O Vale do Neiva - Edição Fevereiro 2019

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Propriedade: A MÓ · Associação do Vale do Neiva (Cultural, Património e Ambiente) | Barroselas Março 2019 | Mensal · Nº59· Gratuito · Versão digital

Neves

N- Cooltura… O flagelo das migrações no Mediterrâneo P. 5

Futura Sede Grupo Juvenil de Vila de Punhe em construção P. 2

A Mó em movimento, Reunião da Assembleia Geral P. 3 Barroselas e Carvoeiro

Religião

Movimento Cidadãos Vale Do Neiva P. 4

Extratos da vida da Irmã Maria da Conceição Pinto da Rocha (nº. 27) P. 8

Mujães

A AC Mujães tem novos Corpos Gerentes para 2019.2021 P. 4

Ambiente

Grande Destaque Ambiental em 2018 P. 23 Entrevista

Continuação da entrevista ao Sr. António da Silva Pereira P. 10a14 Sugestão ao leitor

A JUSTIÇA NO CINEMA P. 20e21


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Vila de Punhe

Futura Sede Grupo Juvenil de Vila de Punhe em construção Manuel Lima m.l.valedoneiva@gmail.com

Grupo Juvenil de Vila de Punhe, fundado em 1985 destaca-se na vertente do atletismo, obtendo resultados excelentes ao longo dos anos, fruto de muita dedicação dos seus dirigentes e atletas nos vários escalões. As instalações onde de encontravam não tinham as condições adequadas para a prática da modalidade, por isso a Câmara Municipal de Viana do Castelo, Junta de Freguesia de Vila de Punhe e Grupo Juvenil celebraram um Protocolo de colaboração para construção de novas instalações, em terreno da Junta de Freguesia, a construção do edifício é da responsabilidade da Câmara. Depois de construído, será cedido á Instituição Grupo Juvenil. Estarão então reunidas todas as condições para a prática das atividades desenvolvidas.

Ficha técnica | Diretor: Tiago Lima Redação: Domingos Costa · José Miranda · Manuel Lima · José Rafael Soares Colaboradores: Alcino Pereira · Cristiana Félix · Adriano Jordão Design e Paginação: Inês Guia Contacto redação: Avenida S.Paulo da Cruz, Apartado 20 - Barroselas · redajornalvaledoneiva@gmail.com Periodicidade: Mensal Formato: Digital Distribuição: Gratuita Os artigos de opinião são da inteira responsabilidade dos seus autores, podendo ou não estar de acordo com as linhas editoriais deste jornal.


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Barroselas e Carvoeiro

A Mó em movimento, Reunião da Assembleia Geral No dia vinte e um de fevereiro do corrente ano, reuniu a Assembleia Geral de A Mó, para aprovar o Relatório de Atividades e Contas do ano dois mil e dezoito. A reunião, teve lugar na Sede de A Mó e, os trabalhos, iniciaram pelas vinte e uma horas e trinta minutos. Os Associados, compareceram em bom número e, participaram ativamente no decorrer dos trabalhos. A Sr.ª Presidente da Assembleia Maria Alice Ribeiro, abriu a sessão e, em seguida, passou a palavra à Secretária da Assembleia Sr.ª Ana Patrícia Lima, para dar inicio à reunião, começando por ler a ata da Assembleia anterior. Após a leitura da referida Ata, iniciou-se à apresentação do Relatório de Atividades e Contas do Ano dos mil e dezoito. Durante a leitura, a Direção procedeu a alguns esclarecimentos que, eram colocados pela mesa, bem como pelos sócios presentes. No final, foi colocado à apreciação dos Associados que o aprovaram por unanimidade. A finalizar, a Direção, através do seu Presidente José Miranda e Vice-Presidente, Manuel Lima, teceram vários aspetos de interesse geral, tendo todos eles como objetivo, informar e esclarecer possíveis dúvidas, quanto ao funcionamento geral da Instituição. Terminados os trabalhos e, como vem sendo hábito, foi oferecido aos Associados presentes, um Porto de honra acompanhado por miminhos açucarados. Os Associados aproveitaram o momento, para passar em revista variados temas de interesse As-

sociativo. A Mó, continua a contar com os seus Associados nas várias vertentes que, dão vida a esta Instituição. A Mó, precisa

de todos, porque todos juntos contribuiremos para que a nossa Instituição continue em movimento. Viva a Mó.


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Movimento Cidadãos Vale Do Neiva Foi oficialmente criado o “Movimento Cidadãos Vale Do Neiva” no dia 23 feverei-

ro 2019 em Barroselas. Foram também inauguradas as suas instalações, pelo

Presidente do PSD de Viana do Castelo Dr. Eduardo Teixeira. A apresentação solene foi no Centro Social e Cultural de Barroselas, no uso da palavra um dos Fundadores o Sr. Carlos Alberto Silva do PSD de Barroselas e Autarca na Junta de Freguesia da União de Freguesias Barroselas e Carvoeiro na oposição. Defende o “Movimento Cidadãos Vale Do Neiva”, a criação de “Gabinete Municipal de Atendimento ao Cidadão” e ainda, eventualmente a “Loja de Cidadão”, tendo em conta a centralidade de “Barroselas e Carvoeiro” face a outras localidades em redor, no Vale do Neiva. Posição também defendida pelo PSD de Viana do Castelo desde o ano de 2013. A Redação

Mujães

A AC Mujães tem novos Corpos Gerentes para 2019.2021 Depois de alguns meses de impasse após a demissão da direção anterior, no dia 6 de janeiro de 2019, foi eleita em Assembleia Geral uma nova equipa para os corpos gerentes da ACM para o triénio 19.21. Os elementos associativos que formaram lista e foram eleitos por escrutínio são: Presidente da direção - Rui Miranda Lima; Vice- Presidente da direção - Bruno de

Carvalho Barreto; Secretária - Maria Emília Gonçalves Da Silva Oliveira; Tesoureiro – Fernando Gonçalves Fernandes e Vogal da direção: - António Manuel Silva Meira. Na mesa da Assembleia Geral, Presidente – Anabela Carvalho Barbosa; Primeira Secretária – Sandrina Afonso Lima; Segunda Secretária – Elsa Maria Gonçalves Da Silva Oliveira. O Presiden-

te da direção empossada está convicto que a equipa reúne pessoas que têm dado grandes contributos no universo do associativismo e nesse contexto, procurarão desenvolver atividades nas vertentes culturais, desportiva, ambiental, social e recreativa que sejam do interesse da comunidade local. A direção prepara o plano de atividades para o ano em curso,

dando continuidade às atividades regulares e procurando impulsionar novas dinâmicas no âmbito desportivo e social. Os associados e simpatizantes desta associação podem manter-se informados através do Facebook – acmujaes Mujães e visitá-la, na sede, junto do polidesportivo de Mujães. A direção da ACM


