Revista Mangalarga nº 10 - Outubro 2009

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Suplemento Especial da Revista Horse - N達o pode ser vendido separadamente




sumário outubro 2009 | nº 10 Núcleo Propaganda

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A Horse Mangalarga é um Suplemento Especial da Revista Horse, com conteúdo fornecido pelo departamento de comunicação da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga (ABCCRM) e dirigido a seus associados e leitores de forma geral. As opiniões expressas em artigos e reportagens são de plena responsabildiade de seus autores e não correspondem, necessariamente, aos conceitos da editora.

Capa Ex-presidentes da Associação relembram trajetória de 75 anos

Marketing Osvaldo V Ruffino marketing@cavalomangalarga.com.br Editor responsável Marcelo Mastrobuono marcelo@revistahorse.com.br Bob Molteni

Representante Comercial ABCCRM Norberto Candido comercial@cavalomangalarga.com.br

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Diagramação Rodrigo de Freitas Capa Núcleo Propaganda

Modesto Wielewicki

Porã, um legado da raça Criatório foi um dos embriões da raça e mantém tradição da linhagem

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Nacional Exposição em Avaré terá grande participação

Seções 6 8 44 48

Coordenação e textos Juliana Machado

Editorial Mangalarganews Social Fidelidade Mangalarga

4 ( horse ) Suplemento Especial Mangalarga outubro 2009

Anúncios: Fone (11) 3673-9400 ABCCRMangalarga www.cavalomangalarga.com.br Av. Francisco Matarazzo, 455 - Pavilhão 4 “Dr. Fausto Simões” - Parque da Água Branca São Paulo - SP - CEP: 05001-300 Fone: (11) 3673-9400 - Fax: (11) 3862-1864

Diretor Editorial Marcelo Mastrobuono Administração Rogério Braga admin@revistahorse.com.br Circulação/ Promoção circulacao@revistahorse.com.br Assinaturas assinantes@revistahorse.com.br Atendimento ao leitor (15) 3261-5443 www.revistahorse.com.br Fone: (15) 3261-4810 Endereço: Rua José Alcalá, 10 - Bairro Célia Maria, Porto Feliz - SP - CEP 18540-000 Impressão: IBEP Gráfica



palavra do presidente Sérgio Paiva

Bodas de Diamante Presidente Sergio Luiz Dobarrio de Paiva 1º Vice-Presidente Executivo Nelson Antonio Braido 2º Vice-Presidente Executivo Fernando Raucci Neto 1º Vice-Presidente Operacional João Pacheco Galvão de França 2º Vice-Presidente Operacional João Carlos Matta Diretoria Adjunta Diretoria de Cavalgadas Paulo Pacheco Silveira Diretoria de Comunicação Gilberto Diniz Junqueira Diretoria de Eventos Antonio Carlos Pestili Fonseca Diretoria de Exposição Fábio Alvim Ferreira Diretoria Financeira Vital Jorge Lopes Diretoria de Fomento João Luis Ribeiro Frugis Maurício José Costa Diretoria Jurídica Fernando Tardioli Lúcio de Lima Diretoria de Marketing Oswaldo Lopes do Nascimento Filho Sérgio Roberto Dias Diretoria Nova Geração Leonardo Novaes Figueiredo Augusto Diretoria de Núcleos Eduardo Faria Finco Paulo Roberto de Oliveira Vilela Filho Diretoria de Pelagem Marisa Iório Correa da Costa Conselho Superior de Administração Membros Eleitos Adaldio José de Castilho Filho, Antônio Caetano Pinto, Fernando Ferrucio Rivaben, José Luiz Junqueira Barros, Luiz Cintra Sutherland Membros Efetivos Célio Aschar, Celso Galletti Montalvão, Clodoaldo Antonângelo, Eduardo Diniz Junqueira, Élio Sacco, Felipe de Paula Cavalcanti de Albuquerque Lacerda Filho, Flávio Diniz Junqueira, Francisco Marcolino Diniz Junqueira, Geraldo Diniz Junqueira, Ivan Antônio Aidar, João Leite Sampaio Ferraz Júnior, Luiz Eduardo Batalha, Mário Alves Barbosa Neto - Presidente, Ottorino Marini, Reginaldo Bertholino Renato Diniz Junqueira Conselho Deliberativo Técnico André Fernando Freire, André Fleury Azevedo Costa, Luciano Pacheco de Almeida Prado, Marcelo Leite Vasco de Toledo - Presidente Marcos Sampaio de Almeida Prado Paulo Lenzi Souza Leite Não Técnicos Adolpho Júlio Camargo de Carvalho Eduardo Figueiredo Lima Filho Paulo Francisco Gomes Della Torre Roberto Antonio Trevisan Sebastião de Assumpção Malheiro Neto Serviço de Registro Genealógico - Stud Book Superintendente do Serviço de Registro Genealógico: Jayme Ignácio Rehder Neto Contato ABCCRM: (11) 3673-9400 e-mail: informativo@cavalomangalarga.com.br

arece um aniversário de casamento! Mas na realidade é quase a mesma coisa! É um casamento de uma organização, ou mesmo entidade, formada por pessoas que se agrupam com objetivos comuns na atividade de criar, selecionar e desenvolver um específico ideal, no caso, o nosso cavalo Mangalarga. Da mesma forma de casamento, a união se dá por ideais comuns, gostos e afinidades. No caso das bodas de uma Associação, ao contrário de um casamento, os participantes mudam. Uns entram, outros saem, sempre somando algo de positivo e multiplicando nosso campo de atuação. E assim vamos escrevendo nossa história. É justamente essa alternância de associados e dirigentes, irmanados por objetivos comuns, que fez – e faz - nossa Associação progredir por mais de sete décadas. Temos de considerar que são poucas as instituições que conseguiram tamanho êxito, razão pela qual temos muito a comemorar. Antes de tudo, porém, essa nossa grande conquista deve ser considerada como incentivo a continuarmos o trabalho iniciado por todos aqueles que por aqui passaram e deixaram sua contribuição. Um exemplo de que as pessoas podem e devem mudar, mas o que tem de ser preservado é o objetivo maior da nossa criação. E este, sim, deve ser o elo de nos mantermos unidos, coesos e firmes no mesmo propósito e razão pela qual fundamos nossa entidade. E que este motivo seja também o alicerce para que possamos comemorar inúmeras multiplicações de nossas Bodas de Diamantes no futuro.

