Revista Mangalarga nº 9 - Julho 2009

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sumário julho 2009 | nº 9 Adaldio José de CastilhoFilho

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Capa Raça Mangalarga mostra sua aptidão para a lida com gado nas fazendas

Arquivo pessoal Leandro Canedo

Marketing Osvaldo V Ruffino marketing@cavalomangalarga.com.br Editor responsável Marcelo Mastrobuono marcelo@revistahorse.com.br Coordenação Juliana Machado

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Representante Comercial ABCCRM Norberto Candido comercial@cavalomangalarga.com.br Textos e Assessoria de Imprensa Andréa Silva informativo@cavalomangalarga.com.br Pedro Rebouças pereboucas@terra.com.br

Treinamento Aprenda tudo o que é necessário para produzir um bom cavalo de sela

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A Horse Mangalarga é um Suplemento Especial da Revista Horse, com conteúdo fornecido pelo departamento de comunicação da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga (ABCCRM) e dirigido a seus associados e leitores de forma geral. As opiniões expressas em artigos e reportagens são de plena responsabildiade de seus autores e não correspondem, necessariamente, os conceitos da editora.

Direção de Arte /Diagramação Afonso Avancini e Rosana Milaré Projeto Gráfico e Capa Hiro Okita

Thiago D’Anglieri

Cavalgadas Confira os eventos realizados no primeiro semestre

Seções 6 8 10 14 28 32 36 40 42 50

Editorial Mangalarganews Calendário Leilão Leilão Oficial Giro dos Leilões Artigo Ópice Nutrição Cavalgada Jundiaí Social Expo Londrina

4 ( horse ) Suplemento Especial Mangalarga julho 2009

Anuncie: Fone (11) 3673-9400 ABCCRMangalarga www.cavalomangalarga.com.br Av. Francisco Matarazzo, 455 - Pavilhão 4 “Dr. Fausto Simões” - Parque da Água Branca São Paulo - SP - CEP: 05001-300 Fone: (11) 3673-9400 - Fax: (11) 3862-1864

Diretor Editorial Marcelo Mastrobuono Administração Rogério Braga admin@revistahorse.com.br Circulação/ Promoção circulacao@revistahorse.com.br Assinaturas assinantes@revistahorse.com.br Atendimento ao leitor www.revistahorse.com.br Fone: (15) 3261-4810 Endereço: Rua José Alcalá, 10 - Bairro Célia Maria, Porto Feliz - SP - CEP 18540-000 Impressão: IBEP Gráfica



palavra do presidente Sérgio Paiva

Amigos para sempre Presidente Sergio Luiz Dobarrio de Paiva 1º Vice-Presidente Executivo Nelson Antonio Braido 2º Vice-Presidente Executivo Fernando Raucci Neto 1º Vice-Presidente Operacional João Pacheco Galvão de França 2º Vice-Presidente Operacional João Carlos Matta Diretoria Adjunta Diretoria de Cavalgadas Paulo Pacheco Silveira Diretoria de Comunicação Gilberto Diniz Junqueira Diretoria de Eventos Antonio Carlos Pestili Fonseca Diretoria de Exposição Fábio Alvim Ferreira Diretoria Financeira Vital Jorge Lopes Diretoria de Fomento João Luis Ribeiro Frugis Maurício José Costa Diretoria Jurídica Fernando Tardioli Lúcio de Lima Diretoria de Marketing Oswaldo Lopes do Nascimento Filho Sérgio Roberto Dias Diretoria Nova Geração Leonardo Novaes Figueiredo Augusto Diretoria de Núcleos Eduardo Faria Finco Paulo Roberto de Oliveira Vilela Filho Diretoria de Pelagem Marisa Iório Correa da Costa Conselho Superior de Administração Membros Eleitos Adaldio José de Castilho Filho, Antônio Caetano Pinto, Fernando Ferrucio Rivaben, José Luiz Junqueira Barros, Luiz Cintra Sutherland Membros Efetivos Célio Aschar, Celso Galletti Montalvão, Clodoaldo Antonângelo, Eduardo Diniz Junqueira, Élio Sacco, Felipe de Paula Cavalcanti de Albuquerque Lacerda Filho, Flávio Diniz Junqueira, Francisco Marcolino Diniz Junqueira, Geraldo Diniz Junqueira, Ivan Antônio Aidar, João Leite Sampaio Ferraz Júnior, Luiz Eduardo Batalha, Mário Alves Barbosa Neto - Presidente, Ottorino Marini, Reginaldo Bertholino Renato Diniz Junqueira Conselho Deliberativo Técnico André Fernando Freire, André Fleury Azevedo Costa, Luciano Pacheco de Almeida Prado, Marcelo Leite Vasco de Toledo - Presidente Marcos Sampaio de Almeida Prado Paulo Lenzi Souza Leite Não Técnicos Adolpho Júlio Camargo de Carvalho Eduardo Figueiredo Lima Filho Paulo Francisco Gomes Della Torre Roberto Antonio Trevisan Sebastião de Assumpção Malheiro Neto Serviço de Registro Genealógico - Stud Book Superintendente do Serviço de Registro Genealógico: Jayme Ignácio Rehder Neto Contato ABCCRM: (11) 3673-9400 e-mail: informativo@cavalomangalarga.com.br

m dos grandes prazeres da O amigo Francisco Jalles, falecido criação de cavalos são as ami- dia 4 de dezembro de 2.008 aos 49 zades que conquistamos. Quase anos, também deixou seu nome na sempre, os cavalos reúnem em tor- história como um dos grandes criadono de si pessoas de sensibilidade, res de Mangalarga. Foi, acima de tudo, dedicadas e com grande espírito de um entusiasta da raça e também colacompanheirismo. Na associação dos borou de forma significativa a sermos mangalarguistas essas qualidades o que somos hoje. são tão evidentes, que acabamos São de pessoas assim, com paipor formar uma extensão de nossas xão e dedicação, que a Associação famílias. Aqui temos pessoas com as Brasileira de Criadores de Cavalos da quais comRaça Manpartilhagalarga Márcio Mitsuishi Divulgação mos nossas vem, ao conquistas, longo de lamentasua história, mos nossas c r e s ce n d o derrotas e e formando buscamos, novas geraa todo o ções. m o m e nto, O rpheu seguir um e Francisco caminho de deixam o evolução, nosso conpara que vívio terrespossamos tre como nos aperfeigrandes çoar tanto Orpheu e Francisco: deixaram sua marca na família exemplos como cria- mangalarguista e nunca serão esquecidos a serem sedores quanguidos. Foto pessoa. ram, assim T u d o como tanisso, porém, não ocorre por acaso. tos outros, homens que têm a nossa É fruto do trabalho de muita gente admiração e o nosso respeito. Coisas que, antes de nós, plantou e semeou que não se encontram em qualquer esses ideais. Gente como Orpheu lugar e que aqui nos esforçamos José da Costa e Francisco Jales, dois para manter. São dessas boas lemcriadores destacados da raça que branças de companheirismo que nos deixaram recentemente. Orpheu continuaremos o trabalho para torfaleceu em 23 de maio, aos 82 anos, nar o Mangalarga o melhor cavalo deixando um histórico de mais de mil do Brasil, porque aqui, mais do que registros no stud book da raça, com criadores, temos grandes laços de a sigla OJC, um sinônimo de qualida- amizades. E é isso que nos faz cada de e competência na criação. vez melhores. Saudades, amigos!

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mangalarganews

Fotos: Norberto Cândido

Giro pelo mundo do Mangalarga

exposições

oportunidade

Eventos movimentam o mês de maio Técnicos vão a palestra de Jean crise econômica internacional de andamento e uma cavalgada. A parece não ter abalado o O circuito de exposições da Marie Denoix ânimo dos criadores de Mangalarga. raça, por exemplo, teve em maio o A raça, afinal, teve uma programação bastante movimentada nesse primeiro semestre. Prova disso foi a variada agenda mangalarguista no mês de maio, quando a raça realizou eventos no Distrito Federal e nos estados de São Paulo, Paraná, Bahia, Goiás, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Segundo a Associação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga (ABCCRM), a programação deste quinto mês do ano contou com 12 eventos. Além do aguardado 2º Leilão de Maio, realizado no dia 16 de maio, nas dependências do Haras Otnacer, em Quadra (SP), o calendário oficial incluiu oito exposições, duas copas

Eventos realizados em Guaxupé (MG)

mês mais movimentado de 2009. Nesse período, a associação realizou mostras em algumas das mais importantes feiras agropecuárias do País, passando pelas cidades de Lençóis Paulista (SP), Maringá (PR), Jequié (BA), Goiânia (GO), Guaratinguetá (SP), Belo Horizonte (MG), Franca (SP) e Esteio (RS). Já as provas funcionais fizeram parte da agenda mangalarguista em dois estados. Em Minas Gerais, o Núcleo Mangalarga do Sul de Minas e Média Mogiana promoveu a terceira edição da copa de andamento da região. A disputa aconteceu no dia 2, primeiro sábado do mês, na cidade de Guaxupé. Duas semanas depois, foi a vez da Bahia sediar uma competição do gênero, a Copa de Andamento de Jequié, realizada durante a 30ª exposição agropecuária, industrial e comercial desse importante município do centro-sul baiano. Por sua vez, o Distrito Federal foi palco da tradicional cavalgada do Haras Catedral. O evento, promovido pelo Núcleo Mangalarga de Brasília e organizado pelo criador Flávio Fernandes, percorreu trilhas e estradas da região do Girassol entre os dias 22 e 24. A prova de Andamento Mirim emocionou a todos os presentes durante as competições na cidade de Guaxupé. Com direito aos mesmos troféus oferecidos aos vencedores da competição adulta, os pequenos representantes da raça mostraram toda a vontade e paixão que vão fazer ótimos frutos para o futuro da raça.

