Propriedade: A MÓ · Associação do Vale do Neiva (Cultural, Património e Ambiente) | Barroselas Janeiro 2019 | Mensal · Nº57 · Gratuito · Versão digital
Vila de Punhe
Natal em Vila de Punhe P. 2
Convívio de Natal de A Mó P. 9
III Milha Santa Eulália P. 3
De Guerra É Natal?! Cai a chuva, o frio e a Poesia… P. 4
Autarquia fez uma visita, À Sede de A Mó-Associação do Vale do Neiva P. 8 Neves
Fogueira de Natal aconchega o Largo das Neves P. 6e7
Geral
Entrevista
35º Aniversário do jornal Sr. "O Vale do Neiva" P. 12 António
da Silva Pereira
P. 13a16
Ambiente
Vespa Asiática ataca em força o centro do País P. 27
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Vila de Punhe
Natal em Vila de Punhe O Natal está quase aí e o espírito natalício vai crescendo com a vontade de criar e partilhar momentos de alegria. Foi neste contexto que a Autarquia de Vila de Punhe levou a efeito a 5.ª edição do Mercadinho de Natal, no passado fim-de-semana, dias 15 e 16 de dezembro, no Largo das Neves. A diversidade de atividades do seu programa, colocado à disposição da população local e forasteira, proporcionou muitas referências ao Natal pois foi este o propósito da Junta de Freguesia de Vila de Punhe, em parceria com o Núcleo Promotor do Auto da Floripes 5 de Agosto, ao criar e implementar este evento. Devido ao mau tempo que se fez sentir, as atividades para o dia de sábado ficaram prejudicadas, no entanto, à noite, na capela da Sagrada Família, localizada na Quinta dos Arrais, teve lugar um recital de Poesia e Música, com recitação de poemas, de vários autores, alusivos à época natalícia. A organização agradece a colaboração dos intérpretes e a amabilidade dos proprietários, D. Maria dos Prazeres Lages Malafaia e seu marido, Luís de Sá Malafaia, pela cedência da referida capela. No domingo, realizou-se, na parte da manhã, a III Milha Santa Eulália que contou com a participação de atletas de vários clubes do distrito. As atividades programadas para a tarde, tiveram como público-alvo as crianças que, depois de se divertirem com os póneis e brincarem nos insufláveis, festejaram a chegada do Pai Natal que, brindando-as com a entrega de lembranças, encerrou mais uma edição do Mercadinho de Natal. No Largo das Neves, iluminado com motivos natalícios, desde a abertura do Mercadinho de Natal, sobressai, ao centro, o grandioso presépio que já vai na sua 12.ª edição, e é resultante do empenho de um grupo de Vilapunhenses sempre dispostos a engrandecer a representação do nascimento do Menino Jesus Informação Autárquica
Ficha técnica | Diretor: Tiago Lima Redação: Domingos Costa · José Miranda · Manuel Lima · José Rafael Soares Colaboradores: Alcino Pereira · Cristiana Félix · Adriano Jordão Design e Paginação: Inês Guia Contacto redação: Avenida S.Paulo da Cruz, Apartado 20 - Barroselas · redajornalvaledoneiva@gmail.com Periodicidade: Mensal Formato: Digital Distribuição: Gratuita Os artigos de opinião são da inteira responsabilidade dos seus autores, podendo ou não estar de acordo com as linhas editoriais deste jornal.
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III Milha Santa Eulália Na manhã do domingo, dia 16 de Dezembro, realizou-se, no Largo das Neves, a III Milha Santa Eulália, promovida pela Junta de Freguesia de Vila de Punhe em parceria com o Grupo Juvenil de Vila de Punhe, e apoiada pela Câmara Municipal de Viana do Castelo, Associação de Atletismo de Viana do Castelo e Terapias Alexandra Carvalho. Esta prova, bastante concorrida, de participação gratuita, dirigida a todos os escalões etários e com prémio de par-
ticipação a todos os atletas, contou com a participação de vários clubes do distrito, nomeadamente: Grupo Juvenil de Vila de Punhe; CAAV-Centro Atletismo de Arcos de Valdevez; Garinos_Associação Desportiva Darquense; Ciclones Sanitop; Sira-Sociedade Instrução e Recreio Aldreense; CAOV-Clube de Atletismo Olímpico Vianense; Terapias Alexandra Carvalho; Qualy Química e Individuais. Da conciliação do bom tempo que se fez sentir e da excelen-
te capacidade da organização, esta prova resultou em mais um êxito desportivo para a
imagem da freguesia. Informação autárquica
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De Guerra É Natal?! Cai a chuva, o frio e a Poesia… Segundo o poeta, o Natal é quando um Homem quiser, ou quando almas gémeas se unem e polarizam em torno da Natividade, renascendo, continuamente, num espírito de comunhão. Foi Natal, no passado dia 15 de dezembro, na Capela da Sagrada Família, na casa dos Arrais, no Largo das Neves, em Vila de Punhe porque os proprietários, na pessoa da D. Maria dos Prazeres Lages Malafaia, partilharam o seu espaço familiar com a comunidade. E foi Natal… Integrada no Mercadinho de Natal, que já vai na 5º edição, a Junta de freguesia de Vila de Punhe e o Núcleo Promotor do Auto da Floripes 5 de agosto, presentearam-nos com uma sessão de poesia, uma verdadeira partilha de letras, sons, sentidos, emoções e sentimentos. E foi Natal… Foi dito o Natal de… Pedro Ho-
mem de Melo, de Guerra Junqueiro e de Fernando Pessoa… E foi Natal …com O(s) Presépios de Amadeu Torres e com a Mãe Nossa do Céu e a D)ele e Aquelas Suas
Mãos que nos aconchegam em todos os momentos! E também foi Natal porque, na época natalícia regressamos ao colo do Lar, como
o Fado das nossas vidas que nos incutem a maldição da Saudade (Armando Vieira Pinto). E Castro Gil deixa Mensagem aos Lavristas – Escultores de Vila de Punhe, e não só… que brasonados ou simples escrevem as estórias das suas vidas, dos seus natais com lágrimas de saudade quando estão longe da Terra- Mãe. Tomás Gonçalves, Alberto Quaresma e Conceição Gonçalves deram voz às palavras da poesia e estas transformaram-se em Natal com notas musicais porque foram acompanhadas pelo trompete do Tiago Peixoto! E….será Natal sempre que nós quisermos! A iniciativa teve lugar na capela da Casa dos Arrais e foi organizada pela Junta de Freguesia de Vila de Punhe e pelo Núcleo Promotor do Auto da Floripes 5 de Agosto. Maria Conceição Gonçalves
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N-Cooltura | Europa: (sempre) na encruzilhada tema para o debate em Barroselas A Europa é central na vida dos europeus e do mundo. Numa permanente encruzilhada, a Europa é um tema que merece e exige uma reflexão contínua que englobe vários atores e diferentes escalas e perspetivas. Em ano de eleições europeias, o N-Cooltura dá o pontapé de saída para a discussão sobre a Europa através de um debate que cruza as instâncias europeias com o poder autárquico e o cidadão comum. A segurança, a coesão e o bem-estar internos, bem como o papel da Europa num mundo
multipolar, impõem ao Projeto Europeu a definição do seu próprio destino. Isso é ainda mais necessário, quando a reflexão e ação são essenciais face às dificuldades como as que estão associadas às migrações, ao federalismo e soberania, às várias “Europas”, ou à democracia, perante o nacionalismo e o populismo. Estaremos todos de acordo, por certo, que a melhor solução não é o alheamento à nossa condição de cidadãos europeus, dado que a mesma nos confere direitos e deveres na construção de um proje-
to comum e em permanente atualização. Com lugar a 12 de janeiro de 2019 no Salão Nobre da Junta da União de Freguesias de Barroselas e Carvoeiro, a mesa redonda será moderada por José Alberto Rio Fernandes, Professor Catedrático na Universidade do Porto e Presiden-
te da Associação Portuguesa de Geógrafos, e contará com a participação de José Maria Costa, Presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo, e de dois eurodeputados, Francisco Assis e José Manuel Fernandes.
