Entrevista. Agostinho Patrus espera salários do funcionalismo em dia. Páginas 4 e 5
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CHOQUE DE REALIDADE
CONQUISTA HISTÓRICA
DESCANSO PERIGOSO
Cruzeiro refaz as contas para 2021, mas agora sem contar com a Série A.
América treina forte em busca da inédita vaga na final da Copa do Brasil.
Atlético só volta a jogar no dia 11, e Hyoran teme impacto da paralisação.
Na mão. Com escassez de sacolas, supermercados pedem que cliente leve a reutilizável
Faltam plástico, vidro e papelão para a indústria Sete a cada dez empresas do setor têm dificuldade para comprar insumos e pagam mais caro pelos que encontram FREDRIK HAGEN/NTB/AFP
Noruega
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Entre jogadores locais, astros internacionais e consultórios próprios, os “doutores do futebol” colecionam histórias e lidam com a superexposição e o assédio da imprensa e dos torcedores.
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Nem só de glamour e glória vivem os médicos dos clubes
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NOTÍCIA DO DIA
DO
R$ 2,00 (outros Estados R$ 3,00) - www.otempo.com.br - Belo Horizonte - Ano 25 - Número 8780 - Segunda-feira, 28/12/2020
Edição especial de esportes do Super Notícia
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OUTROS OUTROSESTAD OS R$ 1,00 BELO HORIZO ESTADO BELO HORIZO S R$ 1,00· 1ª EDIÇÃO NTE, SEGUN · 1ª EDIÇÃO· MINAS NTE, SEGUN DA-FEIR DA-FEIRA, 21 DE· MINAS DEZEMBRO A, 28 DEDEZ EMBRODE 2020 DE 2020· ANO 18 · ANO 18· NÚMER · NÚMERO 6798 O 6805
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¬ Da fabricação de móveis à de
veículos, passando pela indústria de papel – que inclui o higiênico –, empresas brasileiras estão pagando preços mais altos por materiais essenciais como plástico e vidro –
isso quando conseguem comprar. Fabricantes desses insumos no mundo todo reduziram a produção por causa da pandemia e agora não acompanham o ritmo da retomada. Página 10
ALESSANDRO RAMPAZZO/AFP
Finlândia
ALEX HALADA/AFP
Áustria
CLAUDIO REYES/AFP
MOHAMMED MAHJOUB/AFP
JALAA MAREY/AFP
Primeira dose QUASE 5 MILHÕES DE PESSOAS EM 40 PAÍSES JÁ FORAM VACINADAS. Página 7 Israel
Omã
ALKIS KONSTANTINIDIS/AFP
Chile
Vidas em risco
PREMIADÍSSIMO
Quase 13 mil mineiros foram à Justiça por medicamentos
“Torto Arado”, estreia de Itamar Vieira Junior, tem os pés na terra.
¬ Entre ações e vaquinhas on-
line, famílias contam suas lutas para conseguir remédios de alto custo. Em Minas, 63.903 fizeram pedidos ao governo neste ano, e 12.906 entraram na Justiça. Páginas 18 e 19
COMPARE TÉCNICAS E DADOS DE IMUNIZANTES DE TRÊS LABORATÓRIOS. Página 8
Polêmica
Grécia
Magazine. Página 16
D.SINOVA/COMUNIDAD DE MADRID/AFP
PATRICIA DE MELO MOREIRA/AFP
ANTES SÓ...
MÉDICOS DEFENDEM A VOLTA ÀS AULAS COM MEDIDAS DE PROTEÇÃO. Página 9
Pesquisadores provam que relacionamento ruim faz mal à saúde. Interessa. Página 15
Entenda
Espanha
Portugal
COLUNISTA VITTORIO MEDIOLI Página 2 Tolos
2 | O TEMPO BELO HORIZONTE | SEGUNDA-FEIRA, 28 DE DEZEMBRO DE 2020
aparte@otempo.com.br
A.PARTE
Em discussão
Acorrentamento de animais domésticos pode render multa de quase R$ 12 mil em Minas Considerado uma prática de maus-tratos, o acorrentamento de animais domésticos pode ser proibido em todo o território de Minas Gerais, e quem for flagrado descumprindo a medida pode pagar uma multa que varia entre R$ 3.900 e R$ 11,8 mil, valores que podem dobrar em caso de reincidência. O impedimento, que consta em um projeto de lei apresentado em novembro na Assembleia Legislativa (ALMG), tem como objetivo deixar mais clara a aplicabilidade da Lei 22.231/2016, que estabelece as definições de maus-tratos aos animais domésticos. A proposta é de autoria do deputado Noraldino Júnior (PSC). Ele explica que a lei sancionada há quatro anos não define com clareza a proibição do acorrentamento. “Ela estabelece as definições em relação a maus-tratos, mas não a proibição direta em relação ao acorrentamento. Aí cabe ao agente fiscalizador, ou à Polícia Militar, ou ao veterinário que estiver acompanhando a ocorrência caracterizar aquela situação como (sendo) de maustratos ou não. A nova lei, sendo
aprovada, proíbe em todos os casos manter o animal acorrentado durante sua vida”, esclarece. Nesse cenário, ele destaca que ainda existe uma falta de entendimento sobre a questão e que muitos profissionais acabam não interpretando a privação de liberdade do animal como uma prática proibida. “Estamos passando por uma capacitação, e o Ministério Público tem nos ajudado para capacitar os profissionais, entre eles policiais militares. Existem vários cursos para ampliar o entendimento desses profissionais, que não têm essa compreensão”, diz, afirmando que, para algumas pessoas, maus-tratos são caracterizados apenas por privar o animal de água e alimentação, por exemplo. Por conta dessa falta de clareza na lei atual, o parlamentar afirma que houve um crescimento das denúncias envolvendo o acorrentamento de animais no Estado, o que tem causado preocupação. No caso das punições, o projeto de lei que tramita na Assembleia Legislativa de Minas Gerais estabelece um valor de qua-
se R$ 4.000 para infrações cometidas por pessoas físicas e de quase R$ 12 mil se o autor for pessoa jurídica. A depender do caso, o animal poderá ser apreendido, e o Estado pode cassar a inscrição de empresas no cadastro de contribuintes sobre o ICMS. Os valores em questão podem dobrar caso haja reincidência em um período de dois anos. Sobre a expectativa de tramitação na Assembleia, o deputado diz que pretende dar prioridade ao tema no próximo ano: “Eu quero e pretendo dar celeridade a essa matéria. Ainda não vi nenhum colega parlamentar dar um posicionamento contrário, o que me leva a crer que a gente tem um ambiente muito favorável para Minas sair na vanguarda em relação à defesa do bem-estar animal”. O texto já foi aprovado pela comissão de Constituição e Justiça da ALMG e atualmente está na comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. Caso seja chancelado no colegiado, seguirá para apreciação em plenário. (Sávio Gabriel) MATHILDE MISSIONEIRO/FOLHAPRESS - 22.2.2020
Bia Doria tem mensagens expostas por influenciadora nas redes sociais A DJ Pietra Bertolazzi usou o seu perfil nas redes sociais para expor conversa com Bia Doria, primeira-dama de São Paulo, pelo WhatsApp. A discussão ocorre em meio a questionamentos sobre a viagem dela com o governador João Doria (PSDB) a Miami, durante a pandemia, no momento em que o governador decretou que o Estado voltaria à fase vermelha – ele já desistiu da viagem. “Recebi algumas mensagens bizarras da primeira-dama de SP. Acho que ela não gostou de ter tido que voltar para o Brasil. Dica para quem não quer usar máscara na ‘pandimia’: diga que estava tomando um cafezinho, afinal você teve um ano duro implementando uma ditadura no seu Estado”, escreveu a DJ em sua conta.
Twitter, Facebook, YouTube, Instagram e TikTok ignoraram 66% dos alertas do TSE
Equipe econômica do governo federal de olho nas eleições da Câmara e do Senado
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) denunciou ao Twitter, ao Facebook, ao Instagram, ao YouTube e ao TikTok 173 postagens que avaliou como enganosas até 5 de dezembro. Dessas, 21% receberam algum tipo de sinalização de que são desinformativas, e 13% estão fora do ar. Mas a maioria dos posts (66%) não recebeu sanção das plataformas de redes sociais – apenas no caso do TikTok, todos os três vídeos considerados enganosos foram removidos. As empresas firmaram parceria com o tribunal de combate a fake news.
A definição sobre o comando das mesas do Congresso é considerada essencial não só para destravar as votações, mas também para se saber qual o perfil dos novos presidentes num momento delicado para a equipe econômica. A eleição na Câmara é a que tem atraído maior foco no aspecto econômico. O Planalto apoia a candidatura do líder do PP, Arthur Lira, que já se reuniu algumas vezes com o ministro Paulo Guedes. No mercado, porém, ainda há um “pé atrás” sobre qual seria o compromisso real de Lira com as propostas.
VITTORIO MEDIOLI vittorio.medioli@otempo.com.br
Tolos
E
conomizar gastos prescindíveis é um dever “sagrado” da gestão pública. O conceito, apesar de universalmente reconhecido, não é posto em prática. O “pecado” é próprio do egoísmo humano, da falta de respeito com o cidadão contribuinte, especialmente com aquele que mais precisa de atenção pública, o carente. O respeito ao princípio da austeridade levaria à diminuição da cobrança de impostos (o que parece utopia), com impacto universal sobre a população. Os planos lançados pelos diferentes governos dos últimos 200 anos se limitaram, mesmo quando declararam querer diminuir a carga tributária, a ampliar a fatia de recursos retirados do bolso do cidadão. Não há um caso sério para se analisar. É fato incontestável o constante avanço da carga tributária, nas últimas décadas, sobre a renda da família, concomitantemente ao crescimento da dívida pública, embora devesse ser exatamente o contrário. Não existe lei que obrigue peremptoriamente a geração de superávits reais, apenas intenções e sofismas. No Brasil, os superávits no passado, na maioria das vezes, eram apenas arranjo contábil e “pedaladas” indecentes. Os melhores momentos de expansão econômica sustentável se deram após alguns anos de estabilidade entre gastos e despesas. O equilíbrio das contas refletiu positivamente no orçamento das famílias, nos investimentos, nas atividades que empregam e expandem a produção de bens, alimentos e serviços, as exportações e o recolhimento de impostos que sustentam os serviços públicos. É simples, todavia impossível de se pôr em prática num ambiente em que grassam setores que enxergam apenas seus privilégios em prejuízo de quem trabalha. É claro que um ciclo de diminuição de gastos públicos, adotando austeridade e eliminação de desperdícios e de acintosos privilégios, provocaria maiores recursos para as famílias gastarem. Mais pessoas subiriam de renda, adquirindo autonomia para resolver seus problemas pessoais. O Estado tenderia a diminuir suas despesas, sem precisar asfixiar as atividades produtivas. No Brasil, parece utópico imaginar uma gestão pública responsável que possa merecer um prazo suficiente para um ajuste de arrecadação pelas vias da austeridade – embora seja essa a via mais curta e correta para diminuir desemprego, sofrimento e miséria e para alavancar o país inteiro no cenário mundial.
Os gastos privados de uma economia pujante são diferentes dos gastos públicos; os primeiros engrandecem o PIB, distribuem, democratizam oportunidades e rendas. Como de fato essa regra singela nunca foi adequadamente ou minimamente adotada em nosso país, ocorre que os déficits públicos se ampliaram, e os juros decorrentes se transformaram no maior gasto público nacional, superior a tudo quanto se despende com previdência, saúde, educação e investimentos. Quem pensa ser necessária a adoção de uma fórmula liberalista ou socialista para consertar o Brasil se engana. A fórmula mais bem-sucedida dos últimos 30 anos é da China, baseada no pragmatismo. A economia, para dar certo, não reconhece direita ou esquerda, mas normas universais de sustentabilidade, de austeridade quase primitiva, que sempre estiveram no receituário dos países hegemônicos. Um regime democrático sem maturidade moral, ética e intelectual está fadado a enfrentar sérios obstáculos. Os piores inimigos são os setores privilegiados, os mais recalcitrantes, aqueles que temem perder poder e ganhos. A China se esbaldou do seu centralismo e da prática coercitiva – e até repressiva – para conduzir ao sucesso econômico a nação anteriormente mais miserável do planeta. Talvez essa miséria extrema tenha atiçado as medidas extremas. Foi assim que meio bilhão de seres humanos saíram da pobreza absoluta. Expandiu-se produção nacional incessantemente, incluindo nas benesses do emprego e da modernidade sua população. Hoje, a China produz 90% dos computadores e smartphones do mundo e lidera a produção de aço, de veículos e de bens de consumo. Noutro lado do planeta, o Brasil é pautado pelas intrigas, pela “ineptissima vanitas” (tolíssima futilidade), pela abjeta disputa, pela luta pelos privilégios, pela ausência de planos e metas para alcançar no futuro. Incentivam-se as vias fáceis, os subterfúgios, o jeitinho. A burocracia (irmanada à corrupção) embrulha o progresso, defende os privilégios de poucos, tornou-se refratária à justiça social. Uns, a título de socialismo, e outros, de fajuta modernidade, arrebentaram as contas públicas nas últimas décadas. Quem tem poder decisório não concorda em dar o exemplo, em ceder algo, em se prestar ao sacrifício momentâneo para reerguer o país. Tem hora que parece que a democracia, órfã de ética, intelectualidade e espiritualidade, de pouco serviu.
“Não existe lei que obrigue peremptoriamente a geração de superávits reais, apenas intenções e sofismas”
O TEMPO BELO HORIZONTE | SEGUNDA-FEIRA, 28 DE DEZEMBRO DE 2020 | 3 TEL: (31) 2101-3915 Editor: Ricardo Correa ricardo.correa@otempo.com.br e-mail: politica@otempo.com.br twitter: http://twitter.com/OTEMPOpolitica Atendimento ao assinante: 2101-3838
7 Férias no Guarujá
Após passar o último réveillon no Palácio da Alvorada, o presidente Jair Bolsonaro deve viajar hoje ao Guarujá, cidade do litoral paulista que se tornou um dos seus principais destinos nos feriados deste ano. A previsão é que o presidente retorne a Brasília no dia 4 de janeiro.
7 Preferido de Bolsonaro
Desde que assumiu a Presidência, Bolsonaro se hospedou no Forte dos Andradas sete vezes. Somente em 2020, esse foi o local de descanso escolhido no Carnaval, em fevereiro; no Dia de Nossa Senhora Aparecida, em 12 de outubro; e no Dia de Finados, em 2 de novembro.