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Neves

N- Cooltura… O flagelo das migrações no Mediterrâneo Decorreu no dia 21 de fevereiro de 2019, na Escola Básica e Secundária de Barroselas, uma sessão de sensibilização para um problema da atualidade, Migrações e Refugiados, intitulada: «Da hostilidade à Hospitalidade, o acolhimento de Refugiados na Europa». Mais uma iniciativa, em parceria, da Escola com o Núcleo Promotor do Auto da Floripes 5 de Agosto, integrada no programa N-Cooltura 2018/2019. Os objetivos desta iniciativa passaram por: sensibilizar os participantes para as razões que motivam para a migração e para as dificuldades que atravessam; partilhar o testemunho de acolhimento e missão e desafiar os participantes a terem um papel ativo sobre o acolhimento dentro dos seus círculos. O público alvo foi o 8ºano, cujo tema faz parte dos conteúdos programáticos da disciplina de Geografia (1º grupo) e o 5º C (2º grupo), que, na disciplina de História e Geografia de Portugal está a trabalhar as Migrações, no âmbito do Get up and goals, Formação da Escola Superior de Educação, inserida nos referenciais para A Cidadania e Desenvolvimento. As docentes das disciplinas e a frequentar a referida formação, Teresa Rego, Susana Meira e Conceição Gonçalves, motivaram e experienciaram mais uma aula diferente com realização de atividades práticas e partilha de experiências, contaram com a

colaboração de outros docentes, nomeadamente na reportagem fotográfica. O Núcleo promotor do Auto da Floripes, 5 de agosto trouxe os facilitadores da ação que fizeram voluntariado e partilharam connosco as suas vivências: Isabel Martins

Silva: («Usa as Leis ao serviço dos Direitos Humanos»); Ana Filipa Guedes: («Sabe ouvir e faz da Comunicação uma arte de proximidade»); Bárbara Loureiro: (Faz acontecer e luta pelas Relações Internacionais ao serviço de uma sociedade que aceita o Outro»); Nicolau Osório: («Encontrou na Educação a forma sustentável de vivermos»); Pedro Amaro Santos: («Acredita muito nas pessoas»»). Estes jovens, que estiverem presentes várias vezes em campos de refugiados na Grécia, constituíram associação e a primeira iniciativa foi precisamente esta ação de sensibilização. Os professores e facilitadores semearam e partilharam as suas competências, experiências, vivências e outras apetências… os alunos aprenderam e irão multiplicar o que ouviram e experienciaram junto dos pares, família e comunidade… Assim se pratica a Cidadania e o Desenvolvimento! Conceição Gonçalves (Docente da Escola Básica e Secundária de Barroselas)


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N-Cooltura, mais uma iniciativa … a destacar! Alunos da EBS de Barroselas deslocam-se de comboio à cidade de Viana do Castelo para ação de sensibilização sobre a internet e as redes sociais Terça –feira, dia 26 de fevereiro, 267 alunos do 3º Ciclo e secundário da Escola de Barroselas, acompanhados por 25 professores, incluindo a Diretora do Agrupamento, 4 membros da Direção, 3 assistentes operacionais, foram ao teatro, a Viana do Castelo, ao Auditório do Santiago da Barra. Os leitores devem estar a interrogar-se… qual a novidade? É hábito a Escola promover iniciativas deste género… Porque fará esta uma Notícia? 1º: A iniciativa decorreu de uma parceria entre o Núcleo Promotor do Auto da Floripes 5 de Agosto, o Agrupamento de Escolas e as Juntas de freguesia, União de Freguesia Barroselas- Carvoeiro, Mujães e Vila de Punhe, salientando a cooperação que as instituições têm vindo a demonstrar. 2º: A peça de Teatro a que fomos assistir, «Comunicar em segurança- ID v2.1 A tua marca na Net» integra o programa da Fundação PT, numa digressão pelo país, tendo a escola de Barroselas sido selecionada, entre outros candidatas, muito se devendo, tal facto, aos esforços dos parceiros envolvidos. 3º: A peça, de forma lúdica, divertida e ao

mesmo tempo muito séria, apresenta interpretações sobre boas práticas e alerta para o problema atualíssimo da nossa segurança na Internet, estabelecendo paralelismos entre a ética na vida real e na vida virtual, abordando o Cyberfraude , phishing e Cyberbulling. Conta com os

atores conhecidos Pedro Górgia, Alexandre Silva e Tiago Aldeia. 4º: O projeto é também solidário pois o preço simbólico que os alunos pagaram (1euro) reverteu a favor da Academia do Johnson.


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5º: Os participantes deslocaram-se para Viana em transporte público, comboio, de forma gratuita, uma vez que o preço dos bilhetes foi custeado pelas autarquias, revelando, mais uma vez, a sua disponibilidade para colaborarem com iniciativas que criam laços com a comunidade escolar e outras! 6:º: A iniciativa faz parte do programa cultural N-Cooltura, 2018/2019, entre tantas outras já realizadas e a decorrer, o que demonstra a sua pertinência e vitalidade na Comunidade! Em jeito de conclusão, a iniciativa foi um sucesso, tendo os alunos uma experiência que os marcará e tendo, os mesmos, estado à altura da responsabilidade em termos comportamentais, quer no percurso a pé entre a escola, a estação e o auditório, onde receberam um louvor pela seu comportamento exemplar durante a peça. Ouviram-se comentários “super”, “top”, “muito fixe”, “adorei”, entre outras. Esta outra forma de tornar a sala de aula um espaço aberto ao desenvolvimento de competências transversais, foi Educativa, Inclusiva, Solidária e Comunitária; contribuiu para um exercício de Cidadania proactiva e só foi possível graças ao esforço, por vezes com sacrifício pessoal, de todos os intervenientes: Agrupamento de Escolas de Barroselas (direção, professores, assistentes operacionais, alunos), Núcleo Promotor Auto da Floripes 5 de Agosto, autarcas, responsáveis da C.P., responsáveis do Turismo Porto e Norte (cedeu graciosamente o espaço do auditório), atores e técnicos e responsáveis da Fundação P.T. Todos juntos, trabalhamos melhor para uma Escola de futuro e com futuro na preparação dos nossos jovens alunos, como cidadãos ativos, participativos e responsáveis. Venham mais … destas! Conceição Gonçalves (Docente na Escola Básica e Secundária de Barroselas)