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Como parte de nossas comemorações e com a aproximação da XXXI Exposição Nacional, gostaríamos de convidar todos os Mangalargistas a estarem presentes e prestigiarem o nosso cavalo na simpática cidade de Avaré, no interior de São Paulo. Será, sem dúvida, um evento muito especial. Vale lembrar que apesar deste ano ter se mostrado mais difícil no campo financeiro e econômico, ainda assim temos conseguido manter nossas atividades usuais e com perspectivas de fazer um trabalho melhor em 2010. Um dos motivos para que isso realmente venha a acontecer é a nossa tentativa de participar dos incentivos que a Lei do Esporte oferece. Temos todas as condições para mais essa conquista, basta mantermos um trabalho consciente, a exemplo do que já estamos fazendo ao longo de toda nossa história. A comemoração de nossas Bodas de Diamante é um motivo a mais para fazermos da Exposição Nacional em Avaré, entre os dias 22 de outubro a 1º de novembro, um marco dentro da raça. Uma amostra da grandeza da história de nossa raça, hoje um sinônimo de cavalo no Brasil. Assim é importante a presença de todos os associados e um maior número possível de animais, para que continuemos a dar clara demonstração de que estamos unidos naquilo que é o nosso maior interesse, o desenvolvimento do nosso excepcional cavalo, o Mangalarga. Tudo o mais é passageiro! Nós da Diretoria esperamos todos vocês! Abraços.



mangalarganews

Fotos: Modesto Wielewicki

Giro pelo mundo do Mangalarga

rio grande do sul

negócios

Mangalarga é destaque na Expointer Leilão Mangalarga ais uma vez, a Exposição de Esteio contou com a participação efetiva da raça Mangalarga, que através do seu núcleo do Rio Grande Do Sul, promoveu a Exposição Brasileira do Cavalo Mangalarga. Contando com animais das regiões Sul e Sudeste, a participação da Raça neste evento - considerado o terceiro maior do

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Contando com animais das regiões Sul e Sudeste, a participação da Raça neste evento se estendeu pelos 10 dias de feira, incluindo disputas de morfologia e função

Diretores de São Paulo e Rio Grande do Sul acompanharam a festa em Esteio (RS)

agronegócio mundial - se estendeu pelos 10 dias de feira, incluindo disputas de morfologia e função. Os julgamentos foram conduzidos pelos jurados Benedito Carlos da Silva e Silas Eduardo Freire, entre os dias 28 e 31 de agosto, nas pistas 14 e 15 do Parque Estadual de Exposições Assis Brasil. Nas provas funcionais, a programação incluiu provas de 5 tambores, 6 balizas, maneabilidade e a tradicional corrida cavalo x moto, que teve uma ampla vantagem do cavalo vencendo a moto por 10 x 2. Com a frequente e tradicional presença Mangalarguista na ExpoInter, nesta 24ª edição, ocorreu a visita do Presidente da Associação Brasileira de Criadores de Cavalo da Raça Mangalarga, Sérgio Paiva, que veio prestigiar e acompanhar o crescimento da Raça no Sul do País. Como sempre vem ocorrendo, o Núcleo Riograndense de Criadores de Mangalarga - Presidido pelo criador Eduardo Faria Finco – apresentou uma ação beneficente, doando um potro para ser sorteado, entre os presentes que ofereceram ajuda a uma instituição de caridade. Neste ano, a instituição beneficiada foi o “Lar Santo Antonio dos Excepcionais”, de Porto Alegre (RS), que cuida de crianças com Síndrome de Down, em estado vegetativo, abandonadas por suas famílias. A vencedora do sorteio foi Andressa de Christo, de 8 anos, moradora de Picada Café (RS). Segundo ela, sua família tem uma vaca e uma ovelha, mas estava faltando um cavalo. Andressa pediu que seu pai doasse R$ 5,00, para participar da promoção.

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Leilão VAT, de Vitor Torresan, foi realizado no dia 20 de junho de 2009, em Jaguariúna (SP). Cerca de 350 pessoas, sendo, a maioria, criadores de mangalarga ativos e antigos e também alguns novos entusiastas participaram do pregão, que teve como destaque a venda da potra Italiana VAT, de apenas seis meses, vendida por R$ 33.600 mil. Já Matinada JO foi vendida por R$ 48 mil, Esparta VAT e Gênova VAT por R$ 96 mil e Escócia VAT e Himalaia VAT por R$ 38.400 mil, cada uma. A média dos 30 lotes foi de R$ 23.840 mil. O leilão foi também uma grande festa de confraternização, com um ambiente agradável, familiar e festivo, pela comemoração dos 20 anos de criação da marca VAT, com a participação de muitos criadores. Um destaque expressivo foi o grande número de compradores, no total de 24 diferentes compradores para 30 lotes. A apresentação dos animais foi um dos destaques da festa, sendo que todos os animais acima de dois anos e meio foram apresentados montados, em “baterias de andamento” com cinco lotes de cinco éguas cada, o que muito impressionou o público presente.

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Os animais foram expostos montados



mangalarganews Fotos: Noberto Cândido

andamento

evento

Copa irá pagar R$ 160 mil

Mangalarga participa da 6ª Feira de Turismo Rural

a reta final de 2009, as Copas de andamento que agitaram o ano estão chegando ao fim, faltando apenas mais uma etapa, a 8ª Etapa Oficial de Mococa, nos dias 14 e 15 de novembro, os Mangalarguistas já fazem as contas para obter a classificação dos seus animais para a Grande Final da Copa que irá distribuir R$ 160 mil em prêmios e ainda irá devolver todas as inscrições feitas nas etapas classificatórias para quem participar da Grande Final, que será na Fazenda Barrinha, em Espírito Santo do Pinhal (SP), nos dias 28 e 29 de novembro. Entre as oito etapas oficias da Copa de Andamento, vale destacar alguns pontos que marcaram estas etapas. Na primeira etapa realizada na Fazenda Rio das Pedras, teve mais de 100 inscrições e uma premiação em dinheiro mais duas motos novas. Já na segunda etapa, em Guaxupé/MG, teve um excelente público, com animais de altíssimo nível técnico acirrando a disputa pelos primeiros lugares. A terceira etapa foi realizada em Itajú (SP), e deve tornar-se parte do calendário oficial da cidade. Em Uberaba/ MG, realizou-se a 4º etapa e o Mangalarga voltou com força e provou mais uma vez que tem público cativo e potencial. A 5ª Etapa aconteceu em Amparo (SP), entre os dias 22 e 23 de agosto e contou também com as provas funcionais de maneabilidade e teampenning. A 6ª e 7ª Etapas foram em São João da Boa Vista (SP) nos dias 26 e 27 de setembro e em Londrina (PR), nos dias 3 e 4 de outubro. Nos encontramos na Grande Final !!!

o dia 21 de agosto, foi realizado no Parque da Água Branca, a 6ª Feira Nacional de Turismo Rural. A Associação Brasileira dos Criadores de Cavalo da Raça Mangalarga (ABCCRM) marcou presença com uma bela apresentação, dirigida pela Técnica Veterinária Aracy Oliva. A profissional demonstrou, na parte técnica e prática, a morfologia e o andamento do cavalo Mangalarga, além de evidenciar ao público presente, toda a beleza da Égua Imagem do EFI, gentilmente cedida pelo senhor Eduardo Figueiredo Augusto, do Haras EFI.