Política |
Poder Legislativo. Além de pandemia, que paralisou comissões, disputas com Planalto impediram votações
Congresso teve ano marcado por pandemia e tensões com Planalto MICHEL JESUS/CÂMARA DOS DEPUTADOS
Relaçãoturbulenta entreMaia,Guedese Bolsonaroinfluenciou pautadoParlamento ¬ FRANSCINY ALVES ¬ A pandemia da Covid-19
mudou totalmente a lógica dos trabalhos no Congresso Nacional durante o ano de 2020. Assuntos importantes acabaram não sendo tratados, mas engana-se quem pensa que isso se deveu somente às restrições impostas pela crise sanitária. Essa imobilização também tem uma das raízes na tensão política entre Legislativo e governo federal, que deixou em segundo plano várias pautas, como o detalhamento do Orçamento de 2021 e até mesmo definições sobre escândalos políticos que vão de dinheiro na cueca até acusação de homicídio. O embate antecipado para a presidência da Câmara dos Deputados em 2021 entre os grupos do atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do líder do centrão, Arthur Lira (PPAL), impediram, por exemplo, a instalação da Comissão Mista de Orçamento (CMO). Lira é apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), com quem Maia protagonizou várias discussões públicas. Essa troca de farpas também se estendeu com ministro da Economia, Paulo Guedes. REFORMAS. E justamente na seara econômica não faltaram promessas de projetos que teriam andamento, como o Pacto Federativo, a PEC Emergencial, a reforma tributária e a reforma administrativa. Essa última foi lançada com estardalhaço pela União, mas antes de ser apresentada já tinha sido alvo de polêmica. A demora no envio do projeto foi o que motivou Paulo Uebel a pedir, em agosto, demissão do cargo de secretário de Desburocratização, Gestão e Governo Digital, ligado ao Ministério da Economia. Esse embate na Câmara
também acabou atingindo outros temas que não tinham relação direta com o governo federal, como o caso da deputada federal Flordelis (PSD), acusada pela Polícia Civil e pelo Ministério Público do Rio de Janeiro de arquitetar a morte do marido, o pastor Anderson do Carmo, em junho do ano passado. Ela alega inocência, mas o deputado federal mineiro Léo Motta (PSL) apresentou requerimento pedindo a cassação do mandato de Flordelis. CONSELHO DE ÉTICA. Ainda em
outubro a Mesa Diretora da Câmara determinou que esse processo deveria seguir para o Conselho de Ética. Por conta da pandemia, as atividades das comissões foram paralisadas, e não houve acordo para votar o texto que retomaria os trabalhos desse e de outros três colegiados. Nos bastidores é dito que o caso poderia ter sido resolvido em plenário, mas houve um receio de que essa exceção abrisse brecha para complicar outros parlamentares. Outra notícia que chamou atenção foi quando o senador Chico Rodrigues (DEM-RR), em 14 de outubro, foi flagrado pela Polícia Federal tentando esconder R$ 33 mil na cueca. Diante o escândalo, ele pediu licenciamento de 121 dias do Parlamento e exoneração do cargo de vice-líder do governo no Senado. Desde então, o suplente, que é filho dele, Arthur Ferreira Rodrigues (DEM-RR), não foi convocado pelo presidente Davi Alcolumbre (DEM-AP). O presidente do Conselho de Ética, Jaime Campos (DEM-MT), recomendou que ele pedisse licenciamento para responder à Justiça e encaminhou a representação apresentada contra Chico para análise da Advocacia Geral do Senado, o que ainda não ocorreu. Nos corredores da Casam a avaliação é de que algo efetivo somente vai ser feito se a opinião pública pressionar, e o esperado é que, em fevereiro, quando vence o prazo do afastamento, ele vai pedir mais um afastamento.
Esvaziado. Em meio à pandemia da Covid-19, os trabalhos no Parlamento foram remotos, e principais reformas não chegaram ao plenário
Avanços
Eleições
Parlamentares mineiros citam votações importantes em 2020
Disputa pelas prefeituras dividiu o foco
A avaliação de parlamentares mineiros é de que, mesmo em meio à crise sanitária por conta do coronavírus, o Congresso conseguiu desempenhar seu papel com a aprovação de matérias importantes, principalmente aquelas relativas à doença. O segundo-secretário da Mesa, Mário Heringer (PDT), diz que a pandemia fez com que todos reaprendessem a trabalhar de forma remota. Ele acredita que os trabalhos remotos vão permanecer por algum tempo. “Não aglomerar sempre foi a primeira e a mais importante ação pra gente se prevenir da doença, assim como uso de máscaras e a lavagem de mãos. Realmente, em 2020 perdeu-se muito a oportunidade de fazer várias coisas, mas, com certeza, o ano foi de aprendizado. Ganhamos muito porque continuamos trabalhando, mas perdemos muito porque perdemos oportunidades de fazer as coisas melhores para a sociedade”, afirmou. O deputado Paulo AbiAckel (PSDB) segue a mesma linha. “A pandemia prejudicou muito, principalmente a discussão das reformas por-
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que não foi possível ter as comissões funcionando. Mas, ao contrário, acho que foi um ano muito produtivo apesar das dificuldades. Nessas reuniões virtuais foi possível votar várias matérias, principalmente no sentido de amenizar as perdas econômicas em 2020”, diz o tucano. O vice-presidente do Senado, Antonio Anastasia (PSD), salienta que todos gostariam que o Congresso trabalhasse muito mais rápido, principalmente em relação às reformas, mas que, ante os desafios, foi possível apresentar céleres e boas respostas. Ele ressalta que propostas como o decreto de calamidade,
o “orçamento de guerra” e o auxílio emergencial foram pensadas, produzidas e aprovadas no Congresso. “O nosso Parlamento, ao contrário de outros ao redor do mundo, não fechou nem um dia sequer. O Senado foi a primeira Casa Legislativa do planeta a funcionar de maneira remota. E, dessa forma, conseguimos apresentar resultados quase que imediatos. Precisamos também respeitar prazos e dinâmicas próprias do processo legislativo e democrático, que envolvem diálogo, participação popular e amadurecimento de ideias. Tudo isso foi dificultado pela pandemia”, disse. (FA) JEFFERSON RUDY/AGÊNCIA SENADO
Senador Anastasia destaca ‘orçamento de guerra’ e auxílio emergencial
Os parlamentares também apontaram as eleições municipais como um dos fatores para a falta de andamento de pautas importantes no Congresso. Em função da pandemia da Covid19, o pleito ocorreu em novembro e boa parte do ano Legislativo foi dedicado a discutir, principalmente nos bastidores, as candidaturas, que servem como base para disputas estaduais e federais daqui a dois anos. A pontuação é feita pelo deputado Tiago Mitraud (Novo). “Por mais que eu e outros parlamentares tenhamos trabalhado normalmente durante o período eleitoral, outros inúmeros se dedicaram exclusivamente à campanha, fazendo com que o ritmo do Congresso se desacelerasse nessa ocasião. Enfim, foram inúmeros fatores, responsabilidade dividida entre Executivo e Legislativo, que impediram a Câmara de avançar na velocidade que a gente precisava. Mas esperamos que agora, em 2021, a gente possa finalmente colocar em pauta e fazer avançar essas reformas que o Brasil precisa”, declarou. (FA)
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POLÍTICA
Entrevista
“Espero que os pagamentos possam estar logo em dia” G
Agostinho Patrus
PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DE MINAS GERAIS
Chefe do Legislativo fala da relação com o governo, destaca as contribuições da ALMG ao Executivo, defende o projeto que restringe a liberdade do governo para tratar dos recursos de possível acordo com a Vale e clama pela chegada da vacina para os mineiros e pelo pagamento em dia ao funcionalismo. ¬ SÁVIO GABRIEL ¬ Com metade da atual le-
gislatura concluída e reeleito recentemente para mais dois anos à frente da Assembleia Legislativa de Minas (ALMG), o presidente da Casa, Agostinho Patrus (PV), é enfático ao dizer que a gestão do governador Romeu Zema (Novo) no Estado foi muito mais beneficiada do que a de seu antecessor, Fernando Pimentel (PT), por projetos aprovados pelos deputados. “Quando a gente compara o atual governo com o governo anterior, a contribuição até agora para esse governo foi muito maior, até pela necessidade também”, afirma Agostinho Patrus, em entrevista exclusiva a O TEMPO. Nos cálculos do chefe do Legislativo mineiro, os parlamentares propiciaram, por meio da aprovação de projetos enviados pelo próprio governo à Casa, uma economia que pode chegar a R$ 20 bilhões aos cofres públicos. O presidente da ALMG toma como base os principais textos aprovados no período: a reforma administrativa e a antecipação do lucro que a Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig) teria direito pela exploração do nióbio, ambos ainda em 2019; a manutenção
do veto ao reajuste da segurança pública para os anos de 2021 e 2022 e a reforma da Previdência, medidas que foram chanceladas na Assembleia neste ano. Embora outros projetos considerados fundamentais pelo Palácio Tiradentes, a exemplo das autorizações para aderir ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF) da União e para privatizar 100% da Codemig, estejam parados na Casa desde outubro do ano passado, o parlamentar assegura que os deputados estão dispostos a discutir qualquer tema. “Não temos aqui nenhum preconceito com assunto nenhum”, garante. Durante a entrevista, o gestor também sinalizou que as mudanças causadas pelo coronavírus no funcionamento da ALMG, a exemplo da implementação de sessões remotas e, em seguida, em formato híbrido, poderão ser mantidas definitivamente. Para isso, no entanto, Agostinho Patrus diz que será preciso um debate com os parlamentares para modificar o regimento interno da Casa. Ele também avaliou a postura do governo Zema em relação à imunização contra a Covid-19 e falou sobre outros temas. Confira a seguir os principais trechos da conversa. Se quiser ler a íntegra da entrevista, use o QR Code no alto da página.
“Quando a gente compara o atual governo (Zema) com o anterior (Pimentel), a contribuição (da Assembleia) até agora para esse governo foi muito maior, até pela necessidade.” “O governo muitas vezes diz que quer votar uma coisa, mas aparece outra prioridade. A reforma da Previdência mesmo foi uma prioridade que se sobrepôs às demais, e a Assembleia votou.”
Com metade da gestão do governador Romeu Zema concluída, que avaliação o senhor faz da articulação entre o governo e a ALMG? O secretário Igor Eto afirmou recentemente que “não existe assunto proibido” entre os Poderes, mas dois dos projetos que o governo enviou no fim de 2019, (adesão ao RRF e privatização da Codemig) seguem parados na Casa. A articulação é muito positiva. O diálogo é cada vez mais robusto, mais fortalecido, entre o Parlamento e o governo. A gente sabe que tem algumas matérias que são mais fáceis de serem aprovadas, que chegam mais fácil ao entendimento, e outras mais difíceis. Teria algo mais difícil que se votar do que a reforma da Previdência, que foi aprovada no fim de agosto? Acredito que não. Talvez seja o projeto mais complexo, o que tem maior número de interessados, o que causa a maior polêmica. Nós temos que lembrar que a Assembleia votou a reforma administrativa que o governo mandou no início de 2019 e que, segundo o secretário (de governo) à época, Custódio Mattos, representaria mais de R$ 1 bilhão aos cofres públicos. Votamos em seguida a antecipação dos rece-
bíveis do nióbio, em dezembro, que, segundo os representantes do governo que aqui vieram, se poderia arrecadar de R$ 4 bilhões a R$ 5 bilhões, podendo chegar até a R$ 6 bilhões. O governo mandou para cá também, no início de 2020, o aumento da Polícia Militar, e a Assembleia votou. Depois, o governo refez as contas e entendeu que o aumento não seria oportuno; a Assembleia manteve o veto do governador. Segundo levantamentos do próprio governo e também da assessoria da comissão de Fiscalização Financeira, (o reajuste) representaria um custo de R$ 5 bilhões anuais. Estamos falando de votações muito expressivas. Em seguida, votamos a reforma da Previdência, e o secretário de Fazenda à época falou que era uma reforma de R$ 2,5 bilhões a R$ 3 bilhões (de economia). Recentemente, vi que não seria dessa monta. Seria de R$ 1,1 bilhão para o próximo ano. Não sei de onde que se fez essa conta. Mas o que quero dizer é que a Assembleia tem dado contribuições expressivas. Se você somar esses valores, chegamos a R$ 15 bilhões, R$ 20 bilhões? Me parecem contribuições muito expressivas, se compararmos com o governo
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POLÍTICA
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SARAH TORRES/ALMG
anterior, em que o governo Pimentel, no primeiro ano, votou aqui os depósitos judiciais, que renderam R$ 4 bilhões a R$ 5 bilhões. No outro ano, um Refis que rendeu cerca de R$ 2 bilhões a R$ 3 bilhões. No terceiro ano, teve muita dificuldade na aprovação. Na hora que a gente faz a comparação, vejo que o governo tem muito sucesso. Não consigo entender que essa relação não estaria sendo profícua para o governo; não só para o governo, mas para a população. O que a gente espera é que logo os pagamentos possam estar em dia, o salário dos servidores. A Assembleia tem dado toda a contribuição ao governo no sentido da aprovação dos projetos que são relevantes. O governo muitas vezes diz também que quer votar uma coisa, mas aparece outra prioridade. A reforma da Previdência mesmo foi uma prioridade que se sobrepôs às demais, e a Assembleia votou, então, a reforma. O senhor acredita que falta ao governo uma definição do que é prioridade? Até o ano passado, o foco era a venda dos recebíveis da Codemig para pôr fim ao parcelamento dos salários do funcionalis-
mo. Recentemente, o governo vem apostando na venda da estatal. O senhor fez críticas públicas a essa mudança de discurso e estratégia por parte do Executivo. O que eu vejo é que a vida é dinâmica. A Assembleia votou aqui no terceiro ano do governo Pimentel a possibilidade da venda de 49% das ações da Codemig, e elas continuam autorizadas. Então, o governo pode vender até 49% das ações da Codemig já autorizadas pela Assembleia. O governo do Pimentel não conseguiu vender, o governo agora diz também que não há interesse (em venda apenas dos 49%). Primeiro havia interesse nos recebíveis, depois os recebíveis não conseguiram ser vendidos. A gente vê a valorização do minério de ferro. Você imagina que o preço do minério de ferro, em reais, é o maior da história. Portanto, os valores das empresas de mineração têm só crescido na Bolsa. Até porque tem muita demanda, tem muita gente querendo comprar ação de empresa minerária. Eu não sei o que aconteceu com o nióbio, não sei falar: se é a mesma valorização, se não é; se há interesse ou se não há. Mas a ALMG já votou a venda de 49%. Agora, não temos assunto nenhum proibido. Não temos aqui preconceito com assunto nenhum. Temos que sentar e (decidir) “olha, nós vamos votar esse (projeto)”. (Ver) se os deputados estão de acordo, os líderes concordam, as comissões... A Assembleia está pronta para contribuir. Mas o que eu quero dizer é que quando a gente compara o atual governo com o anterior, a contribuição até agora para esse governo foi muito maior, até pela necessidade. A gente vê que a necessidade do Estado é cada vez maior, e a Assembleia não quer se furtar a contribuir para o desenvolvimento de Minas. A ALMG aprovou neste ano uma limitação de autonomia com relação aos recursos extras que o Estado venha a receber, obrigando que a definição dos valores passe pela Casa. Com relação aos recursos da Vale, que estão em negociação, que destinações o senhor acredita que podem ser feitas? Não sei. Você imagina que o Orçamento do Estado prevê um ativo total de arrecadação, entre recursos estaduais e federais, da ordem de R$ 106 bilhões para o próximo ano. O acordo da Vale estão falando aí em R$ 50 bilhões, R$ 53 bilhões, R$ 54 bilhões. Ou seja, 50% de um Orçamento. Como é feito o Orçamento, até para a população entender? O governo do Estado prepara uma proposta e envia à Assembleia. A Assembleia tem uma comissão de Participação Popular: escuta,
“O que esperamos é que logo os pagamentos possam estar em dia, o salário dos servidores. A Assembleia tem dado toda a contribuição ao governo no sentido da aprovação dos projetos que são relevantes.” “Nós já provamos que estamos prontos para enfrentar os mais diversos temas na Assembleia: sejam eles tão espinhosos quanto o da reforma da Previdência ou não.” “Temos que fazer uma modificação do regimento para poder possibilitar ritos especiais, diferentes, votações A distância com mais frequência. Hoje temos excepcionalidade.” “Torço para que, independentemente da forma que ela (a vacina) chegue, que chegue o mais rápido possível. Fico com inveja de ver outros países já vacinando e as pessoas podendo ter segurança.”
