Balanço Cáritas 2009

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bal anรงo 2009

Cรกritas Regional do Rio Grande do Sul

SOU SOLIDARIEDADE


Balanço 2009 - Cáritas RS

Expediente

bal anço 2009

Cáritas Regional do Rio Grande do Sul CÁRITAS BRASILEIRA REGIONAL DO RIO GRANDE DO SUL Rua Coronel André Belo, 452 - 3º Andar Bairro Menino Deus - CEP 90110-020 Porto Alegre - RS Fone: (51) 3272-1700 / Fax: (51)3272-1721 caritasrs@caritasrs.org.br www.caritasrs.org.br DIRETORIA NACIONAL Dom Demétrio Valentini - Presidente Anadete Gonçalves Reis - Vice-presidente Francisca Erbênia de Sousa - Secretária Evaldo Praça Ferreira - Tesoureiro Maria Cristina dos Anjos - Diretora-Executiva Nacional

Apresentação A Cáritas Brasileira - Regional do Rio Grande do Sul tem a alegria de apresentar um balanço das principais ações desenvolvidas no ano de 2009 pelas Cáritas Diocesanas integrantes do Regional do Rio Grande do Sul e entidades parceiras a partir da missão e prioridades de ação da Cáritas Brasileira. Certamente, através deste registro sintético, é impossível expressar a diversidade das ações, os desafios presentes e a riqueza dos resultados conquistados. Mas trata-se de um esforço em dar visibilidade ao contexto atual de organização e trabalho, com vistas à construção de uma caminhada cada vez mais fortalecida, à luz da palavra de Deus e da realidade do povo empobrecido. Agradecemos a todas as pessoas, pastorais, movimentos e organizações sociais que, direta ou indiretamente, participaram da vida da Cáritas do Rio Grande do Sul ao longo do ano 2009. Porto Alegre, julho de 2010. Cáritas Brasileira - Regional do Rio Grande do Sul

Relações de cooperação nacional e internacional: Cáritas Brasileira/Secretariado Nacional, KZE/Misereor, Secours Catholique/Cáritas França, Cáritas Alemã, Cáritas Suíça, Sammelzentrale Aktion Hoffnung. AGENTES ANIMADORES DA AÇÃO CÁRITAS NO REGIONAL DO RS: Conselho Regional: Conselheiros(as) titulares: Laércio Francisco Sponchiado, Cláudio Roberto Schaab, Nilza Mar Fernandes de Macedo e Claudia Medianeira Rodrigues Machado. Conselheiros suplentes: Orildo Carlos Bassoli e Milvo Pigatto Coordenação colegiada: Loiva Mara de Oliveira Machado - Secretária Regional, Marinês Besson - Assessora-coordenadora, Marisa Rodrigues de Moraes - Assessora-coordenadora Equipe do Secretariado Regional: Altair Pozzebon, Bernardete Luiza Follador, Eliane Almeida Pereira, Elisabete Pereira da Silveira, Gilberto Flach, Jacira Teresinha Dias Ruiz, Loiva Mara de Oliveira Machado, Luis Stephanou, Marinês Besson, Marisa Rodrigues de Moraes. ESTA PUBLICAÇÃO: RELATÓRIO 2009 - CÁRITAS RS Organização: Altair Pozzebon Textos e fotos: Arquivo Cáritas RS e Cáritas Diocesanas Revisão: Older Olívio Parisotto Edição: Dinâmica Comunicação Basilio Sartor e Tiago Dias. Jornalista Responsável: Juçara Dini (MTb 4599) Fones: (51) 3407.3506 - (54) 3025.3030 jornalismo@dinamicacomunicacao.com.br Projeto Gráfico e Diagramação: Tiago Dias Logotipo e Campanha “Sou Cáritas” Criação: www.arteemmovimento.org Tiragem 2.000 exemplares Impressão: Gráfica Odisséia

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SOU SOLIDARIEDADE

MISSÃO DA CÁRITAS SOU CÁRITAS Testemunhar e anunciar o Evangelho de Jesus Cristo, defendendo e promovendo a vida e participando da construção solidária de uma sociedade justa, igualitária e plural, junto com as pessoas em Faça parte dessa rede www.caritas.org.br situação de exclusão social. PRINCÍPIOS Defesa e promoção da vida humana Defesa e promoção da sociobiodiversidade Mística e espiritualidade libertadora Ecumenismo, diálogo inter-religioso e intercultural Cultura da solidariedade Relações igualitárias de gênero, raça, etnia e geração Protagonismo dos excluídos e excluídas Projeto de sociedade solidária e sustentável Democracia participativa DIRETRIZES INSTITUCIONAIS Defesa e promoção de direitos Incidência e controle social de políticas públicas Construção de um projeto de desenvolvimento solidário e sustentável Fortalecimento da Rede Cáritas


A partir das quatro prioridades de atuação, definidas em Assembléia Nacional para o período de 2008-2011, a Cáritas Brasileira - Regional do Rio Grande do Sul desenvolve suas atividades numa perspectiva de rede, envolvendo o conjunto das Cáritas Diocesanas e entidades parceiras. Neste relatório, apresentamos algumas experiências desenvolvidas pelas Cáritas Diocesanas em cada uma das prioridades e programas desenvolvidos. Vale ressaltar que, de alguma forma, as Cáritas Diocesanas desenvolvem ações em todas as prioridades de ação e que seria difícil apresentar todo o trabalho desenvolvido pelo conjunto da rede Cáritas no Rio Grande do Sul. Cada Cáritas Diocesana apresenta uma ação de destaque desenvolvida durante o ano de 2009. Ao final, também é apresentado o trabalho desenvolvido por algumas organizações parceiras da Cáritas no RS.

Prioridade 1 - Promoção e fortalecimento de iniciativas locais Prioridade 3 - Fortalecimento da articulação da Cáritas com e territoriais de desenvolvimento solidário e sustentável, em as Pastorais Sociais, com as CEBs e com o conjunto da Igreja. articulação com os movimentos sociais, na perspectiva de um Enquanto organismo de pastoral social da Conferência Naprojeto democrático e popular de sociedade. A Cáritas Brasileira, através de sua ação e de forma articulada com os movimentos e organizações sociais, busca a construção de um modelo de desenvolvimento sustentável e solidário. Esse modelo alternativo de sociedade surge a partir da crítica ao atual modelo de desenvolvimento capitalista, que produz riquezas, gerando miséria e depredando o meio ambiente. Os resultados desse sistema são as graves crises que vivemos atualmente (crise ética, política, econômica, alimentar, ambiental, climática, etc...) e que expõem as dificuldades de um modelo centrado no lucro, na concentração das riquezas e na exploração insustentável dos recursos naturais. Nesta prioridade, o foco de ação da Cáritas dirige-se a três programas inter-relacionados: Economia Popular Solidária, Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável e Meio Ambiente. Apresentamos, a seguir a experiência da Cáritas Diocesana de Erexim em torno da realização da Feira Regional de Economia Popular Solidária e Mostra da Biodiversidade; a experiência da Cáritas Diocesana de Santa Maria na construção e implementação de políticas públicas voltadas para a segurança alimentar e nutricional da população, e ações de defesa e proteção do meio ambiente pela Cáritas Diocesana de Novo Hamburgo.

cional dos Bispos do Brasil, a Cáritas busca desenvolver um trabalho articulado com as pastorais sociais, com as Comunidades Eclesiais de Base e com o conjunto da Igreja. A missão da Cáritas expressa muito bem seu compromisso com os mais pobres, em testemunhar e anunciar o Reino de Deus, promovendo a vida e participando da construção de uma sociedade justa, igualitária e plural. A Cáritas gostaria de ser o espaço referencial para todo/a cristão/ã viver e praticar a caridade de forma organizada. Não uma caridade apenas assistencial, mas, e sobretudo, uma caridade que ajude as pessoas a se libertarem das diferentes formas de opressão, da miséria, da indiferença e do conformismo. E necessário ter sempre presente as palavras de Cristo Jesus: “Amai-vos uns aos outros como Eu Vos amei”. A Cáritas quer ser um instrumento de organização e da prática da caridade pelo conjunto da Igreja, articulada com as diferentes forças e pastorais sociais, numa perspectiva transformadora dessa realidade de exclusão social ajudando a construir “Um Outro Mundo Possível”, onde a vida esteja em primeiro lugar. Nesta prioridade,apresentamos o trabalho desenvolvido pela Cáritas Diocesana de Santo Ângelo em articulação com as diversas organizações e pastorais sociais e o fomento e dinamização do Fundo Diocesano de Solidariedade pela Cáritas Diocesana de Cruz Alta.

Prioridade 2 - Defesa

e promoção de direitos e controle social de políticas públicas.

Com o advento da Constituição Federal de 1988, ocorreram grandes avanços no que diz respeito à garantia de direitos e a participação da sociedade na consolidação da democracia. Nesse contexto, é cada vez maior a importância da participação de agentes sociais e da sociedade, como um todo, na exigibilidade desses direitos e na proposição e gestão das políticas públicas. Uma das formas de concretização dessa participação é a inserção em espaços de controle social, como conselhos, fóruns e conferências municipais, estaduais e nacional. A Cáritas tem clareza que além de se ter direitos assegurados na constituição federal, é importante a regulamentação desses direitos por leis específicas e a constituição de sistemas públicos de atendimento em todos os níveis de governo, com recursos assegurados em fundos específicos. Os impostos que são pagos direta e indiretamente pelos trabalhadores e trabalhadoras devem retornar aos cidadãos através de políticas públicas universais de atendimento aos direitos sociais básicos como saúde, alimentação, educação, moradia, assistência social, entre outros. Esse é o grande desafio, e, para isso, é fundamental a participação da sociedade civil no controle sobre as políticas de estado e governos na garantia e efetivação desses direitos. Nessa prioridade de ação, apresentamos a experiência desenvolvida pela Cáritas Diocesana de Santa Cruz do Sul em torno da participação de agentes nos conselhos e fóruns; a organização da Comissão e Controle Social e de Políticas Públicas da Cáritas Diocesana de Bagé e o programa de emergências sócio-ambientais desenvolvido pela Cáritas Diocesana de Pelotas; e a trajetóra da Escola de Formação Política pela Cáritas Diocesana de Caxias do sul.

