Propriedade: A MÓ · Associação do Vale do Neiva (Cultural, Património e Ambiente) | Barroselas Março 2018 | Mensal · Nº47 · Gratuito · Versão digital
Mujães
Vigésimo Quinto Aniversário da Associação Cultural De Mujães P. 3e4
CULTURA POPULAR: “DA CRENÇA À DOENÇA” ÁLVARO CAMPELO E JOSÉ PINTO DA COSTA EMPOLGAM OS PRESENTES
P. 7e8
Padela Natural: dia de Campo + apresentação de eventos P. 5e6
Entrevista
Geminação entre as Autarquias de Durrães e Tregosa e Vaulx-Milieu (França) P. 2 PUB.
Sr. Padre José Joaquim Queirós de Sá P. 10a16
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Neves
Páscoa a Três, uma realidade! P. 8 Sugestão ao leitor
ALFRED HITCHCOCK NO CINEVIANA P. 24
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Durrães e Tregosa
Geminação entre as Autarquias de Durrães e Tregosa e Vaulx-Milieu (França) No dia 13 de fevereiro, realizou-se a cerimónia de assinatura do Protocolo de Geminação entre as autarquias de Durrães e Tregosa e a cidade de Vaulx-Milieu de França. Vaulx-Milieu, é uma pequena cidade situada a sudeste de França do departamento de Isère na região administrativa de Auvérnia-Ródano-Alpes. Faz parte da cidade nova de Lisle-d´Abeau. O Salão Nobre da Freguesia de Durrães e Tregosa apresentou-se com bastante público e individualidades da região do Vale do Neiva, entre os quais se destacam: Dr.ª Sofia Silva e Marçal Almeida pela União de freguesias de Barroselas e Carvoeiro, Dr. António Costa Presidente da Junta de freguesia de Vila de Punhe, Fernando Martins Presidente da Junta de Alvarães, Reverendo Pároco Padre Ernesto Faria, membros autárquicos, e representantes das associações locais. Presidiram à cerimónia o Dr. Rogério Barreto presidente da Assembleia de freguesia, ladeado à sua direita pelo Sr. Presidente da Junta, José Dias e Carlos Mota membro da Comissão de Geminação, à esquerda a Dr.ª Armandina Saleiro Vice-Presidente da Câmara Municipal de Barcelos e vereadora do Pelouro da Cultura e o Sr. Dominique Berger Presidente do Município de Vaulx-Milieu. O Sr. Dominique Berger fez-se acompanhar por quatro elementos da sua Autarquia. Seguiram-se os
diferentes discursos que na generalidade versaram sobre a geminação, focando aspetos de interesse cultural, fraternidade
e amizade entre as duas comunidades agora geminadas. Momento alto desta cerimónia, deu-se com a assinatura do Protocolo e a troca de lembranças pelas duas Autarquias onde o artesanato local foi predominante. Finalmente e a encerrar esta cerimónia, o Rancho folclórico de Tregosa fechou com chave de ouro este evento, mostrando as danças e cantares do Vale do Neiva. A Diretora do Grupo, convidou todos os presentes a dançar incluindo a comitiva francesa a qual aderiu de forma espontânea. À saída e entrada da freguesia foi colocada uma placa alusiva a esta efeméride. O jornal O Vale do Neiva, deseja a todos os níveis, ótimas perspetivas para as duas comunidades. J. Miranda
Ficha técnica | Diretor: Tiago Lima Redação: Domingos Costa · José Miranda · Manuel Lima · José Rafael Soares Colaboradores: Alcino Pereira · Cristiana Félix · Adriano Jordão Design e Paginação: Inês Guia Contacto redação: Avenida S.Paulo da Cruz, Apartado 20 - Barroselas · redajornalvaledoneiva@gmail.com Periodicidade: Mensal Formato: Digital Distribuição: Gratuita Os artigos de opinião são da inteira responsabilidade dos seus autores, podendo ou não estar de acordo com as linhas editoriais deste jornal.
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Mujães
VIGÉSIMO QUINTO ANIVERSÁRIO DA ASSOCIAÇÃO CULTURAL DE MUJÃES Domingos Costa domingoscunhacosta@gmail.com
A Associação festejou - com fulgor - no dia 28 de Janeiro as bodas de prata. O programa da festividade do dia, iniciou às 10h30, com a celebração de Santa Missa cantada pelo Grupo de Cavaquinhos da referida Associação. Nesse momento nobre, foram homenageados os fundadores e dirigentes já falecidos. Também, alimentar o ego de todos os elementos que a constitui. Também ainda, fazer fé dos mesmos propósitos aos vindouros. Terminada a celebração da Santa Missa, os presentes em romaria, dirigiram-se ao Cemitério, a fim de agraciar com uma coroa de flores, os supracitados falecidos. Concluído este importante ato, dirigiram-se para a Quinta do Carvalho, para aí, desfrutarem e deliciarem o almoço abrilhantado como é óbvio, pelo Grupo de Cavaquinhos. A finalizar condecorou No decorrer do almoço foram condecorados personalidades que trabalharam pela Associação. Pelo observado, dir-se-á que, no decorrer do almoço/convívio, foi a todos proporcionado um ambiente – agradável - de acordo com as intenções da Associação. Ou seja, acolher saudavelmente todos, promovendo-lhes um ambiente saudável, imbuído - como é compreensível -, no bem-estar e alegria de viver. Foi, este, o desígnio imprimido pela Associação. Pelo expressado, ficou patente, que, foi vivido ao longo dos já passados vinte e cinco anos, - e, pelo testemunho da presidente - seguramente continuará a ser no futuro, lema prioritário da Associação. Por considerar pertinente, e, enquadrado
na essência do dia e escolha da Associação, vou sucintamente desmitificar, o dia 28 de Janeiro, segundo a história Religiosa. O mesmo, é festejado com São Cyrillo, que foi Presbítero e Bispo Conferencista. O bondoso Santo que, santamente governou - como Patriarca de – Alexandria, foi um Santo vigilante, eloquente, honesto, penitente, zeloso na fé Católica e amigo de Deus. Por isso, a sua felicidade era estar – ao lado - e ajudar os oprimidos; consolar os afligidos; socorrer os necessitados; bem como ocupar-se em reformar os costumes dos Católicos, ensinando os ignorantes, e, ainda, “ilustrar toda a Igreja com muitos e variados livros por si escritos”. Em continuação dos festejos das bodas de prata, dirijo-me agora, para o dia 4 de
Fevereiro, dado ter-se realizado nesse dia, o oitavo encontro de Cantar das Janeiras. Nesse dia, considero oportuno sublinhar, que, a Associação às 15H00, franqueou as portas para acolher as famílias dos membros da Associação, amigos e simpatizantes, para que todos juntos, pudessem assistir ao esplendoroso e expectável programa dessa tarde de Domingo. Foi o que aconteceu, fruto de muita sabedoria, levou a que houvesse casa superlotada. Muita festa. Calor humano, quanto-baste. A festa foi abrilhantada pelos seguintes grupos: Centro Escolar de Mujães; Grupo Folclórico da Correlhã; Os Musiké (de Guimarães); Grupo ACROFAL (de Alvarães e Fragoso) e, a finalizar, o Grupo de
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Cavaquinhos da A. C. Mujães. As atuações dos intervenientes, entraram e ficaram na memória, saciando inteiramente o coração dos presentes. Também neste dia, pretendo citar a História Religiosa porque se enquadra com dia. Em primeiro lugar porque o Santo é Português e natural de Arganil próximo de Coimbra, era Cônego Regular de Santo Agostinho. Neste dia, também se comemora o Santo André Corsino.
A História da vida e milagres do glorioso Padre S. Goldrofe, comporta valores elevados de santdade. A Esperança vivia nele; era bom pregador da palavra de Deus; confessava e instruía todos com afabilidade; dizia a missa com muita devoção e devagar; orava com grande submissão, perseverança e atenção. Não se pode desprezar a mais fina fé que possuía e explicita caridade. Pela sua retidão de vida, unida ao mais
puro amor, bem como temor Divino, levou-o a ser muito favorecido de mimos Celestiais. Também se presume, que foi o fundador e Prior do Mosteiro – pelos anos 1086 de S. Pedro de Cônegos de S. Agostinho. Com a sua Santa vida se preparou para uma preciosa morte a 4 de Fevereiro de 1100? A Presidente da Associação ao usar da palavra, falou dos dois encontros já realizados este ano. Vinculou em jeito assertivo, o trabalho desenvolvido até esta data. Lembrou de seguida, que muitos outros audaciosos projetos estão na forja, e com vontade para com a mesma garra levá-los a efeito. Com um carinho especial, e bem-haja, enalteceu vivamente os fundadores e os que lhes deram seguimento. Enalteceu o empenho, determinação e amor pela justa causa Associativa, por todos quantos trabalharam. Disse: muitas horas dadas em proveito do bem comum, particularmente pelos mais jovens. Tocou no coração dos familiares, que muitas vezes são lesados pelas sucessivas ausências dos que, sem contrapartidas prestam um bem social. A finalizar o programa, a Associação franqueou um lanche aos presentes, incluindo os parabéns com o respetivo bolo de aniversário. Parabéns . P S: - A conceção deste artigo, teve ajuda das págs. 252 a 256 e 235 a 238 do livro Sanctorum de Christo.