ouve, recebe emendas. Essa comissão apresenta 20, 30, 40 emendas que são de solicitação popular dos mais diversos setores, das mais diversas áreas do Estado. Deputados também fazem suas emendas, apontam que acham que é importante que o Estado gaste um pouco mais em saúde, em educação, que reduza numa coisa para aumentar os gastos e investimento (em outra) para melhorar o serviço à população. Por que seria diferente com outros recursos? A hora que o recurso entra no Estado, faz parte do Orçamento, tem que passar na Assembleia e ser votado. A ALMG aprovou um tema sensível, que foi a reforma da Previdência em meio à pandemia, o que gerou críticas de setores do funcionalismo. O senhor acredita que há condições de a Casa aprovar outro projeto tão polêmico quanto este, caso a situação perdure no próximo ano? Sim. Já provamos que estamos prontos para enfrentar os mais diversos temas: sejam eles tão espinhosos quanto a reforma da Previdência ou não. Eu acredito que essa questão de votação e participação remota, não só no Legislativo, mas também no Judiciário, vai acabar sendo incorporada no dia a dia, não sei em que medida. Se as reuniões das comissões seriam remotas; se as reuniões de plenário poderiam ser ou não; (se) poderiam ser mistas. Isso tudo vamos discutir ao longo dos próximos anos. Mas essas novas tecnologias vieram para ficar, não só na questão pública, mas também nas questões privadas (...). Eu não vejo dificuldade de se votar, afinal de contas, se a gente vota um tema como esse, outros temas também podem ser votados. Seria possível implantar permanentemente as sessões híbridas ou o rito Covid (formato que diminui o tempo de tramitação dos textos) para determinados projetos? Sim, isso tudo vai passar por uma grande discussão na Assembleia. Temos que fazer uma modificação do regimento interno para poder possibilitar ritos especiais, diferentes; votações a distância com mais frequência. Hoje temos excepcionalidade. Embora a gente cumpra todo o regimento, ele acaba sendo cumprido de forma remota, ou seja, o deputado, independentemente de estar no plenário ou de estar acessando (a sessão) por uma plataforma, ele tem tantos minutos para fazer sua fala, do mesmo jeito que quem estiver presente. Mas, se isso se tornar algo definitivo, nós temos que modificar o regimento interno para que isso possa passar a vi-
gorar com tranquilidade. É possível estimar a economia gerada pelo trabalho remoto na ALMG? Ainda não. Até porque não fechamos ainda. Temos pagamentos que são relativos a dezembro e mesmo final de novembro que só acontecem em janeiro. Então, não temos essa estimativa, mas com certeza, independentemente da pandemia, temos feito um trabalho aqui de redução dos custos da Casa. Já devolvemos, referente a 2019, cerca de R$ 50 milhões ao Estado, e acreditamos novamente que vamos conseguir ter alguma economia para devolver ao Estado, fruto da participação de todos os parlamentares, do empenho de todos, da otimização das atividades. O governador tem sinalizado que o Estado vai seguir um alinhamento com o governo federal em relação à vacinação contra a Covid19. No entanto, há críticas de especialistas sobre esse planejamento da União, que não apresentou datas, e alguns Estados estão adotando medidas próprias, a exemplo de São Paulo. Como o senhor avalia a postura do governo em relação a isso? Acha que o Palácio Tiradentes deveria se desvincular da União e ter mais autonomia? Cada Executivo, seja ele municipal, estadual ou federal, tem suas estratégias. Eu vi que a prefeitura de Belo Horizonte já reservou vacina; vi que a prefeita eleita de Juiz de Fora (Margarida Salomão, do PT) também já firmou acordo com o Butantan para ter as vacinas; me parece que Uberlândia também estaria conversando no sentido de conseguir as vacinas. Cada um tem uma linha. Torço para que, independentemente da forma que ela chegue, que ela chegue o mais rápido possível. Fico numa inveja danada de ver outros países já vacinando e as pessoas podendo ter segurança. Quantos idosos passaram o Natal longe das pessoas que gostam, de filhos, de netos por causa dessa questão do coronavírus? Quantos perderam seus empregos, parentes, amigos? Então, independentemente da estratégia, fico torcendo é para que Minas tenha, o mais rápido possível, a possibilidade de vacinar sua população, e a gente possa também, passado todo esse sofrimento de mortes, de doença, rapidamente retomar nossa economia, porque sei que muitas famílias estão também sofrendo com a redução do seu orçamento, dos recursos para fazer frente às despesas da casa.
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POLÍTICA
Imbróglio. Presidente do TSE diz que é preciso esperar posição do STF sobre decisão de Kassio Nunes Marques
Barroso suspende recurso sobre ficha limpa até análise de liminar PEDRO LADEIRA/FOLHAPRESS - 17.10.2019
Novato do Supremo reduziu o alcance da inelegibilidade em virtude da legislação ¬ BRASÍLIA. Presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro Luís Roberto Barroso suspendeu no sábado a tramitação de um recurso enviado à Corte que trata sobre o alcance da Lei da Ficha Limpa. A suspensão determinada por Barroso vale até que o Supremo Tribunal Federal (STF) decida a respeito da liminar concedida pelo ministro Kassio Nunes Marques que afrouxou a legislação. Barroso analisou o pedido de um candidato a prefeito de Pinhalzinho (SP) que teve seu registro de candidatura indeferido pela Justiça Eleitoral por ainda estar dentro do prazo de inelegibilidade previsto em lei. Barroso manteve o impedimento da candidatura. Mais quatro recursos a respeito da matéria estão sendo analisados pelo presidente do TSE. Todos devem ser suspensos. Com a decisão de Barroso, a situação fica da seguinte forma: o candidato considerado inelegível não pode tomar posse, mas fica suspensa a convocação de eleições suplementares para a escolha de novo prefeito até que o plenário do STF decida sobre a questão.
Isso significa que, nas cidades onde ficar configurado esse quadro, o presidente da Câmara Municipal assumirá o comando do Executivo até a resolução da controvérsia. A polêmica em torno do alcance da Lei da Ficha Limpa teve início no dia 19, quando Marques suprimiu trecho da lei, o que, na prática, permite a volta às urnas mais cedo de políticos condenados. O primeiro indicado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) a uma vaga no STF decidiu que a contagem do prazo de inelegibilidade não deve ocorrer após o cumprimento da pena, como diz a lei, mas depois da condenação em segunda instância que gerou a perda dos direitos políticos. Marques tomou a decisão em ação apresentada pelo PDT e determinou a supressão da expressão “após o cumprimento da pena”. Assim, a inelegibilidade não pode ultrapassar oito anos. Antes, se o político fosse condenado a cinco anos, com mais oito de inelegibilidade, só poderia disputar a eleição após 13 anos. Com a decisão, estará apto a assumir um cargo eletivo passados oito anos, e não 13. A posição de Marques foi alvo de críticas de movimentos de defesa da ficha limpa, que veem desmonte da lei e estímulo à corrupção. Como é liminar, a decisão, tomada um dia após a última sessão do STF e na véspera do início ofi-
cial do recesso do Judiciário, deve ser analisada pelo plenário da Corte em 2021. A defesa de Sebastião Zanardi (PSC), candidato a prefeito de Pinhalzinho, argumentou que ele deveria ser beneficiado com a liminar de Marques porque a condenação que originou o questionamento ao registro foi de agosto de 2012 e teriam se passado oito anos em agosto de 2020. O presidente do TSE entendeu que é preciso o Supremo definir sobre o sentido e o alcance do dispositivo da Lei da Ficha Limpa que motivou a discussão. Acrescentou, ainda, que a decisão em um processo abstrato, como o caso de declaração de inconstitucionalidade, “não produz efeitos imediatos e automáticos sobre as situações subjetivas versadas em outros processos judiciais”. “É imperativo verificar se as demais circunstâncias afeitas a cada caso comportam os efeitos do pronunciamento abstrato. Diante disso, afigura-se como medida de prudência aguardar nova manifestação do Supremo antes de se examinar o presente pedido de tutela cautelar”, explica. A Procuradoria Geral da República (PGR) recorreu da liminar de Marques e afirmou que o novo cálculo para contagem do prazo de inelegibilidade definido pelo ministro já foi rejeitado pelo STF e não pode ser instituído agora por meio de despacho individual.
Impedimento. Decisão do ministro Luís Roberto Barroso vale até que o plenário do STF julgue o tema
Maioria dos brasileiros é contra voto obrigatório ¬ SÃO PAULO. A maioria dos brasileiros é contrária à obrigatoriedade do voto atualmente em vigor no país, aponta levantamento feito pelo Datafolha em todo o território brasileiro. Segundo o instituto, 56% dos entrevistados são contrários à obrigação de comparecer às urnas, ante 41% que se dizem favoráveis a esse dever. Não soube responder 1%
do público, e outro 1% se disse indiferente à questão. A margem de erro na pesquisa, feita entre os dias 8 e 10 de dezembro, é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Foram ouvidos 2.016 brasileiros adultos que possuem telefone celular de todas as regiões brasileiras. A taxa de rejeição à obriga-
toriedade do voto é inferior ao pico registrado na pesquisa anterior do instituto, de 2015, quando atingiu 66%. Em levantamentos feitos ao longo de 2014, ano eleitoral, os eleitores contrários também eram maioria. Já em maio de 2010, os blocos contrários e favoráveis ao voto obrigatório estavam empatados, com 48% cada.
‘Rachadinha’. Operações em espécie atrapalham mapeamento sobre movimentação financeira de envolvidos
Rastreio de dinheiro dificulta caso Flávio Bolsonaro PEDRO LADEIRA/FOLHAPRESS - 7.9.2020
¬ RIO DE JANEIRO. A denúncia
contra o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) expõe a dificuldade que os órgãos de investigação têm na identificação de repasses de recursos ilícitos por meio de dinheiro vivo. Mais da metade dos R$ 4,2 milhões disponibilizados, segundo o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), para a suposta organização criminosa do filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foram repassados em espécie ao policial militar aposentado Fabrício Queiroz. O MP-RJ, porém, não de-
talha de que forma as entregas ocorriam. A defesa do senador nega as acusações e afirma que a denúncia contém “erros matemáticos”. Flávio foi denunciado sob acusação de desviar R$ 6,1 milhões de recursos públicos, valor que corresponde ao salário dos 12 ex-assessores na Assembleia Legislativa supostamente envolvidos no esquema de “rachadinha”. O MP-RJ diz que eles eram funcionários-fantasma. Segundo a promotoria, foi possível identificar o repasse de R$ 2,08 milhões nas contas de Queiroz. Ou-
Senador Flávio Bolsonaro foi acusado pelo MP de desviar R$ 6,1 mi
tros R$ 2,15 milhões se referem a saques superiores a R$ 500 das contas dos ex-assessores acusados. O MP-RJ descreve operações em dinheiro vivo em benefício do senador no valor de R$ 1,7 milhão, por meio de pagamento de despesas e depósitos na conta de Flávio ou Fernanda, mulher dele. Os promotores investigam eventual lavagem de dinheiro por meio da loja de chocolates da qual o senador é sócio – suspeita-se que chegue a outros R$ 1,6 milhão. Segundo a denúncia, o dinheiro vivo movimentado
por Flávio e a mulher tem como origem o esquema. O volume sacado das contas do casal no período não era suficiente para cobrir o uso de recursos em espécie. A identificação de boa parte dos depósitos na conta de Queiroz teve de ser feita de forma quase manual. Eram poucas transferências de conta a conta. A maioria dos repasses foi identificada pela coincidência de valor e data do saque dos ex-assessores e do depósito na conta de Queiroz. Esse trabalho foi feito tanto pelos bancos como pelo MP-RJ.
O TEMPO BELO HORIZONTE | SEGUNDA-FEIRA, 28 DE DEZEMBRO DE 2020 | 7
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Cobertura especial
Por causa do avanço da doença causada pelo novo coronavírus, O TEMPO criou uma editoria especial para tratar do assunto. Acompanhe também a cobertura no portal O Tempo e na rádio Super 91,7 FM.
Coronavírus |
Campanha. Mais de 450 milhões de pessoas em toda a UE devem ser vacinadas contra o coronavírus
União Europeia inicia vacinação enquanto mutação se espalha PEPE ZAMORA/AFP
AstraZeneca
Covid infectou mais de 80 milhões no mundo e provocou 1,76 mi de mortes
Totalmente eficaz ante forma grave de Covid
¬ SÃO PAULO. Menos de uma
semana depois da autorização da União Europeia (UE) para o uso da vacina dos laboratórios Pfizer e BioNTech, países como Itália, Espanha, Portugal e República Tcheca iniciaram ontem a vacinação contra a Covid-19. Mais de 450 milhões de pessoas em toda a UE devem ser vacinadas contra o vírus que infectou mais de 80 milhões de pessoas no mundo e provocou 1,76 milhão de mortes. A Europa é a região mais afetada do planeta por esta pandemia, com mais de 25 milhões de casos e 546 mil mortes. “Hoje (ontem), começamos a virar a página em um ano difícil”, escreveu Ursula von der Leyen, a presidente da Comissão Europeia, em uma rede social, acrescentando que o imunizante contra a Covid-19 foi entregue aos 27 membros do bloco. Até ontem, 4,8 milhões de pessoas foram vacinadas no mundo. A UE deve receber 12,5 milhões de doses da vacina até o final deste ano, o suficiente para vacinar 6,25 milhões de pessoas – são necessárias duas doses por adulto. O bloco fechou contratos com uma série de fabricantes de medicamentos além da Pfizer, incluindo Moderna e AstraZeneca, para um total de mais de 2 bilhões de doses de vacina e definiu uma meta para que todos os adultos sejam inoculados durante 2021. “Não senti nada, nada. Muito obrigado”, afirmou, sorridente, Araceli Hidalgo Sánchez, 96, a primeira pessoa a receber a tão aguardada dose na Espanha, em uma casa de repouso de Guadalajara, no centro do país. Mónica Tapias, auxiliar de enfermagem na mesma instituição, foi a segunda espanhola a ser vacinada. “O que queremos é que a maioria das pessoas receba a vacina”, disse. As autoridades espanho-
SÃO PAULO. O grupo britânico AstraZeneca afirma ter encontrado “a fórmula vencedora” da vacina contra a Covid-19 que desenvolve em parceria com a Universidade de Oxford. Em entrevista ao jornal “Sunday Times”, o diretor geral da farmacêutica, Pascal Soriot, garantiu que o imunizante oferece uma proteção de “100% contra formas graves da Covid-19”. “Acreditamos ter encontrado a fórmula vencedora”, declarou Soriot. A agência reguladora de medicamentos do Reino Unido deve se pronunciar nos próximos dias sobre o produto. Após exames clínicos em larga escala realizados no Reino Unido e no Brasil, a AstraZeneca anunciou em novembro que a versão inicial de sua vacina tinha uma eficácia de 70%. No entanto, a eficácia foi de 90% em voluntários que inicialmente receberam meia-dose do produto e uma dose completa um mês mais tarde. Em outro grupo vacinado com duas doses completas, a eficácia foi de 62%. Após duras críticas, a farmacêutica revelou que a meia-dose foi aplicada por engano. Devido à forte repercussão negativa, a empresa decidiu então realizar exames suplementares.