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Feira mostrou a beleza do Mangalarga

mundo digital

ABCCRMangalarga lança o novo portal na internet ABCCRM lança este ano seu novo Portal na internet. Além de trazer as consultas e funcionalidades já existentes no atual, esta nova ferramenta virtual trará um visual ainda mais dinâmico e moderno,

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Portal com um visual moderno e dinâmico

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com uma estrutura preparada para o crescimento, poupando assim a Associação de maiores investimentos no futuro. O novo Portal Mangalarga contará com um painel de classificados e uma poderosa ferramenta de busca, que prevê a simulação de cruzamentos. Desta forma, o criador poderá analisar todas as possibilidades, antes de decidir qual será o cruzamento adequado para o seu animal. Em breve, terá também canal de consultas e boa parte dos serviços cartoriais, tais como comunicação de cobrições, transferências e vários outros serviços, que estarão disponíveis aos associados e visitantes do Portal.



história Por Juliana Machado

Desfile com os animais da Fazenda Porã realizado no dia 4 de julho, na Fazenda Capoava, em Itu (SP)

Fotos: Bob Molteni

Mangalarga Porã: 60 anos de seleção

com a terra foi um dos motivos que Após adquirir sua primeira A ligação levou a Família Almeida Prado até um de grandes amores: os cavalos Mangalarga. Essa égua Mangalarga, a família seus história começou em 1943, quando numa atituque surpreendeu a família, Sebastião Almeida Almeida Prado não parou mais. de Prado deu uma égua para cada um de seus filhos. de um “egueiro” vindo do Paraná e sorInvestimento que completou Compradas teadas através das damas do baralho, essas éguas início às criações de cada um deles. mais de meio século deram Em 1949, entusiasmado com o Mangalarga,

Roberto Almeida Prado adquire de Suji Akinaga, conhecido como Akinaga “Junqueira”, suas primeiras éguas dessa raça. Eram quatro animais da criação de Nico Junqueira Franco e que, cruzadas com Capitel SP, de Sebastião de Almeida Prado e, pos-

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história

teriormente com Amendoim da Consulta, crioulo de Renê Vaz de Almeida, formam a base do plantel Porã. Em outubro de 1949 nasce sua primeira crioula, Fazendeira, uma filha de Fazendão e Colina. Em novembro de 1952 colhe Marrocos Porã (Capitel SP e América II NJF), garanhão do plantel por quase 30 anos e o seu cavalo mais querido. A criação foi iniciada na fazenda Santa Isabel, em Jaú, tendo sido transferida na década de 1950, para Flórida Paulista, inicialmente na Fazenda Santo André e posteriormente na Fazenda Porangaba. Segundo Raul Almeida Prado, o pai sempre foi fiel aos seus princípios e defensor da ideia que só a função é que justifica uma raça. Começou a criar o Mangalarga por ser uma renomada ferramenta de auxílio à pecuária de corte, além de perfeitamente adaptada ao meio. Testou seus animais, não só no cotidiano das suas fazendas, mas também nos eventos promovidos pelas entidades ligadas ao cavalo de sela, em todas as ocasiões que lhe foi possível. E não só animais de trabalho, mas principalmente seus garanhões e éguas mais importantes. Início da criação

Os irmãos Paulo, Kiko e Raul Almeida Prado durante a comemoaração dos 60 anos do Mangalarga Porã

Ainda bem no começo da criação, Prado comprou também algumas éguas da família Pires de Campos, em Jaú. Ao longo dos anos 50 e 60, adquiriu éguas das criações de Antenor Junqueira Franco, Sebastião de Almeida Prado e Floriano Martins. Nas décadas seguintes foram compradas mais algumas poucas representantes das linhagens 53, CJ e Procó. Da tropa de Colina (Junqueira Franco) vieram América II, Onça, Amazonas, Viúva, Rainha, Distinta, Brasília, Miçanga e Mulatinha. As mais importantes na nossa criação foram América II, Rainha e Brasília com vários descendentes no plantel. Da criação SP, de Sebastião de A. Prado, vieram Andorinha, Folia, Pampulha e Gamela. Andorinha, filha de Maragato SP e Lanceira Flori, se transformou na principal matriarca, estando presente nos pedigrees da maioria dos animais do plantel atual. Da topa Flori, de Floriano Martins, vieram Lanceira,

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Jóia, Malícia e Querida. Dessas, a de maior destaque é Lanceira, principalmente através de suas filhas Andorinha e Guarânia Porã. Da criação dos Pires, a de maior importância é Héctica (Damasco e Mulata), que produziu excelentes animais de andamento. Vale ainda citar de outras linhagens, Fada e Lorena 53, Garufa e Ipanema MA, Érika e Garufa Procó, Coroa e Londrina da Nata. “Ao longo dessas seis décadas fomos buscar em animais de outras criações características que naquele momento entendíamos importante incorporar ao nosso plantel. Através do envio de éguas para enxertar ou do empréstimo de garanhões, foram introduzidas no patrimônio genético da tropa Porã, qualidades de vários dos mais importantes cavalos que escreveram a história da raça”, afirma Raul. O uso de garanhões de outros criadores e os frequentes empréstimos de animais, decorrentes do espírito de cooperação entre os selecionadores da raça, permitiam que os mangalarguistas tivessem acesso barato a um número significativo de plantéis e animais de boa qualidade, difundindo assim, com maior eficiência, qualidades desejáveis. Ao longo de todo esse tempo, uma das melhores conquistas foi a amizade que se criou entre a família e outros criadores. “O estreitamento que o cavalo estimula nos laços de amizade pode ser reconhecido em relação à minha própria geração e eu percebo isso na vida dos meus filhos”, esclarece. A Fazenda Porangaba, em Flórida Paulista, ficou conhecida pelo capricho e qualidade de suas instalações e pastagens, tendo sido citada em diversas publicações da área, inclusive internacionais, e visitada por criadores e técnicos de renome nas décadas de 60 e 70. “Da denominação Porangaba (lugar bonito, na língua Guarani) derivam os sobrenomes utilizados nas suas criações; Porã e da Porangaba. Embora tenha criado várias raças e espécies, é certo que o cavalo Mangalarga teve sempre um lugar muito especial no coração do meu pai”, explica. Atualmente, a tropa Porã está sediada na Chácara do Rosário, em Itu, em parceria com João Baptista de Mattos Pacheco. O plantel conta com 12 éguas de cria, dois garanhões e alguns potros e potras. “Continuamos seguindo a orientação do meu pai. Criar um bom cavalo de sela, que possa ser útil e que mantenha as características que um dia fizeram o nome Mangalarga ser sinônimo de qualidade: bom temperamento, andamentos típicos, rusticidade e fidelidade às suas origens sem deixar de acompanhar a marcha do tempo”, finaliza.