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Fogueira de Natal aconchega o Largo das Neves Quatro Lenhadores, entre os quais o Mordomo do Machado, Paulo Afonso, e um lenhador de cada uma das três freguesias, procederam à cerimónia inaugural da Fogueira de Natal que, depois de vários dias de preparativos e de inúmeras idas ao monte, teve início em pleno Largo das Neves, pelas 16 horas, do dia 22 de dezembro. Com a bênção do padroeiro São Pedro, realizou-se uma grande e longa Fogueira de Natal que cumpriu o desígnio de preservar a prática ancestral de reunir, em torno do calor e da luz do fogo, todas as pessoas que procurassem um momento de reflexão, de encontros, de reencontros e de confraternização numa quadra festiva e especial. Durante uma tarde e uma longa noite, os participantes puderam desfrutar de sabores gastronómicos (destaque para o tradicional vinho quente e sopa de burro cansado), da decoração e dos sons tradicionais das concertinas (Balugães), dos bombos (S. Sebastião de Darque), da gaita-de-foles (Gaiteirinho) e dos tambores, num espaço único de reunião, de comunhão e de convívio. Com uma equipa escalonada para o efeito, três lenhadores de Barroselas foram distribuindo os seis tratores de lenha pela Fogueira de Natal. E foi preciso chegar até às 5 horas, já do dia seguinte, para lançar
o último canhoto sobre a fogueira que foi ardendo, aquecendo e alegrando até ao dia 24 de dezembro. A iniciativa que se formalizou no passado ano, já tem novo mordomo. Depois do brinde, com “vinho quente”, dos três autarcas com o vereador Luís Nobre e toda a equipa
dos “Lenhadores do Largo”, o machado foi transferido pelo Paulo Afonso, numa cerimónia simbólica, para o novo “Mordomo do Machado”, Joel Monteiro, de Barroselas. A adesão, e mais do que isso, a satisfação dos presentes, demonstrou que o evento “Fogueira de Natal” é válido pelo conceito e
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oportuno pela data. O sucesso e o entusiasmo deste ano reforçarão as condições necessárias à continuidade de uma iniciativa que pretende um Natal em comunidade mais aconchegado, animado e harmonioso. Para o ano há mais e, provavelmente, a 21 de dezembro. Os organizadores, os Lenhadores do Largo, bem como os parceiros Núcleo Promotor do Auto da Floripes 5 de Agosto e a Associação Promotora, Padela Natural, agradecem a presença de todos os que marcaram presença e que apoiaram uma atividade que promove o encontro e a coesão comunitária.
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Ana Lima
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Barroselas e Carvoeiro
Autarquia fez uma visita, À Sede de A Mó-Associação do Vale do Neiva A Autarquia de Barroselas e Carvoeiro, fez uma visita à Sede de a Mó no passado dia 06 de dezembro de 2018. Estiveram presentes, o Presidente da Junta de Barroselas e Carvoeiro, Sr. Rui Sousa e a Tesoureira, Sr.ª Natália Ferreira. A Sr.ª Presidente da Assembleia, Maria Alice Ribeiro, deu as boas vindas aos Autarcas e, abriu a sessão, para aprovar o Plano de Atividades e Orçamento para o Ano 2019. Discutido e aprovado, a Sr.ª Presidente da Assembleia, passou a palavra ao Sr. Presidente da Autarquia que, no decorrer do seu discurso, aproveitou para enaltecer o trabalho desenvolvido pela Associação. No seguimento do seu discurso, aproveitou para referenciar projetos da Autarquia tais como:- Apoio às Associações tanto culturais, como recreativas, da nova estrada que vai a ligar Barroselas à A 28 e por último, dos trabalhos de requalificação da estrada que atravessa o lugar do Sião. Findo o seu discurso, o Sr. Presidente da Associação, José Maria Miranda, convidou os Autarcas, para se inteirarem de novos investimentos na Sede de A Mó, sobretudo os que sofreram diretamente apoio da Autarquia. Finda a apresentação, a Direção da Associação, ofereceu um Porto de Honra a todos os presentes que, em salutar convívio, viveram-se momentos de troca impressões, alegria e encontros. A Direção de A Mó, agradece a presença simpática dos associados, bem como, da Autarquia de Barroselas e Carvoeiro. A todos um Próspero Ano 2019. José Miranda
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Convívio de Natal de A Mó No dia oito de dezembro de dois mil e dezoito, a Associação A Mó, realizou no restaurante Sol Doce mais um Convívio Natalício para os seus associados. Este ano, as entidades, fizeram-se representar conforme se indica:- Ex. mo Sr. Hélder Duarte pela Câmara Municipal de Barcelos, Ex. mo Sr. Rui Sousa, Presidente da Junta de Barroselas e Carvoeiro, Ex. mo Sr. José Dias, Presidente da Junta de Durrães e Tregosa, Ex. mo Sr. Joaquim Ferros, Secretário da Junta de Durrães e Tregosa e a Ex. ma Sr.ª Andreia Castro, Tesoureira da Autarquia de Durrães e Tregosa. A cerimónia, decorreu dentro de um espirito puramente familiar, onde a alegria, bem estar e camaradagem foi tónica dominante. A Direção, promove anualmente este tipo de eventos, com o objetivo de reconhecer o esforço e dedicação que, os seus associados, prestaram ás atividades em que estão integrados, nomeadamente:Secção de Teatro, Modilhas do Neiva(Cantares tradicionais), Secção Ambiental e o Jornal O Vale do Neiva. Também, tem por finalidade, agraciar as Entidades Concelhias, locais e empresariais da região que, nos apoiam e continuarão a apoiar, nas mais variadas vertentes. Um bem haja, e que o ano dois mil e dezanove traga tudo de bom, tanto para a nossa Instituição, como para todos os seus associados. Próspero ano 2019. José Miranda
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Religião
Extratos da vida da Irmã Maria da Conceição Pinto da Rocha (nº. 25) Domingos Costa domingosdacunhacosta@gmail.com
Por ser o primeiro mês do ano civil de 2019, julgo importante, divulgar neste artigo, frases testemunhais de diversas personalidades, que com Maria da Conceição conviveram. Testemunho de um Sacerdote não identificado no livro: Maria da Conceição era “… realmente uma alma toda de Deus, uma verdadeira serva do Senhor”. Uma religiosa, não identificada, que seguiu a Serva de Deus: “Quanto mais convivia com ela mais a ia apreciando duma autêntica virtude e duma irradiação sobrenatural qua atraía a si todos quantos se aproximavam dela. Ouvi-la falar de Nosso Senhor dava consolação; o seu semblante transformava-se e via-se nela o reflexo do que lhe ia no seu íntimo, querendo abrasar as almas naquele fogo em que se sentia invadida!” Depreende-se claramente que, Maria da Conceição ao se entregar totalmente a Deus, por perfeita indivisibilidade, mantem uma luta constante - até esgotar as suas forças físicas e mentais -, pela conversão dos desavindos e refratários. Dado ser, sua inequívoca intenção, “… converter todos os pecadores, pois eram a causa do sofrimento do Senhor”.
Outros testemunhos de pessoas que com ela primaram, relatam a sua intrínseca força física e espiritual, o sincero amor à causa de Deus / humanidade; são revelados valores como sobrenaturais; de olhar penetrante; possuindo “… uma inteligência tão viva que parecia conhecer o íntimo das almas”; a sua transbordante felicidade era encontrada na bondade, caridade, no afago, na fé, de mãe boa e dedicada mensageira da palavra de Deus. Seguidamente, o testemunho de um Bispo: “Não posso esquecer a dedicação que sempre teve para com o Seminário das Ursulinas, Padres do Espírito Santo, desde que para lá fomos em 1922”.
Maria da Conceição conservou também profunda recordação das santas e generosas disposições em que sempre viveu. Toda a sua vida foi de muito sofrer, mas sempre com perfeita resignação e espírito sobrenatural. “Não podemos duvidar de que o Senhor a tenha na sua glória”. Sublinho, agora, um testemunho de um sacerdote religioso: “Sinto que a morte da D. Maria da Conceição deixou na orfandade muitas pessoas, pois viam nela uma Mãe boa e dedicada, e entre essas pessoas, estão certamente os Passionistas de Barroselas e quantos tivemos ocasião de trata-la de perto e sentir as efusões da sua grande caridade para com todos, mas
principalmente para connosco, pobres religiosos desconhecidos e estrangeiros que nela encontramos sempre um coração maternal cheio de bondade, sempre disposto a fazer bem e tratar dos nossos assuntos como se diretamente lhe pertencessem”. Muitos outros testemunhos de sacerdotes de diversas Congregações. Também de pessoas individuais de Lisboa, Mealhada, Porto e Viana do Castelo que poderia mencionar. Todavia, destacarei em forma reduzida, duas, sem menosprezar as restantes. Anoto parte do registo de uma senhora da Mealhada: “Quem se abeirava dela em sofrimento não partia sem lenitivo (…) quem lhe batia à porta, não ia sem alguma coisa (…) chegando a ficar sem o necessário para o sustento da casa (…) os seus pais e irmãos faleceram com doenças graves e incuráveis, mas ela a todos assistiu e viu partir…” Uma Senhora de Lisboa dizia que a sua fé era invencível. Dava a conhecer ao mundo o amor por Deus, sem que ela desse por isso. Outra Senhora de Lisboa diz que Maria da Conceição era alma de fé e oração. Finalizo com uma frase de Maria da Conceição: “Quando se vive a vontade de Deus, essa vida transforma-se em muitas vidas, fazendo viver na fé os nossos irmãos”.