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Monica Tapias, 48, auxiliar de enfermagem, foi a segunda espanhola a ser vacinada; “Queremos é que a maioria receba a vacina”
las esperam vacinar até junho de 2021 entre 15 milhões e 20 milhões de pessoas, de uma população de 47 milhões. A Espanha foi um dos países da Europa mais afetados pela pandemia, com 50 mil mortes e mais de 1,8 milhão de casos, segundo os dados do ministério da Saúde. “Araceli e Mónica representam uma nova etapa de esperança. Um dia de emoção e confiança”, escreveu no Twitter o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez. Quase ao mesmo tempo, na Itália, a enfermeira Claudia Alivernini e Maria Rosaria Capobianchi, diretora de um laboratório de virologia no hospital Spallanzani de Roma, foram as primeiras a receber a vacina no país. “É um gesto pequeno, mas fundamental para todos nós”, disse Alivernini. “Eu digo de coração: vacinem-se. Por nós, por nossos entes queridos e pela sociedade”. “Hoje (ontem) a Itália desperta. É o #VaccineDay “, escreveu o primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, no Twitter. “Esta data permanecerá conosco para sempre”.
Imunização na Argentina Início nesta terça. A campanha de vacinação na Argentina, onde o novo coronavírus causou 42.501 mortes e quase 1,6 milhão de casos, inicia amanhã. O governo começará a inocular as 300 mil doses que chegaram ao país da Sputnik V, do laboratório russo Gamaleya, uma das duas vacinas aprovadas juntamente com a elaborada pela Pfizer. A Argentina também assinou acordos com Oxford/AstraZeneca e com o mecanismo Covax, da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Mourão com Covid-19 Isolado. O vice-presidente Hamilton Mourão testou positivo para a Covid-19 e vai ficar em isolamento no Palácio do Jaburu, segundo sua assessoria, ontem. No mesmo dia, o presidente Jair Bolsonaro afirmou, em rede social, que o governo tem pressa em obter uma vacina: “Temos pressa em obter uma vacina, segura, eficaz e com qualidade, fabricada por laboratórios devidamente certificados”. Um dia antes, Bolsonaro garantiu que não daria bola às pressões sobre o início da imunização no país. FILIPE BISPO /FOTOARENA/FOLHAPRESS
Chile usa doses da Pfizer Natal. O Chile começou, no dia 24, a administrar as primeiras doses da vacina da Pfizer-BioNTech a profissionais de saúde. O objetivo é avançar rapidamente em sua campanha contra o novo coronavírus, que já deixou mais de 16 mil mortos no país sul-americano. Chile e México foram os primeiros países da região a iniciar a vacinação. As primeiras 10 mil doses chegaram a Santiago para o início imediato da campanha em três hospitais.
Reino Unido Expectativa. O governo britânico submeteu dados da vacina da AstraZeneca à agência que regulamenta medicamentos no país. O resultado deve sair em 4 de janeiro.
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CORONAVÍRUS EDITORIA DE ARTE / O TEMPO
BATALHA DAS VACINAS Pfizer/BioNTech BNT162b2 Alemanha, China e EUA
Moderna
AstraZeneca
mRNA-1273
ChAdOx1 Reino Unido
Estados Unidos e Alemanha
Replicativa
BRASIL
É uma técnica mais tradicional e se baseia em uma versão atenuada do vírus do resfriado dos chimpanzés. Transfere a informação genética para que se pareça com o Sars-Cov-2.
Todas as vacinas precisam ser autorizadas pela Anvisa antes da aplicação em massa no país Programa Nacional PNI de Imunização (PNI)*
RNA mensageiro Introduzem o material genético do próprio vírus na célula humana para que ela fabrique antígeno específico. Tecnologia utilizada
Logística
Utilizam um fragmento do vírus que permite infectar as células humanas.
Este RNA é encapsulado em uma membrana para que não entre nas células humanas. Como resposta, o corpo se defende e, consequentemente, é treinado para a imunização contra o vírus. Precisa ser mantida em câmaras superfrias (-70°C). A farmacêutica desenvolveu contêineres específicos, capazes de manter a temperatura por 15 dias.
Comparação entre os três laboratórios que já têm imunizantes disponíveis para comercialização
São simples de projetar, embora nunca tenham sido testadas em uma vacina antes.
PNI, Coronavac ou outra PNI, AstraZeneca e Coronavac
O corpo reage mediante uma resposta de imunização, que deixa marca contra futuros contágios.
Pode suportar até 30 dias na temperatura de 2°C a 8°C (temperatura normal de refrigeradores) e seis meses a -20°C. Não perde suas propriedades durante 12 horas em temperatura ambiente.
Coronavac PNI e Coronavac Sputnik, Pfizer e Moderna PNI e outras
Pode ser armazenada, transportada e manipulada em condições normais de refrigeração – entre 2°C e 8 ºC – durante pelo menos AC seis meses.
RR
AP
AM
PNI, Pfizer e Moderna
PA
MA
CE PI
RN PB PE AL
TO
RO
SE
MT
BA
GO
DF MG
MS M
Eficácia (em duas doses)
Negociações
95%
94,5%
Foi a primeira a anunciar a eficácia (mesmo sem dados comprovados em publicações científicas). No ensaio com 44 mil pessoas, 170 acabaram sendo infectadas; destas, 162 haviam recebido o placebo.
A eficácia foi comprovada em análise preliminar. Na fase 3 de testes, participaram 30 mil voluntários. Destes, 90 acabaram infectados, sendo apenas cinco do grupo que recebeu a vacina. O número total de participantes com Covid-19 pode chegar a 151.
O governo de Jair Bolsonaro assinou um memorando de entendimento com a Pfizer, que prevê inicialmente 8,5 milhões de doses no primeiro semestre de 2021 e 61,5 milhões no segundo semestre. Até ontem, porém, a farmacêutica ainda não tinha solicitado à Anvisa autorização para uso emergencial no país.
A União Europeia fechou um acordo com o laboratório norte-americano para a aquisição de 160 milhões de doses da vacina. No Brasil, as doses desse imunizante poderiam chegar por meio da iniciativa Covax Facility, que garante ao país 42 milhões de doses de um dos dez fabricantes que trabalham para efetivar vacinas pelo mundo.
70%
SP
Mostrou eficácia de 90% quando foi administrada meia dose primeiro (um equívoco), seguida de uma dose completa em 2.700 voluntários com intervalo de um mês. A eficácia reduziu-se para 62% quando duas doses completas foram aplicadas em 9.000 voluntários. A farmacêutica vai realizar um estudo adicional. O Brasil fechou acordo para ter 100 milhões de doses dessa vacina, sendo que 15 milhões delas chegam em janeiro. A autorização para uso emergencial deve ser expedida pela Anvisa. A União Europeia, por sua vez, deve ficar com 400 milhões de doses.
ES RJ
PR SC RS
PNI e Covaxx Governo publicou um “Memorando de Entendimento” entre a Fundação Ezequiel Dias e a norte-americana Covaxx, que também está desenvolvendo uma vacina na fase 3 de testagem. Além disso, vai aguardar o PNI.
*O Programa Nacional de Imunização (PNI), do governo federal, vai determinar as diretrizes da vacinação contra o coronavírus pelo país. Até o momento, não foi definido qual imunizante será utilizado nem quando começa a campanha nacional. Vários Estados, porém, tentam agilizar essa vacinação e, com recursos próprios, garantir doses de imunizantes já disponíveis pelo mundo. Vale reforçar que toda vacina, antes de ser usada na população do Brasil, precisa ter registro de uso emergencial concedido pela Anvisa.
AS FASES DE DESENVOLVIMENTO DE UMA VACINA PRÉ-CLÍNICA
FASE 1
Desenvolve-se a fórmula da vacina e se estuda o efeito que tem em cultivos de células e em animais de laboratório.
Administrada Administrada em grupos Administrada em em grupos de 20 a de mil a 10 mil grupos de cem a 500 100 pessoas. Estuda- pessoas. Algumas recebem pessoas. Algumas se se é segura, se vacina e outras, o recebem vacina, há resposta placebo. Estuda-se outras, o placebo. imunológica e qual se é segura Estuda-se se é segura e é a dose correta. e se a resposta se a resposta imunológica é eficaz contra o vírus. imunológica é forte.
FASE 2
FASE 3
APROVAÇÃO São fabricadas doses em grande escala. Continua o processo de vigia da eficácia e da segurança da vacina, uma vez que a licença foi dada.
A vacina contra a Covid-19 levou apenas
9 meses
para chegar até a fase 3. Para acelerar o tempo de desenvolvimento, várias fases foram feitas simultaneamente
O TEMPO BELO HORIZONTE| SEGUNDA-FEIRA, 28 DE DEZEMBRO DE 2020 | 9
CORONAVÍRUS
Estudos. Crianças possuem menor carga viral do que adultos e podem até ter proteção natural contra Covid
Para especialistas, vacinação não deve ser critério para volta às aulas Médicos defendem retorno com a adoção de medidas de proteção individual ¬ SÃO PAULO. Ante o anúncio
de um plano de vacinação brasileiro contra a Covid19, a volta às aulas presenciais parece estar mais próxima, embora o programa não inclua as crianças, conforme divulgado pela Ministério da Saúde. Renato Kfouri, pediatra e presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), explica que “as crianças não estão sendo alvo dos programas de vacinação e dos estudos de fase 3 porque não são grupo de risco e tampouco fazem parte da cadeia de transmissão de forma importante”. De modo geral, segundo o especialista, as crianças apresentam infecções mais leves, com menos sintomas, e são capazes de disseminar menos o vírus. Estudos já relataram também que as crianças possuem menor carga viral do que adultos e podem até ter uma proteção natural contra o coronavírus devido a infecções passadas de outros vírus causadores de resfriados. Carta assinada por mais de 400 pediatras no fim de novembro pedia o retorno às aulas, argumentando que ele é seguro para crianças e adolescentes, desde que medidas de proteção indivi-
DANILO VERPA/FOLHAPRESS
dual sejam implementadas. Os médicos também defendem que os mais jovens possuem, raramente, complicações de Covid – um pequeno número de crianças desenvolve a Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P). Todos os esforços dos países e das desenvolvedoras de vacinas têm sido para garantir a proteção daqueles com maior risco de hospitalização e mortes – por enquanto idosos, pessoas em situação de vulnerabilidade e portadores de comorbidades. “É claro que existem crianças com comorbidades, e é importante entender como as vacinas funcionam nesses grupos, mas em um momento posterior”, diz Kfouri. Os estudos de vacinas começam sempre em indivíduos adultos saudáveis. A partir daí, podem seguir para outros grupos. Quando se reconhece que um imunizante é seguro, ele pode passar a ser testado em crianças. Diversas farmacêuticas têm desenvolvido em paralelo estudos de fases 1 e 2 – quando se testam a seguran-
Plano nacional Público. O Ministério da Saúde diz que “a definição dos grupos prioritários para vacinação se atenta a faixas etárias mais expostas ao vírus e com maior risco de gravidade e óbito”.
Escolas. Para OMS, retorno seguro deve ter monitoramento da situação epidemiológica e das condições de higiene dos estabelecimentos
ça, a dosagem e a capacidade de produzir anticorpos das vacinas – com crianças e adolescentes, como a Pfizer, a Janssen e a Oxford/AstraZeneca, além de Sinovac e CanSino. Segundo estudo feito no Reino Unido, reabertura parcial das escolas esteve associada a menos de 0,1% de novos casos. Segundo a OMS, a volta segura às escolas deve ser acompanhada de monitoramento constante de novos casos, da situação epidemiológica local e das condições de higiene dos estabelecimentos.
Efeito da pandemia
Alunos sem memória da escola Da escola, Raphaela dos Santos, 5, lembra-se apenas do parquinho. Mais de nove meses sem aula a fizeram esquecer o nome da professora, dos colegas, como escrever o próprio nome e os números. Com a mãe trabalhando fora, Raphaela não tinha um celular para assistir às aulas online ou quem a ajudasse com as atividades do kit impresso distribuído pela Prefeitura de São Paulo. “Ela não aprendeu nada e ainda esqueceu o que sabia. No começo do ano, estava escrevendo o próprio
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SÃO PAULO.
nome; depois, foi esquecendo. Tentei ensinar, escrevia no papel e pedia pra copiar, mas acho que não é assim que criança aprende”, diz a mãe Cindy Santana, 22. No mesmo conjugado vive José Leandro Melo, 9, que está no terceiro ano do ensino fundamental e não tinha sido alfabetizado antes da suspensão das aulas presenciais. Como a mãe, Jéssica Laurindo, 30, também tem dificuldade para ler, o menino não fez nenhuma atividade escolar. “Roubaram meu celular e não tinha onde ele acompanhar as aulas online. Não con-
seguia entender as lições para explicar a ele, dizer o que tinha de fazer”, conta a mãe. Para a educadora Pilar Lacerda, “é preciso encontrar um novo modelo, que dê a atenção devida para os alunos que perderam o contato com a vida escolar”. “Não podemos voltar para escolas com 30 alunos dentro de sala de aula”, diz. A prefeitura não anunciou se pretende iniciar o ano letivo de 2021 com aulas a distância. Em nota, o órgão não informou se há estimativa de quantos alunos não conseguiram acompanhar as aulas remotas.
Cidades de SP ‘furam’ plano
Protesto em Manaus
Aglomeração. O fim de semana em várias cidades do litoral e do interior de São Paulo teve muito movimento e praias cheias, contrariando a determinação do governo estadual que colocou todos os municípios do Estado na fase vermelha do Plano São Paulo, entre 25 e 27 de dezembro e entre 1º e 3 de janeiro. Entre as cidades que vão manter a fase amarela estão os nove municípios da Baixada Santista, Ubatuba e Bauru.
Após um sábado de protestos contra o fechamento do comércio no Amazonas, o governador do Estado, Wilson Lima, anunciou ontem a revogação da medida e a flexibilização do comércio. A partir de hoje, estabelecimentos devem funcionar de segunda a sexta-feira, das 8h às 16h, e aos sábados e domingos somente delivery e drive-thru. Medidas valem até 11 de janeiro. EDMAR BARROS/FOLHAPRESS
Copacabana sem virada Restrições. Além de fechar os acessos a Copacabana, palco da tradicional festa da virada no Rio de Janeiro, para evitar a aglomeração de pessoas e a contaminação pela Covid-19 no réveillon, a prefeitura decidiu ampliar as medidas restritivas e proibiu também qualquer queima de fogos e uso de equipamentos de som em toda a orla da cidade. O decreto com todas as novas normas será publicado hoje.