capa Juliana Machado

ABCCRM

75 anos de história A Associação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga completa Bodas de Diamante de muito trabalho e seleção do cavalo história da raça Mangalarga começou em 1812, quando membros da Família Junqueira, responsáveis por esta criação, mudaramse para São Paulo e, com eles, trouxeram suas montarias. A famosa raça de equinos logo contagiou os paulistas, que a adotaram e a disseminaram em São Paulo e Estados vizinhos. O início da seleção da Raça Mangalarga começou na Fazenda Campo Alegre, em Baependi, hoje Cruzília, onde o Barão de Alfenas instalou-se. Segundo informação da Associação,

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o Barão teria recebido de presente do Príncipe Regente Dom João VI, um Cavalo Álter, que passou a usar como garanhão em suas éguas o que resultou na formação da Raça Mangalarga. No entanto, durante um pouco mais de um século da raça no Brasil, cada criador orientava-se pelos próprios critérios, agindo isoladamente, constituindo energias dispersas, diferenças de resultados, falta de um controle mais ativo. Pensando nisso, em 1928, o zootecnista Paulo de Lima Corrêa, através de um profundo estu-

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do, lançou as bases da caracterização do Cavalo Mangalarga. Entusiasmado com a dedicação do técnico, dois criadores paulistas - Celso Torquato Junqueira e Renato Junqueira Neto reuniram um grupo de criadores, com a finalidade de definirem os critérios a serem usados na sua seleção. A comissão organizadora foi formada por dez membros e ficou constituída assim: Eduardo Ralston, Gabriel Jorge Franco, Paulo de Lima Corrêa, Augusto de Oliveira Lopes, Celso Torquato Junqueira, Renato


Ilustração: Núcleo Propaganda / Rodrigo de Freitas

Junqueira Neto, Humberto S. Pereira Lima, Saulo Junqueira Franco, Antonio Uchôa Filho e Antonio Junqueira Franco. Esta comissão, através de sucessivas reuniões, elaborou o anteprojeto dos estatutos, que seria apresentado à Assembleia Geral, convocada para a fundação da ABCCRM. Em 25 de setembro de 1934, em São Paulo, na sede da Associação Herde Book Caracu, sita à Av. Água Branca, 53, instalou-se a Assembleia especialmente convocada com o fim de se fundar o registro genealógico do Cavalo Mangalarga. Foi eleita a Primeira Diretoria, que ficou assim formada: Presidente Renato Junqueira Neto, 1º Vice-Presidente - Eduardo Ralston, 2º Vice-Presidente - Gabriel Jorge Franco, 1º Secretário - Augusto Oliveira Lopes, 2º Secretário - Dr. Otto Stephan e Tesoureiro - Celso Torquato Junqueira. Os primeiros objetivos da associação foram selecionar e aperfeiçoar a raça, para que os criadores do estado e do país tivessem, futuramente, um cavalo de sela que satisfizesse algumas características, como beleza e agilidade para hipismo, marcha confortável e sobriedade para os trabalhos na lida do campo. Mas, para conseguir isso foi preciso “uniformizar” o padrão do Mangalarga ao padrão internacional do cavalo de sela, conservando o seu andar característico, que lhe permite agilidade, velocidade e beleza nos movimentos. Em 26 de junho de 1985, a Associação faz a abertura da sua VII Exposição Nacional e inaugura a nova sede no Parque da Água Branca, o que marca uma nova etapa da entidade, que passa a oferecer um desenvolvimento e aprimoramento dos trabalhos propostos, pois começa a contar com computador, telex, microfilmagem dos documentos. Com o intuito de fomentar a raça em mente, desde 1934, a ABCCRM vem trabalhando para alcançar seus objetivos, aperfeiçoando e selecionando, cada vez mais, seus animais e aumentando os laços de amizade entre os criadores da raça. Atualmente, a ABCCRM conta com mais de 1600 sócios ativos, está no seu 22º presidente e realiza exposições e competições quase que semanalmente em vários estados do Brasil. Confira uma entrevista com alguns mangalarguistas que estiveram a frente da ABCCRM, durante os últimos 75 anos.

Clodoaldo Antangelo 75 anos, advogado e pecuarista

Época que foi presidente? Na primeira de 1983 a 1989 e na segunda de 1993 a 1995. O que fez de marcante durante seu mandato? A compra do Centro Mangalarga Brasileiro, em Piracicaba (SP) onde eram realizadas as exposições nacionais e principalmente o curso de formação de mão-de-obra. Qual o maior obstáculo enfrentado e como o superou? O Mangalarga se concentrava em São Paulo, mas conseguimos abrir mais 16 núcleos no Brasil. Aconteceu alguma história que gostaria de registrar? Criamos o leilão “Avançado” que eram leilões em regiões onde não havia a presença do Mangalarga. Realizamos as primeiras participações oficiais no exterior, uma em Essen, Alemanha, na famosa EQUITANA e Santa Cruz De La Sierra, na Bolívia. Fizemos simpósios para discutirmos novas técnicas de reprodução, técnicas essas usadas largamente hoje em dia e que fomos pioneiros dentre todas as raças a implementá-las. Lançamos a campanha dos sócios jovens.Terminamos nossa gestão com mais de cinco mil sócios.

