Paulo Storani explica como se formar uma equipe de sucesso
economia
social
- economia
solidária
9º CONCRED - Especial Ano Internacional das Cooperativas
- terceir o seto r - cultura
- educação
Ano 15 - nº 56 - Julho / Agosto 2012 www.gestaocooperativa.com.br - R$ 7,60
Cooperativas da agricultura familiar buscam o mercado Para isso, contam com o trabalho da União das Cooperativas de Agricultura Familiar e Economia Solidária (Unicafes), que desenvolve uma série de ações para fortalecer as cooperativas filiadas e ajudá-las a ampliarem sua participação no mercado e contribuírem para a construção de um mundo melhor
Expediente Expediente Conselho editorial Cristina Rocha - Jornalista - SP Diva Benevides Pinho - USP SP Eduardo Fontenla - CGCyM - Argentina Lydia Costa - Editora - DF Marcos Bedin - Jornalista - SC Remy Gorga Neto - Cooperativista - DF Ronise de Magalhães Figueiredo - Educadora - MG Sigismundo Bialoskorski Neto - USP/Fearp - SP Diretora executiva Lydia Costa Editora Lydia Costa Subeditora Maiana Neves Redação Luiz Carlos Cenci Maiana Neves Marcos Acypreste Ramon Paiva Correspondente internacional Josiane Cotrim Jornalista responsável Guida Gorga - MTB 8.000/36/79 Projeto gráfico Tiago Oliveira Diagramação Tiago Oliveira Capa Criação: Tiago Oliveira Revisão Luiz Alberto Guimarães Maiana Neves Comercial Mauricio Sousa Taine Côrte (61) 3039-1258 Distribuição assinaturas@gestaocooperativa.com.br Tiragem 10.000 exemplares Impressão Ideal Gráfica Editada por Vincere Consultoria e Editora Ltda Revista Gestão Cooperativa SCLN 406 Bl. E - Salas 212/213 - 2º Andar - Asa Norte Brasília - DF - Cep: 70.847-550 Tel: (61) 3039-1258 - Telefax: (61) 3447-1998 E-mail: revista@gestaocooperativa.com.br Site: www.gestaocooperativa.com.br Registro INPI: 820.864.803 Autorização de uso da marca do Ano Internacional das Cooperativas: Application Approval 20111202008 É permitida a reprodução parcial ou total das matérias desde que citada a fonte. Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores.
Editorial Uma longa estrada pela frente A
o ler a matéria de Maiana Neves sobre o livro “Cooperativismo Contemporâneo: Caminho para Sustentabilidade”, escrito pelo pesquisador Júlio Aurélio Vianna Lopes, vivi momentos de encanto e de frustração. Encanto porque sempre acreditei no cooperativismo como a melhor forma de organização da sociedade – e as pesquisas mostraram isso. Nos países onde o cooperativismo domina a economia e o número de pessoas ligadas ao movimento é maior, são melhores os índices de desenvolvimento social e menor a desigualdade. A frustação sentida foi porque o Brasil, segundo o pesquisador, possui os piores resultados, estando em último lugar entre os países emergentes no que diz respeito à cooperatividade – pouco mais de 5% da população participa de uma cooperativa. Isso se deve à falta de políticas públicas e de uma lei geral atualizada para o segmento. Vale a pena ler a matéria e o livro. Frustração também por acompanharmos, ao longo de mais de 20 anos, tantos exemplos de cooperativas e cooperativistas que, incansavelmente, buscam difundir a doutrina e buscar marcos legais que garantam a sua evolução. Houve muitos avanços? Houve. Mas ainda é pouco, considerando o potencial de crescimento e a contribuição que o cooperativismo pode dar para o desenvolvimento econômico e social do País. Será que cooperativistas e cooperativas precisam se organizar melhor, com mais foco, como ocorre em uma tropa de elite do Bope? E é sobre a forma de organização de equipes, de tropas de elite, que o entrevistado desta edição, Paulo Storani, faz uma abordagem. Ele explica o que é preciso para formar uma tropa de elite, como as do Batalhão de Operações Especiais nas organizações empresariais. E uma das dicas que Storani dá para a formação de equipe, no cooperativismo, a gente tem bastante - “...pessoas mobilizáveis que têm sentimentos, que podem ser mobilizadas para alcançar algo...”. Na matéria de capa, mostramos como as cooperativas da agricultura familiar e economia solidária estão agindo como verdadeiras tropas de elite, promovendo mudanças no campo e na cidade ao proporcionar ao pequeno agricultor acesso ao mercado, crédito e casa digna para morar. O cenário começou a mudar para este segmento com a criação da Unicafes, que desenvolve uma série de ações para fortalecer as cooperativas filiadas, dando a elas condições para a construção de um mundo melhor. Estamos no Ano Internacional das Cooperativas. É o momento de mostrar para os governos, legisladores, juízes e para a sociedade em geral como o movimento cooperativo pode contribuir para um mundo melhor e mais justo. A Feira Agrobrasília 2012 foi um grande palco, ao reunir, com a iniciativa do Ministério de Agricultura e Pecuária, cooperativas de diversos estados brasileiros e de países do Mercosul para discutir temas ligados à integração e ao desenvolvimento. Na Conferência Rio+20, o cooperativismo também teve lugar de destaque, com vários debates e homenagens, entre elas o lançamento do Selo Postal Comemorativo. É preciso preparar e renovar para acompanhar e seguir a longa estrada que o cooperativismo brasileiro tem que percorrer para promover o desenvolvimento sustentável que o país precisa. E foi a renovação que nos fez criar um novo visual para a revista Gestão Cooperativa. Em seu 15º ano, ela ganha projeto gráfico novo, que prima pela leveza, aproveitamento de espaço e maior visibilidade para as editorias. Precisamos acompanhar a evolução sempre. Boa Leitura!
Lydia Costa Gestão Cooperativa Editorial julho/agosto 2012
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Nesta edição 10 Destaque
A União das Cooperativas de Agricultura Familiar e Economia Solidária (Unicafes) representa as cooperativas de agricultores familiares de diversas regiões do Brasil perante o poder público e a sociedade em geral nas demandas por investimentos, melhorias, mercado e capacitação. A Unicafes realiza uma série de programas com foco no fortalecimento das cooperativas filiadas.
Especial
06 Entrevista
A Gestão Cooperativa traz entrevista com Paulo Storani, inspirador do personagem Capitão Nascimento do filme Tropa de Elite e ex-capitão do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar do Rio de Janeiro (Bope). Storani explica o que é preciso para se formar uma equipe de sucesso dentro das empresas a partir de técnicas aplicadas no Bope.
04 Acontece
Durante sessão solene no Senado Federal, o Dia Internacional do Cooperativismo foi celebrado por senadores, deputados e representantes do setor.
08 Artigo
Ênio Meinen fala da chamada “síndrome da não-culpa” dentro das organizações.
16 Crédito
Cooperativas de crédito lançam cartões de crédito próprios que oferecem inúmeras vantagens aos associados.
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Gestão Cooperativa Nesta Edição julho/agosto 2012
20 Especial
A Agrobrasília 2012, realizada no mês de maio, alcançou recordes quanto ao volume de negócios e de visitantes. Cerca de 50 cooperativas brasileiras participaram do evento que contou ainda com a presença de cooperativas do Paraguai, Uruguai e Argentina. As cooperativas compartilharam experiências durante a Feira.
18 Cooperativismo
Pesquisador Júlio Aurélio Vianna Lopes lança livro sobre cooperativismo contemporâneo.
25 Espaço Ascesa
A Ascesa realizou festa julina, com comidas típicas e atrações musicais, em que reuniu cerca de 400 convidados.
26 Meio Ambiente
Cooperativismo teve participação importante na Rio+20, realizada no Rio de Janeiro.
24 Concred
De 21 a 23 de agosto, será realizado o 9º CONCRED, em Nova Petrópolis (RS). Nesta edição do evento, a programação contará com renomados palestrantes e líderes do cooperativismo de crédito mundial, como Charles Gould, diretor-geral da Aliança Cooperativa Internacional (ACI), além de líderes cooperativistas brasileiros.
27 Ação Governamental
Governo lança Plano Safra 2012/2013 que destina recursos financeiros para o fomento da agricultura e pecuária no Brasil.
28 Opinião
Osmar Dias fala sobre a relação sólida entre o Banco do Brasil e as cooperativas.
Acontece POR maiana Neves e Marcos Acypreste FOTOS DIVULGAÇÃO, Priscila Leite e ramon Paiva
Senado Federal celebra o Dia Internacional do Cooperativismo Selo comemorativo ao Ano Internacional das Cooperativas
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Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) lançou, no dia 21 de junho, durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), um selo comemorativo ao Ano Internacional das Cooperativas. O selo foi produzido pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos e faz parte das ações do Mapa em homenagem ao Ano Internacional das Cooperativas – 2012, decretado pela Organização das Nações Unidas (ONU). No total, serão produzidas 40 mil unidades. Durante a cerimônia de lançamento do selo, o ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho, ressaltou a importância do cooperativismo e defendeu o aumento de investimentos ao setor. “Precisamos e vamos investir cada vez mais. Não apenas por este ser um ano dedicado pela ONU ao segmento, mas pela importância econômica e social que representa”, afirmou o ministro. A programação do evento contou ainda com uma palestra do embaixador especial para o cooperativismo na Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), Roberto Rodrigues. Para o presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas, o lançamento é um reconhecimento do governo brasileiro à importância do setor cooperativista para o país. “Esse será, com certeza, um marco entre as comemorações do Ano 2012 e reforça a relevante contribuição das cooperativas para a geração de trabalho, renda e redução das desigualdades sociais. E, neste momento, ninguém melhor que Roberto Rodrigues, um cooperativista convicto, para falar sobre o tema”, afirmou.
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Gestão Cooperativa Acontece julho/agosto 2012
Senadores, deputados e representantes do movimento ressaltaram a importância do cooperativismo
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Senado Federal realizou sessão solene, no dia 6 de julho, para comemorar o Dia Internacional do Cooperativismo. Senadores, deputados e representantes do movimento ressaltaram a importância das cooperativas para a economia nacional. A sessão foi presidida pelo senador Waldemir Moka, do Mato Grosso. Presente na sessão, a senadora Ana Amélia, do Rio Grande do Sul, destacou o valor do cooperativismo diante da crise mundial. A senadora ressaltou ainda a importância dos bancos cooperativos que hoje são alternativas muito sólidas para a falta de crédito e problemas de endividamento. “Isso nada mais é do que a afirmação das cooperativas, que nasceram originalmente na Inglaterra como alternativa às regras do que se poderia chamar de capitalismo selvagem”, afirmou a senadora. O evento também contou com a presença do
Banco Central, representado pelo diretor de assuntos especiais, Luiz Edson Feltrim. O representante destacou o trabalho que o banco tem feito junto às cooperativas. O Banco Central lançou, no dia 29 de julho, a moeda comemorativa do Ano Internacional das Cooperativas. Além dos senadores e deputados, a sessão contou com a presença de representantes do cooperativismo, como Daniel Hech, da União Nacional de Cooperativas de Agricultura Familiar e Economia Solidária (Unicafes), Niro Barrios, da Central de Cooperativas e Empreendimentos Solidários (Unisol), e Márcio de Freitas, presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB). O ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho, também participou do evento e entregou aos componentes da mesa o selo comemorativo ao Ano Internacional das Cooperativas, lançado durante a Rio+20, no Rio de Janeiro.