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om o objetivo de investir no quadro de técnicos e jurados, a nova diretoria da ABCCRMangalarga ofereceu aos membros técnicos do CDT a oportunidade única de ver a palestra do Dr. Jean-Marie Denoix que aconteceu no dia 12 de maio, na Faculdade Jaguariúna (SP). Participaram desta oportunidade, Jayme Rehder, Marcelo Leite, Luciano Pacheco e André Fleury. Eles puderam conferir de perto a explanação do Professor PhD da Ecole Nationale de Vétérinaire d’Alfort – França sobre a Biomecânica e os problemas no dorso do cavalo. Denoix abordou com muita propriedade e riqueza a biomecânica dos cavalos, através de imagens exclusivas, que demonstravam as diferenças biomecânicas existentes nas andaduras, modalidades equestres e raças. Demonstrou também quais são as lesões mais comuns provocadas por cada modalidade, bem como as suas causas, conseqüências, tratamentos e prevenções. O evento foi promovido pela Global Equi Consulting.

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Membros do CDT foram a Jaguariúna



mangalarganews Fotos: Norberto Cândido

Marisa Iório no Dia a Dia Rural A Diretora de pelagem Marisa Iório Corrêa da Costa (Haras Lagoinha), participou do programa Dia a Dia Rural, uma das principais atrações do Canal Terra Viva, no dia 6 de abril. Ela foi a entrevistada do jornalista Otávio Ceschi Jr. no quadro Conversa Franca.

Copa Colina de Marcha e Função 2009 Em seu terceiro ano consecutivo de realização, a Copa Colina de Marcha e Função vai reunir criadores das raças Mangalarga e Mangalarga Marchador nos dias 5 e 6 de setembro, no Clube Hípico de Colina/SP. A prova iniciou com o propósito de confraternizar criadores e proprietários das duas raças e ano após ano vem também somando com o objetivo de aperfeiçoar a raça e salientar suas qualidades.Veja mais informações sobre inscrições e o regulamento completo no site da ABCCRMangalarga pelo endereço www.cavalomangalarga.com.br

Simpósio no Parque da Água Branca A ABCCRMangalarga participou do 1º Simpósio Agropecuário do Parque da Água Branca, realizado nos dias 4 e 5 de junho em comemoração aos 80 anos do Parque. A palestra sobre as aptidões de morfologia e andamento da raça foi realizada pela Dra Aracy Tavares de Oliva Ghiu e aconteceu no primeiro dia dos trabalhos do Simpósio. Para enriquecer a apresentação também houve uma demonstração de andamento da raça, realizado com animais do criador Nelson Antonio Braído na pista principal do Parque, e comentários da palestrante. O Simpósio contou com palestras de sobre todas as raças do Parque e reuniu interessados e estudantes que participaram gratuitamente do encontro.

divulgação

Mangalarga é destaque na Exposição de Guaratinguetá urante a Feira Agropecuária Expoguará, realizada nos dias 23 e 24 de maio, o cavalor Mangalarga esteve bem representado com 95 animais proveniente de 19 dos principais criatórios dos estados de São Paulo e Minas Gerais. O julgamento foi conduzido pelos jurados Silas Eduardo Freire e Marcelo Boaro Junior em ambiente bem descontraído e muito didático, com a presença de vários criadores e um bom público. Em clima de festa a programação incluiu um churrasco no sábado à noite na propriedade do criador e organizador do evento, Dirk Helge Kalitzki.

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A exposição reuniu ótimos animais e o ponto alto do evento acabou sendo à prova funcional no domingo a tarde com a presença espontânea de 22 conjuntos disputando um prêmio em dinheiro.

O evento reuniu ótimos animais da raça

internacional

Mangalarga faz bonito no Enduro Internacional os dias 1 e 2 de maio ocorreram as provas internacionais e o Campeonato Paulista de Enduro,

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Vivian ficou com o 1º lugar na prova

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no Haras Endurance, em Bragança Paulista. Na categoria regularidade aberta com placas, 23 km, Stefanie Caixeta Kalitzki, 9 anos, montando Era do Vassoural obteve 2° lugar, seguido pelo seu pai Dirk Helge Kalitzki, montando Dakota Forsteck, que ficou em 3° lugar. Na categoria regularidade batimento jovem, Stefanie também ficou em 2° lugar, mostrando ser o Mangalarga um excelente cavalo para regularidade no enduro. O 1º lugar da competição por placas também ficou com um representante da raça Mangalarga, Vivian Feres José, montando Humaitá do Suelotto, sagrando-se campeã.



mangalarganews

fomento

Fotos: Norberto Cândido

homenagem

Mangalarga em Bragança Paulista Bertholino recebe o prêmio The Best criador Reginaldo Bertholino recebeu durante as festividades da 49ª Exposição de Londrina, o troféu The Best que premia os melhores criadores do país, promovido pela Sociedade Rural do Paraná e a revista AG. Foi o nono ano consecutivo que a Exposição Agropecuária e Industrial de Londrina foi palco da entrega deste prêmio idealizado para homenagear, estimular e fortalecer o trabalho que os criadores vêm desenvolvendo na pecuária brasileira. O The Best homenageia os melhores do ranking de cada Associação Brasileira de Criadores e é o único prêmio em nível nacional que abrange todas as raças bovinas, bubalinas e equinas.

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Mostra reuniu a beleza e a funcionalidade do cavalo Mangalarga

cavalo Mangalarga foi a grande atração do segundo final de semana da 44ª Expoagro, a Exposição Agropecuária de Bragança Paulista (SP). Afinal, a tradicional mostra da raça no município reuniu um plantel de grande qualidade, proveniente dos principais criatórios do País. Os julgamentos aconteceram nos dias 24, 25 e 26 de abril, nas dependências do Parque de Exposições Doutor Fernando Costa, popularmente conhecido como Posto de Monta. Na ocasião, os animais foram avaliados - tanto em morfologia como em andamento – pela experiente dupla de jurados composta por Leandro Canedo Guimarães dos Santos e Marcelo Leite Vasco de Toledo. Oitava etapa do circuito de exposições neste ano, a Exposição de Bragança levou uma boa dose da beleza e versatilidade da raça ao público que prestigiou a Expoagro. Além disso, a mostra marcou também o acirramento da disputa pelas primeiras colocações do ranking anual desenvolvido pela Associação Brasileira

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de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga (ABCCRM), atraindo um grande número de aficionados. Segundo o criador Rodnei Pereira Lima, um dos responsáveis pela organização do evento, a mostra bragantina está entre as mais tradicionais do cenário mangalarguista, acontecendo desde 1.950. “Esta é uma exposição de peso, que atrai os principais criatórios do Brasil. Por esse motivo, o animal premiado aqui é sempre bem ranqueado. Isso também faz com que ele acabe, sem dúvida, por se valorizar dentro da seleção da raça”, explica . Além da mostra de Bragança Paulista, o circuito de exposições da raça Mangalarga teve outras duas etapas entre os dias 24 e 26 de abril. No interior paulista, aconteceu a Exposição de Itapetininga (SP), que contou com a presença do jurado Lourenço de Almeida Botelho. Já no Distrito Federal, foi realizada a Exposição de Brasília, cujos trabalhos foram conduzidos pela jurada Maria Aracy Tavares de Oliva Ghiu.

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Bertholino (esq) recebeu o prêmio de Gil Abelin



passeio Fotos: Arquivo Pessoal Thiago D”Angieri

Por Thiago D´Angieri

Jundiaí e Região realizam a sua segunda cavalgada Núcleo reuniu amigos em um dia especial de contato com a natureza

A maior parte do percurso foi feita através de pastagens, plantações e trilhas das fazendas da região

gosto por cavalgar foi o que levou um grupo de amigos a fundar o Núcleo Mangalarga de Jundiaí e Região (NMJR), para fomentar a raça. Todos seus fundadores são participantes ativos de cavalgadas e das tradicionais romarias. Em 2.007 foi realizada como etapa regional a 1ª Copa de Andamento do NMJR, oficializando assim a fundação da entidade. No ano seguinte, foi realizada a primeira cavalgada do núcleo jundiaiense e uma etapa a Copa de Andamento Matsuda. O enorme sucesso da 1ª Cavalgada logo se espalhou, chamando a atenção dos proprietários do Zooparque Itatiba, também amantes de cavalgadas, que nos procuraram para promover um evento juntos, e novamente, em parceria com o Haras Três Rios foi marcada a 2ª Cavalgada do Núcleo. Foi oferecido um café da manhã, enquanto os 80 cavaleiros desembarcavam e preparavam seus animais, já em clima de confraternização e descontração. Cavalgamos, a maior parte do percurso por pastagens, plantações e trilhas das fazendas, sempre cercados de muito verde e de belas paisagens, principalmente quando em um local cuja altura ultrapassa os 900 metros do nível do mar, onde se tem uma vista maravilhosa. Durante o trajeto havia um carro de apoio com bebidas, frutas e lanches. No meio do caminho foi feita uma parada para um lanche e descanso dos animais. Foi uma grande satisfação ver famílias reunidas, com marcante presença feminina. Abrilhantando ainda mais o evento, destaco as presenças das crianças Stefanie e Karen Kalitzki, duas irmãs que desde cedo já cultivam o amor pelos cavalos, seguindo o exemplo de seus pais. Ao chegar ao Zooparque Itatiba havia toda uma estrutura preparada para receber os cavaleiros e suas montarias, onde foi servido um delicioso almoço. Após o almoço alguns cavaleiros ainda foram visitar os animais do zoológico, uma atração imperdível. Essa cavalgada, repetiu o sucesso da anterior. Nossa intenção é continuar promovendo eventos para difundir a raça entre os amantes de cavalos e propiciar bons momentos, além de incentivar para que se reúnam com frequência, compartilhando assim a paixão pelo Mangalarga.

