto Diogo Boitaca, durante o reinado de D. Manuel I, somente no reinado de D. João II foi fundado.

A inclusão do Convento de Jesus na lista das Marcas do Património Europeu corresponde ao reconhecimento internacional de um dos mais rele-

vantes exemplares da arquitetura manuelina a sul do rio Tejo. Estas Marcas são promovidas pelo Conselho da Europa para dar visibilidade a locais que simbolizam os ideais e a história da Europa. O que levou à eleição do Convento de Jesus para a lista, pois Setúbal foi palco da ratificação do Tratado de Tordesilhas que, em 1494, dividiu o mundo da velha Europa e dos novos territórios descobertos, entre Portugal e Espanha.

Facto evocado em 1994, aquando das comemorações dos 500 anos do Tratado de Tordesilhas que trouxeram o rei D. Juan Carlos a Setúbal.

Na história recente do convento, em Junho de 2013, a federação pan-europeia de património cultural, Europa Nostra, colocou o edifício na lista dos sete monumentos mais ameaçados da Europa. Pelo que a sua recuperação arquitetónica e histórica tem sido uma aposta da Câmara Municipal de Setúbal nos últimos anos.

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origem da existência de um espaço verde no local onde se situa atualmente o parque do Bonfim remonta ao século XVI, quando D. Manuel I adquiriu a Herdade Barbuda, a Norte do Postigo de Santa Catarina, na confluência com a atual Avenida 5 de Outubro.

Naquele vasto terreno de então, mandou plantar um grande e aprazível jardim que ao longo dos anos foi sendo alvo de várias obras e ampliações.

O Parque, ou Jardim do Bonfim, como hoje o conhecemos, foi concebido pelo arquiteto paisagista António Viana Barreto, no início dos anos 60, década da sua construção. Desde então, a estrutura do mesmo sofreu pequenas alterações, sobretudo no que diz respeito à criação de novos caminhos, que se tornaram necessários devido ao aumento de utilização do espaço como zona pedonal.

Este jardim, um dos mais emblemáticos da cidade, situado na freguesia de São Julião, ocupa uma área de 42531 metros quadrados. Com uma intervenção realizada entre 1996 e 1998, que permitiu a instalação de rega automática e de novo imobiliário urbano, o espaço obteve ainda outras mais-valias, como a melhoria do sistema de drenagem, a recuperação da iluminação e dos pavimentos.

Jardim do Bonfim

CASA DO VITÓRIA HÁ 55 ANOS

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naugurado a 16 de setembro de 1962, o Estádio do Bonfim é a casa do Vitória Futebol Clube, nome maior do desporto setubalense e, simultaneamente, uma das figuras da cidade. Capaz de receber 15.497 espectadores, mas com uma lotação máxima de mais de 18 mil, a casa dos sadinos tem sido palco de grandes noites de futebol ao longo de mais de cinco décadas.

Sucessor do antigo Campo dos Arcos, o Bonfim foi visto, na altura da sua construção, como uma infraestrutura desportiva de renome a nível nacional, estatuto esse que ainda enverga, tratando-se hoje de um clássico do futebol

português.

Apesar da derrota no jogo de abertura (0-1, frente à Académica), a festa da inauguração é ainda hoje um dia bem presente na memória dos setubalenses, que lembram um desfile de todas as modalidades e a presença de Américo Tomás, então Presidente da República, e de António de Oliveira Salazar, presidente do conselho de ministros, cargo correspondente ao atual primeiro-ministro.

O Estádio está incluído num complexo desportivo que integra ainda dois outros campos, de relva sintética, que servem o futebol de formação, o Pavilhão Antoine Velge, casa de modalidades como o andebol ou a ginástica, e os campos relvados na Várzea, também destinados às camadas jovens.

Estádio do Vitória

O COMBOIO CHEGA A SETÚBAL Estação Ferroviária de Setúbal

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o livro Uma Visita a Portugal em 1866, Hans Christian Andersen conta-nos com foi a sua chegada à estação de Setúbal, na época em veio visitar o seu amigo Carlos O’Neil e acabou por passar vários meses a viver na Arrábida. “Em breve temos em nossa frente Setúbal. [...] A car-

ruagem de Carlos O’Neill esperava-nos na estação e logo partimos atravessando uma parte da cidade[...]”.