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Conferência na Casa de Viana do Castelo da Congregação das Irmãs Reparadoras da Santa Face Domingos Costa domingosdacunhacosta@gmail.com
No dia 18 de novembro, decorreu nova Conferência na Casa de Viana do Castelo das Irmãs Reparadoras Missionárias da Santa Face.
Prezado leitor, início a mensagem a abordar os leitores, que, esta, como todas as outras mensagens que divulgo, bem como outras que sejam publicados noutros meios de comunicação social, possa contribuir – na sensata razão - para a “CAUSA DE CANONIZAÇÃO DA SERVA DE DEUS – Maria da Conceição Pinto da Rocha, Fundadora das Irmãs Reparadoras Missionária da Santa Face”. Avançando agora para o tema da Conferência, anoto que o Sr. Pe. Armando Dias, foi o orador. Depois da prece inicial, falou do amor, dos afetos, da partilha e Teologia, temas importantes da Religião neste período do “Advento”. Para sintonizar a plateia iniciou a palestra recorrendo ao outono. Lembrou que, embora muitos o não considerem desejado, no entanto, as quatro estações do ano são muito importantes. Seguidamente vinculou que nesta quadra, são marcantes e deveras importantes, as transformações de cenários que todos os anos ocorrem. Falou das incertas e mágicas condições
climáticas, que no contexto, gradualmente alteram as cores verdes das folhas das arvores em folhas caducas, ou seja para tons amarelados e outras avermelhadas. As quais, como que a dizer adeus à sua vida, em virtude de brevemente desapegarem-se da sua progenitora, e consequente a morte. Rematou a introdução: “é a natureza com os seus ciclos”. Com mestria, levou-nos a entender que a natureza, tem o dom de nos ensinar a ter Esperança. Ou seja, a viver em consonância com o Advento. Para assim, entrar e viver este ciclo de vida com mais reflexão. Porque, o Advento, considerado por nós condições atmosféricas adversas, convida-nos exatamente a meditar em profundidade, de forma a lembrarmo-nos de ouvir o semelhante, respeitar a justiça, e, certamente, lembrando-nos a morte. De inabalável carinho, enalteceu Deus, falou do infinito e ternurento amor pela
humanidade, da incessante intenção de proteger e zelar por todos nós. Sensibilizou-nos de seguida, que é muito importante estarmos atentos, porque, vale muitíssimo mais o conhecimento de Deus, que o sacrifício, dado que, o sacrifício, até pode não ter nenhum sentido. Continuamente alertou, que o sacrifício é justificável e com sentido da querença a Deus, quando é, a expressão do amor, com um pormenor: Nunca, com o sentido de economizar. Disse ainda, que, ao aceitar de bom grado este princípio, a moral é elevada e, por inerência, a vivência torna-se espiritualmente afável. Com estimulado querer, lembrou que é ne-
cessário ter presente, que o Advento, é um período que compreende quatro domingos, exatamente por isso, deve ser vivido mais intensamente, na componente Espiritual. Por isso, não nos devemos esquecer de a cada momento nos lembrarmos de Deus, que Ele existe, e que está presente na nossa vida. Também, devemos rezar. Rezar em jeito de jaculatória, ou seja, com orações curtas, mas, fervorosas. Só assim, é que se tem o prazer de estar em linha aberta com Deus, e de concentração harmoniosa com as bem-aventuranças. Com ênfase lembrou que a Santidade depende exclusivamente do amor. Do nosso amor. O que, quer dizer, viver sãmente, com alegria, falar verdade, utilizar gesto afáveis, ter paciência com todos, mimar o menos mimado, comer fraternalmente em família, encaminhar sempre que possível as conversações em nível positivista, dar e ter o amor de mãe, o amor de amigos, e, creio oportuno acrescentar, ter o prazer de cozinhar uma vida cristalina. Finalizou a Conferência, dizendo: “A Caridade e Amor, Purifica-nos”. Presenteio os leitores com mais um pensamento de Maria da Conceição Pinto da Rocha, a devota “Serva de Deus”: - “Não me pertenço, caminho pelas verdades do Evangelho, por ele dou a vida, morrendo a mim mesma a toda a hora”.
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35º Aniversário do jornal “O Vale do Neiva” Que esta minha modesta mensagem, sirva de Homenagem Póstuma, ao Sr. Manuel Delfim da Silva Pereira No mês de janeiro do ano 1984, foi apresentado nas bancas um novo jornal, “O Vale do Neiva”. Este meio de comunicação social, esteve ao serviço da cultura Portuguesa, até ao mês de janeiro de 2002. Concretamente esteve ao serviço cultural 19 anos, com 183 edições. O Proprietário e Fundador, deste prestigiado jornal, é Manuel Delfim da Silva Pereira, e o primeiro diretor, foi Ismael Oliveira Carvalho até janeiro de 1985, de fevereiro de 1985 até março de 1999 foi Marçal de Almeida, de abril de 1999 até janeiro de 2002 foi Rogério Barreto. A Redação e Administração era no Lugar da Foz – 4905 – Barroselas
O jornal, reiniciou com o mesmo propósito, no dia 5 do mês de maio de 2014, com a determinada e corajosa Diretora, Ana Patrícia Lima, porém, em formato Digital até janeiro de 2018. A Diretora Ana Patrícia, por motivos extremosamente pessoais - abdicou da direção com profunda tristeza. No mês de fevereiro de 2018, passou a ser como diretor, seu irmão Tiago Lima. O qual, tem mantido o mesmo rigor, empenho e determinação, como a anterior Diretora. Este jornal, iniciou com nova contagem da numeração, - novamente -, com a edição nº. 1. Com agrado digo que, desde que reiniciou, tem mantido uma tiragem regular até aos dias de hoje. O Fundador Manuel Delfim, conhecido pelo nome de (Necas),
Primeiro exemplar do jornal "O Vale do Neiva" - Janeiro de 1984
em nota editorial no primeiro número, faz diversos agradecimentos: enaltece este bem cultural, e, com manifesta vontade de se “manter ao serviço da cultura, até quando todos quiserem”. São estes, e muitos outros valores, que revelam o Necas, como um homem audacioso e promissor. As suas características são profundamente dotadas de princípios, de sabedoria e de encontro a expoente elevado dos valores da ética, do respeito, de amar o próximo. É necessário ter ainda em consideração que o “Necas”, nasceu no seio de uma família saudável e dócil a nível físico e espiritual. Em forma muito bem doseada, foram-lhe ministrados valores religiosos, que ele, respeitou e aceitou, cultivou, e integrou-os na sua vida. O Necas, diz, que o jornal tem, “algo de importante a dizer às coletividades e Associações Culturais": • Falará de música, de cinema • De Teatro e Desporto, • Artesanato e de Arte, • Agricultura e defesa do meio ambiente, • Saúde, ensino e Literatura, • E sobretudo recolher e defender o nosso Património cultural. Diz que será, um jornal aceso e polémico com diferentes pontos de vista, culturais e ideológicos, e que acima de tudo saiba erguer os ideais do progresso e Liberdade”. Sublinha não ser “um jornal comodista, é contra o obscurantismo, e sobretudo um despertador de iniciativas e realizações”. Apela “à participação, de todos com opiniões, sugestões, críticas e contos". A “todos convida a conhecer o Vale do Neiva, dizendo que é belo, carinhoso fascinante e virgem”. O apaixonado pela cultura -
Manuel Delfim da Silva Pereira
José Delfim da Silva Pereira -, logo no primeiro jornal, recorre a pessoas mais velhas -, no caso a Sra. D. Beatriz Martins da Silva, sua mãe, para recolha de provérbios, expressões populares e apelidos de Barroselas: Provérbios • “Só vai mau tempo, quando vai vento. • A música aprende-se com baba e não com barba. • Quem não se farta ao comer, não se farta ao lamber. • Vinho de março vai pró cabaço, vinho de abril vai pró barril. • Mais vale canhos de eira, que ganhos de tecedeira". Expressões • Pareces o diabo em figura de gente (=sentido de mau). • Em casa do diabo mais velho (= longe). • Do que rezava a Santa (= o que era de costume). • Vender as penas aos pássaros (= vender caro, e de tudo). • Dar as asas ao minhoto (= refere-se geralmente, a plantas que murcham). Dando sequência a esta, efeméride, apresento de seguida, a entrevista que fiz ao Sr. António da Silva Pereira, irmão mais velho do fundador deste prestigiado jornal Domingos Costa
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Entrevista