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Assembleia Geral e Eleições no Núcleo Promotor do Auto da Floripes 5 de Agosto Decorreu, no passado dia 17 de fevereiro de 2019, na sede do Neves F. C., uma assembleia geral ordinária da coletividade Núcleo Promotor do Auto da Floripes 5 de Agosto. Num ambiente de serenidade e profundo esclarecimento, procedeu-se à apreciação e votação do relatório de atividades e contas dos anos de 2016 a 2018 e à eleição dos novos órgãos sociais para o biénio 2019-2020. A direção cessante agradeceu a todos os membros que cessaram funções pelo trabalho desenvolvido, bem como a todas as pessoas e instituições que colaboraram ao longo do mandato que cessou. Desejou, também, felicidades aos novos elemen-

tos para que possam dar continuidade ou mesmo melhorar o contributo da coletividade à comunidade. Os novos corpos gerentes reafirmaram o seu compromisso de cumprir os desígnios da coletividade. Corpos gerentes 2019/2020: Assembleia Geral: Luís Franco, Susana Lima e André Chaves. Direção: Pedro Rego, Marco Novo, Tiago Barbosa, Bruno Guimarães, Marisa Magalhães, Nuno Duarte, Nuno Fernandes, Diogo Neves, Luís Magalhães, João Pereira e Nuno Carvalho. Conselho Fiscal: Paulo Afonso, Ricardo Veiga e Orlando Amorim. Conselho Honorário: Porfírio Afonso.

Religião

Extratos da vida da Irmã Maria da Conceição Pinto da Rocha (nº. 27)

Domingos Costa domingosdacunhacosta@gmail.com

Vou continuar a narrar testemunhos - de pessoas não identificadas -, que dedicaram a Maria da Conceição. A preocupação - como tenho insistentemente referido – de Maria da Conceição a “Serva de Deus” consistia em mobilizar o seu coração abrasador, para dar. Dar tudo o que fosse necessário para alguém, quer fosse bens materiais como espirituais. O seu bondoso coração estava moldado ao amor. Foi, - como tem sido revelado - sempre o seu lema de vida. Dar. Dar e dar-se. Dar felicidade à humanidade. Uma Senhora de Viana deixou-nos esta mensagem: “A sua preocupação era valer aos mais abandonados. Alguém veio, um dia, dizer de uma família que vivia miseravelmente num pobre cubículo, aonde havia míngua de tudo. Sabendo deste caso, pediu-me logo para ir lá levar alguma coisa. Quando regressei e contei o que vi, tive de voltar de novo a levar o que mais falta fazia: roupas, géneros e outras coisas. Várias vezes ainda levei mais roupas e alimentos e durante muito tempo, diariamente vinha um filho dessa família

Encontro de Família

buscar uma refeição para toda a família. Não tinha bens de fortuna, mas do que lhe davam repartia e se os casos eram de aflição, não olhava ao que dava nem se lhe viria a fazer falta”. Outra Senhora de Viana deixou este tes-

temunho: “Conheci a Serva de Deus em 1920. Sempre tive dela, sobretudo da sua caridade, uma contínua edificação. Um dia, um homem foi encontrado caído, muito mal, junto à ponte de Viana e foi recolhido por uma família. Sabendo isto,


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comunhão. Morreu sem que lhe faltasse, devido à caridade de Maria da Conceição, o auxílio material e espiritual”. Outros testemunhos há, que relatam o zelo do seu coração generoso: “Era muito devota da Paixão do Senhor, fazendo Via-Sacra todos os dias, por isso, tinha uma elevada devoção ao Coração de Jesus. Efetuava frequentes visitas para oração, ao Mosteiro de Santa Luzia”. Depreende-se que Deus concedeu a Maria da Conceição, o condão de falar com o coração. Também não podia ver as pessoas a sofrer, sem ter de sofrer, por seguirem o caminho da maldade e das ofensas a Deus. No livro de Joan Chittister com o título “O Sopro da Vida Interior” tem uma mensagem em Springdale: “Há tanta bondade no pior de nós e tanta maldade no melhor de nós, que é bastante difícil dizer quem de nós há-de corrigir os outros”. Maria da Conceição sabia muito bem que a humanidade não merecia a misericórdia de Deus. Mesmo assim, ela lutava, lutava afincadamente para que lhes fosse concedido o perdão. Porque, como refere o livro: “Queremos misericórdia para nós, mas justiça rigorosa para o resto da humanidade”. Maria da Conceição também sabia que muitas vezes os menos crentes quando ouvidos e chamados à realidade seguem firmemente o caminho da salvação. É por isso, que, a todos fazia bem, - sofrendo muita dor -, pelo amor a Deus.

cheia de compaixão, pediu-me para ir lá imediatamente, embora já fossem as 11 horas da noite, a levar roupas de cama e de

Encontro de Família

vestir na manhã seguinte, como o doente estivesse muito mal, conseguiu que recebesse os sacramentos da confissão e da

Pensamento de Maria da Conceição: - “Dar, sem ficar nada para nós próprios. Dar-Lhe tudo, pelos que nada Lhe dão”.


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Entrevista

Continuação da entrevista que o Sr. António da Silva Pereira, concedeu a este jornal. A entrevista do Sr. António, também penetrou no campo da Filosofia. Pelo referido, o estimado leitor - tem a oportunidade de se sintonizar e saciar - nesta entrevista - com excertos importantes de alertas sobre razão e sabedoria, - dir-se-á -, comparativamente da filosofia.

Sobre a vida, inicia por dizer que “é evidente que, sendo o percurso da vida de cada ser humano, uma extensa sala de aulas, onde tudo se ouve e ouve-se de tudo, onde tudo se vê, e por conseguinte, vesse de tudo, me levou e leva ainda hoje a ser cauteloso com aquilo que digo, porque aquilo que se faz, a meu ver, é sempre mais ponderado, portanto há sempre um breve espaço de reflexão, menos sujeito a erros, mas que podem acontecer. Quanto ao que se diz é mais espontâneo, portanto se há erro, há mais dificuldade em dar a meia volta para corrigir alguma asneira que porventura tenha sido dita. Aqui lembra-me o que me dizia um Padre amigo: Nem tudo o que se sabe se diz, mas por vezes há a tentação”. Continuou no tema dizendo que é muito importante falar o necessário, “…como dizia a minha querida mãe: Quem muito fala muito erra e acrescenta, mais vale, fala menino do que cala-te menino. Portanto eu sempre preferi ouvir, mesmo se gosto muito de falar (conversar).

Disse de seguida, que “a dificuldade de não dizer todas as verdades, está no atrevimento das perguntas e seu conteúdo, porque se não houver perguntas,

António da Silva Pereira

as eventuais respostas boas ou más ficam guardadas, porém, se houver perguntas, aí o caso

é mais delicado, porque se não se responde, consente e se responde fica sem segredos”.

Sobre o servir ou ser servido, foi conciso ao dizer: “Preferir servir ou ser servido, as duas


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posições são inteiramente opostas, na minha opinião”, “Servir depende de mim próprio, eu sou o patrão, sou independente, se digo sim é sim”. Na minha lida tive como tema a pontualidade, o ser rigoroso e o gosto de servir, quando tal atitude é possível.