Como compara a Associação do seu tempo com a atual? Cada gestão tem seu objetivo e seus projetos, dependendo das necessidades da época, mas temos a sorte de contarmos com um quadro de associados idealistas que vêm compondo diretorias competentes e comprometidas com o desenvolvimento da raça. E o crescimento do Cavalo Mangalarga? Tem melhorado muito. Sua morfologia atual é excelente. Quanto à funcionalidade, começamos a selecionar mais objetivamente após a implantação das provas de andamento e funcionais. Como se sente em relação à sua presidência? Consciente do dever cumprido e feliz de ter a colaboração de grandes companheiros. Qual a importância da Mangalarga comemorar 75 anos? É importante evidenciar e divulgar a grandeza do cavalo e da associação. Mensagem de parabenização Um grande abraço a todos os Mangalarguistas.

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capa

Ilustração: Rodrigo de Freitas

ligados à história da raça, com a presença de criadoras, filhas de criadores, mães e até avós de criadores. Uma prova fantástica e única.

Ivan Antonio Aidar 67 anos, engenheiro agrônomo

Época que foi presidente da Mangalarga. De julho de 1989 a dezembro de 1992. O que fez de marcante no seu mandato? Criamos a prova de andamento. Nas categorias de cavalos e éguas sênior, inserimos baliza e tambor no julgamento de dinâmica, incentivamos o esporte em geral com o hipismo rural, cavalgadas, e premiamos as provas de enduro. Criamos o Museu do Cavalo Mangalarga com a finalidade de preservar as origens, a história da raça, e os antigos criadores que souberam com competência selecionar nosso cavalo. No registro definitivo, alteramos a tabela de pontos, aumentando em 50% os itens responsáveis pela melhoria do andamento. Ampliamos o Centro Mangalarga Brasileiro, asfaltando e iluminando as ruas, e construindo a Casa do Criador. Qual foi o maior obstáculo enfrentado e como o superou? Creio que foi conscientizar os criadores que a seleção do Mangalarga só teria futuro priorizando a funcionalidade. Implantamos as provas de andamento no julgamento, apesar da resistência de alguns criadores de renome, e as provas perduram até hoje. Aconteceu alguma história interessante que você gostaria de registrar? Tivemos na abertura da Exposição Nacional cerca de 70 mulheres montadas, numa prova de andamento feminina, com trajes

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Como compara a Associação do seu tempo com a atual? No nosso tempo havia grande participação dos associados, principalmente pela ação dos núcleos, com a promoção de provas de enduros e hipismo rural que atraiam os jovens, além de eventos sociais que integravam a família mangalarguista. Vejo hoje um esforço da associação em promover Copas de Andamento, oferecendo bons prêmios como forma de resgatar a participação dos criadores em eventos, além das exposições. E o crescimento do cavalo Mangalarga? O crescimento da Mangalarga foi tão expressivo na época que fizemos 1.328 novos sócios, deixando a Associação com total de 6.459 sócios em 22 estados. O Stud Book transferiu 18.905 animais, o mercado cresceu tanto que fizemos neste período 5,2 remates mensais e registramos de 1989 a 1992, 39.812 animais entre Provisórios e Definitivos. Encerramos o ano de 1992 com desempenho de 29,42% de animais comercializados no mercado nacional, seguido do Quarto de Milha com 22,74%, segundo dados da DBO Rural de fev. 1993. Como se sente em relação à sua presidência? Embora desgastante, para mim foi uma grande honra e imensa satisfação ter representado os criadores durante estes anos e contribuído para o crescimento da nossa associação. Qual a importância da Mangalarga comemorar 75 anos? Nós conseguimos com sucesso ao longo destes 75 anos consolidar uma raça genuinamente brasileira para atender o trabalho do campo e o lazer dos seus usuários. Mensagem de parabenização Nosso desafio é seguir criando um cavalo rústico, dócil, útil nos trabalhos rurais, imbatível nas cavalgadas, com andamento macio e elegante, Cavalo do Peão e do Patrão, este sim o verdadeiro cavalo de sela brasileiro.



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Ilustração: Rodrigo de Freitas

sições da nossa raça, e lá também preparamos nossa mão-de-obra. Lá vinham mangalarguistas do Brasil inteiro e nunca mais se repetiu isso. A venda deveria ter sido votada em caráter mais amplo, porque era um patrimônio da raça.

Célio Ashar

66 anos, engenheiro civil

Época que foi presidente da Mangalarga? De 1996 a 1998 O que fez de marcante no seu mandato? O ponto alto foi a área técnica e os Jogos Mundiais da natureza, que foram feitos no Brasil, Olimpíadas Naturais. O cavalo Mangalarga foi escolhido para representar a parte do hipismo, no Paraná, em 1997. Nós preparamos 120 animais no centro Mangalarga Brasileiro e participamos com 40. Vieram mais de 20 cavaleiros internacionais e foi um sucesso. Também fizemos o “Futuro da Raça”, que tinha objetivo de angariar os jovens para serem nossos sucessores na raça. Criamos o Mangalarga Jovem, com conferências, simpósios, coquetéis, etc. mas não deram continuidade a esse trabalho e foi aí que estagnou. Qual foi o maior obstáculo enfrentado e como o superou? Alguns criadores que achavam que eu ia mexer com embriões e essas coisas. Sempre fui contra, não à tecnologia e, sim, a proliferação deles sem restrições, afinal ela limita o mercado de grandes criadores (desenvolvidos) não tinha poder econômico para fazer isso. A restrição era apenas comercial. Aconteceu alguma história que você gostaria de registrar? Nós tínhamos o Centro Mangalarga Brasileiro e hoje não temos mais. Faço críticas sobre isso. Pois foi lá onde fizemos as melhores expo-

