História Breve resumo da emancipação de Angola
Cinema
James Stewart: tributo ao notável actor de Hollywood
Outubro 2020 edição 78 Propriedade:
A MÓ · Associação do Vale do Neiva (Cultural, Património e Ambiente) Barroselas Mensal Gratuito Versão digital
Santo António do Penedo pág. 20
Gripe: importa (muito!) pág. prevenir 4
índice edição 78 outubro 2020
ficha técnica diretoria e administração: Direção de “A Mó” redação: José Miranda; Manuel Pinheiro; Estela Maria; António Cruz colaboradores: A.C.Mujães; Adão Lima; Alcino Pereira; Amaral Giovanny; Américo Santos; Ana Sofia; Bruno Amorim; Cristiana Félix; Daniela Maciel; Domingos Costa; Eliza Souza; Florbela Sampaio; Herman Manuel; José Duarte; José Miranda; Luciano Castro; Pedro Marques; Pedro Tilheiro; Sandra Leiras; Sónia Grilo design e paginação: Mário Pereira supervisor: Pe. Manuel de Passos contacto da redação: Avenida S. Paulo da Cruz, Apartado 20 4905-909 Barroselas e-mail: redacaojornalvaledoneiva@gmail.com periodicidade: Mensal
Maria da Conceição sofria dolorosamente ao ver os outros sofrer página 05
Memórias dos Caminhos de Ferro página 06
Regulamentos dos serviços de transportes em Portugal página 08
editorial Divulgar é dar a conhecer…
por José Maria Miranda Presidente da Direção de A Mó
N
esta Edição irei falar da Secção Ambiental de A Mó Associação do Vale do Neiva. Como defensor acérrimo do meio ambiente, Manuel Delfim da Silva Pereira (o Necas), apoiado por jovens com espírito ambientalista, dão oficialmente os primeiros exemplos dessa defesa, no dia 5 de fevereiro de 1985, são eles: Manuel Delfim, Rogério Barreto,
Raimundo Castro e Olindo Maciel. Não foi fácil gerir esta atividade por tratar-se de uma área sensível mas, dentro do possível, conseguiu-se travar algumas situações de autêntico atentado ao meio ambiente. Esta Secção toma posições e define estratégias em relação às questões relacionadas com o meio e Ambiente, juntamente com as autarquias com quem estabeleceu protocolos de colaboração. Vai continuar a trabalhar neste sentido porque, vê, que é a forma mais viável e correta, de envolver várias partes interessadas, na resolução dos problemas ambientais no Vale do Neiva.
Vamos cuidar do meio Ambiente e não estejamos à espera que as Associações ambientalistas façam tudo, porque o meio ambiente é de todos, logo: Temos o dever de olhar pela sua preservação.
formato: Digital distribuição: Gratuita Os artigos de opinião são da inteira responsabilidade dos seus autores, podendo ou não estar de acordo com as linhas editoriais deste jornal.
2 edição 78 • outubro 2020
www.ovaledoneiva.pt uma referência na região do Vale do Neiva
Literatura: 6 leituras aconchegantes para o Outono página 12
Cinema: tributo ao actor James Stewart página 14
Tradições populares: Santo António do Penedo página 20
o pulsar da sociedade O ar livre
por Alcino Pereira alcinop@ipvc.pt
C
ada vez existem mais apelos e observações pedagógicas, que incentivam as pessoas a passar mais tempo ao ar livre, usufruindo da natureza, dos campos, dos rios, dos montes, dos vales, das praias, etc, em que famílias, namorados, ou até solitários, podem aderir a esta semântica de simbiose com a natureza, que os ajuda, a conviver de forma mais efetiva, concludente e salutar, uns com os outros, mesmo que entre os intervenientes, exista um certo estigma, relutância, uma timidez, muito própria da característica do ser humano, aliás estou francamente convencido, que o relacionamento proveniente das potencialidades do ar livre, induz nas pessoas uma certa descontração, ficando mais extrovertidas, com menos
preconceitos, em suma mais confiantes e com ensejo de invocar a sua própria resiliência. Além dessas premissas de interação social, existem outras observações profiláticas, que expressam a importância do contato com a natureza, para a saúde, designadamente o estímulo proeminente dos sentidos nas crianças, que que na sua longa permanência no exterior, permite lhes serem mais criativas e exploradoras, como também o fulcral oxigénio que respirarmos, mais concretamente o remédio natural proveniente dos eflúvios do ar puro, que exalamos nos peitos, e por ultimo outro aspeto determinante e incisivo, que ajuda a prevenir doenças cardiovasculares, estamos a falar, do imprescindível exercício físico, regular ao ar livre. Compreendo que nem sempre a meteorologia, favoreça essa disposição e nem sempre acha oportunidade, ensejo ou tempo, de se passar uma tarde ou um dia em convívio frutuoso, com os outros, mas apesar dos constrangimentos, que se possam existir, na minha ótica, devemos dar preferência, ao aspeto lúdico, às atividades convergentes com o ar livre, por exemplo ao fim de semana, arranjar uma ocupação, que preenche esses requisitos e