MG recomenda suspensão de cirurgias eletivas ¬ A Secretaria de Estado de
Saúde de Minas Gerais (SES) recomendou a suspensão das cirurgias eletivas não essenciais em hospitais, clínicas e locais da rede pública estadual e da rede privada contratada ou conveniada com o SUS nas seguintes macrorregiões de saúde: Centro, Jequitinhonha, Leste,
Leste do Sul, Nordeste e Sudeste. De acordo com o secretário de Estado de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, “a orientação é um ajuste temporário na rede de saúde com o intuito de que todos os mineiros continuem assistidos com garantia de qualidade e equidade”. Conforme o documento, a recomendação
não se aplica a cirurgias e procedimentos cirúrgicos em pacientes cardíacos ou oncológicos de maior gravidade. Segundo o último boletim epidemiológico do Estado, há 522.331 pessoas diagnosticadas com a Covid-19 e 11.585 óbitos pela doença em Minas. (Gabriel Moraes)
10 | O TEMPO BELO HORIZONTE | SEGUNDA-FEIRA, 28 DE DEZEMBRO DE 2020
N
Economia
23/12/2020
Dólar Valores em R$
comercial paralelo
turismo
COMPRA
COMPRA
COMPRA
5,198 VENDA
-
5,183
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5,200
23/12/2020
N Ouro N Euro 7 Bovespa
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-
5,353
312,99 6,332 1%
Pontos
TEL: (31) 2101-3926 Editor: Karlon Aredes karlon.aredes@otempo.com.br Atendimento ao assinante: 2101-3838
117.806
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Desabastecimento. De plástico a papelão, falta de matéria-prima compromete produção e pressiona preços
No Brasil, 75% das indústrias têm dificuldade para comprar insumos Outubro Novembro
ENFRENTA DIFICULDADE
NÃO ENFRENTA DIFICULDADE
ACREDITA QUE SITUAÇÃO DEVE MELHORAR EM 3 MESES
68% 75%
32% 25%
72% 47%
Móveis
95%
Sabões, detergentes, produtos de limpeza, cosméticos, produtos de perfumaria e de higiene pessoal (HPPC)
90%
Calçados e suas partes
87%
Produtos de metal (exceto máquinas e equipamentos)
87%
Máquinas e equipamentos
87%
Veículos automotores, reboques e carrocerias
86% 84% 83%
Celulose, papel e produtos de papel Produtos têxteis Confecção de artigos do vestuário e acessórios
83%
Produtos de madeira
83%
Máquinas, aparelhos e materiais elétricos
81%
80% Impressão e reprodução de gravações 79% Produtos de material plástico 78% Bebidas 77%
47%
da indústria acredita na normalização no 1º trimestre de 2021
REFLEXOS
DIFICULDADE PARA ATENDER OS CLIENTES
Metalurgia
OUT
NOV
POR QUE A INDÚSTRIA NÃO CONSEGUE AUMENTAR A PRODUÇÃO?* 76%
23% 22% 9%
5%
(*) PESQUISA REALIZADA EM OUTUBRO COM INDÚSTRIAS QUE ESTÃO COM DIFICULDADE DE ATENDER OS CLIENTES FONTE: CNI
OUTROS
9%
Risco de falência
Fábricas de papel higiênico em crise O papel higiênico e outros descartáveis, como lenços de papel, estão no meio da caótica situação da indústria, que não consegue equilibrar a alta nos preços dos insumos e a rejeição do varejo ao reajuste no valor do produto. Apesar do cenário, não há, por agora, risco de faltar papel higiênico nas prateleiras, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec). É real, no entanto, a preocupação com a falência de pequenos fabricantes e de que estes sejam engolidos por indústrias maiores, como esclarece João Carlos Basílio, presidente executivo da entidade. Citam-se, inicialmente, elevações nos preços de aparas de papel como consequência do incremento de 31% no valor da celulose, principal matéria-prima, até novembro. Foram detectados ainda acréscimos nos custos do Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) e em materiais para embalagens – como caixas de papelão, com alta no preço próxima de 10%, e maculaturas (fontes para fabricação do rolo contido no papel higiênico), com alta de 7,5%. Procurada, a Associação Mineira de Supermercados (Amis) não retornou até o fechamento desta edição. (Lara Alves)
7
SETORES COM MAIORES PROBLEMAS (EM %)
MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS LEVAM TEMPO PARA VOLTAR A FUNCIONAR
Difícil repassar. De acordo com a presidente do Simplast-MG, Ivana Braga, o custo das resinas plásticas subiu entre 45% e 50%. “É inviável repassar tudo”, destaca.
Dificuldade para obter matérias-primas
PANDEMIA
Custo alto
APAGÃO DE INSUMOS
FALTA DE RECURSOS/ CAPITAL DE GIRO
nos supermercados, e algumas redes já estão pedindo aos clientes que levem de casa sacolas retornáveis ou usem caixas de papelão para embalar as compras. O problema é que também está faltando papelão, assim como vidro, plástico e várias outras matérias-primas. O desabastecimento, que começou junto com a pandemia, está cada vez mais grave, e a dificuldade de comprar insumos já atinge pelo menos sete a cada dez indústrias do Brasil. Em outubro, 68% do setor estava com dificuldade para comprar matéria-prima. Em novembro, o índice subiu para 75%, segundo a Confederação Nacional das Indústrias (CNI). O gerente de análise econômica da CNI, Marcelo Azevedo, explica que houve um descompasso entre oferta e demanda. “Quando a pandemia começou, muitas indústrias pararam ou reduziram a produção. Todos acreditavam que a recuperação seria mais lenta. Felizmente ela veio rápido. Só que, no momento em que as indústrias procuraram os fornecedores para reposição, eles também estavam com os estoques baixos”, explica o economista. Desde o início de novembro, a rede de supermercados Epa está trabalhando com sacolas brancas, sem a logomarca da empresa, devido à dificuldade de comprar o produto, e está espalhando comunicados nas lojas pedindo a colaboração dos clientes. “Conseguimos fazer uma compra emergencial, com preços muito mais caros. Mas, atualmente, só estamos conseguindo de 20% a 30% do volume de sacolinhas que precisamos”, afirma o diretor da rede, Roberto Gosende.
EDITORIA DE ARTE / O TEMPO
FALTA DE TRABALHADOR
¬ QUEILA ARIADNE ¬ Está faltando sacolinhas
A presidente do Sindicato da Indústria do Material Plástico do Estado de Minas Gerais (Simplast-MG), Ivana Braga, explica que, com a pandemia, houve retração de produção de resina plástica no mundo todo. “Essa produção ainda não foi retomada para o abastecimento do mercado. Atrelado a isso, aqui no Brasil temos um único fornecedor, que é a Braskem, e ela tem uma política de distribuição que está afetando bastante a indústria brasileira, que também fica à mercê do câmbio, pois não tem condições de importar pelo dólar alto e pela morosidade dos procedimentos aduaneiros”, destaca. Por meio de nota, a Braskem ressalta que o mercado de resinas é internacional, regido pelo princípio legal da livre concorrência. Lembra ainda que os competidores internacionais reduziram a produção e não acompanharam o crescimento da demanda brasileira no seu atendimento. Segundo a empresa, a forte recuperação brasileira no terceiro trimestre fez com que a Braskem atingisse recorde histórico de venda de resinas no mercado interno em agosto e o ultrapassasse com novo recorde em setembro”, afirma a nota. A pesquisa da CNI indica que 47% das indústrias esperam que a situação se normalize no primeiro trimestre do ano que vem. “A expectativa é que a produção industrial continue elevada, mas a demanda caia um pouco, o que é normal nos primeiros meses do ano. Dessa forma, será possível normalizar os estoques”, avalia o gerente de análise econômica da CNI.
FALTA DE INSUMOS
Supermercado faz apelo para que clientes usem as próprias sacolas
Preços Mais caro. Segundo o diretor do Sindipeças, Fábio Sacioto, com reflexos da redução da oferta e do câmbio, o custo das matérias-primas subiu entre 20% e 30%.
O TEMPO BELO HORIZONTE | SEGUNDA-FEIRA, 28 DE DEZEMBRO DE 2020 | 11
7 Terremoto atinge Chile
A costa centro-sul do Chile foi atingida ontem por um terremoto de magnitude 6,8, segundo o Centro Sismológico Mediterrâneo Europeu (EMSC na sigla em inglês). O fenômeno ocorreu a cerca de 163 km (100 milhas) a oeste-noroeste de Valdivia, cidade ao lado do oceano Pacífico.
7 Não há risco de tsunami
Apesar da proximidade da costa centro-sul, as autoridades chilenas descartaram imediatamente o risco de um tsunami, informou o portal G1. Até o fechamento desta edição, não havia relatos iniciais de danos provocados pelo terremoto na região.
Mundo |
Vítimas. Três pessoas foram mortas, e outras três ficaram feridas
Santa Sé
Suspeito de ataque em pista de boliche nos Estados Unidos é preso
Em oração, papa Francisco anuncia Ano da Família
REPRODUÇÃO DE VÍDEO
¬ ROMA. O papa Francisco anunciou ontem um Ano da Família, dedicado ao espaço dela na Igreja, ao acompanhamento dos casais no matrimônio e às dificuldades da vida conjugal. O anúncio foi feito durante a oração do Angelus, cinco anos após a exortação do sumo pontífice sobre o amor na família: “Amoris Laetitia”. O Ano da Família começará em 19 de março de 2021, dia de São José, e terminará em 26 de junho de 2022, durante o 10º Encontro Mundial das Família, em Roma. Em sua homilia dominical, Francisco destacou, da biblioteca do palácio apostólico do Vaticano, “o valor educativo do núcleo familiar (...) fundado no amor”. Ele pediu às famílias que priori-
zem “o perdão sobre a discórdia”. “Na família há três palavras que devem ser sempre protegidas: ‘permissão’, ‘obrigado’, ‘perdão’”, completou. O papa também fez uma homenagem aos profissionais da saúde e aos casais e famílias que sofrem as dificuldades no contexto da pandemia. “Meu pensamento vai em particular para as famílias que perderam nestes meses um parente ou foram submetidas a um duro teste pelas consequências da pandemia”, disse. “Penso também nos médicos, enfermeiros e todos os profissionais da saúde cujo grande compromisso na linha de frente da luta contra a propagação do vírus teve repercussões significativas sobre sua vida familiar”, concluiu. VINCENZO PINTO/AFP
Perfil. Entre as vítimas havia ao menos dois adolescentes, mas até o fechamento desta edição não havia detalhes da saúde deles
Tiroteio aconteceu em Rockford, em Illinóis, no sábado; detido tem 37 anos ¬ WASHINGTON, EUA. Um
homem suspeito de matar três pessoas e ferir outras três em um tiroteio no sábado em uma pista de boliche em Rockford, Illinóis, nos Estados Unidos, foi preso, informaram as autoridades ontem. O homem detido é branco e tem 37 anos. O atirador foi identi-
ficado pelas forças de segurança no Twitter. A polícia indicou não estar à procura de nenhum outro suspeito pelo massacre. “A investigação continua. Temos três mortes”, afirmou o chefe de polícia de Rockford, Dan O’Shea, durante uma coletiva de imprensa ontem. Entre as vítimas havia pelo menos dois adolescentes, mas não foi informado se eles foram mortos nem a extensão dos ferimentos ou suas idades. “Prendemos um suspeito. É basicamente o que temos no momento”, dis-
se O’Shea sem fornecer detalhes. O estabelecimento onde ocorreu o tiroteio publicou em sua página do Facebook apenas a mensagem: “Ore, por favor”.
Investigação Suspeita. A polícia informou acreditar que o ataque tenha sido aleatório e que nenhum policial tenha disparado suas armas contra o suspeito do tiroteio.
“Estou zangado e triste com a violência desta noite”, disse o prefeito de Rockford, Tom MacNamara, em comunicado postado no Facebook. “Meus pensamentos estão com as famílias daqueles que perderam entes queridos. Também estou pensando naqueles que foram feridos e tenho esperança de uma recuperação rápida e completa”, completou. Rockford está situada a 150 km de Chicago, perto da fronteira do Estado com Wisconsin. Francisco destacou o valor da família em sua homilia dominical
Honduras. Homem foi morto por grupo ainda não identificado que invadiu casa dele, denunciaram testemunhas
Líder indígena e ambientalista é assassinado a tiros REPRODUÇÃO/REDES SOCIAIS
¬ TEGUCIGALPA, HONDURAS. O lí-
der ambientalista Félix Vásquez, defensor de territórios indígenas em Honduras e pré-candidato a deputado, foi morto, na noite de sábado, por um grupo não identificado que invadiu a casa dele, denunciaram testemunhas a uma ONG. Quatro homens encapuzados entraram na casa de Vásquez, na comunidade de Ocotal, no município de Santiago de Puringla, departa-
mento (Estado) de La Paz, no Oeste do país, detalhou o site Defensores en Línea, da ONG Comitê de Familiares de Presos Desaparecidos em Honduras (Cofadeh). Após espancar alguns presentes, os homens atiraram no líder, informou a ONG, com base em relatos de testemunhas cujas identidades foram mantidas em sigilo. Vásquez, de cerca de 70 anos, era indígena Lenca, a mesma etnia a que pertencia
Félix Vásquez, de cerca de 70 anos, defendia territórios indígenas
a hondurenha Berta Cáceres, premiada por seu trabalho ambientalista e morta a tiros em 2016 após anos de luta contra megaprojetos que ameaçavam deslocar povos originários. Félix Vásquez também era um defensor do meio ambiente, “preocupado com a ocupação de latifundiários em áreas de reserva natural, como a bacia hidrográfica El Jilguero”, cujo dano impactaria mais de 300 famílias indí-
genas, segundo o Defensores en Línea. O dirigente havia decidido entrar para a política como pré-candidato a uma vaga de deputado pelo partido Lobre. A ONG lembrou que 90% da população de La Paz é indígena, amparada pelo Convênio 169 da OIT. Em 2015, ao menos 20 defensores indígenas foram assassinados, denunciou o Movimento Independente Indígena Lenca de La Paz-Honduras (Milpah).
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12 | O TEMPO BELO HORIZONTE | SEGUNDA-FEIRA, 28 DE DEZEMBRO DE 2020
O.PINIAO
Editorial
Duke
A MAIOR DOR DE CABEÇA Uma pesquisa feita pelo Datafolha em todos os Estados do Brasil, entre 8 e 10 de dezembro, mostra que a maior preocupação da população é a saúde, apontada por 27% dos entrevistados. Em junho, o mesmo levantamento mostrou que essa área foi indicada como a mais preocupante por 19%. Em um ano marcado pelo coronavírus, esse resultado é compreensível, mas, ainda antes da pandemia, em 2019, o mesmo estudo revelou que a saúde também era considerada o principal problema do país, sendo citada por 18% dos entrevistados. A falta de respiradores, leitos de terapia intensiva e profissionais, vista principalmente no pico da proliferação da Covid-19, foi uma triste amostra em escala ampliada do que sofre a população mais pobre ao longo de décadas. No último estudo, os que ganham até dois salários mínimos foram os que mais demonstraram temor e descontentamento em relação à saúde. Eles são os que mais sofrem em um cenário de elevado desemprego, o que lhes tira o acesso à rede suplementar por meio de planos empresariais. A única alternativa que lhes resta é recorrer ao Sistema Único de Saúde (SUS), que, apesar de ser um dos melhores do mundo, tem deficiências como falta de pessoal e de estrutura e é alvo recorrente de corrupção. Esses problemas foram agravados nos últimos anos pela crise fiscal nos Estados, o que impede o repasse dos recursos aos municípios. A saúde do país vai deixar de ser fonte de preocupação para o povo quando houver boa gestão, combate ao desvio de verba e, consequentemente, recurso para remuneração de profissionais e investimento em estrutura. Esse é o caminho para cumprir o que prevê a Constituição Federal quando diz que a saúde é direito de todos e dever do Estado.
