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Cavalgadas e Tradições

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Hans Haudenschild

Hans Haudenschild

CAVALGADAS E TRADIÇÕES

EQUESTRES COM CAVALOS MARCHADORES

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Islândia e Índia são dois destinos que propiciam o contato com equinos de marcha e com eventos muitos especiais dentro do cenário equestre

Meu texto nesta edição é sobre dois eventos tradicionais que visitamos durante cavalgadas, oportunidade de testemunhar a cavalo tradições equestres muito antigas.

São poucas as raças de cavalos marchadores no mundo em comparação aos cavalos trotadores e, da mesma forma, as opções de cavalgadas disponíveis são em menor número.

Marchadores na Europa

O cavalo Islandês, mais famosa raça de marchadores do continente europeu, é uma raça criada a partir de cavalos trazidos para a Islândia pelos vikings no século IX. A criação de cavalos é uma tradição no país, gerações de famílias rurais

mantêm suas criações de cavalos; toda cidadezinha de mais de duzentas pessoas tem um clube com uma pista de equitação.

“Round Up” / “Reunir a Tropa”

Um número crescente de pessoas está indo cavalgar nas terras altas da Islândia. São várias as opções de cavalgadas, uma que acho muito interessante é acompanhar a cavalo o tradicional evento anual do “Round Up” ou “Reunir a Tropa”.

É uma tradição muito antiga, documentos do século XIII já mencionavam o “Round up” e muito pouco mudou ao longo do tempo. Agora ocasionalmente usam pequenos aviões para localizar os cavalos do ar, mas todo

Fotos: Paulo Junqueira Paulo Junqueira cavalga com um cavalo Marwari na Índia.

o processo ainda é fiel aos antigos costumes.

De acordo com o que me contou uma criadora local, a razão

para levarem os cavalos para as montanhas é a necessidade prática de alimentar os cavalos no verão, e preservar um pouco de grama na fazenda durante o inverno; e também a crença romântica de que esses verões livres nos campos influenciam a personalidade dos potros. “Queremos mantêlos o mais selvagem possível”, me explicou Steinun. “O cavalo tem personalidade”, disse ela, enfatizando a importância dos instintos naturais que aprendem um com o outro. “Além disso, as montanhas ajudam a criar um cavalo de pés firmes e musculosos, endurecido pelo clima severo e por espaços abertos”. Em outras palavras, os torna resistentes como os próprios islandeses.

Por isso, eles ficam uma parte do ano nas Terras Altas, pastando livres e se reconectando com seu lado selvagem, sem nenhum contato humano por meses. No final do verão ou início do outono eles são trazidos das montanhas. Os fazendeiros recrutam amigos, vizinhos e alguns convidados (turistas) que se juntam com a missão de localizar e agrupar todos os cavalos espalhados pelas montanhas e levá-los para o curral. O terreno dessa “cavalgada” é bastante variado e inclui os pântanos das montanhas, os vales verdes que estão começando a mudar suas cores do verde para as cores do outono; cachoeiras, lagos e rios azuis das águas do degelo e o desfiladeiro de Kolugljúfur. Picos nevados ao longe criam um pano de fundo branco, contrastando com as cores vermelho e amarelo do outono no vale e nas colinas.

É uma visão espetacular ver aquelas centenas de belos cavalos correndo ladeira abaixo, voltando para casa. No final os cavalos são reunidos num grande curral aonde são separados e distribuídos para seus proprietários. Depois, todos comemoram numa grande

O cavalo islandês é o mais conhecido equino marchador da Europa.

Visitar a Feira de Camelos de Pushkar é uma experiência inesquecível.

O mangalarguista Gustavo Abel experimentou a marcha dos exemplares indianos.

festa que inclui muita música e a dança “réttardansleikur”. É uma festa tradicional de islandeses que compartilham seu amor por cavalos.

Marchadores da Ásia

Na Índia tem duas raças de cavalos marchadores, o famoso Marwari e o Kathiawari. São várias as opções de excelentes cavalgadas, destaco a cavalgada no Rajastão que inclui visita à Feira de Pushkar (Pushkar Camel Fair), maior feira de camelos da Ásia, oportunidade única para conhecer a rica história e cultura da Índia.

Pushkar é uma pequena cidade do Rajastão localizada em uma região desértica, a quase 1.000 km de Delhi. É uma das cidades sagradas mais antigas da Índia, que, uma vez por ano, se transforma em um palco de negociações e shows ao ar livre, com camelos e cavalos vindos com seus donos de toda a Índia e até de países vizinhos.

Durante séculos, homens das tribos se reuniram em Pushkar na lua cheia para trocar camelos, gado e cavalos. Nos últimos anos, cerca de 50.000 animais vêm participando do evento. Na semana da feira, o comércio é pulsante, com artigos artesanais raros, tecidos, joias e boas oportunidades para compras.

Ao percorrer o Rajastão a cavalo, temos uma visão privilegiada da vida rural indiana. A rica diversidade do campo traz muitas surpresas agradáveis, e a melhor delas são os belos cavalos Marwari, resistentes e inteligentes, conhecidos por sua bravura e energia. O Marwari é um cavalo elegante distinguido por suas orelhas em forma de lira que se curvam para dentro com as pontas se encontrando no meio. Ele é parte integrante da herança cultural do Rajastão e chegou a ser considerado em risco de extinção.

A Feira do Camelo em Pushkar é uma excelente oportunidade para conhecer a Índia rural na sua forma mais original e interagir com a cultura local.

Por Paulo Junqueira Arantes Cavaleiro profissional e Diretor da agência Cavalgadas Brasil www.cavalgadasbrasil.com.br

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