nos ajude a ter uma interação, mais profícua com os outros, quiçá com a probabilidade de conhecer mais amigos. Contudo é verdade que as redes sociais, a televisão, proporcionam um tipo de entretimento, mais cómodo, mais eficaz e pragmático, porventura mais cativante, com as redes sociais a permitirem estabelecer eventuais contatos, mas com pouca essência abrasiva e consistente, do que um encontro no exterior ou em modo presencial, sendo que o uso excessivo desta opções, pode nos conduzir ao tédio, à fobia de sair de casa, devido a nossa conduta rotineira e sedentária, como também a uma dependência viral, que pode afetar o nosso sistema nervoso. sobretudo reduz
substancialmente a nossa harmoniosa convivência com a sociedade, e a capacidade de sermos mais uteis e pro ativos, mesmo que esse tempo livre, seja apenas usado em ocupações de lazer. Viver na plenitude, significa termos uma postura dinâmica, com felicidade, com liberdade de opinião, espírito crítico, altruísmo, solidariedade, saúde e carater, são adjetivos que ajudam o ser humano, a usufruir da vida, mas sempre complementando com as frequências ao ar livre, que permite desde logo a veleidade de ter uma chance de interagir e comunicar com os outros, nem que seja apenas, numa destarte extemporânea ou efémera, pela a razão tácita, que quando estamos no exterior, temos sempre o ensejo de encontrar alguém, com que podemos estabelecer um diálogo, ou mesmo quando observamos e extraímos algo pertinente, expresso pela a natureza, pode nos ajudar a refletir, a descomprimir, a raciocinar e até a aquiescer a uma hipotética inspiração ou a uma solução providencial, pois enquanto estamos sempre em casa, mesmo usufruindo das particularidades do ócio, pode se for em exagero, conduzir ao isolamento e diagnósticos patológicos de gravidade insolúvel, como sucedeu inopinadamente com o confinamento generalizado, em que uma parte considerável da população mundial, esteve sujeita, para conter as perversidades fulminantes do contágio, da pandemia do Covid 19, que por consequência, foi mais soez com os mais vulneráveis da sociedade, designadamente com os mais velhos, as crianças, e os atingidos brutalmente pelo o desemprego, que foram os alvos prediletos dos efeitos nefastos e colaterais, de uma medida extrema de contenção viral, numa dimensão multilateral, nunca antes vista. jornal
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saúde » questões sobre a gripe
Gripe – importa (muito) prevenir!
por Ana Sofia Portela enf.anasofia@gmail.com Enfermeira especialista em Enfermagem Comunitária USF Aqueduto – ACES Vila do Conde/Póvoa do Varzim
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utubro é o mês por excelência do início da vacinação da Gripe. Este ano, atendendo ao contexto que passamos, torna-se ainda mais importante esta vacinação. Assim, este mês é sobre a gripe e a vacina que escrevo. A Gripe é uma doença provocada por um vírus, com maior incidência no outono e inverno. Pode iniciar-se de forma brusca, com febre alta (39-40ºC), calafrios, mal-estar geral, dores de cabeça, dores musculares e articulares. Outros sintomas podem aparecer tais como tosse, dores de garganta, expectoração,
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“A Gripe é uma doença provocada por um vírus, com maior incidência no outono e inverno. Pode iniciar-se de forma brusca, com febre alta (39-40ºC), calafrios, mal-estar geral, dores de cabeça, dores musculares e articulares. Outros sintomas podem aparecer tais como tosse, dores de garganta, expectoração, secreção nasal e lacrimejo. Os sintomas podem durar entre 5 a 8 dias.”