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Como compara a Associação do seu tempo com a atual? Não acompanho e tenho por hábito não criticar as gestões administrativas dos meus sucessores e nem antecessores. Mas quando entra na parte técnica, fomento, exposição, conduta de um julgamento, bate de frente comigo, como associado e como membro do conselho. Porque o Mangalarga atingiu um estado, tanto de morfologia como de andamento, e não dá para perder o que conseguimos em 50 anos. E o crescimento do cavalo Mangalarga? A raça não cresceu. A gente vê isso na dificuldade da comercialização. Infelizmente, não sei se foi por problema de ordem técnica, não de fomento, que é muito bom. Hoje tem muitos patrocínios. Na minha gestão tinha apenas a Secretaria da Agricultura. E entregamos a parte administrativa auditada e pronta para o outro presidente. Como se sente em relação à sua presidência? Realizado. Faria tudo igual novamente. Qual a importância da Mangalarga comemorar 75 anos? Motivo de jubilo para todos nós. Me orgulho muito de pertencer a raça Mangalarga e de ser um criador. De ter esses animais. Espero que comemore mais 75 anos e que os jovens deem continuidade. Mensagem de parabenização Parabenizar todos aqueles que amam o cavalo Mangalarga. O gosto pelo cavalo é nato, a pessoa nasce com ele, tem que se dedicar mais ao cavalo. É preciso dar apoio aos criadores. A Associação tem que fomentar os cavalos, tem que ouvir mais os criadores. Também gostaria de parabenizar todos os presidentes, porque não é fácil ser presidente e enfrentar todos os sacrifícios que o cargo representa.



capa

Ilustração: Rodrigo de Freitas

mandato acabou em janeiro deste ano. Mas a linha fundamental de valorizar andamento e função continua com uma série de mudanças e aperfeiçoamentos que a Diretoria atual implementou e tem dado continuidade.

Mário Barbosa

63 anos, engenheiro e adm de empresas

Época que foi presidente da associação Mangalarga? Fui Presidente por duas gestões, sendo a primeira entre 2004 e 2005 e a segunda de 2006 a 2008. O que fez de marcante no seu mandato? O mais marcante em minha gestão foi a grande ênfase dada à valorização do andamento e da função do Mangalarga- o cavalo de sela brasileiro. Qual foi o maior obstáculo enfrentado e como o superou? O maior obstáculo enfrentado foi que no começo. Alguns criadores, por não terem entendido a proposta de valorizar o andamento e a função, passaram a boicotar as exposições e copas de andamento organizadas pela Associação Mangalarga. Com o passar do tempo eles entenderam a importância da proposta e voltaram a participar com entusiasmo das atividades realizadas por nós. Aconteceu alguma história que você gostaria de registrar? Não. Como compara a Associação do seu tempo com a atual? Comparar a ABCCRM de meu tempo com hoje é difícil, pois não faz tanto tempo assim, que deixei a associação. Meu

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E o crescimento do cavalo Mangalarga? O crescimento da raça Mangalarga tem acontecido, ampliando as regiões e o número de criadores - devido a valorização do andamento e da função, do nosso cavalo de sela. Como se sente em relação à sua presidência? Me sinto muito gratificado por ter ocupado a Presidência durante cinco anos, principalmente porque um grande número de criadores hoje entende e concorda com a mudança de direcionamento que foi feita, valorizando o andamento e a função do cavalo Mangalarga. Qual a importância da Mangalarga comemorar 75 anos? A importância de comemorar os 75 anos é muito grande, pois atesta que o Cavalo de sela Brasileiro que começou com um pequeno grupo fundando a ABCCRM em 1934, evoluiu, ampliou os horizontes e conquistou boa parcela do mercado dos cavalos brasileiros de Andamento e de Função em decorrência de suas qualidades e hoje está espalhado pelo país inteiro. Mensagem de parabenização Envio meus cumprimentos a querida Associação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga pelos seus 75 anos. Também mando um abraço especial a todos os sócios e apaixonados pelo cavalo mangalarga, o cavalo de sela brasileiro, estimulando todos a montarem e colocarem o “pé no Estribo” (que foi o lema utilizado durante toda a minha presidência, com o intuito de incentivar todos os criadores a montarem e apreciarem o conforto do nosso cavalo).



capa

Ilustração: Rodrigo de Freitas

e do Stud Book, sem a interrupção das atividades normais no atendimento dos associados, tais como registros e transferências de animais, realização de leilões, etc. Como compara a Associação do seu tempo com a atual? Percebe-se nitidamente a alteração do perfil dos criadores, majoritariamente agropecuaristas naquele tempo para ligados a outros setores da economia atualmente.

Felippe Lacerda Filho advogado e pecuarista

Época que foi presidente da ABCCRM? Fui Presidente de 1983 a 1986. O que fez de marcante no seu mandato? Obtivemos a cessão pela Secretaria da Agricultura do pavilhão 4 no Parque da Água Branca, e procedemos a reforma, instalando a Diretoria e o Stud Book; procedemos à informatização dos serviços do Stub Book; realizamos duas exposições nacionais com Juiz estrangeiro; patrocinamos a realização da expedição realizada pelo francês Stéphane Bigo e sua companheira Michèle Corson, através de seis paises da América do Sul, percorrendo um total de 8.500 km montados em Mangalargas; instalamos núcleos regionais em Feira de Santana - BA, e Maringá - PR, com o apoio dos criadores daqueles Estados; participamos por duas vezes da Semana Nacional do Cavalo, realizada em Brasília-DF; promovemos palestras sobre equideocultura em vários locais e Estados; contratamos o ginete Elias Faria para ministrar cursos de equitação diretamente nas fazendas e haras de criação de Mangalarga; patrocinamos o Simpósio de Andamento realizado em Orlândia - SP; realizamos provas funcionais em diferentes regiões de São Paulo e Minas Gerais. Qual foi o maior obstáculo enfrentado e como o superou? Foram as mudanças provocadas pelo grande crescimento da ABCCRM que, além do espaço atualmente ocupado e suas instalações, exigiram a reorganização dos serviços sociais

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E o crescimento do cavalo Mangalarga? O Mangalarga sofreu com as mudanças ocorridas no setor agropecuário brasileiro. A implantação de canaviais em áreas de pastagens e o deslocamento da pecuária para novas regiões do País alterou a necessidade da utilização de equideos, tanto em número como em qualidade. Além disso, a perda do poder aquisitivo da zona rural afastou antigos criadores das exposições dado o elevado custo de preparo e apresentação dos animais nos eventos. Acrescente-se a isto a baixa nos preços dos animais, o que dificulta ainda mais a participação do pequeno criador nos certames da raça. Como se sente em relação à presidência? Tenho a sensação de dever cumprido. Aquilo que nos competia fazer foi feito e, se mais não fizemos, foi devido à exiguidade do tempo e à exigência da tarefa, grande por demais para as nossas limitações. Qual a importância da Mangalarga comemorar 75 anos? Vejo com satisfação que o Mangalarga ainda está em grande evolução. É muito importante que o Mangalarga seja preservado, em respeito e homenagem aos fundadores da raça, divulgadas as suas qualidades de cavalo de sela e trabalho apto às nossas condições de solo e clima, e perfeitamente adaptado às lides pecuárias brasileiras. Mensagem de parabenização Desejo que a atual Diretoria possa congregar todos os seus associados em torno do cavalo Mangalarga a fim de que possamos chegar mais longe ainda, no tempo, com o brilhantismo que até hoje tivemos.