Contactos úteis Viana do Castelo Camara Municipal de Viana do Castelo: 258 809 300 Bombeiros Voluntários de Viana do Castelo: 258 800 840 Bombeiros Municipais de Viana do Castelo: 258 840 400 Guarda Nacional Republicana: 258 840 470 Polícia de Segurança Pública: 258 809 880 Polícia Marítima: 258 822 168 Unidade de Saúde Local do Alto Minho (ULSAM): 258 802 100 Cruz Vermelha: 258 821 821 Centro de Saúde: 258 829 398 Hospital Particular de Viana do Castelo: 258 808 030 Unidade de Saúde Familiar Gil Eanes: 258 839 200 Interface de Transportes: 258 809 361
Caminhos de Ferro (CP): 258 825 001/808208208 Posto de Turismo de Viana do Castelo: 258 822 620 Turismo do Porto e Norte de Portugal, Entidade Regional: 258 820 270 Viana Welcome Center - Posto Municipal de Turismo: 258 098 415 CIAC - Centro de Informação Autárquico ao Consumidor: 258 780 626/2 Linha de Apoio ao Turista: 808 781 212 Serviço de Estrangeiros: 258 824 375 Defesa do Consumidor: 258 821 083 Posto de Fronteiras do SEF: 258 331 311 Arquivo Municipal de Viana do Castelo: 258 809 307 Centro de Estudos Regionais (Livraria Municipal): 258 828 192 Biblioteca Municipal de Viana do Castelo:
258 809 340 Museu de Artes Decorativas: 258 809/305 Museu do traje - 258 809/306 Teatro Municipal Sá de Miranda: 258 809 382 VianaFestas: 258 809 39
Barcelos Câmara Municipal de Barcelos: 253 809 600 Bombeiros Voluntários de Barcelos: 253 802 050 Hospital Sta. Maria Maior Barcelos: 253 809 200 Centro de Saúde de Barcelos: 253 808 300 PSP Barcelos: 253 823 660 Tribunal Judicial da Comarca de Barcelos: 253 823 773
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Padela Natural: dia de Campo + apresentação de eventos No dia 3 de fevereiro, a Padela Natural Associação Promotora dinamizou o “Dia de Campo + apresentação de eventos”. A primeira parte desta atividade foi dedicada ao “trail running” com o “Dia de Campo”. Esta atividade iniciou-se com uma palestra dedicada ao uso do vestuário de compressão realizada na Junta de Freguesia de Mujães. Perante uma audiência atenta, Fernando Prisal, da Compressport Portugal, esclareceu os presentes sobre a utilização e os benefícios da roupa de compressão na prática desportiva e no quotidiano. De seguida, os presentes saíram para uma corrida pelo monte da Padela com a companhia de Diogo Fernandes, um dos grandes atletas nacionais do “trail” nacional. A segunda parte decorreu no auditório do Centro Social e Cultural de Barroselas. Perante uma grande plateia, Nuno Peixoto, presidente da Padela Natural Associação Promotora, iniciou a sessão com um discurso sobre a história da associação, relembrando atividades passadas e projetando as ambições e projetos futuros. Prosseguiu o engenheiro Vítor Lemos, Vereador do Desporto da Câmara Municipal de Viana do Castelo, elogiando o dinamismo da associação e realizando o seu enquadramento dentro da aposta despor-
tiva realizada pelo município de Viana do Castelo.
De seguida, foram apresentadas as principais atividades da Padela Natural Associação Promotora: João Gorito tomou a palavra pelo Ataque à Padela, André Silva falou sobre o “III Trial Monte da Padela” e João Sobreiro sobre o “Hard Trail Monte da Padela By Compressport”. O “III Trial Monte da Padela” será a primeira prova do Campeonato Nacional de Trial, em Santa Justa, Carvoeiro, no dia 11 de março. O “Hard Trail Monte da Padela by Compressport”, no dia 3 de junho, prova candidata ao calendário nacional de “Sky Running”, terá a partida em Balugães e a meta instalada novamente nas piscinas municipais de Barroselas. A parte final foi dedicada a uma conversa
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animada sobre desporto com a presença de Rui Sousa, ex-ciclista profissional; Diogo Fernandes, atleta de topo de “trail; Dr. Eduardo Merino, fisioterapeuta reputado e com múltiplos trabalhos desenvolvidos nesta área; e Dr. Elton Gonçalves, nutricionista. Para moderar esta conversa: João Carvalho, a voz de muitas provas nacionais de “trail”. Esta conversa deu espaço a muitos aspetos do desporto como a preparação física, as lesões, a nutrição e as inevitáveis histórias de quem está ligado há muitos anos à prática desportiva. No final, Nuno Peixoto declarou que “este ano quisemos fazer algo diferente. Trouxemos figuras ligadas ao mundo do desporto, seja por participação direta no desporto enquanto atletas, seja como especialistas ligados à área da fisioterapia, nu-
Breves Padela Natural
III Trial Monte da Padela
Santa Justa, em Carvoeiro, voltará a receber as motas de trial no dia 11 de março. O III Trial Monte da Padela será a primeira prova do Campeonato Nacional de Trial e será organizado em parceria com a Federação Portuguesa de Motociclismo. A prova terá início às 13 horas e terminará às 17 horas.
Hard Trail Monte da Padela by Compressport trição ou vestuário. Achamos que esta atividade foi pertinente para ajudar aqueles que, sobretudo, não têm um acompanhamento profissional na prática desportiva. Relativamente à apresentação de eventos, teremos mais um ano com bastante trabalho, destacando duas atividades de índole nacional: o “III Trial Monte da Padela” e o “Hard Trail Monte da Padela by Compressport”. Também agradeço a quem nos ajudou neste dia, nomeadamente a Junta de Freguesia de Mujães e o Centro Social e Cultural de Barroselas pela cedência de instalações, às entidades presentes e a esta fantástica plateia que não arredou pé até ao final”.
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Já estão a decorrer as inscrições para mais uma edição do “Hard Trail Monte da Padela”. Este ano, a prova será apoiada pela conhecida marca de desporto “Compressport” e terá três distâncias: 15 km, 20 km e 25 km. As inscrições deverão ser realizadas obrigatoriamente através da página www.lap2go. com.
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Vila de Punhe
CULTURA POPULAR: “DA CRENÇA À DOENÇA” Álvaro Campelo e José Pinto da Costa empolgam os presentes No passado dia 10 de fevereiro, mais de 100 pessoas estiveram presentes no início do 2.º ciclo do N-Cooltura para assistir ao colóquio “Cultura popular: da crença à doença”. O Salão Nobre da Junta de Freguesia de Vila de Punhe foi justo para acolher todos os presentes, mas foi grande no vigor e no conhecimento dos dois oradores, bem como enorme no entusiasmo e nos aplausos dos presentes. Moderado pelo médico Tiago Barbosa, o colóquio, onde imperou a cultura, o conhecimento e a partilha, contou com as intervenções iniciais de António Costa (Presidente da Junta de Freguesia de Vila de Punhe), de Pedro Rego (Presidente do Núcleo Promotor do Auto da Floripes 5 de Agosto) e de José Maria Costa (Presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo), que proferiu algu-
mas palavras, tendo elogiado os oradores convidados e ainda os responsáveis pelo evento. O tema “Cultura popular: da crença à doença” foi o mote lançado para um colóquio intenso, onde os oradores, o Prof. Doutor Álvaro Campelo e o Prof. Doutor José Pinto da Costa, honraram o convite e, empolgando os presentes, proporcionaram uma manhã soberba com um debate repleto de intensidade, elevação e humor. Álvaro Campelo, antropólogo e Professor Associado da Universidade Fernando Pessoa, iniciou a palestra, abordando vários aspetos da cultura popular relacionados com saúde, com a crença na doença, com o misticismo, práticas e rituais. Também José Pinto da Costa, detentor de uma extensa e distinta carreira nacional e internacional na área de Medicina Legal, desenhou por
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palavras os mitos, a importância do papel dos médicos e dos curandeiros, e a importância do conhecimento médico-científico para validar ou desmistificar determinado conjunto de crenças e práticas, cativando a plateia através do seu bom humor e de exemplos práticos do quotidiano. Infelizmente o relógio acelerou em demasia o ritmo dos ponteiros (foi a sensação do público), tendo ainda havido lugar para algumas questões. Todos os presentes aplaudiram com intensidade os oradores, com opiniões sobre o evento a ultrapassar as melhores espectativas. A cultura, o debate, a desmistificação e o poder da palavra de quem a sabe utilizar, estiveram presentes e foram uma melodia para ouvir. Esteve ainda patente a Exposição filatélica, pelo jovem filatelista Gonçalo Lima, sob o tema “A Mensagem”, que associa temas universais como a paz, a saúde e a comunicação. De realçar que este trabalho obteve o 3.º lugar na Mundial “Brasiliana 2013”; medalha de Ouro na europeia “Bulgária 2014” e vencedora da classe nacional “Portimão 2017, competição na classe da Juventude. O 2.º ciclo do N-Cooltura, que vigorará até 2021, volta a envolver
o Núcleo Promotor do Auto da Floripes 5 de Agosto, o Agrupamento de Escolas de Barroselas e as autarquias de Barroselas e Carvoeiro, Mujães e Vila de Punhe. Um bem-haja a todos os presentes e a todas as pessoas e instituições que têm colaborado com este projeto que em boa hora surgiu!
