Tribuna Rural

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Confira nossos classificados pág. 19

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Distrito Federal e Entorno

Ano V Nº 50

Junho de 2013

Cavalgada em Cabeceira Grande pág. 23 fotos: Thiago Soares

Raio X das

ESCOLAS RURAIS

Pesquisa aponta a qualidade das escolas rurais no Distrito Federal. Pág. 17

Agrobrasília 2013 bate recordes pág. 12 e 13 Processo de regularização de terras rurais no DF pág. 04

Semana do produtor rural

Entrevista: presidente da Emater-DF fala sobre a importância do trabalho de assistência técnica para o meio rural pág. 06 e 07

O Núcleo Rural de Tabatinga, em Planaltina (DF), realizou, na última semana de maio, a tradicional Semana do Produtor Rural. O evento mostrou a produção da região para todo o DF. Pág 08 e 09

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2 editorial

Charge de muitas delas ainda nem sequer possuírem sistema de água tratada. A entrevista desta edição do Jornal Tribuna Rural é com o presidente da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF), Marcelo Piccin. O presidente falou do desafio em assumir a Empresa, dos projetos na área de assistência técnica e da contribuição da Agrobrasília para a região Centro-Oeste. O Governo Federal também lançou, no último mês, dois planos de fundamental importância para o agronegócio de nosso país. O primeiro foi o Plano Safra Agrícola e Pecuário 2013/2014 que irá direcionar o montante de R$ 136 bilhões para a próxima safra, sendo o maior volume de recursos já destinados pelo Governo Federal na área. O outro Plano diz respeito ao fortalecimento da Agricultura Familiar no país, o Plano Safra da Agricultura Familiar, que investirá R$ 39 milhões no setor. Estes e outros assuntos podem ser conferidos na edição de número 50 do Jornal Tribuna Rural. Boa Leitura!

INTERATIVIDADE A atração das grandes feiras que envolvem o agronegócio brasileiro são o uso de novas tecnologias para o desenvolvimento do trabalho no campo. Na interatividade deste mês, perguntamos aos nossos leitores qual a importância do desenvolvimento de tecnologias para este setor. Confira: CEASA

Em maio, Brasília sediou um evento importante para o agronegócio brasileiro. Foi realizada a Agrobrasília 2013, que levou 79 mil pessoas ao Parque Tecnológico Ivaldo Cenci, na região do PAD-DF, e foram realizados mais de R$ 590 milhões em negócios. A feira foi um grande sucesso e agora se prepara para o ano 2014 como a Grande Feira Internacional do Cerrado Brasileiro. O Núcleo Rural de Tabatinga foi palco, mais uma vez, da Semana do Produtor Rural. A XXIV edição da Semana mostrou para todo o DF a produção gerada naquela região. Palestras técnicas, concursos, atividades culturais e esportivas fizeram parte da programação que foi aberta a toda a comunidade. A Semana, que já é tradição em Brasília, marca o fim do ano agrícola. A qualidade da educação na área rural é novamente assunto do Tribuna Rural. Uma pesquisa encabeçada pelo deputado Joe Valle revelou a real situação das escolas presentes no meio rural do DF. São escolas que necessitam de investimentos em acesso, laboratórios e, principalmente, estrutura física, além do fato

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CAMPO em foco

Ramon paiva

Uma ideia fundamental que precisamos abordar é que a tecnologia é uma questão pública, uma questão de que o Estado necessita participar. A pesquisa tecnológica não é somente um debate que é promovido pelo pesquisador, empresário ou pelo beneficiado, é uma questão de Estado e uma questão estratégica. Nesse sentido, entendemos que o debate sobre a tecnologia para o campo é fundamental e necessita ser feito de acordo com os marcos da democracia. Dessa forma, precisamos nos mobilizar com um grande esforço para atualizar nosso debate sobre tecnologia no campo, porque o Brasil é referência em tecnologia para o agronegócio. A Embrapa e as empresas de assistência nos estados exercem um grande papel neste sentido. No campo da tecnologia para a agricultura familiar, ainda sentimos deficiência e temos muito a melhorar. O nosso esforço da Seagri-DF é estar alinhado com o Governo Federal em que um dos eixos é o desenvolvimento de tecnologias para o campo adaptadas para a agricultura familiar”. Gustavo Augusto, Subsecretário de Agricultura Familiar e Desenvolvimento Agrário do DF

THIAGO SOARES

As plantações em Tabatinga são cultivadas no fim das chuvas, no período conhecido como safrinha. São usadas para produzir ração e óleo. A estimativa é que sejam colhidas cerca de 550 toneladas de girassol na região. Originário da América do Norte, o girassol é caracterizado por possuir grandes flores, com aproximadamente 30 cm de diâmetro. O caule pode atingir até 3 metros de altura. A flor já era cultivada por povos indígenas, há cerca de 1000 anos a.C. para alimentação. O Girassol recebe esse nome porque sua flor acompanha a trajetória do sol, do nascente ao poente. O comportamento é chamado de heliotropismo.

ExpedienTE Elo entre o campo e a cidade Diretora Executiva Lydia Costa Administrativo/Financeiro Mayara Nunes Costa Comercial Taine Côrte (61) 8529-1328 comercial@tribunarural.com.br

Chefe de Redação Maiana Neves Subeditor Thiago Soares Jornalista responsável Lydia Costa - DRT/DF 9164 Redação Maiana Neves Gisele Peixoto Patrícia Costa Thiago Soares

Diagramação Tiago Oliveira Felipe Pires (estagiário) Projeto Gráfico Elisângela Nunes Revisão Luiz Alberto Guimarães Maiana Neves Thiago Soares

A agricultura prática, nos moldes atuais, é uma agricultura extensiva e constituída de monoculturas que dependem de tecnologia para enfrentar os desafios que, a cada dia, são encontrados durante o cultivo das lavouras. E a tecnologia tem que existir porque cada desafio tem que ser superado com conhecimento e este conhecimento é tecnologia, com novas máquinas, novas sementes, novas variedades, híbridos, dentre outros. Assim, sem isso, não se consegue um aumento de produtividade, nem mesmo mantê-la num mesmo patamar. Um exemplo é a lagarta que casou grandes prejuízos às lavouras. Para controlar esses tipos de pragas, temos que combatê-las com o uso de tecnologia e conhecimento. Isso facilita o suporte para manter a média de produtividade já alcançada e até mesmo não perder. A tecnologia está aí para ajudar a manter o nível de produtividade; este é o objetivo da inserção de tecnologia no nosso meio de produção”. Fábio Torres de Carvalho, Produtor e Consultor Agrônomo, de Luís Eduardo Magalhães (BA)

Impressão Imprima Editora & Gráfica LTDA Circulação Distrito Federal e Entorno

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POLÍTICA

PLANEJAMENTO

Agricultura Familiar terá 39 bilhões e ganha nova agência de assistência rural Investimentos fazem parte do Plano Safra da Agricultura Familiar 2013/2014 Patrícia Costa

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Plano Safra da Agricultura Familiar, anunciado pela presidenta Dilma Rousseff no Palácio do Planalto, em 6 de junho, conta com recursos na ordem de R$ 39 bilhões. Ela destacou que o plano está escorado no crédito, no programa de compras e em alguns instrumentos de garantia que protegem o agricultor. Na distribuição dos recursos, o maior volume foi para o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura (Pronaf) com R$ 21 bilhões, tendo um aumento de 17% em relação ao ano anterior. Desde que foi lançado, o Pronaf teve um crescimento de 290%. Neste eixo de fortalecimento da agricultura familiar, Dilma ressalta que o Pla-

no da Agricultura Familiar tem dois pilares: o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae). Segundo ela, são os elementos centrais para o desenvolvimento deste segmento. “Os programas garantem ao agricultor que ele pode produzir e que vai ter comprador. Então, os programas são fundamentais para o funcionamento do plano e sua expansão”. Presente na solenidade, o ministro do Desenvolvimento Agrário (MDA), Pepe Vargas, reforçou que todas as ações do plano vão oferecer mais capacidade de investimento, inovação tecnológica e segurança para quem produz. Atendendo o pequeno produtor, o plano também

Renegociações

incluiu as cooperativas. O ramo recebeu a ordem de R$ 35 milhões. “Apesar dos programas específicos para o cooperativismo terem ficado ainda com taxas de juros elevadas, consideramos que se o plano atende bem o agricultor, indiretamente está atendendo bem as cooperativas”, comentou o presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Márcio Lopes, que esteve presente no evento. A cerimônia do Plano Safra da Agricultura Familiar 2013/2014 marca os dez anos do plano para a agricultura familiar. Este segmento é responsável por 84% dos estabelecimentos rurais do país, representando 33% do PIB Agropecuário e emprega 74% da mão de obra no campo.

O conjunto de medidas do Plano Safra atende agricultores que estavam com inadimplências bancárias. Dilma anunciou a suspensão da execução de dívidas bancárias dos agricultores até o final de 2014, além de oferecer descontos para a liquidação de operações vencidas e renegociações. “O agricultor que melhora, que dá um acréscimo à sua produção não pode ser punido, ele tem é que ser incentivado a melhorar. É um absurdo que nós impeçamos a ele e

à sua família de melhorar na sua condição”, pontuou Dilma, em relação ao agricultor ter acesso a novos créditos.

Nova Agência

Durante a cerimônia de lançamento do Plano Safra da Agricultura Familiar, o governo federal anunciou a criação da Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater), que terá parceria com a Embrapa. O objetivo é ampliar o número de famílias produtoras atendidas e qualificar a assistência técnica.

Os recursos ficaram distribuídos em: - Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater): R$ 830 milhões

wiilson dias/ abr

- Garantia-Safra: R$ 980,3 milhões - Seguro da Agricultura Familiar (Seaf): R$ 400 milhões - Programa de Garantia de Preços para Agricultura Familiar (PGPAF): R$ 33 milhões - Programa de Aquisição de Alimentos (PAA): R$ 1,2 bilhão - Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE): R$ 1,1 bilhão - Programa de Garantia de Preço Mínimo (PGPM): R$ 200 milhões

Pacote alcança uma antiga reivindicação dos agricultores familiares no Brasil

- Outras ações: R$ 13,3 bilhões


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POLÍTICA Investimentos

O Plano Agrícola e Pecuário 2013/2014 vai disponibilizar recursos em diversos segmentos, sendo eles:

Dilma lança Plano Agrícola Pecuário de R$ 139 bi Governo promete solucionar gargalos do agronegócio wilson dias / abr

Patrícia Costa

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agronegócio vai receber o maior volume de recursos já destinados pelo governo federal lançado no Brasil. A presidenta Dilma Rousseff e o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Antônio Andrade, anunciaram, em 4 de junho, o montante de R$ 139 bilhões para a próxima safra. As prioridades do Plano Agrícola Pecuário são estratégicas, dando atenção especial a vários problemas considerados ‘o gargalo’ para o desenvolvimento do setor. Dilma deu garantia que se necessário haverá mais dinheiro para o novo plano. Ela reiterou o compromisso de ajudar o agronegócio, dando mais capacidade ao país de exportação. As expectativas de produção para a próxima são de 190 milhões de toneladas. A informação partiu do ministro da Agricultura Antônio Andrade, quando falava do Brasil ter a capacidade de ser o maior exportador de alimentos do mundo.

A expectativa é que a próxima safra alcance 190 milhões de toneladas

A cerimônia do Plano Agrícola e Pecuário 2013/2014 ocorreu no Palácio do Planalto com a participação de vários empresários do agronegócio, autoridades políticas e dos presidentes de sindicatos rurais do país.

Novo Plano do Semiárido

Um plano para o semiárido deve ser lançado no final do mês no Nordeste. A novidade foi anunciada pela presidente Dil-

ma, no lançamento do Plano Safra. A medida deverá ter ações que atendam o Nordeste com garantias hídricas às novas tecnologias específicas de produção e sua garantia. Os programas são desde o carro-pipa, passando pela assistência com cisternas, chegando até a Bolsa Estiagem e Bolsa Garantia Safra. “Em relação à seca, vamos ter que ter uma atitude. E a atitude é a mesma que, gente que convive com um

inverno extremamente rigoroso tem. Criar mecanismos de segurança produtiva para conviver com a seca. Se eles podem a cada ano enfrentar um inverno que acaba com toda a produção, acaba com toda a agricultura e começam outra vez, como se nada tivesse acontecido, nós também podemos, até porque temos condições e recursos para fazer isso”, explicou Dilma Rousseff. Segundo a presidenta, o Plano do Semiárido deve ser lançado no estado da Bahia.

- Financiamentos de custeio e comercialização R$ 97,6 bilhões - Programas de investimento R$ 38,4 bilhões - Cooperativismo R$ 5,3 bilhões - Construção de novos armazéns R$ 25 bilhões - Programa de Sustentação de Investimento (PSI-BK) R$ 6 bilhões – agricultura irrigada R$ 400 milhões - Pronamp R$ 13,2 bilhões - ABC R$ 4,5 bilhões - Seguro Rural R$ 700 milhões - Comercialização R$ 5,6 bilhões - Sistema de defesa agropecuário R$ 120 milhões - Inovagro R$ 3 bilhões

Taxas de Juros

5,5% anual média 3,5% para programas de aquisição de má-

quinas agrícolas, equipamentos de irrigação e estruturas de armazenagem e de 4,5% ao médio produtor rural 5% para práticas sustentáveis 6,5 % ao ano para cooperativas

FAPE-DF

Produtores participam das eleições da FAPE-DF O presidente reeleito garante que continuará com o trabalho para fortalecer a classe e a Federação

F

oi realizada a eleição para a presidência da FAPE–DF (Federação da Agricultura e Pecuária do Distrito Federal) no último dia 22 de maio. Renato Simplício, dirigente do mandato anterior, manteve-se no cargo para o triênio de 2013 a 2015. Inicialmente, a eleição da Diretoria e Conselho Fiscal da FAPE-DF seria em 12 de março, porém, foi suspensa um dia antes por força de Agravo de Instrumento provido pelo Desembargador da 5ª Turma Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios.