FUNDADOR PRESIDENTE VICE-PRESIDENTE DIRETOR EXECUTIVO
GERENTE COMERCIAL
Alessandra Soares GERENTE DE ASSINATURA
Fernanda Rodrigues GERENTE INDUSTRIAL
Guilherme Reis GERENTE DE CIRCULAÇÃO
Isabel Santos GERENTE ADMINISTRATIVO
Rômulo Lima
Vittorio Medioli Laura Medioli Marina Medioli Heron Guimarães
EDITORES EXECUTIVOS
Renata Nunes Cândido Henrique Silva Juvercy Júnior COORDENAÇÃO DE JORNALISMO
Flaviane Paixão EDITORES
Primeira: Isis Mota Política: Ricardo Corrêa Opinião: Frederico Duboc Economia/Brasil/Mundo: Karlon Aredes Cidades: Dayse Resende Super.FC: Frederico Jota Magazine/Interessa: Marília Mendonça Fotografia: Daniel de Cerqueira
OPINIÃO
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LUCAS GONZALEZ Deputado federal (Novo-MG) dep.lucasgonzalez@camara.leg.br
O legado de 2020 A escolha que pode mudar nossa história
Q
ue atire a primeira pedra aquele que não se assustou diante do vírus que carimbou 2020 como o ano mais difícil das últimas décadas. Em um piscar de olhos, a pandemia nos forçou a remodelar a vida. O mundo chacoalhou e, aos poucos, ganhou uma nova forma. Se olharmos pelo retrovisor da história, veremos que as batalhas costumam marcar os recomeços. As guerras mundiais e a Grande Depressão foram assim. Definitivamente, não é a profundidade da crise que distingue o vencedor do perdedor, mas o que vem depois disso – como saímos do conflito e as lições que dele extraímos. O cenário antes da pandemia não era dos mais animadores, mas timidamente estávamos no caminho certo. O desemprego estava reduzindo, os índices de violência também. Aprovamos a nova Previdência e avançaríamos ainda mais. Os planos foram interrompidos. Em vez de reformas de longo prazo, paramos para estancar a ferida aberta pela Covid-19. Foram muitas medidas, e estas desafiaram os grandes experts da ciência. Nossa missão era garantir instalações hospitalares eficientes, preservar empregos, salvar empresas; cuidar do brasileiro com respeito e dignidade. Foi desafiador pensar em soluções eficientes, em um tempo tão curto e sem espaço para errar. Entraremos em 2021 com uma bagagem que contém basicamente dois
itens: resquícios de um ano inusitado e projetos que ficaram estacionados. O foco dependerá de nós. Podemos usar as lições da pandemia para fomentar desavenças políticas ou para reconstruir um novo Brasil. A escolha está nas nossas mãos. Eu prefiro focar a reconstrução dos alicerces que sustentam o Brasil. Essas mudanças trarão o vigor necessário para nos manter firmes nas crises e nos deixar preparados para deslanchar. Temos ainda desafios gigantes pela frente. De acordo com relatório feito pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Brasil precisa de várias gerações para que uma família saia da pobreza. Isso demonstra que os programas criados para mitigar a miséria não estão emancipando cidadãos. Pelo contrário, o contexto em questão perpetua a dependência vitalícia do Estado pelos indivíduos. O avanço é muito tímido para a grandeza deste país. Reformar é a solução. O Brasil possui um pacote de medidas que podem nos projetar para uma nova realidade. Temos a capacidade de ser uma nação capaz de abrigar os sonhos de todos os brasileiros – há muito espaço para isso. Redesenhar programas e aprovar reformas são medidas indispensáveis. Um Estado grande, ao tentar abraçar tudo, não é capaz de ser satisfatório no essencial. A reforma administrativa redirecionará verbas públicas e corrigirá regras que não fazem qualquer sentido do ponto de vista republicano. Serão, até
2034, R$ 400 bilhões poupados. As privatizações desafogarão o Estado e abrirão espaço para o mercado, gerando mais competitividade, emprego e renda aos brasileiros. A reforma tributária tem como fim tornar o Brasil um país mais simples para se investir e mais equilibrado em suas relações. Esse “pacotão” de medidas, que indiscutivelmente deve ser o cerne das votações do Congresso Nacional, colocará o Brasil novamente no eixo do crescimento. Temos tudo para ser o que sempre almejamos. As cicatrizes deixadas pela pandemia nos trarão sempre à memória que é possível extrair da perda a coragem para prosseguir, e da incerteza, força para reinventar. Saio de 2020 mais convicto de que as intempéries da vida não existem para nos reduzir, mas para nos forjar. Perdemos muitos entes queridos na pandemia, mas ela não venceu o Brasil. Que sejamos capazes de escolher o que nos une e focar o que é importante para o país. Menos disputas mesquinhas e projetos demagogos. A sociedade brasileira espera de nós uma postura republicana e responsável, que pouco se importa com aplausos ou aclamações, mas que está genuinamente aliançada com um novo Brasil. Um país com oportunidades que não privilegia um ou outro, mas que valoriza o esforço, a garra e o talento dos seus cidadãos. Uma nação que da pandemia encontrou forças para renascer. Eu acredito neste novo tempo. Eu acredito no Brasil.
O TEMPO BELO HORIZONTE| SEGUNDA-FEIRA, 28 DE DEZEMBRO DE 2020 | 13
OPINIÃO
x
entre aspas
“Agenda liberal plena andou para trás.”
“É dever de todo presidente administrar o astral.”
Armínio Fraga
Martha Medeiros
EX-PRESIDENTE DO BANCO CENTRAL
JORNALISTA
Sobre atraso nas reformas no Brasil
Sobre a necessidade de passar confiança
José Reis Chaves
É o que acontece com as crianças a respeito do Papai Noel
Teósofo e biblista jreischaves@gmail.com
Quem, sem saber, tem mais de uma religião
A
igreja do passado, porque a humanidade era ainda pouco evoluída, dizia que fora da igreja não havia salvação. E isso criou uma crença de que todo mundo tinha que ser, exclusivamente, católico. Porém, posteriormente, a referida frase da igreja foi dada, por ela mesma, como “vencida”. E o ensino de que as crianças que morriam sem o batismo iam para o limbo caiu também em descrédito e foi anulado, igualmente, por ela própria. Tomara que essas mudanças sejam prenúncios de outras novas e urgentes mudanças na igreja, para
que ela não continue diminuindo, levando muitos católicos, principalmente do Primeiro Mundo, à indiferença religiosa e à fuga para outras religiões. É claro que os líderes religiosos têm que pregar apenas a sua religião, o que ocorre nem sempre por consciência, mas por conveniência, pois, sem isso, podem perder seu privilegiado emprego. Assim também, por exemplo, os líderes religiosos a que nos referimos, se crerem na reencarnação, como sabemos de muitos desses casos, não podem falar, publicamente, que creem nela, uma vez que vão ter complicações profissionais. É, pois, uma questão semelhante à do celiba-
to obrigatório dos padres. Muitos são contrários a ele, mas não podem expressar, publicamente, essa sua opinião, antes de ela vir das altas autoridades eclesiásticas do Vaticano. Mas o fato de religiosos ou não, pública ou ocultamente, crerem em outras doutrinas que não pertencem à sua religião, mesmo que seja apenas uma só doutrina, eles estão tendo mais de uma religião, pois estão com um pé numa e outro pé noutra. E, valendo-nos, outra vez, do exemplo da reencarnação, se vocês, meus queridos leitores, que me estão lendo, descobrem que ela é, realmente, uma verdade, mas que sua religião não professa, vocês, como
já foi dito, de algum modo ou parcialmente, passam a ter outra religião, mas, às vezes, até mesmo inconscientemente! E, nesse caso, vocês deixam de ser numa doutrina religiosa passivos para serem ativos. É o que acontece também com as crianças a respeito do Papai Noel. Antes, elas, passivamente, sofrem a ação de crerem nele. Depois, mais amadurecidas no entendimento da verdade sobre ele, elas desbancam o Papai Noel de ser ativo para ser passivo, já que ele, de presenteador, se torna o próprio presente, e até sem que elas o percebam, pois isso acontece como se fosse automaticamente!
E, com a aceitação de outras doutrinas religiosas estranhas à nossa religião, ocorre também fato semelhante, pois as próprias verdades doutrinárias novas se impõem, por si mesmas e, às vezes, até mesmo sem que percebamos que elas são contrárias à nossa religião. E são essas pessoas que estão mais próximas do verdadeiro rebanho de um só pastor! PS: 1) Tradução do Novo Testamento completo por este colunista, contato@editorachicoxavier.com.br (31) 3635-2585; 2) e, com ele, também: “Presença Espírita na Bíblia” na TV Mundo Maior.
Bartô
Uma lei para proteger aquele que gera emprego
Deputado estadual pelo Partido Novo e presidente da Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte da ALMG
Liberdade ou morte para o pequeno empreendedor
S
empre que se fala em criar leis que dão mais liberdade aos empreendedores, bem como revogar os entraves legais para as empresas, logo vem a ideia, para muitas pessoas, de que estamos agindo em defesa de figuras egoístas, que estão com a vida ganha e não respeitam o trabalhador. Nada mais falso. Porém, infelizmente há uma cultura antiempreendedora no Brasil, fomentada nas escolas e, muitas vezes, na mídia, que divulgam uma ideia de que trabalhadores e patrões estariam de lados opostos. Postura antiquada vinda do marxismo que já deveria ter sido enterrada no século passado.
L.EITOR a
E-MAIL opiniao@otempo.com.br
Para mostrar que isso não faz mais sentido, vejamos qual é o perfil do empreendedor brasileiro, de acordo com pesquisas recentes do Sebrae e do Global Entrepreneurship Monitor. Quase um quarto dos brasileiros possui negócios, e, desses, algo em torno de 70% ganha até R$ 2.800. Quarenta e quatro por cento dos empreendedores atuam por necessidade, pois não conseguem emprego. A jornada de trabalho média é superior a 45 horas semanais, e mais da metade não tira férias. Como se não bastasse, o empreendedor está sujeito a riscos de não conseguir fechar suas contas e ser obrigado a demitir funcionários (quanto tem) e, na pior das hipóteses, fechar empre-
sas, uma triste realidade que praticamente todos nós já vimos acontecer conosco ou com pessoas próximas. O empreendedor, de maneira geral, está sujeito a riscos que vão além do simples fato de perder o emprego, como no caso do trabalhador. Ele está sujeito a receber notificações, multas e até mesmo ter seu negócio extinto devido a decisões de políticos autoritários e insensíveis à importância de a atividade econômica ser exercida de maneira mais livre. Em um ambiente de liberdade econômica, os pequenos empresários não precisam se preocupar com tantas regras impostas pelo governo e, assim, ter a criação e a rotina de seu
negócio prejudicadas. Cabe ressaltar que algumas dessas regras são tão subjetivas que, lamentavelmente, muitas vezes esses pequenos empreendedores ficam à mercê de decisões arbitrárias de fiscais e burocratas. A partir do momento que os empreendedores que estão iniciando seus negócios podem focar mais suas atividades-fim, a empresa pode oferecer produtos e serviços de melhor qualidade e preço, podendo crescer cada vez mais, gerar mais empregos, e assim, fazer a economia melhorar. Foi pensando nisso que enviei para a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) a Declaração Estadual de
São Paulo
imerecidas mordomias de que já desfrutam. Isto enquanto a miséria opressora vai se propagando, não só em São Paulo, mas em todo o país, com milhões de desempregados, crescimento assustador de pessoas em situação de rua e da violência, além da Covid-19.
Aulas
aÉ uma imoralidade praticada Gilberto Jorge Chami
pela Câmara Municipal de São Paulo (SP) o aumento em valores escandalosos do salário do prefeito, do vice-prefeito e de secretários, afora as
aSobre a matéria “Vacinação Virginia Lane Cordeiro Paiva
não deve ser critério para volta às aulas, dizem especialistas” (portal O Tempo, 27.12), espero que os especialistas percorram todas as escolas
Direitos de Liberdade Econômica, que estabelece normas para atos de liberação de atividade econômica e a análise de impacto regulatório, que basicamente trará uma série de princípios que devem reger o poder público na tomada de decisões que envolvem a atividade econômica da população mineira. Espero, com a aprovação desta lei, contribuir para que Minas seja um Estado cada vez mais livre e, consequentemente, próspero e bom para empreender e trabalhar. E isso só será possível a partir do momento em que tratarmos com respeito não apenas aqueles que possuem ou desejam um emprego, mas também aquele que gera empregos. estaduais e municipais para ver se elas estão aptas a receber as crianças como diz o protocolo de prevenção ao coronavírus. Os especialistas não devem ter filhos em escolas públicas. A realidade das unidades de ensino ao redor do país é pior do que muitos pensam.
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Brasil
7 Morte de universitário
Um terceiro suspeito de envolvimento na morte do estudante de farmácia da UFRJ Marcos Winícius Tomé Coelho de Lima foi preso ontem – outros dois já estão detidos. Lima foi sequestrado e morto por traficantes. O corpo foi encontrado em Nova Iguaçu, em outubro.
7 Preso por atrapalhar PM
A Polícia Militar prendeu um homem suspeito de ter arremessado uma caçamba de lixo contra policiais para impedir a perseguição de um homem. A prisão ocorreu na noite de sábado, um dia depois da ocorrência na rua Brasil Cameron, no Jabaquara, na zona Sul de São Paulo.
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Feminicídio. Pedido foi feito para garantir sustento das três filhas, duas gêmeas de 7 anos e outra menina de 9
Justiça bloqueia R$ 640 mil de homem que matou juíza no RJ ARQUIVO PESSOAL
Mulher foi morta com 16 facadas: dez na cabeça e seis nas costas
Subsecretária fala em ‘tolerância zero’
¬ SÃO PAULO. A Justiça do Rio
de Janeiro bloqueou R$ 640 mil de Paulo José Arronenzi, engenheiro que matou a facadas sua ex-mulher, a juíza Viviane Vieira do Amaral Arronenzi. O entendimento para justificar o bloqueio foi de que, por ter cidadania italiana, o assassino poderia, mesmo preso, transferir dinheiro para o país europeu por meio de terceiros. Esse valor, agora, passa a ficar disponível para uma futura indenização por danos morais e para garantir o sustento das três filhas do casal – que presenciaram o crime no último dia 24. O pedido de arresto foi feito pelas meninas, todas menores de idade, em nome da avó, e concedido no último sábado pelo juiz João Guilherme Chaves Rosas Filho durante o plantão judiciário. O processo está sob segredo de Justiça. Laudo do Instituto Médico-Legal (IML) aponta que a juíza foi morta com 16 golpes de faca distribuídos pelo corpo. Segundo reportagem do jornal “O Globo”, foram
Mudança em política
RIO DE JANEIRO. A subsecretária de Políticas para Mulheres do Rio de Janeiro, Cristiana Onorato Miguel Bento, defendeu “tolerância zero” contra casos de feminicídio – assassinatos de mulheres em razão de seu gênero – como ocorreu na véspera de Natal com a juíza Viviane Vieira do Amaral Arronenzi. Segundo Cristiana, a pasta estadual deverá iniciar projetos de combate à violência contra mulheres a partir do próximo ano. A subsecretária afirmou
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Denúncia. A juíza Viviane Vieira do Amaral Arronenzi recebia ameaças do ex, mas dispensou a escolta
que se inspira no movimento Ni Una Menos, que cobrou mais ações contra a violência de gênero na Argentina e no Uruguai em 2015 e em 2016. Cristiana afirmou que prestará auxílio às filhas da juíza Viviane. “É começar a dar voz para as mulheres e dizer que não admitimos nenhuma morte por ser mulher”, frisou. “É falando que a cabeça das pessoas muda. É tolerância zero e não admitir mais nenhuma morte por violência de gênero”, afirmou. AGÊNCIA BRASIL/DIVULGAÇÃO
dez perfurações na cabeça e seis nas costas. Um corte na jugular teria sido o golpe fatal na juíza, que não teve chance de socorro. Filmado por uma testemunha, o crime ocorreu por volta das 18h30 de quinta-feira, 24, quando a juíza levava as filhas – duas gêmeas de 7 anos e outra menina de 9 anos – para passar o Natal com o pai na Barra da Tijuca, zona Oeste. Ela se encontrou com o ex-marido na rua Raquel de Queiroz. No vídeo que chegou a circu-
lar nas redes sociais e está sendo usado como prova pela polícia, o ex-marido ataca a magistrada na frente das filhas, a despeito dos pedidos das meninas para que parasse. Há três meses, Viviane denunciou Arronenzi por lesão corporal e ameaças. O próprio Tribunal de Justiça do Rio providenciou uma escolta para a magistrada, mas ela abriu mão da proteção. Em 2007, uma ex-namorada de Arronenzi já havia denunciado o engenheiro por agressão.