Entrevista ao Sr. António da Silva Pereira Presado leitor, nesta entrevista, não são colocadas as perguntas, a fim de a não tornar fastidiosa. O António nasceu a 26 de outubro de 1940, no lugar da Foz, na ponta mais a Sul do mapa de (Capareiros), hoje Barroselas, pertinho do rio Neiva. Na sua entrevista, inicia por dizer que sobre os pais, diz que pouco antes de casarem, compraram uma casa e quintal, para onde foram viver após o casamento. Relativamente ao nascimento dos filhos, diz que naquele tempo, não havia maternidades como atualmente, portanto, sua mãe deu à luz – todos os filhos - no próprio quarto onde o casal dormia. Disse, que segundo informações colhidas mais tarde, foi a avó paterna, que assistiu ao parto de todos os filhos. Refere que dos bisavós, quer da parte da mãe como do pai, não tem recordação alguma. Já, dos avós, tem. Dos maternos, diz que sua mãe, nasceu e residiu antes de casar no Lugar das Neves – Mujães. Depois, já casada, passou a viver em Barroselas, no já referido lugar da Foz, longe de seus pais. Como a separação traduz saudade, quando tinha disponibilidade, dirigia-se às Neves para visitar a família, particularmente sua mãe, - conhecida como mãe de Baixo – com quem conversava muito. Recorda, que quando criança, acompanhava a mãe às Neves, e, foi assim, que o António conheceu a avó Maria e também o avô João, ou como eram conhecidos pelos netos “o pai e a mãe de baixo”. Recorda ainda de sua mãe, chamar à sua própria mãe, mãe de baixo. Do avô João, lembra, que quando criança, sempre que se encontrava com ele, era questionado com perguntas que o deixava admirado e curioso. À tardinha, pelo caminho de regresso a casa, perguntava à mãe se aquilo que o avô dizia era verdade. A mãe dizia que o pai de baixo, gosta de fazer rir. Numa ocasião, o avô João, acompanhou-o até junto da parede do quintal lado norte, e disse: olha meu menino, vai passar aqui uma estrada, para passarem os tanques para a guerra. Hoje a estrada nova. Com a idade a oscilar, nos 11 ou 12 anos, o António, teve uma crise de albuminina muito forte. Depois de uma consulta com o Sr. Dr. Garção Gomes, - médico na Casa do Povo – efetuou uma dieta muito rigorosa. De início só leite, depois leite e laranjas, e só mais tarde é que teve autorização para comer batatas sem sal. Pelo atrás citado, disse que, todos os dias se deslocava às Neves, levando consigo urina da noite para ser analisada, e também, para ser consultado pelo Sr. Doutor. O consultório, situava-se um pouco acima da antiga farmácia, numa casa antiga, muito próximo da casa da avó. Da avó (a mãe de baixo), tem uma recordação muito grande e especial. Como o tratamento que efetuava, foi dando resultado positivo, já podia comer batatas cozidas sem sal e mais tarde sopa sem sal. A partir desse momento, é surpreendido pela afetuosa e generosa mãe de baixo. Vejamos: depois da consulta, esperava-o fora do portal, para lhe dar de comer, porque, era sempre perto do meio dia que regressava a casa, e assim, vinha saciado. Ainda hoje recorda com muita saudade, a mãe de baixo, senhora idosa, e muito bondosa. Também diz, que por ser o primeiro filho do casal, foi muito mimado. Alem de acompanhar a mãe às Neves, também acompanhava o pai, quando – por razões diversas -, ia a casa de sua mãe Rosa, (a
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madrinha para os netos). Disse que seu pai, habitualmente trabalhava no engenho. Porém, do fim do mês de junho até ao princípio ou meados de outubro, ia trabalhar para o coberto-oficina de sua mãe. O coberto-oficina localizava-se à face da estrada, onde as pessoas passavam para a feira. E, ao passar, faziam as suas encomendas, tanto de pipas como de valsas para acondicionar o vinho. Sublinha que mais tarde, seu pai, optou por se manter a trabalhar continuamente no engenho, e quem quisesse alguma encomenda, teria que se deslocar ao referido engenho. Porque, o coberto-oficina, a partir dessa altura, passou a ser utilizado pelo seu tio José. O qual, trabalhava por conta própria, no fabrico de carros de bois e vasilhas. Em face da vida muito preenchida de seus pais, disse que, – enquanto criança - no período do verão, ia para a casa de sua avó (madrinha para todos os netos) durante várias horas, Mas, era a sua tia Judit, ainda mulher solteira que se ocupava dele, muitas vezes andava com ele ao colo. Na mesma casa, vivia desde criança o seu primo Abel, que era mais velho. Com uma particularidade, o António acompanhava seu primo para todo o lado, tanto nas brincadeiras, como tratar dos animais. Adiantou ainda, que o seu primo, até andava com ele aos ombros. Daí, resultou, uma imensa amizade como adultos. Sublinhou ainda, que estes episódios sucederam quando tinha entre 4 e 6 anos de idade. Porque, depois, com a ida para a escola, muita coisa mudou. Sobre o avô paterno, disse não o conhecer, devido ter falecido no
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ano de 1936, antes do seu nascimento. Falando agora de sua mãe, disse que era uma mãe lutadora. Dado que, além de se ocupar dos filhos e de todos os cuidados da casa, tratava ainda do quintal, e, ainda, era comerciante: negociava galinhas, frangos e coelhos. Salientou de seguida, que sua mãe, foi mãe de nove filhos. No período seguinte à natalidade, recorria a ajuda externa, particularmente, quando era solicitada, para se deslocar às residências das lavradeiras no sentido de efetuar negócios de galinhas ou outros, assim como, às quartas feiras, quando se deslocava à feira, para levar, e posteriormente negociar com as suas irmãs, Maria ou Ana, o que tinha comprado. Era exatamente nestas alturas, que recorria - em dias pré-determinados - a uma jovem vizinha, e mais tarde uma jovem sobrinha de sua mãe, a fim de guardar os filhos e completar as lides de casa. Anotou ainda, que havia uma jornaleira, que de quando em vez, era solicitada para trabalhos no quintal e muito especialmente quando andava grávida. Acima referiu que a mãe era uma lutadora, e era, porque, gerir uma casa com uma família tão numerosa, tratar do quintal e sabiamente conciliar o seu negócio, é de fato uma legítima lutadora. Chegou o momento de falar de seu pai. Iniciou por narrar, que com ele, era diferente, dado que, trabalhava por conta própria no engenho de serração, por conseguinte, enquanto criança, só convivia com ele na hora do almoço e à noite, ou ainda quando o levava à avó. Sintetizou de seguida, que com seu pai, havia um grande respeito, todavia com sua mãe era mais fácil. Mas, sua mãe, para estabelecer ordem numa família numerosa, era necessário haver severidade na educação. Quando concluiu o ensino obrigatório (quarta classe), foi trabalhar com seu pai para o engenho, mas, em funções diretamente proporcionais à sua idade, até porque, no engenho, havia sempre trabalho a efetuar de menor ou maior esforço. Contudo, como era pequeno, também havia algumas brincadeiras. Nos primeiros tempos - de trabalho -, não havia discussão possível, era obedecer às ordens e mais nada. Só quando foi atingida a idade de adulto, as conversas eram um pouco diferentes, já tinha a liberdade de dar o seu ponto de vista. Mas, sempre dentro de um certo respeito, de filho, para pai. Voltando à sua infância, disse que eram os seus quatro irmãos com idades mais chegadas, serem os companheiros das brincadeiras e rebeldias, mas tudo sempre com o cuidado de não caírem na alçada da justiça “da mãe”. Sobretudo, se as coisas des-
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viassem para forte asneira. Disse que, com os irmãos, havia uma certa cumplicidade e tudo se passava mais ou menos bem. Todavia, sempre com o cuidado para que as asneiras graves nunca chegassem ao conhecimento da mãe. No entanto, quando isso acontecia, havia sempre um elemento do grupo, que se ocupava de furar o – segredo – pacto, e, a mãe, era a juíza. Com ainda, uma particularidade, a pena era de imediato dada, bem como, obrigatoriedade de a executar. Acrescentou que sua mãe, era como um filtro, por isso, raramente o pai intervinha. Disse, que se recorde, só houve justiça ou injustiça severa, três ou quatro vezes, devido a informações falsas vindas do exterior, ou seja, nem sempre correspondiam à realidade dos fatos, mas originaram fortes punições. Seu pai sempre disse, e, muitas vezes, a todos os filhos: vocês veem acolá – no quintal do vizinho –, aquelas maçãs ou peras? Não são nossas, portanto, ai daquele que se atreva a saltar o muro, para as ir lá buscar. Recorda que, no caso dele, tinha muto respeito e obediência às ordens que lhe eram dadas. Anotou que, num certo dia, quando caminhava para o engenho, dois cães, saltaram do quintal da vizinha e perseguiram-no a ladrar. Começou a correr em direção ao engenho na tentativa de fugir deles, mas, como levava calçado umas chancas de ponta e calções, tropeçou e caiu, esfolando os joelhos. Levantou-se, e correu os cães à pedrada, seguidamente, prosseguiu a sua caminhada até ao engenho. O troco da medalha surgiu: era - verão -no tempo de dormir a sexta, e, quando seu pai seguia na rua, a vizinha intercetou-o, dizendo que seu filho apedrejou seus cães. Seu pai, quando chegou ao engenho para trabalhar, a primeira coisa que fez, foi aproximar-se do filho com uma régua para o esquentar, porém, como se apercebeu a tempo, fugiu. Seu pai, bem apelava para voltar para traz, mas continuou a fugir até casa. Seguidamente, contou a sua mãe a ocorrência. Sua mãe, disse para não ir trabalhar, e que, ia analisar a situação. À noite, quando seu pai chegou do trabalho, sua mãe dirigiu-se de imediato a ele, e disse: Delfim, não toques no rapaz, porque a Arminda não te disse a verdade, vê como teu filho tem os joelhos. Ela que prenda os cães. É uma cabaneira que só diz intrujices. Não houve punição por desobediência, todavia, foi um caso, bem excecional. Da ida para escola, asseverou não se lembrar do primeiro dia. Mas disse, que chorou muito quando o informaram para ir com o seu primo Davide da tia Guiomar, efetuar a matrícula. A partir desse momento não se recorda de mais nada, a não ser, de um rapaz chamado Tomaz, que vivia um pou-
