2 | O TEMPO BETIM
OPINIÃO
Betim - 25 de junho a 1º de julho de 2021
Vittorio Medioli
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vittorio.medioli@otempo.com.br Fax: (31) 2101-3903
lei maior de nosso país é clara. No artigo 227: “É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”. Não há lei acima da Constituição, e nos pontos em que é incontestável é inderrogável, obrigação de qualquer cidadão e dever do agente público. Tornou-se, entretanto, insuportável a omissão das elites que exercem o poder neste país em relação à qualidade da educação pública. O Brasil tem 50 milhões de pessoas em nível de pobreza, mais 700 mil reclusos no sistema penitenciário e, ainda, 43 mil homicídios por ano. A relação de miséria, violência e criminalidade é umbilicalmente ligada ao nível educacional da população, com reconhecimento da ONU e Unicef, institutos da mais elevada e inconteste expressão. O Brasil ocupa o 53º lugar em educação, entre 65 países avaliados (Pisa). Dos jovens entre 6 e 12 anos, 731 mil crianças ainda estão fora da escola, segundo o IBGE. O Brasil destoa, irresponsavelmente, pela qualidade ínfima da educação, pela pouca atenção prestada aos adolescentes. Falta pôr em prática a consideração humanitária destacada no artigo 227 da Constituição. Por lei, o jovem adolescente é prioridade sobre qualquer outro ser humano de idade superior à dele e tem prioridade em saúde e preservação da existência e do direito à educação. Uma condição sagrada para manter a continuidade de uma sociedade justa. Na ausência de consciência coleti-
A
A exclusão social va e no esquecimento da lei maior deste país, a cada ano milhões de jovens deixam o sistema educacional fundamental despreparados para cuidar de si mesmos, excluídos e condenados definitivamente a uma posição marginalizada. As elites, quem ganha bem, têm acesso aos colégios, equipamentos e métodos de ensino qualificado. Não enxergam, com algumas exceções, a tragédia vivenciada por jovens carentes, sem voz e sem vez, que com um pouco de atenção se transformariam em engrenagens virtuosas de uma nação a que faltam médicos, engenheiros e outros profissionais qualificados. Na raiz de tudo está o analfabetismo funcional, de indivíduos que acabam o 9º ano do ensino fundamental severamente despreparados. Pesquisa (Inaf) realizada com a população brasileira de 15 a 64 anos encontrou que apenas a parcela de 8% é plenamente capaz de entender e se expressar corretamente (proficiente). O restante apresenta dificuldades, em graus diferentes, para entender e elaborar diversos tipos de texto, interpretar tabelas e gráficos e resolver problemas lógicos e matemáticos. Entre os 92% sem proficiência é considerada analfabeta funcional a pessoa que, mesmo sabendo ler e escrever algo simples, não tem as competências necessárias para satisfazer as demandas do seu dia a dia e viabilizar o seu desenvolvimento pessoal e profissional. O Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf), realizado pelo Instituto Paulo Montenegro (PIM), considerado o Ibope da inteligência, elabora uma escala de classificação de alfabetismo das pessoas: analfabeto (4%), rudimentar (23%), elementar (42%), intermediário (23%) e proficiente (8%). Quem está inserido nas
duas primeiras categorias é considerado indivíduo analfabeto funcional, ou seja, 27% da população ativa. Passando pela análise da população carcerária, encontra-se 95% dela classificada como analfabeta funcional. Dessa forma, nem todos acabam na cadeia, mas quase “todos” eles são analfabetos funcionais, sem profissão definida e compreensão suficiente para atender suas necessidades básicas. Pode-se assim afirmar que, se o grau de educação dos 27% até o nível rudimentar evoluísse para elementar (42%) ou intermediário (23%), seria anulada cerca 90% da violência e da população carcerária no Brasil. Teríamos uma diminuição de 700 mil para 100 mil reclusos. Quer dizer que 600 mil marginais estariam migrando para o grupo preparado para produzir, sustentar-se, contribuir positivamente para a sociedade. Também o número de homicídios diminuiria 90%, poupando 39 mil vidas. Os gastos com segurança, de R$ 120 bilhões anuais no país, poderiam cair proporcionalmente. O que falta para dar um basta a essa cadeia destrutiva? Vontade dos líderes e das elites, da imprensa, dos formadores de opinião. Os passos para a revolução já foram estabelecidos em 2014 (ano eleitoral e sempre de boas intenções) no Plano Nacional de Educação (PNE), que firmou em dez anos o aumento de 50% no número de escolas em tempo integral e a universalização do atendimento pré-escolar, com professor de verdade, com ensino cognitivo e atividades harmônicas. Em Betim estarão abertas, até março de 2022, 12 mil vagas em creches/pré-escolas em 20 unidades novas e modernas. Iniciou-se também a licitação para construção de dez es-