Neves
Páscoa a Três, uma realidade! “Páscoa a três” é o mote lançado pelas forças vivas do vale do Neiva. As autarquias de Barroselas e Carvoeiro, Mujães e Vila de Punhe em parceria com o Núcleo Promotor do Auto da Floripes 5 de Agosto vão novamente cooperar na programação cultural do período pascal. Num panfleto único, agrupou-se toda a programação de âmbito Pascal das três freguesias que brindam na Mesa dos Três Abades com o desígnio de difundir a ampla e diversificada programação cultural e religiosa que reflete o dinamismo e a identidade das terras do vale do Neiva. A programação da “Páscoa a Três”, que conjuga a fé com a tradição e o profano, destina-se aos locais, aos filhos da terra que regressam na época festiva e aos inúmeros curiosos que encontram um encanto especial nas tradições e nas vivências das gentes do vale do Neiva. Em paralelo com a preparação para a Pás-
coa e dos habituais compassos pascais, mais acontecimentos decorrerão no período pascal, designadamente as habituais cerimónias da 2ª feira de Páscoa, mais especificamente o “Encontro das Cruzes”, o “Brinde na Mesa dos Três Abades” e o “Hastear da Bandeira”, que têm lugar no Largo das Neves a partir das 12.30. No mesmo espaço, mas no sábado de aleluia, sobressai na programação o concerto dos Contraponto na capela da Senhora das Neves e a “Queimada do Judas” com o testamento, o auto de fé e a queimada galega. “Páscoa na Seis 34” é a novidade para o domingo pascal. As portas abrem às 23.30 para muita animação até às 6 horas da manhã. Os inúmeros eventos resultam do envolvimento das autarquias e dos vários agentes ativos das comunidades que se encontram na Mesa dos Três Abades. Destaque para a Comissão de Festas na preparação das cerimónias da 2ª feira de Páscoa e para o
Núcleo Promotor do Auto da Floripes 5 de Agosto e autarquias locais na programação do Sábado de Aleluia. Núcleo Promotor do Auto da Floripes
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Alvarães
Freguesia de Alvarães cria tapetes floridos para Procissão do Senhor dos Enfermos Domingo 4 Março pelas 14h30 mais uma vez a população da vila de Alvarães junta-se para cumprir a tradição de criar os tapetes floridos, tapetes que marcam o trajeto da Procissão do Senhor dos Enfermos. Pela manhã de domingo, são as pessoas das ruas onde passa a procissão que se unem e fazem os tapetes com pé-
talas, serrim colorido e outras verduras que são recolhidas por todos os vizinhos. Com organização, moldes e formas, cada rua vai colocando as pétalas e o serrim colorido a seu gosto. Aos tapetes de flores, juntam-se os “centros” com motivos religiosos..
Ambiente
A Seca e os Incêndios Florestais Manuel Lima m.l.valedoneiva@gmail.com
O Planeta terra com as alterações climáticas debate-se com dois problemas muito graves, a seca extrema e os incêndios florestais constantes. A seca e os incêndios, como sabemos, estão no top das notícias, os prejuízos na agricultura irão certamente ser gravíssimos, o cultivo do arroz está em grande risco, pois a água de regadio disponível é insuficiente, os agricultores da zona Centro e Sul do País não pretendem arriscar no cultivo, por isso a produção de arroz nacional irá ser diminuta ou mesmo insignificante. Mas também a produção de trigo está em risco. Por isso a nossa dependência será maior no consumo desses cereais, daí mais importações e preços inflacionados. Aqui no Alto Minho a falta de água é também evidente, veja-se na foto a ribeira de Anha praticamente seca neste mês de Fevereiro, muito preocupante essa realidade. Os lençóis freáticos estão muito longe da reposição necessária, por essa via os aquíferos irão se ressentir no próximo verão. Neste momento a palavra de ordem é para limpar e limpar sem tréguas, pois
está já assumido para nossa desgraça, que os incêndios irão regressar em força outra vez no verão, apanágio de imensos estudos efetuados por muitos catedráticos, que dominam esse tema. Por esse motivo, irão ser precisos milhões de metros cúbicos de
água para o combate aos incêndios, agravando também por essa via o cenário de seca extrema, que se adivinha no horizonte. Um País pobre e dependente, onde os mais pobres serão os mais penalizados.
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Entrevista
Entrevista ao Sr. Padre José Joaquim Queirós de Sá
Foto Recente
Em 30 de Junho de 1940, em Fragoso, freguesia do concelho de Barcelos, e no lugar, então chamado da Barrosa, nascia o menino José Joaquim Queirós de Sá, filho de Manuel Gonçalves de Sá e de Maria Rosa Martins de Queirós. Fui baptizado, como rezam os livros, a 5 de Julho do mesmo ano, dia que procuro recordar com muito amor e nele dar graças a Deus que me fez Seu filho renascido pela água e pelo Espírito Santo para a vida da graça e me tornei membro da Igreja de Jesus Cristo. Fui educado na fé cristã pela palavra e exemplo de meus pais e irmãos (eu era o quinto de 6 filhos). Todas (ou quase todas) as noites rezávamos o terço em família orientado pela mãe. As minhas irmãs iam arrumando a mesa, lavando os pratos e respondendo Avé Maria e Santa Maria. Uma das coisas que mais me chamava a atenção era ver o meu Pai, sentado no lugar que lhe era próprio e de mãos postas, responder à oração com muito fervor. Entretanto nós, os três mais novos e por ordem, pegávamos numa bacia com água morna e lavávamos os pés ao nosso Pai. Isto todas as noites, excepto domingos dia de descanso e que o Pai não andava nos campos. No final, todos os seis filhos, pediam a bênção aos Pais e retiravam-se para o descanso. Na altura devida fui matriculado na Escola Primária sendo sempre um aluno razoável, nada de especial. Terminada a
quarta classe fui, como todos, fazer o exame escrito e oral a Barcelos, sede do Concelho, acompanhado pelo meu Pai. Foi algo de importante para mim, não só pelo exame, que aprovei e me senti quase um ‘doutor’, como o facto de andar pela primeira vez de comboio e ir até à cidade capital do concelho. Com a Escola veio também a inscrição na Catequese que frequentei com muita assiduidade e com muito interesse. Foi tal a aplicação que o Senhor Abade, Padre Joaquim Beirão, estava a pensar fazer-me um exame público sobre a catequese com a presença da comunidade cristã de Fragoso. Isso não se veio a concretizar, porque, entretanto, surge a possibilidade de entrar no Seminário dos Passionistas em Barroselas. E porquê em Barroselas e não em Braga como tanto desejava o senhor abade Padre Beirão? Mais tarde soube por minha Mãe de que não entrei em Braga devido a dificuldades económicas. Hoje dou graças a Deus que assim tenha acontecido porque, olhando para trás, só tenho razões para agradecer o facto de pertencer a uma família religiosa que sempre me apoiou e onde me senti sempre pertença da mesma. E como surgiu isto da vocação, do entrar para um Seminário? Recordo que meus pais e irmãos ficavam muito contentes quando eu, por própria iniciativa, improvisava um pequeno altar e ali começava a missa como via fazer o Padre Beirão. Não me perguntem o que dizia, porque não o saberia explicar, mas
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era algo parecido ao que ouvia na missa. Em tudo isso eu via, como também os meus familiares, uma certa propensão para as coisas de Igreja. E como ficava feliz e contente quando, na Igreja, ouvia o senhor Abade dizer: tal dia é dia santo de guarda. Mais um dia para estar aqui na Igreja e ter um dia mais sossegado na família. Mas, assim como ficava contente ao ouvir ‘tal dia é dia santo de guarda’, ficava triste quando logo após dizer dia santo de guarda, acrescentava, mas ‘dispensado’. Feitas as diligências necessárias para saber se havia ou não lugar em Barroselas, fui com minha mãe e a minha madrinha de baptismo, Carolina, até aos ‘fradinhos’. Assim eram conhecidos os Passionistas naquela altura. Era um termo carinhoso para com aqueles que faziam parte da Comunidade Religiosa. Sei que foi um dia importante no Seminário, com muita gente presente. Minha mãe falou brevemente com o Padre Jeremias acerca da minha entrada no Seminário, tendo obtido do mesmo a necessária autorização. Mais tarde, a minha mãe falou-me com muito carinho deste Padre e da forma como a acolheu e acolhia sempre que lá me ia visitar. Foi este o primeiro e último encontro de portas abertas a toda a gente (era, suponho, a inauguração oficial), porque a partir dali as portas fecharam-se, sobretudo, para as mulheres. Eram assim os tempos!!! No dia 1 de Setembro de 1952, aí pelas três horas da tarde, fiz a minha entrada, como seminarista. E sempre me recordei ao longo dos anos deste dia, que foi marcante para mim.