A Estação Ferroviária de Setúbal, originalmente denominada de Setúbal foi inaugurada em 21 de Fevereiro de 1861, enquanto gare ferroviária da Linha do Sul. Para fugir aos problemas de construir dentro da cidade, a estação foi instalada no que à época era a periferia. Este decisão gerou vários problemas de acesso, especialmente para o transporte de peixe, que era feito desde a margem do Rio Sado em carroças. Assim, na segun-

da metade do século, a Rua de São João, posteriormente denominada de Avenida Manuel Maria Portela, afirmou-se como a principal ligação da cidade de Setúbal à gare ferroviária.

Quando a exploração da rede ao Sul do Tejo foi contratada à Companhia do Sueste, em 1864, já estava previsto o que viria a ser o prolongamento do Ramal de Setúbal até à margem do Rio Sado, onde deveria ser construída outra nova estação.

Um projeto, datado de 30 de abril de 1903, foi aprovado em julho do mesmo ano, sendo constituindo o primeiro troço da Linha do Sado.

PELA LINHA ATÉ AO SADO Apeadeiro da Praça do Quebedo

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Apeadeiro de Praça do Quebedo integra a plataforma ferroviária da Linha do Sul, que serve a cidade de Setúbal.

No início do século XX a estação pertencia ao troço Setúbal e Setúbal-Mar. Construído em 1907 e entrando ao serviço oficialmente a 25 de mio de 1920, como parte como parte da ligação entre Setúbal e Alcácer do Sal, o Quebedo, como é mais comummente referida por setubalenses e utentes diários era muito diferente do que vemos hoje.

As mudanças sofridas, ao nível da plataforma e da circulação rodoviária na zona do Quebedo são representativas do crescimento social, económico e da população em Setúbal. O que levou à necessidade de criar novos interfaces de ligação com todo o distrito e à requalificação total da Linha do Sado como hoje conhecemos.

CEM ANOS DE VIDA ALVINEGRA UF Comércio e Indústria

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undado em 1917, o União de Futebol Comércio e Indústria celebrou este ano o seu 100º aniversário, juntando-se ao grupo restrito de clubes que conseguiram atingir a tão prestigiada marca.

Os alvinegros nascem numa altura em que o Vitória FC já existia e encantava a cidade, criando entre ambos uma certa rivalidade sadina. Os dois clubes tinham raízes populares na sua fundação, embora o UFCI ganhe peso entre os trabalhadores dos sectores do comércio e da indústria.

10 anos depois da sua criação, em 1927, os Comércio participa na fundação da Associação de Futebol de Setúbal, um ano depois de ter nascido o Distrito de Setúbal, sendo hoje um dos cinco fundadores que continuam no ativo.

Ao longo de cem anos de altos e baixos, o clube tem como momentos áureos a década 1970, onde conseguiu a subida de divisão em futebol, numa equipa onde brilharam Jaime Graça ou Carlos Correia, a conquista da Taça AFS e a chegada aos oitavos da Taça de Portugal, onde empataram com o Varzim em Setúbal mas acabaram por ser eliminados na segunda mão.

Hoje, o UFCI tem como casa o Campo da Bela Vista, doado pela família Maximiano ao clube, que sucede ao antigo Campo dos Arrojados, na altura ‘vizinho’ do Campo dos Arcos, casa do rival Vitória FC.

NA PRIMEIRA LINHA DOS EQUIPAMENTOS REGIONAIS

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Hospital de S. Bernardo

fundação do primeiro hospital em Setúbal remonta a 1501, então designado Hospital João Palmeiro, na freguesia de Santa Maria da Graça. Anos mais tarde recebe o nome de Hospital do Corpo Santo, situado no Largo do Quebedo e, posteriormente, passa a funcionar num anexo do Convento de Jesus, como Hospital Espírito Santo da Santa Casa da Misericórdia.

Uma evolução que terá estado intimamente relacionada com a elevação do concelho de Setúbal à qualidade de capital distrital, em 1926, e com o crescimento demográfico no território. Havia então que ampliar a capacidade hospitalar.