Sobre a palavra amor, diz: “é a meu ver uma palavra com um significado enorme, profundo, não é uma palavra ou um sentimento vazio, inútil, que se compra, se vende ou se dá e se retira logo de seguida, como quem fecha uma torneira de água. Não é um sentimento que se apaga facilmente, se assim for já não é amor”.

Sobre servir disse ainda: “Ser servido nos tempos de hoje, embora se sonhe com esse prazer, é uma posição de dependência, de espera, aquilo que queremos não chega, até ficamos tristes e irritados, quando alguém ficou de trazer e não traz, de fazer e não faz, de estar à hora que combinou e não estar; a meu ver é uma situação doentia, o ser servido”.

Acrescenta que “ninguém é obrigado a amar, o amor é um sentimento que nos vem do interior e quando é intenso, não nos podemos separar dele, ele está colado no nosso interior e não desaparece, não nos deixa tranquilos, se é um amor real, sincero; se é amor hipócrita, interesseiro, falso é evidente que não podemos chamar a isso amor, mas simplesmente hipocrisia”.

Dando seguimento ao tema anterior, disse que “A felicidade depende muito da nossa participação, se somos demasiado egoístas, exigentes e severos, atrofiamos a felicidade, não lhe damos espaço, criamos um ambiente de desconforto. Aqueles que nos rodeiam têm um olhar crítico em relação à nossa pessoa, atitude que nos leva a estarmos inconfortáveis, aflitos, não somos felizes, falta-nos alguma coisa”. Em termos de comparação assegura: “Pelo contrário, se alargamos as nossas exigências à compreensão, ao diálogo, ao contato fácil, à harmonia, criamos assim um certo bem-estar à nossa volta e é a meu ver a melhor maneira de criarmos uma porta aberta à felicidade; a meu ver, a nossa felicidade depende numa grande parte de nós próprios”. Sobre a felicidade acrescenta de seguida: “A felicidade é como um passeio de bicicleta, se na hora do nosso passeio o dia está limpo com o sol a sorrir, não há vento nem chuva, não faz frio nem calor, o nosso passeio é maravilhoso é encantador, rolamos a cantar e a assobiar, tudo é serenidade e paz. No entanto, se há um furo o nosso agradável passeio é interrompido por um simples furo e se não temos a paciência e coragem de aceitar esse contratempo, ficamos enervados, portanto infelizes por algo que veio perturbar o nosso passeio o nosso bem-estar. Em suma, a nossa felicidade”. É desta forma que vê a felicidade, porque todos têm que participar imensamente nesse programa nesse bem-estar, no entanto o seu parecer é de que “…não há felicidade completa, basta um simples percalço no nosso dia-a-dia, grande ou mesmo pequeno, num desses dias da nossa existência, para que todo o processo da felicidade fique perturbado”.

Depende nestas circunstâncias “…de que tipo de amor defendemos, no entanto pergunto; quais são os pais que não tem amor aos seus filhos, os filhos que não tem amor aos seus pais? O ser humano que não tem amor a si próprio, à esposa ou ao marido, aos filhos; aquilo que conquistou, que construiu na sua vida, então não pode dizer que tem amor. Se vive como um vagabundo, despegado de tudo e de todos, aqui diria que não é um ser humano normal, porque no mundo dos vivos, até as aves e os animais selvagens e outros, têm amor às suas crias”. Diz ainda que “O amor, quando é verdadeiro, vive em nós sem que dele nos possamos separar, portanto quando é real, é para sempre”. Todavia, quando existem dois amores “já não é bem assim, se existe um coração dentro do peito, o amor pode estar fora da nossa porta, ou mesmo na nossa própria casa. É um estado de graça que pode surgir a qualquer momento, mas não esquecer que será muito complicado ter dois amores ao mesmo tempo, depende, no entanto, de que tipo de amor se fala”.

Também disse não saber, se o sonhar e amar são parceiros, porque “pode-se sonhar em dar a volta ao mundo sem nunca conseguir. Porque, sonhava numa coisa que está fora do seu alcance”.

Sobre o voltar as costas ao mundo, disse que “Deus criou o homem e deu-lhe o necessário para ele viver, deu-lhe um mundo onde ele se pode divertir, mas disse-lhe comerás o pão que amassarás com o suor do teu rosto. Não lhe disse deita-te ao sol e o resto virá gratuitamente; não devemos voltar as costas áquilo que nos foi dado, mes-

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mo a nossa própria vida, portanto temos o dever de zelar e cultivar, sem nos deixarmos abater”.

Sobre o despertador, disse que, para ele “representa a medida do tempo, e o dever do nosso compromisso”. Lembra que “é preciso levantar, tomar a cruz e seguir em frente. Não se deve esperar que tudo o que é necessário vai aparecer como por milagre todos os dias fora da porta. Não, toda a humanidade tem um compromisso na sociedade, na qual, todos estão inseridos, quer se queira ou não, é dever participar cada um no ponto mais estratégico possível e não cruzar os braços deixando que sejam só os outros trabalhar. Uma engrenagem, se lhe faltar um dente, não funciona bem, quer isto dizer que todos têm o dever de participar e não se encostar à sombra da bananeira”.

Também se pode dizer “que o mundo não é igual para todos, e visto de uma certa maneira é verdade. Mas a seu ver depende da coragem de cada um, porque as oportunidades existem, todavia, a preguiça nunca foi boa conselheira, porque, se ao ouvir o despertador tocar e não se reage, é evidente que a partir desse momento é criada uma desigualdade e, por conseguinte, seremos todos vítimas”. Como acima foi citado, “Deus criou o homem e deu-lhe o necessário para viver, mas também a alguns seres humanos lhe deu uma ambição sem limites, o que leva, a que alguns comam tudo ou quase tudo, sem pensarem no resto da sociedade, os quais têm que se contentar com as poucas migalhas que caem da mesa dos grandes senhores!... A partir deste ponto, “o assunto é muito mais complexo do que à primeira vista parece e tem a certeza que se fosse fácil, certos problemas no mundo, já há muito tempo estariam resolvidos”. Sobre leitura, disse que sempre gostou de ler, quase sempre à noite, porque o dia era para trabalhar, - lembra que se refere à sua juventude. Lia sempre à luz do fogo da lareira, ou na cama com a luz de um teimoso a petróleo que lia. Recorda que são defeitos ou qualidades que ainda hoje conserva. Não descreve todos os livros que leu, porque seria fastidioso e mesmo já não se recorda de alguns. Sublinhou de seguida que enquanto jovem gostou imenso de ler toda a coleção de Júlio Verne. Menciona que os últimos que leu, foi a Histoire de France para os Nulos e o último recente foi a


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(Nova Monografia de Alvarães).