capa

Ilustração: Rodrigo de Freitas

Celso Montalvão 61 anos, administrador de empresas Época que foi presidente da associação? Fui Presidente de 1999 a 2001. O que fez de marcante no seu mandato? Realizei a última exposição nacional dentro do Parque Dr. Fernando Costa (Água Branca). A Exposição contou com a presença de 230 animais. Foi o último e talvez um dos mais marcantes pela infraestrutura montada no recinto, que recebeu o público amante do cavalo que compareceu em massa para prestigiar a Nacional que contava ainda com a Casa do Criador, reservada para os associados e convidados do Cavalo Mangalarga. Além desta exposição, durante sua gestão tiveram outras duas exposições na cidade de Bauru (São Paulo) que atraiu um excelente público. Qual foi o maior obstáculo enfrentado e como o superou? Foi assumir a associação após um período de turbulência. Eu trouxe novamente a paz entre os associados, arrumando a casa e equilibrando as economias, após a venda da Casa que abrigava o museu e estava desocupado. A,lém de alugar o CMB ( Centro Mangalarga Brasileiro) que ficava em Rio das Pedras/SP para a realização de eventos. (o CMB não existe mais).

Reginaldo Bertholino 70 anos, economista

Época que foi presidente da Mangalarga? 2002 a 2003. O que fez de marcante durante seu mandato? Fiz a primeira exposição de pelagem na nacional, primeira diretoria a dar premiações em dinheiro na Copa de Andamento. Qual foi o maior obstáculo enfrentado e como o superou? Quando assumi a associação estava com problemas financeiros e consegui mudar este visual vendendo o Centro Mangalarga que tinha um custo de manutenção de 10 mil mensais e estava “abandonado”. Como compara a Associação do seu tempo com a atual? Vejo esta diretoria trabalhando naquilo que acredita ser o melhor, e se acredita no que está fazendo temos realmente que considerar que é um bom trabalho. É assim que penso e assim que fiz quando por aqui estive. E o crescimento do cavalo Mangalarga? Estamos vivendo um momento de transição. Criar cavalos hoje em dia não é fácil. Tem que ter condições. Precisamos buscar usuários do cavalo. É diferente do usuário do automóvel, bicicleta. Ele precisa ter uma terra pra deixar seu cavalo e isso hoje está difícil. Precisamos encontrar núcleos de pensão para guardar e tratar o cavalo, pois criar cavalo exige uma disponibilidade financeira. Como se sente em relação à sua presidência? Quando o homem faz aquilo que acredita, faz bem feito e tudo o que eu fiz foi acreditando em ser o melhor pra raça e para a associação. Qual a importância da Mangalarga comemorar 75 anos? É uma história. Poucas coisas no mundo chegam a essa idade. Vejo que este é um momento no qual devemos nos unir, se abraçar e comemorar. Mensagem de parabenização à Mangalarga Parabenizo a todos que estão na associação, pois sei o quanto é complicado trabalhar aqui. É difícil conseguir agradar a todos os criadores, pois temos criadores com todos os ideais e aqueles que pensam apenas comercialmente, então contentar a todos e muito difícil.

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exposição Por Fábio Alvim

Fotos: Modesto Wilewicki e Norberto Cândido

XXXI Nacional

Mangalarga

será em Avaré (SP)

Temos a volta um cenário de grande transformação financeira, ambiental e ecológica. Incluindo: o custo do aquecimento, a legislação ambiental, a agricultura sustentável e a produção ecologicamente correta

m todas as redações, sejam elas especializadas ou não em agronegócio, mercado financeiro, ecologia ou meio ambiente, todos citaram o crescimento e investimento nos negócios rurais, como um todo. Seja com novos aposentados realizando o antigo sonho do campo, jovens empreendedores e, até mesmo, simples investidores, o importante é que todos estão pensando em ter um pequeno ou grande pedaço de terra, com algum tipo de criação ou plantação. Quando digo que “O universo conspira a favor do Mangalarga”, é porque a maioria destes brasileiros sonha em ter um cavalo bom, ágil, dócil, rústico, com bom andamento e boni-

E

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to, que auxilie no manejo em sua propriedade e proporcione grande prazer em cavalgadas, exposições, provas ou num simples passeio no final do dia. O Cavalo Mangalarga tem hoje uma grande função no cenário brasileiro. Se olharmos pela ótica do impacto, com o custo do aquecimento global, da produção ecologicamente correta e da agricultura sustentável, o Mangalarga não consome gasolina, não cria erosões, nem emite poluentes no ar. É parte integrante da cadeia produtiva. E o mais importante: conecta, de uma forma simples e harmônica, o homem ao campo, criando uma atmosfera de cumplicidade e respeito mútuo.



exposição

Nacional terá suas tradicionais provas funcionais

Em todas as modalidades rurais, seja em agricultura ou pecuária, grande ou pequena, o Mangalarga adapta-se proporcionando excelente relação custo-benefício, proporcionando grande prazer aos seus usuários. Há 75 anos, não 75 dias, com grande investimento e dedicação de grandes e pequenos criadores, o Mangalarga se destaca de forma magnífica, com sua morfologia indiscutível, seu andamento de excelente comodidade e sua aptidão para o trabalho. Características que o tornaram nacionalmente reconhecido como o “Cavalo de Sela Brasileiro”. Pensando neste mercado em franca expansão, a ABCCRM continua com a agenda de 2009 tomada de eventos e várias outras atividades. Pois, ao contrário da previsão de alguns,

a crise econômica internacional não abalou de forma significativa os ânimos de nossos associados. Prova disso, foi o primeiro semestre, quando apoiamos a realização de vários eventos em diversas praças como: São Paulo, Distrito Federal, Paraná, Goiás, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e Bahia, tendo como destaque o grande sucesso da Exposição Brasileira em Esteio, quando mostramos nosso cavalo na Expointer, vencendo até motocicletas. O que, para nós, não chegou a ser uma novidade. As Copas de Andamento vêm crescendo a cada dia, e a nova modalidade de classificação tem atraído e resgatado diversos criadores. É inegável que o Mangalarga nasceu para andar, conduzir e proporcionar prazer aos seus usuários.