co mais acima no sentido da escola, que o acompanhava. Entrou para Escola Primária no dia 7 de outubro de 1947, e saiu com o exame da quarta classe feito – aprovado -, no dia 28 de junho de 1951, ainda com 10 anos de idade, pois, fazia os 11 anos, no dia 26 de outubro. A escola que frequentou era a antiga escola da Igreja, dita dos rapazes. Hoje, sede da Associação dos Reformados e Pensionistas de Barroselas. Acrescenta que, a sala de aulas, localizava-se no rés-do-chão, lado nascente. Sobre o horário das aulas, adiantou que, começavam às 9 horas da manhã até às 12 horas, com intervalo de recreio, e das 13,30 até às 15 horas O seu Professor, foi durante os quatro anos, o Sr. Anselmo de Araújo. Com mágoa diz que, as recordações que tem de criança na escola, não são nada boas, porque, o Professor, batia-lhe muito. Lembrou, que um dia de manhã, estava tão enervado com ele, que, com a ponta do lápis, feriu o lóbulo da orelha, escorrendo o sangue para cima do ombro, e ensanguentou a camisa branca. De seguida, - o Professor -, chamou a senhora Eva, que era a funcionária de serviço da escola, para eliminar todos os vestígios de sangue. Sobre o seu lugar dentro da sala de aula, diz que era a segunda carteira à direita, visto da secretária do professor. O seu companheiro de carteira, era o Augusto Maciel, que residia no lugar do Sião. Por vezes, acompanhava-o da escola, quando vinha para casa, pelo referido lugar. Como disciplinas preferidas, destaca: Matemática e Desenho. Explicou, que na disciplina de desenho, era o segundo melhor aluno. Seu professor de Desenho, era o Senhor Leandro. Sublinha ainda, que a maior parte dos modelos em louça, eram trazidos pelo Marcos Correlhão, que, também era, companheiro de classe entre outros na 3ª e depois na 4ª. Classe. Recorda ainda, o Diogo Santos, Mário Jorge da Quinta da Foz, José Dantas, Olindo Torres e outros, que já perdeu a memória. Com sensível orgulho, ainda conserva embora faltem algumas folhas - o seu caderno de desenho. A nível de Matemática, sublinha que fazia contas de dividir com 2 ou 3 algarismos. Sua mãe, dava-lhe sempre algum dinheiro para comprar figos na venda do João Figueiras, e, metia-os na saca da escola, para os comer com a refeição do meio dia. Quando o Tomaz o encontrava, dizia-lhe: Tone dá-me um figo, o António dava, e ele de seguida dizia-lhe, Tone, com este que te tirei, faz dois. O Tomaz era mais velho, e mais matreiro. A distância entre a casa dos pais e a es-
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cola, era cerca de dois quilómetros e meio. Percurso que fazia a pé todos os dias, só, ou acompanhado com outros rapazes que encontrava no caminho, alguns do lugar das Alvas. Isto no primeiro ano, porque no segundo ano, o irmão José já lhe fazia companhia, ou seja, faziam companhia um ao outro, mais os que, se juntavam pelo caminho, rapazes ou raparigas, quase todos da mesma idade. Com ênfase destaca, que naquele tempo, propriamente não havia trânsito na estrada como hoje, portanto, a estrada era toda deles. Alude que, quando ia para a escola, não havia tempo a perder, porém, de volta a casa, havia dias que com a brincadeira, só chegávamos a casa por volta das 5 horas da tarde, tendo em conta que a escola terminava às 3 horas. Ou seja, nessas duas horas jogavam ao ferrinho, ora na estrada a baixo, ora na estrada acima. Mas, o curioso, que bem se lembra, havia por parte de todos os pais uma tal confiança, que nenhum reclamava o excesso de tempo no regresso a casa. Lembra-se que, tinha um vizinho a trabalhar na Serração Domenek a terminar o seu trabalho às 5 horas da tarde, e de regresso a casa, ultrapassava-os na sua bicicleta. Mas, nem sempre a viagem de regresso a casa, demorava tanto tempo, porque, havia um rapaz mais velho na escola, e quando vinham com ele, regressavam direitinhos a casa. Salientou que, quando demoravam mais tempo de regresso a casa, sabiam que, de-
Na procissão da Senhora de Fátima - Maio 1998
pois de chegar, tinham de executar todas as tarefas habituais. Por exemplo, ir à fonte buscar água para encher o pote, que posteriormente essa água era aquecida, e tinha como finalidade garantir uma reserva suficiente para o consumo da casa. Também tinham – para ter reserva de água fria - , de encher no máximo de capacidade, o cântaro que se encontrava na cozinha. Ainda fazia parte das tarefas, apanhar comida para os coelhos, trazer lenha para a lareira, e, mais tarde, fazer os deveres escolares. Os quais, no dia seguinte, teriam de os mostrar ao professor. Quando terminou a 4ª. Classe, as férias foram curtas, muito curtas. Porque, como atrás referido, foi trabalhar com seu pai no engenho. Com uma particularidade, o trabalho era atribuído em consonância com a idade, que a cada momento tivesse. Relembra que, para seu pai, era obrigatório, que todos os seus filhos fizessem o exame da 4ª. Classe. Portanto, nunca se falou, fazer o exame de admissão ao ensino superior no sentido de continuar a estudar. No entanto, se tal tivesse acontecido, a paixão do António, seria licenciar-se em Engenheiro de Máquinas Industriais, ou, Doutor de Oftalmologia Recorda que, seu pai, iniciava o trabalho sempre cedo, entre as 6 e as 7 horas da manhã. Por isso, cerca das 8,30 horas a sua mãe levava o pequeno almoço dentro de uma cesta a seu pai. O qual, constava de sopa, pão e vinho, e o presigo, era composto por pasteis muito simples com ba-
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calhau, ou sardinhas, ou ainda outra coisa que fosse simples de preparar. A partir do momento que o António foi trabalhar, e, como ia mais tarde, levava o pequeno almoço para seu pai. Disse que, começava a trabalhar às 9 horas e ao meio dia regressava a casa juntamente com seu pai, para almoçar e, trazia de volta a cesta do pequeno almoço. No inverno depois do jantar, como antigamente se dizia às 13 horas, regressávamos à serração. No entanto, no verão, o pai ficava em casa a fazer a sexta – coisa que não prescindia -, e, o António, como não ia dormir, quase sempre ia para o engenho e até às 14,40 horas, fazia algumas brincadeiras em madeira, é claro com a ajuda de um empregado que se mantinha a trabalhar no hora do meio dia, por acordo estabelecido, entre o seu pai e empregado. Isto porque, a serra para fazer o percurso de 2,66 metros demorava algum tempo. Por isso, permitia que o funcionário comesse a sopa. Embora, fosse necessário, interromper a refeição algumas vezes, para retirar a tábua serrada, e ativar a serra para serrar a tábua seguinte. As engenhocas que fazia, eram umas simples rodas de ombro para correr mais depressa, ou outras, que eram acionadas com força hidráulica da roda do engenho. Recorda-se de fazer uma pequena azenha com mós em cortiça, também se lembra, de fazer um engenho – ou imitação – que acabou em pedaços, quando a correia que era afinal uma corda fina, se colou à linha