A posse do presidente foi em 29 de maio, na sede da Federação, e, de acordo com o 1º vice-presidente do Sindicato Rural do DF, Luiz Vicente Ghesti, a permanência do Renato Simplício no cargo se deu por meio de uma decisão de todos os sindicatos rurais. “Ele não tinha mais interesse em concorrer, e, por apelo unânime dos sindicatos, foi solicitado que ficasse mais uma gestão até que consolidasse a questão da nova sede social e da regularização fundiária”, complementou o vice-presidente do Sindicato Rural do DF. Para Luiz Vicente, a reeleição de Renato Simplício foi um dos principais desafios. Ele reforça que

o trabalho de Simplício foi sempre voltado para a ética e união, sendo conhecido por todos do meio e teve bons resultados. A Federação se encontra num processo de consolidação e a intenção é que, a partir de agora, ela se firme. “Precisávamos que permanecesse na gestão uma pessoa bem identificada com o setor e que tivesse um bom conhecimento dos fundamentos da questão rural”, complementa Ghesti. O presidente das Centrais de Abastecimento do Distrito Federal (Ceasa-DF), Wilder Santos, destaca que Simplício realiza uma administração em que desenvolvimento e gestão modernizadora têm sido os

Joel Rodrigues

Gisele Peixoto

Produtores rurais votam pela permanência de Renato Simplício na presidência da FAPE-DF

pontos principais para transformar a FAPE numa das entidades que colaboraram de maneira eficaz para o crescimento do DF. “Ele leva as reivindicações do setor ao governo

e lidera ações executivas que mostram a importância que a FAPE possui para a reorganização política e administrativa que Brasília precisa”, conclui.


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POLÍTICA

Regularização

Terras de produtores rurais são regularizadas Mais de 196 termos de concessão de posse foram entregues a agricultores

C

erca de 200 agricultores familiares foram contemplados com termos de concessão de uso da terra, entregues pelo GDF durante a edição da Agrobrasília 2013. O contrato assegura aos produtores o direito ao título de concessão de uso das terras que ocupam, documento que passa a ser o instrumento legal para que os agricultores possam negociar financiamentos bancários e resolver assuntos fundiários junto aos órgãos públicos.

Segundo o diretor de Regularização dos Lotes Rurais da Terracap, Moisés Marques, a concessão de uso de terra traz cidadania ao produtor. “O processo de regularização é importante para o DF e também para os produtores, uma vez que eles se tornam legais, não mais considerados ocupantes irregulares”. Desde o início da gestão do governador Agnelo Queiroz, outras 400 famílias receberam os documentos e 3 mil processos de regularização estão em andamento em toda a área rural do DF. “Entregamos uma reivindicação histó-

rica na área rural que recupera a segurança jurídica dos produtores, facilita o acesso deles ao crédito e contribui para que eles produzam e incentivem o mercado agrícola", destacou o governador Agnelo Queiroz. "Há mais de 40 anos que a regularização é uma questão a ser enfrentada e agora fazemos isso com a clareza e transparência para atender aos agricultores familiares que são uma peça fundamental para nossa produção", enfatizou o secretário de Agricultura, Lúcio Valadão.

sérgio kremer

Da redação

O contrato assegura aos produtores o direito ao título de concessão de uso de terras

Processo Governador Agnelo entrega Plano de Desenvolvimento de Assentamento o que já era pretendido desde o início daquele grupo, sendo uma das exigências para a emissão da licença prévia. Atualmente, eles possuem cinco kits do Programa Agroecológico Integrado e Sustentado (PAIS) nas áreas comunitárias do assentamento e comercializam para o Programa de Aquisição da Agricultura (PAA). PDA - O Plano é um dos passos para a licença definitiva do assentamento. A próxima etapa é a análise do documento pelo Incra e encaminhamento ao Ibram, que emite a licença aos assentados. Segundo o PDA, o assentamento poderá ser dividido em 22 parcelas (lotes) de 5,6 ha cada. No total, o Pequeno Willian possui 134 ha.

Reunião serviu para esclarecer dúvidas dos produtores sobre lei Thiago Soares

seagri-df

O

Assentamento Pequeno Willian, localizado próximo a Planaltina (DF), recebeu do governador Agnelo Queiroz o Plano de Desenvolvimento de Assentamento (PDA), na Agrobrasília. O Plano foi desenvolvido pela Emater-DF, em parceria com o Instituto Federal de Brasília (IFB), e faz parte dos serviços previstos no convênio firmado com o Incra. O documento contém toda a análise de solo, de recursos hídricos e declividade, bem como um diagnóstico da área. No PDA são apontadas as atividades produtivas que serão desenvolvidas pelos assentados. De acordo com as características da área, os assentados trabalharão com atividades agroecológicas,

Terracap se reúne com comunidade de Tabatinga O

principal impedimento para o crescimento e desenvolvimento da área agrícola do Distrito Federal é a regularização fundiária. Percebendo isso, o Governo do Distrito Federal, por intermédio da Companhia Imobiliária de Brasília – Terracap e da Secretaria de Agricultura e Desenvolvimento Rural (Seagri-DF), realizou, em 6 de junho, uma reunião com a comunidade do Núcleo Rural Tabatinga, em Planaltina (DF). O objetivo da reunião foi esclarecer alguns procedimentos referentes à regularização de terras rurais, principalmente quanto às dúvidas referentes ao artigo 14 da lei 26.089. As dúvidas surgiram após circulação de rumores de que a inconstitucionalidade do artigo poderia interferir no processo de regularização de terras rurais no DF. “Este artigo se refere à criação do Conselho de Administração e Fiscalização de Áreas Públicas Rurais Regularizadas. O Supremo Tribunal Federal (STF) declarou a criação deste conselho como inconstitucional e isso não influencia no processo de regularização de terras rurais no DF”, explicou o diretor de Regularização dos Lotes Rurais da Terracap, Moisés Marques. Outro ponto destacado durante a reunião foi o relato

Moradores e autoridades debateram sobre a regularização de terras

sobre o procedimento jurídico que está em andamento na Corregedoria do Tribunal de Justiça do DF. O provimento determina a disciplina de funcionamento dos cartórios. A corregedoria é a responsável por fazer a gestão dos cartórios no DF. O provimento permitirá que o direito real de uso sobre uma mesma matrícula seja dividido entre todos os ocupantes da terra. Segundo Moisés, “a matrícula é a fazenda, cuja grande área ocupada possui registro no cartório. Por exemplo, existem fazendas – grandes áreas - com mais de 2 mil hectares que são ocupadas por centenas de pessoas em total produção de terra. O provimento atual somente permite uma única estrutura de direito real de uso por matrícula. Estamos trabalhando para que o STF decida de modo favorável a permitir que essas grandes áreas te-

nham mais de uma escritura, sendo divididas por todos os ocupantes”, esclareceu. Conforme relatou, também, Moisés, mais de três mil processos estão em andamento e, dentre eles, mais de 400 contratos já foram formalizados. O diretor afirmou que a maioria dos processos são demorados por falhas de procedimentos. “O que acontece é que o produtor deixa de cumprir eventuais exigências da Seagri, como a não entrega do Plano de Utilização, a ausência de algum documento do processo e isso faz com que o processo não ande com velocidade”. Ainda segundo o diretor, a Terracap avalia que o processo de regularização de lotes rurais está em perfeita normalidade. Durante o evento também foram entregues mais dez contratos de concessão de uso da terra.


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entrevista inovação

Assistência técnica impulsiona o agronegócio Presidente da Emater-DF, Marcelo Piccin, fala dos desafios para uma nova agricultura Maiana Neves

E

sta edição do Tribuna Rural entrevistou o presidente da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF), Marcelo Pic-

Tribuna Rural: Como foi assumir a presidência da Emater-DF? O senhor encarou como um desafio? Marcelo Piccin: O convite do governador Agnelo Queiroz para assumir a presidência da Emater-DF, logicamente, foi um desafio muito grande, porque a Empresa é uma das melhores empresas de assistência técnica do Brasil e, neste governo, tem sido muito valorizada e tem ocupado espaço importante e estratégico dentro de uma retomada de construção do sistema agricultura. A Emater-DF é vinculada à Secretaria de Agricultura e Desenvolvimento Rural (Seagri). A Empresa e a Ceasa são as duas grandes operadoras das políticas públicas do governo do Distrito Federal (GDF) e o governo Agnelo priorizou a reestruturação do sistema. A Emater-DF tem reestruturado seu quadro funcional, tem feito um planejamento estratégico de médio prazo que está articulado ao planejamento da Seagri e do GDF. Tudo isso nos deixa com expectativa muito grande em poder contribuir com todo esse processo. Assumo a presidência numa perspectiva de contribuição para aprofundar um processo que já vinha sendo desenvolvido e construído dentro do governo do governador Agnelo. Sou engenheiro agrônomo, venho de uma experiência de vários governos estaduais, de gestão pública em vários órgãos, tive uma passagem no governo do Rio Grande do Sul, trabalhando com agricultura familiar, com reforma agrária, na assessoria da presidência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e trabalhei em Minas Gerais também com agricultura familiar. No último período antes de entrar aqui, eu estava no Ministério do Desenvolvimento Social, dirigia a Política do PAA – Programa de Aquisição de Alimentos, na Secretaria Nacional de Segurança Alimen-

cin, que tomou posse no mês de abril. O presidente falou do desafio em assumir a Empresa, dos projetos na área de assistência técnica e da contribuição da Agrobrasília para a região Centro-Oeste. Natural do Rio Grande do Sul e com grande experiên-

tar e, nos últimos dois anos, estava como vice-presidente da Ceasa. Estou feliz e empolgado em poder contribuir e estar à frente desta Empresa importante e estratégica que tem um corpo funcional. TR: Como a Emater-DF tem atuado no Entorno do DF? MP: A atuação no Entorno ainda é um grande desafio para nós. Temos uma atuação em 11 assentamentos de reforma agrária. Estamos abrindo agora uma atuação em mais cinco assentamentos de Cristalina (GO), numa parceria com Furnas. São reassentamentos de famílias que foram atingidas por uma barragem de Furnas. Pretendemos ampliar essa nossa atuação na Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (Ride/DF). A Emater-DF, em outros anos, teve uma atuação muito grande de assistência técnica e extensão rural, parceria que envolvia a Emater-GO e Emater-MG e as prefeituras do Entorno. Entretanto, essa atuação foi interrompida, mas o governador Agnelo determinou que nós construíssemos uma proposta de retomada, de forma mais articulada, dos trabalhos no Entorno. Mantemos relações de parcerias com comunidades e com as organizações da agricultura familiar. A ação mais permanente que temos é o processo de organização na Agrobrasília, uma vez que comunidades participam da Feira. O trabalho com o Entorno é o grande desafio que está colocado para o próximo período e alinhado com a estratégia que está sendo construída no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. Houve a criação de um grupo de trabalho para aprofundarmos uma política de desenvolvimento da região metropolitana e um dos eixos de atuação do governo Agnelo é o eixo da Agricultura. Então, estamos incumbidos

cia no trabalho com a agricultura, Marcelo Piccin é engenheiro agrônomo formado pela Universidade Federal de Pelotas. Antes de assumir a Emater-DF, Piccin ocupava o cargo de vice-presidente da Ceasa-DF. Confira a entrevista.