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Thiago D´Angieri É médico veterinário e membro efetivo do Núcleo Mangalarga de Jundiaí e Região 14 ( horse ) Suplemento Especial Mangalarga julho 2009



capa Por Pedro Rebouças

Fotos: Adaldio José de Castilho Filho

Mangalarga, o cavalo

Cômodos, rústicos e funcionais, os exemplares da raça esbanjam aptidão para a lida com o gado, transformando-se em uma ferramenta essencial para o dia a dia das fazendas brasileiras Com a ajuda da montaria, peão laça o bovino que será curado

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universo rural vem vivendo nas últimas décadas um processo de intensa modernização. O que antigamente era feito de forma rústica e manual, hoje é realizado por máquinas de última geração, capazes de substituir o trabalho de muitos homens e animais. Basta uma breve visita a feiras como a Agrishow, realizada anualmente em Ribeirão Preto (SP), para perceber a pujança do setor de tecnologia agrícola, um negócio que movimenta bilhões de dólares anualmente. Entretanto, esse grande avanço tecnológico ainda não foi capaz de substituir a dupla peão e cavalo nas fazendas que se dedicam à pecuária. A lida com o gado, afinal, continua a depender em grande parte do apoio dado por funcionários montados, cujas tarefas englobam desde a condução e apartação da boiada até a contenção e realização de curativos em bezerros e bois. Segundo Adaldio José de Castilho Filho, criador da raça Mangalarga e pecuarista na região de Novo Horizonte (SP), sem cavalos e burros não há pecuária. “Esses animais, ainda hoje, são fundamentais para a lida com o gado. Com eles você pode acompanhar a boiada e identificar os bezerros que precisam de cuidados no pasto mesmo.” Adaldio explica também que, em grandes fazendas como as do interior brasileiro, se o pecuarista for deslocar a boiada para o curral toda vez que precisar cuidar de um animal estará perdendo muito dinheiro. “Em alguns casos, como as distâncias são grandes, você pode chegar a perder meia arroba por cabeça a cada deslocamento da boiada. Dessa forma, é muito mais prático e econômico tratar os animais onde eles estão, usando os cavalos para alcançálos e contê-los, fazendo o que os peões normalmente chamam de rodeio.”

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bom

de trabalho

Dentro deste cenário, a Mangalarga está entre as mais indicadas para a lida com o gado. Pois, além de possuir índole de trabalho, é extremamente rústica e tem uma apurada percepção no trato com o gado. Isso sem falar em outra importante característica da raça, a marcha trotada, uma andadura natural que reúne comodidade, agilidade e progressão, permitindo longos deslocamentos diários com pouco desgaste tanto para o cavalo como para o cavaleiro. Integrante do conselho técnico da Associação Brasilera de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga (ABCCRM), Marcelo Leite Vasco de Toledo destaca a aptidão dos exemplares da raça para as tarefas típicas da pecuária. “O cavalo Mangalarga foi selecionado na lida diária desde sua origem. Essa ginástica funcional proporcionou à raça características essenciais para o trabalho na fazenda, como rusticidade e resistência.” Toledo conta ainda que é comum chegar em uma grande fazenda e ver cavalos Mangalargas magros, enquanto os demais equinos estão gordos. “Isso acontece porque os peões preferem sair para trabalhar com os cavalos da raça. Afinal, esses animais, além de confortáveis, são ágeis, versáteis e aguentam arreio o dia inteiro. E enquanto eles trabalham, os outros cavalos ficam pastando na fazenda.” Características fundamentais É evidente, entretanto, que mesmo dentro da raça Mangalarga existem exemplares e linhagens com mais aptidão para o trabalho na fazenda e a lida com o gado. julho 2009 ( horse ) Suplemento Especial Mangalarga 17


capa

Habilidade da raça para o trabalho na fazenda ajudou o desbravamento de muitas regiões do País

Cow sense é uma das qualidades da raça

“Isso é natural e muitas vezes depende da forma que o animal foi criado. Pois, se você colocar na lida um cavalo que passou a vida toda na cocheira, fazendo exercícios apenas eventualmente no redondel, ele vai sentir dificuldade em enfrentar uma jornada de oito horas de trabalho”, explica Toledo. Já Adaldio Castilho ressalta que em sua criação os animais desde cedo desenvolvem o “cow sense”, aquela apurada percepção no trato com o gado que facilita o trabalho no dia a dia. “No Haras NH, a tropa é criada junto com a boiada. Ela lambe o mesmo sal, bebe água no mesmo lugar e por isso conhece o cheiro do boi, está familiarizada com ele. Consequentemente, nossos cavalos não estranham o boi e possuem uma grande facilidade para o trabalho na lida”, esclarece Castilho, que também integra o corpo de jurados da ABCCRM. O criador cita ainda algumas características físicas fundamentais para um bom cavalo de trabalho. “Ele deve ter um bom tronco, boa musculatura dorso-lombar, tipo medilíneo, bons aprumos e não pode ter um pescoço muito comprido. Precisa também ser macio, com garupa e pernas boas, conjugando essas características à índole de trabalho, à resistência e à rusticidade. Essa última qualidade, aliás, é uma das mais importantes, afinal esse cavalo geralmente se alimenta apenas de capim e, além das longas jornadas diárias, precisa estar acostumado a exigentes condições climáticas.” Outra ressalva feita por Adaldio é em relação à altura. “O cavalo de trabalho não pode ser alto, pois animais muito grandes não aguentam tempo de serviço e precisam de muito capim. Além disso, o cavalo muito alto proporciona um desgaste muito grande para o peão, que precisa apear e montar inúmeras vezes ao longo do dia. O ideal é que o animal tenha entre 1,56m e 1,58m de altura.” Marcelo Toledo, por sua vez, destaca algumas qualidades imprescindíveis, como boa estrutura, bom lombo, bons membros e bom temperamento. E lembra ainda que as qualidades responsáveis por tornar a raça essencial nas fazendas são as mesmas que lhe proporcionam sucesso nas mais variadas modalidades equestres, como o team

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penning, o enduro de regulariadade, as provas de maneabilidade e as cavalgadas. Uma longa história A aptidão do Mangalarga para o trabalho na fazenda e para a lida com o gado ajudou a desbravar muitas regiões do País. Esse processo teve início na primeira metade do século XIX na Alta Mogiana, nordeste do estado de São Paulo, onde a raça nasceu e se desenvolveu, por meio do trabalho de pioneiros da colonização da região como Francisco Antônio e Francisco Marcolino Junqueira. Mais tarde, no final do século XIX, a raça foi uma ferramenta importante para a expansão da cafeicultura no oeste paulista. “Nas fazendas de café daquele período, o Mangalarga servia de meio de transporte para os fazendeiros e gerentes que orientavam e fiscalizavam a plantação”, explica Marcelo Toledo, cuja família está ligada à cafeicultura há muitas gerações na região de Amparo (SP). O técnico da associação destaca ainda o importante papel desempenhado pela raça no desbravamento de áreas e na expansão da pecuária durante o século XX. “Nosso cavalo foi fundamental para que regiões como o Norte do Paraná, onde estão Londrina e Maringá, e a Alta Noroeste paulista, onde está Araçatuba, a capital nacional do boi gordo, se transformassem em grandes centros pecuários”, destaca. Além disso, nas últimas décadas a presença do Mangalarga em grandes projetos pecuários também vem se tornando cada vez mais comum nas novas fronteiras agrícolas do País. Em estados como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Pará, muitos criadores de gado têm investido na raça, conseguindo assim melhorar o manejo e obter melhores resultados financeiros. No ano passado, por exemplo, 300 exemplares da raça foram levados de São Paulo para o Pará com o intuito de refinar o plantel de serviço de um projeto pecuário envolvendo cerca de 400 mil cabeças de gado. Diante deste quadro, pode-se afirmar que o Mangalarga e a pecuária brasileira, que, aliás, está entre as principais do mundo, continuarão evoluindo em conjunto por muito tempo. Levando, dessa forma, a prosperidade para os mais distantes pontos do Brasil.



treinamento Por Leandro Canedo

Produzindo cavalos de qualidade

O processo de treinamento precisa de ações específicas

Além da sanidade física, boa nutrição e pedigree bem traçado, o cavalo tem de ser bem preparado e treinado

uando se fala em cavalos de sela, pensa-se logo no Mangalarga. No entanto, não basta ter um pedigree, uma inscrição em um stud book da raça, para preencher os quesitos necessários. Além da sanidade física, boa nutrição e pedigree bem traçado, ainda terá de ser bem preparado e treinado. O processo de treinamento e preparo carece de ações específicas e claras para que sejam bem sucedidas. Entendemos que deverão ser realizadas as seguintes etapas e com bastante clareza.