Quanto a filmes, “houve dois, entre outros que ainda hoje recorda (A Grande evasão) e mais recentemente (O Titanic). Vê-o e revejo o filme (Jesus de Nazaré) de Franco Zeffirelli”.

Caminhada na Fé Cristã. Sendo filho de pais Cristãos, e fiéis e praticantes da doutrina da Igreja que professavam, é evidente que seus filhos, seriam educados dentro dos mesmos princípios e não via como poderia ser diferente. Portanto, quando ainda criança, começou por aprender o catecismo com a Senhora Maria Carones que morava perto da casa de seus pais. A Senhora, ensinava a catequese a várias crianças dela vizinhas. Foi a preparação para a primeira comunhão, ato que se passou - pensou ele ser - no ano 1947 na companhia de seu irmão. Depois seguiu-se a aprendizagem da catequese mais aprofundada, como preparação para a Profissão de Fé. A catequese, tinha lugar no salão da sede da Ação Católica todos os Domingos às 14

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Horas. Era ministrada por catequistas que não recorda os seus nomes. Perto do fim de cada tempo de catequese, era o Senhor Abade Domingos Parente, que vinha fazer perguntas pontuais sobre pontos de doutrina que se deveria saber. A comunhão solene foi no dia da festa de São Pedro. Tem ideia que foi no ano de 1951, seu irmão, também fez a Comunhão Solene nesse dia. No entanto o seu companheiro desse dia foi José Correia e de seu irmão o Mário Miranda. É evidente que a partir da primeira comunhão, o ir à Missa ao domingo era obrigatório. No princípio acompanhava a sua mãe, que ia quase sempre assistir à missa dominical à vizinha freguesia de Tregosa, porque para toda a sua família, a igreja de Tregosa localizava-se ligeiramente mais perto, sobretudo quando se podia passar nas passadeiras, para atravessar o rio Neiva em vez de ir pela ponte que era bem mais longe. Uns tempos mais tarde, começou a acompanhar a pé seu pai, que ia sempre à Missa à igreja de Barroselas. Digamos, no tempo em que seu pai não tinha bicicleta, depois as coisas foram mudando pouco a pouco. Ou seja, como os filhos foram crescendo,

cada um tinha que se mover pelos seus próprios meios, mas ir à Missa ao domingo, fazia parte do viver como Cristãos. A seguir à festa da sua Comunhão Solene, foi convidado pelo Senhor Abade para ser catequista, mas a verdade é que, não foi muito fiel ao compromisso, deixando de participar no ensinamento da catequese poucos meses depois. Na sua adolescente e não só, havia por parte de seus pais um convite de ir ao domingo de tarde assistir à reza do Terço ou aos Sermões, que nesse tempo era ato corrente. Também havia a obrigação da prática das primeiras sextas feiras do mês, bem como dos primeiros sábados. Como jovem adulto, disse que nunca fez parte da Juventude Operária Católica, no entanto, participou como mordomo das Confrarias do Senhor, das Almas e Nossa Senhora, em anos diferentes. A dada altura, seu pai assumiu o cargo de prior da Cruz, também como tesoureiro da Confraria das Almas e depois da Confraria do Senhor. Disse que foi ele que efetuou todas as tarefas em lugar de seu pai, entre as quais ir aos funerais com a Cruz e mesmo todos os meses à Procissão do Cruzeiro


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como era estipulado na Confraria do Senhor. Afirmou que participou como mordomo das Confrarias e não só, tendo também participado nos peditórios feitos na freguesia no tempo de São Miguel, e ainda na cobrança dos anuais das Confrarias que seu pai tinha a seu cargo. Foi também membro da liga Eucarística dos homens até maio de 1965. Um dia, por convite do Sr. José do Casal, assumiu o cargo de distribuir todas as semanas um jornalzinho chamado (Mensageiro Paroquial). O jornal era enviado em maço pela Diocese de Viseu diretamente para a casa de seus pais. Frisou que eram por si dobrados um a um de maneira a ficarem mais bem-apresentados. Era um jornal de caráter religioso e muito interessante. Esta tarefa durou até 1965. Depois, foi um dos seus irmãos que assumiu essa tarefa. Frisou ainda, que no princípio eram seis assinantes, depois arranjou mais alguns, por fim eram 15. Portanto, todos os domingos lá ia entregar de mão em mão o referido jornal. Também, por convite de seu tio Secundino, assumiu o cargo de zelador da Irmandade do Coração de Maria do Lugar da Foz. Esse serviço consistia na cobrança dos anuais, e quando falecia um irmão da Irmandade do seu lugar, ele tinha de ir à Igreja buscar uma caixa que continha a bandeira do Coração de Maria, assim como as opas para os jovens pequenos vestirem a fim de acompanhar o funeral. Disse ainda, que a sua missão era levar a bandeira acompanhado por dois adultos com a respetiva capa. Destacou, a fim de dissipar dúvidas, que este tipo de prestação de serviços, eram práticas muito antigas, elas existiam, porque há quarenta e mais anos, os funerais partiam da casa de

Berlin 10/05/2011 - Diante do muro da vergonha

cada pessoa que falecia. Vincou que assumiu e respeitou o cargo, mesmo quando

emigrou para França. Para o efeito, pagava a uma senhora para efetuar todas as tarefas

em seu lugar. Este compromisso perdeu-se


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no tempo com a construção da Capela da Ressurreição.

Pensa que o ano 1950, foi proclamado pela Igreja de Portugal “Ano Mariano”. Nesse mesmo ano, foi organizada uma peregrinação que saiu da Sé de Braga até ao Templo da Senhora do Sameiro. Como acontecimento memorável, disse que seu pai também participou e levou-o. A peregrinação, a Missa Campal à chegada lá acima e o sermão marcaram-no muito, foi, um dia para si impressionante e inesquecível. Portanto sem saber porquê, a partir desse dia, ficou sempre muito devoto de Nossa Senhora do Sameiro. Foi Ela, que o acompanhou espiritualmente quando emigrou para França. Era a mãe, que estava sempre consigo. A devoção à Senhora do Sameiro era tal, que o levou a prometer que se a vida lhe corresse bem, participaria monetariamente na abertura de uma subscrição a favor da compra de uma imagem para a Igreja Paroquial de Capareiros – Barroselas. Portanto, em maio de 1967, foi aberta por ele a inscrição para a compra de referida imagem. O Senhor Padre Marcelino, Pároco na altura em Barroselas, aceitou muito bem a ideia e através do jornal a “Voz da Paróquia”, lançou um apelo para que as pessoas devotas também participassem e assim aconteceu. A ideia foi coroada de êxito e um ano mais tarde, há precisamente cinquenta anos, a linda Imagem da Senhora do Sameiro entrava na Igreja Paroquial de Barroselas. Divulga este acontecimento agora, com a exclusiva finalidade em recordar aos mais jovens como as belas coisas começam. Nota: Ver Jornais A Voz da Paróquia de 1967-68.