Prioridade 4 - Organização lidade da Rede Cáritas.

fortalecimento e sustentabi-

O desenvolvimento de um trabalho numa perspectiva de rede social apresenta muitos desafios quando se tem uma realidade diversa e complexa. No Brasil, existem 173 entidades-membros filiadas à Cáritas Brasileira, e no Rio Grande do Su1 são 13 Cáritas Diocesanas organizadas e animadas pelo Secretariado Regional/RS. Os processos dos fóruns, das assembleias e congressos têm sido espaços importantes para a construção de diretrizes e prioridades de ação comuns a partir da realidade de cada entidade-membro. Nesses encontros, vamos dando os “nós” e construindo a Rede Cáritas. Nessa prioridade de ação, busca-se trabalhar questões que são comuns ao conjunto das Cáritas Diocesanas, Secretariados Regionais e Nacional, tais como a questão da sustentabilidade institucional, os instrumentos e processos de comunicação para dentro e para fora da Rede Cáritas, a consolidação e organização da Cáritas nos diversos níveis: nacional, estadual, diocesano, paroquial e comunitária e a formação dos agentes liberados e voluntários/as para o desenvolvimento qualificado das ações e projetos da organização. Neste relatório, apresentamos a experiência da Cáritas Arquidiocesana de Porto Alegre, em relação ao tema da sustentabilidade; a experiência da Cáritas Diocesana de Passo Fundo, acerca do fortalecimento e organização institucional e a experiência da Cáritas Diocesana de Vacaria, na divulgação de suas ações através da internet.


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Prioridade 1

Cáritas diocesana de Erexim

Economia Popular Solidária um novo jeito de ser e de viver

A Diocese de Erexim está localizada no norte do estado do Rio Grande do Sul (RS), fazendo divisa com Santa Catarina (SC). Essa região, também denominada Alto Uruguai, é bastante montanhosa, principalmente a parte mais próxima ao Rio Uruguai. A maioria das propriedades são pequenas, com área de 18 hectares em média, o que é uma característica da região, comparando-se com todo o Brasil. A região enfrenta outros entraves para o seu pleno desenvolvimento:

a desvalorização da cultura colonial, a desinformação da população, a ausência de financiamentos para pequenos proprietários e médias empresas, a falta de um padrão tecnológico adequado à pequena propriedade e a devastação ambiental, que fazem parte de um modelo econômico concentrador de riqueza e que não prioriza a agricultura. Por outro lado, essa região apresenta inúmeras potencialidades para aumentar os índices de seu desenvolvimento. São exemplos: o clima e o solo favoráveis, a infraestrutura agrícola familiar e a facilidade de organização cooperativa e associativa, propiciando a diversidade produtiva en4

volvendo as culturas de soja, milho, trigo, feijão, erva-mate, produção de leite, aveia, hortigranjeiros, fruticultura, experiências em agroecologia e as diversas agroindústrias em torno da carne suína e do leite. Destacamse, ainda, outros potenciais como a indústria metal-mecânica, confecções e gráfico-editorial, bem como o turismo regional, aproveitando o potencial hidromineral de Marcelino Ramos e das barragens. Nesse contexto, ao completar 25 anos de atuação, a Cáritas Diocesana de Erexim realiza um trabalho de organização e apoio às iniciativas da Economia Popular Solidária (EPS). No início chamávamos simplesmente de Projetos Alternativos Comunitários, onde os grupos se organizam para produzir e comercializar de forma comunitária e alternativa. Atualmente, a Economia Popular Solidária, propõe um novo jeito de encarar as questões econômicas, baseando-se na democracia, na cooperação, na autogestão e na solidariedade. Nela, não há patrão nem empregados, pois todos os integrantes do empreendimento (associação, cooperativa ou grupo) são, ao mesmo tempo, trabalhadores e donos que tomam decisões respeitando as opiniões de todos. Ao longo da caminhada, fomos percebendo a necessidade não apenas de organizar e acompanhar os grupos, mas também de construir espaços de comercialização dos produtos da EPS. Nesse sentido, ganham cada vez mais força os espaços permanentes de comercialização, as feiras semanais e a Feira de Economia Popular Solidária e Mostra da Biodiversidade. Esses espaços vêm de encontro a uma demanda sentida pelas

organizações, como a Cáritas, o CETAP (Centro de Tecnologias Alternativas Populares) e o CAPA (Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor), que atuam com projetos de geração de trabalho e renda e pelo público envolvido na região do Alto Uruguai. Há, ainda, uma demanda de abertura para a sociedade em geral das atividades e experiências que estão sendo desenvolvidas na região, bem como a realização de ações conjuntas entre o meio rural com o público urbano, para, juntos, agregarem conhecimento e construírem um processo de conscientização da sociedade nos aspectos da produção e comercialização dos produtos provenientes dos grupos de EPS. A Feira de Economia Popular Solidária e Mostra da Biodiversidade está em sua 4ª edição, proponde-se a: a) refletir e divulgar, com e para a sociedade em geral, as experiências de agroecologia e economia solidária que estão acontecendo na região do Alto Uruguai; b) aproximar o público rural, através da produção e comercialização, do público urbano, por meio do consumo de produtos dos grupos; c) ser um espaço de venda dos produtos da Economia Popular Solidária (produtos agroecológicos, artesanatos e outros); d) dinamizar a troca de informações e experiências. Portanto, a Economia Popular Solidária propicia novos comportamentos e relações, como afirma Pedrinho Guareschi: “o que vai decidir qual minha concepção de ser humano não é minha teoria, meu raciocínio filosófico, mas minha prática, isto é, como me comporto, quais as relações que estabeleço”. Aos poucos, iniciativas como essas demonstram as potencialidades que cada região possui, possibilitando que as experiências alternativas de produção e comercialização tenham seu espaço garantido.


Prioridade 1

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Cáritas diocesana de santa maria

A Segurança Alimentar e as políticas públicas A Cáritas Diocesana de Santa Maria, através do projeto Esperança/ Cooesperança, tem uma participação interativa, comprometida e permanente nos Programas de Desenvolvimento Solidário e Sustentável, Segurança Alimentar Nutricional Sustentável e as Políticas Públicas. Entre muitas outras atividades, destacamos as ações prioritárias na integração entre o Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional de Santa Maria (CONSEA), Prefeitura Municipal, Cáritas Diocesana - através do Projeto Esperança/Cooesperança, Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), Cooperativa Cedro (Coopercedro) e as organizações não governamentais beneficiadas e parceiras. PAA - Programa de Aquisição dos Alimentos e doação simultânea: ao todo são 150 Produtores Familiares, 43 organizações sociais e 3 mil pessoas beneficiadas. Restaurantes Populares: Restaurante Popular Dom Ivo Lorscheiter, com o fornecimento de aproximadamente 800 refeições por dia e o Restaurante Popular do Betinho (em reestruturação), servindo cerca de 200 refeições por dia. Cozinhas Comunitárias: são sete cozinhas comunitárias localizadas nas diversas regiões, nos bairros e vilas,

beneficiando um grande número de pessoas muito pobres de Santa Maria. Os produtos são adquiridos do Programa Mais Alimento através de Políticas Públicas e são beneficiadas centenas de famílias que conseguem diariamente garantir, através das cozinhas, o seu direito humano à alimentação adequada. Merenda Escolar - uma Política Pública para o Brasil: agricultores familiares participarão no fornecimento dos produtos da merenda escolar, especialmente produtos saudáveis e ecológicos, para cerca de 80 escolas municipais de Santa Maria. Hoje, por lei, os municípios do Brasil deverão adquirir ao menos 30% dos produtos da Agricultura Familiar para a merenda escolar das escolas municipais. A Prefeitura de Santa Maria está comprometida com este Programa de Segurança Alimentar Nutricional Sustentável. Mesa Brasil: A Mesa Brasil se instalou, em Santa Maria, há três anos e tem uma forte articulação com as empresas, e que beneficia, diretamente, milhares de famílias, pela arrecadação e doação de alimentos através do Banco de Alimentos. Arrecadação de alimentos em eventos esapeciais: hoje, é uma prática solidária, em Santa Maria, a coleta solidária e espontânea de alimentos, para entrada em eventos promovidos na cidade. Esses alimentos são distribuídos mensalmente para famílias pobres que buscam dignidade e sobrevivência no seu dia-a-dia. Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável (CONSEA): em Santa Maria, desde o

ano de 2003, temos a organização do CONSEA, que tem um papel muito importante na articulação das políticas públicas com a sociedade civil organizada. É o CONSEA que discute e aprova os projetos encaminhados para o apoio de políticas públicas em nível federal. Economia Popular Solidária (EPS): podemos afirmar que a Economia Popular Solidária é uma das grandes e eficazes políticas públicas que ajuda na consolidação de segurança alimentar, pois ela oportuniza a organização, trabalho e renda para muitas pessoas e famílias. A Diocese de Santa Maria tem uma experiência consolidada de economia solidária, através do Projeto Esperança/Cooesperança, que tem uma reflexão de 30 anos e uma prática ininterrupta de 23 anos de trajetória. A economia solidária fortalece o desenvolvimento solidário e sustentável, encaminha os participantes para o comprometimento, autogestão e interação para uma outra economia que já acontece. Essa é uma forma eficaz e próspera de “não dar o peixe, mas ensinar a pescar”. Por isso, afirmamos, com a sabedoria do provérbio africano: “Muita gente pequena, em muitos lugares pequenos, fazendo coisas pequenas, mudarão a face da Terra”. 5