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de força com a resina que lhe tinha metido, e depois, com a velocidade da mesma, acabou ali mesmo. Lembra-se de um carrinho de quatro rodas, e já com volante, que no caminho junto à casa dos pais, hoje rua da Balsa, fazia o encanto de todos os rapazes do sítio, e do seu tempo. Era nesse local, ou na estrada junto à venda do Sr. Figueiras, que, todos passavam os domingos de tarde, agora empurras tu, agora empurro eu, e, assim à noite, era só dormir, porque, o cansaço era grande. Também se lembra de ter construído uma roda de ombros, que tinha um guiador metálico e curvo, como um guiador de bicicleta de corrida, o guiador foi oferta do seu primo – serralheiro - David Pereira, o resto era constituído em madeira e toda ela muito bem pintada, ou seja, a rigor. Essa roda, tinha um ventilador que funcionava através de uma correia acoplada à roda, portanto, quanto mais se corria, mais bonito era o movimento. A roda estava identificada com o nome de António, e data, pintado com tinta. Disse, era uma roda, top dos top. Com nostalgia recorda, que essa roda, acabou nas mãos de um primo seu. Disse, era um mimalho, e que ainda hoje lamenta. Mas isso, é outra história. Salienta ainda, que houve muitas mais engenhocas, sobretudo no melhoramento da fabricação ou produção na oficina. Houve mesmo uma, que foi um verdadeiro marco, na fabricação dos cabos de forquilha com asa de madeira. Essa maquineta, - que tem cerca de 60 anos de vida -, foi uma invenção do António, e com orgulho, ainda hoje a conserva como relíquia. Apenas um senão: o bicho da madeira, está a dar conta dela. Relativamente à sua atividade profissional, o António disse, que foi no engenho de seus pais, e com seu pai, como mestre, que originou uma posterior assinalável evolução, no mundo laboral. Disse que começou como ajudante de serrador, depois, ainda muito jovem, começou a tornear madeira, isto é, cabos de ferramenta e outros torneados. A um momento da vida da serração e tornearia, o torneiro profissional que era empregado de seu pai, emigrou para França. Foi, nessa altura, que passou a ser torneiro profissional. No período da colheita do vinho, o pai do António como era Carpinteiro/Tanoeiro, tinha muitas encomendas para os lavradores de vasilhame em madeira para a encuba do vinho, ou outros acessórios relacionados com a agricultura. Esta atividade começava no fim de junho e terminava no fim de setembro, por vezes a meio de outubro. O António deseja lembrar, que o engenho
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de serração, funcionava através de uma roda movida a água do rio Neiva. Disse também, que, a partir do dia 24 de junho de cada ano, o caudal do rio era insuficiente para mover a referida roda do engenho com força suficiente para serrar os toros de madeira. Porque, era dada prioridade aos lavradores para regarem os seus campos através de noras instaladas junto dos rios. Acentuou, que, por essa razão, passavam para a fabricação de vasilhame para a colheita do vinho, porque esse trabalho de carpinteiro - nesse tempo – era quase todo manual. Lembrou também, que nesse tempo, não havia na oficina, motores elétricos ou máquinas de trabalhar a madeira. Portanto, serrar, aplainar ou cavacar, era tudo feito manualmente. Frisou ainda, que mais tarde por volta de 1970, as coisas evoluíram e passou a haver máquinas elétricas. Sublinhou que seu pai, era deveras um grande mestre, conhecia com profundidade a profissão de tanoaria, assim sendo, com muita facilidade se preparou com elevada qualidade, para o Mundo laboral. Ao se sentir formado, também sabia por experiência pessoal que uma profissão, seja ela qual for, nunca está completamente aprendida. Todavia, aos 24 anos, já com plena segurança, avançou para novo projeto, emigrou para França, sabendo de antemão que tudo o que aprendeu com seu pai, contribui enormemente na integração profissional em França. Foi para França a cumprir um contrato de trabalho de seis meses, onde executou todo o tipo de trabalho. Depois de umas férias prolongadas em Portugal, voltou para França e procurou novo patrão. Nessa empresa, foi a porta aberta para o sucesso. Porque, logo nos primeiros tempos de atividade profissional, foi convidado para fazer um modelo de cofragem para o betão armado. Ai, teve possibilidade de se identificar como um excelente profissional, abrindo-lhe uma grande porta dentro da empresa. Diz que foi nesta empresa que encontrou alguém, ou alguém o encontrou, reconhecendo-lhe um profissionalismo qualificado. Em face do referido, foi-lhe confiada a responsabilidade de gerir uma oficina de carpintaria de moldes em madeira, para cimento armado. Confessa que, num país onde praticamente acabava de chegar, e com sérias dificuldades na língua francesa, sentia dificuldade em acreditar, no que lhe estava a acontecer. É evidente que, pouco mais de três meses de presença na empresa, tal cargo deu-lhe muitas dores de cabeça, mas ao mesmo tempo, determinação acrescida e coragem. Era, um cargo de muita responsabilidade, dado que, fabricavam-se moldes de
um certo valor financeiro. Portanto, não podia falhar, porque, da mesma maneira que tinha sido promovido, era da mesma maneira, despromovido. Contudo, considera que tinha um ponto a seu favor, tinha uma equipa de bons profissionais – carpinteiros –, em quem podia confiar. Desta forma, a coordenação do trabalho tornou-se menos pesado. Recorda que no início, a oficina funcionava em instalações provisórias, todavia em setembro de 1968, a empresa mandou toda a logística para uma zona industrial. Ai, sim, com boas máquinas e também com todo o tipo de ferramentas, as máquinas, foram gradualmente compradas em função da necessidade. Com esse conforto, foi solidamente e progressivamente evoluindo e, como é óbvio, sentindo-se cada vez mais confortável, ao ponto de pôr em prática, tudo quanto foi ministrado pelo seu mestre. O saudoso pai. O António, quis frisar que na sua vida profissional, teve três patrões: • O primeiro foi a escola de aprendizagem e formação profissional dos 11 aos 24 anos, com seu pai como formador. • O segundo, quando emigrou para França com um contrato de trabalho, onde permaneceu cerca de oito meses, fazendo todo o tipo de trabalho. • O terceiro e último, por obra do acaso, o António encontrou trabalho na companhia de um colega de Barroselas, numa empresa de construção civil, que nesse momento tinha cerca de seiscentos operários, dos quais 60% eram Portugueses. Foi nessa empresa, que se lhe abriu a porta na evolução da carreira, assim como para cumprir 36 anos de atividade, sempre na mesma empresa. Também quer destacar, que muito, mas mesmo muito fica por dizer, porque, uma vida profissional como a do António, bem como de outros em circunstâncias similares, não é possível descrever em meia dúzia de linhas. Em 36 anos ao serviço de uma empresa, criam-se muitos laços de amizade e compromissos. Portanto, antes de encerrar este capítulo, quero lembrar o André Caigmon, companheiro e amigo, que faleceu com 55 anos de idade, vítima de cancro na garganta, devido ao fumo do tabaco. Também lembrar o Sr. Fean Luis Hanny, este ainda vivo e que foi para mim e para muitos Portugueses um patrão e ao mesmo tempo um grande amigo, digamos, quase um segundo pai. Prezado leitor, no próximo número, dar-se-á continuidade à entrevista do Sr. António da Silva Pereira.
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Barcelos
PRAXE SOLIDÁRIA A FAVOR DA CAMPANHA DE NATAL DA SOPRO – SOLIDARIEDADE E PROMOÇÃO Caloiros do Instituto Politécnico do Cávado e do Ave promoveram diversas ações de solidariedade em prol do serviço de apoio local da SOPRO-ongd – Solidariedade e Promoção, Organização Não Governamental para o Desenvolvimento (ONGD). Participarem numa campanha de recolha de alimentos e prepararem cabazes de natal para famílias carenciadas do concelho de Barcelos são algumas das "praxes" que os alunos do IPCA se propuseram a fazer para apoiar a CAMPANHA DE NATAL DA SOPRO – SOLIDARIEDADE E PROMOÇÃO. Alguns caloiros e alunos do Instituto Politécnico do Cávado e do Ave participaram como voluntários na angariação de ali-
mentos que ocorreu no E.leclerc de Barcelos no passado dia 8 de Dezembro de 2018. Já no dia 13 de Dezembro, mais de 30 caloiros estiveram na Casa da SOPRO a preparar cerca de 80 cabazes de natal para atribuir às famílias carenciadas do concelho com os alimentos que foram angariados na recolha do dia 8 de dezembro e com os alimentos doados pelos alunos do Colégio La Salle Barcelos.
Para além disso, um grupo de caloiros estiveram a colaborar como projeto Banco de Material Escolar através da organização de manuais e material escolar. PORQUE ACREDITAMOS QUE PEQUENOS GESTOS MUDAM O MUNDO, agradecemos aos caloiros, alunos e à Comissão de Veteranos do Instituto Politécnico do Cávado e do Ave, ao Colégio La Salle Barcelos e ao E.leclerc de Barcelos por todo o apoio!