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Como o mês de janeiro é aniversário deste jornal, - quando era em papel -, achei justo assinalar com mais ênfase a efeméride. Para o efeito, convidei o Sr. António da Silva Pereira – irmão do Fundador, Manuel Delfim da Silva Pereira (Necas) -, para uma entrevista. Concedeu-a, e, neste mês sai a parte final de referida entrevista. Todavia, o Sr. António, a fim de agraciar – merecidamente - seu irmão Necas, enviou a seguinte mensagem: = Recordação = “Nos fins de abril de 1978, tive um convite do meu irmão Manuel Delfim (O Necas), para passar uns dias de férias em Itália e com ele efetuar algumas visitas. 0 meu irmão, encontrava-se nesse tempo ao serviço da Congregação dos Filhos da Imaculada Conceição de Maria, na região de Cômo norte de Itália. Quando recebi o convite hesitei um pouco, porque há relativamente pouco tempo tinha sido assassinado o Primeiro Ministro de Itália Aldo Moro, no entanto, o Necas, vendo a minha hesitação disse-me para não ter receio, porque o que vem acontecer é simplesmente política e nada mais.

três noites e dois dias. Tempo necessário, para visitarmos um pouco do que há de bonito e importante em Roma. O meu irmão conhecia bem Roma e, portanto, levou-nos a todos os pontos de mais interesse. Depois desta maravilhosa visita, subimos novamente para o norte, para visitar a Catedral de Pádua onde se encontra o túmulo de Santo António de Lisboa. De seguida, continuamos a nossa viagem com direção a Veneza, mas pernoitamos num Hotel na cidade de Mestre. No dia seguinte, fomos visitar a cidade de Veneza, outra maravilha de Itália. Aqui, o Manuel Delfim, mais uma vez nos guiou para a visita dos pontos principais; Praça e Catedral de São Marco e Morano, onde se fabricam peças em vidro de grande beleza. Veneza é um encanto, um sonho, passear em Veneza dava a impressão de estarmos noutro mundo, noutro planeta, não havia a confusão com os automóveis, nem o barulho de fundo, mas um silencio repousante, isto era assim há quarenta anos. Já no fim da tarde retomamos o caminho da casa das Irmãs Missionárias em Leco-Lierna, onde mais uma vez pernoitamos.

Diante desta afirmação, no princípio do mês de maio, lá estava eu com a minha família a caminho de Itália para a região de Cômo. A viagem foi de automóvel. Quando chegamos a Liérna, localidade onde as Irmãs da Congregação do Coração de Maria tinham a sua casa, já era no fim do dia.

Não me lembro a que momento, mas sei que fizemos outras visitas, no entanto chegou o momento do fim, da nossa partida para França, para a nossa aldeia de Le Mee-Sur-Seine onde chegamos bem e muito contentes do nosso passeio por terras de Itália.

O Necas lá estava à nossa espera e fomos recebidos com muita gentileza pelas Irmãs da Congregação, que nos ofereceram o jantar e o necessário para pernoitar.

Nota: Se falo desta passagem na minha vida, é simplesmente para relembrar e com um muito obrigado ao meu irmão Manuel Delfim, porque sem ele, eu e a minha família nunca teríamos visitado com tantos pormenores a Itália e sobretudo Roma.

No dia seguinte e depois do pequeno almoço, partimos com destino à cidade de Roma que fica relativamente longe em relação a Liérna.

Nota final:

Em Roma fomos albergados pelos Missionários Filhos do Coração de Maria durante

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Um muito obrigado, e um abraço ao Necas”. Teu irmão, António Pereira.

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Opinião

Os Caminhos de Ferro (Número 41)

Domingos Costa domingosdacunhacosta@gmail.com

Apresento neste artigo diversos concursos públicos, destinados a construir no nosso País, linhas férreas do sistema America-

no. Inicio por divulgar, que a 26 de janeiro de 1888, - baseado no pedido efetuado a 17 de setembro de 1874 -, foi dado consentimento para construir uma linha férrea à companhia mineira e industrial do Cabo Mondego, de Figueira ao Forno de Cal. Também, a 17 de setembro, foi concedida à Companhia Mineira e Industrial do Cabo Mondego, para a construção de um troço de via entre Buarcos e a Figueira (Barra). A construção ficará assente em diversas estradas. No mesmo sentido a 22 1de julho de 1897, foi apresentado concurso Público, para

construir um caminho-de-ferro americano de tração animal entre Funchal e Camara de Lobos. Também Dom Luiz, Rei de Portugal e dos Algarves, deu autorização ao governo para autorizar e fiscalizar António Manuel Lopes Vieira de Castro e Evaristo Nunes Pinto, aquando receberem material circulante para construir vias de comunicação servido por cavalos, nas ruas da cidade do Porto. Mais tarde, a 28 de fevereiro de 1901, Sua Majestade El-Rei concede à parceria do ascensor da Nazaré, para que construa um caminho-de-ferro americano movido a locomotiva, com partida de Alcobaça até à


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da real nº. 33, ou seja, pela Rua do Bonfim, Praça das Flores e Rua da Lameira. Dois anos depois, foi emitido 3 alvará com data de 20 de junho de 1895, para conceder “licença ao concessionário do caminho-de-ferro americano da ponte de D. Luís I a Vendas de Grijó e à ponte de Tabuaço, no sentido de construir um ramal entre o tabuleiro inferior da referida ponte e a rua de Camões, em Vila Nova de Gaia.” Esta linha férrea será construída na estrada real nº. 10. Finalizo este artigo, lembrando que a 23 3 de agosto de 1894, Sua Majestade El-Rei, emitiu alvará para que Francisco José Lopes, construa e explore um caminho-de-ferro americano de tração animal, no troço da estrada real nº. 23, entre Funchal e Câmara de Lobos. PS: - Fotografias do arquivo da (CP).

1

Pág. 119 a 122 do livro de Legislação de 1897 a 1899.

2

Pág. 294 a 296 e pag. 1081 do livro de Legislação de 1887 a

1893. 3

Pág. 798/799, 363 a 369, 436 a 443, 936 a 944 do livro de

Legislação de 1894 a 1896.

estação de Valado, pela estrada real nº. 64; depois do “Valado ao rio da Areia em leito próprio e do rio de Areia a Nazaré pela estrada real nº. 59, - estação de Albergaria a S. Martinho do Porto”.