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que se me apresentava e à qual me adaptei com relativa facilidade. Os tempos vão passando, os estudos, com maior ou menor dificuldade vão-se superando e chega-se rapidamente a Setembro de 1957 quando nos é proposto ir para o noviciado, tempo para estudo e oração sobre o que é ser passionista no mundo e para, no final, cada um de nós se comprometer ou não seguir esse caminho com a profissão religiosa. Essa interrupção dos estudos, que nos foi pedida, não era para ser feita em Portugal, mas na vizinha Espanha, concretamente numa das nossas casas passionistas, em Corelha, Navarra. Era momento de uma nova escolha. Era o ir para mais longe e assim mais afastado da família e da terra que me viu nascer. Porém, o facto de sermos um pequeno número (éramos 9) desanuviou um pouco o horizonte e a ilusão de irmos para um outro País, uma outra língua e costumes também nos acicatou a uma nova experiência. E aí vamos. Depois das primeiras impressões sobre esta nova realidade e da Casa que nos acolheu, preparamo-nos para iniciar esse ano de Noviciado com um retiro espiritual e o começo oficial do Noviciado (7 de Dezembro de 1957), despojando-nos da roupa normal e revestindo-nos do hábito passionista. Foi verdadeiramente um ano de crescimento e de amor à Congregação que nos acolheu. Um ano depois (8 de Dezembro de 1958), e após sermos aprovados e admitidos pela competente autoridade, emitimos a nossa profissão religiosa na Congregação dos
Os três Ordenados (Março 1964)
Custou-me? Seria falso se dissesse que não. Era o deixar a família, à qual estava muito ligado, os amigos, os hábitos de rotina que já vinha assimilando, etc. etc. Contudo, as coisas depressa voltaram ao seu normal e comecei a ver que aqueles que se encontravam comigo (eu era o número 26) tinham feito idêntica experiência e comecei muito rapidamente a vê-los como colegas meus no mesmo barco. Aí estão os estudos, as rezas, o jogar à bola, um que outro passeio…., uma vida outra
Missionários Passionistas. Como curiosidade registo o facto de termos entrado nove no Noviciado e termos professado os nove. Bom sinal. De regresso a Barroselas completamos Em 30 de Junho de 1940, em Fragoso, freguesia do concelho de Barcelos, e no lugar, então chamado da Barrosa, nascia o menino José Joaquim Queirós de Sá, filho de Manuel Gonçalves de Sá e de Maria Rosa Martins de Queirós. Fui baptizado, como rezam os livros, a 5 de Julho do mesmo ano, dia que procuro recordar com muito
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amor e nele dar graças a Deus que me fez Seu filho renascido pela água e pelo Espírito Santo para a vida da graça e me tornei membro da Igreja de Jesus Cristo. Fui educado na fé cristã pela palavra e exemplo de meus pais e irmãos (eu era o quinto de 6
a uma família religiosa que sempre me apoiou e onde me senti sempre pertença da mesma. E como surgiu isto da vocação, do entrar para um Seminário? Recordo que meus pais e irmãos ficavam muito contentes quando eu, por própria iniciativa, improvisava um pequeno altar e ali começava a missa como via fazer o Padre Beirão. Não me perguntem o que dizia, porque não o saberia explicar, mas era algo parecido ao que ouvia na missa. Em tudo isso eu via, como também os meus familiares, uma certa propensão para as coisas de Igreja. E como ficava feliz e contente quando, na Igreja, ouvia o senhor Abade dizer: tal dia é dia santo de guarda. Mais um dia para estar aqui na Igreja e ter um dia mais sossegado na família. Mas, assim como ficava contente ao ouvir ‘tal dia é dia santo de guarda’, ficava triste quando logo após dizer dia santo de guarda, acrescentava, mas ‘dispensado’. Feitas as diligências necessárias para saber se havia ou não lugar em Barroselas, fui com minha mãe e a minha madrinha de baptismo, Carolina, até aos ‘fradinhos’. Assim eram conhecidos os Passionistas naquela altura. Era um termo carinhoso para com aqueles que faziam parte da Comunidade Religiosa. Sei que foi um dia importante no Seminário, com muita gente presente. Minha mãe falou brevemente com o Padre Jeremias acerca da minha entrada no Seminário, tendo obtido do mesmo a necessária autorização. Mais tarde, a minha mãe falou-me com muito carinho deste Padre e da forma como a acolheu e acolhia sempre que lá me ia visitar. Foi este o primeiro e último encontro de portas abertas a toda a gente (era, suponho, a inauguração oficial), porque a partir dali as portas fecharam-se, sobretudo, para as mulheres. Eram assim os tempos!!! No dia 1 de Setembro de 1952, aí pelas três horas da tarde, fiz a minha entrada, como seminarista. E sempre me recordei ao longo dos anos deste dia, que foi marcante para mim.
Missa Nova (Abril 1964)
filhos). Todas (ou quase todas) as noites rezávamos o terço em família orientado pela mãe. As minhas irmãs iam arrumando a mesa, lavando os pratos e respondendo Avé Maria e Santa Maria. Uma das coisas que mais me chamava a atenção era ver o meu Pai, sentado no lugar que lhe era próprio e de mãos postas, responder à oração com muito fervor. Entretanto nós, os três mais novos e por ordem, pegávamos numa bacia com água morna e lavávamos os pés ao nosso Pai. Isto todas as noites, excepto domingos dia de descanso e que o Pai não andava nos campos. No final, todos os seis filhos, pediam a bênção aos Pais e retiravam-se para o descanso. Na altura devida fui matriculado na Escola Primária sendo sempre um aluno razoável, nada de especial. Terminada a quarta classe fui, como todos, fazer o exame escrito e oral a Barcelos, sede do Concelho, acompanhado pelo meu Pai. Foi algo de importante para mim, não só pelo exame, que aprovei e me senti quase um ‘doutor’, como o facto de andar pela primeira vez de comboio e ir até à cidade capital do concelho. Com a Escola veio também a inscrição na Catequese que frequentei com muita assiduidade e com muito interesse. Foi tal a aplicação que o Senhor Abade, Padre Joaquim Beirão, estava a pensar fazer-me um exame público sobre a catequese com a presença da comunidade cristã de Fragoso. Isso não se veio a concretizar, porque, entretanto, surge a possibilidade de entrar no Seminário dos Passionistas em Barroselas. E porquê em Barroselas e não em Braga como tanto desejava o senhor abade Padre Beirão? Mais tarde soube por minha Mãe de que não entrei em Braga devido a dificuldades económicas. Hoje dou graças a Deus que assim tenha acontecido porque, olhando para trás, só tenho razões para agradecer o facto de pertencer
Igreja Matriz de Fragoso
Custou-me? Seria falso se dissesse que não. Era o deixar a família, à qual estava muito ligado, os amigos, os hábitos de rotina que já vinha assimilando, etc. etc. Contudo, as coisas
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depressa voltaram ao seu normal e comecei a ver que aqueles que se encontravam comigo (eu era o número 26) tinham feito idêntica experiência e comecei muito rapidamente a vê-los como colegas meus no mesmo barco. Aí estão os estudos, as rezas, o jogar à bola, um que outro passeio…., uma vida outra que se me apresentava e à qual me adaptei com relativa facilidade. Os tempos vão passando, os estudos, com maior ou menor dificuldade vão-se superando e chega-se rapidamente a Setembro de 1957 quando nos é proposto ir para o noviciado, tempo para estudo e oração sobre o que é ser passionista no mundo e para, no final, cada um de nós se comprometer ou não seguir esse caminho com a profissão religiosa. Essa interrupção dos estudos, que nos foi pedida, não era para ser feita em Portugal, mas na vizinha Espanha, concretamente numa das nossas casas passionistas, em Corelha, Navarra. Era momento de uma nova escolha. Era o ir para mais longe e assim mais afastado da família e da terra que me viu nascer. Porém, o facto de sermos um pequeno número (éramos 9) desanuviou um pouco o horizonte e a ilusão de irmos para um outro País, uma outra língua e costumes também nos acicatou a uma nova experiência. E aí vamos. Depois das primeiras impressões sobre esta nova realidade e da Casa que nos acolheu, preparamo-nos para iniciar esse ano de Noviciado com um retiro espiritual e o começo oficial do Noviciado (7 de Dezembro de 1957), despojando-nos da roupa normal e revestindo-nos do hábito passionista. Foi verdadeiramente um ano de crescimento e de amor à Congregação que nos acolheu. Um ano depois (8 de Dezembro de 1958), e após sermos aprovados e admitidos pela competente autoridade, emitimos a nossa profissão religiosa na Congregação dos Missionários Passionistas. Como curiosidade registo o facto de termos entrado nove no Noviciado e termos professado os nove. Bom sinal. De regresso a Barroselas completamos o 2ª ano de filosofia para que no final do ano escolar de 1959 déssemos outro passo e novamente para Espanha, País Basco, Villarreal de Urrexu, S. Sebastião. Ali, com mais outros 40 jovens passionistas, demos início ao curso de Teologia que terminou no verão de 1963.