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Cidade [Viana do Castelo]
Projeto de Design e Comunicação do Produto criou personagens tridimensionais alusivas à quadra natalícia Iniciativa surge no âmbito do protocolo estabelecido entre a Escola Superior de Tecnologia e Gestão do IPVC e o Patronato Nossa Senhora da Bonança O desafio foi lançado aos alunos do 3º ano do curso de licenciatura em Design do Produto, no âmbito da Unidade Curricular de Design e Comunicação do Produto, pelos dirigentes do Patronato Nossa Senhora da Bonança, Instituição de Solidariedade Social de Vila Praia de Âncora, e, prontamente aceite pela docente Patrícia Vieira, para recriar um conjunto de personagens tridimensionais alusivas a esta quadra festiva, o NATAL. Um projeto que tinha como finalidade a venda das personagens criadas pelos es-
tudantes e cuja receita reverteria para a Instituição, mas no final, os bonecos acabaram por ser oferecidos. “Este projeto foi inicialmente proposto para ser comercializado pela referida instituição, como forma de angariar fundos que contribuíssem para a subsistência e persecução das suas atividades formativas e solidárias junto da comunidade em que se encontra inserida.
Contudo, o espírito natalício conquistou a direção e formadores da mesma, sendo que estes personagens foram solidariamente oferecidos aos meninos da instituição e seus familiares, fazendo parte da decoração típica da quadra nesse espaço de acolhimento”, revelou a docente. Quanto ao projeto, revela Patrícia Vieira, que “as personagens foram concebidas na sua forma plana, tendo em consideração uma produção gráfica otimizada, sendo a sua montagem executada pela criança ou familiar que a acompanhe nesta atividade. Por um lado, a versão planificada reduz os custos de produção e possibilita maior diversidade de figuras. Por outro, permite uma cooperação geracional na sua decoração (versão p&b, só linha) e montagem (versão p&b ou a cores), com capacidade para estimular ainda mais o espírito de partilha e convívio típico desta época festiva”.
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Opinião
Os Caminhos de Ferro (Número 39)
Domingos Costa domingosdacunhacosta@gmail.com
A 21 de maio de 1873, Sua Majestade El-Rei deu ordens ao Governo, para informarem António Maria Kopke de Carvalho e Gustavo Justino Ferreira Pinto Basto, no sen-
tido de construírem um troço de via americano, sobre a estrada distrital n.º 28 de Oliveira de Azeméis ao Porto; exatamente entre S. João da Madeira e Vila Nova de Gaia. Sem ainda obrigados, a abrirem novo leito ao lado da estrada, quando a situação o exija. Nos finais de 1873, foi autorizado a Maximiliano Schreek, para construir um caminho-de-ferro americano, sobre a estrada Real nº. 7, de Vila Real a Viseu, no percurso compreendido entre Vila Real e Régua. Dois 1 anos mais tarde, por pedido da companhia “Carris de Ferro do Porto”, a 13 de setembro de 1875, Sua Majestade El-Rei a 28 de dezembro do mesmo ano, concede
"Centenário dos Caminhos de Ferro"
autorização para assentar na estrada real
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estreita, alargá-la para satisfazer melhor o serviço que lhe está destinado. A empresa construtora, não pode danificar a estrada, e se o fizer, será obrigado a reparar. Tendo ainda a obrigação de a efetuar no prazo máximo de 12 meses. A 9 de 3 junho de 1886, através de Alvará, Sua Majestade El-Rei, fez saber, que havia toda a conveniência de se construir um caminho-de-ferro tipo Americano entre a Estação de Santarém da linha de Leste, e a cidade de Santarém. A referida via, seguiria pela estrada real n.º 68 e pelo interior, conforme o interesse para a tornar mais acessível e rápida. A 10 de Março do ano seguinte, foi emitido um decreto à Companhia “Carris de Ferro de Lisboa,” no sentido de anular o pedido de “…um caminho-de-ferro sistema americano, na estrada real n.º 67, de Lisboa a Cascais com a faculdade de prolongar o referido caminho-de-ferro até Cintra…”, por violar os compromissos assumidos na construção da linha até Cascais. Fotografia de Armindo Faria estação Monte Real
n.º 32 do Porto a Vila Pouca de Aguiar, outra via-férrea entre a rua de Santa Catarina e o largo da Cruz das Regateiras. Em 2 virtude de a 17 de junho de 1879, ter sido apresentado a Sua Majestade El-Rei, pela companhia “Carril Americano do Porto à Foz e Matosinhos”, autorização para prolongar até Leça da Palmeira o caminho-de-ferro americano; bem como uma ponte metálica sobre o rio Leça. O referido projeto foi concedido a 31 de dezembro de 1879.
Em resultado do que foi apresentado pelo Sr. João Ferreira de Araújo Guimarães, o governo achou por bem, que fosse construído um troço de via na estrada real n.º 30, - de Porto-Valença -, entre Povoa de Varzim a Vila de Conde. A linha férrea, assentará no mesmo nível da estrada em um dos lados da facha de rodagem, empedrada, e de modo a não perturbar o trânsito para passageiros, nem ainda, os veículos ordinários. A via-férrea, será simples, mas, quando necessário, ou a estrada for
PS: - Fotografias do arquivo da (CP). 1
Pág. 424 do livro de Legislação de 1872-1875
2
Pág. 433 e 434 do livro de Legislação de 1876 a 1880
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Pág. 166 a 168 do livro de Legislação e Disposições Regula-
mentares de 1888 e Pág. 361 e 362 do livro de Legislação de 1886 a 1887.
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Barcelos Câmara Municipal de Barcelos: 253 809 600 Bombeiros Voluntários de Barcelos: 253 802 050 Hospital Sta. Maria Maior Barcelos: 253 809 200 Centro de Saúde de Barcelos: 253 808 300 PSP Barcelos: 253 823 660 Tribunal Judicial da Comarca de Barcelos: 253 823 773
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Sugestão ao leitor
ALIENS A sétima arte tem se evidenciado pela a difusão de narrativas e enredos conceptualmente associados a ficçao cientifica, mais propriamente destacando a presença inequivoca de vida alienigena, nomeadamente as suas implicaçoes, acções e motivações, gerando uma acepçao muito elucidativa por parte dos indefectiveis adeptos do cinema. Como é de conhecimento geral e para quem acompanha de perto o lado oculto, obscuro e sinistro, de um determinado tipo de abordagem, que concebe a possibilidade de vida extraterrestre a coabitar noutros planetas, entende perfeitamente o significado de vida alienigena e a partir desse eventual cenário de origem especulativa, a imaginação e a criatividade assumem se como prodigiosas, na produção de cinema, acerca deste tema, com enredos diversificados e de indole paradoxal, que incutam nos filmes, as diversas historias mais díspares, com conteudos que vão de um extraterreste pacifico e inofensivo e outros que podem chegar ao lado mais hostil, repugnante e terrivel, sendo este tipo de conduta perniciosa e execrável, que tem subsistido num maior numero de acervo de produções, em detrimento de uma narrativa mais conciliadora, que geram um maior interesse no espectador,
se calhar devido á adrenalina, tensão, perigosidade eminente, o receio instintivo em relaçao a estes supostos seres e efeitos especiais concludentes que estão associadas a este tipo de cinema. Não sou garantidamente um apologista convicto deste tipo de filmes, por uma razão elementar de concepção fidedigna de intrepretação e submissão, a uma narrativa mais realista, que concerne todos os atributos e vicissitudes da vida humana e que o cinema representa de forma categórica, com enredos bem sedimentados e estruturados, mas por outro lado acho perfeitamente razoável e tangivel, a vocação e a personificaçao destes supostos seres alienígenas, no mundo do cinema, pois entramos no campo da imaginação fértil, da pretensa exteriorização do desconhecido, da quimera indescritivel, que conjuga a fantasia com feições implicitamente mais genuinas e que trespassa a utopia eloquente e incomensuravel, adjacente ás produções de grande envergadura, que a sétima arte assume se como percussora e providencial, nos momentos de fruição, inalcançáveis, que proporciona de forma transversal aos espectadores. Perante esta tendência cinematografica, que se tem traduzido num sucesso consideravel de bilheteiras e
que se renova constantemente, com o passar das décadas, com mais inovação, tecnologia de ponta e com enredos medrados, indico alguns filmes, que evidenciam essa visão mais catastrofica e atroz, destes seres ficcionarios, denominados de alienígenas, em que o argumento se enquadra inegavelmente numa dicotomia entre a ficção cientifica e o terror. Alien o Oitavo Passageiro de 1979- é o um filme norte-americano, considerado um dos mais marcantes e populares, que conjuga a ficçao cientifica com o terror, que relativo a esta faceta é sombra de duvidas, dos mais temerários que á memoria e com uma realização que preconiza um ambiente hostil, petrificante, tenebroso, incutindo nos espectadores a ilusão persecutória de medo e pânico, que os levas a titubear entre continuarem a seguir compenetrados este suspense sortuno, ou simplesmente capitularem perante estas incidencias incomensuráveis. O que parecia ou se destinava numa fase inicial, ser um comum filme de ficção cientifica, sobre uma nave espacial, oriunda da terra, que tem praticamente a sua missão concluída, a tripulaçao decide inusitadamente investigar um asteróide suspeito, ao qual