66 anos e Ano Internacional das Cooperativas
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o dia 19 de maio Sicredi Noroeste RS realizou em Três de Maio – RS um evento de integração e comemoração pelo seu aniversário de 66 anos (completado no dia 5 de maio) e ao Ano Internacional das Cooperativas. Estiveram presentes o Conselho de Administração, Fiscal e todos os colaboradores, somando um time de 250 pessoas. Entre as várias atividades esportivas e de integração, o time foi desafiado a demonstrar a importância da união para cooperar. O grande destaque foi a expressão através do próprio corpo para a formação da frase “Desde 1946 Coopera e Cresce” e da palavra “Sicredi”, que significam os 66 anos de trabalho da Sicredi Noroeste RS na comunidade e a contribuição singela dos colaboradores para a campanha de comemoração ao Ano Internacional das Cooperativas.
Estiveram presentes 250 pessoas no evento
Dentro do princípio da intercooperação, o evento foi realizado junto ao centro de lazer da Cooperativa Cotrimaio e as imagens foram realizadas com o apoio do caminhão guindaste da Cooperativa Certhil a uma altura de 29 metros, coirmãs que cooperam com o Sicredi em uma grande parceria.
Cooperativas mineiras se mobilizam para o Dia C 2012
Mais de 30 provas esportivas foram realizadas no Cooperjogos
Cooperjogos integram cooperativas do DF A
12ª edição do Cooperjogos - Jogos de Integração Cooperativista teve como tema “Cooperativas Constroem um Mundo Melhor”. O evento, promovido anualmente pelo Sistema OCDF/Sescoop-DF, foi um momento de integração do sistema cooperativista do Distrito Federal que celebrou o Dia Internacional do Cooperativismo, comemorado no primeiro sábado do mês de julho. “Esse é um ano atípico. Todo ano se comemora o Dia do Cooperativismo, mas esse ano é especial porque a ONU colocou como o Ano Internacional das Cooperativas e isso é muito gratificante, pois deu um sabor especial ao Cooperjogos e às ações cooperativistas”, afirmou o presidente do Sistema OCDF/Sescoop-DF, Roberto Marazi. A programação do Cooperjogos foi dividida em três etapas. No dia 30 de junho, foi realizada a Caminhada Cooperativista que reuniu cerca de 800 pessoas. No dia 14 de julho, no Sesi de Taguatinga Norte, foram realizadas 36 provas esportivas, entre elas futebol society, futsal, vôlei, atletismo, natação, cabo de guerra, xadrez, jogo de dama, dominó, truco, sinuca, entre outras.
O jantar de premiação das competições e encerramento do Cooperjogos foi realizado no dia 21 de julho no Garden Hall. Pela oitava vez, a Equipe Agropecuário ficou em 1º lugar; em 2º ficou a Equipe Saúde Cento-Oeste e em 3º a Equipe Educação. As vencedoras receberam medalhas e troféus. Durante o encerramento, houve mais uma edição da eleição da Miss e do Mister Cooperativismo. Em 1º lugar ficaram Ana Karolina Tech, representante da Equipe Educação, e Yago Werner da equipe Bancoob Crédito.
O Cooperjogos encerrou com o jantar de premiação das competições e eleição da Miss e do Mister Cooperativismo
OCB divulga relatórios de atuação institucional e de representação política A partir de uma série de produtos e serviços voltados à representação política, a Gerência de Relações Institucionais da OCB (Gerin/OCB), em parceria com as demais gerências do Sistema OCB, já obteve alguns resultados importantes em 2012, como uma atuação proativa voltada à aprovação e sanção do novo Código Florestal e a participação na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20). Elaborado desde 2007 pelo Sistema OCB, o relatório mensal é divulgado às organizações
estaduais (OCEs) e cooperativas, parlamentares e entidades parceiras, a partir da compilação das ações mais importantes do cooperativismo junto aos Poderes da República e aos órgãos internacionais. Segundo a gerente de relações institucionais da OCB, Tânia Zanella, o relatório mensal agrega aos produtos desenvolvidos pela área por ser um mecanismo de transparência fundamental para dar credibilidade ao cooperativismo com praticamente todos os atores políticos.
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s cooperativas de Minas Gerais já estão se mobilizando para o Dia de Cooperar (Dia C) 2012. Até o momento, já são 214 cooperativas inscritas, gerando uma expectativa de mobilização de mais de 20 mil voluntários nas ações deste ano, que serão realizadas em todas as regiões do Estado. As cooperativas que confirmam antecipadamente participação na iniciativa recebem um kit de divulgação gratuito enviado pelo Sistema, que contém flyer, cartilha, camiseta, mãozinha, cartaz, balão, chaveiro e selo de correspondência. Todo o material de divulgação da campanha também está disponível no blog do Dia C (www. minasgerais.coop.br/diac), na seção Downloads. Com o objetivo de promover e estimular a integração das ações voluntárias de todas as cooperativas, cooperados, colaboradores e familiares em um grande movimento de solidariedade cooperativista, o Sistema Ocemg criou o projeto em 2009. Ano a ano, o Dia C conta com o apoio e a participação efetiva das cooperativas de Minas Gerais. De acordo com o presidente do Sistema Ocemg, Ronaldo Scucato, o Ano Internacional das Cooperativas, é uma excelente oportunidade para que as cooperativas mineiras confirmem, na prática, como ajudam a construir um mundo melhor por meio de seus projetos sociais. Acima de tudo, é uma excelente oportunidade para colocar em prática os valores do cooperativismo em prol de uma sociedade melhor. Este ano, o Dia C será realizado em 1º de setembro, quando as cooperativas participantes vão desenvolver, em cada localidade, diversas ações sociais, na forma de projetos, atividades e iniciativas locais, priorizando o trabalho voluntário. O trabalho conjunto das cooperativas demonstrará, mais uma vez, a capacidade e o empenho do setor para atuar socialmente.
Fonte: Sescoop/MS Gestão Cooperativa Acontece julho/agosto 2012
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Entrevista POR MAIANA NEVES Colaboração Ramon Paiva FOTOS RAMON PAIVA
Paulo Storani explica como se formar uma equipe de sucesso I
nspirador do personagem Capitão Nascimento do filme Tropa de Elite e ex-capitão do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar do Rio de Janeiro (Bope), Paulo Storani desenvolve um trabalho a partir da análise comparativa entre a realidade do Bope e das empresas da iniciativa privada. Mestre em Antropologia e pós-graduado em Administração Pública e em Gestão de Recursos Humanos, Storani explica o que é preciso para se formar uma equipe de sucesso dentro das empresas por meio de técnicas de seleção, treinamento e controle de desempenho aplicadas no Bope. Confira estes e outros assuntos na entrevista que Storani concedeu à Revista Gestão Cooperativa. O que você atribui o sucesso de uma empresa a partir do seu entendimento de uma “equipe tropa de elite”? O primeiro sucesso é você conseguir atingir o objetivo que determinou. Este é o conceito de “Tropa de Elite”, uma equipe de resultado, de alto rendimento e desempenho. Grandes desafios e objetivos alcançados: é assim que a gente encara e define equipe tropa de elite no Bope. Quais seriam as diferenças e semelhanças entre treinar uma tropa do Bope e uma equipe empresarial? Se nós encararmos como um negócio, um tipo de atividade destinado a fazer algo, é a mesma coisa treinar uma tropa do Bope e uma equipe empresarial. A questão está na forma como você seleciona, como você prepara essas pessoas, como o desempenho dessas pessoas é acompanhado, se elas vão evoluindo, superando seus limites e alcançando seus resultados. O sentimento e a forma de pensar e agir são os mesmos. Qual seria o perfil de um bom profissional para o mercado atual? Existem quatro princípios que regem o pensamento das Operações Especiais. O princípio da relevância é a consciência de valor que você tem daquilo que você faz; quanto maior valor você dá, maior será sua dedicação. Se você estiver trabalhando e pensando apenas no dinheiro, você irá se limitar; se você pensar no melhor, logo o dinheiro e o sucesso serão consequência.
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Gestão Cooperativa Entrevista julho/agosto 2012
Saber o quanto você está disposto a alcançar o objetivo, o quanto você se adapta a essas mudanças de cenários, principalmente de cobranças por grandes resultados, trata-se do princípio do desconforto. Outro princípio é o desidratativo, que se refere ao suor por trabalho duro. Não conheci ninguém que não tenha que ter trabalhado muito para alcançar grandes resultados. E quem trabalha em equipe precisa pensar ainda no princípio cooperativo, quando você associa essas vontades e esses motivos comuns por um objetivo único.
Participação nos lucros seria uma opção? O mundo coorporativo oferece para as pessoas um ambiente extremamente desafiador, fazendo com que as pessoas façam melhor aquilo que estão destinadas a fazer. Assim, as empresas têm que oferecer este ambiente atrativo e estimulante, no sentido de que aquilo irá trazer resultado para o funcionário. É uma estrutura de carreira em cima do seu resultado e, da mesma forma, remuneração proporcional a isso. Isso distingue as pessoas dentro da empresa.
Como se prepara uma equipe tropa de elite? Primeiramente, é preciso determinar o que você pretende fazer e saber que valor isso tem, selecionando pessoas que chamamos de pessoas mobilizáveis que têm sentimentos que podem ser mobilizados para alcançar algo. Pessoas que são capazes de se convencerem a fazer determinada coisa, caso elas já não venham convencidas disso. Com esse perfil de pessoas mobilizáveis, as empresas conseguem atingir os resultados pretendidos.
Dentro de uma empresa, a falta de disciplina na execução dos planos é considerada um obstáculo? Isso é um grande obstáculo. As empresas brasileiras são excelentes em planejar, mas quando começam a cumprir o plano, a reunir pessoas, pegar investimentos, treinar essas pessoas, começa a questão de negociação para fazer por menos. Não se tem disciplina com o plano que foi elaborado. Temos uma tendência de pensar que tudo na hora sai, que não há necessidade de planos, pois eu sei fazer e, por isso, não é preciso empenho e preparação. Isso é um grande erro. Excelência é fazer melhor aquilo que você se propôs a fazer. Dessa forma, é importante planejar, executar com disciplina e excelência e ainda avaliar os resultados alcançados, pois se você fez certo, aquilo passa a ser repetitivo, mas se fez errado, é necessário
O que as empresas podem fazer para motivar os seus profissionais?
corrigir para que não volte a acontecer. O que é a liderança dentro de uma empresa? Este é um grande desafio no país, pois temos uma estrutura de ensino, desde a pré-escola, que não fomenta essa ideia de trabalhar em grupo e que as pessoas se reúnem em torno de um objetivo comum. Então, não se tem essa visão de liderança. As pessoas acabam vendo esses modelos de lideranças na família ou modelos no grupo em que ele habita, mas o modelo que realmente fomenta essa questão da liderança é aquele que leva as
Conheço o sistema cooperativista que é a grande essência do trabalho em equipe, porque todo mundo é responsável e co-responsável por um objetivo comum. É uma forma de você reunir os motivos diversos e transformar em um motivo único. Esse é um grande modelo a ser seguido.”
pessoas a formarem grupos. O grande desafio hoje é a identificação, pelas empresas, deste potencial que não foi estruturado em nossa educação formal e o aproveitamento deste potencial, porque as empresas precisam disso. O país precisa de lideranças legítimas, que não fiquem apenas no discurso, mas que partam para a prática. Qual a diferença entre líderes e liderados? Líder é aquele que tem capacidade de convergir os motivos coletivos em um motivo comum. Já o liderado é aquele que se vê mobilizado por uma outra pessoa. Muitas vezes, nós somos líderes e liderados. Existem momentos específicos para isso e este é o modelo de liderança que eu acredito. Como foi a experiência de treinar os atores do filme Tropa de Elite? A grande significância foi saber como aqueles princípios utilizados no Bope, aplicados aos atores, produziram os resultados que nós vimos. Apliquei todos os princípios do Bope junto aos atores. Fui consultor do filme e a minha proposta junto à produção foi formamos a equipe do filme como se fosse formar uma tropa de elite. Isso aconteceu com as pessoas da produção e com os atores. Com esta estratégia, conseguimos alcançar o sucesso que todos nós vimos. A Revista Gestão Cooperativa é um veículo especializado que divulga notícias do mundo cooperativo. Você conhece o sistema? Conheço o sistema cooperativista que é a grande essência do trabalho em equipe, porque todo mundo é responsável e co-responsável por um objetivo comum. É uma forma de você reunir os motivos diversos e transformar em um motivo único. Esse é um grande modelo a ser seguido.