Vinda do Bispo a Barroselas e Carvoeiro 2017
Foram passos significativos na consciencialização da vocação com os estudos sobre a Sagrada Escritura, Teologia Dogmática e Moral, Direito Canónico, etc. Aqui fizemos em 8 de Dezembro de 1961 a nossa Profissão religiosa perpétua, recebemos as então chamadas Ordens menores, o Subdiaconado, Diaconado e alguns a Ordenação sacerdotal. Digo, alguns, porque nem todos tinham a idade requerida pelo Direito Canónico. Porém, e é com imensa alegria e satisfação que o digo, que dos 9 que
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iniciamos o noviciado, todos eles foram ordenados sacerdotes. De regresso a Portugal, fiquei integrado na Comunidade de Barroselas, ainda como diácono, tendo sido ordenado presbítero no dia 14 de Março de 1964 em Braga pelo Arcebispo D. Francisco Maria da Silva, juntamente com mais dois colegas meus, os
Sinodo Filipinas 1990
Padres Joaquim Vieira e Manuel Pires. Nesse ano, 1964, os três fomos estudar Teologia Pastoral no Colégio Pio XII, em Lisboa. Foi a primeira experiência muito marcante na ação pastoral. Ali pude contactar com a realidade estudantil (o Colégio Pio XII acolhia jovens estudantes universitários) o que me levou a uma proximidade bastante grande na altura com o mundo universitário. Criei com alguns deles uma empatia muito forte e que me ajudou muito na nova realidade que começava a viver. De regresso, e dentro do espírito de obediência aos superiores a que me comprometi, disseram-me para ficar na Comunidade de Antuzede, em Coimbra. E assim sucedeu. Colaborei na Pastoral e integrei-me na Comunidade. Nesse mesmo ano fui destinado à Comunidade de Barroselas aonde permanecei no serviço da Comunidade e no apostolado da pregação: levar às pessoas aquilo que tinha consciencializado durante o período da formação. Foi uma adaptação feita com muita serenidade e paz. Era aquilo mesmo que eu queria. Em 1967 os Passionistas decidiram-se por uma presença nossa em terras de missão. O local escolhido foi a freguesia e paróquia de Palhais, Barreiro. Quem os escolhidos para essa missão? O Padre Marcos, o Irmão Joaquim e o Padre Queirós. A nossa entrada oficial teve lugar no dia 9 de Julho de 1967 em que celebramos, na Congregação, Nossa Senhora, Mãe da Santa Esperança. Foi com a protecção de Maria, Senhora da Esperança, que iniciamos uma nova etapa dos Passionistas em Portugal. Com os 27 anos cumpridos e três de sacerdote lá vou eu para uma experiência totalmente nova, como Pároco. Levava comigo a boa vontade e o desejo de servir aquele povo. Não foi fácil. Porém, com o exemplo admirável do Padre Mar-
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ceis e, no Capítulo Provincial de 2006, decidiu-se abandonar aquele projecto. Volto à Comunidade da Feira, sempre num desejo de construir comunidade e de me pôr ao serviço das comunidades até ao ano 2015 que fui transferido para a Comunidade de Barroselas. Igualmente aqui procurei fazer o que sempre fiz: viver e construir Comunidade e disponibilizar-me para os serviços que as comunidades cristãs nos pedem. Como sempre vivi feliz e disponível para ser uma presença de uma igreja de portas abertas e atenta às necessidades das pessoas. Mas foi por muito pouco tempo. Não era esse o meu pensamento quando para ali vim, mas as coisas precipitaram-se e eu disponibilizei-me. E é já desde o novo destino que respondo a esta entrevista dizendo-vos um pouco o que vai na minha alma. Estou em Angola, aonde cheguei no dia vinte e quatro de Dezembro de 2017, à Comunidade de Calumbo, diocese de Viana, onde temos um santuário dedicado a S. José e uma paróquia muita grande em extensão. Havia necessidade de alguém vir fazer parte desta Comunidade e disponibilizei-me. Nada mais do que isso. Posso dizer que me sinto bem, que estou contente e que me vou integrando numa realidade completamente diferente daquelas vividas até ao momento. Mas a adaptação torna-se fácil quando sabemos que o fazemos por Ele e não por este ou aquele objectivo não tão claro. Até quando? Não sei nem me interesso. Até que Deus queira.
Resposta a uma que outra pergunta
Missão Popular
cos, sua simplicidade, seu sorriso e sua proximidade a todas as pessoas fez que, pouco a pouco, aquelas comunidades fossem crescendo e abrindo-se à acção do Espírito Santo. Ali permaneci até Junho de 1970 já com uma comunidade minimamente estruturada e com grande vontade crescer. E, como sempre na nossa vida, estamos ao dispor daqueles que o Senhor colocou como responsáveis primeiros e orientadores da Congregação, fui chamado para a então conhecida Vila da Feira, hoje Santa Maria da Feira. Ali permanecei até 1980 integrando-me na Comunidade e nos serviços que esta prestava às comunidades vizinhas e não só. Pessoalmente foi um tempo muito enriquecedor para mim. Desde a acção pastoral mais diversificada, passando pelos contributos dados ao Movimento dos Cursos de Cristandade, Cursos de dinamização de paróquias, Equipas de Nossa Senhora, etc. tudo me ajudou a contactar mais de perto com o povo e criar laços de verdadeira e autêntica amizade que ainda hoje perduram. Em 1980 passei a fazer parte da Comunidade Passionista em Madrid cursando, durante dois anos, uma secção da Universidade de Salamanca, tirando a licenciatura em Teologia com especialidade em Vida Religiosa. De regresso a Barroselas, integro-me na Comunidade até 1987, passando depois para Santa Maria da Feira onde permaneci até 2003. Num desejo de expansão da Congregação, os Passionistas decidiram abrir uma presença em Viseu, assumindo o Vicariato de Santo Estêvão. O P. José Queirós foi também um dos escolhidos para integrar a primeira comunidade juntamente com o P. João Bezerra e o Irmão Eduardo. Procurou-se fazer um trabalho no Vicariato, recentemente fundado, e dar passos para uma Comunidade cristã. As coisas não foram fá-
- Com que anos entrou no Seminário? Doze anos e dois meses. Entrei tranquilo. Depois vieram-me saudades da família, o que é normal, mas tudo se superou. E fui caminhando com altos baixos. Porém, a tónica dominante era a alegria. Sentia-me bem - Como se apaixonou de forma mais consistente pela causa de Deus? Fui caminhando e caminhando ia fazendo o caminho. Há sempre incentivos na vida e momentos em que te sentes mais atraído e com maior coragem para seguir em frente. E isso foi acontecendo com o passar dos anos até que chega um momento e dizes: é isto o que eu quero. Num princípio há um desejo muito vago que se vai consolidando à medida que os anos passam. - Teve sempre apoio por parte da família? Seria falso dizer que não tive. Mas ouvi, mais do que uma vez, a minha mãe dizer-me: ‘olha, Zé, tenho muito gosto em que sejas padre, mas se vais ser um mau padre é melhor que saias já’. Nunca mais esqueci estas palavras. Já sacerdote sei da alegria e satisfação que os meus familiares sentiam por terem um filho ou irmão sacerdote. Sentiam orgulho nisso. - Qual a importância do sacramento da Ordem?. Fui, como disse, ordenado presbítero em Braga no dia 14 de março de 1964, ao romper do dia. Sei que foi um dia de muita chuva. Minha mãe (o pai tinha falecidos seis meses antes) meus irmãos, familiares e amigos de Fragoso marcaram presença. Sei que os cumprimentei, após a celebração, com muita alegria de parte a parte e regressei de imediato para o Convento. Bem queriam que fosse almoçar com eles, mas nada feito. Aquele dia 14, era um sábado, passei-o no recolhimento de Barroselas depois de saudado e cumprimentado pela Comunidade. Lembro-me que, no silêncio daquela tarde, dei comigo a beijar as minhas mãos e a dizer-me que são mãos abençoadas. Senti muita alegria por ser sacerdote. De exterioridades, nada. Era assim. No dia seguinte, porém, tive a primeira missa na nossa Igreja de Barroselas já com a presença de toda a Comunidade religiosa, Família e muitos fiéis que enchiam literalmente a Igreja.