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Prioridade 1

Cáritas diocesana de NOVO HAMBURGO

Reciclar óleo: atitude de amor à vida

Todos os dias, escoam pelos ralos das residências de todo o país litros e litros de óleo vegetal saturado. São os restos de azeite usado na culinária que acabam sendo descartados no esgoto, contaminando a água, a terra e todo meio ambiente. Para cada litro de óleo vegetal saturado despejado no esgoto, é contaminado o equivalente a um milhão de litros de água, matando milhares de peixes e plantas. Foi a partir do desastre ambiental ocorrido no Rio dos Sinos, região metropolitana de Porto Alegre, onde milhões de peixes morreram em função da falta de oxigênio pelo alto grau de contaminação das águas e falta de saneamento básico das cidades próximas ao rio, que a Cáritas Diocesana, em parceria com outras organizações, começou a desenvolver um projeto de coleta de óleo de cozinha usado, com o objetivo de preservar o meio ambiente e colaborar na geração de trabalho e renda com a produção de produtos de limpeza e biocombustível, na região de abrangência da Diocese de Novo Hamburgo. Atualmente, são três grupos de mulheres que foram organizados a partir do trabalho de coleta do óleo de cozinha usado, sendo, em Novo Hamburgo, o Projeto Reciclando 6

Idéias e Práticas, em São Leopoldo, o Projeto Mundo Limpo e, em Morro Reuter, o Projeto Ecolimpe. Ao todo, são 16 mulheres que participam diretamente na produção dos produtos de limpeza. Em 2009, foram recolhidos em torno de 15 mil litros de óleo, em vários pontos de coleta (escolas municipais e particulares, igrejas, hotéis, lancherias, pastelarias, etc). A Cáritas Diocesana possui um veículo que auxilia no recolhimento do óleo, o levando até os grupos de mulheres. São parceiros no projeto os grupos paroquiais de Cáritas, as Prefeituras de São Leopoldo e Morro Reuter, o Colégio Sinodal da Paz, a Escola Municipal Samuel Dietschi e o Hotel Union, de Novo Hamburgo. As prefeituras de Morro Reuter e São Leopoldo fazem a coleta do óleo nos diversos pontos de coleta e repassam aos grupos de mulheres para a produção dos produtos de limpeza. Também disponibilizam locais para comercialização dos produtos nas feiras. Com o projeto de coleta do óleo vegetal saturado, objetiva-se: • contribuir na conquista da cidadania através de ações práticas em defesa do meio ambiente; • criar uma mentalidade coletiva de preservação do ambiente natural; • vivenciar uma prática educativa que vise ao desenvolvimento de ações cotidianas em defesa do meio ambiente; • denunciar situações e ações que agridem a vida, os povos e o meio ambiente, como projetos de dominação política e econômica que consolidam modelos voltados ao consumo indiscriminado;

• contribuir na melhora da qualidade de vida da população e das águas do Rio dos Sinos. A Cáritas de Novo Hamburgo tem como princípio de trabalho promover a pessoa em sua plenitude como um ser social de relações. A pessoa atendida pela Cáritas é motivada para que seja o sujeito de suas ações e não mais o objeto da boa vontade de outros. As ações desenvolvidas visam à autonomia e ao conhecimento dos direitos e deveres perante os outros e o meio ambiente, estabelecendo uma relação direta entre a prática pedagógica e o contexto da realidade. A metodologia de trabalho educativo do projeto, visa a repassar e a construir conhecimentos, informações referentes à situação em que se encontra o Rio dos Sinos e a propor uma mudança urgente de hábitos e costumes da população local e um tratamento diferenciado pelo poder público das questões ligadas ao meio ambiente, estimulando sua preservação. São gestos pequenos nos quais todos/as nós podemos dar um destino correto ao óleo de cozinha e ainda ajudar na melhoria da qualidade de vida para todos/as. Você também pode colaborar armazenando o óleo utilizado em garrafas de plástico e entregando em um dos pontos de coleta de sua cidade.


Prioridade 2

Cáritas diocesana de santa cruz do sul

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Controle Social de Políticas Públicas A Ação Social Diocesana de Santa Cruz do Sul - ASDISC, entidade jurídica sem fins lucrativos, criada para dinamizar os trabalhos sociais na região, está ligada à Cáritas Nacional e Regional, em cujas linhas de ação se inspira. Tem como grande motivação aliviar o sofrimento das pessoas em suas necessidades materiais, independentemente de sua religião e de sua ideologia. Uma de suas prioridades para alcançar esse objetivo, é ampliar a participação de seus agentes nesses espaços de controle social. Sua atuação se dá através da Diretoria, Colégio Nossa Senhora Medianeira do município de Candelária, Escola de Ensino Médio Anchieta do município de Vera Cruz e das Pastorais Sociais e Serviços: Abrigo para Moradores de Rua, Comissão Pastoral da Terra, Escola de Jovens Rurais, Pastoral Carcerária, Pastoral/Serviço da Caridade, Pastoral da Criança, Pastoral do Idoso, Pastoral do Menor, Pastoral do Negro, Pastoral da Saúde, Pastoral da AIDS, Projetos Alternativos Comunitários – PACs, Recuperação de Drogados e Surdos.

Na Diocese de Santa Cruz do Sul, base operacional da ASDISC, composta por 41 municípios, conta hoje com agentes inseridos em diferentes Conselhos Municipais: Criança e Adolescente, Assistência Social, Conselho Tutelar, Direitos da Mulher, Conselho da Saúde, além da participação no Conselho Regional de Saúde, que atende o Vale do Rio Pardo, e no Conselho Gestor do CEREST (Centro de Referência de Saúde dos Trabalhadores), que atende três vales. Seus agentes participam também dos fóruns regionais e estadual da criança e adolescente e da saúde. A ASDISC atua em municípios com realidades muito diferentes, desde aqueles onde a produção de tabaco movimenta a economia, até os que enfrentam uma mudança em sua matriz produtiva com a instalação de empresas madeireiras para plantio de eucalipto.

Nesse cenário, torna-se importante a constante reafirmação do compromisso da Entidade em atender aos menos favorecidos. Uma das formas de atingir esse propósito é garantir os espaços conquistados pela sociedade civil, fortalecer a consciência política, construir e ampliar parcerias, estando sempre atentos às necessidades das populações vulneráveis, contribuindo para a consolidação de um sistema democrático e participativo.

Acesse o site da Cáritas Regional do Rio Grande do Sul www.caritasrs.org.br


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Cáritas diocesana de bagé

Comissão Diocesana

de estudos sobre controle social de políticas públicas O grupo de estudos constituiu-se a partir de um processo de formação proposto pela Cáritas Regional do Rio Grande do Sul, em parceria com a Universidade Católica de Pelotas, desde o ano de 2006, que teve como objetivo a formação de agentes de Cáritas e pastorais sociais, para a atuação nos espaços de definição de políticas públicas e controle social. Assim, após momentos significativos de formação em nossa Diocese, surge a Comissão Diocesana de Estudos sobre Controle Social de Políticas Pública, com reuniões mensais. As reuniões mensais de fortalecimento da Comissão compreendem momento de oração, estudo de um tema relativo ao controle social acompanhado de debates e partilha dos acontecimentos. Das ações de fortalecimento da atuação cidadã dos/as agentes da Comissão, podemos destacar a realização de dois seminários. O primeiro, “Cidadania, Direitos e ParticipaçãoLei 9840 ”, que aconteceu dia 02 de setembro do ano de 2008, na cidade de Bagé, com a representação das pastorais sociais, de integrantes de outras igrejas, de candidatos a prefeito e a vereadores/as, e cidadãos e cidadãs interessados/as em aprofundar o assunto. O seminário contou com a participação da Ir. Deotila Rech, da Secretária da Cáritas Regional, Loiva de

Oliveira Machado e do Juiz Eleitoral Marcos Danilo Egon, que trabalharam os temas “A dimensão Fé e Política”, “O processo de mobilização social para a conquista da lei” e “O panorama nacional de aplicação da Lei 9840”, respectivamente. O segundo, “Lei 9840 para combater a Corrupção Eleitoral” na Comunidade Mãe de Deus, dia 05 de setembro do mesmo ano, no bairro Malafaia em Bagé, com a participação de lideranças comunitárias, agentes de pastoral, grupos de jovens, agentes de Cáritas e donas de casa. O evento foi assessorado pela Comissão Diocesana de Políticas Públicas. Também realizou-se a coleta de assinaturas para a lei de iniciativa popular “Campanha Ficha Limpa.” A realização dos dois seminários contou com a participação de mais de 100 pessoas da comunidade que puderam fortalecer o exercício do controle social através do voto consciente e monitoramento do processo eleitoral, em virtude dos seminários terem sido realizados em período eleitoral. Outra atividade que contribuiu para o exercício do controle social

“Somos Solidariedade Somos Cáritas” A palavra “Cáritas” tem sua origem no latim, que significa caridade e se traduz na prática da solidariedade diante das situações onde a vida estiver ameaçada. Trata-se de uma rede de pessoas organizadas em grupos, comunidades, paróquias, municípios, regiões, que contribuem para a vivência da solidariedade, construção da cidadania e fortalecimento da democracia e da organização popular, com vistas a uma sociedade justa e solidária.

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em nossa realidade foram as visitas da Comissão às cidades da Diocese. Até o momento foram visitadas as cidades de Santana do Livramento e Dom Pedrito. Na visita à cidade de Santana do Livramento a Comissão teve a oportunidade de reunir-se com agentes de pastoral da cidade e discutir “o que é política”e “o que é política pública”, entre outros assuntos, como forma de instigar o aprofundamento do tema, foi clarificado o verdadeiro sentido da ideia de política (interação entre pessoas) da política partidária que conhecemos.