Storani realiza palestras em todo o país
Você tem algum trabalho voltado às cooperativas? Já realizei trabalho com cooperativas que são instituições capazes de mobilizar pessoas. Nós só trabalhamos quando temos um motivo aliado a outro e, quando conseguimos convergir a um objetivo comum, nós somos mais fortes. O modelo cooperativista é a única forma para superarmos este tempo de crise. Se ficarmos esperando um salvador da pátria que resolva todos os nossos problemas, ele não irá surgir. Quando nós resolvermos a tomar posição e fizermos algo, teremos a solução dos problemas.
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Artigo POR Ênio Meinen
“Síndrome da não-culpa”: a velha - nova pandemia nas organizações! O
ambiente profissional – ainda bem – revela mais soluções do que problemas; menos conflitos do que entendimentos; menos indiferenças do que manifestações de solidariedade; menos enfermidades do que boas condições de saúde. Mas há uma adversidade que insiste em permear as organizações. Falo de uma doença grave, que se alastra de forma avassaladora, elevando-se, por sua dimensão e efeitos, ao grau de pandemia. A “síndrome da não-culpa”: eis o mal a que me refiro! E como se revela o sintoma desse “distúrbio”? A constatação não requer nenhum diagnóstico mais aprofundado. Basta que se apresente um problema - operacional, legal, administrativo ou de outra ordem -, ou ainda apareça uma dificuldade qualquer, e o doente-portador, devidamente “armado”, sai imediatamente na defensiva: “a culpa não é minha/ nossa”, “não tenho/temos nada a ver com isso”, “o responsável é o fulano ou a área tais”, “não posso fazer nada”, e por aí vai. Num estágio ainda mais avançado da moléstia, há os que já tratam de arranjar justificativas ou evasivas antes mesmo de o problema concretizar-se! E o pior é que isso pode sair do mundo da ficção e virar realidade... A propósito desse grupo de enfermos o escritor John Maxwell apresenta uma esclarecedora impressão. Diz ele: “as pessoas desperdiçam energia fantasiando soluções para problemas que temem aparecer em seu caminho. Ironicamente, o que começou como um medo infundado pode se transformar em um problema real, porque a pessoa desperdiçou energia pensando em coisas que gostaria que fossem realidade, em vez de pensar em uma ação eficaz” (in 6 John Maxwell John C, Você faz a diferença: como sua atitude pode revolucionar sua vida / John C. Maxwell; tradução de Valéria Lamim Delgado Fernandes. São Paulo: T. Nelson, 2006). Assumir os próprios erros ou a responsabilidade pela sua ocorrência enquanto gestor são atitudes dignas e corajosas, virtude infelizmente ausente em muitas pessoas. Quando os problemas aparecem, o normal é o executivo (e os colaboradores que nele se espelham) eximir-se da responsabilidade e procu-
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Gestão Cooperativa Artigo julho/agosto 2012
rar “bodes expiatórios”, iniciando-se, assim, o conhecido “jogo de culpa” ou “jogo de empurra”. Em vez da busca da solução, dando curso à verdade, o foco passa a ser a identificação de subterfúgios para a autopreservação, muitas vezes transferindo ou tentando empurrar a reponsabilidade para um terceiro, não raro colega de profissão. O personagem bíblico Adão talvez tenha sido o primeiro a padecer dessa doença. Quando Deus lhe perguntou se o havia desobedecido, ele respondeu: “Foi a mulher que me deste por companheira que me deu o fruto da árvore, e eu comi” (Gênesis, Capítulo 3, Versículo 12 – Bíblia Sagrada). As consequências para ele próprio e para a humanidade todos conhecemos... Observador atento e combatente desse comportamento, o líder cooperativista José Salvino de Menezes, muito acertadamente, costuma dizer: “depois que inventaram a desculpa, ninguém mais comete erros”. E que implicações essa postura provoca, mais especificamente na seara profissional? Muitas! A principal delas é a não resolução do problema ou não equacionamento da demanda, em flagrante desrespeito àquele que está “do outro lado” aguardando providências (que não quer saber de quem é a culpa...!). Outra consequência é a desarmonia que a (falta de) atitude ocasiona nas organizações ou entre organizações, já que se instala um ambiente de “queda de braços”, de desconfiança e de desesperança. Um terceiro efeito é o aumento de custos nas empresas, já que na falta ou no retardamento da solução, a saída é incrementar estruturas ou fazer investimentos adicionais – em outras áreas ou entidades - para resolver os problemas. Aliás, o tempo que se perde discutindo de quem é a culpa ou mesmo para tentar justificar o injustificável, é
O homem superior atribui a culpa a si próprio; o homem comum, aos outros.” (Confúcio). por si só um fator de improdutividade, implicando dispêndios sem necessidade. A postura esperada dos verdadeiros profissionais, ainda que determinada adversidade não lhes possa ser atribuída imediatamente, é agir (“matar no peito”) em sua área de domínio/responsabilidade ou promover articulações em sua área de influência, mobilizando pessoas e recursos para dar conta do “recado”. Além de tudo, este gesto é uma demonstração de respeito. Em relação aos líderes e principais executivos, por servirem de referência aos demais, essa iniciativa é ainda mais aguardada. Poder e responsabilidade estão íntima e proporcionalmente atrelados. Não se deve ter receio de admitir falhas ou avocar responsabilidade, especialmente quando se é gestor, pois falíveis todos são - pela simples condição, primária, de seres humanos. Aliás, é também meritório aprender com o erro, pois só assim evita-se a reincidência em circunstâncias semelhantes. Atribuir a responsabilidade a outrem ou tentar justificar demasiadamente os erros reduzem o prestígio profissional, às vezes sem que se o perceba. O certo é canalizar as energias para a solução e a verdade, em vez de ficar procurando desculpas e formas de desqualificar terceiros, muitas vezes colegas de profissão. Como ensina Augusto Cury, “Ser sábio não quer dizer ser perfeito, não falhar, não chorar e nem ter momentos de fragilidade. Ser sábio é aprender a usar cada dor como uma oportunidade para aprender lições, cada erro como uma ocasião para corrigir rotas, cada fracasso como uma chance para ter mais coragem. Nas vitórias, os sábios são amantes da
alegria; nas derrotas, são amigos da reflexão” (in 12 semanas para mudar uma vida. Augusto Cury Colina, SP: editora Academia de Inteligência, 2004). A prática do “mea culpa”, de maneira sincera e construtiva, diferentemente do que alguns podem imaginar, contribui para aumentar o apreço profissional e pessoal, e é indispensável para a evolução nos dois planos. Além disso, o ambiente harmonioso daí resultante, ao mesmo tempo em que repercute na redução de falhas futuras, potencializa a capacidade de entrega das organizações. Abraham Lincoln já ensinava que “você não consegue escapar da responsabilidade de amanhã esquivando-se dela hoje”. Daí que assumir a culpa, logo cedo, é bem melhor do que alguém descobrir a verdade mais tarde. E isso fatalmente ocorrerá, ainda que a aposta seja em contrário...! Portanto, deve-se evitar o contágio pela moléstia da irresponsabilidade. Como medidas de prevenção há que se antecipar à imputação; admitir o erro e tratar do problema imediatamente; evitar críticas e desgastes desnecessários; dar o exemplo para
os colegas (pares e liderados); ... dormir tranquilo. Enfim, agir como sábio! Este tema, por sinal, pelo seu grau de importância e impactos gerados nas empresas, habilita-se como pauta frequente em treinamentos e diálogos/feedbacks dos líderes organizacionais com/para os seus executivos. Nessas abordagens, como recurso de apoio, sugere-se apresentar o vídeo “O problema não é meu”, distribuído pela Siamar, que retrata, didaticamente e precisamente, o comportamento dos atores comprometidos (adequado) e descomprometidos (inadequado) diante de um problema concreto.
Quase todas as nossas falhas são mais perdoáveis do que os métodos que concebemos para escondêlas” (François Poitou, o Duque La Rochefoucauld)
* Advogado, pós-graduado em Gestão Estratégica de Pessoas e Diretor Operacional do Banco Cooperativo do Brasil – Bancoob.
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Gestão Cooperativa Artigo julho/agosto 2012
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Destaque POR Vanúsia Duarte FOTOS DIVULGAÇÃO
Unicafes
alicerça o caminho para a agricultura familiar no acesso ao mercado A
agricultura familiar deixou para trás o posto de atividade de subsistência para assumir o status de importante fornecedora de alimentos para a população. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a agricultura familiar responde, hoje, pelo fornecimento de cerca de 70% dos produtos que compõem a cesta básica dos brasileiros, importância que se acentua num cenário onde o Brasil ocupa o posto de terceiro maior exportador de alimentos do mundo. Além do seu potencial para a produção de alimentos, a agricultura familiar é reconhecida também como instrumento de desenvolvimento local e consequente melhoria da qualidade de vida dos pequenos agricultores, por meio da geração de trabalho, renda e desenvolvimento de estratégias para a sucessão familiar na atividade. A união de cooperativas da agricultura familiar e economia solidária sempre demonstrou que a cooperação solidária é o melhor caminho para ampliar a organização econômica e facilitar a participação no mercado. Desde 2005 as cooperativas solidárias de diversas regiões do Brasil contam com a União das Cooperativas de Agricultura Familiar e Economia Solidária (Unicafes), como organização incumbida de representá-las perante o poder público e a sociedade em geral, nas demandas por investimentos, melhorias, mercado e capacitação. “Qualquer setor do governo hoje reconhece a importância da agricultura familiar para o desenvolvimento das comunidades e para o fornecimento de alimentos com qualidade, produzidos de maneira diversificada e sustentável, por meio de técnicas agroecológicas”, argumenta o presidente da Unicafes, Luiz Possamai. O dirigente explica que o diferencial das cooperativas de agricultura familiar está no fato de serem geridas pelos próprios produtores, com abrangência local e articulação em rede. “Poucos países no mundo vivenciam esta experiência de ter agricultores na administração das cooperativas. Com isso, nossa atuação não se restringe à lavoura propriamente dita, mas ao negócio das cooperati-
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Gestão Cooperativa Destaque julho/agosto 2012
A Unicafes tem a missão de defender os interesses do segmento no Congresso
vas”, diz. E completa que esta é uma “política de inclusão das famílias”. Ainda nova, com sete anos completados em junho deste ano, a Unicafes já conseguiu chegar a praticamente a todo o país. Luiz Possamai informa que a entidade possui unidades representativas estabelecidas em 17 estados e que está em andamento a implantação em outros três. “Mesmo onde não temos uma unidade estadual da Unicafes, existem cooperativas associadas. Com isso, nossa abrangência é nacional”, diz. O presidente da Unicafes defende o apoio governamental a esse modelo de organização da
Unicafes no Brasil • 1030 cooperativas associadas • Cerca de 515 mil associados • Presente em 17 estados: Unicafes estaduais • Em constituição: três novas unidades estaduais • Ramos de atuação: crédito, produção, comercialização, trabalho e infraestrutura
agricultura familiar, argumentando que estas organizações possuem interesse público. Isto porque a maior parte da produção das cooperativas atende a programas governamentais como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). “Temos capacidade para ampliar o percentual de fornecimento de alimentos para os programas sociais. Entretanto, o cooperativismo solidário precisa ser reconhecido como instrumento de inclusão social e financeira de grande parte da população que, em momentos anteriores, encontrava-se à margem do desenvolvimento econômico”, argumenta Possamai.