pelo governador de apresentarmos um plano de desenvolvimento da agricultura do Entorno e a assistência técnica é importante para alavancarmos ações de desenvolvimento econômico, social e ambiental para as famílias agricultoras da região do Entorno. TR: Quais os principais projetos de assistência técnica para estimular a agricultura familiar na região? MP: Em seu planejamento estratégico, a Emater-DF definiu, juntamente com a Secretaria de Agricultura, e prioritariamente, três eixos de atuação que organizam os projetos que temos para realizarmos junto com os agricultores. O primeiro grande eixo é a geração de renda. Contamos com uma estratégia que compõe uma série de projetos na perspectiva de garantirmos geração de renda para os agricultores do DF e, em especial, para os agricultores familiares. Temos as compras institucionais como uma estratégia importante. Temos, ainda, a execução do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) que garante a compra direta dos produtos dos agricultores familiares. Por meio do banco de alimentos da Ceasa, os produtos são destinados para uma rede socioassistencial. Este programa é uma venda garantida dos alimentos dos produtores, contribuindo para a geração de renda destes produtores rurais. Temos um programa novo, criado no governo Agnelo, que é referência no Brasil: trata-se do Programa de Aquisição da Produção da Agricultura (Papa/ DF) que inova uma série de questões no limite que cada família pode vender. Enquanto no PAA temos R$ 4.500, agora, com o novo Plano Safra, os limites aumentaram um

pouco e no Papa-DF podemos chegar a limites de R$ 120 mil, por família, de aquisição da produção e é uma estratégia que articula a demanda de alimentos de todos os órgãos e instituições do DF. O Zoológico, por exemplo, precisa de alimentos para os animais e esses alimentos podem ser adquiridos por meio do Papa-DF. Criamos uma central de compras na Secretaria de Agricultura que abre editais e as organizações dos agricultores familiares e coo perativas podem apresentar a oferta de produtos e alimentos para a comercialização. Com a Cooperativa Agropecuária de São Sebastião (Copas), por exemplo, uma cooperativa de agricultores familiares e que trabalha com laticínios, fechamos trabalhos, no ano passado, em torno de R$ 4,5 milhões em contratos e este ano há contratos que ultrapassam R$ 8 milhões. A Lei permite, ainda, adquirir flores e produtos de outras cadeias. Temos a cooperativa Multiflor, em que a maioria dos associados é do sexo feminino, é uma cooperativa da agricultura familiar e também possui contratos assinados com a Novacap, uma vez que Brasília é uma cidade com inúmeros jardins e canteiros que seguem uma política de paisagismo. Então, o Papa-DF também engloba essa demand a

de flores. O objetivo é estimular todas as cadeias produtivas do DF, gerando renda para as comunidades. Temos ainda o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) que também possui uma estratégia de aquisição de alimentos da agricultura familiar. Estes têm sido os principais eixos da Emater-DF que visam à garantia da venda da produção da agricultura dos pequenos produtores. Outro eixo importante trabalhado pela Emater-DF é aquele que visa à organização dos trabalhadores para que eles possam acessar essas políticas. Então, a organização em cooperativas ou associações tem sido um trabalho muito forte da Empresa. Para que os produtores possam acessar estas políticas públicas criadas pelo governo federal e distrital, eles precisam ter um nível de organização maior. É muito difícil as políticas chegarem às famílias que não estão organizadas. O terceiro eixo de trabalho para o fortalecimento da agricultura familiar é o eixo da produção. As principais cadeias produtivas, como a horticultura, floricultura, piscicultura e leite, têm sido trabalhadas de forma intensiva na transferência e adaptação de tecnologias para a agricultura familiar, e, inclusive, a Agrobrasília é uma experiência concreta da diversidade de tecnologias adaptadas que nós temos para o trabalho com a agricultura


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TR: Durante o lançamento do Plano Safra 2013/2014, a presidenta Dilma falou sobre a criação de uma Agência Nacional de Assistência Técnica. O que o senhor tem a falar sobre isso? MP: O dia da assinatura do projeto de lei que cria a Agência Nacional de Assistência Técnica foi um dia histórico para o país. A história da assistência técnica e da extensão rural no país passou por um período importante nas décadas de 60 e 70 e até o início da década de 80, com a criação de um sistema nacional e a criação das Emater, combinada com a Embrapa. Do ponto de vista da produtividade, tivemos um resultado importante, fruto dessa estratégia de aposta grande em pesquisas, política de crédito articulada e assistência técnica. O final da década de 80 e toda a década de 90 foram momentos obscuros de desmonte completo deste sistema, a partir de uma concepção neoliberal de que o Estado não precisava mais apoiar essas atividades, uma vez que o meio privado dava conta de tudo. A Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Exten-

são Rural (Embrater) foi extinta e, após isso, não houve política nacional alguma. Muitas Emater foram extintas e sobraram poucas empresas de assistência técnica e extensão rural. Ainda bem que a Emater-DF sobreviveu a todo este processo. Tivemos um recorte do período que significou uma retomada da assistência técnica que é o período do governo Lula, de 2003 para cá, quando foi retomada a construção de uma política importante de assistência técnica e criação de uma Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural e cujo coroamento desses 10 anos foi o envio, pela presidenta Dilma Rousseff, de um Projeto de Lei para o Congresso Nacional propondo a criação da Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural. É um momento importante para a retomada desta política tão estratégica de articulação e fomento para a produção agrícola do Brasil. Essa Agência não significa a volta da Embrater. Estamos em outro momento histórico. O Estado brasileiro hoje não é o mesmo da década de 70, é um Estado mais moderno que fomenta a economia e a Agência vem com uma perspectiva de retomarmos uma articulação maior com a pesquisa. Dessa forma, teremos um maior diálogo com a Embrapa. Além da assistência técnica pública, a Agência também fomentará a assistência técnica privada, como cooperativas e organizações que têm assistência técnica rural. Temos um desafio no Congresso Nacional para que consigamos manter as virtudes que estão dentro do projeto e, por isso, precisamos fazer um chamamento para que os nossos deputados e a nossa bancada do DF aprovem o projeto, sem grandes distorções, mas que tenhamos uma agência que dê respostas e a nossa política agrária possa se fortalecer.

TR: Qual a sua avaliação da Agrobrasília 2013? Como o senhor vê a destinação de um grande espaço para a agricultura familiar? MP: A Agrobrasília é uma Feira estratégica para todo o Centro-Oeste. É a principal vitrine desta grande região do Planalto Central. É onde a agricultura mostra a sua pujança. Os números mostram o grande êxito desta edição da Feira, que vem crescendo a cada ano. É uma Feira nova, pois, há apenas seis anos que vem sendo realizada e já se apresenta com uma pujança fenomenal. Esta edição contou com a presença de atores internacionais, consolidando-se como uma Feira estratégica e diferenciada de outras feiras, pois traz elementos novos e importantes que têm tudo para transformá-la numa feira de referência internacional como, de fato, já está sendo projetada para 2014. Foram mais de 79 mil visitantes, os negócios firmados foram próximos a 600 milhões, superando as expectativas de todos que participaram da Feira. Importantes debates foram realizados na Feira. Além disso, durante a Feira, o governador Agnelo entregou contratos de concessão de uso da terra, um tema importante para avançarmos na regularização fundiária. Tivemos outra ação importante que foi o lançamento do Fundo de Aval, uma parceria com o BRB, que garante ao nosso agricultor o acesso ao crédito e a programas de financiamento. Tivemos o Fórum da Mosca Branca e Helicoverpa, trazendo um tema de grande envergadura para nossa região. Enfim, foram eventos de muita importância. A Agrobrasília é um símbolo da agricultura moderna e de alta tecnologia, tanto no que diz respeito à agricultura empresarial como à agricultura familiar. O Espaço de Valorização da Agricultura

fotos: thiago soares

familiar. Além disso, temos o trabalho com a agroecologia e com a transição agroecológica, pois, não basta produzirmos mais e melhor, mas temos que ter uma preocupação com o meio ambiente e com a questão da qualidade dos alimentos e da qualidade de vida das famílias que estão no meio rural. Isso passa por aprofundarmos uma agenda de transição agroecológica que faz parte da Política Nacional de Assistência Técnica e a Emater-DF tem perseguido, com programas e estratégias, para que nossa agricultura se modernize numa perspectiva mais adequada de produção de alimentos saudáveis, da preservação do meio ambiente e da qualidade de vida no meio rural.

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Para Piccin, é necessário construir uma agricultura ambientalmente sustentável

Familiar (Evaf) contou com 14 rotas tecnológicas. Além disso, o EVAF foi o lugar onde as associações e cooperativas puderam mostrar e comercializar os seus produtos. Destacaria aqui a rota que contou com a parceria do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) para mostrar a mecanização agrícola. Temos um grande desafio que é a falta de mão de obra na agricultura. É importante avançarmos numa estratégia de mecanização para a agricultura familiar. Esta parceria com o Iapar foi de fundamental importância. Então, a Agrobrasília é instrumento estratégico de divulgação de tecnologias e políticas públicas e realização de negócios. Na Agrobrasília, contamos com a presença de outras Emater (Bahia, Minas Gerais e Goiás) que trouxeram agricultores para a Feira. Tivemos participação importante da Câmara Legislativa do Distrito Federal. O deputado Joe Valle esteve presente em todos os dias da Feira representando a Casa. Esse contato com o poder Legislativo foi importante.

TR: Quais são os projetos da Emater-DF para os próximos anos? MP: Acredito que o planejamento que realizamos nesses últimos anos aponta para as diretrizes que devem ser seguidas pela Emater, Seagri e Ceasa numa perspectiva de políticas de Estado, para que consigamos ter políticas de médio e longo prazos. Nessa perspectiva, temos colocado a geração de renda como uma diretriz a ser perseguida. Precisamos fazer com que o nosso povo permaneça no meio rural com qualidade de vida, renda, condição adequada de sobrevivência e que os jovens consigam se manter na atividade agrícola. Vamos continuar com o trabalho de organização dos produtores. É um desafio para a extensão rural não perder de vista os projetos que estimulam de forma intensa o processo de organização rural. Além disso, precisamos focar na transição agroecológica, pois temos que construir uma agricultura ambientalmente sustentável, a partir de um modelo de agricultura que consiga dar respostas mais adequadas para enfrentarmos os desafios do século XXI.


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Destaque Festa

Tabatinga promove a XXIV Semana do Produtor Rural Festa tradicional mostrou para todo o DF a produção da região Fotos:Thiago Soares

Produtos da região foram expostos durante os dias do evento. Mais de cinco mil pessoas visitaram o Núcleo Rural Thiago Soares

A

última semana de maio é marcada pelo fim do ano agrícola. Para comemorar a data, a Associação Agropecuária de Tabatinga (Agrotab) promoveu a XXIV Semana do Produtor Rural entre os dias 25 de maio e 2 de junho. Palestras técnicas, concursos, atividades culturais e esportivas fizeram

parte da programação que foi aberta a toda a comunidade. Promover a integração dos produtores e trabalhadores rurais da região foi um dos principais objetivos do evento. A abertura da Semana do Produtor Rural contou com a presença de autoridades que destacaram a produção agrícola do DF. “Vimos que a agricultura no DF avançou muito

nos últimos anos e continuará avançando. Esta festa é tradição em Brasília e mostra a produtividade da região”, declarou o senador Rodrigo Rollemberg. O secretário de Agricultura do DF, Lúcio Valadão, destacou a instalação do Ponto de Encontro Comunitário no Núcleo Rural e o asfaltamento da DF 355 que dá acesso a Tabatinga. Valadão aproLydia Costa

Palestras técnicas, concursos, atividades culturais e esportivas fizeram parte da programação da 24ª Semana do Produtor Rural de Tabatinga

veitou também e parabenizou os produtores da região pelo trabalho. “O GDF está trabalhando bastante para promover o desenvolvimento da área rural. Pavimentação de rodovias e aceleração do processo de titularidade das terras são algumas das principais ações do governador Agnelo para o campo”, apontou Lúcio. Renato Simplício, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Distrito Federal (Fape-DF), ressaltou que o maior problema e principal causa para a luta dos produtores rurais no DF é o direito de eles assumirem as terras, terem o direito à terra regularizada. “Uma luta que se estende há anos, mas que a FAPE-DF estará junto com todos os produtores”, afirmou Simplício. O governador Agnelo também prestigiou a abertura da XXIV Semana do Produtor Rural. Agnelo visitou a mostra de alimentos produzidos na região, conversou com os produtores e almoçou com a população. Este ano, os destaques da Semana do Produtor foram a campanha de coleta de embalagens de agrotóxicos e as palestras em atenção ao idoso. Ambas as ações ocorreram em 29 de maio. A campanha de coleta de embalagens foi realizada por meio de parceria entre a Seagri, Emater-DF, a Agrotab e a Associação dos Engenheiros

Agrônomos (Aeagro). A ação visa a evitar prejuízos ao meio ambiente e à saúde das famílias rurais, pois o descarte indevido pode causar doenças como, distúrbios respiratórios, neurológicos e câncer. As palestras em atenção ao idoso foram realizadas por meio de parceria da Secretaria de Agricultura com as Secretarias do Idoso e de Saúde. Os idosos também puderam aferir pressão, medir a oxigenação do sangue, fazer teste de distúrbio do sono, além de obter atendimento jurídico e psicológico. Segundo o presidente da Agrotab, Vilson Thomas, a diretoria da associação avaliou positivamente a realização da XXIV Semana do Produtor Rural. “Foi uma extensa semana, com audiência pública, em que os produtores repassaram as demandas ao governo e, além disso, tivemos palestras com temas de nosso interesse. Queremos agradecer aos patrocinadores, à Emater-DF e à administração de Planaltina que estiveram conosco mais uma vez na realização deste evento”, declarou Thomas. A Semana do Produtor Rural foi uma realização da Agrotab com o apoio da Emater-DF, por meio do escritório local em Tabatinga, Secretaria de Agricultura e Desenvolvimento Rural (Seagri), Administração Regional de Planaltina e secretarias da Mulher e da Saúde.


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Destaque

A Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) realizou durante a semana, em 27 de maio, uma audiência pública para abordar o desenvolvimento rural da área norte do DF. A audiência foi uma oportunidade para a população saber como são conduzidas as políticas para o setor agropecuário do DF. Os agricultores abordaram questões como segurança pública, regularização fundiária, infraestrutura e saúde. O secretário de Agricultura expôs os nove programas estratégicos que norteiam as políticas do Sistema Público da Agricultura do DF – formada pela Secretaria de Agricultura, Ceasa e Emater. “Trabalhamos com ações planejadas. Nada é feito sem planejamento e, na Agricultura, não é diferente”, esclareceu Valadão. “A população quer ser atendida nos seus legítimos anseios e em todas as instâncias”, explicou o secretário.