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Amansar Consiste basicamente em retirar do animal cócegas e medo não utilizando a força, nem provocando dor. Isto deverá ser feito sem cordas ou qualquer outro tipo de contenção física e em qualquer idade do animal. Pode-se utilizar um recinto seguro o qual estabelecerá os limites de espaço público, semi-público e íntimo. Transitar de um para o outro dará o tempo e as condições para construir a confiança entre o cavalo e o ser 20 ( horse ) Suplemento Especial Mangalarga julho 2009


Fotos: Arquivo Pessoal Leandro Canedo

humano, desde que sejam respeitados alguns princípios: aproximação LENTA, em curvas e vistas pelo cavalo (evitar os pontos cegos) e com o mínimo de alarde. Cabeça baixa, braços fechados, parecerão para o cavalo uma aproximação amistosa. Esta fase poderá ser efetuada em qualquer idade ou período da vida do animal, ou seja, com 30 dias, com seis meses, com um ano, com dois anos ou até próximo dos 80% do desenvolvimento corpóreo.

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Ensino Estando no espaço menor do cavalo, com a aceitação do mesmo, se torna mais fácil fazê-lo entender três coisas básicas: carregar-nos, em quatro direções (frente, direita, esquerda, e a mais complicada, para trás), nos quatro andamentos básicos: passo, trote, andadura (sic) e galope. Isto se consegue por repetições de seqüências, respeitando-se sempre o limite físico e principalmente o limite mental, partindo-se do simples para o complexo, do lento para o rápido, do curto para o longo, evitando-se, dentro do possível, excessos. Sempre menos do que mais, nunca excedendo, nas sessões, ao período de 20 minutos. Observe o esquema de trabalho abaixo. Essa fase pode ser implantada num período de 30 a 60 dias. Condicionamento Nada mais é do que implantar e incrementar os parâmetros fisiológicos da respiração, sudorese, batimentos cardíacos, elevação de temperatura corpórea, verificando sempre o aumento de densidade muscular e de consumo de alimentos e água. Nessa fase já se providencia os ferrageamentos, pois acontecerá naturalmente um maior desgaste dos cascos. Define-se também a vocação e o temperamento o qual norteará a frequência e intensidade do treinamento. Esse processo de acabamento poderá ser realizado em 12 semanas. Há que se atentar para o seguinte: um cavalo, por melhor ensinado que seja, carece de um tempo de confirmação, pois todo processo biológico precisa maturar e os tempos não são exatos, nem tampouco iguais, devendo ser respeitadas as individualidades, o que vem a confirmar a máxima: “Para cavalo novo, cavaleiro velho e, para cavaleiro novo, cavalo velho”.

1. Tirando cócegas 2. Tirando cócegas – Espaço íntimo ou reservado 3. Ando na frente ou sou seguido? 4. 1ª Gineteada 5. Montar sem guiar 6. Fase de ensino: carregando 7. Fase de ensino: à vontade

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Leandro Canedo G. dos Santos é veterinário, realiza trabalhos de treinamentos e é jurado da ABCCRMangalarga.

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cavalgadas

Fotos: ABCCRMangalarga

Por Andrea Silva e Pedro Rebouças

93 cavaleiros passearam pelas ricas trilhas da Serra do Dourado

Paixão mangalarguista Cavaleiros marcam presença nas cavalgadas da raça. Saiba como foram alguns desses eventos os últimos anos, as cavalgadas caíram de vez no gosto mangalarguista. Prova disso é que a Associação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga criou uma diretoria especialmente para organizar e fomentar a prática dessa diferenciada atividade equestre, em que a competição cede lugar à amizade e à integração com o cavalo e a natureza. O Mangalarga, aliás, é considerado um equino bastante indicado para a prática dessa modalidade, em decorrência principalmente de seu andamento típico, a marcha trotada. Afinal, essa característica possibilita que os exemplares da raça conjuguem a agilidade dos cavalos de trote com a comodidade dos animais marchadores. Assim, é possível percorrer grandes distâncias, mantendo um ritmo forte e constante, com pouco desgaste tanto para o cavalo como para o cavaleiro. O ano de 2.009 iniciou com boas novidades para os amantes das cavalgadas. Um calendário preparado com a colaboração dos diversos organizadores que realizam este esporte no Brasil e a divulgação tem permitido que cada dia mais pessoas experimentem e pratiquem. E no nosso calendário não faltam opções: cavalgadas de um dia, um fim de semana ou até mais longas para os que possuem mais treino e disposição.

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22 ( horse ) Suplemento Especial Mangalarga julho 2009

Acompanhe o resumo das que já aconteceram e veja o calendário das emoções que ainda vão acontecer este ano! Temporada teve início em Itatiba Organizado pelo Núcleo Mangalarga de Jundiaí, evento percorreu aproximadamente 20 quilômetros entre o Haras Três Rios e o Zooparque Itatiba. As belas paisagens do município paulista de Itatiba serviram de cenário para a primeira cavalgada da comunidade mangalarguista na temporada 2.009. O evento, promovido pelo Núcleo Mangalarga de Jundiaí em parceria com o Haras Três Rios e o Zooparque Itatiba, reuniu mais de cem cavaleiros na manhã do sábado, 14 de março. A programação teve início às 7h com um café da manhã nas dependências do Haras Três Rios, de propriedade da família Raucci. Em seguida, os participantes percorreram cerca de 20 quilômetros - em meio a trilhas, pastagens e estradas rurais dos municípios de Itatiba e Jarinú – até o Zooparque, onde foi servido um almoço de confraternização. Criada com o intuito de congregar os apaixonados pela raça da região, a cavalgada organizada pelo núcleo jundiaiense chegou este ano à segunda edição, superando mais uma vez a expectativa dos organizadores. “O evento teve um crescimento expressivo nesta temporada, pois o sucesso da edição anterior fez com que muitas pessoas que não participaram no ano passado ficassem interessadas em comparecer dessa vez. E, além disso, agora tivemos um tempo maior para organizar e divulgar o evento, o que possibilitou que mais pessoas participassem”, explica Thiago D’Angieri, um dos responsáveis pela organização do evento. Thiago, que desde os três anos de idade participa de cavalgadas por todo País, ressalta que o ponto alto desses passeios está no espírito de confraternização e congraçamento que envolve os participantes. “Essa é uma atividade eques-



cavalgadas

tre voltada para a família, da qual participam desde crianças até cavaleiros experientes com mais de 80 anos. Além disso, são eventos que proporcionam um contato incrível com o cavalo e a natureza, ao mesmo tempo em que possibilitam um grande entrelaçamento entre todas as pessoas envolvidas”, explica o organizador, que também integra o quadro da ABCCRM. Cavalgada de Abertura da Expolondrina 2009 1

2 Cavalgada de Itatiba explorou toda a beleza da região judiaíense (1 e 4)

3

Cavalgada realizada na Expolondrina homenageou os tropeiros (2) 93 cavaleiros participaram da cavalgada de aleluia, na Serra do Dourado (3)

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24 ( horse ) Suplemento Especial Mangalarga julho 2009

Promovida pela Sociedade Rural do Paraná, a cavalgada que dá início as festividades da 49ª Exposição Agropecuária e Industrial de Londrina aconteceu no dia 22 de março. Aberta a todo o público, a cavalgada tem o objetivo de homenagear os antigos tropeiros que desbravaram o norte do Paraná, transportando gado por toda a região. Para isso, promove um passeio histórico que sai do Lago Igapó III e tem no percurso a Avenida Maringá, seguindo pela Avenida Tiradentes e finalizando em frente ao Parque Governador Ney Braga, palco da ExpoLondrina 2.009. X Cavalgada da Aleluia A Cavalgada da Aleluia, em sua décima edição neste ano, aconteceu no dia 11 de abril, sábado de aleluia, com a participação de 93 cavaleiros que seguiram pelas ricas trilhas da Serra do Dourado, no município de Dourado (SP). Ao início da cavalgada, os cavaleiros receberam a benção pelas orações do padre José Antonio que abriu oficialmente o passeio de 22 quilômetros pelas exuberantes paisagens da região. Em clima agradável, cercados pelas sombras das árvores da floresta nativa, o percurso do passeio foi coberto de muitas oportunidades para apreciar harmoniosamente a natureza e a companhia dos amigos. A Cavalgada da Aleluia acontece desde 1.999 e a cada ano reúne mais amantes deste esporte em dia descontraído de lazer, contemplação da natureza, boa música e boa comida. Na volta dos cavaleiros ao Parque do Lago, a animação também teve a brincadeira de “Pega do Judas”, que neste ano teve a premiação de uma bicicleta, e o vencedor foi o cavaleiro Sergio Henrique Antonio de Araraquara. Para completar o dia especial, aconteceu o churrasco Fogo de Chão, animado com música ao vivo.





negócios

Por Pedro Rebouças

Giro

dos Leilões Confira alguns pregões que reuniram a família mangalarguista no primeiro semestre

Leilões devem atrair mais criadores para a raça Mangalarga em 2009

28 ( horse ) Suplemento Especial Mangalarga julho 2009

primeiro semestre do ano foi de grandes eventos comerciais da raça e o restante do ano promete mais negócios de alta qualidade.