Ações fortalecem o universo das cooperativas A
Unicafes realiza uma série de programas com foco no fortalecimento das cooperativas filiadas. Esse trabalho não se restringe a ações voltadas unicamente para o mercado, representado diretamente pela produção e comercialização, mas busca abranger todo o universo das cooperativas, o que inclui a gestão contábil e administrativa, a educação cooperativista, os aspectos jurídicos do cooperativismo solidário, a formação e a participação efetiva de jovens e mulheres rurais cooperativistas, entre outros. “A Unicafes foca em ações organizativas, no fortalecimento da sua base filiada, representada pelas cooperativas e centrais dos diversos ramos cooperativos, o que repercute diretamente na consolidação da própria entidade”, explica Alcidir Mazutti Zanco, assessor institucional da Unicafes. Nesse contexto, Alcidir Mazutti ressalta que muitas ações da Unicafes se concentram em processos de representação e organização para superar o principal gargalo das cooperativas de agricultura familiar, o acesso ao mercado. Em busca de alternativas para superar essa realidade, Mazutti cita como exemplo a constituição, até o final deste ano, da Central Nacional de Produção e Comercialização, já aprovada no III Congresso e reafirmada na assembleia 2012. Com sede a ser criada em Brasília e atuação em todo
o território nacional, esta Central terá a missão de promover a articulação comercial das cooperativas, fortalecendo as negociações com órgãos privados e governamentais para a venda dos produtos da agricultura familiar. “A Central focará suas ações em processos representativos e na articulação da comercialização de produtos de diferentes regiões do país para cidades metropolitanas e de médio porte”, informa. No âmbito da gestão, a Unicafes já está disponibilizando um software nacional para o aprimoramento das áreas contábil, financeira e administrativa das cooperativas. Esse software ajudará as lideranças, diretorias e colaboradores na organização dos sistemas permanentes de informação, facilitando a autogestão, a tomada de decisões e o alcance dos resultados necessários. “É importante frisar que nesse processo estamos atentos ao caráter e às especificidades do cooperativismo solidário”, explica o assessor. O software já está sendo utilizado por algumas das unidades estaduais da Unicafes e, também, por diversas cooperativas filiadas à organização. No campo da formação, a Unicafes busca desenvolver metodologias para a inclusão permanente de novas lideranças, fortalecendo processos de formação cultural, social e econômica, priorizando
a participação e a inserção de jovens e mulheres neste modelo de organização. Alcidir Mazutti destaca ainda que “essa estratégia tem sido fundamental para a manutenção dos diferenciais solidários e do fortalecimento da sustentabilidade das cooperativas locais, com gestão social e participação democrática”. Outra iniciativa citada por Mazutti está relacionada à área de produção. Por intermédio da Unicafes, o cooperativismo solidário firmará parceria com o BNDES para processos de investimento agroindustrial de acesso ao mercado. Esta parceria já tem prevista a liberação de recursos ainda no segundo semestre deste ano - selecionados por meio de edital - da ordem de R$ 20 milhões, destinados à contratação de projetos de investimentos nas áreas de armazenagem, logística e industrialização de produtos da agricultura familiar. “Com este programa, a Unicafes pretende aprimorar e expandir a produção e industrialização da agricultura familiar cooperativada, principalmente em regiões menos desenvolvidas ou com menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)”, argumenta o assessor. E completa que a previsão é que estes recursos sejam ampliados nos próximos anos, “ fortalecendo processos de inclusão social e promovendo o desenvolvimento sustentável”.
Decisões tomadas de forma colegiada e com foco no desenvolvimento das cooperativas filiadas marcam os eventos da Unicafes
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Da casa própria aos produtos certificados para venda em todo o Brasil As cooperativas filiadas à Unicafes não se restringem apenas à produção agrícola. Elas atuam em diferentes áreas reunindo agricultores e empreendimentos solidários em cooperativas de crédito, habitação, comercialização e assistência técnica. Em diferentes localidades do país, há uma cooperativa contribuindo para a melhoria da qualidade de vida dos agricultores.
Crédito
Sonhos reais
M
angueirinha é uma cidade do Paraná, distante cerca de 400 quilômetros da capital Curitiba. Com população de cerca de 17 mil habitantes, é conhecida como a maior produtora de soja do Sudoeste do Paraná e pela grande floresta de araucárias na região da aldeia Kaingang. Na cidade funciona há 14 anos a Cooperativa de Crédito Cresol Mangueirinha, que conta hoje com aproximadamente 620 cooperados. Filiada à Unicafes, a cooperativa tem contribuído de forma significativa para o desenvolvimento da cidade, segundo conta seu presidente, Paulinho do Patrocínio. “Com o crédito concedido pela cooperativa os agricultores familiares podem investir nas lavouras e, com a consequente melhoria da produção e da renda, podem gastar mais no comércio, movimentando a economia local”, diz. Em Mangueirinha, os agricultores se dedicam principalmente à produção de leite e ao cultivo de soja, milho, feijão e trigo. O assessor institucional da Unicafes, Alcidir Mazutti, argumenta que “a cooperativa se fortalece pela articulação em rede, fundamentada por meio das diretrizes da Cresol Baser, com ampliação de oportunidades e iniciativas”. A Cresol Mangueirinha oferece aos associados um leque de 18 produtos bancários, entre os quais empréstimos, cartão de crédito e aplicações. “Nossa carteira de empréstimos hoje está em R$ 3 milhões e esperamos fechar 2012 com mais R$ 4 milhões financiados para os agricultores, recursos que são destinados ao custeio das lavouras e ao investimento nas propriedades”, informa Paulinho do Patrocínio. O presidente da Cresol Mangueirinha é ele próprio um exemplo de como a cooperativa ajuda a impulsionar a vida dos agricultores. O primeiro empréstimo que tomou foi de 500 reais para o cultivo de meio alqueire de feijão e o último, neste ano, foi de R$ 4.700,00. Hoje, possui 12 alqueires onde planta milho e feijão, além da produção
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Visita de associados a uma propriedade para troca de experiências entre agricultores familiares
Copa Cresol Futebol
Copa Cresol Gincana
Premiações Copa Cresol
de leite. “O gerenciamento de uma cooperativa pelo próprio agricultor dá certo porque ambos – administrador e associado – vivenciam realidades parecidas”. Como resultado do bom desempenho da lavoura, Patrocínio comprou um carro e a irmã, também agricultora familiar, uma moto, tornando realidade sonhos antigos. A cooperativa foca suas ações na interação per-
manente com o quadro social, realizando processos de formação e reuniões nas comunidades. A cada dois anos realiza a Copa Cresol, com atividades esportivas e de confraternização, reunindo associados e suas famílias em diversas atividades como jogos de futebol e gincana. O objetivo é promover o entretenimento e possibilitar maior interação entre os associados.
Produção e comercialização Mutirão Praficar
A
Cooperativa da Agricultura Familiar de Itapuranga (Cooperafi), em Goiás, é referência no Estado em gestão de empreendimentos familiares, atuando na produção e comercialização de diversos produtos. Criada há 13 anos, a Cooperafi vende por mês 280 mil litros de leite produzidos por 240 agricultores familiares. Um caminhão-tanque de propriedade da cooperativa percorre diariamente 32 comunidades, onde recolhe o leite que é comercializado para a indústria. A cooperativa produz e comercializa frutas principalmente banana, mamão e maracujá - com o suporte da equipe técnica do Projeto Fruticultura, patrocinado pela Petrobras. Esta produção é destinada principalmente à Ceasa de Goiânia e o excedente é comercializado para os programas Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e de Aquisição de Alimentos (PAA). A cooperativa possui também uma agroindústria onde beneficia as frutas cultivadas pelos associados, em volume que chega a 12 toneladas de polpa por mês. “Nossas polpas de frutas têm a marca Praficar, com registro no Ministério da Agricultura, o que nos permite vender para todo o Brasil. Recentemente, recebemos também do Ministério do Desenvolvimento Agrário,
autorização para utilizarmos o Selo da Agricultura Familiar em nossos produtos”, informa o presidente Mauro Pereira dos Santos. A comercialização de produtos pela Cooperafi em 2011 registrou faturamento bruto de R$ 4,1 milhões. Junto com a produção e comercialização dos produtos, a cooperativa oferece aos associados um variado leque de serviços, informa Mauro Santos. O dirigente cita a assistência técnica própria, com a elaboração de projetos para os agricultores e presença in loco nas propriedades e o Projeto Mulheres Rurais de Xixá, que prevê a capacitação das agricultoras na produção de artesanato e de alimentos a serem vendidos no mercado. E ainda, o Projeto Mutirão Praficar, por meio do qual associados se juntam para realizar melhorias e benfeitorias na propriedade de um cooperado que é sorteado mensalmente. Com o patrocínio da Petrobras e em parceria com 14 associações de produtores rurais e com a Central de Associações, a Cooperafi realiza também o projeto Renascer Ambiental, para a recuperação de nascentes, córregos, matas ciliares e áreas degradadas de 160 propriedades rurais no município de Itapuranga.
A Cooperafi produz 12 toneladas de polpas de fruta por mês
Hortaliças de qualidade produzidas pelos agricultores associados da Cooperafi
Trabalho
Gestão integral da propriedade
A
ssistência técnica para a gestão integral da propriedade rural. Este tem sido o trabalho da Cooperativa de Consultoria, Projetos e Serviços em Desenvolvimento Sustentável (Cedro), que atua junto aos agricultores familiares, assentados de reforma agrária, quilombolas e pescadores do Rio de Janeiro. A cooperativa trabalha com foco na agroecologia, com produção livre de agrotóxicos e de adubos químicos. “Com o produtor que ainda não aderiu à agroecologia realizamos um trabalho de transição para que venha a optar por este modelo de produção”, informa a presidente da Cedro, Generosa de Oliveira Silva. A Cedro tem sede no Rio de Janeiro e oito escritórios em municípios do Estado. O trabalho da cooperativa consiste na elaboração de projetos técnicos não só para a lavoura, mas para
todo o empreendimento do agricultor, incluindo a organização e gestão financeira da propriedade. Para isso, os profissionais da Cedro realizam visitas in loco e acompanham de perto o desenvolvimento de cada projeto. “Realizamos um trabalho que vai além da assistência para o acompanhamento técnico. Não oferecemos um pacote, mas um conjunto de ações que respeita a vivência, a realidade e as especificidades de cada agricultor”, argumenta. A cooperativa promove também cursos e palestras sobre capacitação, incluindo temas como a própria dinâmica do cooperativismo. Para realizar este trabalho a Cedro conta com 92 profissionais associados, entre engenheiros agrônomos, florestais e ambientais, zootecnistas, médicos veterinários, técnicos agrícolas e em cooperativa, advogados,
sociólogos, economistas domésticos e assistentes sociais. Já são cerca de três mil famílias atendidas, entre assentados do Incra, agricultores familiares, pescadores artesanais e agricultores familiares que fornecem para o PNAE e para o PAA. “O mais importante no nosso trabalho é a relação de confiança construída entre os profissionais da cooperativa e os agricultores familiares, com soluções planejadas de forma conjunta”, diz. A Cedro faz parte da Central das Cooperativas de Acompanhamento Técnico e Extensão Rural (Cenater), que representa o ramo Acompanhamento e Extensão Rural (Ater), junto ao quadro social da Unicafes. O acompanhamento técnico é uma ação fundamental para a diversificação produtiva e sustentabilidade econômica e social das unidades de produção da agricultura familiar.