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um dos tripulantes ao fazer a verificação é intempestivamente atacado por um ser inóspito, que se julga tratar de um alienígena, ainda que não seja perceptivel para os tripulantes a fisionomia adjacente a este ser misterioso. Após este incidente, os elementos da tripulação regressam á nave de origem, ao qual são confrontados com uma convulsão paradigmática do tripulante que foi atacado, que culmina com uma saída abrupta e surpreendente de um ser alienígena em ponto pequeno, da sua barriga provocando imediatamente a sua morte, provocando a estupefação dos restantes tripulantes, que ficam bastante apreensivos com a situação periclitante e sinuosa, que se instalou inexoravelmente no seio da nave, perante um cenário de alto risco, devido á presença irrefutável de um ser com aspecto altamente arisco e que patenteia uma hostilidade inegável. Perante a concretização das piores coagitações, o ser alienígena bastante poderoso, terrivel e imbatível fomenta morte de forma implacável, sem apelo nem agravo, tendo como desiderato extinguir toda a tripulação. Predador de 1987- é um filme Norte-Americano, ao qual o argumento parece aparentar de forma embrionária, ir mais ao encontro de um género de acção mais focado para guerrilha, entre países designadamente com um envolvimento robusto, com é o caso dos Estados Unidos, mas apesar desta tendência inicial, a aparição de um ser alienígena, com um aspecto pejorativo e de índole exicial e cruel, que aparece no planeta terra sem explicação plausivel, vai alterar a narrativa para uma dicotomia mais similar ao estilo de suspense/terror. Quando determinados especialistas em forças de intervenção direccionados para os palcos de guerra, são contratados pelo o governo dos Estados Unidos com uma missão nociva de resgatar presos politicos na Guatemala, mas chegando á Guatemala denotam algo de invulgar e periclitante, nomeadamente com o avistamento de pessoas mortas e massacradas da forma mais vil e hedionda, acabam por descobrir com o desenrolar da missão, estarem a ser caçados por um ser alienígena, com uma PUB.
força sobrenatural, que se consegue camuflar e ficar invisivel, liquidando com desdenho e avidez, os elementos da missão, sendo Dutch o único elemento da equipe que vai sobreviver, para defrontar numa luta desigual, esse ser extraterrestre insuperável e de cariz medonho. Sinais, de 2002- é um filme Norte-Americano, que concerne uma coligaçao entre os ingredientes de suspense, drama e ficção cientifica, ao qual a trama da história se encandeia de forma paulatina, para uma evasão fatalista e irremediavel, por parte de seres extraterrestres ao planeta terra, ao qual é perceptivel esse tropismo destruitivo, que está embuido nos pressupostos deste exército de alienígenas, essa intenção insanavél vai se desencadeando através de sinais incomensuravelmente enormes, que vão aparecendo consecutivamente em grandes terrenos e campos de onde abunda o empreendimento agrícola, mais propriamente na Pensilvânia, onde decorre a acção do filme, em que uma familia constituída por o viuvo Graham Hess e seus dois filhos, deparam se com os concludentes circulos que aparecem na sua plantação, ficando completamente intrigados e pasmados, desconhecendo por completo que essas marcas poderão significar a aterragem de ovnis ou naves oriundas de outro planeta, apercebendo se mais tarde, tratar se da presença de extraterrestres na terra, a julgar por noticias procedentes de outros países e regiões e que vão culminar na inevitável invasão, em que se deixa transparecer que não há a nada a fazer, quanto á superioridade inequívoca destes extraterrestres. Perante a eminência de um ataque maciço, a familia Hess encatona se na sua casa, fechando e cerrando a sua habitação, a sete chaves, com pai e filhos a esperarem pelo o derradeiro e momento decisivo, com a natural apreensão que o momento exigia, todavia aproveitam este momento gravemente pernicioso, para fazerem uma instropecção e meditação, ao passado, á harmonia dos laços familiares, que pode ser determinante para ultrapassar esse momento de clamoroso perigo.
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Um Lugar Silencioso, de 2018- é um filme norte-americano, ao qual o argumento evidencia a anuência de uma parcela do planeta terra ao domínio incontestável e patente por parte de seres alienígenas afectos a uma entidade extraterreste hostil e cruel, com uma fisionomia escabrosa e medonha e que desmontra terem extinto e chacinado grande parte da população, apenas com a detecção e resquício de qualquer som ou eco, que tinha sido perpetuado por influência humana, ficando os alienígenas altamente melindrados e agindo com aspereza e sem contemplações, liquidando e mutilando os humanos num ápice. Perante este argumento, a encenação do filme, salienta a adesão de uma família do meio-oeste dos Estados Unidos, a um silêncio sepulcral e entediante, para se protegerem destes seres hediondos, sendo perceptível a residual e diminuta presença de seres humanos, já em fase de premente extinção, impelindo essa família de um casal com os dois filhos, a uma convivência mutua apenas entre eles, tendo que usar a linguagem gestual para se comunicarem, pois qualquer pequeno som, pode ser irrevogavelmente fatal. Porém esta postura imposta de silêncio absoluto, cria imensos constrangimentos a todos, designadamente com mais ênfase, ás duas crianças que tem mais dificuldade em entorizar este estado de disciplina grotesco e iniquidade psicológica, que não se compedece com a irreverência aliada ao comportamento das crianças e que vai as levar a não aguentarem esta aquiescência durante muito tempo, que inevitavelmente vai por toda a família em risco eminente. Parafraseando a semântica associada á adesão da sétima arte, a um tipo de entreternimento virtual e ficcionário, em que confere aos seres extraterrestres um perfil hostil e ostensivamente perigoso, consubstancia com este tipo de enredo, inequívocamente uma maior adesão dos espectadores e entusiastas, pois os enredos conutados com esta vertente do género de terror, ganharam um novo folêgo com a esta dicotomia entre a ficção cientifica e o terror.
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Necrologia
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Ambiente
Vespa Asiática ataca em força o centro do País Manuel Lima m.l.valedoneiva@gmail.com
A vespa-asiática é uma espécie nativa do Sudoeste Asiático. A espécie tem uma área de distribuição natural, que se estende pelas regiões tropicais e subtropicais do norte da Índia ao leste da China, Indochina e ao arquipélago da Indonésia. Nome científico, Vespa Velutina, ordem Hymenoptera. A sua introdução involuntária na Europa ocorreu em 2004 no território Francês, confirmada em Espanha em 2010, em Portugal e Bélgica em 2011, em Itália finais 2012. Na apicultura é uma carnívora predadora, das abelhas melíferas, causando elevados prejuízos aos apicultores. A praga está presente em todo o país, mas muito mais ativa na zona centro, sendo elevado o número de ninhos referenciados. No norte, o combate intensivo nos últimos anos, reduziu significativamente o número de ninhos e de vespas. É de realçar nesse combate, o empenho de muitos cidadãos a titulo individual e cole-
tivo, que com os seus meios combatem e continuam a combater sem tréguas essa invasora, não excluindo as Entidades que responsáveis, que com alguma burocracia á mistura vão fazendo o seu melhor. Em
caso de ajuda contatar a linha SOS Ambiente pelo número « 808 200 520». Neste caso o observador será informado do procedimento a seguir.
Culinária
Bolo de Maça e Canela Ingredientes: 2 Chávenas de farinha, 1 Chávena e meia de açúcar, ½ Chávenas de óleo, 5 Maçãs, 2 Colheres de chá de canela, 1 Colher de sopa de Vinho do Porto, 1 Colher de sopa de fermento, 3 Ovos, 1 Chávena de nozes, Manteiga q.b.
Preparação Bata os ovos com o açúcar, depois misture o fermento, o vinho Porto, a canela, o óleo e a farinha. Bata novamente muito bem até que a massa faça bolhas. Posteriormente, coloque na massa as nozes partidas em pedaços e as maçãs partidas em cubos. Mexa o preparado muito bem e por fim, coloque a massa num
tabuleiro previamente untado com manteiga e leve ao forno até cozer, verificando sempre o grau de cozedura. Bom apetite! Fonte: http://www.sobremesasdeportugal.pt
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