O

Leilão Raridades Mangalarga O 1º Leilão Raridades, promovido pelo zootecnista João Quadros e organizado pela Djalma Leilões, abriu em grande estilo a temporada de negócios da raça. Realizado no dia 28 de março, nas dependências do Haras Alô Brasil, em Monte Mor (SP), o evento negociou 32 lotes pelo valor médio de R$ 28,3 mil, movimentando uma receita total de R$ 905,7 mil. O principal momento do evento, conduzido pelo leiloeiro rural Marcelo Junqueira, foi a negociação da égua Odalisca do Otnacer (TE), filha dos grandes campeões nacionais Premiado DL (TE) e Universidade OJC. Com títulos em oito importantes exposições da raça, a jovem fêmea ofertada pelo Haras Otnacer obteve a expressiva cotação de R$ 112 mil. Já a segunda principal transação envolveu a castanha Poderosa da Matta, produto do cruzamento entre o reprodutor Ouro FSI e a matriz Nebraska de Julle. A promissora égua, grande campeã potra na Exposição Nacional de 2006, foi vendida pelo Haras da Matta por R$ 94 mil. E comprovando o interesse do público por fêmeas de qualidade, a premiada matriz Ceres OJC (TE), filha de Galileo OJC e Jacira DL, alcançou o posto de terceiro lote mais valorizado do evento, sendo negociada por R$ 84 mil pelo Haras RB.


Fotos: Norberto Cândido

Entre os machos, o destaque foi o potro alazão Barão JES (TE), filho de Regalo JO (TE) e Vítima JES (TE). O animal de apenas 17 meses de idade foi vendido pelo Haras JES por R$ 42 mil. 5º Leilão Mangalarga Londrina Show Esse leilão já se tornou um evento tradicional e aguardado em Londrina e em sua quinta edição recebeu cerca de 500 pessoas, que conferiram os lotes apresentados. Promovido pelos criadores Fernando Prochet, Paulo Roberto de Oliveira Vilela Filho e seus convidados, o intuito foi aproximar boas oportunidades dos criadores interessados em adquirir animais de alto valor genético. O evento aconteceu no recinto José Molina do Parque de Exposições Ney Braga, em Londrina, teve transmissão ao vivo pelo Agrocanal que ajudou a comercializar lotes do Pará até Rio Grande do Sul, e foi ainda mais valorizado pelo trabalho do leiloeiro Adriano Barbosa, que ingressa no hall dos grandes leiloeiros do Mangalarga. Aproveitando o novo regulamento do SRG com a aprovação do Ministério da Agricultura para o registro de Muares, foram apresentados lotes de extrema beleza e produtividade desses animais, mostrando a interatividade da raça. Os lotes apresentados foram de 23 reprodutores e matrizes Mangalarga, cinco prenhezes e 10 jumentos, muares e coberturas, que protagonizaram uma boa disputa. O lote mais caro foi um jumento arrematado por R$ 30 mil por Regina Maria Marchese Silva e vendido por Paulo Roberto de Oliveira Vilela Filho. No total, o leilão comercializou R$ 246,2 mil. O maior comprador da noite foi José Borges da Cruz Filho e o maior vendedor, Paulo Roberto de Oliveira Vilela Filho. As médias ficaram em R$ 9 mil para equinos Mangalarga, R$ 16.2 mil para barrigas e embriões Mangalarga, R$ 7,9 mil para mulas Mangalarga e R$ 14,6 para jumentos e jumentas. Leilão de Maio Realizado no Haras Otnacer em 16 de maio, esse leilão reuniu mais de 500 pessoas, entre criadores da raça de todo o Brasil e amantes do Mangalarga. Foram vendidos 36 lotes de potros a matrizes, garanhões, barrigas e embriões, apresentando movimento comercial real de R$ 818 mil, com uma média geral de mais de R$ 22 mil.

Segundo Antonio Caetano Pinto, um dos promotores do leilão e anfitrião da festa, “Foi o melhor leilão de Mangalarga dos últimos três anos”. Entre os lotes mais valorizados ficaram o embrião de Manchete do Otnacer com Quântico da Janga, comercializado por R$ 56 mil, e Rainha do Triunfo (R$ 50 mil). O maior comprador foi Orpheu José da Costa. O evento contou também com presenças de Renato Esteves – presidente da Associação dos Criadores de Guzerá do Brasil - e Sérgio Paiva – Presidente da ABCCRMangalarga, além de criadores de diversos estados. O pregão foi comandado por Guillermo Sanchez e a organização foi da Perphil Leilões. III Leilão Mangalarga de Minas Virtual Esse leilão foi realizado no dia 28 de maio na 49ª Exposição Estadual Agropecuária, ficou dentro das expectativas dos organizadores e movimentou cerca de R$ 220 mil. Segundo o proprietário da empresa realizadora do leilão, a Três Barras, Mário Figueiredo, o preço médio do animal no pregão foi da ordem de R$ 9,2 mil. Pelo fato de se tratar de um leilão virtual, Figueiredo afirmou que é impossível contabilizar o número de participantes, mas ele garantiu que a demanda foi grande durante o evento. Além disso, os criadores estão otimistas com a realização de negócios no período em que estão ocorrendo os julgamentos na Superagro Minas 2.009, o que acaba valorizando os animais de acordo com suas classificações. Um dos destaques foi o lote de Flauta JF, de um criador paulista, que foi arrematado por R$ 28,8 mil, salientou Figueiredo. “Este foi o terceiro leilão da raça, que sempre foi realizado durante a Superagro”. De acordo com ele, a raça ainda é relativamente nova e existem muitos criadores iniciando a atividade em Minas Gerais. “Todo esse processo leva um certo tempo e acredito que o Mangalarga tem o seu destaque no mercado”.

julho 2009 ( horse ) Suplemento Especial Mangalarga 29

1- Cavalos de qualidade são mostrados durante os leilões 2- Grupo Clac animou os criadores




artigo Por Luiz Augusto Ópice

Cuecada e São Pedro de Atacama,

não importa o lugar, o importante é cavalgar! omo acontece há 19 anos, avizinhando-se o mês de abril, os “cuequeiros”, como eu e meus sempre fiéis amigos abaixo nominados, ficam indóceis ligando para o Jairo Hamilton e para o Toni, querendo saber qual é a data da nossa “cuecada”, qual vai ser o trajeto e mais uma porção de perguntas, pertinentes se fossem feitas por iniciantes, mas que colocadas por “cuequeiros” costumazes, somente revelam a ansiedade e expectativa de poder estar montado e, juntos com os amigos, cavalgar durante três dias, desfrutando da bela e incansável paisagem das serras que entremeiam São João da Boa Vista, Andradas, Águas da Prata, Poços de Caldas, São Sebastião da Grama e região. Neste ano, cumprimos a XIX Cuecada, saindo no dia 3 de bril do Recinto de Exposições “José Ruy de Lima Azevedo”, grande pecuarista e criador de Mangalarga, da Fazenda Desterro, em São João da Boa Vista. Neste ano, estava presente na “Cuecada” o seu sobrinho, o Sebastião Malheiro Neto, também pecuarista e criador, na cidade de Dourado. Nossa comitiva era composta por 105 cavaleiros, como sempre grande parte montando em Mangalarga, para tristeza do Silvio Cesarino (apesar de sua égua ter sangue Mangalarga) e do Serginho Iasi, que teimam em montar cavalos Árabes e ficam socando tentando desfrutar, junto aos demais participantes, do gostoso bate-papo no passo ou na toada do animal (o Rodão me deixou sozinho nas discussões que sempre temos com o Cesarino e o Iasi sobre qual o melhor cavalo para se cavalgar). Saímos em direção à Fazenda Rio Claro, do querido amigo e mestre Desembargador José Osório Azevedo Júnior, que como sempre, em sua bela montaria, nos contou “causos” da vida, tanto de cavaleiros e cavalos quanto jurídicos, mas, independentemente da natureza da estória, nos propicia reflexões e exemplos, tamanha sabedoria, profundidade e propriedade na escolha dos assuntos. Ao sairmos do perímetro do lindo Condomínio Morro Azul, nos arrabaldes de São João da Boa Vista, nosso “homem bússola”, o experiente ponteiro Jurandir, joanense da gema, se perdeu para ultrapassar a Fazenda Alegre, onde, muito provavelmente, passou boa parte da infância e juventude caçando passarinhos e correndo atrás de marrecos!