Tempo bom para Betim, colas em parceria com o Estado de Minas Gerais para ensino integral destinadas a 19 mil alunos. Não vejo, entretanto, outros municípios agindo nesse sentido para atingir a meta do PNE. O desafio educacional foi afetado por uma tragédia: a paralisação das salas de aula desde março de 2020. Com o ano escolar integralmente perdido, os alunos do 9º ano saíram com nível escolar do 8º e em 2021 sairão, se nada for feito, com nível do 7º, ou dois anos sem aulas. Em Betim decidimos, mas fomos impedidos, por decisão do TJMG a pedido do MPMG, de aplicar a vacina, liberada, no dia 11 de junho pela Anvisa, para a faixa etária de 12 a 17 anos. Sem perder tempo e oportunidade de garantir ao menos aulas plenas até dezembro para os últimos três anos do fundamental. A decisão foi tomada calculando-se que esses alunos, dentro dos grupos em vacinação, representariam o atraso máximo de dez dias e médio de cinco dias para todos aqueles que há mais de 160 dias sonham com a vacina. Quem iria se vacinar em 180 dias passaria a se vacinar de 181 a 190 dias. Ninguém deixaria de ser vacinado. A medida de vacinar os alunos parecia, para a nossa equipe de governo de Betim, de grande valia e com reflexos humanitários importantes, que, por outro lado, geram um adiamento médio de cinco dias da população que não é de grupos de risco. Os 18 mil alunos que seriam vacinados até o final de junho com parte das 54 mil doses prometidas pelo Estado passam assim para o fim da fila, que acaba em novembro. Conseguirão ter apenas aulas alternadas (carga de 50%) por falta de espaço físico até dezembro. Num país de excluídos a pandemia com seus efeitos malignos está preparando inúmeros e tormentosos desafios para o futuro de todos.
Tempo bom para a ação conjunta realizada pela prefeitura no entorno do viaduto Jacintão. Foram retiradas quatro famílias que viviam no arredores do local e elas serão encaminhadas para o aluguel social. A prefeitura vem realizando ações constantes para conseguir ajudar e retirar das ruas as pessoas nessa situação.
Tempo bom para os estudantes da rede municipal. A prefeitura entregará mais uma remessa do kit-alimentação.
Tempo Ruim Tempo ruim para o aumento do número de hospitalizações de pacientes com coronavírus que não tinham doenças preexistentes. Em 2021, o quantitativo de pacientes sem comorbidades internados no SUS Betim e nas unidades da rede privada subiu, passando de 372, de abril a dezembro de 2020, para 800 casos de janeiro e maio de 2021.
de dois alimentos básicos que compõem a maioria dos pratos dos brasileiros. O arroz e o feijão, segundo pesquisa do Procon Betim, tiveram um aumento médio de 73,4% no preço, chegando a custar R$ 27,06 nos supermercados visitados.
Sobre as obras propostas pela prefeitura para reparar os danos causados pelo rompimento da barragem de Brumadinho “A prefeitura encaminhou 22 projetos e outros 79 foram enviados por moradores. Mas quem vai definir as obras será o Estado”. Marco Túlio Feitas Sec. de Ordenamento
Tempo ruim para a violência que ainda cerca o público LGBTI. Para combater o preconceito, o Conselho Municipal de Atenção à Diversidade Sexual LGBTI vai promover, até o dia 2, várias atividades na cidade.
“Apresentamos projetos que agreguem às propostas de obras da prefeitura para fortalecer as políticas públicas na cidade”. Thomaz Nedson Mov. Atingidos pela Barragem
Betim
que poderá ser contemplada com várias melhorias nas áreas da educação, saúde e infraestrutura. A prefeitura enviou para o governo do Estado 22 projetos de obras de reestruturação do município como forma de reparar os danos causados pelo rompimento da barragem em Brumadinho. O Estado é quem definirá quais melhorias serão feitas.
Tempo ruim para o preço
Destaque da semana
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Tempo Bom
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