Em 1953 é decidida a construção do primeiro Hospital Regional do Continente, em Setúbal, a qual receberia as valências implementadas no antigo hospital, como abria capacidade a outros serviços. Havia que resolver a questão financeira para a sua construção, mas o contributo de 4 mil contos de Antoine Velge, então presidente da SAPEC, veio impulsionar o projeto que avançou para o terreno em 1955.

O nome de Hospital de São Bernardo foi atribuído em homenagem ao filho mais velho deste financiador, Bernard, que em tempos se tinha tratado e curado em Portugal. Em 9 de maio de 1959, com a presença dos mais altos representantes de Estado é inaugurado o hospital que teve como primeiro diretor clínico o Dr. Sousa Fialho.

O agora designado Centro Hospitalar de Setúbal, desde 2005, ao integrar o Hospital Ortopédico Sant’Iago do Outão, passou por várias ampliações com novos edifícios, e reforço da capacidade clínica. Atualmente é uma das unidades hospitalares de referência da região, recebendo utentes de vários concelhos.

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D

e sacola ao ombro, ou de braçada, com a edição do dia em riste, os ardinas surgiram em Portugal cerca de 1864, com o “Diário de Notícias”, a anunciar as novas do jornal com base no modo britânico de divulgação de imprensa. Em Setúbal, foi com o O Setubalense que esse modo de vender jornais surgiu e trouxe a muitos jovens a oportunidade de auferirem algumas moedas.

Estão na história da cidade e d’O Setubalense desde a segunda metade do século XIX. Considerados um elo ligação entre editores e leito-

res, de jornal em punho a apregoar as primeiras do dia, eles são o símbolo da imprensa nas ruas.

Apregoaram todos os momentos da história mais recente de Setúbal. Desde a implantação da república, à mobilização das tropas em Setúbal para a I Grande Guerra, ao antes e depois do 25 de abril. E nos dias de hoje, já sem pregões, de um modo mais reservado, mas sempre a palmilhar a cidade para levar as notícias mais próximo do público.

Ainda hoje, alguns ardinas circulam pela cidade. Já não levam os jornais de braçada, nem vendem com pregões entoados, mas a velha sacola de estopa ainda lá está, agora com o nome do jornal estampado. E assim, cantando jornais com palavras mais comedidas percorrem as ruas e estabelecimentos apregoando O Setubalense.

Ardinas de O Setubalense

FORÇA DE TRABALHO

Conserveira de Setúbal

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Indústria Conserveira é uma característica incontornável da cidade, o maior porto conserveiro do país nos anos 20. Marcada por sucessivas crises, pela falta de peixe e pela iliteracia de muitos donos, e por intensas lutas de regulamentação de horários, pagamentos justos e igualitários entre homens e mulheres, a indústria conserveira foi ainda assim fundamental para a ascensão da cidade de Setúbal, uma vez que nela trabalhavam muitas famílias setubalenses.

Em 1920, em Setúbal, laboravam em permanente funcionamento entre 120 e 130 fábricas, número que veio a decrescer até 1995, ano em que fechou a última - Vasco da Gama.

Do lado de dentro da Indústria Conserveira, Ana Antónia Costa começou a trabalhar é um dos exemplos das mulheres que dedicaram a vida a este labor, começando com apenas 14 anos, após o falecimento da mãe. “Ganhava cinco tostões à hora. Fazia os trabalhos da mesa, aquilo que podia e aquilo que me mandavam fazer. Todo o processo tinha preceito. Tenho pena de me ter reformado tão cedo. Gostei e gosto muito desse trabalho”, refere. Sardinha, carapau, cavala e esquilha eram alguns dos peixes utilizados nas conservas.

Maria Ramos, por sua vez, também começou a trabalhar muito cedo na indústria conserveira, ainda que por pouco tempo, juntando-se depois à irmã, Maria Isabel, de 73, na latoaria, na fábrica Sol, onde ambas “passaram uma vida inteira a trabalhar” até ao seu encerramento. “A nossa mãe também era conserveira e chegou a estar deitada quando tocava a sirene e vinha o homem de bicicleta bater-lhe à porta porque tinha chegado o peixe e tinha de ir trabalhar de madrugada. No nosso caso, era diferente, nós faziamos a lata para depois meter o peixe, o tomate,as salsichas”, recordam.