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Foi mesmo festa a valer com foguetes e repicar dos sinos. Em 12 de Abril de 1964 foi a primeira missa em Fragoso, minha terra natal. Toda a paróquia se uniu para prestar ao neo-sacerdote a sua alegria pela presença de um sacerdote mais oriundo dessa terra. Sei que quando me dirigia para a Igreja em procissão ia ao meu lado a minha Mãe com um ar muito triste e perguntei-lhe: Mãe, está triste? – Sabes, falta aqui alguém. Disse-lhe: Mãe ele está a participar de uma outra forma. Está bem, respondeu. Referia-se ao meu Pai falecido oito meses anos. Foi um dia memorável. Como também foram memoráveis os 25 e 50 anos de sacerdócio na minha paróquia, iniciativas dos meus irmãos para os 25 anos e dos meus sobrinhos para os 50 anos e, naturalmente sempre com a colaboração e participação de toda a comunidade paroquial - Foi e ainda é difícil seguir Deus? Quando um jovem ou uma jovem se enamoram de verdade torna-se-lhes difícil viverem um com o outro? Naturalmente, não. Quando um jovem ou uma jovem se convencem de que este Deus, revelado em Jesus, nos ama de verdade e nos diz que a Sua alegria é estar connosco, que vamos dizer? É tudo uma questão de relação: ‘seduziste-me, Senhor, e eu deixei-me seduzir, cativaste-me e deixei-me cativar’ (Jr 20,7…)que mais poderei dizer? Quando Deus é alguém próximo e que sempre nos ama, torna-se muito fácil o seu seguimento. - É fácil evangelizar nos nossos dias? Não diria que é fácil porque estamos cheios de coisas e com imensas e inúmeras preocupações que nos vão fazendo saltitar daqui para acolá. Estamos à procura da felicidade imediata, daquilo que nos faz sentir importantes e dominadores sobre os outros. Os meios de comunicação social exercem muita pressão sobre nós metendo-nos por casa dentro uma felicidade que se compra, que está ali muito fácil e muito à mão. E o que na
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- O que diria hoje a um jovem que sente inquietação e se pergunta sobre o seu futuro? Dar-lhe-ia a minha pobre experiência e esta, outra não é nem pode ser senão: vale a pena entregar a vida ao serviço dos outros. Quanta alegria há no serviço de Deus. Tenho de o dizer, mas sem esforço, nem para ficar bem na fotografia, que fui, sou e espero ser sempre um homem feliz porque vive e procura viver, dando-se. - Que pensa de um sacerdote triste? Costumo dizer que um sacerdote triste é um triste sacerdote, como um cristão triste é um triste cristão. Como se pode viver contrariado, num serviço livremente aceite como resposta ao Deus-Amor, quando se fazem as coisas porque se têm de fazer
Seminário de Nossa Senhora de Fátima dos Missionários Passionistas
Ordenação a Presbítero do agora Padre Vitor, cerimónia na Sé em Viana do Castelo
realidade sucede é que nos enchemos de coisas, mas o coração permanece vazio. Cabe-nos a nós mostrar-lhes que a felicidade está mais em dar do que em receber, no gastar a vida pelos outros, ao estilo de Jesus, do que no fechar-se egoisticamente no seu mundo. - Problemas, dificuldades, um certo desânimo? Na vida nem tudo é linear. Há altos e baixos, há momentos de euforia e de um certo desencanto, há alegrias e tristezas, há optimismos e pessimismos, há…tanta coisa na vida! Porém, uma coisa é certa: tudo se supera com a graça e a força que nos vem d’Aquele que nos chama ao seu serviço. ‘Tudo posso n’Aquele que me conforta’ (Filipenses 4,13)
e nada mais? Que triste seria a minha vida se assim fosse! Mas nunca quis que fosse assim. E, por isso, canto e rezo ao Deus da minha vida com todos aqueles e aquelas que o Senhor vai colocando no meu caminho. Costumo dizer que estou saturado de cristãos tristes. Assim não se serve o Senhor que é fonte de alegria e de paz. A nossa diferença deverá caracterizar-se sempre pela positiva: mais alegria, mais paz, maior proximidade de todas as pessoas, maior atenção aos que vivem sós e tristes… Assim deve, assim tem de ser um seguidor de Jesus de Nazaré ‘que passou fazendo o bem’ (Act 10, 20…)e, com maior razão, o sacerdote. Este tem de se caracterizar pela proximidade ao povo, sobretudo, o povo mais marginalizado e menos amado. O pastor terá de sentir o ‘cheiro das ovelhas’! - Pergunta-me se sempre foi e ainda é difícil servir o Senhor. A sociedade carregou, e muito, as tintas ao nos apresentar um Deus exigente e pouco ou nada compreensivo com as debilidades e fraquezas dos humanos. Deus era mais temido que querido. Havia medo de Deus. Onde ficaram as palavras ‘de tal maneira Deus nos amou que nos enviou o seu Filho … (Jo 3,16); do ‘Deus é amor quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele…(1 Jo 4,8); do ‘amou-me e entregou-se por mim’(Gl 2,20)…..O amor, que é amor, nunca diz basta. Quando há amor tudo se supera. Não há dificuldades para quem ama de verdade. O amor tudo vence - Identifique a virtude de um Padre. ‘Aquele que diz amar a Deus e não ama o irmão é mentiroso’(1ª Jo). O cristão e, com maior razão, o sacerdote, deve estar muito perto de todos, sobretudo dos que mais sofrem física, psíquica ou moralmente para que, junto deles, seja a visibilidade do Deus-Amor. O sacerdote é pastor, é Pai, é amigo, é confidente, é próximo do que se sente marginalizado por qualquer razão.
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Comunidade S. Estevão (Janeiro 2018)
Como é belo ser padre ao estilo de Jesus, o Pastor por excelência. - Como classificaria um padre se não fosse padre? Gostaria de o ver perto, muito perto de toda a gente. Gostaria de o ver como o homem simples, próximo de todos, com uma palavra sempre positiva como que incentivando aos desiludidos e abatidos da nossa sociedade, e que são tantos; que nos falasse de um Deus próximo que quer o meu bem, o nosso bem; que nos falasse mais da vida e do gosto pela vida porque Deus é vida; de um Deus eternamente jovem que nos compreende e nos ama; de um Deus que tem um projecto maravilhoso para todos os seus filhos e filhas; de um Deus de braços abertos para nos acolher; de um Deus que nos olha com carinho e compaixão; de um Deus misericordioso que nunca se cansa de nós apesar dos nossos devaneios, das nossas transgressões e pecados… - Porquê e para quê esta sua ida para a Missão de Calumbo, em Angola? Não estaria muito mais sossegado e tranquilo numa Comunidade aqui em Portugal? Naturalmente que não posso negar a realidade da minha vida e de que já não me encontro com a vivacidade dos trinta ou quarenta anos. Porém, e esta é a realidade, sinto-me bem, sinto-me com vontade de continuar o meu trabalho de sempre e, se possível, continuarei a ser uma presença que quero positiva junto de estes meus irmãos e irmãs angolanos. Orgulho-me de ter acompanhado os primeiros missionários passionistas portugueses para a Missão de Quimbele, diocese de Uíge, no já longínquo ano de 1991. Ali estivemos até 2002 numa entrega generosa àquela gente realizando coisas simplesmente maravilhosas ao ver uma pequena/grande multidão que acorria à casa da Missão todos os dias. Não posso deixar de recordar a presença do nosso irmão Gabriel que fazia de padre, conselheiro, enfermeiro e mesmo de médico. Não posso nem quero esquecer aqueles que lá trabalharam em situações deveras difícil devido à guerra com suas consequências. Os Padres Albino, Manuel Henriques, Porfírio e um passionista do México deram o melhor de si em benefício daquele povo. Por decisão de um nosso Capítulo Provincial e com o beneplácito do Bispo da diocese, D. Francisco da Mata Mourisca, deixamos Quimbele e assumimos uma Paróquia missionária em Uíge. Por ali têm passado os passionistas Gabriel Querubim,
Manuel Henriques, Rui Carvalho, César Costa, Nuno Ventura, Tiago Pereira…. Sempre, neste momento a Comunidade composta pelos Padres Manuel Henriques e Rui Carvalho e o Irmão Tiago Pereira. É uma Comunidade que se tem desenvolvido muito quanto a estruturas como a presenças vivas na sede da Missão como nas várias comunidades cristãs. Em 2009 foi a vez de abrirmos uma nova presença mais perto da capital. Após diligências efetuadas com o bispo da recém fundada diocese de Viana, D. Joaquim, assumimos a Reitoria do Santuário de S. José de Calumbo juntamente com a nova Paróquia que então ia surgindo. Aqui estiveram e continuam os Padres Gabriel Querubim, Irmão Hugo, Nuno Almeida e este que acaba de chegar, José Queirós. Estiveram Bruno Dinis e Cordeiro (italiano) e outros que por aqui foram passando mas sem fazerem parte da Comunidade. Trata-se de uma Missão com imensas possibilidades e com um trabalho muito intenso que é o serviço no santuário onde se concentram todas as semanas milhares de pessoas vindas de toda a parte, atraídas pela grande devoção a S. José. Neste momento procede-se à construção da Igreja paroquial cuja inauguração está prevista para fins de Abril, princípios de Maio do corrente ano. E é aqui que me encontro. Temos um bom número de jovens no Seminário tanto aqui como em Uíge. No domingo 14 de Janeiro/2019 fizeram a sua primeira profissão religiosa dois jovens angolanos. Foram os primeiros a professar em Angola. Um outro jovem partirá para Tanzânia para fazer o Noviciado. Aqui teremos 11 jovens em filosofia. Destes esperamos que uns seis possam também partir para o Noviciado. Vemos, graças a Deus, muitos jovens interessados no nosso estilo de vida. Tudo faremos para os acompanhar e animar na sua redescoberta da vocação. E é este que responde a umas perguntas e que se disponibiliza para dar o seu pequeno contributo a este povo maravilhoso e que acaba de sair de uma guerra com suas nefastas consequências. Quero continuar, esteja onde estiver, a ser um enamorado deste Deus que nos falou, fala e continuará a falar em Jesus. Calumbo, Angola, 24 de Janeiro de 2018 (P) José Joaquim Queirós de Sá .