A Cedro realiza acompanhamento técnico integral junto aos agricultores familiares, com projetos que vão da lavoura à organização e gestão financeira da propriedade
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Habitação
Um lugar para morar
A
Cooperativa de Habitação Rural da Bahia (Coopehabitar) ainda não completou dois anos de funcionamento, o que acontecerá em janeiro de 2013, mas já vem demonstrando na prática sua importância para viabilizar moradias para agricultores familiares. A cooperativa possui 200 associados, com previsão de chegar à casa dos 500 ainda em agosto deste ano, tendo em vista o volume de novas moradias para construção que está em análise para contratação junto à Caixa Econômica Federal (CEF), informa seu presidente, Rosival Leite . O dirigente informa que a Coopehabitar já entregou, neste ano, 134 moradias construídas por meio do Programa Nacional de Habitação Rural (PNHR), da Caixa Econômica. “Estas moradias têm um subsídio de 96% do seu valor total custeado pelo Programa. Como estas casas tiveram um custo de cerca de R$ 15 mil, o agricultor familiar pagará somente 4% do valor total, o que corresponde, hoje, a R$ 600,00”, informa. Estas unidades habitacionais têm 52 m² e cinco cômodos. Paralelamente, está em andamento a construção de 130 moradias em áreas de assentamento da reforma agrária, contratadas por meio do Incra, informa Leite. O presidente da Coopehabitar informa também que está em análise a construção de 1200 novas unidades habitacionais em diferentes municípios baianos. Cada uma destas novas moradias tem o custo de R$ 25 mil e o agricultor familiar também pagará 4% do valor total. “A realização do sonho da casa própria resulta da união de uma série de parceiros locais, além do suporte concedido a nós pela Unicafes”, diz. Para o dirigente, o trabalho das cooperativas do ramo habitação é importante porque desburocratiza o processo junto aos órgãos financiadores. “A cooperativa se responsabiliza pela elaboração técnica dos projetos, pela captação dos recursos e pela construção. Temos também a expertise de entender o agricultor e sua realidade, principalmente porque o cooperativismo atua em várias áreas junto aos produtores familiares”, diz.
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Moradias construídas por meio do Programa Nacional de Habitação Rural (PNHR), junto à Caixa Econômica Federal, nos municípios baianos de Presidente Tancredo Neves e Araci
Conhecimento para crescer O desafio que se impõe para as cooperativas de agricultura familiar não é diferente daquele que se apresenta também para os diversos segmentos produtivos da sociedade. É preciso ampliar e reciclar os conhecimentos, capacitando dirigentes, funcionários e o quadro social das cooperativas, de forma a atuarem com autonomia e participação efetiva no mercado. “As pessoas na agricultura familiar estão se qualificando por meio da prática cotidiana nas cooperativas e, também, por meio de cursos. Para isso, temos parcerias com diversas entidades do setor e, também, dos governos federal e estadual” informa o presidente da Unicafes, Luiz Possamai. O ramo do crédito conta desde 2006 com o Instituto de Formação do Cooperativismo Solidário (Infocos), criado pela Cooperativa Central de Crédito Rural com Interação Solidária - Central Cresol Baser. Da sua criação, até hoje, cerca de 5 mil pessoas já participaram de diversos cursos promovidos pelo Instituto, informa seu diretor-financeiro, Alzimiro Thomé. O Infocos realiza cursos para dirigentes, conselheiros fiscais e de administração, colaboradores e formação de líderes, entre outros. Em pauta, temas como gestão financeira, política e cooperativismo solidário. Os cursos do Infocos
O Infocos realiza cursos diversos para dirigentes, conselheiros e colaboradores das cooperativas de crédito
estão em sintonia também com as novidades do mercado e as normas do Banco Central, instituição que regulamenta o cooperativismo de crédito, ressalta Thomé. “A liberação dos produtos do crédito solidário, que são captados junto ao BNDES, devem estar em acordo com a realidade e a identidade de cada tomador”, diz. Para os colaboradores que estão na linha de frente da cooperativa, como caixas e analistas de negócios, os cursos focam no atendimento. “Oferecemos os mesmos serviços financeiros que as demais instituições financeiras. Nosso diferencial está em que oferecemos serviços e produtos do crédito solidário, orientados para a qualidade, produ-
tividade e sustentabilidade da agricultura, de forma que os resultados possam reverter na melhoria da qualidade de vida dos agricultores familiares”, diz. O Instituto vem investindo também na formação de dirigentes e colaboradores com terceiro grau. Para isso, realiza convênios com universidades, possibilitando a qualificação profissional nas áreas específicas de atuação, com cursos de pós-graduação em cooperativismo solidário. Vários programas são desenvolvidos pelo Instituto. Entre eles, o programa “Um olhar para o futuro”, que promove a interação entre escolas e cooperativas, com subsídios diversificados para a formação de crianças.
Os cursos abrangem temas como gestão financeira, política e cooperativismo solidário
Juventude no campo Muitos jovens têm abandonado o campo em busca de oportunidades de uma vida melhor nas cidades. Esse êxodo poderá repercutir, no futuro, na falta de pessoas para dar continuidade às lavouras da agricultura familiar. Ao mesmo tempo, essa saída dos jovens das comunidades de origem se configura, muitas vezes, como uma “ilusão”, na medida em que, em muitos casos, não se obtém o êxito desejado na realidade urbana. É preciso ampliar a consciência de que o campo é um espaço que pode proporcionar as condições para o desenvolvimento e realização pessoal.
Esse cenário precisa ser debatido com os próprios jovens, no sentido de se buscar soluções e alternativas para que permaneçam no campo. Para isso, a Unicafes criou, no final de junho deste ano, a Secretaria Nacional da Juventude. “Essa secretaria funcionará na prática como um canal para a expressão da juventude, colocando em discussão a abordagem de como o cooperativismo pode contribuir para a permanência dos mais jovens no campo. E não falo aqui somente dos aspectos financeiros. Essas discussões vão abranger as questões culturais, de lazer e entretenimento nas próprias comunidades”, explica o
secretário da nova entidade, Jacionor Ângelo Pertille. O primeiro passo nesse trabalho, explica, será a implantação de mecanismos de participação da juventude nas cooperativas e organizações da agricultura familiar, por meio de ações da nova secretaria. Para Alcidir Mazutti, “a juventude representa as sementes que vão gerar frutos para o fortalecimento da humanidade. Defender esse segmento da sociedade e trabalhar pela sua inclusão nos processos de governança social são desafios mas, também, uma oportunidade magnífica para a sociedade brasileira”, pondera.
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Crédito POR Ramon paiva FOTOS Divulgação
Cooperativas de crédito lançam cartões de crédito próprio para fidelizar associados A
s cooperativas de crédito, no Brasil, cada vez mais se estruturam para trabalhar de forma autônoma, qualificada e profissionalizada. Entre as medidas para atingir essas metas está a melhoria dos serviços prestados, dentre eles, a oferta de cartões com crédito próprio, ou seja, com bandeira própria. Atentas à movimentação das cooperativas, empresas buscam trabalhar em parceria e disponibilizar tecnologias que viabilizem e facilitem a oferta de serviços pelas cooperativas de crédito. “A criação de cartões com bandeira própria já é uma prática que ganha força no mercado cooperativista”, diz Daniel Chaves Rezek Ferreira, diretor-presidente da Fácil Informática. Sendo uma empresa de tecnologia especializada em soluções para instituições que atuam no mercado de crédito, a Fácil Informática trabalha desde 2008 no desenvolvimento de um sistema integrado para dar robustez à gestão e processa-
mento do cartão de administradoras que utilizam rede e bandeira própria. Utilizando esta solução, a Cooperativa de Economia e Credito Mútuo dos Funcionários da Associação Congregação de Santa Catarina (Coopercredi ACSC) criou para os seus cooperados em 2011 o Coopercredi ACSC Card. Desde o início, este novo produto foi bem recebido pelos associados. “Os associados gostaram, pois era um benefício novo e não está vinculado à folha. Nossos produtos, antes do cartão, eram sempre descontados em folha”, relata Alberto Luis Alves, contador da cooperativa. O Coopercredi ACSC Card oferece inúmeras vantagens, pois é ofertado sem consulta ao SPC ou ao Serasa; possui limite maior do que em folha; maior prazo de pagamento, juro mais baixo – sendo o rotativo de 3%; não incidem juros nas compras parceladas pelos lojistas; e oferece melhores descontos ao associado. O lançamento do cartão
possibilitou à Coopercredi ACSC oferecer novos serviços. “Firmamos convênios com farmácias e restaurantes, entre outros”, revela Alves. A meta, agora, é estender o serviço aos cooperados de outros estados. O sistema desenvolvido pela Fácil Informática permite que a cooperativa preste um amplo serviço, de forma profissional e confiável. Emissão de cartões, captura e processamento de transações, compensação e liquidação, além de convênios, tudo isso pode ser efetuado diretamente pela cooperativa. Em relação aos produtos, o referido sistema pode, ainda, operar cartão de crédito disponibilizando serviços como saque e crédito rotativo, cartão convênio, cartão benefício, cartões pré-pagos, cartão combustível e private-label. O sistema utiliza tecnologias modernas e usa o máximo possível dos recursos da web para reduzir custos e ser eficiente no atendimento aos portadores do cartão.
Para operar cartão de crédito com bandeira própria as cooperativas devem:
(Entrar em contato com a desenvolsistema). projeto: criação da bandeira, material dade e arte do cartão, estabelecer e realizar credenciamentos. r um projeto piloto para teste e ajustes estrutura prevista. o cartão com ações de publicidade e s. ar o consumo, acompanhando a acei-
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tação do projeto e do cartão e mantendo as campanhas de marketing.