Lúcio Valadão abordou os 3 mil processos de regularização iniciados, os 400 contratos de concessão de uso e a meta de se chegar à escritura definitiva. Também abordou as ações para levar crédito ao agricultor rural, como o Fundo de Aval e o Fundo de Desenvolvimento Rural. Na infraestrutura e na produção rural foram abordadas ações como as patrulhas de mecanização agrícola e os maquinários para recuperação de estradas; os programas de compras institucionais, como o Programa de Aquisição de Produtos da Agricultura do Distrito federal (Papa-DF), que permite a compra, pelos órgãos de governo, não só de alimentos, mas também de artesanato, flores e plantas ornamentais; as instalações de sete Pontos de Encontros Comunitários; as 23 agroindústrias artesanais criadas e as políticas para criar assentamentos.

fotos: seagri-df

Audiência Pública é realizada durante a Semana

Agricultores abordaram questões como segurança pública, regularização fundiária, infraestrutura e saúde

PEC beneficia moradores de Tabatinga

O vice-governador Felippelli inaugurou o PEC no Núcleo Rural

Durante a programação da XXIV Semana do Produtor Rural, os moradores de Tabatinga receberam mais uma importante obra. Foi inaugurado o Ponto de Encontro Comunitário (PEC), que beneficiará mais de 300 famílias da região. Durante a inauguração, o vice-governardor Tadeu Filippelli ressaltou a importância da participação popular juntamente com o poder público para realizar a ação. “A demanda da população em ação conjunta com vários órgãos de governo tornou possível esta obra”, disse.

O vice-governador também destacou a importância da atuação do Legislativo para a obra. “Quero agradecer especialmente a dois deputados que, além de viabilizarem os recursos para a construção dos PECs na área rural por meio de emendas parlamentares, também fizeram a interlocução com a comunidade: o deputado Joe Valle, que é extremamente comprometido com a área rural e, sobretudo, um agricultor, e o deputado Roney Nemer”. O deputado Joe Valle ressaltou o resgate da autoestima da população. “Esses

equipamentos públicos são de extrema importância para a população se sentir respeitada. Eles trazem mais qualidade de vida. São uma opção de lazer e de saúde, que ajuda a afastar das drogas principalmente os jovens”, avaliou. A construção do PEC se deu por meio da ação conjunta da Secretaria de Agricultura e Desenvolvimento Rural, de Obras, Novacap, Administração Regional de Planaltina e a comunidade. Com a inauguração em Tabatinga, já são sete academias a céu aberto construídas na área rural.


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RADAR Manejo

Seminário discute a utilização de calcário no solo brasileiro A calagem foi a técnica discutida em evento comemorativo ao Dia Nacional do Calcário

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Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo (SDC) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) promoveu o Seminário sobre o Dia Nacional do Calcário Agrícola. O evento, realizado em 23 de maio em Brasília (DF), teve a intenção de alertar a sociedade sobre a importância da calagem para a agricultura brasileira. O Dia Nacional do Calcário foi instituído pela Lei N° 12.389/11 e é celebrado, anualmente, em 24 de maio, em todo o território nacional. É a primeira vez que o Mapa realiza um seminário alusivo à data. Segundo o coordenador de Manejo Sustentável de Sistema da SDC, Elvison Nunes Ramos, discutir o uso de calcário é essencial para o desenvolvimento da agricultura brasileira. “Cerca de 75% dos solos brasileiros são compostos por elevada acidez,

o que dificulta a produtividade de culturas no país, portanto, o calcário se faz essencial para o processo de calagem no solo”. A calagem consiste na utilização de calcário durante o processo de produção agropecuária. O insumo corrige a acidez do solo e melhora a eficiência do uso de fertilizantes. A aplicação do mineral precisa atender a recomendações técnicas feitas a partir de uma análise prévia do solo. “Temos capacitado técnicos e produtores para que eles realmente saibam dos benefícios e conheçam linhas de crédito especiais a fim de que, por meio de um projeto de recuperação de sua propriedade, implementem um sistema sustentável de produção. A adoção do calcário garante a correção do solo e o aumento da produtividade no campo”, explicou Ramos. De acordo com a Associação Brasileira dos Produtores de Calcário Agrícola (Abracal), anualmente, são utilizadas 30

milhões de toneladas de fertilizantes na produção agrícola brasileira, sendo que, desse total, 20% são inutilizadas devido à acidez do solo. Segundo Oscar Alberto Raabe, presidente da associação, mais de R$12 bilhões são desperdiçados com a importação do produto. “O calcário é um produto nacional que facilita a utilização de fertilizantes. No Brasil, a acidez é tão alta que, na primeira safra, o produtor recupera o custo do corretivo por resultado de aumento de produtividade”. “A aplicação do calcário no solo é efetuada num período de cinco em cinco anos. O produtor aplica o produto, recebe de volta a produtividade e tem cinco anos para plantar e colher o máximo de produtividade possível”, explicou Raabe. Participaram do evento membros da Abracal, alunos de universidade, produtores e demais setores envolvidos com a produção do mineral.

thiago soares

Thiago Soares

Palestras alertaram sobre o uso do mineral na prática de correção de solo

Entorno Planaltina de Goías

Projetos de Agricultura Familiar favorecem pequenos produtores Apesar de diversos planos, problemas de convênios impedem que os agricultores possam desenvolver um bom trabalho

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Secretaria de Agricultura do município de Planaltina de Goiás (GO) possui um projeto de construção de tanques para criação de peixes que beneficiará produtores da agricultura familiar. O trabalho, realizado juntamente com o Sindicato Rural e Secretaria de Agricultura da cidade e o território Águas Emendadas, é direcionado aos moradores do assentamento em Itaúna, localizado a 45 km do município. De acordo com o Secretário de Agricultura, Augusto Justiniano de Sousa, o projeto está próximo da conclusão. “Falta somente a entrega dos tubos para se fazer a canalização. A partir daí, os tanques serão enchidos e as famílias receberão os alevinos para darem início à piscicultura em suas propriedades”, afirma.

Problemas

Segundo Augusto, Planaltina de Goiás é um local esquecido pelo Governo Federal e Estado. “Se for feito um levantamento no Entorno do DF, há muita dificuldade em estrutura, principalmente com o atendimento à agricultura familiar”, informa. Ele relata que há empecilhos na hora de se discutir recursos para tal fim. Um deles é a questão de que os projetos precisam passar pelo SICONV (Sistema de Convênios do Governo Federal). “Quando a proposta entra no SICONV para se fazer a aquisição de implementos, como patrulha mecanizada, o item de que mais necessitamos para preparo do solo é inviabilizado por causa da inadimplência das prefeituras”, reclama. O secretário está insatisfeito com a falta de atenção por parte do governo. “As po-

divulgação

Gisele Peixoto

Cidade sofre com falta de estrutura para a agricultura familiar

líticas públicas são discutidas na mesa do município, estado e volta para o gabinete federal, pois a exigência da adim-

plência das prefeituras para fazer o convênio inviabiliza que sejamos beneficiados”, complementa. Ele reforça que

a agricultura familiar no nordeste goiano não tem mecanismo para produzir por falta de estrutura.


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meio ambiente

Tecnologia

Dia de Campo Agrobrasília 2013 fez o lançamento da Tecnologia Social ILPF N

o dia 17 de maio, durante a Feira Agrobrasília, foi realizado o Dia de Campo sobre Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF), que contou com aproximadamente 300 participantes, entre produtores, técnicos, estudantes, lideranças e autoridades. A abertura do evento aconteceu no Auditório Buriti e foi feita pelo presidente da Feira, Leomar Cenci, contando com a presença de autoridades do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), como o secretário de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo (SDC), Caio Rocha; o diretor do Departamento de

Sistemas de Produção e Sustentabilidade (DEPROS), José Guilherme Leal; o diretor do Departamento de Associativismo e Cooperativismo Rural (Denacoop), Erikson Chandoha; o reitor do Instituto Federal de Brasília, Wilson Conciani; o presidente da Fundação Banco do Brasil, Jorge Streit; o gerente de Parcerias, Articulações e Tecnologias Sociais da Fundação Banco do Brasil, Jefferson de Oliveira; o diretor-superintendente da Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco), Marcelo Dourado; o diretor-presidente do Banco de Brasília, Paulo de Lima; o presidente da Emater-DF, Marcelo Piccin; o deputado distrital Joe Valle; o coordenador de Agronegócios do Insti-

tuto Interamericano de Cooperação para a Agricultura, Marco Ortega, acompanhado de Adidos Agrícolas de países da Europa, entre outros. Também no Auditório Buriti foi realizada a solenidade de lançamento da Tecnologia Social iLPF, que contou com a presença do presidente da Campo e da Fundação Caso do Cerrado, Emiliano Botelho, e do presidente da Fundação Banco do Brasil. Na oportunidade, foi apresentado o vídeo institucional da Tecnologia Social iLPF e distribuído um exemplar da cartilha iLPF, passo a passo, para cada participante. Fechando as solenidades, o presidente da Agrobrasília convidou o senador Rodrigo Rollemberg para receber

Produtores, técnicos, estudantes, lideranças e autoridades participaram do Dia de Campo sobre iLPF na Agrobrasília 2013

uma homenagem dos produtores do Distrito Federal, em reconhecimento à sua visão pela proposição do Projeto de Lei para a criação da Política Nacional de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta e agradecimento ao seu empenho para a sua aprovação no Congresso e sanção pela Presidente Dilma. Em seguida, os participantes assistiram à palestra sobre o Plano Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (Plano ABC), apresentada pelo Coordenador Nacional do Plano ABC, Elvison Ramos, e após, foram conduzidos para visitarem as Unidades Demonstrativas (UD) do Sistema Plantio Direto (SPD) de Integração Lavoura-Pecuária (ILP) e de iLPF e para assistirem às palestras sobre Adequação Ambiental das Propriedades Rurais, Fixação Bilógica de Nitrogênio para Leguminosas e para Gramíneas, Integração Lavoura-Pecuária e Sistema Plantio Direto, iLPF: experiências e resultados obtidos em Minas Gerais e Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO) – apoio iLPF. Para o Dia de Campo iLPF Agrobrasília 2014, que será realizado no dia 16 de maio (sexta-feira), segundo a promessa do Secretário Caio Rocha, o Mapa implantará uma

fotos: divulgação

Ronaldo Trecenti*

*Engenheiro Agrônomo, M.Sc. Especialista em Sistema Plantio Direto e Integração Lavoura-Pecuária-Floresta Campo Consultoria e Agronegócios E-mails: trecenti@campo.com.br ronaldotrecenti@hotmail.com vitrine das tecnologias do Plano ABC na área da UD de iLPF, onde os produtores, técnicos, estudantes, lideranças, autoridades, jornalistas e outros interessados poderão conhecer as tecnologias que contribuem para a redução da emissão de gases de efeito estufa e para o sequestro de carbono, tornando o nosso agronegócio mais competitivo e sustentável.

Interação

Agricultura e Meio Ambiente: estão do mesmo lado? José Annes Marinho*

Q

ual seria sua resposta para essa pergunta? De uma forma geral seria: “sim, ambos estão do mesmo lado!” Mudanças ocorrem devido aos ideais distintos, em alguns pontos, de seus líderes, mas, certamente, quem os conhece, vê com bons olhos esta interação. Cabe esclarecer que a agricultura brasileira passou por verdadeiros desafios nos últimos 40 anos. Foram épocas difíceis, cobranças e falta de infraestrutura. Mas o fato é que a agricultura contribui muito para a harmonia entre o campo e o meio ambiente. O Brasil é líder em segmentos agrícolas! Contribuímos diretamente com o planeta: temos 61% de nossas florestas preservadas, enquanto que a Europa tem cerca de 3% e ainda critica veemente-

mente o nosso país. Não podemos pensar numa agricultura sustentável se não analisarmos aspectos sociais, ambientais e econômicos. De nada adianta preservamos se não tivermos melhorias sociais e econômicas em nossas atividades. Talvez, nos dias de hoje, os aspectos ambientais precisam ter preferência diante dos demais, mas o equilíbrio entre o “triple bottom line” (tripé da sustentabilidade) deve prevalecer. Os grandes exemplos que a agricultura tem apresentado poderiam ser seguidos pelas cidades, não devemos ter dúvidas de que a agricultura contribua de forma significativa para a preservação do meio ambiente. E como homenagem à semana ambiental, os números do agro são exemplares. Segundo o engenheiro agrônomo Dirceu Gassen, nos anos 80, para se produzir um quilo de arroz, o consumo de água estava em

torno de 5.600 litros. Com a adoção do plantio direto, hoje, para produzir o mesmo quilo de arroz, gastam-se 1.300 litros de água o que é, de fato, uma evolução gigantesca e demonstra que o Brasil usa seus recursos de forma consciente e sustentável. Os exemplos não param por aí: o consumo de diesel diminui drasticamente. Para se produzir um quilo de soja nos anos 80, tínhamos o consumo de 68 mL de diesel. Hoje, estamos com 8,9 mL para produzir o mesmo quilo. Isso tudo contribuí com a diminuição dos gases emitidos na atmosfera. No uso de químicos, o Brasil gasta, em média, U$ 100,00 para produzir 13 toneladas de alimentos, enquanto que outros países gastam os mesmos U$ 100,00 para produzir quatro toneladas. Em termos de produtividade por hectare, os números são ainda maiores em contribuição para a preservação do meio ambiente.