TRANSFORMAÇÃO POSITIVA É CONSENSUAL

S

etúbal é hoje uma terra melhor, mais moderna, mais acolhedora e capaz de dar melhor qualidade de vida a todos os que aqui nasceram ou escolheram viver.

A transformação positiva da cidade e do concelho nos últimos anos é notória e, posso afirmá-lo sem qualquer receio, consensualmente reconhecida por todos os protagonistas da sociedade sadina.

Mesmo os que, com natural legitimidade, não se reconhecem no atual poder autárquico afirmam, sem qualquer hesitação, que Setúbal é hoje um concelho em que se vive melhor, mais qualificado, mais atrativo. Este é o resultado da ideia central que orientou os últimos anos de trabalho do município: Mais Cidade, Mais Setúbal.

Hoje temos Mais Cidade nas acentuadas mudanças que foram introduzidas na nossa rede viária e em variadíssimos espaços urbanos, na criação de uma rede qualificada de equipamentos cul-

turais que posicionaram o concelho sadino como um dos que maior capacidade de criação e oferta cultural tem na Área Metropolitana de Lisboa; temos Mais Cidade pelas condições que se criaram para atrair mais turistas e mais investimento de qualidade neste setor ou graças às profundas intervenções realizadas por todo o concelho, de Azeitão às Praias do Sado ou à Gâmbia, seja nos domínios do saneamento, seja em matéria de melhoria da rede viária e da higiene urbana através de uma forte componente de descentralização de competências e meios financeiros para as nossas freguesias.

Setúbal é, também, uma cidade mais inclusiva, mais preocupada como os que mais necessitam. Depois de décadas de abandono propositado, os bairros públicos de iniciativa municipal passam hoje por um processo de renascimento promovido pelos próprios moradores com o apoio da autarquia, no que é o resultado de um trabalho de participação cidadã ímpar. Apostar neste renascimento é promover a coesão social de todo o nosso concelho, é afirmar a segurança das populações e anular um estigma injusto.

O futuro constrói-se, contudo, no presente. Por is-

so, temos já contratualizados, com financiamentos garantidos, ações como o Parque Urbano da Várzea, que criará uma nova centralidade de lazer numa área densamente habitada, ou uma nova estação intermodal de transportes na Praça do Brasil que contribuirá, decisivamente, para uma melhor mobilidade dos nossos cidadãos e de todos os que nos visitam.

Temos, em andamento, uma nova Fábrica das Artes junto à zona Ribeirinha, no que é a continuação da ideia de termos Mais Rio e na qual apostámos intensamente nos últimos anos ao devolver boa parte da zona ribeirinha a todos os sadinos.

Por tudo isto, é justo que repita a ideia inicial deste texto: somos hoje uma terra melhor, mais moderna, mais acolhedora e capaz de dar melhor qualidade de vida a todos os que aqui nasceram ou escolheram viver.

Este é o caminho que, no presente, já estamos a aprofundar para construirmos, com todos, um melhor futuro para Setúbal.

Maria das Dores Meira Presidente da Câmara Municipal de Setúbal

Título registado na ERC sob o n.º 107552; Propriedade: Carlos Bordallo-Pinheiro; Director: João Abreu; N.º Registo Legal 8/84; Jornalistas: (Cf. n.º 3 do art.º 14.º do Dec.-Lei n.º 56/2001 de 19/2); Redacção: Humberto Lameiras, Ana Martins Ventura, Inês Antunes Malta, Miguel Nunes; Departamento Comercial: Célia Felix; Mauro Sérgio; Departamento Administrativo: Tel: 265 094 354 • geral@osetubalense.com; Cessionário e Editor: Setupress - Soc. Editora, Lda.; Gerentes: Carlos Bordallo-Pinheiro; Maria Luisa Bordallo-Pinheiro; Proprietário com mais 10% do capital social: Bordalo Pinheiro, Lda; Tiragem: 5.000 ex.; Paginação: Maria João Besugo; Fotografia: Arquivo O Setubalense, Arquivo UFCI, Arquivo de José Maria Gaspar, Inês Antunes Malta, Maria Balsinha, restantes imagens com direitos reservados; Impressão: Tipografia Rápida de Setúbal.