Viviane entrará para uma triste estatística: em 2020, o Estado do Rio registrou 67 feminicídios, segundo dados consolidados até novembro do Instituto de Segurança Pública (ISP). No ano passado, foram praticados 85 feminicídios, a maioria (47%) cometida por companheiros ou ex-companheiros das vítimas. De 2017 a 2019, houve alta de 25% desse tipo de ocorrência. O corpo de Viviane foi cremado na manhã de sábado no bairro do Caju, na região central.
Cristina Bento: ‘Não se deve admitir morte por violência de gênero’
Prêmio mais esperado. Apostas poderão ser feitas até as 17h da próxima quinta-feira; sorteio será às 20h
Mega da Virada vai pagar R$ 300 milhões em 2020 FRED MAGNO
¬ BRASÍLIA. Quem acertar as
seis dezenas da Mega da Virada em 2020 pode levar uma bolada de, pelo menos, R$ 300 milhões. O sorteio será realizado no dia 31, a partir das 20h. As apostas podem ser feitas até as 17h da próxima quinta-feira (31) em casas lotéricas, pelo portal Loterias Online, pelo aplicativo Loterias Caixa para iOS e Android e pelo Internet Banking Caixa, que é apenas para correntistas do banco.
A aposta mínima, de seis dezenas, custa R$ 4,50. Quanto mais números o apostador marcar, maior o preço e também as chances de faturar o prêmio mais cobiçado do país. Na última Mega da Virada, quatro pessoas dividiram o prêmio de mais de R$ 304 milhões. As dezenas sorteadas foram 03, 35, 38, 40, 57 e 58. A poucos dias do sorteio mais esperado do ano, apostadores aceleram a corrida em busca do prêmio. O pedreiro Jenécio Pereira, 65,
Aposta simples para concorrer à Mega da Virada custa R$ 4,50
optou pela aposta mínima. “Vou ajudar a cuidar da saúde dos meus parentes e comprar uma casa (se ganhar). Neste ano, o prêmio vai sair para mim”, garante. Em sua 12ª edição, como nas demais, a Mega da Virada não acumula. Se não houver ganhadores na faixa principal, com acerto de seis números, o prêmio será dividido entre os acertadores da segunda faixa, com o acerto de cinco números, e assim por diante. (Com Izabela Ferreira Alves)
Estatísticas
R$ 289 mi é o recorde pago a um só apostador, em maio de 2019.
R$ 306 mi foi o prêmio recorde da Mega da Virada, em 2017.
R$ 22.522 é o valor aproximado da aposta mais cara, de 15 números.
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INTERESSA Antes só... Estudo sugere que estar infeliz em um relacionamento pode afetar negativamente a saúde
Que nos perdoe João Gilberto, mas é possível ser feliz sozinho REPRODUÇÃO INSTAGRAM
Discussões contínuas podem potencializar riscos de depressão e síndrome do pânico
A youtuber Dora Figueiredo, que fala a 1,9 milhão de seguidores sobre relacionamento, descobriu como viver bem sem companhia
¬ LETÍCIA FONTES ¬ O amor pelo outro pode
até ser fundamental – como eternizou João Gilberto no clássico da Bossa Nova “Wave”, em que canta “é impossível ser feliz sozinho”. Mas o amor-próprio também é. E que nos desculpe também Vinícius de Moraes, que cantava “é melhor se sofrer junto que viver feliz sozinho”. A ciência prova o contrário: é melhor estar só do que malacompanhado. Pode parecer óbvio, mas pesquisadores das Universidades de Nevada e Michigan, nos Estados Unidos, colocaram o dedo na ferida e perceberam que relacionamentos destrutivos podem afetar negativamente a saúde das pessoas tanto quanto o hábito de fumar ou beber. Segundo o estudo, discussões recorrentes entre casais podem afetar a saúde mental, provocar produção maior do hormônio do estresse – causando, consequentemente, inflamações e alterações no apetite – e potencializar os riscos de depressão, ansiedade e síndrome do pânico. Além disso, uma pesquisa publicada no periódico “Psychosomatic Medicine” mostrou que pessoas que têm poucas interações positivas com o parceiro possuem 8,5% mais chances de ter um ataque cardíaco ou um Acidente Vascular Cerebral (AVC). “Somos frutos da cultura em que vivemos, e a cultura ocidental prega que é preciso ter um par amoroso, estar sozinho é o mesmo que estar jogado. Por isso, a pressão por sermos casais faz com que as pessoas aceitem e fiquem em qualquer tipo de relacionamento, qualquer coisa é melhor do que ficar sozinho. As pessoas só acham que vão ser felizes assim, tendo uma família, e vão colocando condições para a felicidade”, explica o psicólogo, mestre e doutor em neurociência cognitiva Yuri Bussin. “Um relacionamento
ruim abala tudo, porque está ligado ao emocional. Não tem um botão de liga e desliga, isso te consome no trabalho e nas amizades, a pessoa desaparece, porque emoções negativas vampirizam”, completa. SOLTERICE X FELICIDADE. Mas se-
rá mesmo que solteirice e felicidade combinam? Parece que sim. Uma projeção realizada pela Organization for Economic Co-operation and Development (OECD) mostrou que, até 2030, o número de casas com apenas um morador vai subir 75% na França, 71% na Nova Zelândia e 60% na Inglaterra. No Brasil, segundo o IBGE, 10,4 milhões de pessoas vivem sozinhas e, de acordo uma pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), 48% delas decidiram viver sozinhas por vontade própria. Quando questionados sobre o principal significado de morar sozinho, as principais associações são independência (25%), sensação de liberdade (23%) e paz (12%). O estudo aponta, ainda, que 72% dos entrevistados se sentem mais livres para gastar seus rendimentos desde que passaram a viver sozinhos. Para a psicanalista e escritora Regina Navarro, ser solteiro pode proporcionar uma vida com mais amigos, interação social e determinação para cumprir os objetivos. “Essa mudança de mentalidade
Escolha
Precisamos falar de solitude Dora Figueiredo, 26, cresceu ouvindo os contos de fadas como “Cinderela” e “Bela Adormecida”, em que as protagonistas vivem à espera de um príncipe que as salvem e as façam felizes para sempre. Mas, depois de sofrer um bocado com medo da solidão, a youtuber, que fala para mais de 1,9 milhão de seguidores sobre relacionamento, descobriu como viver bem sem companhia. “Sempre tive esse conceito
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introjetado de que um príncipe ia aparecer e resolver os meus problemas, ia me sentir feliz e realizada só depois de ser pedida em casamento, ter uma festa e, depois, ter meus filhos. Eu sempre tive pavor de ficar sozinha”, conta a estudante que, pela primeira vez desde os 14 anos, está solteira. “Me permiti estar sozinha depois de emendar vários relacionamentos, estou há um ano solteira, meu recorde. Mas nunca me amei tanto e fui tão
feliz. As pessoas acham que sou amargurada, mas hoje eu sei que não existe uma única pessoa no mundo que vá me satisfazer por completo e completar todas as minhas necessidades, isso não existe”, desabafa. “Antes, a única exigência que eu tinha era a pessoa querer um relacionamento comigo, hoje eu não aceito menos do que estar completamente apaixonada. Prefiro estar sozinha do que estar presa a uma convenção”, afirma.
Para a psicóloga Anna Cristina Pegonaro, muitas vezes as pessoas confundem solidão e abandono. “Mas, hoje, falamos em solitude, que é estar sozinho por uma escolha, escolha essa que é fundamental. Precisamos aprender a ser boas companhias para nós, só assim é possível estar em harmonia. Nós chegamos ao mundo sozinhos e deixaremos sozinhos quando morrermos, por isso estar só é completude”, afirma. (LF)
vem acontecendo desde a criação da pílula anticoncepcional nos anos 60, com a revolução sexual. Estamos em processo de mudança na forma de pensar e viver. Acredito que, daqui a algum tempo, menos pessoas vão se fechar em uma relação a dois. Elas vão optar por relações múltiplas, porque o amor romântico que povoa a mentalidade do Ocidente começa a dar sinais de enfraquecimento. Os ensejos contemporâneos são desenvolver suas potencialidades com outras formas de amar não exclusivas, livres”, avalia. Segundo a escritora, nem todo solteiro padece de solidão, assim como nem todo casal está livre de vivêla. O problema é a busca por uma segurança afetiva. “O moralismo e o preconceito limitam a vida, gerando sofrimentos. As pessoas têm percebido que esse modelo mais tradicional não se enquadra para muitos, é um modelo que não traz respostas satisfatórias. A crítica a esse modelo, que prega a monogamia, é que ele acredita que duas pessoas se completam e não falta mais nada. Você idealiza suas expectativas e, por isso, vem o desencanto”, pontua. A questão é que somos, desde cedo, condicionados a procurar um par amoroso, pagando, inclusive, preços altos para mantê-lo. “É uma cobrança que existe até na natureza, os animais se juntam em pares. É um paradigma cultural, social e religioso constituir uma relação, porque a visão é que só assim, em pares, é possível construir uma família. A gente não para e pensa de onde isso vem e não se questiona de tão enraizado que é”, afirma a professora do departamento de psicologia da PUC Minas Anna Cristina Pegonaro. “É fundamental que as pessoas percebam as suas singularidades e se livrem dessas crenças, que possam ter seus próprios projetos, amigos, sem precisar ter alguém ao lado. O autoconhecimento te deixa mais apto até para uma relação amorosa, você escolhe um par pela afinidade, não pela necessidade”, conclui.
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Magazine
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Vencedor dos principais prêmios literários em 2020 e também sucesso de público, “Torto Arado” é parte de um projeto maior, que trata da relação do homem com a terra, avisa o autor Itamar Vieira Júnior
O livro do ano
ras várias e, claro, concedendo entrevistas como essa sobre “Torto Arado” e seus prêmios. “Torto Arado” teve como ponto de partida escritos seus de quando tinha apenas 16 anos... Sim, a minha primeira tentativa de escrever o romance foi justamente na adolescência, quando li os livros da Geração de 30 e da Geração de 45, os grandes romances do Nordeste,
que falam da relação do homem com a terra. Eu estava profundamente influenciado e, como tinha uma máquina de datilografar, comecei a escrever. Cheguei a 80 páginas, só que, à época, não tinha maturidade para dar continuidade. Mas a ideia, a semente, ficou: a história de duas irmãs e da relação delas com o pai e com a terra. Ah, e o título também, que veio do poema “Marília Dirceu”, de Thomaz Anto-
nio Gonzaga. Daí, segui outro caminho no mundo e, anos depois, já com mais experiência, até por trabalhar no campo, retomei a escrita. Fale sobre essa experiência... Eu nasci na cidade. Embora minha família paterna tenha origem no campo e as memórias da família de alguma forma sempre me alcançassem, não tinha essa vivência. Costumo dizer que meu trabalho é um
Ilustração de Linoca Souza para a capa do livro “Torto Arado”
REPRODUÇÃO
ta, o geógrafo e escritor Itamar Vieira Júnior diverte-se ao perceber como as palavras que saíram espontaneamente de sua boca não se ajustavam à realidade invocada pela pandemia do novo coronavírus. É que, ao rememorar, a pedido da reportagem, o momento em que recebeu a notícia de que seu primeiro romance publicado, “Torto Arado” (Ed. Todavia, 264 páginas, R$ 54,90), havia sido escolhido como o vencedor do Prêmio Jabuti, ele deu início à resposta da seguinte maneira: “Quando fui para a cerimônia...”. Em seguida, se lembrou que, na verdade, para acompanhar a revelação do resultado, tinha apenas ligado o computador. “É que este foi um ano tão estranho...”, reconhece o soteropolitano de 41 anos, descendente de negros, indígenas e portugueses e que, antes do Jabuti, já havia faturado o prêmio Leya (em Portugal) com a narrativa centrada nas irmãs Bibiana e Belonísia. Filhas de Salustiana e Zeca Chapéu Grande – curador de jarê (religião de matriz africana) –, as meninas têm quase a mesma idade e se tornam ainda mais próximas após um terrível acidente. A trama se situa nos anos 60, na Chapada Diamantina (BA), e tem como núcleo central uma fazenda, que ecoa a realidade de um país que ainda mantém ativadas as sequelas da escravidão. No caso do Prêmio Jabuti, Itamar tinha a consciência de que estava concorrendo com nomes potentes: Chico Buarque, Maria Valéria Rezende, Paulo Scott e Adriana Lisboa. “Saber que fui vencedor foi uma honra muito grande. Um privilégio, o de estar ao lado deles e ainda trazer o troféu para ‘Torto Arado’”, confessa. Poucos dias após a entrevista ao Magazine, lá estava o nome de Itamar novamente sendo anunciado como o vencedor de outra láurea literária, desta vez o Prêmio Oceanos, concedido a autores de língua portuguesa. Mais um incentivo, portanto, para ele seguir em frente no que diz ser um projeto de vida. “‘Torto Arado’ é parte de um projeto maior, que trata da relação do homem com a terra”, diz, propositadamente sem entrar em mais detalhes quanto a desdobramentos possíveis. Por ora quarentenado, Itamar segue atendendo demandas por críticas literárias, escrevendo textos de ficção para antologias, debruçando-se sobre leitu-
Literatura
¬ PATRÍCIA CASSESE ¬ Em dado momento da entrevis-
privilégio, porque pude ter mais contato com esse universo. E fui ficando cada vez mais envolvido com a história das pessoas do campo, que se encontram numa situação de extrema vulnerabilidade, e estão tão esquecidas neste país, hoje. Mas eu não queria contar um drama. Não era minha função fazer uma denúncia. Acho que o mais importante era falar dessa paixão pela terra. Esse foi o principal mobilizador, narrar a vida de pessoas como eu, como você, que sonham, que erram, que fazem coisas das quais se arrependem. Mas que, nesse caso, estão em outro contexto. Personagens que não encontro com tanta frequência na literatura, que não têm mais essa centralidade na literatura escrita hoje. Como foi para você dar protagonismo a personagens femininas? Penso que a literatura é o terreno da liberdade. Acho que o mais interessante nela é essa capacidade que autor e leitor têm de se deslocar para outras vidas, outros lugares. Exercitar a alteridade, a empatia. No caso de “Torto Arado”, como era uma história passada em uma comunidade quilombola do interior da Bahia, e eu, por ter viajado muito, me acostumei a encontrar muitas mulheres camponesas em posição de liderança e com protagonismo em suas comunidades, foi absolutamente natural que essa história fosse contada a partir da perspectiva de personagens femininas. E também porque eu venho de uma família de mulheres fortes, na qual os homens sempre foram sombras pálidas. Uma religião de matriz africana, o jarê, perpassa a narrativa. Como foi essa pesquisa? Eu me interessei pelo jarê ao conhecer a Chapada Diamantina com mais profundidade. E um belo dia comecei a ir à casa onde se praticava. Como trabalhava com comunidades, sempre tentei entender a relação dessas pessoas com seus territórios, era muito importante adentrar esse universo, a cosmovisão de mundo deles. E aí vi que o jarê é um poderoso campo de solidariedade horizontal. Lá, as pessoas terminam criando um parentesco mesmo, ainda que não consanguíneo, mas a partir desse dom que está em torno do curador. E quando decidi deslocar a minha história para a Chapada, o jarê foi surgindo naturalmente, como parte daquele mundo.