secreção nasal e lacrimejo. Os sintomas podem durar entre 5 a 8 dias. A forma de contágio da Gripe ocorre através de pequenas gotículas que são libertadas ao tossir e espirrar e, muito raramente através de objectos, ao levar as mãos à boca ou ao nariz. É contagiosa desde o dia anterior ao aparecimento dos sintomas até ao sétimo dia depois do início da doença. Em alguns casos podese complicar com o surgimento de Sinusite, Otite e Pneumonia ou provocar um agravamento de doenças crónicas como a Insuficiência Cardíaca, Asma ou Diabetes. Na presença de sintomas compatíveis com Gripe, algumas atitudes importantes devem ser tomadas: quando tossir, cubra o nariz e a boca com um lenço descartável; descanse, beba bastante água, não fume nem beba bebidas alcoólicas, sobretudo se estiver a tomar medicação. Importa estar alerta para alguns sintomas de alarme que devem motivar a consulta com o seu médico de família,
nomeadamente dificuldade em respirar, dor ou pressão no peito, tonturas ou confusão. A melhor medida para se proteger da Gripe é a vacinação. A vacina é segura e tem reduzidos efeitos secundários. A vacinação, para além da proteção pessoal, traz também benefícios para toda a comunidade, pois quando a maior parte da população está vacinada interrompe-se a transmissão da doença. A vacina pode ser administrada durante todo o outono/inverno, de preferência até ao fim do ano civil. A Direcção-Geral de Saúde recomenda fortemente a vacinação para os grupos populacionais prioritários, tais como pessoas de idade igual ou superior a 65 anos, doentes crónicos e imunodeprimidos ou grávidas. Aconselha-se também a vacinação de pessoas com idades compreendidas entre os 60 e os 64 anos. A vacina é fortemente recomendada e gratuita para os seguintes grupos populacionais: • Pessoas com idade igual ou superior a 65 anos; • Doentes crónicos e imunodeprimidos, com 6 ou mais meses de idade (consultar condições específicas no quadro II da norma Nº 016/2020 da DGS de 25/09/2020); • Grávidas; • Profissionais de saúde e outros prestadores de cuidados; • Pessoas incluídas nos contextos definidos no Quadro III da norma Nº 016/2020 da DGS de 25/09/2020. A vacina contra a gripe é administrada gratuitamente nas unidades funcionais dos Agrupamentos de Centros de Saúde/Unidades Locais de Saúde. Para as pessoas não abrangidas pela vacinação gratuita, a vacina contra a gripe é dispensada nas farmácias através de prescrição médica e com comparticipação de 37%. Seja prudente! Vacine-se!
religião » biografia
Maria da Conceição sofria dolorosamente ao ver os outros sofrer
por Domingos Costa domingosdacunhacosta@gmail.com
Inicio a mensagem, falando de Maria da Conceição e da sua bem-aventurada graça. É sobejamente sabido, que iniciou bem cedo, a viagem que a levou à casa de Deus. De igual modo, alimentou a Esperança e a Fé. Ou seja: Bem cedo, ingressou no rumo da eterna felicidade. Em sequência ao parágrafo anterior, direi que Maria da Conceição desde criança possuía uma inclinação efetuosa e compadecida pelos outros. Porque o seu enternecido coração foi concebido para ser “carinhoso, generoso e pacífico com todas as almas”.
“A “Serva de Deus” nas suas preces íntimas com Deus, veemente rogava para que Deus trocasse seu apiedado coração Ficaria – como ambicionava – com o Coração Divino e Deus ficaria com o dela. A prova de humildade, pequenez e obediência a Deus de Maria da Conceição, leva-me a apresentar uma frase, mostrando mais uma prova de amor da “Serva de Deus”: “Eu chorava de arrependida (aos pés de Deus), não só as minhas maldades, como as do mundo inteiro”.