“Existe uma maneira, vamos dizer assim, oficial de ser Cáritas, que é participar da Rede Cáritas, da entidade chamada Cáritas. Mas a Cáritas aponta para uma realidade muito mais ampla, muito mais profunda, onde todos podem se sentir identificados. A proposta da caridade, da fraternidade, da solidariedade, da palavra Cáritas, que carrega um simbolismo muito forte, que possibilita uma identificação muito ampla. Nesse sentido, todos somos convidados a nos sentir identificados com o ideal da Cáritas, com a proposta da Cáritas. Aí se alargam os horizontes, todos somos convidados a participar dessa proposta bonita, nós somos Cáritas”. Dom Demétrio Valentini Presidente Nacional Cáritas Brasileira


Prioridade 2

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Cáritas diocesana de pelotas

Emergências Sócio-ambientais Estamos vivendo numa sociedade em que a vida tem valor relativo e a nossa missão é dinamizar, articular e animar a prática da solidariedade. O Plantão Social da Cáritas Diocesana de Pelotas vivencia a mensagem do evangelho e o seguimento de Jesus Cristo defendendo a vida, pois falar da defesa da vida é falar de ser humano e do meio ambiente. Em 2009, além da exclusão social existente na Diocese, presente no desemprego e na dificuldade ao acesso aos direitos sociais da maioria da população, sofremos com as catástrofes naturais. Nossa tentativa de reduzir ao mínimo os danos materiais e sociais foi significativa. Junto com os grupos de promoção humana foi possível orientar a população no sentido de como agir nas situações de emergência. Através da rede de assistência do município de Pelotas e municípios vizinhos, a Cáritas buscou estar em sintonia com esses órgãos, fazendo o levantamento de demandas e facilitando o atendimento aos mais necessitados. Além desta articulação, a Cáritas Diocesana atendeu diretamente as famílias atingidas pela enchente, captou recursos e, com a criatividade

da população, fortaleceu a cultura da solidariedade. E deu certo. Graças aos colaboradores foi possível atender, entre janeiro e dezembro de 2009, 294 famílias sendo repassadas 4.919 peças de roupas, 1.998 móveis, 345 Kg de alimentos, 2.889 outros gêneros (calçados, utensílios domésticos, medicamentos, matérias de construção., entre outros). Nossa atuação foi articulada com associações de bairros, fóruns, sindicatos, conselhos (assistência social, saúde, criança e adolescente, pastorais sociais), mobilizando toda a comunidade para a prática da caridade, ou seja, organização da vida em sociedade, construindo assim cidadania, a partir da justiça e da ética da solidariedade. Emergência como Plantão Social é exercício da cidadania, é resgate da sensibilidade de perceber o que acontece com a população no dia a dia da vida, é ação coletiva, é a possibilidade das pessoas viverem

os direitos básicos e deveres sociais. Então todos nós precisamos refletir o que Dom Hélder Câmara deixou como legado: “não basta que os pobres te conheçam e te saibam o nome: é importante que tu os conheças e lhe saibas a história e lhes saibas o nome”. Promova no seu ambiente de trabalho, de estudo ou em família um minuto de paz, assim você vai estar ajudando seu próximo.

Foto: Tiago Dias

Campanha de solidariedade ao povo gaúcho e haitiano A Cáritas Brasileira Regional Rio Grande do Sul e a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) promoveram, do final de 2009 até abril de 2010, uma campanha para auxiliar as famílias atingidas pelos temporais que devastaram diversos municípios no Estado. O objetivo foi de arrecadar doações financeiras para amparar as famílias mais necessitadas e que não receberam recursos para a reconstrução de suas casas. No início da campanha, os dados da Defesa Civil informavam que mais de 175 municípios gaúchos já haviam decretado estado de emergência por causa dos temporais. O terremoto que devastou o Haiti também foi contemplado com parte da renda arrecadada. A campanha contou com distribuição de material gráfico, VT para a televisão e spot de rádio a serem veiculados nas principais emissoras do RS, além de entrevistas de membros do secretariado em veículos de comunicação para acionar a doação da comunidade. O lançamento da campanha ocorreu na Assembleia Legislativa do RS (foto ao lado), que contou com a presença de Dom Sinésio Bohn, bispo referencial da Cáritas do Rio Grande do Sul. 9


Prioridade 2

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Cáritas diocesana de caxias do sul

Escola de Formação Política um ciclo de sete anos se completa

fiou a pensarmos numa proposta mais comprometedora. Em 2004 iniciamos a Escola de Formação Fé, Política e Trabalho, com a intenção de juntar os elementos e colaborarmos na reflexão e ação de uma pastoral mais engajada e profética.

Um pouco da história Na retomada da Cáritas, que estava desativada por alguns anos, optou-se pela constituição de um grupo de animação, a realização de assembléias e a elaboração de novo estatuto. Não tínhamos bem claro qual seria o caminho a seguir num contexto de esfriamento das pastorais e questões sociais; a política perdendo sua credibilidade; muitos militantes abandonando a luta e espaços políticos e o desafio da organização da 10° Romaria dos/as Trabalhadores/as. Em 2003, depois de uma ampla discussão no Conselho de Presbíteros e nas regiões pastorais, decidimos pela organização de um processo de lideranças nos temas da Fé, Política e Trabalho. Dom Paulo Moretto, bispo diocesano, nos acompanhou nesse processo. Era preciso fazer experiência formativa em que se refletisse mais as questões sociais e a doutrina social da igreja. O grande desafio: formar um novo quadro de lideranças cristãs que pudessem, com maturidade e convicção, questionar as opções e a prática que se faz, pessoal, eclesialmente e na sociedade. Buscamos então assessoria na Unisinos, no Instituto Humanitas, na pessoa do Pe. Inácio Neutzling, que nos desa10

Política continua a ser um motivo de esperança. Há que se vencer o falso moralismo do ideal, do imaculado, já que a decisão humana é grávida de erros possíveis e de desvios de rotas. A democracia precisa passar do estágio de representatividade para o protagonismo cidadão. Quem opta assume certas prioridades, não todas. A consciência política coletiva nos remete para uma opção ética e evangélica, pessoal e social, pela vida de todos e todas em harmonia com a Fé, política e trabalho natureza. Estar obcecado pelo joio, impede o trigo de crescer (CNBB, Os três eixos (fé, política e Doc. 82) trabalho), ao mesmo tempo autônomos e interligados, recebem um Os frutos da caminhada olhar critico e de aprofundamento A fé nos dá novos horizontes; a em cada etapa da escola. política e o trabalho nos ajudam a concretizar esse anseio. Nesses sete Fé e vida. Evangelho e realidade. anos, como conseqüência, surgem Em tempos de crise e mudanças es- iniciativas tais como: mais de 600 truturais, aumenta a necessidade de pessoas concluíram o curso; subsídios cristãos comprometidos com sua fé e para a formação; a criação da Assoengajamento social. Daí que o cristão ciação de Crédito Popular Solidário precisa se capacitar para atuar nesta (ACREDISOL), para empreendimenrealidade conflitiva, contraditória à tos individuais; o Fundo Cáritas para luz do evangelho e do ensino social, projetos solidários de geração de travisando à transformação social. Os zprovocando um debate sobre as cristãos têm a responsabilidade histó- questões da ecologia, elaboração de rica na construção de uma sociedade projetos de geração de renda, reciclajusta, fraterna e sustentável. gens, participação política e o trabalho organizado solidariamente. Trabalho. Aprofundar as mudanHá sete anos, a Escola congrega ças na organização do trabalho e na participantes de vários municípios do própria concepção de trabalho, en- Estado para responder ao desafio de tendido enquanto assalariamento, construir uma sociedade solidária deassim como a flexibilização, precari- senvolvendo a reflexão ética acerca zacão, e o desemprego estrutural. A das novas questões políticas e sociais. crise do “mundo do trabalho” con- A Escola quer “construir um espaço funde-se com a crise do modelo de de reflexão e debate, aprofundamensociedade salarial marcado pelo cres- to dos temas que nos desafiam neste cimento econômico e a conquista de nosso tempo, iluminados pelo Ensidireitos sociais através de políticas es- no Social da Igreja”. tatais (CASTELLS). Faz-se necessário Nas sete edições, a Escola está didesenvolver a reflexão ética acerca vidida em dez etapas ao longo do das novas questões políticas e sociais, ano, com diversos temas relevantes muito diferentes da “questão operá- para a formação e a articulação de ria” no final do século do século XIX lideranças nos vários âmbitos de atue bem mais complexas que ela. ação da realidade, a partir do Ensino Social da Igreja.


Prioridade 3

Balanço 2009 - Cáritas RS

Cáritas diocesana de santo ângelo

Uma caminhada em conjunto A Cáritas da Diocese de Santo Ângelo tem uma articulação muito forte com os diversos segmentos e entidades da região, bem como com as pastorais sociais, as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) e o conjunto da Igreja. Participaram das reuniões e atividades promovidas pela Cáritas Diocesana, os sindicatos dos trabalhadores rurais, o Movimento de Mulheres Camponesas, a Emater, a ONG ARede, a ONG Políticas Públicas Outro Mundo é Possível, a Associação Sepé Tiaraju; os Secretários Municipais de Assistência Social, Saúde, Agricultura e Educação; as escolas estaduais, municipais e particulares; a Central Única dos Trabalhadores (CUT) das Missões; o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST): acampados e assentados; a UERGS; as Universidades (URI, IESA, UNIJUI, IMT); cooperativas de crédito (Cresol, Sicredi); cooperativas de produção (Cotrisa, Cotrirosa, Cooperbutiá, Cooperroque, Cooptul); as cooperativas de eletrificação rural (Cooperluz, Certhil, Cermissões); as associações de agricultores e pequenas cooperativas (Cooperal – Alecrim; Cooperbutiá – São Pedro do Butiá; Coopasc – Santo Cristo , Cooper ipê – São Paulo das Missões). Em nível de pastorais sociais, estivemos desenvolvendo um trabalho em conjunto com a Pastoral da Criança, a Comissão Pastoral da Terra, a Pastoral da Juventude, a Pastoral da Pessoa Idosa, a Pastoral da Saúde, os estudantes de teologia do Instituto Missioneiro de Teologia da Diocese. Inclusive, iniciamos o desenvolvimento de um Projeto financiado pela Cáritas Nacional em conjunto com essas pastorais para formação de lideranças em defesa de políticas públicas a favor das mulheres e das crianças, atuação nos Conselhos Municipais e Regionais, preservação do meio ambiente, construção de cisternas, criação de hortos medicinais e banco de sementes crioulas. Da mesma forma, desenvolvemos