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#ficaadica
Astrologia Previsões por OSCAR QUIROGA quiroga@astrologiareal.com.br
EMOCIONAR E PENSAR
Data estelar: Lua quase Cheia em Gêmeos.
N
ossa humanidade prefere consumir informações que emocionam, porque assim experimenta que a alma seja tomada por experiências intensas, não necessariamente verdadeiras, mas transformadas em verdades pelas emoções, que são indiscutíveis. É o que acontece com os filmes e seriados, todos sabemos que nada é real, porém, mesmo assim nos envolvemos com o que assistimos, em busca de emoção. Tudo isso é legítimo, porém, as emoções são inertes, elas tomam nossa alma por assalto. Com o pensamento é diferente, pois, para pensar nós precisamos usar a força de vontade e nos dedicarmos a raciocinar em busca de significado, decifrando e discernindo a verdade por trás dos fatos. É fácil te brindar com algo que te emocione, porém, te fazer pensar é algo muito difícil, porque tu precisas ter disposição para tanto.
Áries (21/3 a 20/4)
Procure dar o primeiro passo para a comunicação acontecer, e não se esqueça de que uma das regras básicas da boa comunicação é ingressar nela com enorme disposição a ouvir e a, também, flexibilizar suas certezas.
Touro (21/4 a 20/5)
A segurança que você pretende não precisa de manobras estapafúrdias para ser suprida. Este não é um momento para você se complicar, mas para se preservar, fazendo bom uso do que já está disponível. Gêmeos (21/5 a 20/6)
Tome algumas iniciativas, mas teste os resultados imediatos, para ir fazendo os ajustes que se tornarem necessários. Suas iniciativas são bem-vindas, mas tudo acontece num cenário muito instável e indefinido. Câncer (21/6 a 21/7)
Um pouco de silencio fará muito bem à sua alma, porque se tornou necessário reconsiderar o valor que algumas pessoas tiveram para você até agora, mas que, como tudo mudou, mudaram também os valores de outrora.
Leão(22/7 a 22/8)
Como fazer contato com as pessoas sem desrespeitar as normas de distanciamento social? Está aí a charada que você precisará decifrar, porque este é um momento em que as pessoas demandam sua presença. Isso é bom.
Virgem (23/8 a 22/9)
Ainda que o ritmo geral seja bastante devagar, sua alma está com boa disposição, e isso convida a participar de alguma atividade produtiva. Procure seu lugar, faça alguma coisa que seja interessante para você.
Libra (23/9 a 22/10)
Ir longe sem sair do lugar, é aí que entra em jogo a mente, a qual há de ser manuseada com cuidado, porque é uma lâmina que abre passagem, mas que também corta a mão que a brandir. Imaginação que eleva e derruba.
Escorpião (23/10 a 21/11)
São tantos pensamentos acontecendo ao mesmo tempo, e tão contraditórios entre si, que a melhor opção para lidar com isso é você não dar tanto valor a nenhum desses, mas se acomodar na despreocupação. Aí sim. Sagitário (22/11 a 21/12)
Há quem ajuda e há quem atrapalha, não há meio termo nesta parte do caminho. O problema é que as pessoas que ajudam estão misturadas com as que atrapalham, e não há como separar o joio do trigo, pelo menos de imediato. Capricórnio (22/12 a 20/1)
O momento é rico em potencialidades, por isso o entusiasmo sentido, pois, este é o sinal de que sua alma enxerga futuros possíveis e desejáveis. Não se esqueça, porém, de que por enquanto tudo não passa de imaginação.
Aquário (21/1 a 19/2)
Ofereça alguma satisfação à sua própria alma, faça algo que você goste muito e que não precise de grandes complicações para ser realizado. Olhe ao seu redor, e faça uso de tudo que estiver ao alcance. Fácil.
Peixes (20/2 a 20/3)
Arrume seu espaço, deixe tudo como se fosse o melhor lugar do mundo, aquele no qual você chega e já vai se sentindo à vontade. Não precisa de muito para atingir esse propósito, é só reformular o que já está aí.
VICENTE DE PAULO/DIVULGAÇÃO
Beatriz Milhazes em foco O site do Itaú Cultural traz, a partir de hoje, uma visita guiada e comentada por Ivo Mesquita, curador da mostra “Beatriz Milhazes: Avenida Paulista”, que percorre o arco de produção da artista entre 1989 a 2020. Para acompanhar o curador neste passeio basta entrar no ambiente virtual da organização em www.itaucultural.org.br.
Kristoff Silva no Memorial Visita ao Egito Antigo O músico Kristoff Silva faz hoje, às 19h30, o show “Canções Comentadas”, em que ele convida o público a abrir espaço ao delicado, para acessar “o jardim interno de cada um”. A apresentação, exibida no YouTube, no site e nas redes sociais do #MemorialValeEmCasa, integra o projeto “Gerais, Cultura de Minas”, da instituição.
As visitas mediadas do projeto Com a Palavra, do CCBB Educativo, traz amanhã a arqueóloga e historiadora Cintia Gama, que conduz o público pelas galerias da mostra “Egito Antigo – Do Cotidiano à Eternidade” de maneira virtual. O conteúdo fica disponível a partir das 10h, nas redes e site do CCBB Educativo. A participação é gratuita.
Cruzadas diretas
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Cidades
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Saúde. Neste ano, 12.906 pessoas tiveram que recorrer à Justiça para obter remédios de alto custo em MG DIVULGAÇÃO
A difícil batalha judicial por um medicamento Direito universal à saúde, previsto na Constituição, embasa processos ¬ DANIELE FRANCO ¬ Receber o diagnóstico
de uma doença grave já causa sofrimento e medo, mas, para muitos, a realidade é ainda mais dura quando vem uma segunda notícia: o remédio que pode salvar sua vida ou aliviar sua dor custa muito caro e não é fornecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Em Minas Gerais, 63.903 pessoas entraram com pedidos na Secretaria de Estado de Saúde (SESMG) por medicamentos de alto custo neste ano, e 12.906 decidiram entrar na Justiça contra o governo do Estado para receber o fármaco. Os processos têm gerado também um alto custo aos cofres públicos. Em 2019, os gastos com a compra desses medicamentos e as despesas processuais foram de R$ 133 milhões. Já neste ano – até o último dia 15 –, foram R$ 169 milhões, um aumento de pelo menos 27%.
DESESPERO. Para muitas famílias, a única forma de ter acesso ao medicamento – seja os que já são fornecidos pelo SUS e os que estão fora da lista – é entrando na Justiça. Segundo o advogado Tulio Sansevero, que atua em vários processos desse tipo –, as ações são embasadas no artigo da Constituição que prevê o direito universal à saúde. “Se você vai a um posto de saúde em busca de um medicamento e não consegue, você tem legitimidade para levar à Justiça”, destaca. No entanto, os pacientes que desejam levar o pe-
dido ao Judiciário precisam ter realmente a indicação médica da necessidade. “Nos últimos cinco anos, houve um aumento muito grande na judicialização da saúde, mas ao mesmo tempo ficou muito claro que criou-se uma onda de judicialização sem necessidade”, concluiu Sansevero.
Valor. Zolgensma, o remédio mais caro do mundo, custa cerca de R$ 12 mi
Burocracia
EDITORIA DE ARTE / O TEMPO
MEDICAMENTOS DE ALTO CUSTO EM MG R$ 138 milhões 145 mil investidos pelo Estado R$ 169 milhões na compra de pacientes recebem medicamentos de alto custo
63.903
novos pedidos foram feitos ao governo do Estado
gastos com compra de fármacos e processos judiciais
remédios não judicializados
12.906
processos judiciais contra o Estado por medicamentos foram impetrados
FONTE: SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS
Processo no SUS pode ser demorado Atualmente, cerca de 200 medicamentos de alto custo fazem parte da lista de fármacos já fornecidos gratuitamente pelo governo do Estado, a qual beneficiou 145 mil pessoas e gerou um custo de R$ 138 milhões neste ano. Mas nem sempre é fácil ter acesso. Um exemplo é o Spinraza, usado no tratamento da Atrofia Muscular Espinhal (AME) tipo 1 e disponível no SUS. Cada dose do produto, que é de uso contínuo, custa cerca de R$ 145 mil. De acordo com a médica Ana Luiza Garcia da Cunha, coordenadora do Cen-
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tro de Especialidades Pediátricas do Hospital Infantil João Paulo II, um dos centros de referência do país no tratamento de doenças raras, o processo para aprovar o fornecimento tem algumas etapas burocráticas para garantir que o paciente tem mesmo a indicação de usá-lo. “O Estado encaminha a criança ao hospital (João Paulo II) e é feita uma avaliação multidisciplinar tanto para confirmar o diagnóstico quanto para entender se o uso do medicamento vai trazer os benefícios esperados”, detalha Ana Luiza. (DF) INSTAGRAM/REPRODUÇÃO
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Maria Cristina Maria Cristina (à esquerda) nasceu grudada pelo tronco com a irmã Milena. A família precisa de R$ 25 mil para o tratamento dela e a compra de remédio. Saiba mais em www.vakinha.com.br/vaquinha/tratamento-e-reabilitacao-maria.
Rafael O pequeno Rafael, de 1 ano e 7 meses, tem AME tipo 1 e precisa com urgência do Zolgensma, o remédio mais caro do mundo – R$ 12 milhões. A família tenta conseguir o dinheiro para custear o tratamento. Saiba mais em: www.vakinha.com.br/vaquinha/ameorafa.
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CIDADES
ALEXANDRE MOTA - 23.4.2020
RAMON BITENCOURT
“O tratamento cedo é muito importante. No caso da Elisa, demoramos para conseguir o Spinraza e ela perdeu muito.”
“O próprio médico nos orientou a iniciar uma batalha judicial. Ele nos disse que é comum esse tipo de processo nesses casos.”
Mariana Costa, 35
Mãe de duas crianças com AME
Maria Francisca, 75 Pensionista
Esperança
Vaquinhas virtuais são outra alternativa Quem depende de um remédio de alto custo esbarra ainda na morosidade da Justiça. Por isso, muitos pacientes têm recorrido às vaquinhas virtuais para arrecadar fundos. A alternativa foi escolhida pelas famílias dos pequenos Rafael Pelincari, de 1 ano e 7 meses, e Giovana Maria, de 1 ano e 5 meses. Ambos têm Atrofia Muscular Espinhal (AME) tipo 1 e buscam no Judiciário conseguir a dose do Zolgensma, o medicamento mais caro do mundo
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(cerca de R$ 12 milhões). Além da característica degenerativa da AME, o Zolgensma só tem a eficácia prometida se aplicado em crian-
Tramitação Entenda. A primeira liminar autorizando a compra do medicamento pelo SUS costuma sair rápido, mas o poder público costuma recorrer, e o processo pode levar anos.
ças de até 2 anos. Por isso, eles correm contra o tempo. “Estamos aí nessa campanha porque sabemos que o Spinraza só vai dar uma freada na doença, e o outro vai repor a proteína que o organismo dela não produz, aí vamos poder estimular os neurônios que ela ainda não perdeu”, detalha a mãe de Giovana, Aline Cândida, 35. “Quem tem AME, tem pressa”, ressalta o pai de Rafael, o comerciário Adriano Pelincari, 42. A esperança de Adriano e Aline é que os fi-
lhos tenham a mesma vitória do pequeno Rogério Daniel, de 3 meses. O bebê ganhou na última semana uma ação na Justiça que determina que o governo pague pelo Zolgensma. A mãe dele, Mariana Aparecida Silva Costa, 35, tem outra filha, a pequena Elisa, de 2 anos, também com AME, e a experiência ajudou a conseguir o medicamento para o caçula. “Começamos a fazer os exames dele muito cedo”, relatou Mariana. (DF)
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Enquanto aguardam decisão, doenças podem progredir ¬ Em outubro, a pensionista
Maria Francisca de Resende, 75, recebeu o diagnóstico de fibrose pulmonar idiopática, uma doença rara que atinge o sistema respiratório e pode levar à morte. O médico disse que havia um remédio capaz de evitar a progressão da doença, o pirfenidona. Mas a sensação de alívio, a princípio, se transformou em desespero logo depois. Cada caixa do medicamento com 900 comprimidos chega a custar R$ 14 mil. A paciente precisa de uma caixa por mês e não conseguiu o fornecimento pelo SUS. A família, então, procurou a Justiça. “Fomos
orientados pelo próprio médico a iniciar uma batalha judicial. Ele nos disse que é comum esse tipo de processo nesses casos”, contou ela, que aguarda decisão judicial. O aposentado Washington Oliveira, 50, também precisa de um remédio que custa cerca de R$ 21 mil para frear o avanço de um câncer no pulmão já em metástase. “Estamos tentando também pela Justiça, ajuda de ONGs, mas precisamos desse remédio o mais rápido possível”, afirmou a doméstica Eva Oliveira, 51, que parou de trabalhar para cuidar do marido. (DF) INSTAGRAM/REPRODUÇÃO
A pequena usa ventilação não invasiva para respirar
Giovana Ela tem 1 ano e 5 meses e corre contra o tempo para tomar a dose de Zolgensma, o remédio mais caro do mundo, mas que será decisivo no tratamento da AME tipo 1. A família precisa de R$ 12 milhões. Saiba mais em: www.vakinha.com.br/vaquinha/ame-giovana-maria.
Washington Aos 50 anos, ele descobriu um câncer e precisa de um medicamento para impedir que a doença piore. Washington precisa de R$ 21 mil para comprar a primeira caixa. Saiba mais em: www.vakinha.com.br/vaquinha/ajude-washington-a-viver-e-combater-o-cancer.
Paciente mora em São José da Lapa, na região metropolitana de Belo Horizonte
JOÃO ZEBRAL / AMÉRICA
Atlético. Galo só volta a campo em 11 de janeiro, contra o Bragantino
União do grupo é arma do América para voar alto. VVVV otempo.com.br
O TEMPO BELO HORIZONTE SEGUNDA-FEIRA, 28 DE DEZEMBRO DE 2020
Editor: Frederico Jota - frederico.jota@otempo.com.br e-mail: superfc@otempo.com.br twitter: @supernoticiafm Atendimento ao assinante: (31) 2101-3838
A rotina muitas vezes agitada dos médicos mostra situações curiosas no dia a dia dos clubes e nos consultórios.
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DOUTORES
DA BOLA 2 26/12
LOTERIA
2 26/12
2 26/12
Lotomania
Dupla Sena
concurso 2.175
1º sorteio
04 09 16 17 20 41
2º sorteio
05 10 19 23 38 40
ÍNDICE
u Caderno A
Aparte Política
06
07
concurso 2.138 08
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25
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98
2 Coronavírus 3 a 6 Economia
2 24/12
Lotofácil
concurso 2.117
01
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19
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21
22
24
7 a 9 Mundo 10 Opinião
11 Brasil 12 e 13 Interessa
2 19/12
Federal
concurso 5.525
1º prêmio 2º prêmio 3º prêmio 4º prêmio 5º prêmio
22.206 67258 58847 1.522 63.764
u Caderno
14 Magazine 15 Cidades
u Super FC
Mega Sena 12
14
concurso 2.329 28
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2 26/12 Timemania 06
07
asdasd 16 e 17 18 e 19 1 a 16
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concurso 1.581
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2 26/12 Quina
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concurso 5.451 33
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