O Mangalarga conecta, de uma forma simples e harmônica, o homem ao campo, criando uma atmosfera de cumplicidade e respeito mútuo 38 ( horse ) Suplemento Especial Mangalarga outubro 2009



exposição

A Exposição Nacional contará com o que há de melhor na Raça, assim como nas edições anteriores, onde comemoraremos Bodas de Diamante, em grande estilo

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A maior prova é o alto nível das Copas, onde todos os juízes, sem exceção, têm comentado aos quatro cantos que estão tendo dificuldades para classificar os animais nos julgamentos, tendo em vista o excelente nível da tropa. Outros eventos que demonstraram a aptidão, vontade de andar e regularidade de nosso Cavalo, foram as Provas Internacionais e o Campeonato Paulista de Enduro no Haras Endurance, em Bragança Paulista. Na categoria regularidade aberta, com placas de 23 km, Stefanie



exposição

Programação

As Copas de Andamento vêm crescendo e a nova modalidade de classificação tem atraído e resgatado diversos criadores

A Programação Oficial definitiva será publicada na próxima circular. Segue uma pequena mostra, a qual poderá sofrer alterações.

Quinta - 22/10/2009....................................Chegada dos animais (das 7h às 18h) Sexta - 23/10/2009.......................................Chegada dos animais (das 7h às 18h) Sábado - 24/10/2009...................................Início do julgamento geral e pelagem Domingo - 25/10/2009................................Continuação do julgamento geral e pelagem Segunda - 26/10/2009.................................Continuação do julgamento geral e pelagem Jantar de confraternização dos peões Terça - 27/10/2009........................................Continuação julgamento geral e pelagem Quarta - 28/10/2009....................................Continuação julgamento geral e pelagem Quinta - 29/10/2009.....................................Continuação do julgamento geral e pelagem Abertura oficial, com desfile das bandeiras dos haras Sexta - 30/10/2009.......................................Julgamento dos campeonatos: geral e pelagem Progênie de pai, progênie de mãe e conjunto de raça / Leilão Gênesis Mangalarga Sábado - 31/10/2009...................................Provas funcionais: andamento / maneabilidade Festa de confraternização dos criadores Domingo - 01/11/2009................................Julgamento dos grandes campeonatos: geral e pelagem Encerramento oficial / saída dos animais Segunda- 02/11/2009..................................Saída dos animais

Provas Funcionais a) Programação: Sábado – 31/10/2009...................................Início às 09h00 Andamento Categorias: Mini-Mirim, Mirim, Feminina e Patrão. Maneabilidade Categorias: Jovem, Feminina, Amador e Aberta. b) Premiação: Andamento Mini-Mirim ....................................................Medalha do 1º ao 5º lugar Mirim ..............................................................Medalha do 1º ao 5º lugar Feminina ........................................................ Medalha do 1º ao 5º lugar Patrão.............................................................. Medalha do 1º ao 5º lugar Maneabilidade Jovem ............................................................. Medalha do 1º ao 5º lugar Feminina ........................................................ Medalha do 1º ao 5º lugar Amador .......................................................... Medalha do 1º ao 5º lugar Aberta: 1º Lugar .......................................................... R$ 4.200,00 2º Lugar .......................................................... R$ 3.000,00 3º Lugar .......................................................... R$ 2.100,00 4º Lugar .......................................................... R$ 1.500,00 5º Lugar .......................................................... R$ 1.000,00

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Caixeta Kalitzki, de 9 anos, obteve o 2º lugar, seguida por seu pai, Dirk Helge Kalitzki, que ficou com o 3º lugar. Na categoria regularidade batimento a jovem Stefanie também ficou em 2º lugar. O 1º lugar da competição por placas, ficou com Vivian Feres José, comprovando que ao falarmos de andamento, regularidade e aptidão, o Mangalarga é sim o Cavalo de Sela Brasileiro! A Exposição Nacional deste ano, em Avaré (SP), contará com o que há de melhor na nossa Raça, assim como nas edições dos anos anteriores, onde comemoraremos Bodas de Diamante, em grande estilo. Estamos passando por um grande marco da história da nossa Raça. Nestes últimos 75 anos, foram idas e vindas, lapidando nosso Cavalo. Agora, estamos prontos para retomar nosso espaço de destaque no agronegócio brasileiro, em todas suas fases, dimensões e necessidades. Nas pistas de julgamento e provas, faz-se necessário uma leitura fina. São 75 anos de melhoramentos, tornando mais difícil avaliar efetivamente os futuros cruzamentos. O enfoque atual é outro. Antes, bastava ser Grande Campeão para se vender a genética. Hoje, além de ser um Grande Campeão, tem que comprovar rusticidade, morfologia e, principalmente, o andamento em seus descendentes. O custo e a boa oferta de excelentes garanhões e matrizes forçam os criadores, mais e menos experientes, a pesquisarem os acasalamentos de forma mais racional, de acordo com seus objetivos.



gente

Fotos: Norberto Cândido

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1. André Iuri, Jamir Alves e Marcelo Barbará na Exposição de Bragança Paulista (SP), nos dias 25 e 26 de abril

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2. Zequinha e esposa chegando na Exposicao de Braganca Paulista (SP), realizada nos dias 25 e 26 de abril

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3. José Lamartini, Zequinha, Flávio Fernandes e Sérgio Paoliello marcaram presença no 65º Leilão Oficial Mangalarga, em São Paulo 4. Nelson Braido, Antonio Caetano, Fernando Tardioli e Fernando Raucci no 65º Leilão Oficial da Raça Mangalarga no Jockey Clube de São Paulo no dia 9 de junho

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gente

Fotos: Norberto Cândido

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1. Haigazun Sanazar, Cláudio Mente e José Eduardo Souza na Exposicao de Guaratinguetá, nos dias 23 e 24 maio 2. Carlinhos, Hugo Anelio, Sergio Paiva e Laercio Leismann se encontraram nos eventos da raça Mangalarga

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3. Rogério Nigro, João Batista e Marcelo Boaro na Exposição de Tietê, nos dias 7 e 8 de maio 4 Moacir Aga, Miro Esteves, Nilton Bartoli e Gustavo Esteves marcaram presença na Copa de Andamento em Jundiaí

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5. Vital Lopes, Nelson Braido, Fabio Alvim e Osvaldo Ruffino também estiveram presentes na Copa de Jundiaí

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Fidelidade Mangalarga

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