Se tivéssemos mantido a nossa produtividade dos anos 70 e 80, quando, em média, tínhamos 1.000 kg/ha, frente aos 3.000 kg/ha de hoje, certamente o processo de desmatamento não estaria nos patamares atuais que beiram o chamado “desmatamento zero”. Certamente, preservamos mais de 70 milhões de hectares no Brasil. Os paradigmas e mitos colocam o meio ambiente e agricultura em lados opostos. Mas isso não deve acontecer. Ambos precisam um do outro, não há agricultura sem preservação. Pergunte a um produtor: “qual o seu maior bem?”. Em 100% dos casos a resposta será: “minha propriedade (terra)”. Não se produz sem terra! Enfim, a agricultura agradece o meio ambiente por poder produzir, além de muitas vezes ensinar que o equilíbrio é eminente para que a agricultura continue no caminho para

*Engenheiro Agrônomo, Gerente de Educação da Associação Nacional de Defesa Vegetal – ANDEF a sustentabilidade plena. Agricultura e produtores rurais prestam sua homenagem ao nosso parceiro meio ambiente. Eu acredito que os lados têm o mesmo tamanho e rumam ao desenvolvimento cada vez mais sustentável.


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TECNOLOGIA impulso

Agrobrasília 2013 movimenta R$ 590 milhões em negócios Além do grande número de negócios, a Feira debateu ações para o futuro do agronegócio brasileiro

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reunião de empresas de insumos e de maquinário agrícola, produtores rurais, instituições financeiras e de pesquisa e os demais agentes da cadeia produtiva da agropecuária garantiu o sucesso da Agrobrasília 2013. Além de alcançar novos recordes em número de negócios, visitantes e expositores, a Feira promoveu debates importantes para o futuro do agronegócio brasileiro e se consolidou no cenário internacional. Com intercâmbios técnicos, a participação de várias embaixadas estrangeiras e a exportação de máquinas agrícolas fabricadas no Brasil para sete países nessa edição, os organizadores miram 2014 com a certeza de expandir o evento em nível mundial. O volume de negócios da Agrobrasília 2013 foi de R$ 590 milhões, marca quase 50% maior que a registrada em 2012. Esse ano, 79 mil pessoas visitaram os 385 expositores presentes no Parque Tecnológico Ivaldo Cenci, que ficou lotado a maior parte do tempo. Exposições e estandes maiores e mais exuberantes e as estruturas fixas construídas para essa edição deixaram a Feira robusta. O sucesso

superou as expectativas dos organizadores que já planejam o evento do próximo ano com a convicção de que ele será melhor e ainda mais abrangente. O presidente da Cooperativa Agropecuária da Região do Distrito Federal (Coopa-DF), Leomar Cenci, destacou o crescimento da área internacional da Agrobrasília, principalmente com as rodadas de negócios do Projeto Comprador entre empresas brasileiras e investidores estrangeiros que viabilizaram a exportação de máquinas agrícolas diretamente do evento. A iniciativa lançada na Feira é fruto da parceira entre a ApexBrasil e o Simers. “A feira desse ano se tornou definitivamente internacional. Além dessa ação, tivemos muitas embaixadas e adidos agrícolas nos visitando com várias propostas para levar para 2014, quando a Agrobrasília se transformará na Grande Feira Internacional do Cerrado Brasileiro”, afirmou. Cenci ressaltou que o crescimento do evento é fruto do trabalho conjunto da organização e parceiros, da confiança dos expositores e da qualidade e interesse dos agricultores que visitam a Feira. "É um esforço da comunidade. O diferencial é o atendimento que o exposi-

fotos: sérgio kremer

Rafael Walendorff

O investimento da Coopa-DF na estruturação do Parque proporcionou uma Feira mais robusta e organizada

tor tem. É uma família que trabalha aqui dentro. Não é fácil para 110 associados fazer um evento desse tamanho. É graças à comunidade do PAD-DF e entorno que abraçou a Feira”. Com os bons resultados, a intenção da Coopa-DF é investir cada vez mais na Agrobrasília. “Vamos investir ainda mais. A ideia não é gerar grandes sobras para a cooperativa. É garantir qualidade. Queremos que o Parque seja modelo. Não queremos ser a maior feira do Brasil, mas com certeza a melhor e mais bonita”, projetou.

Debates Três eventos realizados na Agrobrasília 2013 tiveram grande repercussão e destacaram o potencial de difusão de conhecimento e de tomada de decisões políticas que a Feira possui. O Fórum Brasileiro Sobre Mosca Branca e Helicoverpa, no dia 15 de maio, atraiu cerca de mil pessoas ao Auditório Buriti. Agricultores, especialistas e governo discutiram formas de combater duas das principais pragas das lavouras brasileiras na

atualidade. Para o chefe da Embrapa Cerrados, José Roberto Rodrigues Peres, a solução é a conscientização do produtor para a adoção de boas práticas agrícolas. “O imediatismo para que haja uma produção mais rápida fez com que os problemas surgissem e pragas secundárias aflorassem. É necessário colocar pesticida na quantidade exata, no momento exato, para controlar e não para zerar aquela praga, senão mata-se também os inimigos naturais, que são benéficos para a planta. Se não tivermos ações

Agricultores do Planalto Central puderam conhecer novas tecnologias e fazer negócios com as principais empresas de máquinas e insumos agrícolas do Brasil. Os debates também atraíram a atenção dos produtores que deixaram o Auditório Buriti lotado


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13 fOTOS: SÉRGIO KREMER tiago oliveira

A presença da Caixa foi novidade na AGROBRASÍLIA 2013, mas BRB, Banco do Brasil, Sicoob e Sicredi TAMBÉM INVESTIRAM MUITO na estrutura para atendimento e superaram as expectativas de liberações de crédito

proativas e rápidas para que se minimize o problema, nós vamos ter um prejuízo enorme na agricultura brasileira”, enfatizou. Na oportunidade, o secretário de Agricultura do DF, Lúcio Valadão, estabeleceu o vazio sanitário para a cultura do feijão no DF com o intuito de amenizar a propagação da mosca branca. Entre 15 de setembro e 20 de outubro não poderá haver mais plantas vivas do grão. O plantio, com isso, fica limitado até o dia 15 de junho, segundo orientação da Embrapa. Agricultores que desrespeitarem a norma ficarão sujeitos a sanções e até à erradicação das plantações existentes. Minas Gerais e Goiás,

separadamente, tomaram decisões semelhantes. O seminário Internacional sobre Tecnologias Tropicais, no dia 16 de maio, proporcionou um intercâmbio técnico entre Brasil e Colômbia. A semelhança entre o Cerrado brasileiro e a Orinoquia colombiana motivou a troca de experiências e dificuldades superadas no setor agrícola entre estudiosos, governantes e agricultores dos dois países. Os participantes conheceram as realidades e potenciais de crescimento na agropecuária das duas nações, que buscam acordos de cooperação para futuras pesquisas na área. A comitiva colombiana pôde conhecer propriedades rurais produtoras de grãos,

hortaliças, suínos e bovinos, além do funcionamento da Coopa-DF e a história de formação do PAD-DF. Já tradicional na Feira, o Dia de Campo sobre Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF), no dia 17 de maio, ressaltou mais uma vez a preocupação dos organizadores da Agrobrasília com a busca por boas práticas agrícolas e a sustentabilidade da produção agropecuária. Esse ano, as grandes novidades foram o lançamento da iLPF como a nova Tecnologia Social da Fundação Banco do Brasil (FBB) e a homenagem ao senador Rodrigo Rollemberg, autor da lei sancionada recentemente que cria a Política Nacional de iLPF.

Agricultura Familiar O Espaço de Valorização da Agricultura Familiar (EVAF) mais uma vez foi destaque. A área organizada pela Emater-DF recebeu mais de cinco mil pequenos produtores do DF, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, entre outros. As 14 rotas mostraram tecnologias de baixo custo adaptadas às pequenas propriedades e buscaram demonstrar as técnicas desde o momento da produção em campo, passando pelas Boas Práti-

cas Agrícolas na colheita e pós-colheita, com a participação da Embrapa, até o processamento dos produtos e chegando ao consumidor final em feiras e mercados, com o apoio da Ceasa-DF. O Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) ainda expôs e realizou dinâmicas com máquinas para plantio direto e outros equipamentos para a agricultura familiar. A comercialização de maquinário, aliás, surpreendeu nesse segmento. Só o Banco Regional de Brasília (BRB) fechou negócios acima de R$ 5 milhões.


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TECNOLOGIA NEGÓCIOS

Feira apresenta o melhor da tecnologia agrícola no Oeste da Bahia Bahia Farm Show apresentou, durante cinco dias, produtos de 195 expositores e superou a expectativa de negócios

O

Oeste da Bahia foi palco da maior feira de tecnologia agrícola e negócios do Norte/ Nordeste brasileiro. De 28 de maio a 1º de junho, aconteceu a Bahia Farm Show, que superou a expectativa de negócios em R$ 670 milhões na sua nona edição. A feira, realizada no município de Luís Eduardo Magalhães (BA), contrariou todas as dificuldades enfrentadas pelos produtores baianos nesta safra 2012/2013. Nos cinco dias da feira, 195 empresas dos mais diversos ramos de atividades voltadas para o agronegócio apresentaram uma gama de produtos que atendem às necessidades do pequeno, médio ou grande produtor rural. Segundo o organizador geral da feira, Thiago Pimenta, a edição de 2013 da Bahia Farm Show teve um espaço dedicado de 84 mil m² para exposição, um aumento de 20% do tamanho de área. “Crescemos na quantidade de expositores com 195 expositores, enquanto na edição anterior foram 182. São números que sugerem uma incremento nos negócios. O comparativo deixa claro o crescimento da feira, que este ano superou mais uma vez o volume de negócios que no ano passado foi de R$ 595 milhões e nesta edição chegou aos R$ 671 milhões”.

A feira atingiu outro recorde – 64 mil pessoas visitaram a Bahia Farm Show e acompanharam as melhores máquinas, em nível mundial, de agricultura mecanizada. “A feira não fica devendo a nenhuma das feiras anteriores realizadas pelo país; os melhores lançamentos estiveram presentes, tanto na área de plantio, colheita, pulverização, agricultura de precisão, dentre outros”, declarou o vice-presidente da Aiba, Celestino Zannela. Paralelamente aos negócios ocorreu uma série de palestras e seminários realizados durante a feira. “Um dos atrativos que a Bahia Farm Show tem é a melhor capacitação dos produtores, técnicos e visitantes para que alcancem um melhor resultado nas suas propriedades”, explicou Zannela. No Fórum Regional sobre helicoverpa, foram debatidas as últimas decisões a serem encaminhadas para o manejo fitossanitário na região sobre a lagarta helicoverpa, quando, nas últimas safras, ataques nas principais culturas da região do Cerrado têm sido relatados por produtores. A ocorrência de lagartas do gênero Helicoverpa na região do Cerrado foi observada a partir de fevereiro de 2012 em níveis populacionais nunca antes registrados, causando prejuízos da ordem de R$ 2 bilhões em milho, algodão,

64 mil pessoas visitaram a feira no município de Luís Eduardo Magalhães (BA)

fotos: mecânica da comunicação

Thiago Soares

195 expositores estiveram presentes na feira mostrando as tecnologias para o campo

soja, feijão comum, caupi, milheto e sorgo. No país, há também relatos de ataques em tomate, pimentão, café e citros, dentre outras plantas. Após cinco dias de evento, a 9º edição da Feira Bahia Farm Show terminou no sábado, dia 1º, com o Leilão Super Corte da ACCB – Associação dos Criadores do Cerrado Baiano. Com a participação dos melhores plantéis do Oeste Baiano, todos os 593 bezerros e garrotes de nelore e cruzamento industrial selecio-

nados foram arrematados num total de R$ 430.485,00. A média foi de R$ 700,00 por cabeça. O presidente da Bahia Farm Show, Julio Cézar Busato, comemorou os resultados. “Reunimos aqui todos os ingredientes para que as pessoas da cidade e região, além de realizarem negócios, tivessem conhecimento do que é a vida no campo, com suas tecnologias e avanços e o mais importante é que o leilão vem somar, pois as demandas do setor,

A feira teve um crescimento de 20% de espaço dedicado para a exposição

que não são poucas, só crescem. Realmente, alcançamos o que queríamos”. A Bahia Farm Show é uma realização da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia , Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), Associação dos Revendedores de Máquinas e Implementos do Oeste da Bahia (Assomiba), Fundação de Apoio à Pesquisa e Desenvolvimento do Oeste da Bahia (Fundação Bahia) e Prefeitura Municipal de Luís Eduardo Magalhães.