Voltando ao ano 1893, acrescento que a 23 2de novembro, a Companhia Carris de Ferro do Porto, foi autorizada a construir na cidade do Porto um caminho de férreo americano com tração animal, na estra-

Contactos úteis Viana do Castelo Camara Municipal de Viana do Castelo: 258 809 300 Bombeiros Voluntários de Viana do Castelo: 258 800 840 Bombeiros Municipais de Viana do Castelo: 258 840 400 Guarda Nacional Republicana: 258 840 470 Polícia de Segurança Pública: 258 809 880 Polícia Marítima: 258 822 168 Unidade de Saúde Local do Alto Minho (ULSAM): 258 802 100 Cruz Vermelha: 258 821 821 Centro de Saúde: 258 829 398 Hospital Particular de Viana do Castelo: 258 808 030 Unidade de Saúde Familiar Gil Eanes: 258 839 200 Interface de Transportes: 258 809 361

Caminhos de Ferro (CP): 258 825 001/808208208 Posto de Turismo de Viana do Castelo: 258 822 620 Turismo do Porto e Norte de Portugal, Entidade Regional: 258 820 270 Viana Welcome Center - Posto Municipal de Turismo: 258 098 415 CIAC - Centro de Informação Autárquico ao Consumidor: 258 780 626/2 Linha de Apoio ao Turista: 808 781 212 Serviço de Estrangeiros: 258 824 375 Defesa do Consumidor: 258 821 083 Posto de Fronteiras do SEF: 258 331 311 Arquivo Municipal de Viana do Castelo: 258 809 307 Centro de Estudos Regionais (Livraria Municipal): 258 828 192 Biblioteca Municipal de Viana do Castelo:

258 809 340 Museu de Artes Decorativas: 258 809/305 Museu do traje - 258 809/306 Teatro Municipal Sá de Miranda: 258 809 382 VianaFestas: 258 809 39

Barcelos Câmara Municipal de Barcelos: 253 809 600 Bombeiros Voluntários de Barcelos: 253 802 050 Hospital Sta. Maria Maior Barcelos: 253 809 200 Centro de Saúde de Barcelos: 253 808 300 PSP Barcelos: 253 823 660 Tribunal Judicial da Comarca de Barcelos: 253 823 773


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Sugestão ao leitor

A JUSTIÇA NO CINEMA Um dos aspectos mais salientes e elucidativos da vida do homem em sociedade, é quando ele extravasa e desvirtua os valores consagrados de uma constituição do país e conspurca com a proeminência da lei de forma inequívoca e evidente, sendo que esse tipo de acção é muitas vezes perpetuado por estimulos de índole endógeneo, que devido á sua personalidade audaciosa e irreverente, não aceitam a concepção restritiva da lei, que na sua génese é concebida, por os politicos eleitos pela a população em geral. Através do cinema, chega nos exemplos concludentes do ambito criminal, em que processos criminais, diferendos e cenários litigiosos, chegam aos tribunais, para que os agentes da lei e da justiça, promotores públicos, advogados, jurados, juízes, se pronunciem de forma categórica, conclusiva e assertiva, numa decisão fundamentada que seja ilustrativa do respeito integral pelo o primado da lei, os valores, a ética, de uma sociedade civilizada, em que o homem está embuído de direitos, mas também de deveres e obrigações. Toda esta panóplia de acções judiciais, que a sétima arte retracta de forma contudente, designadamente todas as incidências, as vicissitudes, que são objecto de um processo criminal, são esmiuçadas em julgamentos, em que a conduta duvidosa e perniciosa do homem, é analisada e dissecada até á exaustão, tratando se de um delito meramente comum, ou até mesmo de um crime hediondo e repugnante, nessa abordagem e numa procura incessante de factos exequíveis e lancinantes, que possam penalizar ou absolver o arguido, ou que possam favorecer uma das partes intervenientes num processo litigioso, os atores judiciais gladeiam se num emaranhado de procedimentos legais ou em provas tangíveis, para chegarem vitoriosos ao veridicto final, que provoca emoções diversas de forma incomensuravél, como o gáudio, a tristeza, a revolta, a indignação, o júbilo e a resignação. Nesse âmbito o cinema, tem produzido excelentes filmes, uns baseados em factos verídicos e outros de pura ficção, mas que expurgam casos periclitantes de diversa dimensão e complexidade colossal, em que a justiça é posta á prova, e os tribunais tem que decidir em conformidade, com os valores associados á lei, mas principalmente emanados de um grau de ética, tolerância, pragmatismo e implacáveis com agentes toxícos e no-

civos para a sociedade em geral, ao qual eu indico alguns filmes que na minha opinião, demonstram uma conjuntura processual de dificil julgamento e apreciação, que vai gerar uma intervenção assertiva, resoluta e decisiva, dos agentes judiciais e respectivos jurados. 12 homens em fúria, de 1957- é um filme Norte- americano, que conta a história de doze jurados que se reúnam para se debruçarem e proclamar um veredicto, num caso de julgamento, em que um adolescente é suspeito de um homícidio fratricida, isto é do próprio Pai. Perante a prova apresentada pelo o ministério público, para a maioria esmagadora dos jurados, o jovem é culpado, mas um dos jurados não está convencido desta unanimidade taxativa e concludente dos restantes jurados e solicita a cada um dos membros, que debatem ponto por ponto do processo e apresentem as razões plausíveis que motivaram a decisão de cada um. Com esta atitude inusitada deste jurado, que está convencido que a argumentação da acusação, baseia se em provas que não são fiáveis e com laivos de ambiguidade lacónica, ele vai conseguindo convencer aos poucos e de forma convincente, alguns dos jurados a mudar o sentido de voto, conseguindo dividir a certa altura a opinião dos jurados, correndo o risco de o processo ficar inquinado e sem uma ratificação á vista. Neste cenário de uma reunião tensa, volátil e disruptiva, provocada por uma acção providencial de um jurado, que supostamente teve uma percepção do processo mais eficaz e hábil do que os outros jurados, vai se notando nas entrelinhas do culminar da discussão, as facetas associadas á personalidade de cada um, enquanto uns mostravam se interessados em analisar o processo de fio a pavio, outros juntavam se a uma decisão a onde a maioria parecia prevalecer, evidenciando um apedeutismo circunstancial, outros votavam na decisão passível de ser mais inequívoca, para poderem ir embora mais depressa, enquanto outros se mostravam mais persistentes e obstinados na sua decisão inicial, recusando aceitar o óbvio e as incongruências da fundamentação da acusação. Uma obra-prima que recomendo vivamente, para quem não teve oportunidade de visionar. Kosovo - Crimes de Guerra de 2005- é