Gestão Cooperativa Crédito julho/agosto 2012
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Cooperativismo POR Maiana Neves FOTOS aRQUIVO PESSOAL
Cooperativismo
é o caminho para a sustentabilidade
Pesquisador publica livro sobre a cooperação como meio de transformação da sociedade
P
artindo do princípio de que o cooperativismo é o melhor caminho para reunir meio ambiente, crescimento econômico e inclusão social, o pesquisador da Fundação Casa de Rui Barbosa, Júlio Aurélio Vianna Lopes, lançou o livro “Cooperativismo Contemporâneo: Caminho para Sustentabilidade”. O livro, que teve apoio da Organização das Nações Unidas (ONU), foi lançado no dia 30 de maio e a obra em inglês foi distribuída gratuitamente pelo Serviço de Aprendizagem do Cooperativismo do Rio de Janeiro (Sescoop/RJ) na Rio+20, Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, realizada entre os dias 13 e 22 de junho, na capital carioca. O
trabalho tem como objetivo divulgar e fortalecer o cooperativismo no país e no mundo. Segundo o pesquisador, para se alcançar o desenvolvimento sustentável é necessário promover a cooperação. “O meu trabalho tinha foco científico, mas me tornei cooperativista durante a pesquisa. Fui dirigente ecológico, pesquisador na área ambiental e cheguei ao cooperativismo pela sustentabilidade. Insatisfeito com as questões técnicas, me questionava sobre a forma de se chegar ao desenvolvimento sustentável sem uma mudança do modo de vida. O problema atual é o excesso da competição no cenário mundial. Não é que somos contra a competição, mas sim contra o excesso. Não adianta apenas controlar a competição, mas é necessário promover a cooperação de interesses. Dessa forma, cheguei ao cooperativismo, pois é um movimento que propõe que o mercado seja cooperativo e não apenas competitivo”, explica o pesquisador. O primeiro bloco do livro traz pesquisas teóricas baseadas no livro
de Robert Owen (1771 – 1858), considerado o pai do cooperativismo. Robert Owen e seus seguidores elaboraram uma ideologia que apontava, na cooperação, uma força de transformação social. Para Owen, a racionalidade da cooperação era a fórmula mais conveniente para a sociedade, uma vez que cooperar acarreta menos custos que competir. O livro traz ainda um estudo dos sete princípios cooperativistas. Na obra, o pesquisador Júlio Aurélio elabora o índice de cooperatividade, trazendo um panorama sobre o cooperativismo em 94 países. Esses países foram escolhidos por terem se filiado a movimentos cooperativistas mundiais. “Primeiramente, questionei: o que acontece onde a cooperação de interesses é dominante, onde as cooperativas dominam a economia? Verifiquei que em apenas 13 países o cooperativismo é dominante. No ranking dos países, a Finlândia lidera, seguida de Holanda, Noruega, Suíça, Dinamarca, Suécia, Singapura, Japão, Canadá, Coreia do Sul, Áustria, Nova Zelândia e Austrália. Nesses países, é possível verificar os melhores índices sociais, menor desigualdade, maior preservação ambiental, ou seja, num conjunto, eles são os melhores países. Neles, há cooperativas até para produção de energia, sobretudo as renováveis”, salienta. O pesquisador mostrou que os bons resultados nos 13 países se dão a partir de políticas de governo e uma bem estruturada lei geral, que traz os princípios do movimento cooperativista. Segundo Júlio Aurélio, os governos dão apoio e subsídios na formação de cooperativas e também no funcionamento delas. Outro fato observado é que esses países têm situações adversas, como invernos rigorosos e, talvez, esses fatores levam
Júlio Aurélio Vianna Lopes, pesquisador da Fundação Casa de Rui Barbosa
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Gestão Cooperativa Cooperativismo julho/agosto 2012
as comunidades a serem mais unidas e priorizarem ações cooperativistas. O livro faz parte das ações do Ano Internacional das Cooperativas, instituído pela ONU, e tem como objetivo relançar o movimento cooperativista, levando a nação em geral a fazer uma reflexão do cooperativismo, uma vez que ele pode se ampliar muito mais no Brasil e no mundo. O trabalho do Júlio Aurélio traz ainda dois dados importantes: em 70% dos países que participaram da pesquisa, as cooperativas já são vitais para a produção de alimentos. Além disso, em 35% desses países a produção de energia já é dependente das cooperativas. Para o pesquisador, o Brasil está na contramão dos 13 países que lideram o ranking onde o cooperativismo deu certo. Comparado aos países industrializados da América Latina, o Brasil foi o que apresentou os piores resultados. Além disso, dentro de uma lista de países emergentes, o Brasil ficou em último lugar. “Infelizmente, o Brasil se situou como o de menor cooperatividade (menos de 5% da população), superado pela Argentina. A razão se deve à falta de políticas públicas de desenvolvimento sustentável”, ressalta o pesquisador. Segundo a pesquisa, o Brasil é o único país entre as 20 maiores economias mundiais que não substituiu a lei de cooperativas. A lei brasileira, criada em 1971, tem caráter essencialmente burocráti-
co. “Para virar este jogo, são necessárias uma boa lei geral e focalização de verbas públicas na formação das cooperativas”, analisa o pesquisador. Apesar do atual cenário, Júlio Aurélio ainda acredita nas coope- “A receita para o Brasil e para o mundo é ter uma rativas brasileiras, uma vez que elas dobraram a lei geral das cooperativas bem estruturada. Isso partir do ano de 2000, sendo a maioria nos ramos porque o cooperativismo irá superar o capitalismo. de consumo e de crédito. A maior concentração Este processo será inevitável, pois só as práticas das cooperativas está nas regiões Sul e Sudeste, cooperativistas trazem a sustentabilidade”, finaliza mas a tendência é aumentar cada vez mais. As Júlio Aurélio Vianna Lopes. O livro “Cooperativismo cooperativas de reciclagem, por exemplo, existem Contemporâneo: Caminho para Sustentabilidade” em praticamente todo o território nacional e as pode ser adquirido gratuitamente pelo telefone do cooperativas sociais podem ser a solução para Sescoop/RJ: (21) 2232-0133. indivíduos em desvantagem social. O pesquisador vê a necessidade de mudanças no COOPERATIVISMO E MARCOS LEGAIS Brasil, pois o governo, ao (MAIORES PIBs MUNDIAIS) invés de incentivar a formação COOPERADOS 1ºLEI ATUAL de cooperativas, acaba buro-
A receita para o Brasil e para o mundo é ter uma lei geral das cooperativas bem estruturada. Isso porque o cooperativismo irá superar o capitalismo. Este processo será inevitável, pois só as práticas cooperativistas trazem a sustentabilidade”
cratizando a formação delas.
EUA
25%
1978 2008
China
14%
1979 2007
Japão
46%
1900 1950
PAÍSES DE ALTA COOPERATIVIDADE (COOPERADOS E NEGÓCIOS)
Alemanha
25%
1889 2003
França
38%
1901 2002
População Mercados
Itália
1-Finlândia
65%
Grã-Bretanha 23%
1852 2010
2-Holanda
60% 65%
Brasil
5%
1971 1971
3-Austrália
58% 60%
Índia
26%
1904 2002
4-Suíça
52% 57%
Rússia
40%
1988 2006
5-Singapura
50% 54%
Indonésia
38%
1958 1999
6- Noruega
47%
52%
Coreia do Sul
43%
1980
7- Japão
46%
48%
Turquia
12%
1969 2001
8-Áustria
46% 48%
Canadá
40%
1970 1998
9-Suécia
43% 45%
África do Sul
10%
2004
10-Coreia do Sul
43%
México
10%
1938 1990
11-Dinamarca
40% 50%
Arábia Saudita
1%
1961
12-Canadá
40% 42%
Argentina
23,5%
1973 1986
13-Nova Zelândia
40%
Austrália
59%
1910 1982
75%
45%
40%
Fonte: Livro “Cooperativismo Contemporâneo: Caminho para Sustentabilidade”, pg 83 e 85 a 88
37%
1882
2003
2006
2005
1961
Fonte: Livro “Cooperativismo Contemporâneo: Caminho para Sustentabilidade”, pg 101 a 107
Gestão Cooperativa Cooperativismo julho/agosto 2012
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Especial POR redação FOTOS tiago Oliveira
Superando expectativas, Agrobrasília mostra o potencial agrícola do DF para o mundo
Agrobrasília 2012, realizada entre os dias 15 e 19 de maio, movimentou R$ 400 milhões em negócios
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om foco na sustentabilidade da produção agropecuária e na importância do cooperativismo, a Agrobrasília 2012, realizada entre os dias 15 e 19 de maio, no Parque Tecnológico Ivaldo Cenci, instalado no Programa de Assentamento Dirigido do Distrito Federal (PAD-DF), alcançou recordes quanto ao volume de negócios e de visitantes. Isso porque foram fechados, nesta quinta edição, R$ 400 milhões em negócios, volume 88% superior ao de 2011. O evento recebeu 77 mil pessoas durante os cinco dias da feira e o total de expositores chegou a 370. Além dos números impressionantes, a feira demonstrou o amplo potencial e a credibilidade que tem com a presença maciça de instituições governamentais, organizações sociais, cooperativas, autoridades e representantes do setor agrícola. O presidente da Cooperativa Agropecuária da
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Região do Distrito Federal (Coopa-DF), Leomar Cenci, comemorou o sucesso da feira. “Os expositores vieram mais motivados, com estandes mais robustos, com mais novidades pra mostrar. Os bancos atingiram suas expectativas já no segundo ou terceiro dia da feira. Além do volume de negócios, a parte política foi um item importante. Essa era a credibilidade de que precisávamos”, destacou o presidente da Coopa-DF. Para o coordenador-geral da Agrobrasília, Ronaldo Triacca, a feira não cresceu apenas em negócios, mas também em diversidades tecnológicas. “É muito importante ressaltar que, apesar de todo esse volume de negócios, a feira cresceu muito também em diversidade de tecnologias. Destaco algumas como as 13 rotas tecnológicas implantadas pela Emater-DF no Espaço de Va-
lorização da Agricultura Familiar (EVAF), a área demonstrativa do sistema de produção integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF) e a presença do Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR), com diversas tecnologias de máquinas de Plantio Direto para a agricultura familiar”, ressaltou. Várias comitivas estrangeiras visitaram a Agrobrasília 2012, como representantes da Embaixada da China no Brasil, além de 20 embaixadas africanas que visitaram a feira para conhecer o êxito da experiência agropecuária no cerrado brasileiro. Além disso, a presença de cooperativas do Paraguai, Uruguai e Argentina para encontros de integração produtiva com entidades brasileiras demonstrou a força internacional da feira e a capacidade de exportação do sucesso agrícola do Brasil. “Crescemos em diversidade de tecnologias, crescemos
politicamente e também socialmente. Chegamos a um nível em que podemos receber muito mais estrangeiros. Vamos buscar apoio para que isso aconteça”, acrescentou Ronaldo Triacca. O governador Agnelo Queiroz, que participou da abertura da feira, ressaltou a importância da Agrobrasília na viabilização do conhecimento das novas
tecnologias agrícolas e do acesso ao crédito rural. Para ele, a feira cumpre papel fundamental para o desenvolvimento da atividade agropecuária do DF e Entorno de forma sustentável, pois possibilita aos produtores aplicarem nas propriedades as novidades apresentadas durante os cinco dias do evento. “A Agrobrasília é um coroamento do nosso desenvolvi-
O evento recebeu a visita de várias comitivas estrangeiras
mento rural. É o momento de apresentar um outro lado do Distrito Federal pouco conhecido no Brasil. É muito conhecido por ser a capital administrativa, mas é mais do que isso. É centro produtor, com alta produtividade, com alta tecnologia, e que tem na sua área rural o sustentáculo da qualidade de vida para as cidades”, destacou.
A feira reuniu 77 mil pessoas no Parque Ivaldo Cenci
Espaço de Valorização da Agricultura Familiar Mais de 15 mil pessoas passaram pelo Espaço de Valorização da Agricultura Familiar (EVAF) durante os cinco dias da Agrobrasília 2012. Foram registrados na recepção do EVAF mais de 5,8 mil agricultores familiares de vários estados, como Goiás, Minas Gerais, Alagoas, Bahia, Maranhão, Pará, Paraíba, Piauí, Sergipe e Tocantins, além do Distrito Federal. Os agricultores familiares puderam conhecer diversas tecnologias de baixo custo apresentadas em cada uma das 13 rotas do EVAF. As rotas das Hortaliças, Flores, Leite e Agroecologia, onde foi lançado o Projeto SABIA - Sistemas Agroflorestais Biodiversos para Inclusão de Agricultores - ficaram entre as mais visitadas. Essas duas buscaram demonstrar tecnologias aplicáveis desde o momento da produção a campo, passando pelas Boas Práticas Agrícolas na colheita e pós-colheita, com
a participação da Embrapa, até o processamento dos produtos e chegando ao consumidor final em feiras e mercados. Todas as rotas buscaram o foco na geração de renda ao agricultor familiar e mostrar o processo de produção de forma abrangente. Na rota do Peixe, por exemplo, um caminhão refrigerado do Mercado do Peixe possuía espaço para comercialização dos pescados. No total, considerando que o mesmo produtor foi atendido em diferentes rotas, o EVAF registrou cerca de 80 mil atendimentos a agricultores familiares, o que demonstra o alcance do espaço em difusão de tecnologias. O produtor Antônio de Pádua da Silva Cortes, do núcleo rural Taquara (região administrativa de Planaltina-DF), gostou da Agrobrasília pela diversidade de temas. “Tivemos a oportunidade de
Mais de 15 mil pessoas passaram pelo EVAF
ver e aprender sobre vários tipos de produção: grãos, hortaliças e piscicultura, além das novidades em máquinas e implementos”, afirmou. Segundo Cortes, que planta tomate, pimentão, pepino e abóbora-menina, há a possibilidade de criar peixes em sua propriedade, como complemento de renda. “Conversei com a instrutora da Emater-DF sobre o assunto e estou pensando em usar um dos meus três reservatórios de irrigação para começar a atividade. Se der dinheiro, vou adotar”, planeja.