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Mercado

Atuação

Ajinomoto do Brasil comemora sucesso da Agrobrasília 2013 Empresa antecipa tendências do mercado e planos para os próximos anos na Feira fotos: divulgação

Peter Balluff , Diego Schimidt, Equipe Cristalina, João Enio e Francisco Teles Da redação

O

mercado de agronegócios está em alta. A Associação Brasileira das Indústrias de Tecnologia em Nutrição Vegetal (Abisolo) estima que, em 2013, o setor terá crescimento de 7% a 10%, como tem ocorrido nos últimos quatro anos e que o faturamento do setor passará de R$ 1,1 bilhão para R$ 1,3 bilhão. Acompanhando essa boa fase, a divisão Agronegócios da Ajinomoto do Brasil espera manter o crescimento de dois dígitos obtido desde sua estruturação em 2000. Seguindo a estratégia de expansão dos negócios em novos mercados, a Ajinomoto Fertilizantes participou, pela primeira vez, com estande institucional na Agrobrasília, realizada entre

os dias 14 e 18 de maio de 2013, em Brasília (DF). A região do Entorno, que compreende os municípios goianos de Cristalina, Formosa e Luziânia, é reconhecida pela alta tecnologia empregada, onde há forte diversificação de culturas e grande parte das lavouras conta com irrigação, o que torna a região um importante polo de disseminação de tecnologias. “A participação na Agrobrasília foi muito proveitosa, tivemos oportunidade de receber nossos clientes no estande e fazer contatos importantes com os parceiros. Saímos muito animados da Feira, as perspectivas de negócios são promissoras”, destaca José Francisco Teles, gerente de área da Ajinomoto do Brasil. O destaque da empresa na Feira foi o produto AMINO®Plus,

fertilizante foliar organomineral com alta concentração de aminoácidos e carbono orgânico, indicado para todas as culturas em diversas fases de desenvolvimento. Foi, principalmente, a partir de 2000, quando a empresa estruturou sua área de Agronegócios, que as vendas de fertilizantes (principalmente foliares) ganharam fôlego, impulsionadas pelo crescimento do mercado de nutrição vegetal no Brasil. Hoje, o país é o polo desenvolvimentista de fertilizantes do Grupo Ajinomoto, que também produz fertilizantes em sua afiliada no Peru. A produção brasileira é exclusivamente voltada ao mercado interno, mas há perspectivas de se expandir o negócio para outras fábricas do Grupo Ajinomoto ao redor do mundo.

da cana-de-açúcar – poderia ser usado na produção de fertilizantes. O coproduto gerado se mostrou rico em vários tipos de aminoácidos, diferencial dos fertilizantes da empresa, capaz de amenizar os efeitos do estresse hídrico nas plantas e a perda da floração, além de aumentar sua imunidade contra

território e grande variedade de culturas. Há também tecnologias inovadoras e investimentos governamentais importantes e essenciais à economia do país”, afirma Peter Balluff, gerente da divisão Agronegócios da Ajinomoto do Brasil.

Peter Balluff, João Enio, Diego Schimidt, Equipe Territorio Agrícola e Francisco Teles

Ajinomoto aposta nos aminoácidos como diferencial A divisão Agronegócios da empresa foi estruturada no ano 2000, porém a dedicação ao estudo dos fertilizantes vem desde a década de 1980, quando se descobriu que o coproduto resultante da fabricação do glutamato monossódico – que, no Brasil, é produzido através da fermentação de derivados

“Nossa meta é nos consolidarmos no mercado doméstico antes de exportar para outros países. O Brasil é um mercado favorável, com um campo vasto de investimento sustentado pela alta das principais commodities agrícolas, além do enorme

pragas e doenças, melhorar a qualidade do enraizamento e o sabor das frutas. O Grupo Ajinomoto é hoje líder mundial na fabricação e comercialização de aminoácidos para as indústrias alimentícia humana e animal, farmacêutica e de cosméticos. Saiba mais:

www.ajinomotofertilizantes.com.br


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Saúde Animal Comportamento

Flávia Ribeiro*

É

cada vez maior a tendência de mudança de comportamento do consumidor brasileiro provocada pela onda de consumo consciente: a necessidade crescente em entender a procedência e qualidade ética da carne que vem das indústrias frigoríficas e está disponível nas prateleiras das grandes redes varejistas. Neste contexto, a troca de conhecimento é essencial. Por isso, a WSPA realizou, em parceria com o Mapa, a Embrapa e a Unesp, o Workshop Internacional de Bem-estar dos Animais de Produção, entre 11/06 e 13/06, em São Pedro (SP). A iniciativa surgiu da necessidade de fomentar a troca de experiências entre os profissionais do setor que estão experimentando um mo-

mento de grandes mudanças no mercado, na legislação, na oferta de novas tecnologias, nas pesquisas de interesse dos consumidores e na forma como o mercado global deseja comprar um produto ético. Estudo realizado recentemente pela Coppead (UFRJ), coordenado pelo professor Celso Funcia Lemme, apontou que consumidores de carne estão dispostos a pagar entre 20% a 70% a mais por produtos que comprovem que não houve maus-tratos contra os animais. Parcerias entre pecuaristas e redes varejistas já indicam o uso de novas tecnologias para aumentar a produtividade e reflorestar áreas degradadas. O movimento ambientalista tem designado isso de produção da carne bovina sustentável. Para a WSPA, a carne sustentável é aquela que não só atende aos

indicadores legais, mas que demonstre que o animal teve uma vida digna, com bem-estar desde a sua criação até o abate. No Brasil, a fazenda São Marcelo recebeu o selo Rainforest Alliance Certified (o selo verde da pecuária), e já é uma referência no setor. Portanto, a responsabilidade das fazendas e indústrias é cada vez maior. É necessário atender aos três pilares da sustentabilidade: econômico, social e ambiental, que estão exigindo uma adequação cada vez maior dos sistemas convencionais. O papel do consumidor é ficar de olho nas condições de vida dos animais e na procedência dos bovinos, aves e suínos abatidos e não comprar carne sem qualidade ética. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), apenas a cadeia de carne

bovina movimenta R$ 330 bilhões ao ano. Não podemos fechar os olhos para esses números extravagantes. Neste cenário, para ampliar a capacitação do setor, a WSPA já alcançou a marca de mais de 5,7 mil profissionais treinados pelo Programa Nacional de Abate humanitário (Steps). É uma pena que ainda não haja um consenso no mundo acadêmico e, entre os grandes players do mercado, de que é melhor minimizar o sofrimento dos animais sem abrir mão da produtividade econômica, buscando soluções mais eficazes e menos cruéis para os animais, beneficiando também pessoas e todo o planeta. O bem-estar animal tem um impacto direto nos índices de produtividade e na qualidade da carne. É o jogo do ganha-ganha: beneficiam-se as pessoas, o

fotos: divulgação

A sociedade do consumo consciente e a carne sustentável

*Gerente de Comunicação da WSPA Brasil meio ambiente (os animais) e toda a cadeia produtiva. Depois da revolução digital, na Sociedade do Conhecimento, exper imentamos agora uma nova revolução: a Era do Consumo Consciente, que está sacudindo o mercado varejista em todo o mundo e exigindo ajustes em toda a cadeia produtiva alimentar.

ARTIGO CIÊNCIA

Educadores e Cientistas: o mundo deve muito a esses verdadeiros heróis Luiz Carlos Bhering Nasser*

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efletindo sobre os vários heróis com os quais convivi na minha vida de estudante e profissional, listo a seguir alguns nomes: Eneria Silva, Erotildes Carvalho, Januário Fontes, Pedro Gomide, Antônio Mendes, Isolete Luz, Heriberto Schmidt, Roque Santos, Arno Brune, Fábio Gomes, Geraldo Chaves, Cid Batista, ClibasVieira, Chotaro Shimoya, Antônio Ribeiro, Tuneo Sediyama, Laércio Zambolim, Paul Neegaard, Walter Hendrix, Eduardo Bulisani, Jon Jensen, Jack Rogers, Edson Lobato, Eliseu Alves, José Machado, Vilma Ribeiro, Paulo Alvim, Johanna Döbereiner, Robert Hall, Willian Jarvis, George Baron, Silvana Petrofeza, Abib Cury, João Herculino e Braulio Dias. Todos importantíssimos em cada fase da vida de muitas pessoas que tiveram a oportunidade de

usufruir de seus ensinamentos, orientação e sabedoria. A Ciência é a área da atividade humana menos passível de uma politização. A ideia normal que fazemos da Ciência é que ela seja um empreendimentto levado a cabo por cientistas de cuja integridade não duvidamos, seres humanos que trabalham desapaixonadamente pelo bem comum ou, no mínimo, para educar, orientar e fazer avançar o conhecimento, sem outro interesse que não o puramente intelectual. Por isso, essa classe de gente é tão admirada pela sociedade e seguimos, com reverência, quase tudo o que nos falam em nome da Ciência - dos conselhos sobre modos de vida até a nossa alimentação. Os educadores e cientistas formam, na mente popular, uma espécie de casta sacerdotal cujos oráculos devem ser antes acatados e depois discutidos. Todas as informações científicas chegam ao ho-

mem comum por meio da imprensa que, muitas vezes, tem a mesma paralisante reverência acerca da Ciência do homem comum. Poucas vezes, vemos jornalistas serem críticos e incisivos sobre a Ciência, educadores e cientistas, como eles normalmente são relativos a assuntos econômicos e políticos. Parte dessa timidez jornalística tem, certamente, a ver com a complexidade da Ciência, em suas numerosas especialidades. O assunto que ora nos ocupa é um dos muitos exemplos de como pode haver no campo da atividade científica uma politização maléfica que esconde vários interesses, dos mais restritos - fama científica e jornalística, disputa por verba para projetos de pesquisa, cargos políticos de comando - aos mais amplos, que vão desde interesses industriais bilionários até planos absurdos de governos, passando pelo

desejo de doutrinação da mente humana segundo certas crenças - podemos notar, dogmas político-ideológico-religiosos do mundo intelectual moderno – e, principalmente, por interesses diversos de governos que, em última análise, financiam as várias pesquisas importantes para a sustentabilidade do planeta. Atualmente, áreas científicas que sofrem com a politização são, por exemplo, as relacionadas ao meio ambiente, produção de alimentos, câncer, células-tronco embrionárias, Aids e à teoria da evolução. Neste momento, o mundo, e em especial o Brasil, requerem políticas públicas específicas para problemas específicos, adequadas a cada caso, que garantam uma atuação mais estratégica para lidar com um objeto muito mais sofisticado – a aprendizagem de todos e o combate à desigualdade,

* membro do Conselho Científico para Agricultura Sustentável (CCAS); Pós-Doutor em Biologia Ambiental e Professor do UniCEUB. apoio às instituições de ensino e pesquisa para, cada vez mais, reproduzirmos educadores e cientistas semelhantes aos citados no inicio desse artigo.


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EDUCAÇÃO

avaliação

O retrato das escolas rurais no DF Pesquisa revela as necessidades das escolas presentes no meio rural fotos: francisco carlos dos santos

A pesquisa foi realizada em 79 escolas localizadas na área rural do Distrito Federal Thiago Soares

O

perfil das escolas rurais do Distrito Federal foi o norte de uma pesquisa realizada no período de 1º a 11 de abril em escolas localizadas em Núcleos Rurais. A pesquisa revelou as características das instituições de ensino da rede pública presentes na área rural. A pesquisa realizada em 79 instituições de ensino rurais foi comandada pelo gabinete do deputado distrital Joe Valle, que percebeu que as escolas rurais apresentam características físicas e dispõem de infraestrutura bastante distinta das observadas nas escolas presentes na área urbana. Em termos de recursos disponíveis, a situação das escolas rurais é bastante precária. Para o deputado, a única maneira de se ter uma qualidade de vida na área rural é manter os jovens no campo e, para isso, a escola tem um papel fundamental. “O governo muito se ausenta da área rural e a escola é um dos únicos equipamentos públicos disponíveis para esses jovens”, explicou o deputado. O levantamento foi feito para mostrar e diagnosticar o que é preciso ser feito com urgência nas escolas rurais do

DF. “A partir dos resultados obtidos, realizamos todas as indicações para que o Governo do Distrito Federal tome providências para a melhoria do ensino na área rural”. O deputado explicou que o indicativo é uma ferramenta do Legislativo para o Poder Executivo no sentido de que o governo tome conhecimento de certas necessidades da população. O relatório da pesquisa apontou que a maior necessidade das escolas rurais no DF é na área de ensino prático. Das 79 escolas pesquisadas, apenas duas possuem laboratórios da disciplina de ciências. Nas outras disciplinas como química, biologia e física, a ausência deste instrumento nas escolas rurais é de 100%. Das escolas pesquisadas, 40 possuem laboratório na área de informática, mas destes, 21 estão sem acesso à rede de internet e apenas 10 dos laboratórios contam com professores de informática. A área de esporte e lazer também é pouco valorizada nas escolas rurais, sendo que 52 não possuem quadras de esportes. A água tratada é a grande preocupação, pois alunos de 28 escolas estudam em instituições que não são contempladas com o tratamento adequado de água. Além disso, 56 escolas não possuem rede de esgoto.

“Estamos articulando com a Secretaria de Educação essa questão, pois é um absurdo escolas não possuírem água potável”, exaltou Joe Valle. A região de Planaltina é a campeã em necessidades para a área educacional. As escolas necessitam de ampliação de espaço físico, reformas, construção de alambrado, construção e reforma de quadras e parque infantil e acesso à internet e telefone. Já a região de Gama necessita de reforma em cinco colégios da área rural. “Todas as demandas foram encaminhadas para o GDF e Secretaria de Educação. Em Planaltina, por exemplo, está previsto o atendimento de quatro escolas com a instalação de quadras cobertas”. Para o deputado, é fundamental que a população da área urbana se conscientize da importância do meio rural para abastecimento alimentar da população em geral e disse estar preparado para lutar pela educação na área rural e alocar emendas para tratar das necessidades das escolas. “Estou cumprindo o papel do parlamentar que é representar e ser fiscal. Se necessário, efetuaremos outro papel que é legislar, com talvez a criação de uma lei pra que o ensino de qualidade seja garantindo na área rural”, finalizou o deputado.