um trabalho de apoio a iniciativas de geração de trabalho e renda, através do Fundo Diocesano Rotativo das Pastorais Sociais. Esse fundo originou-se a partir de doação financeira feita pelo Banco HSBC, o que permitiu apoiar 38 grupos, em 19 municípios de nossa Diocese e tendo investido o valor de R$ 250 mil a fim de auxiliar grupos a gerar renda e vida. O valor máximo para cada grupo é de R$ 8 mil a ser devolvido 100%, num prazo de três anos para fazer parte do fundo rotativo para novos grupos. Os tipos de atividades apoiadas são: artesanato, padaria, confeitaria, produção de frangos e peixes, marcenaria, produção de leite, reciclagem de lixo, confecção de roupas (malharia), construção civil, produção de melado e derivados da cana; produção de uvas, academia e ginástica , estúdio de fotos e filmagens. Deste recurso, um percentual foi usado para articulação e animação dos grupos. Esses grupos expõem e vendem nas romarias da Diocese e nos eventos eclesiais. Podemos avançar no sentido de articulação em rede desses 38 grupos. O nosso Conselho Diocesano, que avalia os projetos encaminhados para a Cáritas Regional RS, é constituído pela Emater, Cooperluz, Pastoral da Juventude, Comissão Pastoral da Terra, Sindicato dos Trabalhadores Rurais, representantes de grupos rurais e urbanos, ministros da palavra e da eucaristia, MST, Pastoral da Criança, clero. No nosso plano de ação de 2009, colocamos a criação de um Fórum Permanente das Pastorais Sociais na Diocese, o que ainda é um sonho a ser alcançado. Realizamos em 2009 uma prática conjunta, mas ainda não constituímos um fórum permanente de reflexão e mística. Inclusive, algu-

mas pastorais já realizaram retiros e encontros de formação em conjunto. Dentre as muitas ações desenvolvidas em 2009, destacamos a participação da maioria das lideranças nos encontros paroquiais, diocesanos, estadual e nacional das CEBS. Da mesma forma, os agentes cáritas participaram do conjunto da ação da Igreja como catequistas, ministros, participando da equipe de liturgia e outras pastorais. Também participamos da programação das foranias, das assembleias diocesanas, dos encontros do clero com espaço e pauta da Cáritas, bem como da definição do novo Plano Diocesano de Pastoral para os próximos anos. Da mesma forma, participamos da formação de lideranças com agentes cáritas da Escola Cristã de Educação Política do Interdiocesano Centro-Oeste. Lideranças Cáritas também participaram do Fórum Regional de Economia Popular e Solidária e da Segurança Alimentar e Nutricional, assim como do Fórum Social Missões e da Feira de Economia Popular e Solidária. Fizemos parte do processo de Implantação de Institutos Federais de Educação Técnica em nossa região – Santa Rosa e Santo Ângelo – e da Universidade Federal da Fronteira Sul – em Cerro Largo. 11


Prioridade 3

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Cáritas diocesana de cruz alta

Fundo Diocesano de Solidariedade O Fundo Diocesano de Solidariedade (FDS), na Diocese de Cruz Alta, já está completando dez anos de caminhada, e a Cáritas Diocesana tem a missão de coordenar e monitorar o trabalho, a partir da Campanha da Fraternidade. O FDS busca promover a solidariedade e a cidadania, através do apoio e repasse de recursos para os grupos e projetos das comunidades e paróquias da Diocese. Esse trabalho teve seu início no ano de 1999, a partir dos recursos arrecadados na Coleta da Campanha da Fraternidade, constituindo o Fundo Diocesano Solidário “FDS” da Diocese. Esses recursos são aplicados no atendimento de projetos sociais e geração de trabalho e renda, nas mais variadas áreas de atuação, priorizando as ligadas às temáticas da Campanha da Fraternidade: inclusão social, dimensão da caridade e promoção humana. Até 2010, já foram apoiados 135 grupos de projetos subsidiados pelo Fundo Diocesano Solidário. Atualmente, 35 grupos estão em atuação e execução, continuando o seu trabalho alternativo de geração de trabalho e renda nos 14 municípios das paróquias, conforme o Mapa dos Projetos Solidários na Diocese de Cruz Alta de 2007 a 2011.

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Assim, trabalhando o tema específico da Campanha da Fraternidade de cada ano, a Cáritas busca cada vez mais engajar-se no compromisso da Igreja com a promoção da solidariedade nos grupos, nas comunidades e nas paróquias da Diocese, como fruto do gesto concreto dos católicos que participam e contribuem na coleta anual durante o “Domingo de Ramos”. A Equipe Cáritas, responsável para monitorar o trabalho dos grupos e projetos, é formada por representantes das pastorais sociais, integrantes dos grupos de Projetos Alternativos Comunitários, “PACs” e do “FDS” da Cáritas, e do Coordenador Diocesano de Pastoral, que se reúnem, bimestralmente, para analisar, avaliar e aprovar ou não, os projetos recebidos, usando os seguintes critérios de referência para avaliação: organização e planejamento participativo; espírito comunitário participativo e transformador; respeito ao meio ambiente, a vida e produção ecológica; compromisso e vivência dos princípios de cooperação e autogestão; fortalecimento da cultura e promoção da solidariedade; contribuição e participação nos fóruns e redes de Economia Popular Solidária; solidariedade nas relações, igualdade, cooperação e comércio mais justo. A lição que colhemos dessa cami-

nhada que ainda é pequena - ainda na adolescência - é a seguinte: a “Solidariedade” tem o desafio de ser organizada, acompanhada, partilhada e divulgada com transparência no repasse de recursos, na prestação de contas dos recursos recebidos pelos grupos e comunidades. Atenção: quem recebeu ajuda solidária, é convidado e estimulado a ter um olhar solidário com tantos outros irmãos necessitados, em situação de vulnerabilidade social. Nesses dez anos, podemos afirmar que a nossa experiência contribuiu no crescimento do espírito de solidariedade nos grupos, comunidades das paróquias, onde aconteceram ajudas solidárias, trocas de produtos e experiências entre famílias, grupos e comunidades. O valor do resultado das coletas das campanhas aumentaram a cada ano, devido ao trabalho de insistência, divulgação e visibilização das ações da Cáritas e pastorais sociais através dos projetos do Fundo Diocesano de Solidariedade. A realização de feiras de economia popular solidária nos municípios de Jóia, Ijui, Cruz Alta, Panambi, Tunas, Soledade e Salto do Jacuí também foram apoiadas, incentivadas e monitoradas pela Cáritas Diocesana. “A solidariedade é a força que nos torna humanos”


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Cáritas diocesana de passo fundo

Voluntariado e Equipes Paroquiais de Cáritas O voluntariado continua sendo um grande desafio na ação da Cáritas. Primeiramente porque sua ação é muito importante no desenvolvimento do trabalho, mas também pela sua forma própria de agir. No trabalho junto às equipes paroquiais é fundamental a ação voluntária multiplicadora, pois mais pessoas podem ser atendidas, beneficiadas ou envolvidas no trabalho. Para que o seu trabalho responda aos anseios, há necessidade permanente de formação, animação e acompanhamento. Para que isso aconteça, a Cáritas Diocesana promoveu encontros mensais com animadores e coordenadores. Foi realizado também um retiro para agentes de Cáritas, com destaque para um tema muito importante na atualidade: “Espiritualidade e Meio Ambiente”. O assunto foi trabalhado e discutido a partir das visitas que os agentes de Cáritas fizeram ao aterro sanitário do município, a duas associações de recicladores e a uma Capela. Dessa forma, foi aberto ao grupo espaço para que todos pudessem discutir sobre a importância da reciclagem, da preservação do meio ambiente, bem como a necessidade de passar essas informações às comunidades, grupos e famílias. Quanto à pesquisa sobre o perfil do voluntariado, a mesma teve os cadastros e dados concluídos, porém ainda permanece em fase de sistematização e será concluída no primeiro semestre do ano de 2010. Com a pesquisa, será possível elaborar um plano de ação direcionado às necessidades dos voluntários. No ano de 2009, foram estabelecidas várias parcerias para o desenvolvimento do trabalho. Uma das mais importantes foi com a Universidade de Passo Fundo, que foi parceira em vários programas de trabalho e muitas das ações desenvolvidas pela Cáritas, tanto em nível Diocesano como junto à Filial Fátima de Carazinho. Podemos destacar os projetos “Subsídio financeiro às Entidades de Assistência Social” e “Atendimento a

famílias em situação de vulnerabilidade social através do repasse de alimentos”. O primeiro projeto vem apoiando inúmeras ações desenvolvidas nos diversos grupos comunitários, como oficinas, monitoria, material pedagógico, além de contribuir na manutenção de gastos diretos. Nesses projetos, foram beneficiadas muitas crianças, adolescentes, mulheres, trabalhadores, desempregados, entre outros. Já no segundo projeto, que complementa o primeiro, foram beneficiadas 91 pessoas de 42 famílias que receberam alimentos semanalmente, além de estarem envolvidas em trabalhos comunitários no Grupo Otimismo, mantido pela Equipe Paroquial de Cáritas do Bairro São José; no Grupo Passo a Passo (do Bairro Valinhos) mantido pela Equipe Paroquial do Bairro Vera Cruz; na AAMA – Associação Amigos do Meio Ambiente; e na COOTRAEMPO – Cooperativa Mista de Produção e Trabalho dos Empreendedores Populares da Santa Marta LTDA. Além desses convênios e projetos, foi dada continuidade às parcerias nas áreas de Economia Solidária junto à Casa FEAC, ao Design gráfico, à Engenharia de alimentos e ao CPA Centro de Psicologia Aplicada. No primeiro semestre de 2009 quatro estagiárias atenderam demandas em grupos comunitários. Outro apoio importantíssimo para a Cáritas em Passo Fundo é o da MISEREOR, instituição ligada à Igreja Católica da Alemanha, que apoiou os trabalhos desenvolvidos pela instituição, através do projeto “Desenvolvimento de Ações Sociais na Diocese de Passo Fundo”. Na Assembleia Diocesana de Cáritas, contamos com a presença da grande maioria dos associados, vo-

luntários convidados e outros participantes. Realizando uma reflexão conjunta sobre o centenário do nascimento de Dom Helder Câmara, fundador da Cáritas Brasileira, que nos inspira a continuar o trabalho social. Reservou-se também momento importante para o estudo sobre a encíclica Cáritas in veritate, do Papa Bento XVI. Nas comunidades, apoiadas pelas Cáritas paroquiais, muitos grupos acabam sendo como que incubadores de associações, grupos de geração de renda e economia solidária. Por isso, os pequenos cursos de aproveitamento de materiais reciclados ou doados, pré-profissionalizantes, que preparam as pessoas para uma atividade comunitária, são incentivados e mantidos pelas equipes paroquiais com o apoio da Cáritas Diocesana. As famílias em necessidades são visitadas, cadastradas, convidadas a se inserirem no trabalho comunitário. No trabalho do grupo junto à comunidade recebem apoio e incentivo, tendo sua autoestima valorizada. Assim, o trabalho dos voluntários é muito importante e essencial para o bom andamento da rede Cáritas na Diocese de Passo Fundo.