Instituições bancárias alavancam negócios na Agrobrasília Estandes vigorosos, crédito abundante e movimento intenso de clientes. A combinação desses fatores demonstra o grande investimento e a confiança das instituições financeiras na Agrobrasília 2012 e o retorno satisfatório que todas tiveram no evento. Os resultados superaram todas as expectativas dos diretores bancários. Juntos, Banco do
Brasil (com R$ 240,9 milhões), BRB (com R$ 110 milhões), Sicoob (com R$ 24 milhões) e Sicredi (com R$ 8 milhões) movimentaram quase R$ 400 milhões na feira. O bom momento da agricultura no Planalto Central contribuiu para o salto no número de financiamentos. Junto aos resultados da safra e a
excelente organização da feira, os juros menores e a ajuda do Governo Federal (como a prorrogação das condições especiais das linhas do BNDES PSI) garantiram as negociações extraordinárias alcançadas pelos bancos que avalizaram contratos para custeio, investimento e também compras para a agricultura familiar.
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POR Maiana Neves FOTOS Ramon Paiva e Tiago Oliveira
Cooperativas estreitam relações na Agrobrasília 2012 C
erca de 50 cooperativas brasileiras participaram da Agrobrasília 2012. O evento contou ainda com a presença de cooperativas do Paraguai, Uruguai e Argentina que, juntamente com as brasileiras, estavam distribuídas entre os pavilhões do Cooperativismo e do Projeto Rota da Cooperação (Rotacoop). A agenda cooperativista da feira foi marcada por diversas ações de intercooperação e debates, a fim de celebrar o Ano Internacional das Cooperativas. Durante a Agrobrasília, foi realizado o Fórum de Intercooperação de Negócios das Cooperativas do Mercosul, onde as cooperativas de todas as regiões do país e as estrangeiras mostraram seus trabalhos e experiências. O fórum foi realizado no Pavilhão do Cooperativismo, espaço coordenado pelo Departamento de Cooperativismo e Associativismo Rural(Denacoop) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O pavilhão contou com a participação de 32 cooperativas, sendo seis de países sul-americanos: Argentina (2), Uruguai (2) e Paraguai (2). Além disso, representantes de cooperativas, governos e de entidades de representação privada do cooperativismo do Mercado Comum do Sul (Mercosul) participaram da Reunião Especializada de Cooperativas do Mercosul (RECM), durante a Agrobrasília. O encontro versou sobre integração produtiva e intercooperação. Durante a reunião, os participantes conheceram parcerias de êxito, como a cadeia de garrafas pet, com a participação de cooperativas do Brasil e do Uruguai. “Queremos motivar a replicação de casos como esse. As garrafas são recicladas e
Pavilhão do Cooperativismo reuniu cooperativas brasileiras e estrangeiras
transformadas em polietileno e, posteriormente, em tecido”, explicou Evandro Scheidt Ninaut, coordenador executivo da Oficina de Negócios do Mercosul. Outro evento realizado na Agrobrasília foi o Encontro das Cooperativas do Mercosul que reuniu representantes do cooperativismo do Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. O encontro teve como objetivo ampliar as discussões sobre o crescimento do cooperativismo nos países e fazer um intercâmbio de experiências. Participaram do encontro os representantes cooperativistas: Roberto Marazi (Brasil), Santiago Lazzarini (Argentina), Eduardo Velenzuela (Paraguai) e Gastón Rico (Uruguai). Segundo Roberto Marazi, presidente do Sistema OCDF-Sescoop/DF, a Agrobrasília vem destacar a importância das cooperativas brasileiras. “Já existe uma ação do Ministério da
Agricultura e da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) para que haja essa troca de experiência. As reuniões das cooperativas do Mercosul vêm acontecendo e há uma sinergia como política de governo para esta intercooperação entre as cooperativas do Mercosul. Este encontro é uma oportunidade de conhecer a realidade deles e podermos mostrar o que produzimos aqui no Brasil”, destacou Marazi. Para Eduardo Velenzuela, representante do Paraguai, o país está muito inserido no cooperativismo. “Temos no país 650 cooperativas e os cooperados estão na prática dos princípios cooperativistas. Este encontro é muito positivo, pois prova que estamos dando passos reais para a prática do cooperativismo”, afirmou Velenzuela. Ao final do encontro, foi realizado um debate onde foram feitas propostas para o fortalecimento das cooperativas do Mercosul.
Projeto Rota da Cooperação O Projeto Rota da Cooperação (Rotacoop) tem como objetivo criar uma central nacional de cooperativas e profissionalizar a gestão das entidades para atender aos beneficiários do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), Brasil sem Miséria e integrar a produção brasileira. Na Agrobrasília, o pavilhão Rotacoop recebeu as 15 cooperativas integrantes do projeto que debateram, com os ministérios da Integração Nacional, Desenvolvimento Agrário e Agricultura,
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ações para fortalecer o cooperativismo por meio de acordos de cooperação, e apresentaram o Rotacoop às outras cooperativas e ao país. “A Agrobrasília é o melhor espaço das feiras nacionais para mostrar o que você é e prospectar o que você quer comercializar”, avaliou Luciano Monteiro, presidente da Cooperativa Agropecuária Regional de Palmeira dos Índios (Carpil). O Espaço da Agricultura Familiar (EVAF) teve doze rotas produtivas, todas ligadas ao cooperativismo.
O pavilhão Rotacoop recebeu as 15 cooperativas integrantes do projeto
Agrobrasília reuniu cooperativas de todo país Agrofrut: uma história de sucesso A Cooperativa Agrofrutífera dos Produtores de Urucará (Agrofrut), formada há 12 anos, participou da Agrobrasília 2012 e contou com um estande no Pavilhão do Cooperativismo. A Agrofrut atende, atualmente, o mercado local, estadual e da Europa (Itália e França). “Nosso produto de escala comercial é o guaraná em pó e em grão. Aqui na Agrobrasília, procuramos mostrar o trabalho da cooperativa, já que no Norte do país o cooperativismo ainda não é tão forte, mas compreendemos que a nossa cooperativa já se consolidou. Começamos com 29 cooperados, hoje somos 50”, afirmou o presidente da cooperativa, Antônio Carlos. Segundo o presidente da Agrofrut, o mercado maior é o local, pois na região existem duas fábricas de refrigerante que detêm 85% da produção da cooperativa. “Também expor-
Estande da Agrofrut da Amazônia na Agrobrasília
tamos nosso produto. A exportação começou a crescer depois que conseguimos a certificação. Exportamos guaraná para a Europa”, explicou Antônio Carlos, ressaltando que a Agrofrut abriu as portas para a criação de cooperativas de ou-
tros ramos e vem contribuindo para a melhoria de vida da comunidade. “Conseguimos resgatar o preço do guaraná, um preço mais justo e agora as pessoas têm uma melhor condição de vida a partir do trabalho da cooperativa”, finalizou.
Cooarpam apresenta o artesanato do Pará A Cooperativa de Artesãos do Pará Amazônia (Cooarpam) participou pela primeira vez da Agrobrasília. A cooperativa, que possui 24 artesãos de várias regiões do estado, comercializa o trabalho dos cooperados, dentre bolsas, brincos, balaios, enfeites, entre outros. “A nossa participação na Agrobrasília foi muito importante, pois mostramos o nosso trabalho para as pessoas de várias partes do país. O convite foi feito pela Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) para representarmos o estado do Pará”, afirmou Galileu Alves, diretor administrativo da Cooarpam, ressaltando que a cooperativa realiza exposição mensal em um shopping de Belém para divulgar o trabalho dos cooperados.
Artesanato do Pará é apresentado durante a feira
Carpil representa Alagoas na Agrobrasília A Cooperativa Agropecuária Regional de Palmeira dos Índios (Carpil), formada há 33 anos, conta com mais de 1.600 cooperados que atendem a 46 cidades de Alagoas e produzem hortaliças, frutas, mel, castanha de caju, derivados do leite, codorna e algumas especiarias, como a carne de sol, o sarapatel e a buchada, feitas com galinha caipira. A
Carpil participou pela primeira vez da Agrobrasília. “Há 15 anos, participamos de eventos no Paraná, mas aqui no Distrito Federal é a primeira vez. Ficamos muito satisfeitos com a aceitação dos nossos produtos na feira. Nos próximos anos, estaremos aqui novamente”, afirmou Flávia Ferreira, cooperada da Carpil.
Estande diversificado da Carpil - Alagoas
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Eventos POR REDAÇÃO FOTO dIVULGAÇÃO
O melhor acontecimento de 2012 está perto de começar
9º CONCRED - Edição especial do Ano Internacional das Cooperativas
A
s atividades cooperativistas estão aquecidas em âmbito global e a cada dia é nítida a certeza que as cooperativas de crédito contribuem, em larga escala, para construir um mundo melhor. Essa realidade vem sendo reforçada ao longo das 8 edições do CONCRED – Congresso Brasileiro do Cooperativismo de Crédito, o qual sempre levanta temas discursivos que remetem ao constante e árduo progresso das organizações cooperativas de crédito. A última edição tratou da sustentabilidade nos negócios do cooperativismo de crédito. Debates foram desenvolvidos, problemas identificados, soluções acertadas e já praticadas. Agora nesta 9ª edição do evento, novos assuntos serão abordados, mas também temas já conhecidos e que necessitam ser mais explorados com discussões bem produtivas. Na programação do CONCRED deste ano, estão confirmados renomados palestrantes, dentre líderes do cooperativismo de crédito mundial, tais como Charles Gould, diretor geral da Aliança Cooperativa Internacional – ACI, que falará sobre “O Ano Internacional do Cooperativismo - Como as Cooperativas de Crédito Constroem um Mundo Melhor”.
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Gestão Cooperativa Eventos julho/agosto 2012
Também terá a participação do palestrante Ramón Imperial Zúñiga, presidente da Aliança Cooperativa Internacional para as Américas, ACI Américas, e diretor-geral da Caixa Popular Mexicana, ele explicará a forma de atuação desta, que é a segunda maior cooperativa de crédito da América Latina. Além das atrações internacionais, o 9º CONCRED contará com a participação de renomados líderes cooperativistas brasileiros que palestrarão sobre importantes e atuais assuntos, tais como as novas questões da sustentabilidade para os negócios cooperativistas de crédito, tema que daqui pra frente toda cooperativa de crédito precisará estar atenta. Atualmente, segundo a nova resolução do BACEN – Banco Central do Brasil, todas as instituições financeiras, nisso inclui as cooperativas de crédito, têm a obrigação de gerir seus negócios de maneira sustentável, ao passo que pratiquem políticas de responsabilidade socioambiental nas atividades corporativas do dia a dia. Esse tema ainda é muito repercutido, isso porque não é simples realizar e fixar ações sustentáveis dentro da rotina das cooperativas de crédito, nem de qualquer outra organização.
O 9º CONCRED vem em 2012 levantar a bandeira do Ano Internacional das Cooperativas, como sistema socioeconômico construtor de um mundo melhor. Será realizado na Capital Nacional do Cooperativismo. Sua programação está imperdível, com 3 dias (21, 22 e 23 de agosto) de ricos debates, novas barreiras identificadas, e a descoberta de soluções que deverão ser praticadas. Os passaportes para o evento serão mantidos nos valores do 3º lote, em R$ 1.120,00 para as filiadas à Confebras e de R$ 1.400,00 para não filiadas, esse é mais um incentivo para quem ainda não adquiriu o seu lugar no maior evento do cooperativismo de crédito brasileiro. Garantir a participação no 9º CONCRED é mais do que ter acesso a uma preciosa programação de tamanha relevância e pertinência, é vivenciar o clímax das celebrações do Ano Internacional das Cooperativas no Brasil em sintonia com o mundo. Essa é a edição do CONCRED que ficará marcada na vida dos participantes como o melhor acontecimento do ano.