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Religião
Extratos da vida da Irmã Maria da Conceição Pinto da Rocha (nº. 16) Domingos Costa domingoscunhacosta@gmail.com
O formoso coração de Maria da Conceição a “Serva de Deus”, com a sua cândida fé, de não se servir, mas sim, de servir a humanidade, foi, gradualmente chamando a si, um número assinalável de amigas e discípulas para fortalecer a sua obra. Consoante o número de amigas e discípulas aumentava, o trabalho por ela desenvolvido aumentava de forma exponencial. Todavia, a convicção da fé apostólica em que estava imbuída, anulava esse exausto trabalho. Os encontros eram frequentes em diversos locais, também, recebia e escrevia milhares de cartas a fim de esclarecer dúvidas ou orientar as suas amigas e discípulas. De carisma meramente cristã, pedia às amigas e discípulas para seguirem os seus passos – os passos da salvação da humanidade. Sucessivamente dizia, para “… serem ofertas com Cristo Vítima, que é importante terem coração de «mãe» para «gerar» Cristo na vida da sociedade, nos homens e mulheres, sobretudo nos que andam mais longe de Deus e da sua graça”. Atribuía-lhes um cargo de elevada responsabilidade, mas, só lhes pedia para serem ofertas como Cristo e ofertas como ela. Prezado leitor, é bom que se analise a res-
ponsabilidade e sabedoria que Maria da Conceição possuía. Dirigia-se - dentro do nosso Portugal - a anónimas pessoas, e depois com a sua inspiração – como conselheira - espiritual, preparava-as para uma missão muito difícil. Fazer apostolado. Fazer apostolado para seguir Deus, sem, ainda, ter oficialmente nenhuma Congregação. Só, mais tarde, e, infelizmente depois
da sua morte, três das suas discípulas com a colaboração de seu irmão Padre Sebastião,s.j. conseguiram levar por diante o seu projeto. Oficializar a Congregação. Como estava em causa a reparação dos pecados do Mundo, bem como a salvação da humanidade, a Serva de Deus, considerou essencial reunir-se como já referi “… de senhoras e jovens com coração de «mãe» para levar a cabo tão grande empreendimento”. O seu projeto, era, o projeto divino. Foi gerado e fecundado no seu coração, baseado no mais límpido sentido em Deus. O seu desenvolvimento obteve uma dimensão digna de registo, porque, as bases de sustentação eram profundas, e, ainda, como era o projeto divino, tinha inequivocamente a aprovação de Deus. Para gaudio de Deus, da Congregação que Maria da Conceição a “Serva de Deus” foi mentora, de todos os religiosos e, sobretudo, de toda a humanidade, o projeto por si proposto mantem-se firme pelo trabalho que as religiosas ainda hoje, no seu dia-a-dia fielmente desenvolvem, ou seja, “… vivem, ainda hoje, com encanto, essa oferta e esse desejo. Querem, cada uma à sua medida, ter o mundo no coração, ser «mães» da humanidade pecadora, a quem desejam ajudar a salvar”. É, claramente observado, que Maria da Conceição, a “Serva de Deus”, tinha um “…
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desejo profundo de imitar Maria…” a ser «mãe», mãe devota e obediente. Os registos, dizem que a sua caminhada obedecia a preceitos de apoio a lugares identificados onde proliferava o “… sofrimento e ainda o pecado, como: prisões, lares desfeitos ou em conflito, hospitais e tugúrios”. Em suma: a sua visita de solidariedade apostólica e amorosa, sempre com coração de «mãe» era obrigatória onde houvesse “… dor, lágrimas, perturbações, angústias, miséria moral ou material, dor física ou espiritual, situações de mal e de pecado”. O seu coração de «mãe», também sofria muito, quando, por dor e pecado, as pessoas ao sofrerem lhe batiam à porta a solicitar socorro. De forma incondicional, a todas (os) sem distinção consolava, porque, os “… amava sem medida”. No vigente conturbado mundo, onde multiplicam “… grandes pecados e crimes…” deveriam haver muitas mais “Marias da Conceição – Servas de Deus”.
Finalizo com um pensamento de Maria da Conceição: - “Vivo no desejo de me alegrar
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na minha cruz de cada dia”.
Conferência na Casa das Irmãs Reparadoras Missionárias da Santa Face em Viana do Castelo
Na Conferência de Janeiro, o Sr. Pe. Armando Dias, abordou novamente a “Carta Pastoral”, do Senhor Bispo Dom Anacleto. Principiou por sublinhar, que ela penetra – e muito bem - com intensidade na gratidão. Falou para estarmos atentos para reconhecer os benefícios que a vida nos tem agraciado. Deveríamos, então, refletir
para acordarmos a fim de nos lembrarmos e sentirmo-nos muito felizes por termos o privilégio de viver segundo os preceitos da Religião Católica Apostólica Romana. Falou na importância do perdão. Recordou que nos pode deixar penas para mais tarde remendar. Disse ainda, que Jesus Cristo nos fornece gratuitamente o mais puro alimento. Porquê? Porque nos Ama; ao nos amar, quer dizer que ternamente nos acarinha; que tem uma paixão sem medida por nós; que nos dá o pão, - e, como se diz, quem dá o pão, dá educação -; também nos ensina a seguir o caminho do amor; a estima que devemos ter pelo semelhante; do encontro da felicidade e da obtenção da fraterna alegria. Entre outros, são estes, os valores Cristãos que se devem respeitar. O Sr. Pe. Armando apelou e enalteceu o papel do pescador: do pescador especial-
mente humilde; que ajuda e está com todos; que docilmente fala com todos; que tem o dom de a todos preparar para a vida, numa feliz vida a viver em Cristo. Diremos então, que, isto se resume: Ele é o Primeiro Pastor, o Pastor Exemplo, Universal, Único, Misericordioso. Estimado leitor, achei altura propícia para fazer uma justa menção ao Sr. Pe. Armando. Faço-a baseando-me na conduta apostólica, de um bom pastor e de um ótimo pescador, que, sempre o caracterizou e caracteriza sem a devida contrapartida. Por isso, peço a Deus que o continue a abençoar, a iluminar, a dar-lhe energia, determinação e amor, em benefício da humanidade, e, a mim, que me estimule para que possa divulgar com mais precisão as suas belíssimas mensagens Evangélicas.