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A comitiva, composta por 105 cavaleiros, passeou por lindas paisagens

32 ( horse ) Suplemento Especial Mangalarga julho 2009

Quem diria Jurandir que algum dia você fosse se perder e levar consigo mais de cem cavaleiros? Ao passarmos pela Fazenda Califórnia a caminho da Fazenda Rio Claro, a égua Vitória montada pelo nosso líder Jairo Hamilton nos mostrou uma situação muito peculiar em cavalgadas. Ela recusou passar uma área alagada, sem caminho alternativo. O experiente cavaleiro Jairo tentou de todas as formas convencer o animal a passar o banhado, sem, no entanto, lograr êxito. Ao ficar sem alternativas, resolveu desmontar e tentar puxar a égua. Porém, a Vitória, esperta e teimosa que é, conseguiu se desvencilhar do Jairo e sem ter como sair daquela situação, lançou-se na área mais profunda do banhado. Suas patas começaram a ser dragadas enquanto a cabeça, deitada, ficava a ponto de submergir. Meu valente peão, Waldir, imediatamente desapeou da montaria, como “mal se encostara à cerca do limão-bravo” (Mário Palmério, em Chapadão do Bugre), e junto com outros, passou a égua, para que não passasse a correr risco de morte. Enquanto uns levantavam a cabeça da égua, o Waldir pegou a montaria reserva, Merenda, filha de Holofote DA em La Bamba JO, crioula do Danton G.de Andrade. Ela puxou a égua Vitória para que a mesma saísse do atoleiro em que, perigosamente, se encontrava naquele momento. Amarrado o cabresto no rabo da Merenda, uma verdadeira “off road” 4x4, começou a operação de salvamento com o içamento da Vitória até a saída do banhado. Foi uma operação de resgate digna de um faroeste dirigido pelo lendário John Ford, tendo John Wayne no seu papel principal! Bem, o Jairo acionou umas mil e uma vezes o rádio, dando “QaP” para lá e para cá, solicitando uma nova montaria, devidamente selada, vez que a sua linda e estimada sela feita pelo nosso amigo e excepcional artesão Vando, titular da Selaria São José, tinha ficado no lombo da Vitória e, portanto, estava totalmente suja de barro. Ao passarmos pela Fazenda Rio Claro, nossos amigos estavam nos esperando. Silvia, sua filha, e o Sérgio Morgulis, seu genro, dando a todos os cavaleiros as boas-vindas em nome da família Azevedo. Mais uma vez, no segundo dia cavalgamos ao


Fotos: Jairo Hamilton

lado do amigo Maurício Carvalho Dias (campeão de “team penning” do Rodeio de Jaguariúna), anfitrião de sempre em nossa obrigatória passagem pelas terras férteis da família Carvalho Dias, que tanta riqueza tem dado ao país, tanto no campo agrícola, quanto no mineral e industrial. Ao subirmos um dos inúmeros morros da famosa Fazenda Recreio, bordados de lindos cafezais, avistamos uma capela, no topo da montanha. A arquitetura do local nos enseja um olhar a Deus, agradecendo-o pela linda natureza que temos para trabalhar e desfrutar! A capela foi projetada pelo lendário arquiteto Oscar Niemayer e foi erguida na Fazenda Cachoeira, originária de desmembramento da Fazenda Recreio e que pertenceu ao tio do Maurício, Sr. Luis Carvalho Dias, e hoje é de propriedade do Sr. Roberto Irineu Marinho. Foram três dias muito agradáveis, de muita prosa, verso e troça com os amigos e companheiros Carlos Baptista Pereira de Almeida, meu compadre, o Marcelo Barreto, o Marcos Germano, o Francisco (Chico) Leite, o Jacaúna, o Márcio Campos, os estreantes Luiz Orlando (Lo) Caiuby Novaes, Christiano Mesquita, o ”Baptistinha” (porque engomadinho parece o Carlos Baptista!), o Marco Rodrigues da Cunha, o Rodrigo Brotero (o Barça, porque sabe tudo!), José Leonardo (Leo) Simone, o nosso Reitor, primo do João Frugis que chegou a pernoitar no meu rancho da Bela Vista, mas devido ao falecimento de sua avó paterna, teve que retornar a São Paulo antes do início da cavalgada. A delegação carioca comandada pelo hilariante e que nunca assume que é ele quem inicia as brincadeiras de esconder alguma coisa de alguém, o Carlos Alberto (Betão) Fortuna, o Marco Paulo Costa (Dasluú, sempre impecável!) e o Marcelo Barbará, com sua linda tropa de Mangalarga Pampa. Quinze dias depois, fui cavalgar com um grupo de casais amigos no Deserto do Atacama, no Chile. Ficamos hospedados no Explora Atacama, um excepcional hotel totalmente voltado ao desfrute, por parte de seus hóspedes, das belezas indescritíveis do lugar, fruto da conjugação da formação vulcânica do deserto, com o brilho do sol que propicia um arco íris em tons de bege, laranja, vermelho, prata, dependendo da hora e do local. Comandados pela bela jovem e simpática Gaela, francesa de origem e chilena por adoção, a tropa do Explora Atacama é formada para andar pela aridez do deserto, montanhas de pedras, ou pelas dunas, simplesmente fantásticas, que fez a mim e ao Bayard Pichetto Júnior, únicos a cavalgar durante o

percurso marcado pela Gaela, sentirmos cavalgando nos desertos africanos ou do oriente médio. Outro ponto inesquecível é um oásis em meio ao deserto. Cabanas servem de local para a realização de almoços preparados pelo hotel e servidos pelo seu pessoal, que deixam tudo preparado para, quando chegarmos, ser servido um “drink” com “champagne”, sucos, salmão defumado, queijos, pães, enquanto o almoço é preparado. Espetacular! A tropa é composta de crioulos cruzados com quarto de milha, ingleses, alguns até com sangue de árabes, todos de porte médio para grande, com estrutura óssea muito desenvolvida, dóceis, bons de “boca”, porém de andamento muito duro e que exigem do seu cavaleiro um grau de equitação mais apropriado, como, por exemplo, trote elevado, para poder trotar por longos trechos e mesmo, em distâncias menores, em galope moderado. Porém, trata-se de uma tropa adequada e preparada para o terreno do deserto e que oferece ao cavaleiro total equilíbrio e segurança para a jornada exploratória que ele se propõe a fazer. Não adianta estabelecer qualquer tipo de comparação com outras raças ou, ainda, pensar se o cavalo poderia estar lá servindo de montaria para desbravar o Atacama. Convidei a Gaela para vir ao Brasil conhecer a raça Mangalarga e, assim, poder avaliar a utilização do nosso cavalo para o aprimoramento dessa raça “atacamenha” que o Explora vem criando, o quê, sem dúvida, poderá, em alguns anos, gerar um animal tão bem estruturado e adaptado ao tipo de clima e solo, porém com um grau de comodidade muito mais agradável e palatável aos brasileiros que representam a maioria dos turistas que se hospedam no Explora Atacama. De qualquer forma, seja para andar a cavalo, a pé, de bicicleta ou mesmo de van, vale a pena conhecer o Atacama e desfrutar da infra-estrutura, qualidade de serviço e simpatia dos funcionários do Explora Atacama. Até a próxima cavalgada!

Cavaleiros exploram o deserto de Atacama, no Chile

Luiz Augusto Ópice Diretor da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Mangalarga

julho 2009 ( horse ) Suplemento Especial Mangalarga 33


despedida Fotos: Norberto Cândido e Márcio Mitsuishi

Comunidade mangalarguista se despede de

Orpheu José da Costa Com muita dedicação e notável investimento, esse apaixonado criador deixou um importante legado para a raça Mangalarga e o meio rural brasileiro

raça Mangalarga perdeu no mês de maio um dos seus ícones e expoente da raça que fez fama nos anos 80 e 90 e havia voltado à criação no ano passado. Orpheu José da Costa faleceu no dia 23 de maio, aos 82 anos de idade, deixando um legado importante para a raça Mangalarga e um exemplo de obstinação e vontade que sempre será lembrado em todo meio rural brasileiro. Considerado um dos mais proeminentes nomes da comunidade mangalarguista, Orpheu começou a selecionar a raça no ano de 1.977, quando criou o sufixo OJC, verdadeiro sinônimo de qualidade no meio equestre nacional. Empresário de sucesso e fazendeiro em São Sebastião da Grama (SP), registrou no Stud Book da raça cerca de 1.090 animais, chegando a ter no período mais produtivo do Haras Império 200 matrizes em atividade, animais que fazem parte do histórico genético da raça. Em sua história com o Mangalarga há um hiato de alguns anos distante da raça, onde o criador dedicou-se a criação de gado nelore, mas deixou o ferro OJC em centenas de animais que continuaram reproduzindo a excelência que sempre buscou em sua criação. Seu retorno aconteceu durante o Leilão do Haras Leni, promovido pelo criador Nilton Bártoli em 1º de abril de 2.008, causando a surpresa e admiração de velhos e novos criadores. Sua motivação foi além da paixão nunca esquecida pelo Mangalarga. Orpheu José da Costa também argumentou que a criação de cavalos passava por um bom momento no País e que era uma boa hora para investir. Seu interesse em produzir um plantel apreciado pela qualidade de outrora fez do retorno do selecionador à criação da raça um dos grandes fatos do mercado mangalarguista no ano de 2008, e mobilizou a imprensa do meio rural chamando atenção de revistas como Globo Rural e Isto é Dinheiro, já que sua presença remetia os eventos da atualidade aos tempos áureos dos grandes leilões vividos na década de 80. A senhora Teresa Costa, esposa de Orpheu José da Costa, lembra com saudades da felicidade que o retorno à criação fez no ânimo do criador. “Ele estava feliz e entusiasmado, procurando fazer o melhor para ter uma criação tão boa quanto antes”. Em pouco mais que um ano de dedicação, o criador já contava com 32 fêmeas e três garanhões, e uma equipe fiel, aguardando o momento de retornar às pistas e aos prêmios.