Espaço Ascesa POR Luiz Carlos Cenci FOTO DIVULGAÇÃO
Ascesa realiza arraiá para associados A
Associação dos Colaboradores das Entidades do Sicoob e Afins (Ascesa) realizou, no dia 20 de julho, seu 1º Arraiá. O evento, que teve a presença de cerca de 400 convidados, contou com comidas típicas e com a banda Sideral na animação da festa. “Esse é o primeiro arraiá que nós estamos
realizando. A nossa expectativa é dobrar o número de pessoas no ano que vem”, afirmou o presidente da Ascesa, Neilton dos Santos Barbosa. A Ascesa é uma associação que defende os interesses dos funcionários, sócios e colaboradores das entidades do Sicoob. A Associação mantém
convênios com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), Universidade Católica, Pousada do Rio Quente, TAM, entre outras. “A Associação nasceu com o propósito de trazer benefícios para todos os funcionários das cooperativas do Sicoob e empresas parceiras que prestam serviços“, explicou Barbosa.
Os convidados se divertiram ao som da banda Sideral que animou a festa com muito forró
Gestão Cooperativa Espaço Ascesa julho/agosto 2012
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Meio Ambiente POR Luiz Carlos Cenci Foto Agência Brasil
Cooperativismo teve participação importante na Rio+20 O
Rio de Janeiro, dos dias 13 a 22 de junho, foi palco da Conferência Para o Desenvolvimento Sustentável, Rio+20. O evento, uma iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU), reuniu líderes e representantes de mais de cem países para discutir temas relacionados ao meio ambiente, sustentabilidade e erradicação da pobreza. A Rio+20 marca duas décadas da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio 92). No evento, foram tratados assuntos relacionados ao meio ambiente e desenvolvimento sustentável. Os principais temas discutidos no encontro pelos líderes dos países participantes foram: a Economia Verde no Contexto do Desenvolvimento Sustentável e da Erradicação da Pobreza e a Estrutura Institucional para o Desenvolvimento Sustentável. O Sistema OCB e sua organização estadual no Rio de Janeiro (Sistema OCB/RJ) promoveram, no dia 16, durante a conferência, o Dia do Cooperativismo. O evento, realizado no Espaço AgroBrasil, coordenado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), destacou a importância do cooperativismo como caminho para o desenvolvimento sustentável. “Nada mais justo, afinal, o setor ter como alicerce a viabilidade econômica, com a geração de trabalho, renda e inclusão social. E isso se complementa com o respeito e a defesa ao meio ambiente”, ressaltou o presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas. Também foram debatidos temas como: política de fomento ao cooperativismo, sociedade e agricultura, práticas agrícolas e tecnologias sustentáveis, entre outras. A importância de 2012
Presidente Dilma discursa na Rio+20
ser escolhido o Ano Internacional das Cooperativas também foi tema de debate entre os presentes no evento. “Nosso movimento realmente tem atuado para construir um mundo melhor e isso não ocorre apenas no campo, mas também nas cidades. A declaração feita pela ONU vem confirmar a relevante participação do segmento na geração de trabalho e renda e redução das desigualdades sociais”, afirmou Freitas. O cooperativismo teve papel importante na Rio+20, inclusive, fazendo parte do documento final assinado entre os chefes de estado que
Durante o evento, foi realizado o Dia do Cooperativismo, no espaço AgroBrasil
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Gestão Cooperativa Meio Ambiente julho/agosto 2012
participaram da conferência. O coordenador do Departamento de Cooperativismo e Associativismo Rural (Denacoop), do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa), Cleber Santos, afirmou que o documento final da Rio+20 destaca a necessidade do fomento às cooperativas e o fortalecimento de cadeias produtivas enquanto meio de promoção agrícola sustentável, além do papel das cooperativas na geração de empregos dignos, principalmente para os jovens no contexto do desenvolvimento sustentável. “O cooperativismo entrou no documento final da Rio+20 nos parágrafos 110 e 154. Durante a conferência, foi reconhecido o papel das cooperativas na questão da inclusão social e no desenvolvimento sustentável como um todo”, afirmou Santos. Segundo ele, o Mapa promoveu uma série de painéis onde foram discutidas políticas agrícolas em geral e temas como o cooperativismo e a agricultura de baixo carbono e cooperativismo e sustentabilidade. Esses painéis foram realizados no dia 21 de junho com a presença do ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro, e a participação do embaixador da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), Roberto Rodrigues, além de outras autoridades. “Ficou bem evidente que o cooperativismo tem tudo a ver com sustentabilidade e inclusão social”, explicou Santos.
Ação Governamental POR Luiz Carlos Cenci Foto Luiz Carlos Cenci
Mapa e MDA lançam Plano Safra 2012/2013 O
Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa) e o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) lançaram, respectivamente, nos dias 28 de junho e 4 de julho, o Plano Agrícola e Pecuário 2012/2013. O Plano Safra, como também é conhecido, destina recursos financeiros para o fomento da agricultura e pecuária no Brasil, ajudando a desenvolver e impulsionar o setor. O Mapa vai disponibilizar R$ 115 bilhões de reais para financiamentos de crédito rural, recuperação de áreas degradadas, plantar, colher, armazenar e comercializar a safra, garantir renda e facilitar o acesso do produtor ao seguro rural. O Plano Agrícola e Pecuário também irá oferecer condições especiais para quem investe na produção sustentável. Os principais objetivos do Plano são: garantir a segurança alimentar; regionalizar as políticas de apoio ao produtor com foco nas realidades locais, beneficiando todos os setores; aumentar o volume de crédito ao produtor e reduzir os custos financeiros com taxas de juros atrativas principalmente com o Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp); ampliar a cobertura do seguro rural e do Proagro; apoiar o cooperativismo e incentivar o Programa ABC, agricultura de baixo carbono. Já o Plano Safra da Agricultura Familiar, lançado pelo MDA, vai disponibilizar R$ 22,3 bilhões com o objetivo de aumentar a capacidade de investimento, dar mais proteção e melhoria para a renda, mais sustentabilidade e maior apoio e organização econômica para o setor. Também serão realizadas ações de ampliação dos serviços de assistência técnica e extensão rural, cobertura de renda no seguro e garantia de preços. O ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas, disse, durante o lançamento do Plano Safra, que mais de 80% das propriedades rurais são de agricultores familiares e que eles produzem 70% do que é consumido no Brasil. Ele disse ainda que 8 milhões de agricultores familiares vivem abaixo da linha da pobreza, por isso, a importância dessas medidas por parte do Governo Federal. “Esse é o maior Plano Safra já lançado para o setor”, afirmou o ministro.
Plano Safra é o maior já lançado no Brasil
Cooperativas também serão beneficiadas com o Plano Agrícola e Pecuário O ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro, ressaltou a importância do setor cooperativista no Brasil. As cooperativas também serão beneficiadas com o Plano Agrícola e Pecuário e poderão contar com maior disponibilidade de recursos e limites de financiamentos. Para o segmento, serão reservados cerca de R$ 5 bilhões para investimentos. “Esse foi o Plano Agrícola mais democrático de todos”, afirmou o ministro. O analista de Ramos de Mercado da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Paulo Cesar Dias Junior, disse que, especialmente nesse Plano Agrícola e Pecuário, o Mapa e o MDA tiveram uma atenção especial em relação ao cooperativismo. “O sistema cooperativista foi chamado inúmeras vezes para discutir com o governo as propostas e políticas que seriam de interesse do setor”, afirmou. Uma das questões mais reivindicadas pelo setor é em relação às taxas de juros aos produtores rurais. Segundo Paulo Cesar, as taxas em relação ao último Plano caíram de 6,75% para 5,5% ao ano. “Foi uma redução forte. Nós trabalhamos
muito em relação a essa redução, inclusive participando de audiências públicas”, explicou. O Plano Agrícola e Pecuário trouxe um avanço muito positivo para o sistema cooperativista com o aumento de recursos para o Programa de Capitalização de Cooperativas Agropecuárias (Procap Agro) e o Programa de Desenvolvimento Cooperativo (Prodecoop). O Procap Agro é um programa de saneamento financeiro e os recursos são usados para capital de giro, reestruturação patrimonial, entre outros. Já o Prodecoop é um programa que visa à modernização dos parques industriais das cooperativas. Para as cooperativas de agricultores familiares, também houve um avanço com o aumento de recursos para o Pronaf Agroindústria que tem os recursos destinados para investimentos, inclusive em infraestrutura, que visam ao beneficiamento, processamento e comercialização da produção. “Dentre as maiores conquistas, houve o aumento do limite de crédito do Pronaf Agroindústria para as cooperativas de agricultores familiares de R$ 10 para R$ 30 milhões”, explicou Paulo Cesar.
Gestão Cooperativa Ação Governamental julho/agosto 2012
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Opinião POR Osmar dias
O BB e as cooperativas, um relacionamento duradouro O modelo cooperativista tem sido visto, cada vez mais, como alternativa para o crescimento econômico sustentável e alicerce estrutural para muitos mercados. Também é crescente o reconhecimento de que as cooperativas são tão bem sucedidas como qualquer outro negócio e que contribuem significativamente para o desenvolvimento econômico e social do país. Acreditando na força das cooperativas na economia e na sociedade brasileiras, o Banco do Brasil sempre buscou a parceria com o setor. As cooperativas também possuem significativa importância na economia global. Em economias mais maduras o cooperativismo está consolidado como instrumento impulsionador de setores econômicos estratégicos. Os principais exemplos podem ser encontrados na Europa, especialmente Alemanha, França, Holanda, Espanha e Itália. Em todo o mundo, estima-se que um bilhão de pessoas sejam associadas às cooperativas. Não por acaso a Organização das Nações Unidas (ONU) definiu 2012 como o Ano Internacional das Cooperativas e a comemoração tem o slogan “Cooperativas constroem um mundo melhor.” Dentre os seus objetivos está contribuir para a conscientização sobre o pa-
pel das cooperativas e suas contribuições para o desenvolvimento socioeconômico e para a realização dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. O evento também tem como metas promover a formação e o crescimento das cooperativas e incentivar os governos a estabelecer políticas, leis e regulamentos propícios para a formação, crescimento e estabilidade das Cooperativas. Alinhado a esse movimento, o Banco do Brasil ratifica seu apoio ao cooperativismo brasileiro, consolidando sua tradição de oferecer produtos e serviços financeiros diferenciados e adequados às necessidades do segmento, para que as cooperativas tenham mais competitividade no mercado interno e externo. O conhecimento aprofundado do Banco sobre esses clientes, de suas necessidades específicas e as características que os tornam singulares em comparação com as demais pessoas jurídicas, têm sido fundamentais para o estabelecimento de relacionamento rentável e duradouro. As cooperativas esperam dos bancos uma parceria pautada pela ética, respeito aos princípios cooperativistas, especialização, complementaridade e reciprocidade nas interações negociais. O relacionamento de parceria estabele-
cido com as cooperativas proporciona que o Banco do Brasil desempenhe seu papel histórico de contribuir efetivamente para o desenvolvimento do econômico e social do País. Além disso, amplia as oportunidades de negócios e proporciona elevada sinergia comercial. O volume de recursos movimentados pelo BB com as cooperativas agropecuárias e de crédito rural chegou a R$ 5,5 bilhões em 2011, aumento de 72% em relação ao ano anterior e no 1T 2012 o volume de negócios rurais de acordo com a RI foi de R$ 782 milhões, o que representou 56% de incremento em relação ao mesmo período de 2011. Nesse sentido, o objetivo do BB é expandir e fortalecer o relacionamento com o segmento cooperativista, considerando todos os seus ramos, posicionando-se como “o principal apoiador das cooperativas brasileiras no país e no exterior”.
Osmar Dias Vice-presidente de Agronegócios e Micro e Pequenas Empresas do Banco do Brasil
Acompanhamos a Evolução Cooperativo 28
Gestão Cooperativa Opinião julho/agosto 2012
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LOGGIA
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