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Prioridade 4

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Cáritas Arquidiocesana de Porto Alegre

Projeto de Sustentabilidade Cada vez mais a questão da sustentabilidade das instituições está merecendo maior atenção. Não se quer dizer que em épocas passadas ela não tenha sido importante ou mesmo essencial. Ela, no entanto está se tornando hoje mais complexa e exigente. Em que pese a sustentabilidade apresentar diversas dimensões, como a dos valores, sócio-politica, técnicogerencial e financeira, nós vamos apresentar o viés da sustentabilidade de um projeto que se tornou o carrochefe de uma grande ação de assistência social e de conquista da cidadania para milhares de pessoas. Estamos falando do projeto “Mensageiro da Caridade”, desenvolvido pelo Secretariado de Ação Social da Arquidiocese de Porto Alegre-Cáritas Arquidiocesana. Cada instituição procura sempre buscar um foco central para garantir a sustentabilidade do seu projeto, principalmente no que se refere a própria sustentabilidade econômico-financeira. Para tanto, servem-se de donativos, boletos bancários, produção e venda de serviços e, ainda, a busca de apoios governamentais. A Cáritas Arquidiocesana de Porto Alegre preferiu apostar numa organizada e contínua parceria entre a instituição e a comunidade, através do seu projeto “Mensageiro da Caridade”. Desde os seus primórdios, há 53

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anos, o Mensageiro da Caridade foi repassando à população a sua mensagem de solidariedade, alicerçada em sua forte mística e na necessidade da mútua colaboração entre todos os agentes envolvidos: instituição e comunidade. O Mensageiro da Caridade deixou de lado a busca direta por recursos financeiros, caminho esse que embora pareça mais fácil, na verdade apresenta muitas dificuldades e limitações. Optou então, por outra alternativa e passou a conclamar as pessoas e as empresas a lhes doar o que, no momento, pudessem dispor sem lhes criar maiores dificuldades. Espelha essa postura o seu lema inicial: “O que sobra em sua casa pode ser de grande utilidade aos pobres” A partir de muitas motivações ao grande público através de programas de rádio, outros meios de comunicação e até campanhas de rua, o Mensageiro da Caridade foi ocupando espaços na opinião pública e a população começou a responder positivamente a esse seu apelo e a doar todo tipo de bens usados, móveis, equipamentos, eletrodomésticos, aparelhos eletroeletrônicos e outros materiais reaproveitáveis. Isso, no entanto, requereu a montagem de uma verdadeira estrutura operacional e gerencional. E o Mensageiro da Caridade respondeu de imediato a essa exigência e ampliou não apenas a sua logística, mas também a sua base técnica, sistemática de marketing e programação assistencial e promocional. Dentro dessa sua organização, sentiu-se a necessidade de dar um cunho técnico e promocional a todo esse trabalho e, por isso, o Mensageiro da Caridade estruturou a sua “oficina-escola” destinada a dar emprego, formação humana e preparação profis-

sional às centenas de adolescentes carentes que anualmente passam por suas instalações. O marketing institucional do Mensageiro da Caridade é a fidelização dos seus mais de 210 mil doadores cadastrados e a garantia da continuidade e do crescimento do projeto é a sua sistemática de gestão, que sempre aliou a valorização dos servidores com a qualidade técnica e a firmeza administrativa. Os resultados do Mensageiro da Caridade são hoje altamente positivos e retrata a performance do seu desempenho o expressivo número de atendimentos assistenciais realizados, bem como o alto valor financeiro aplicado nesses atendimentos em favor das pessoas em estado de vulnerabilidade social e das vítimas de emergências naturais e sociais. Conforme o Balanço Social do Mensageiro da Caridade, do ano de 2009, foram atendidas 228.506 pessoas através dos seus diversos programas, tendo aplicado o significativo valor financeiro de R$3.597.970,18 (Três milhões, quinhentos e noventa e sete mil novecentos e setenta reais e dezoito centavos). A cada ano, somam-se aos doadores já cadastrados no Mensageiro da Caridade mais de 14 mil novos colaboradores, dispostos a participar dessa grande parceria institucional.


Prioridade 4

Assim, o projeto “Mensageiro da Caridade” vai garantindo a sustentabilidade de toda a organização da Cáritas Arquidiocesana de Porto Alegre e, inclusive, oportunizando-lhe reiterados prêmios, medalhas e destaques por parte da municipalidade de Porto Alegre, da Assembleia Legislativa do Estado do RGS e da opinião pública. No ano de 2006, o projeto Mensageiro da Caridade recebeu do Município de Porto Alegre por ocasião da celebração dos seus 234 anos de fundação, a “Medalha Cidade de Por-

Balanço 2009 - Cáritas RS to Alegre” pelos relevantes serviços prestados à comunidade. Também, nesse mesmo ano, recebeu do Instituto Brasileiro de Pesquisa de Opinião Pública o Prêmio Top Of Mind 2005/2006, tendo sua marca sido reconhecida por 98% da população de Porto Alegre. O Estado do RS, através da Assembleia Legislativa, concedeu-lhe o “Troféu Destaque-RS/2008 em Responsabilidade Social”, tendo disputado esta distinção entre todas as instituições filantrópicas do Estado do RGS

Destaque de algumas ações desenvolvidas no ano de 2009 O Mensageiro da Caridade emprestou 531 camas hospitalares, cadeiras de rodas, andadores e outros equipamentos especiais a pessoas portadoras de deficiências. Foram entregues 576 mil quilos de arroz a famílias em estado de extrema miséria, a partir de parcerias com empresas e organizações da sociedade civil, beneficiando mensalmente 6.674 famílias e atendendo a 28,6 mil pessoas.

Cáritas diocesana de vacaria

Comunicação como ferramenta de transformação Vivemos num contexto repleto de acontecimentos que podem gerar informações e novos conhecimentos. A comunicação é um meio indispensável para difundir as informações de toda essa bagagem diária de fatos. Aliado a isso, a globalização encurta os espaços, rompendo as fronteiras para transmitir, muitas vezes em tempo real, os acontecimentos do dia-a-dia. A diversificação dos meios de comunicação e o avanço tecnológico também colaboram para a disseminação das notícias. Comunicar, nos dias de hoje, tornou-se um fator imprescindível, uma vez que se queira levar ao conhecimento das pessoas as informações desejadas. A Cáritas Diocesana de Vacaria utiliza a comunicação como uma ferramenta de transformação. Aproveitamos este recurso com o objetivo de repassar informações e ser um instrumento de ligação entre os grupos, comunidades, paróquias, entidades e municípios da região. Sendo a divulgação umas das prioridades da Cáritas Diocesana buscamos diferentes formas de fazer acontecer essa comunicação e atingir toda a rede. Uma delas foi criação de um blog, que facilitou a veiculação de notícias fazendo com que as atividades desenvolvidas pela Cáritas chegassem até o conhecimento das pessoas que utilizam essa ferramenta, de maneira imediata e dinâmica. No blog destacamos o nosso perfil institucional e colocamos também a

missão da Cáritas em evidência. Temos um espaço destinado para a agenda de atividades e um espaço para endereços, contatos e comentários. Desta forma facilitando a interação. Mas o mais importante do blog são os textos produzidos com base nas atividades desenvolvidas e também na conjuntura atual. Buscamos sempre apresentar noticias de acontecimentos importantes sobre o trabalho da Cáritas, bem como a reflexão sobre temas relevantes. No entanto o blog não é a única ferramenta de veiculação de noticias. Enviamos também noticias semanais em formato de áudio por e-mail para as emissoras de rádio da região, sindicatos, conselhos, paróquias, jornais e demais parceiros, transmitindo informações que muitas vezes não chegariam até a comunidade. Uma outra forma de comunicar é através da escrita. Elaboramos a cada dois meses o Boletim “Comunicando o Cotidiano da Cáritas Diocesana de Vacaria” para os grupos, paróquias, Cáritas Diocesanas e também para a Cáritas Regional, relatando os passos mais importantes de nossa caminhada e os resultados alcançados. Junto ao jornal da Diocese “Novos Caminhos”, temos um espaço

para nossas notícias, que é distribuído em todos os municípios da Diocese. Além desses meios de comunicação são elaborados outros materiais de formação e divulgação como cartilhas, adesivos, camisetas e folderes. Todos esses espaços são importantes para mostrarmos o rosto e as ações da Cáritas Diocesana para o maior número de pessoas possível. Procuramos sempre divulgar nosso trabalho e buscar novos meios para fazer com que essas informações atinjam todos os públicos, pois percebemos o quanto esses espaços são importantes para a visibilidade e a credibilidade do nosso trabalho. 15