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O criador Orpheu faleceu no dia 23 de maio, aos 82 anos

34 ( horse ) Suplemento Especial Mangalarga julho 2009


O futuro do plantel A notícia da morte do criador Orpheu José da Costa mexeu com a comunidade mangalarguista, que aguardava ansiosa o seu retorno às pistas de julgamento. Desde o reinício de sua criação, o mangalarguista havia optado por levar às exposições somente animais com seu sufixo e aguardava o primeiro fruto de sua seleção, que nasceu uma semana após a sua morte. Em homenagem a sua dedicação e a felicidade que o retorno à raça trouxe ao criador, a família optou por continuar sua seleção e fazer todo o possível para fortalecer o sufixo OJC como foi o sonho do criador. “Vamos continuar com os mesmos planos dele. É uma homenagem ao amor que ele sentia pela raça”, conta dona Teresa Costa. Apesar da saudade, a esposa e a equipe pretendem manter a mesma dedicação e empenho para concretizar o sonho de uma nova geração de sufixo OJC brilhando nas exposições. “Espero ainda poder fazer um campeão, exatamente como ele queria”.

Orpheu com amigos no Leilão Primavera Com o amigo Reginaldo Bertholino durante o leilão no Haras Leni

Orpheu em seu escritório em São Paulo O criador com alguns amigos também no Haras Leni

Fatos Históricos No final da década de 90, Orpheu conseguiu a façanha de sagrar-se, por cinco anos consecutivos, melhor expositor e melhor criador do ranking da ABCCRM. Além disso, em 2.000, obteve um feito inédito na raça, com seu criatório obtendo na mesma Exposição Nacional os títulos de Grande Campeão Cavalo, com Saturno OJC, e Grande Campeã Égua, com Universidade OJC. O dia do seu retorno à raça Mangalarga durante o Leilão Haras Leni, realizado em São Paulo, foi um marco positivo e surpreendente. Naquela noite, sagrou-se o principal comprador do evento, aplicando R$ 566 mil na aquisição de cinco embriões e seis animais. Em qualquer uma de suas participações nos pregões da raça o criador Orpheu José da Costa registrou sua presença de forma excepcional. Foi o principal comprador de outros dois remates durante a temporada 2.008: o 3º Leilão Haras São Francisco, em que investiu R$ 78,4 mil, e o 2º Leilão Primavera, no qual realizou compras no valor de R$ 60 mil. Com essas aquisições, e outras bastantes expressivas feitas diretamente nas propriedades dos criadores, Orpheu foi o principal investidor da temporada passada, trabalhando com afinco para refazer o plantel OJC com a mesma excelência que o celebrizou.

Orpheu com a esposa e amigos em um evento da raça

Orpheu foi capa da Horse Mangalarga logo após seu retorno à raça

julho 2009 ( horse ) Suplemento Especial Mangalarga 35


nutrição Por João Quadros

Alimento surge como uma promissora fonte alimentar alternativa para o manejo diário das fazendas A casca de soja é um subproduto da extração do óleo e produção do farelo, a partir do grão de soja

Casca da soja

na alimentação de equinos 36 ( horse ) Suplemento Especial Mangalarga julho 2009


Fotos: ABCCRMangalarga

alimentação é um dos fatores que mais influenciam no custo de produção dos equinos. Assim sendo, a busca de alimentos alternativos para esta espécie, no sentido de diminuir os custos de produção, apresenta-se como fator de capital importância na criação de cavalos. Atualmente, os subprodutos da agroindústria apresentam grande interesse para pesquisadores e produtores que buscam a cada dia a maximização do desempenho animal associado a um baixo custo. Neste contexto, a casca de soja surge como uma promissora fonte alimentar alternativa. Por outro lado, atualmente é grande o crescimento da indústria do cavalo de esporte em todo o mundo. Esta categoria caracteriza-se por necessitar de dietas com altos níveis de energia, acarretando dificuldades em fornecer o adequado nível de fibra. Assim é grande o esforço no sentido de procurar a chamada “super-fibra”, ou seja, um alimento volumoso que possua um alto valor nurticional. A casca de soja é classificada como alimento volumoso, entretanto, devido a sua disponibilidade energética, vem sendo utilizada na substituição parcial ou total do milho na alimentação de ruminantes.

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Sistemas de processamento e separação A casca de soja é um subproduto da extração do óleo e produção do farelo, a partir do grão de soja. De acordo com Balloni, depois de armazenados, os grãos passam por um processo de limpeza para se obter um produto com impureza máxima de 1,0 % no início da preparação para extração do óleo. Após a pesagem, com umidade de processamento de 10%, os grãos são fracionados, passando em seguida por um conjunto de peneiras separadoras de casca. Existem basicamente dois sistemas de separação de casca: o sistema clássico, que apresenta a característica de executar toda quebra do produto, em primeiro lugar, e depois a sua separação através de colunas

separadoras e peneiras classificadoras, e o sistema em dois passos, que também utiliza colunas e peneiras classificadoras, entretanto, aplicadas diferentemente entre duas fases de quebra do produto. Após a separação das cascas dos grãos de soja, as mesmas, por um transporte pneumático, são desviadas do processo de extração de óleo

e levadas ao setor de processamento de farelo, onde podem ser incorporadas ao mesmo, para eventual ajuste no teor de proteína ou destinadas à venda para alimentação animal, nas formas moída, peletizada ou ainda, in natura. Composição química e valor nutritivo De acordo com o National Research Council, a casca de soja apresenta a seguinte composição química: matéria seca (MS): 90,3%; proteína bruta (PB): 11%; energia digestível (ED): 1,69 Mcal/Kg; lisina (Lis): 0,47%; cálcio (Ca): 0,48%; fósforo (P): 0,17%; fibra em detergente neutro (FDN): 59,9%; fibra em detergente ácido (FDA): 44,3%; extrato etéreo (EE): 1,9% e fibra bruta (FB): 36%. julho 2009 ( horse ) Suplemento Especial Mangalarga 37

Os animais podem ser alimentados com a casca de soja normalmente


nutrição

Os resultados mostram-se muito positivos, não havendo prejuízos no desempenho dos animais e propiciando uma significativa redução nos custos Em experimentos para determinação da digestibilidade aparente e desempenho de equinos em crescimento submetidos a dietas compostas por diferentes níveis de substituição do feno de tifton 85 pela casca de soja, determinamos a seguinte composição para a casca de soja: matéria seca (MS): 95,57; proteína bruta (PB): 10,58; energia digestível (ED): 1,89 Mcal/Kg; lisina (Lis): 0,46%; cálcio (Ca): 0,49%; fósforo (P): 0,19%; fibra em detergente neutro (FDN): 63,96; fibra em detergente ácido (FDA): 51,61; extrato etéreo (EE): 2,5% e fibra bruta (FB): 39,68 (QUADROS, 2002). Resultados em experimentos Em trabalho em que utilizamos quatro equinos machos, com a média de idade de 11 meses e peso vivo de 350x26 kg, em um delineamento em quadrado latino (4 x 4), verificamos que inclusão da casca de soja em substituição ao feno de tifton 85 nas dietas experimentais melhorou linearmente (p<0,05) os coeficientes de digestibilidade da matéria seca, fibra bruta, fibra em detergente neutro e fibra em detergente. Por outro lado, não foi observada diferença (p>0,05) sobre o coeficiente de digestibilidade da proteína bruta, independentemente da dieta avaliada. Os resultados indicam que a inclusão de casca de soja, em substituição ao feno de tifton 85, nas rações para equinos em crescimento, leva a coeficientes de digestibilidade aparente da MS, FB, FDN e FDA mais elevados. Os valores crescentes dos coeficientes de Prof. Dr. João Batista da Silva Quadros Professor da Universidade Estadual de Londrina (PR)

38 ( horse ) Suplemento Especial Mangalarga julho 2009

digestibilidade aparente obtidos no citado trabalho, com o aumento dos níveis de inclusão da casca de soja, podem ser explicados pelo conteúdo de compostos susceptíveis à degradação microbiana, como a pectina e ß-polissacarídeos não lignificados. Neste sentido, Van Soest (1985) menciona que este subproduto, apesar de rico em parede celular, apresenta pouca lignina, teor considerável de pectina e proteína ligada à mesma. Outra observação importante é que a substituição parcial e total do feno de tifton 85 pela casca de soja não afetou negativamente a palatabilidade e o consumo de dietas experimentais. Concluímos que ações para equinos em crescimento podem ser formuladas com substituição parcial e total do feno de tifton 85 pela casca de soja sem afetar adversamente a digestibilidade da proteína bruta e alterando positivamente a digestibilidade da matéria seca, fibra bruta, fibra em detergente neutro e fibra em detergente ácido e que as rações para potros em crescimento, confinados, podem ser formuladas com substituição total feno de tifton 85 pela casca de soja, sem prejuízo sobre o desempenho dos animais, tornando-se, assim, uma alternativa para a alimentação de equinos. Considerações Finais Temos utilizado, em algumas das propriedades que prestamos assistência zootécnica, a casca de soja peletizada como alimento substitutivo dos fenos de gramínea e como substitutivo parcial do milho e outros alimentos concentrados na elaboração de dietas para cavalos em diversas idades e atividades. Até o presente momento, os resultados mostram-se muito positivos, não havendo prejuízos no desempenho dos animais e propiciando uma significativa redução nos custos com a alimentação.