Mobilidade Outra ação que vem sendo executada é o Plano de Mobilidade Rural, realizado em conjunto pelas Secretarias de Transporte, Agricultura, Educação, DFTrans, Departamento de Estradas de Rodagem do Distrito Federal (DER-DF) e Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF). O plano prevê a pavimentação dos acessos às escolas

presentes na área rural do DF. “Para que o aluno estude, ele tem que ter acesso à escola e este plano veio para possibilitar o acesso. Com isso, a lama e a poeira nas proximidades das escolas fará parte do passado”, comentou o deputado distrital Joe Valle. Ainda segundo o deputado, a Câmara Distrital está trabalhando para que o Plano seja efetivamente implantado na Zona Rural do DF.

Posicionamento da Secretária de Educação Em resposta, a Secretaria de Educação do DF relatou que vem realizando uma série de ações para melhorias nas condições físicas/estruturais e pedagógicas para os alunos das escolas rurais, como uma ação articulada com outros órgãos para interligar as escolas rurais à rede corporativa que está sendo implantada em toda a rede pública de ensino do DF. A secretaria informou que, em fevereiro, lançou o Programa Material Escolar (CME) que garantiu a compra direta de materiais escolares a aproximadamente 130 mil alunos, filhos de beneficiários do Programa Bolsa Família. A

grande maioria são moradores de áreas rurais. Sobre a falta de saneamento básico, está em andamento o Programa de Saneamento nas Escolas Rurais. Por meio de uma parceria com a Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb), 72 escolas rurais da rede pública vão receber um sistema de abastecimento de água. Atualmente, sete escolas, localizadas em áreas rurais, já estão com ações previstas para construção de quadras cobertas ainda em 2013. Os demais projetos de cobertura de quadra estão sendo encaminhados para a Novacap a fim de ser criado um cronograma prioritário de atendimento.

Os resultados foram enviados a Secretaria de Educação do DF


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Espaço Coopa-DF Qualificação

PAD-DF terá representantes no Rodeio Nacional

IFB e Coopa-DF firmam convênio para ensino lydia costa

luiz carlos cenci

As aulas dos cursos poderão se iniciar já em agosto deste ano

I

A parceria tem o objetivo de manter os jovens na região e melhorar a qualificação dos profissionais Thiago Soares

O

Instituto Federal de Brasília (IFB) e a Cooperativa Agropecuária da Região do Distrito Federal (Coopa-DF) firmaram um convênio para a realização de cursos do Instituto no PAD-DF. A assinatura do convênio ocorreu em reunião com a comunidade no dia 29 de maio. Por atuarem na mesma área, a Coopa-DF e o IFB possuem diversos pontos em comum. A Cooperativa é um dos maiores centros de produção agrícola do país e o Instituto oferece cursos na área de interesse da Coopa-DF. A proposta de parceria se concentrou, principalmente, em dois pontos: a criação de um termo de cooperação entre as duas entidades para que os estudantes do IFB possam realizar estágios na Coopa-DF e a oferta de

cursos de capacitação voltados para a comunidade local. Serão ofertados, no PAD-DF, os seguintes cursos: agronegócio, operador de máquinas agrícolas e de eletricista. O engenheiro técnico da Coopa-DF, Cláudio Malinski, está diretamente envolvido no processo da implantação dos cursos do IFB. Segundo ele, os cursos serão ministrados no Centro Educacional do PAD-DF, mas, dependendo da procura por parte dos estudantes e trabalhadores, o projeto do IFB é construir, futuramente, um Centro de Treinamento da Instituição no PAD-DF. O curso de agronegócio é de nível técnico e tem duração de dois anos. Para os demais cursos, como operador de máquinas e eletricista, a carga horária é de 205 horas, com três aulas durante a semana. Ainda segundo Malinski, o interessante é que o

Instituto prioriza profissionais qualificados da própria região para ministrarem os cursos no PAD-DF. Para o curso de agronegócio, é necessário possuir o ensino médio completo, mas os alunos que se encontram no ensino médio podem entrar diretamente no curso antes da conclusão. O aluno ainda recebe uma ajuda de custo no valor de R$ 12 para transporte e R$ 6 para alimentação e realiza o curso gratuitamente. De acordo com Malinski, já existem três turmas formadas e a intenção é iniciar os cursos no próximo semestre. “A realização destes cursos do IFB é uma ótima ação para manter o jovem no campo e uma maneira de melhorar a qualificação dos trabalhadores da região”. A reunião contou com a presença de professores, alunos e funcionários da cooperativa.

ntegrantes do Centro de Tradições Gaúchas (CTG) Sinuelo da Saudade vão representar o PAD-DF no maior encontro da tradição gaúcha do Brasil. Entre 18 e 21 de julho, mais de dez padefianos vão participar do 16º Rodeio Crioulo Nacional de Campeões, do 12º Festival Nacional de Arte e Tradição Gaúcha (Fenart) e do 6º Jogos Tradicionalistas, na cidade de Jataí (GO). O evento reúne competições campeiras, artísticas e esportivas e deve atrair 10 mil pessoas. Uma seletiva realizada em Cristalina (GO), no fim de maio, definiu os laçadores classificados. Só participam do evento nacional os tradicionalistas mais bem classificados nas provas regionais de 2011 e 2012. O CTG Sinuelo da Saudade terá representantes nas três modalidades. “É um evento de alto nível, em que se encontram e competem as seleções de cada estado ou federação. O mais importante para nós, no entanto, é mostrar a força da tradição gaúcha aqui no PAD-DF e incentivar a arte, a cultura, o esporte e a lida campeira para a comunidade”, relata o patrão José

Severiano Walendorff. Ele é um dos esportistas da equipe de bocha campeira classificada para o encontro nacional. O CTG será representado, ainda, nas provas artísticas de declamação de poesias e conjunto vocal. Dois ex-patrões da entidade, Ademar Cenci e Carlos Luiz Cenci, integrarão a Seleção de Laço Comprido da Federação Tradicionalista Gaúcha do Planalto Central (FTG-PC) e o jovem Duvílio Paludo disputará o título nacional na modalidade Laço Guri. Os laçadores se classificaram na seletiva realizada em Cristalina, no dia 30 de maio.

Rodeio no PAD-DF De 28 a 30 de junho, o CTG Sinuelo da Saudade realizará o 21º Rodeio Crioulo Nacional do PAD-DF. Serão R$ 11.000,00 (onze mil reais) em prêmios para as provas de laço comprido. Laçadores do Distrito Federal, Goiás, Minas Gerais, Bahia, Rio Grande do Sul e de outros estados devem participar. Haverá almoço todos os dias na sede da entidade e tertúlia livre (apresentações musicais) à noite no Rancho da Água Benta.


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ESPAÇO EMATER Atuação

Emater promove desenvolvimento de assentamento Projetos desenvolvidos pela empresa de assistência em conjunto com a comunidade estão garantindo o aumento de renda das famílias

D

esde fevereiro de 2011, muita coisa mudou para as 20 famílias que vivem no assentamento Pequeno William, localizado na região de Planaltina (DF), próximo ao Instituto Federal de Brasília (IFB). Nesse período, a Emater-DF começou a atuar em prol dos assentados para promover a melhoria da qualidade de vida e desenvolvimento local, juntamente com diversas instituições parceiras. Hoje, existe energia, água para consumo e a comercialização de artesanato em fibra de bananeira. A alimentação e renda também melhoraram com a implantação de cinco unidades de Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (Pais) na área comunitária do assentamento. Trata-se de uma horta circular com um galinheiro ao centro e irrigação por gotejamento. O método dispensa o uso de agrotóxicos, queimadas e desmatamentos, preserva a qualidade do solo e das fontes de água, alia a criação de animais com a produção vegetal, estimula a agricultura orgânica, reduz a depen-

dência de insumos alheios à propriedade, apoia o correto manejo dos recursos naturais, incentiva a diversificação da produção e evita o desperdício de alimento, água, energia e tempo do produtor. Divididos em grupos, 14 famílias têm produzido hortaliças como beterraba, nabo, alface, mostarda, salsa, quiabo e batata-doce. O que não é consumido é comercializado pelos produtores na feira de Planaltina, às terças e sextas, e no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), em que o governo adquire a produção para fornecer a instituições socioassistenciais. Cada família pode receber até R$ 4.500 por ano com a comercialização pelo PAA. “Não havia água, energia, verduras para comer. Plantávamos pouca coisa em volta de casa. Agora temos uma variedade maior e conseguimos vender. Está muito bom”, relata a produtora Zuleire Laurindo de Souza. Segundo o gerente da Emater-DF em Planaltina, Revan Soares, o PAIS estimula a coletividade. “Eles se organizam para cuidar das hortas, dividem o rendimento obtido e se mobilizam para estruturar a produção”, disse.

Assentamento agroecológico De acordo com as características da área, os assentados trabalharão com atividades agroecológicas, o que já era pretendido desde o início, sendo uma das exigências para emissão da licença prévia. O Plano de Desenvolvimento de Assentamento (PDA), elaborado pela Emater em parceria com o IFB, prevê esse tipo de atividade. O documento faz parte dos serviços previstos no convênio firmado com o Incra e contém toda a análise de solo, de recursos hídricos e declividade, bem como um diagnóstico da área. O Plano é um dos passos para a licença definitiva do assentamento. A próxima etapa é a análise do documento pelo Incra e encaminhamento ao Ibram, que emite a licença aos assentados. Segundo o PDA, a área total do assentamento é de 134 ha e poderá ser dividida em 22 parcelas (lotes) de 5,6 ha cada. A maior parte das áreas serão preservadas ou manejadas utilizando Sistemas Agroflorestais (SAFs) com o apoio da Emater-DF. Com o trabalho desenvolvido no assentamento, os produtores têm maior expec-

emater-df

Carolina Mazzaro

A implantação de cinco unidades de Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (Pais) permitiu a melhoria de renda e alimentação

tativa de crescimento. “Agora que temos o Plano com todas as orientações, tanto para plantação quanto para moradia, estamos mais animados e vamos produzir mais. Uma coisa leva a outra: você morando bem, tem mais ânimo, saúde e planta melhor”, disse o assentado Rodrigo Rodrigues dos Santos. Além da produção, a Emater estimula a comercialização de artesanato por um grupo de mulheres do Pequeno William. Só na Agrobrasília, elas conseguiram arrecadar cerca de R$ 650 com os pro-

dutos feitos a partir da fibra de bananeira. “Elas conseguiram também uma encomenda de uma empresa agrícola que participou da Agrobrasília. Elas receberam R$ 700 pelas bonecas de palha”, conta a economista doméstica da Emater, Isabel Cristina da Cunha Lima. Todo o trabalho faz parte dos objetivos estratégicos da Emater de garantir a segurança alimentar e nutricional, o desenvolvimento rural sustentável, a execução de políticas públicas e a promoção da agroecologia.

Técnica

Agricultores familiares do Monjolo poderão aumentar produção de leite Um projeto beneficiará os produtores de leite no DF

A

gricultores familiares do Núcleo Rural Monjolo, localizado no Recanto das Emas, reuniram-se no dia 21 de maio para ouvir, dos extensionistas da Emater-DF, técnicas de melhoramento genético. Eles já são produtores de leite e querem produzir mais utilizando novas tecnologias. Os agricultores serão beneficiados por meio do projeto “Condomínio de Reprodução em Bovinos Leiteiros” que viabiliza a concessão de um tanque com doses de sêmen de touro das raças Gir e Holandesa. O objetivo é implantar o cruzamento alternado das raças por meio da inseminação artificial ou pela

monta controlada, aumentando a produtividade. O responsável pela técnica, o extensionista da Emater, Mário Paschoal, relatou outras experiências exitosas em Brazlândia, e disse que a iniciativa é importante para aperfeiçoar e organizar melhor este setor produtivo. “A técnica maximiza mão de obra e possibilita que o animal viva melhor no clima da região”. A coordenadora do programa de pecuária leiteira (Emater), Flávia Lage, diz que os desafios para os pequenos produtores são muitos, mas, por meio do trabalho conjunto e organizado, eles poderão superá-los e ter sucesso na atividade. “Estamos trazendo a técnica, mas sabemos que outros fa-

tores como alimentação, por exemplo, influenciam na obtenção de maior produção, por isso, eles vão trabalhar de acordo com a especificidade de cada um e também serão assistidos pelo programa Brasília Leite Sustentável”. Nadiane Sousa produz algumas hortaliças e leite e pensa em produzir mais. Ela espera, com essa oportunidade, gerar mais renda em casa. “Precisamos melhorar nossa produção, porque hoje conseguimos apenas o sustento da casa. Se aumentarmos a quantidade de leite, venderemos mais e vamos viver melhor”. Na região, alguns dos produtores já vendem para a Cooperativa de Leite de São Sebastião (Copas), mas, com o aumento da produção, eles

emater-df

Elaine Carneiro

Produtores veem com grande expectativa a implantação do projeto e o futuro aumento de renda

pretendem se organizar em formato de associação, gerando mais emprego no campo. A ação foi possível porque o extensionista Pedro Ivo - gerente da Emater do Gama -

identificou no grupo o potencial para aplicar a técnica e organizou a reunião na área rural. Para saber mais sobre a técnica procure uma unidade local da Emater-DF.