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Domingos Costa domingoscunhacosta@gmail.com
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Sugestão ao leitor
ALFRED HITCHCOCK NO CINEVIANA (1ª Parte) Nos finais dos anos 90, existia um evento que se apelidava “Cineviana”, com sessões cinematográficas que decorriam durante uma semana, com o desiderato de promover a sétima arte e sua diversificação nas várias tendências culturais, e foi através dessa efeméride que comecei a ser um adepto incondicional do realizador Alfred Hitchcock, que foi sem sombra de dúvidas, o indutor, o implementador, o mestre dos filmes de suspense e do género “Thriller”. Apesar de na época não ser um apreciador, Hitchcock já me suscitava algum interesse e expectativa, devido essencialmente ao filme “Pássaros” de 1963, pela a espectacularidade de sua realização impar, e da forma como idealizou e executou a montagem e simulou, os vários ataques de aves ás populações. Na edição do ano 1998 do “Cineviana”, consegui arranjar uns quantos convites, para ir assistir ás sessões de cinema do evento, pois todas as tardes dessa semana, havia um filme dedicado ás produções, realizadas por Alfred Hitchcock, e então dispensei uns convites a dois amigos meus e roguei lhes que me acompanhassem para assistir no fim de semana a dois filmes Vertigo e Psicho, ambos de Hitchcock, só que eles tiveram alguma relutância em aceitar os nomes dos filmes, devido á antiguidade dos mesmos, designadamente por serem obras dos anos 60, mas contrafeitos acabaram por ir ao “Cineviana”. No primeira dia, sábado á tarde, lá nos encontramos, no Auditório Lima de Carvalho, para ver “Vertigo” com James Stewart e Kim Novak, á frente do elenco, entretanto o filme inicia se com uma banda sonora sinistra e intrigante, sendo que essa característica musical induz me expectativas positivas em relação ao mesmo, contudo a trama começa com um acidente e consequente morte, originada em parte pela a acrofobia do Detective, e sobretudo devido a esta tragédia o Detective John Scottie é forçado pelas as circunstâncias aposentar se compulsivamente, mas inesperadamente um amigo Ester Cavin solicita-lhe os seus préstimos, para seguir a mulher Madeleine, pois no entender de Ester, a sua mulher anda demasiada estranha e deprimida. Aceitando o desafio, John Scottie efectivamente começou a seguir Madeleine, mantendo se a particularidade da música do filme, num registo funesto e obscuro, que indicia a possibilidade de um fervilhar de agitação no enredo. Com o olhar atento de Scottie, Madeleine foi visitar um tumulo de uma antepassada Carlota Valdés e um museu onde existia um belo quadro sobre a mesma, onde Madeleine se sentava a contemplar a foto dela, sem propriamente examinar em detalhe a qualidade artística da obra. Mais tarde John Scottie acaba por descobrir que Carlota Valdés se tinha suicidado, e acaba mesmo por evitar que Madeleine vá pelo o mesmo caminho, salvando da morte, quando Madeleine lança se de forma voluntária ao mar, aparentemente não estando em si, mas mentalmente e espiritualmente obcecada e encarnada na figura de Carlota Valdés. O filme entretanto entra numa fase melancólica, propicia ao romance entre Scottie e Madeleine, que gera nos meus colegas uns risos e murmurinhos depreciativos, mas esta acalmia mo-
mentânea no desenrolar do filme é propositada, para o efeito surpresa ter mais enfase no espectador. Todavia eis que surge uma reviravolta na acção do mesmo, Madeleine vai passear com Scottie para uma zona verde e de muito arvoredo perto de um convento, onde supostamente Carlota Valdés tinha se suicidado, e num ápice Madeleine entra em transe e convulsão emocional, livrando se de Scottie, e começa a correr de forma desalmada, subindo as escadas do convento até á torre, Scottie vai atrás dela para a impedir que faça algo de errado, mas é confrontado com o medo das alturas, acabando por Madeleine chegar á desinência do edifício, atirando se da torre com trinta metros de altura, em direcção ao chão. Consumada a morte trágica de Madeleine, o caso é alvo de um processo judicial, mas John Scottie é ilibado da acusação, porque devido ao seu diagnóstico de acrofobia, não podia ter evitado o ato deliberado e fatídico de Madeleine. Mas Scottie a partir daquela morte dramática de Madeleine, nunca mais é a mesma pessoa, entra numa espécie de delírio mental, sentimento de culpa agravado, completamente obcecado e com pesadelos de origem onírica, acabando por ser internado num hospital psiquiátrico. O filme está ao rubro e num momento particularmente interessante, eu e os meus colegas estamos perplexos, expectantes e compenetrados com os eventuais cenários da acção do mesmo, se alguém que estava assistir cogitava que o filme ia entrar num tédio e num romantismo bacoco, enganou se redondamente. Neste ínterim Scottie saí do hospital, e vagueia pelas as ruas de São Francisco, ainda combalido e com um ar taciturno, eis que subitamente ele depara se com uma mulher com um rosto exactamente igual a Madeleine, mas com uma indumentária substancialmente diferente e um penteado também completamente distinto. Mas afinal quem será aquela mulher singular, não terá sido insólito e pertinente, aquela mulher vulgar e simples ser tão semelhante a nível físico com Madeleine? Terá de facto Madeleine morrido ou será apenas uma coincidência ocasional? Que golpe de teatro ou que maquinação diabólica está por trás desta súbita aparição? Perguntas e questões para um magnifico filme de suspense á Alfred Hitchcock. (continua na próxima edição)
Alcino Pereira
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Opinião
Os Caminhos de Ferro (Número 30)
Domingos Costa domingoscunhacosta@gmail.com
Em face da impossibilidade de concluir o tema no artigo anterior, continuarei neste, com as vias de comunicação, particularmente as do caminho-de-ferro. Como as mesmas, estavam na ordem do dia, adianto que foi equacionado uma via de comunicação com início em Coimbra, - designada da Beira - passando nas proximidades de Almeida e de Castelo Rodrigo, dirigindo-se
Estação de Vila Franca de Xira
a Salamanca e, depois, a Valladolid.
Neste projeto,i também foi apresentada uma alternativa à Linha do Norte a partir de Tomar. Em vez de passar por Pombal e Soure; iria de Tomar aos Cabaços, Espinhal e Miranda do Corvo, com novo entroncamento; passaria depois por Bussaco, Lousã e de seguida, Coimbra. Pág. 247 do livro de Legislação e Disposições Regulamentares de 1916.
Mesmo com alguns imprevisíveis impasses, - porque isso é normal -, mais uma vez sou obrigado a enaltecer a forma como as vias em construção ocorriam em franco progresso, senão vejamos: A 01 de ii Fevereiro de 1861, entrou ao serviço a segunda via entre Olivais e Carregado; a 19 de Junho de 1861, os comboios passaram a circular com a nova bitola de via anteriormente referida, é importante lembrar, que os trabalhos realizados para a nova bitola de via, - nas seções já em funcionamento -, foram realizados, sem interferência nas circulações de comboios; a 01
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de Julho de 1861, entrou ao serviço o troço de via entre Ponte de Asseca e Ribeira de Santarém; a 07 de Novembro de 1862, entrou ao serviço o setor de via, entre Ribeira de Santarém e Abrantes; logo a 05 de Maio de 1863, entrou ao serviço de passageiros o troço de via entre Abrantes e Crato; a 29 de Julho de 1863, entrou ao serviço o troço de via entre Crato e Alvas e a 24 de Setembro de 1863, entrou ao serviço o troço de via entre Elvas e Fronteira “com Espanha”. Pág. 122 a 127 do livro de Legislação e Disposições Regulamentares de 1883.
Também se faz notar a construção de outras vias férreas, pois, despertaram o interesse doutros capitalistas. Por isso, a 24 de Abril de 1860, foi requerido por Luiz Augusto Palmeirim, para construir e explorar um troço de via reduzida, com locomotivas para transporte de passageiros e mercadorias, entre a ponte de Sant’Ana
Estação de Ovar - original
ou suas proximidades e o porto de S. Martinho, passando nas Vilas de Cartaxo, Rio Maior, Óbidos e Caldas das Rainha. Também éiii manifestamente visível, o avanço de construção na linha férrea de Lisboa para o Porto, exatamente porque, a 19 de Novembro de 1862, entrou ao serviço em situação provisória, a primeira seção de via entre Estarreja e Gaia. Passando a definitivo o referido troço de via, a 8 de Junho de 1863. Pág. 282 do livro de Legislação (Compilação de Diversos Documentos 1916) e pág. 121, 126 e 470 do livro de Legislação eDisposições Regulamentares de 1883.
PS: - Fotografias do arquivo da (CP).
iPág. 247 do livro de Legislação e Disposições Regulamentares de 1916. iiPág. 122 a 127 do livro de Legislação e Disposições Regulamentares de 1883. iiiPág. 282 do livro de Legislação (Compilação de Diversos Documentos 1916) e pág. 121, 126 e 470 do livro de Legislação e Disposições Regulamentares de 1883
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Necrologia
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Culinária
Pudim de claras com doce de ovos
Para o pudim . 7 claras 14 colheres de sopa de açúcar Pré-aquecer o forno a 180.ºC. Untar um pyrex com margarina e reservar. Colocar as claras numa taça e começar a bater com a batedeira. Quando se começarem a formar, adicionar aos poucos as colheres de açúcar. Bater até ficar um merengue bem firme. Colocar no pyrex e levar ao forno por 8 minutos. Ao fim desse tempo, desligar o forno e entreabrir a porta. Deixar arrefecer por completo dentro do forno.
Para a cobertura 4 ovos (gemas e claras) 160g de açúcar Com uma vara de arames bater muito bem os 4 ovos juntamente com o açúcar. Levar a lume muito brando e ir mexendo com bastante regularidade até engrossar. Retirar do lume e mudar para outro recipiente para arrefecer. Quando o pudim estiver frio, retirar do forno e cobrir com o doce de ovos. Polvilhar com canela a gosto e servir. Bom apetite! Fonte: https://asreceitasladecasa.blogspot.pt/
Poesia
Adriano Jordão
"Voltei" Voltei... Longa foi a caminhada Fugaz e impiedosa Malévola e tempestuosa Sofri com os arreios da inocência Dormitei nos lençóis da minha paciência E deixei me levar pela solidão... Escalei as encostas do tempo Perguntei por ti a todo o momento Mas tudo foi em vão Desesperei nas redes do infortúnio Vadiei na penumbra de um abraço Fui refém do meu próprio cansaço Mas sobrevivi... Ultimei a mudança com desdém Confiei em ti como em mais ninguém E maravilhas aconteceram... És a fonte do meu viver presença divina a cada amanhecer És preserverança e gratidão Harmonia constante no meu coração Luz púrpura e flamejante Sentimento abrasivo e arrepiante És paz , compreensão e amor Destino sábio e encorajador És rainha do bem querer Voz doce penetrante Olhar compassivo e deslumbrante Mulher bela e apaixonada Com a alma perpetuada No altar da felicidade Resta me a Deus agradecer E a ti perguntar Estás ainda indecisa Ou já só pensas em me amar?