leilão oficial

Fotos: Norberto Cândido

Por Pedro Rebouças

Remate movimenta

R$ 343,4 mil O leilão serviu como uma importante ferramenta para o fomento do Mangalarga

comunidade mangalarguista lotou o tatersal do Jockey Club de São Paulo, na noite da terça-feira 9 de junho, para conferir o 65º Leilão Oficial Mangalarga. Considerado um dos mais tradicionais eventos da equinocultura brasileira, o remate negociou 35 lotes pelo valor médio de R$ 9,8 mil, movimentando uma receita total de R$ 343,4 mil. O leilão negociou também cinco lotes doados por criadores. A renda obtida com essas vendas foi revertida para o fundo de provas da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga (ABCCRM). Já o principal investimento da noite foi realizado pelo presidente da ABCCRM Sergio Luiz Dobarrio de Paiva. O criador paulista aplicou R$ 38,4 mil na aquisição do lote composto por um embrião do Grande Campeão Nacional Cavalo Vanerão do H.I.C. com a duas vezes reservada Grande Campeã Nacional Égua Luizinha J.O., cuja oferta foi realizada por Fernando Tardiolli Lúcio de Lima. Outro grande momento aconteceu ainda na abertura do leilão, quando o vice-presidente da associação Nelson Antonio Braido comandou uma homenagem ao mangalarguista Orpheu José da Costa, falecido no dia 23 de maio. Além de destacar a importância do trabalho realizado pelo criador nas últimas três décadas, o dirigente presenteou Marcelo Costa, neto de Orpheu, com uma placa em memória desse importante nome da equinocultura nacional. Segundo os organizadores, o leilão cumpriu a meta de oferecer uma oportunidade democrática para a comercialização dos produtos da raça, possibilitando a participação de usuários e selecionadores com criatórios dos mais diversos tamanhos. Além disso, serviu como uma importante ferra-

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menta para o fomento do Mangalarga, atraindo compradores de diversos estados brasileiros. Para Djalma Barbosa de Lima, diretor da Djalma Leilões, o Leilão Oficial foi uma excelente ocasião para quem desejava adquirir produtos de origem comprovada. “Quem investiu na aquisição de um animal neste remate teve a grande vantagem de adquirir um produto com a assinatura da associação. Afinal, a ABCCRM respondeu pelo criterioso trabalho de vistoria realizado por seus técnicos na seleção dos lotes que participaram do evento”, explicou o leiloeiro rural responsável pela organização do leilão. Atrações A programação do evento incluiu ainda uma série de atrações. A partir das 14h30, o público presente, estimado em cerca de 450 pessoas, pôde realizar o “test drive” dos animais domados que participaram do remate. E às 17h30, antecedendo o leilão, aconteceu a entrega dos prêmios do ranking anual promovido pela ABCCRM. Acompanhada por um churrasco, a cerimônia ofereceu um gostoso momento de confraternização para os mangalarguistas presentes. Já na área cultural, o grande destaque foi o estande que ofertou os principais lançamentos literários sobre a raça Mangalarga, com livros como: “Os cavalos de João Francisco Diniz Junqueira”, escrito por João Francisco Franco Junqueira, “A pintura equestre de Hans Haudenschild”, que mostra toda beleza das obras desse pintor apaixonado pelo Mangalarga, “O cavalo de sela brasileiro”, de autoria de Fausto Simões, e “Raízes Mangalarga”, cujo autor é o técnico e criador Raul Sampaio de Almeida Prado.



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Fotos: Norberto Cândido

1. Marília e Celso Paoliello, Kiko Almeida, Nelson Braido, Sérgio Paoliello e Antonio Carlos Ferreira no Leilão Oficial realizado no dia 9 de junho 2. João Tolesano, Chebli Sadek e Cláudio Mente durante o “Test Dirve” 1 3 4

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3. Entrega da Placa ao neto do criador Orpheu José da Costa 4. Nilton Bártoli, Reginaldo Bertholino e Bia Meireles no Leilão Oficial realizado no Jockey Clube de SP 5. Fernando Rivaben, Beatriz Biagi, Arnaldo Almeida Prado e Carolina posam para a foto no Leilão da raça no dia 9 de junho

6. Andrea , Touth Villela, Claudia e Juca Fleury no Leilão oficial realizado no Jockey Club Paulista 7. Dirk e Hilda Kalitzk, Maria Inês e Eduardo França, também compareceram ao leilão da raça no dia 9 8. Sérgio Paoliello , Flavio Fernandes, Zequinha e José Lamartine na entrega do Ranking da ABCCRMangalarga

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Fotos: Norberto Cândido

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1. César Dias Longo, José Lamartine, Eduardo França, Bernardo França, Nilton Bártoli, Sérgio Paoliello, Fábio Alvim e Celso Paoliello na Exposição de Bragança Paulista

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2. Rodrigo Paradeda Nunes, Angélica Nunes, Maria Rita e Jéferson Jardim na Exposição em Bragança realizada entre os dias 24 e 26 de abril 3. Fábio Alvim, Marisa Iorio, Hilda e Dirk Kalitzki na Exposição em Bragança Paulista em abril 4. Paulo Eduardo, Caio Figueiredo, William Rodrigues e Bruno Figueiredo na mostra mangalarguista em Bragança Paulista 5. João Frugis, Rodney Leme, Sérgio Paiva, Rubens Menin e Opíce na mostra realizada em Bragança em abril

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6. Camila de Freitas, Paulo Pacheco, Gereba e Yunes Biagini na Exposição em Bragança Paulista

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7. Marisa e Nilton Bartoli também marcaram presença na mostra mangalarguista em Bragança Paulista entre os dias 24 e 26 de abril



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Fotos: Norberto Cândido

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1. Beth Menezes, Nelson Braído e Nelson Braído Jr na Exposição de Avaré realizada entre os dias 12 e 14 de março 2. Os amigos Fernando Tardioli, Antonio Caetano e Renato Tardioli também marcaram presença na mostra em Avaré

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3. Dulce, Beatriz Biagi e Lafayette Coelho na exposição realizada em Avaré em março

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4. Amanda Bianchin, Rafael Poeta e Alexandre Mesquita também estiveram presentes no evento em Avaré 5

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5. Silvia Arantes e Michael Maganini participaram do Leilão Multicolor que foi realizado em 27 de abril 6. William Mourão e Mariana também estiveram presentes no leilão Multicolor realizado no dia 27 de abril 7. Sérgio Paoliello, Fernando Rivaben e Eduardinho na 3ª Copa de Andamento do Sul de Minas e Média Mogiana

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Fidelidade Mangalarga

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mostra

Norberto Cândido

Por Paulinho Vilela

Expolondrina

2009 Cavalo Mangalarga esteve entre as atrações da festa em Londrina (PR)

Joel D. Cowley (Executive Director Agricul-tural Exhibits) e Moacir Aga Filho (Criador).

Paulinho Vilela, Kenneth A. Jacobson, Sérgio Paiva, Joel D. Cowley e Gail M. Jacobson

Exposição Mangalarga do Paraná aconteceu, entre os dias 3 e 5 de abril, dentro da programação de uma das mais importantes feiras do agronegócio latino-americano: a 49ª Expolondrina 2009. A mostra mangalarguista contou com 60 animais superiores vindos dos mais seletos criadores do Brasil. A qualidade desses animais propiciou disputas acirradas, exigindo esforço extra dos respeitadíssimos jurados João Tolesano e Silas Freire. Entre os benefícios desta mostra no Paraná está a oportunidade dos criadores presentes de fomentar a raça no estado, já que há tempos o Paraná tem se tornado fértil para a criação da raça e a procura, o interesse e o ingresso de novos criadores e sócios crescem a galope. Realizados na pista Roberto Requião, nas dependências do Parque Ney Braga, os julgamentos mangalarguistas incluíram disputas tanto na classe geral como nas classes de pelagens, um segmento que vem se desenvolvendo bastante na raça. A ExpoLondrina obteve um número recorde de 500 mil visitantes e contou com a presença de chefes de estados, embaixadores e políticos de expressão nacional e vários grupos internacionais. Entre eles estava a comitiva americana composta de 21 diretores da Houston Livestock Show Rodeo que acompanhou os julgamentos da raça Mangalarga. Os diretores entregaram premiações de campeonatos e tiveram também a oportunidade de conhecer alguns criadores presentes. O ponto alto da festa foi quando a comitiva de Houston ofereceu uma fivela de ouro e prata ao presidente da ABCCRMangalarga, Sérgio Paiva, em agradecimento ao receptivo e à hospitalidade. Em troca, o presidente e os criadores ofereceram à comitiva belos livros da raça Mangalarga e uma réplica do troféu de Londrina 2.009.

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Paulinho Vilela Criador da raça Mangalarga e diretor internacional da Sociedade Rural do Paraná 50 ( horse ) Suplemento Especial Mangalarga julho 2009




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