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CADERNO MÁQUINAS

Produtos

Budny expõe tratores e implementos em Brasília Feira reúne as maiores indústrias voltadas ao agronegócio do Brasil. Empresa é focada em produtos para a agricultura familiar

A

pós participar da Agrishow, em Ribeirão Preto, uma das maiores feiras de tecnologia agrícola do país, a Budny Tratores e Implementos foi para o Distrito Federal participar da Agrobrasília, outra feira que se destaca no cenário nacional. Para a Budny, estar nesta feira é importante para manter o relacionamento com os clientes já conquistados na região, mas também para angariar novos. “Nós temos uma revenda em Brasília e sempre conquistamos bons negócios no DF. Prova disso é o primeiro lote de tratores produzidos na nossa nova unidade de montagem que foi fruto de uma licitação que nós ganhamos em Brasília”, declara o diretor da empresa, Carlos Budny. A Agrobrasília é uma das mais de 70 feiras que a Budny tem em seu calendário para este ano. O objetivo

da Budny com a participação nesses eventos é divulgar a marca, comercializar os produtos e também fechar parcerias com novas revendas. Hoje já são mais de 50 unidades de venda que comercializam os produtos Budny em todo o país.

sérgio kremer

Da redação

Budny apresenta primeiros tratores catarinenses na Agrobrasília A Budny já está no mercado há 22 anos, mas foi há pouco mais de dois anos que iniciou a fabricação de tratores. Em novembro de 2012, a empresa inaugurou a sua unidade de montagem, tornando-se a primeira indústria de tratores de Santa Catarina e uma das poucas 100% nacionais. O novo parque fabril fica em Içara, Sul de Santa Catarina, cidade sede da empresa, e recebeu um investimento de R$ 30 milhões. Com essa nova unidade, a Budny aumentou sua fabricação de um trator/dia para cinco tratores/dia, com expec-

Espaço da Budny na Agrobrasília 2013. A empresa também participa de outras 70 feiras pelo país

Divulgação

tativa de chegar a 10 tratores/ dia até o fim do ano. O foco principal da empresa catarinense é a agricultura familiar, prova disso é o esforço que a Budny faz para nacionalizar os seus produtos. Hoje, os tratores Budny já ultrapassam os 75% de componentes nacionais, atingindo a meta exigida do Governo Federal para o financiamento agrícola que é de 60%. Apesar de investir pesado nos tratores, a empresa continua seguindo o caminho que a fez se consagrar no mercado e sempre busca melhorar a qualidade de seus implementos agrícolas. Tratores e Implementos – Produtos

O foco da empresa catarinense é a agricultura familiar

O secador multiuso de grãos foi o primeiro de uma

série de produtos que a Budny vem desenvolvendo há 22 anos e que hoje abrangem os setores agrícola, aviário, fumageiro, fundidos e usinados, leiteiro, além dos tratores que atualmente são o carro-chefe da empresa. Na linha de implementos são mais de 70 opções de produtos que oferecem a possibilidade de o agricultor trabalhar com artigos brasileiros de qualidade, seja qual for o setor em que ele atue. Por ser uma empresa verticalizada, a Budny preza pelos detalhes e mantém o nível alto em todos os processos produtivos que são a fundição, usinagem, metalurgia e eletrônica. A produção de tratores Budny iniciou-se em 2012 e em pouco tempo já conquistou uma boa fatia do mercado nacional.

E, pensando em oferecer a melhor opção de compra aos seus clientes, a Budny produz tratores com 78% de componentes nacionais, ultrapassando o índice de nacionalização obrigatório para o Financiamento de Máquinas e Equipamentos (Finame) do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES) que hoje é de 60%. Com a incorporação dos motores WMW aos tratores Budny, o produto chegará a 90% de nacionalização. Atualmente, são oferecidos 18 modelos diferentes de tratores.

Serviço Agrocity – Revenda Budny Endereço: BR 020 – km 19 – Planaltina – DF Contato: (61) 3388-4045 / 9197-3775 www.agrocitydf.com.br


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ENTORNO Minas Gerais

Emergência

Instituído Vazio Sanitário em Unaí e Região

Praga que atinge boa parte da produção nacional chega a Goiás

Uma das maiores pragas que atualmente assolam os produtores rurais será combatida por meio de tal ação, uma vez que a Mosca Branca reduz a produtividade e o desenvolvimento das plantas fotos: João Paulo/ Mais Comunicação

Planos emergenciais são discutidos para que a lagarta Helicoverpa Armigera não se espalhe ainda mais faeg

Mosca branca terá seu ciclo interrompido Giancarlo Faria/ Gisele Peixoto Reunião discute ações para combater helicoverpa Gisele Peixoto

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ecentemente, foi realizada uma reunião entre o superintendente de Irrigação da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Irrigação do Estado de Goiás (Seagro), Alécio Maróstica, e a Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) para discutir um plano emergencial de controle da lagarta Helicoverpa Armigera. A intenção é deliberar sobre ações a serem tomadas pelo setor público e produtores goianos para combater as pragas no estado de Goiás. A Helicoverpa foi constatada em diversas áreas do estado e é encontrada em todas as culturas de interesse econômico, além do tomate e soja. De acordo com Alécio Maróstica, os prejuízos são consideráveis. Ainda não foi instituído o vazio sanitário na região, uma ação que será de

grande importância para seu combate, porém, é o que está em discussão. “Vamos consultar a pesquisa sobre o assunto, apresentar aos produtores os benefícios do vazio sanitário, por meio de um fórum, e convocaremos técnicos da Embrapa, Emater, dentre outros”, informa. Ainda não foram identificados os motivos que influenciaram para que a Helicoverpa Armigera tenha se espalhado tão rapidamente nas regiões onde já foi identificada, porém, as condições climáticas do país cooperam para esse aumento. O clima tropical do Brasil é favorável e fez com que a lagarta se adaptasse bem. Ela consegue colocar cerca de 1,5 mil ovos e migrar até 4 mil quilômetros durante seu ciclo de vida. Além disso, a alimentação da lagarta é diversificada e, atualmente, existem cerca de 180 espécies hospedeiras.

Curso em Luziânia Com o apoio da Câmara Municipal, Secretaria de Esportes, Prefeitura e Empresas locais será realizado em breve o curso de Técnicas Básicas de Preparação Artísticas. São oferecidas 25 vagas. No curso serão ministradas

técnicas de interpretação, encenação, cenografia e figurino. A duração é de três meses com certificado. O curso é conduzido pela jornalista e diretora de produção, Rosidete Maria Rosa. Mais informações (61) 8607-0429.

J

á está oficializado o vazio sanitário do feijão no Distrito Federal e Minas Gerais, nos municípios de Guarda-Mor, Lagoa Grande e Vazante (pertencentes à regional de Patos de Minas); na região norte de Minas, os municípios de Urucuia e Chapada Gaúcha; no Noroeste mineiro, Arinos, Bonfinópolis, Brasilândia, Buritis, Cabeceira Grande, Dom Bosco, Formoso, João Pinheiro, Natalândia, Paracatu, Riachinho, Unaí e Uruana. Baseado nos estudos feitos pela Embrapa, a pesquisa apontou que a não existência de planta viva de feijão, ou seja, o vazio sanitário é a solução mais viável. Dessa forma, entre 15 de setembro e 25 de outubro o feijão não poderá ser plantado. O Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) instituiu em Minas Gerais a medida que visa a controlar a Mosca Branca, uma das pragas mais prejudiciais aos produtores de grãos. A portaria 1.308 foi publicada no dia 11 de maio de 2013, com base na Resolução nº 1.251, de 8 de maio de 2013, da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais.

A principal doença transmitida pela Mosca Branca é o mosaico. Causada por um vírus, a doença reduz gravemente a produtividade e o desenvolvimento das plantas, acarretando grandes prejuízos às lavouras. Para o Coordenador Regional do IMA, Antônio Marcos, a medida não é uma opção e sim uma obrigação. “Isso é exatamente para prevenir determinadas situações que venham prejudicar sua produção futura. Tivemos, no passado, problemas graves com a ferrugem na cultura da soja e uma medida que deu certo foi o vazio, então nosso objetivo é o mesmo, e o beneficio será para o próprio produtor”. A Engenheira Agrônoma do IMA, Janaína de Almeida Diniz, afirma que esta ação só trará benefícios. “O que

Vazio sanitário, solução mais viável

nós queremos é quebrar o ciclo da Mosca Branca. Então, todo produtor de feijão, seja proprietário, arrendatário, pequeno ou grande, deverá seguir a portaria que estabelece o vazio sanitário do feijão. O Produtor deverá cadastrar no IMA as áreas plantadas a cada safra, com, no mínimo, um ponto de georeferenciamento da propriedade em até 30 dias após o termino do plantio”, complementa. A produção de feijão no Noroeste Mineiro é fundamental para a economia brasileira e para a garantia na produção de alimentos, porém as perdas em até 80% devido à Mosca Branca na última safra trouxeram um alerta, pois o futuro da produção de feijão poderá ser definido pelos próprios produtores.


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ENTORNO

FESTA

Cabeceira Grande realiza a terceira edição da Cavalgada do Clube do Cavalo Mais de 500 pessoas estiveram no evento que teve o apoio da comunidade com diversas doações para que a pista de provas equestres seja erguida

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o dia 02 de junho ocorreu a 3ª Cavalgada do Clube do Cavalo de Cabeceira Grande (MG). Organizada pelos amigos Ewerton Calazans, Filipe Araujo, Hudson Rodrigo Ribeiro, Mauricio Soares, Paulo Miguel Ribeiro e Saulo Francisco, o principal objetivo do evento é unir gerações, reunir os amigos para dar continuidade às tradições da cidade e arrecadar fundos para a construção de uma pista de provas equestres, por meio de um leilão. Nesta última edição, participaram mais de 500 pesso-

as e cerca de 200 integraram a cavalgada. Foram percorridos aproximadamente 12 km, saindo da Fazenda Preta, do proprietário Carlos Levi, seguindo até o Sindicato Rural de Cabeceira Grande. O evento, criado em 2012, ocorre de duas a três vezes por ano e movimenta a cidade, tanto culturalmente, bem como, oferece interatividade entre os moradores e visitantes que se deslocam até lá no intuito de apreciar tal momento. “Para nós é muito importante que isso aconteça, porque podemos encontrar os amigos e receber pessoas de cidades vizinhas”, coloca Paulo Miguel.

A questão social também é envolvida, pois tira os jovens das ruas, conforme Filipe Araújo. “Por ser uma cidade que contém pouca diversão, para esse público ele é de grande relevância, uma vez que não os deixa ficar ociosos pelas ruas, além disso, aumenta o movimento do local e podemos fazer novas amizades”, afirma. Ainda não há patrocínio para sua realização, mas amigos e fazendeiros ajudam com o que podem para que aconteça. São feitas doações de diversos itens, como animais (bezerros, cavalos, galinhas), alimentos (milho, feijão), e muitos outros.

robson alves

Gisele Peixoto

Várias pessoas da cidade participaram da cavalgada

Luziânia sindicato de luziânia

Atenção ao Sindicato Rural Projetos são apresentados a representantes da Câmara Municipal no intuito de demonstrar a seriedade da instituição Gisele Peixoto

O

Sindicato Rural de Luziânia recebeu, em 6 de maio, a visita do presidente da Câmara Municipal de Luziânia, Álvaro Murilo Reis Roriz, acompanhado do presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária e Meio Ambiente de Luziânia, o vereador Marcelo Braz, juntamente dos vereadores Luzia Diretora, Denis Meireles e Nei Queiroz. Na ocasião, o presidente do sindicato, Marcos Epami-

nondas Roriz, apresentou o trabalho realizado pela instituição, e também pela Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), além dos projetos para o município em 2013. Dentre eles, há os cursos oferecidos pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar). Como exemplo para a área da pecuária está o Treinamento em bovinocultura de corte e de leite; Casqueamento de equídeos; Doma racional de equídeos. Na agricultura: Treinamento em floricultura

(abacaxi, banana, maracujá, etc). E ainda: Atividades de apoio agrossilvipastoril; Treinamento e operação de máquinas; Operação de máquinas e implementos de plantio direto; Operação de colheitadeiras automotrizes; Operação e manutenção de sistemas de irrigação – pivô central; Treinamento em artesanato, com bambu, criação de bolsa, bordado, flores, etc. Para fazer a inscrição, basta procurar o sindicato, pessoalmente, ou por telefone no número: 3621-1060.

Representantes da Câmara Municipal visitaram o sindicato


vazio, hoje. Fartura de soja amanhã. Vazio Sanitário. De 1/07 a 30/09, é proibido manter plantas vivas de soja no DF.

É o GDF chegando junto para cuidar da nossa agricultura. Se houver alguma planta de soja viva, é preciso eliminá-la. Assim, acabaremos com uma das doenças que mais prejudica a lavoura da soja. Sem planta viva, a ferrugem asiática não resiste e morre. Aí, depois é só plantar novamente e colher a fartura.

Secretaria de Agricultura


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