Também Já referi que a “Serva de Deus”, sofria dolorosamente ao ver os outros sofrer, desejava sofrer pelos pecados do mundo. Essa dor, era angustiante para Maria da Conceição por não ter possibilidades de evitar o sofrimento do seu semelhante. O dócil coração de Maria da Conceição, quando cumpria profunda meditação, apelava: “Jesus meu Bem Amado, não posso alegrar-me enquanto o Mundo existir”. Isto porque? “São tantos os que sofrem e gemem nos desertos deste mundo, que eu seria uma criminosa se me esquecesse das suas dores…”. Prezado leitor, será importante assinalar que o abrasador coração da “Serva de Deus”, tinha características distintas. Não vou dizer que era único. Porque, felizmente, existem muitos outros exemplos de santidade, de se sentirem mártires pela impossibilidade de sanar o pecado do mundo. Porém,
creio importante acrescentar, que o puro amor de Jesus nela, promoveu a mesma grandeza de amor que tinha pelos outros. É de bom grado lembrar que Maria da Conceição, ao ter o Coração de Jesus como seu grande amor. Ou seja, seu indispensável companheiro e protetor, seu confessor e parceiro em todas os momentos sofridos. Digamos: por inerência levava-a a conceder-lhe uma ilimitada força íntima, traduzindo afetos ardentes em amor para amar Deus e o Mundo. A “Serva de Deus” nas suas preces íntimas com Deus, veemente rogava para que Deus trocasse seu apiedado coração. Ficaria – como ambicionava – com o Coração Divino e Deus ficaria com o dela. A prova de humildade, pequenez e obediência a Deus de Maria da Conceição, leva-me a apresentar uma frase, mostrando mais uma prova de amor da “Serva de Deus”: “Eu chorava de arrependida (aos pés de Deus), não só as minhas maldades, como as do mundo inteiro”. Presumível é, que o percurso pode parecer turbulento com pendor labiríntico, mas não é. É legitimo, sério e assertivo. É o caminho da paz, do amor e estar com Deus. Por isso, em ato espiritual - íntimo – deu graças e um eterno sim a Deus. Maria da Conceição incansavelmente procurava os pobres, os doentes e os dormentes para os consolar, para lhes dar tudo o que tinha, tanto material como moral. Para que o prezado leitor fique mais sintonizado com a grandeza espiritual de Maria da Conceição, despeço-me com mais um seu pensamento: “Aos dezanove anos fui levada por um impulso íntimo a oferecer-me por todas as almas e pelos sacerdotes, devorada por dois desejos: levar a vida oculta de Jesus e dar a vida por Ele no martírio”. jornal
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história » caminhos de ferro
Fotografia de Fernando Abel (CP)
Locomotiva de via estreita, parqueada na estação da Régua, em estado degradante. A locomotiva está assente nos carris de via estreita e estão dentro dos carris de via larga. Ao lado, encontra-se um vagão de transporte de mercadorias de via larga como podem constatar.
Memórias dos caminhos de ferro E por Domingos Costa domingosdacunhacosta@gmail.com
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6 edição 78 • outubro 2020
m sequência do artigo anterior, é minha intenção destacar ainda, registos doados pelos nossos antepassados relativamente a contestatários da construção dos caminhos-de-ferro americanos em Portugal. Eles, ao usufruir um método dissuasor, - porque estão sequiosos pelos seus retrógrados e malfazente objetivos -, agem em jeito astuto, consistente e com
argumentos incisivos a fim de levar a efeito, e a seu jeito, as suas pretensões. Em consonância com o referido, conclui-se que a desarmante presença, permite que os seus tentáculos imponham tenazmente as suas leis antiprogressistas. Conseguindo em várias situações derrotar o bom, a favor do mau. No caso, essa manifesta intenção tinha como desfecho final, uma notória ineficácia ou inexistência dos caminhos de ferro. Incidindo: Na depreciada robustez e excessiva dimensão; o perigo quando em movimento juntamente com os peões; quando em estradas de elevado declive; quando se verificarem leitos menos largos e de raio reduzido. Estes e outros motivos, levou a que os contestatários energicamente os reprovassem, porque, efetivamente, colocavam em causa as suas exigências,
“Na depreciada robustez e excessiva dimensão; o perigo quando em movimento juntamente com os peões; quando em estradas de elevado declive; quando se verificarem leitos menos largos e de raio reduzido. Estes e outros motivos, levou a que os contestatários energicamente os reprovassem, porque, efetivamente, colocavam em causa as suas exigências, e, sobretudo, a seguranças dos peões.”