um filme baseado em factos verídicos, que aborda a determinação bem vincada da juiza Louise Arbour em acusar os responsáveis politicos e militares que perpetuaram sevícias e massacres incomensuráveis contra populações na guerra dos balcâs e do Kosovo, que decorreram nos anos 90, na antiga Jugoslávia. Durante três longos anos, entre 1996 e 1999, a promotora nomeada pelo o Tribunal Crimes de Guerra, para investigar e arguir todos aqueles que são susceptíveis de cometer crimes contra a humanidade e que usurparam de forma catatónica contra os direitos mais elementares da Convenção de Genebra. Para se debruçar e actuar em conformidade contra a grave suspeita de crimes hediondos, cometidos na antiga Jugoslávia, que tiveram a conivência e denodo antagónico do caudilho Slodoban Milosevic, coadjuvado pelos os próceres Sérvios, que devido a ódios e ressentimentos do passado, calcinaram assassínios em massa, com vitimas a contarem se aos milhares, nas guerras que efectivaram o desmembramento da antiga Jugoslávia, Louise Arbour encontra obstáculos que parecem intransponíveis, nomeadamente por inacção e inércia dos generais da Nato e sem ter uma força militar ou policial, para levar a cabo o seu desiderato e a sua missão de justiça. Finalmente em 1999, graças á sua determinação, resiliência e um conjunto de provas inequívocas e concludentes, consegue acusar militares graduados sérvios e emitir um mandato de captura contra o presidente em exercício, Slodoban Milosevic. Tempo de Matar de 1996- é um filme Norte-Americano, que invoca a periclitante e intricada frase "Justiça pela as próprias mãos", uma frase que norteia o nosso espirito com carácter, bravura e irreverência, para uma revolta interior que nos leva a actos de vingança contraproducentes, porque temos a sensação de impotência, perante uma constatação de um sentimento de injustiça consideravél e proscrito nos seus efeitos. A história deste filme vai até á cidade de Canton, no Mississipi, em que uma menina negra de 10 anos é violentamente estrupada por dois homens brancos facinoras de concepção grotesca e de indole racista, que com esta acção inexorável e vil, põe em perigo de vida a frágil e inocente menina. Perante esta evidência terrível,


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seu Pai Carl Lee totalmente petrificado e indignado com o acto inconcebível, aproveita o ensejo de os dois criminosos serem levados a depor na qualidade de arguidos, para consumar a vingança, liquidando os sem apelo e nem agravo, com uns tiros certeiros de uma arma de fogo. Diante deste facto ocorrido, Carl Lee recorre a um jovem advogado e seu conhecido Jake Tyler, para o defender na acusação de homicidio premeditado, Jake Tyler aceita o desafio e reconhece que Carl Lee tem francas hipoteses de ser absolvido, devido aos antecedentes éticos e morais que o levaram a cometer este homícidio, mas reconhece que depende da interpretação dos jurados e das suas convicções. Este processo crime vai despoletar num agudizar de tensões e confrontos, entre a comunidade negra e grupos racistas que exigem a condenação exemplar de Carl Lee, que mediatiza de tal forma peremptória o desenrolar do processo, ao qual o veredicto final se reveste de imensa importância, para as incidências e vivências em sociedade, daquele estado Norte- Americano. Não obstante, toda a fumaça e crispação envolta neste processo, para Jack Tyler só há um desiderato, salvar da pena da morte, um homem que actuou com honra e intenção, que na hora de afli-

ção, só viu um meio de dar paz ao seu coração, vingando de forma eloquente, a sua filha que foi hediondamente vituperada. Filadelfia de 1993- é um filme Norte- Americano, que aborda a temática de o despedimento ilicito protagonizado por empresas de grande envergadura, baseado em pressupostos e preconceitos bacocos e infundados, que não cumprem com o estipulado nas normas do código e tribunal de trabalho. No enredo do filme, essa situação sucede se com o jovem promissor advogado Andrew que trabalha numa firma de advogados conceituada, que além de ter a infelicidade de lhe ser diagnosticado o virus da sida, também é confrontado com um despedimento despiciente e incompreensível, sendo ele considerado um dos melhores quadros a laborar na empresa. Tendo o jovem Andrew a percepção, que as razões para esta dispensa se trata de uma mistificação paranóica, muito própria e saliente na década de 80, quando o vírus HIV foi detectado e se tornou incomensuravelmente mortal, para milhares de cidadãos em todo o mundo, mesmo com essa fatalidade Andrew toma a iniciativa de processar a companhia, solicitando a um advogado homofóbico Joe Miller para levar o

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seu caso a tribunal e tentar encontrar argumentos válidos para atribuir as devidas imputações ilegais ao seu despedimento, numa fase inicial Joe Miller declina o convite, mas depois acaba por aceitar o repto de Andrew, por compaixão com a decadência fisica de Andrew e por o comportamento desdenhoso da sociedade Americana, em relação á doença de Andrew. Chegados a tribunal, Joe Miller terá que usar toda a sua bagagem argumentativa e sapiência instrutória, para encurralar a firma de advogados á parede, enquanto assiste á degradação fisica grave de Andrew. Além destes filmes, ao qual fiz uma pequena súmula, onde é perceptivel que a justiça na sua forma de actuar, tem um alcance indelével e transversal, a todos os aspectos do pulsar da vida em sociedade e portanto todos os filmes deste género, que sinalizam a semântica dos tribunais e das decisões pontificadas em sentenças, são sempre obras muito pertinentes e interessantes para os indefectíveis apreciadores de cinema. Alcino Pereira


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Necrologia

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Ambiente

Grande Destaque Ambiental em 2018 Manuel Lima m.l.valedoneiva@gmail.com

Destaque em 2018 a proibição de pesticidas neonicotinóides na U. E., a maioria

dos estados membros apoiou a proposta da Comissão Europeia, incluindo Portugal, de proibir as utilizações ao ar livre de 3 neonicotinóides causadores da mortalidade das abelhas. Os Inseticidas contendo as substâncias imidaclopride, clotianidina

e Tiametoxam irão, desaparecer do nosso ambiente, para bem da biodiversidade, da saúde pública e por último o mais relevante, para a segurança das abelhas.

Culinária

Pão de queijo Ingredientes: 1,5 dl leite meio-gordo 0,75 dl óleo 1 c. chá sal fino 250 g polvilho azedo 1 c. chá fermento em pó 125 g queijo flamengo ralado 1 ovo L

Preparação 1. Pré-aqueça o forno a 180 °C. 2. Coloque um tacho ao lume com o leite, o óleo e o sal fino. 3. Quando estiver quente, retire do lume, deixe arrefecer um pouco e adicione o polvilho envolvido com o fermento. 4. Mexa para dissolver e junte o queijo e os ovos, amassando até ligar todos os ingredientes.

5. Forme pequenas bolas e disponha, com algum intervalo entre elas, num tabuleiro de forno forrado com papel vegetal.

ou até os pães estarem dourados

6. Leve ao forno durante 25 a 30 minutos

Fonte: https://www.pingodoce.pt/receitas

Bom apetite!


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