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Entidades parceiras

conselho indigenista missionário - cimi

A Luta pelos Direitos Indígenas

Povo Guarani, um grande povo! Resistência e luta pela demarcação de suas terras Os Guarani ocupam tradicionalmente as terras que abrangem partes do Rio Grande do Sul (Missões, Pampa, Planalto, Litoral), Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul e regiões da Argentina; Paraguai, Bolívia e Uruguai. Neste amplo território, ao longo dos séculos, eles foram perseguidos por colonizadores, caçados, escravizados, exilados e tiveram suas terras invadidas, saqueadas e ocupadas. Nesse processo s Igreja, a serviço dos estados da Espanha, Portugal e depois do próprio Brasil, procurou catequizá-los e torná-los “almas convertidas” e, ao mesmo tempo, “corpos dóceis” para o trabalho, nos moldes do projeto que então se estruturava. A base das relações com os povos indígenas sempre foi colonial, ou seja, sempre se indagou qual a utilidade destes povos e quais as melhores maneiras de explorar sua força produtiva e seus territórios. A resistência do Povo Guarani às frentes de ocupação e colonização foi dramática. Milhares de pessoas acabaram assassinadas em guerras, epidemias, confrontos, perseguições, confinamentos religiosos e territoriais. No entanto, apesar dessa prolongada história de desrespeito e violências os Guarani mantém formas de vida e práticas culturais que os distinguem. Dispersam-se em núcleos familiares,

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formando pequenas comunidades por diferentes regiões, em contínuo movimento e ocupando de maneiras diversas seus territórios tradicionais. Se antigamente eles eram donos de toda a terra, gradativamente foram empurrados, com uso da violência, para pequenas áreas, mas isso não significa que os vínculos territoriais tenham sido desfeitos. Passados séculos, os Guarani se fazem presentes e isso é visto como algo que incomoda a ordem, que põe em questão a autoridade e legitimidade daqueles que colonizaram as suas terras. A presença Guarani parece incomodar também as autoridades, políticos, intelectuais das universidades e, de maneira especial proprietários de grandes áreas de terra. Isso porque este povo traz a perturbadora memória de um passado sangrento, mas principalmente porque, no presente, sem grandes alardes ou enfrentamentos diretos, eles lutam por justiça, direitos e dignidade. Eles produzem uma resistência cotidiana ao modelo de sociedade e de economia concebido e construído em estruturas individualista, excludentes, preconceituosas e egoístas. Permanece este Povo na contramão da sociedade capitalista a bradar, como o grito de Sepé Tiarajú: ”alto lá, esta terra tem dono”, ela é de Nhanderu, é de todos os Guarani e deve servir para todos os filhos da terra e não ficar sob o domínio e a posse de poucos privilegiados. Atualmente as terras Guarani estão quase totalmente concentradas, loteadas, devastadas, ocupadas por empreendimentos diversos, tais como as grandes propriedades para o monocultivo de eucaliptos, pinus, soja, arroz e/ou para a criação de parques, a exemplo do Parque Estadual Itapuã no Rio Grande do Sul. Entre as dificuldades enfrentadas pelas comunidades Guarani, destacam-se as seguintes: eles ocupam apenas

pequenas porções de terras, insuficientes até mesmo para subsistência alimentar, sem água potável, sem saneamento básico e afetados por rios e lagos contaminados e poluídos. Dependem, para a sua alimentação, essencialmente de doações e cestas básicas, quando estas são fornecidas pelo Estado ou pelos municípios e sofrem com a omissão e ausência dos órgãos de assistência federal. A eles são destinadas políticas públicas fundamentadas no assistencialismo e não nos direitos constitucionais, sendo a política fundiária embasada numa perspectiva compensatória e restritiva de seus direitos territoriais e culturais. Exemplo disso é a política compensatória de compras de terras, ao invés de demarcação de terras conforme prevê a Constituição Federal. Sofrem também a ingerência de departamentos e secretarias do Estado do Rio Grande do Sul nas discussões sobre demarcação de suas terras e de políticas diferenciadas. O mesmo pretendem com relação ao uso de áreas decretadas como parques ou reservas ambientais, ou seja, ao invés do reconhecimento de que estes parques se sobrepõem às terras indígenas, o que se propõem é a concessão para os Guarani utilizarem os espaços de “preservação ambiental”. Mediante acordos estabelecidos sob as regras de nossa sociedade, em terras que tradicionalmente lhes pertencem. Isso porque, para determinados segmentos da sociedade os Guarani não precisam de terra demarcada e sim de convenientes pactos que não coloquem em questão as bases da propriedade privada da terra. Na contramão dessas soluções mais “confortáveis”, as comunidades reivindicam hoje: demarcação das terras de ocupação tradicional; assistência planejada, digna, diferenciada; participação nas discussões sobre as políticas públicas; cuidado com o meio ambiente;respeito para com sua cultura e suas terras; espaços públicos para comercialização de seus produtos e artesanatos.


Entidades parceiras

Balanço 2009 - Cáritas RS

No Rio Grande do Sul são inúmeras as dificuldades no que tange a garantia e o reconhecimento dos direitos indígenas. Aos povos Guarani e Kaingang e as dezenas de comunidades é negado um direito fundamental, a Terra. Direito reconhecido pela nossa Lei Maior, no entanto, esquecido na prática. Em função disso, a maioria das comunidades indígenas estão localizadas em acampamentos de beira de estradas e/ou em moradias precárias nas vilas e favelas das cidades.

O CIMI e a Cáritas, enquanto organismos de pastoral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil- CNBB, têm estabelecido um processo de diálogo para o apoio a estas comunidades. E, ao longo dos últimos anos, a Cáritas tem sido solidária e vem contribuindo com projetos e programas para a melhoria das condições de moradia das famílias acampadas, de modo especial, aquelas áreas e terras nos centros urbanos. O apoio da Cáritas, articulado com as lutas pela demarcação das terras tem gerado bons e importantes resultados, como a criação de Grupos Técnicos pela Fundação Nacional do Índio para proceder aos estudos de identificação e delimitação de terras para os povos Kaingang e Guarani

Roberto Antonio Liebgott, membro da Equipe do Cimi Sul - Porto Alegre e Vice-Presidente Nacional do Cimi

Agentes de pastoral negros - apn’s

Quilombos no RS Os livros que abordam a história do RS até a década de 90 do século passado dão pouca visibilidade a presença de quilombos no nosso Estado. Muitos historiadores afirmavam inclusive que a presença de poucos quilombos em terras gaúchas devia-se ao fato de que a escravidão negra aqui foi muito amena. No final da década de 90 pesquisas já foram desvelando uma nova história, com a presença de 46 quilombos , em várias regiões do Estado. No início do século XXI, com o apoio do governo Olivio Dutra, o movimeto negro organizado inicia um trabalho na busca de outros quilombos que foram sendo encontrados. A partir daí, já foram mapeados no RS 200 quilombos,sendo 05 quilombos urbanos em Porto Alegre e um em Canoas.O quilombo urbano da Familia Silva, na Capital, foi o primeiro a ser titulado no país e o segundo foi o Chácara das Rosas em Canoas. A realidade das comunidades quilombolas urbanas e rurais é de extrema pobreza. Os Agentes de Pastoral Negros do Regional Sul 3 da CNBB vêm dando assessoria em 16 quilombos gaúchos, na região sul, fronteira oeste e região metropolitana.Várias ações que realizam são com o apoio de setores da igreja, especialmente a Cáritas Regio-

nal que apoia as atividades na área da infraestrutura dos quilombos e cursos de formação para jovens quilombolas e para quilombolas em geral. Os quilombos enfrentam vários problemas, entre eles: habitações precárias, água e esgoto sem tratamento, estradas sem infraestrutura, falta de postos de saúde, ou unidade móvel, alimentação inadequada, especialmente as pessoas com anemia falciforme, falta de registro de nascimento, falta de documentação de propriedade, falta de transporte escolar, grande número de analfabetos e, nas escolas, não há o cumprimento da Lei 10639/03 que obriga o ensino da cultura e da história dos negros na África e na diáspora das Americas. Os alunos quilombolas geralmente ficam segregados, ouvindo idéias eurocêntricas que não tem nada a ver com os valores civilizatórios africanos e afrobrasileiros. A escola brasileira contribui para baixa autoestima desses alunos, para seu pouco desempenho escolar e para sua evasão. Se os pesquisadores e militantes do movimento negro já conseguiram mapear 200 comunidades remanescentes de quilombos em terras gaúchas, a história do RS terá que passar urgentemente por uma releitura.

Nosso país foi signatário do documento final da Conferência Mundial contra o Racismo, a Xenofobia e as Discriminações Correlatas, em Durban, África do Sul, em 2001. O Brasil precisa urgentemente assumir uma política efetiva de reparações para com o povo negro e, entre essas politicas, as voltadas às comunidades remanescentes de quilombos, especialmente a titulação das terras quilombolas e as politicas públicas na área da educação, da habitação, da saúde, do saneamento básico e politicas agrícolas territoriais. Há no Brasil aproximadamente 4000 comunidades remanescentes de quilombos, enquanto o Estado Brasileiro, não assumir verdadeiramente as politicas públicas nos quilombos não teremos um desenvolvimento pleno em nosso País. 17


Entidades parceiras

Balanço 2009 - Cáritas RS

comissão pastoral da terra - cpt/rs

Romarias da Terra no RS

celebrando as lutas dos camponeses e camponesas

As romarias da terra no Rio Grande do Sul estão completando 33 anos de caminhada, resistência, luta e celebração. Nada menos que um milhão de romeiros e romeiras se envolveu nelas neste período. É um evento que não passa despercebido dos meios de comunicação social, das dioceses, vicariatos, paróquias e de qualquer cristão envolvido nas lutas populares. São muitos os protagonistas da história das romarias da terra sempre articulados em torno da CPT-RS. Nestes 33 anos, se fez uma rica aproximação com os pequenos do meio rural e urbano. Esse caminhar e apoiar a luta por vida e terra permite partilhar o caminho feito com as comunidades do Brasil. Tais romarias celebram caminhando e partilham denunciando. Quem acompanha seu desenrolar percebe nelas uma fé forte e uma luta constante pela vida. São percorridos diversos caminhos, mas sempre com o sentido de agregar forças à luta dos pequenos pela terra. Muitos temas foram trabalhados nas romarias, todos ligados à realida18

de e a situação que os/as trabalhadores/as vivem: Questão Indígena; Reforma Agrária; Jovens Rurais e a PJR; Atingidos por Barragens e Reassentamentos; Os Pequenos Agricultores e a Agricultura Familiar; Ecologia. São índios, quilombolas, movimento dos trabalhadores rurais sem terra (MST), atingidos por barragens (MAB), sem casa e sem teto (MNLM), gente da cidade, jovens da roça (PJR), assentados, mulheres (MMC), pequenos agricultores (MPA), fumicultores, catadores e ecologistas, militantes de movimentos populares, sindicatos (CUT), organizações populares e Igrejas No ano de 2010, tendo presente a realidade dos Quilombos foi realizado a 1ª Romaria sob essa temática que aconteceu na Diocese de Santa Maria, e com o desafio de unir pessoas e organizações, diversas forças vivas da sociedade, da Igreja e das Religiões de Matriz Africana. A romaria veio apoiar a luta quilombola e a resistência secular do povo negro, reconhecendo o direito das inúmeras famílias de origem quilombola pelo reconhecimento, demarcação e titulação de suas terras. As romarias da terra não são qualquer romaria, mas um espaço que unifica a fé e a luta do povo na busca de uma convivência menos conflitava e mais pacífica. As romarias dão força aos pequenos da terra, reunindo os

excluídos da sociedade e até a Igreja. Nelas, os pobres da terra podem dizer o que sentem, em sua própria linguagem. Não são palavras vazias. São expressões de vida, de caminhada penitencial, expressão do sentimento comum que perpassa a todos os que sonham com uma nova sociedade, começando pela reforma agrária, por uma convivência igualitária entre homens e mulheres e respeito aos direitos humanos. Ao contemplar a história e o rosto das romarias da terra, vimos sua beleza e jovialidade. Sua característica se mistura com o compromisso destemido dos agentes e das lideranças com o povo mais sofrido. Os trabalhadores rurais, as lideranças populares, os militantes sociais e políticos, os cristãos comprometidos com a libertação podem sonhar com a possibilidade de construir uma Terra Sem Males, que nossos irmãos indígenas e quilombolas tanto sonharam e buscaram. O povo se encontra e se encanta com as romarias da terra.


Entidades parceiras

Balanço 2009 - Cáritas RS

pastoral operária - rs

A importância histórica

da Romaria do Trabalhador e da Trabalhadora na Igreja do RS Nestes 23 anos de romaria não foi só um tempo de lutas, recuo da classe trabalhadora da cidade e do campo, mas foi um tempo de conquistas e de vitórias, mesmo que as classes dominantes tenham sempre levado vanagem, (famosa Lei de Gerson), em relação aos trabalhadores como nos mostra os recentes fatos históricos da supremacia do neoliberalismo. A romaria do trabalhador e da trabalhadora nestes 23 anos, foi um momento específico da atuação sócio-política da Igreja Católica na questão do mundo do trabalho e do mundo urbano que continua sendo um grande desafio para atuação da Igreja. Na romaria se abre um espaço onde se ligam intima ou expressamente os aspectos do campo simbólico e militância político-social. Insere-se numa perspectiva em que a Teologia da Libertação e o Ensino Social da Igreja são os principais teores da prática eclesial. Assim como se põe na perspectiva da árdua tarefa, quase ausente do horizonte das práticas sociais, de integração entre as lutas sociais, urbanas e rurais. Ou seja, está no encalço de uma mística para as lutas populares (para além das razões e motivações políticas ou dos interesses econômicos) , tentando gerar um sentido para as reivindicações sociais para além da diferença entre campo e cidade, das diferenciações dos trabalhadores. A romaria do trabalhador e da trabalhadora é uma forma peculiar da Igreja Católica e de outras (enquanto instituições ou em sentido amplo da perspectiva religiosa) manterem e especificarem seu espaço junto aos movimentos sociais, sindicais e populares. Pretende constituir-se em um elo de relação entre instituição e organização dos trabalhadores.

Para o monge Marcelo Barros, “as romarias populares revelam, mais do que qualquer discurso de denúncia, a realidade da vida do povo” (A Festa dos pequenos: Romarias da Terra no Brasil). É um momento que une a Fé e a Vida das pessoas que dela participam desse evento de fé esperança. A Romaria trabalha com toda a dimensão da vida e da fé do trabalhador do campo e da cidade. Na V Assembleia Estadual da Pastoral Operária do RS, em 1986, a conjuntura das cidades, principalmente da Região Metropolitana, Vale dos Sinos e do Paranhama, estavam sofrendo os efeitos do êxodo rural. Decide-se então fazer no ano seguinte a I Romaria do Trabalhador, como referência urbana e das lutas dos trabalhadores urbanos. As Romarias do Trabalhador e da Trabalhadora se converteram num grande espaço de fé, vida e esperança da classe trabalhadora urbana. Ela é um grande momento dos trabalhadores reafirmarem sua fé, esperança, compromisso e fortalecimento de sua caminhada em busca de um novo mundo do trabalho que é possível e necessário. As Romarias tiveram duas etapas: a luta e a conscientização dos trabalhadores urbanos, em busca de uma vida mais digna na cidade, com o direito a moradia e trabalho digno para todos e, na segunda etapa, em busca de novas alternativas de trabalho e renda, que derruba os muros do desemprego e que faça com que a classe trabalhadora da cidade e do campo, busque a sua

libertação e emancipação em relação às diversas formas de opressão e exclusão impostas pelo capitalismo cada vez mais excludente. To d o d i a o / a t r a b a l h a d o r / a empregado/a, desempregado/a, autônomo/a faz a sua peregrinação pelas vilas, bairros,ruas e avenidas de nossas cidades,em busca de melhores condições de vida. As romarias são sinais visível desta caminhada que une Fé e Vida dos trabalhadores. A Teologia da Libertação, contribuiu, assim como o Ensino Social da Igreja (ESI),por uma espiritualidade e mística,enraizada na caminhada e vida do povo de Deus e da classe trabalhadora de nossas cidades. A Pastoral Operária do Rio Grande do Sul busca, através das Romarias, a certeza de melhores dias e a construção de um mundo solidário segundo o sonho de Jesus, o carpinteiro de Nazaré, que se fez peregrino em nosso meio e no nosso dia a dia em busca de um mundo do trabalho mais humano e solidário.

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REDE CÁRITAS NO RIO GRANDE DO SUL A Cáritas está presente nos cinco continentes, atuando em 200 países e territórios. No Brasil, a Cáritas Brasileira foi criada em 1956 enquanto Organismo de Pastoral Social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e entidade de assistência social. Está presente em todas as regiões do país através de 12 regionais e 173 entidades-membros. No Rio Grande do Sul, a ação da Cáritas está presente na maioria das regiões através de 13 Cáritas Diocesanas organizadas e do Secretariado Regional com sede na capital do Estado. Secretariado Regional RS Rua Coronel André Belo, 452/3° andar Menino Deus - Porto Alegre - RS CEP 90110-020 (51) 3272-1700 caritasrs@caritasrs.org.br www.caritasrs.org.br Cáritas Diocesanas Ação Social Diocesana de Bagé Marcílio Dias, 1590 Bagé - RS CEP: 96400-970 (53) 3241 1701 caritasdbage@hotmail.com Cáritas Diocesana de Caxias do Sul Rua Emílio Ataliba Finger, 685 Colina Sorriso - Caxias do Sul - RS CEP: 94032-470 (54) 3211-5032 caritascaxias@yahoo.com.br Cáritas Diocesana de Cruz Alta Avenida Duque de Caxias, 729 Caixa Postal, 51 - Cruz Alta - RS CEP: 98005-020 (55) 3322-6920 caritas@comnet.com.br

a p oio

Cáritas Diocesana de Erexim Av. Sete de Setembro, 1251 Erexim - RS CEP: 99700-000 (54) 3522-3611 caritas@diocesedeerexim.org.br

Cáritas Diocesana de Rio Grande Vinte e quatro de Maio, 532 Bairro Centro - Rio Grande - RS CEP: 96000-200 (53) 323 1-9568

Cáritas Diocesana de Novo Hamburgo Rua Joaquim Nabuco, 543 - Novo Hamburgo — RS CEP: 93310-002 (51) 3593-1755 / 3035-4678 caritasnh@mitranh.org.br

Ação Social Diocesana de Santa Cruz do Sul Rua Ramiro Barcelos, 717 Caixa Postal, 86 Santa Cruz do Sul - RS CEP: 96810-050 (51) 3715-6971 asdisc@ibest.com.br

Cáritas Diocesana de Passo Fundo Rua Paisandu, 1868 Passo Fundo - RS CEP: 99010-102 (54) 3045 1262 caritaspf@terra.com.br

Ação Social Diocesana de Santa Maria Rua Silva Jardim, 1704 Santa Maria - RS CEP: 970 10-490 (55) 3219-4599 projespcooesp@terra.com.br

Ação Social da Diocese de Pelotas Avenida Fernando Osório, 1280 Bairro Três Vendas - Pelotas - RS CEP: 96055-000 (53) 3223-0828 caritas.pelotas@ig.com.br

Cáritas Diocesana de Santo Ângelo Rua Marques do Erval, 1113 Caixa Postal 1100 - Santo Ângelo - RS CEP: 98800-971 (55) 3313-5263

Secretariado de Ação Social da Arquidiocese de Porto Alegre Avenida Ipiranga, 1145 Bairro Azenha - Porto Alegre - RS CEP: 90160-093 (51) 3223-2555 secretariado@saspoa.org.br

Cáritas Diocesana de Vacaria Rua Ramiro Barcelos, 806 Caixa Postal, 03 Bairro Centro - Vacaria - RS CEP: 95200-000 (54) 3231-1373 caritasvac@m2net.com.br


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