história » caminhos de ferro
Fotografia de Fernando Abel (CP) Carruagem de 3ª. Classe. Carruagem de 3ª. Classe em serviço no início dos caminhos de ferro, mantendo-se ao serviço, até sensivelmente - meados do século XX.
e, sobretudo, a seguranças dos peões. Por outro lado, é reconhecível que a história identifica muitas solicitações para que se implemente este meio de transporte, só que, por motivos diversos, algumas tiveram um malogrado desfecho. Todavia, é claramente notório uma abertura interessada na construção das referidas vias de comunicação ferroviárias americanas. Sintetiza ainda, que a Carta de Lei de 21 de julho de 1887, é clara ao estimular, promover e estabelecer com transparência qualquer iniciativa, tendo, como é obvio, em consideração prioritária a segurança da legislação Portuguesa. Para o efeito, seguidamente apresento os requisitos necessários para apresentar os pedidos de concessão do referido meio de transporte americano: Obrigatoriedade em apresentar a carta corográfica, incluindo o
“Obrigatoriedade em apresentar a carta corográfica, incluindo o traçado; o número e classificação de estradas; localidades servidas; largura da via; sistema de tração a utilizar; depósito de 5$000 reis por quilómetros, no total não podendo ser inferior a 100$000 reis em depósito na Caixa Geral de Depósitos e ainda outros esclarecimentos que os requisitantes avaliem vantajosos.”
traçado; o número e classificação de estradas; localidades servidas; largura da via; sistema de tração a utilizar; depósito de 5$000 reis por quilómetros, no total não podendo ser inferior a 100$000 reis em depósito na Caixa Geral de Depósitos e ainda outros esclarecimentos que os requisitantes avaliem vantajosos. Com os parâmetros suprarreferidos corretos, é movido um inquérito administrativo de utilidade pública, aberto na Direção Geral das Obras Públicas e Minas, no sentido de ouvir entidades e corporações interessados sobre a concessão. Só depois o Governo decidirá ou não a concessão. Há, todavia, obrigatoriedade de considerar ainda, as seguintes apreciações: Planta geral do traçado; perfil longitudinal; perfis transversais; planta parcelar dos terrenos a expropriar; perfil tipo da via; dimensões e espaçamentos das travessas; perfil do carril; desenhos de todas as obras de arte; aparelhos e máquinas para a construção e exploração da linha e outros. Paço, em 21 de abril de 1906. José Gonçalves Pereira dos Santos. Muito mais poderia divulgar sobre este meio de transporte. Porém, creio certo ter explanado o suficiente ao estimado leitor. Finalizo o artigo, com um pouco de literatura inspirada no caminho de ferro de João de Lemos, extraída do livro “Cem Anos dos Caminhos de Ferro na Literatura Portuguesa: “Transpõe tudo, o vale e a vargem! Se chega de um rio à margem, Logo o rio deixa atrás; Alta montanha na frente, De um lado o vale, de repente Do outro lado o vês, de repente Do outro lado o verás; Casas, bosques, monumentos, ‘té, ao longe, o próprio mar, Com rapidez de momentos, Passam, somem-se no ar”
por Américo Manuel Santos americosantos1927@gmail.com
POEMA Outubro
Tu és Tu és menina de oiro Tu és sereia do mar Com o teu cabelo loiro Onde queria navegar Tu és estrela cadente Tu és estrela do mar Queria ser cometa ardente Para eu por ti passar
D. do G. nº. 90 de 24 de abril de 1906. Pág. 56 a 74 do livro de Legislação de 1906.
jornal
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história » caminhos de ferro
Curiosidades disseminadas
Regulamentos dos serviços de transportes em Portugal
É por Domingos Costa domingosdacunhacosta@gmail.com
Páginas 167 a 173 do livro Compilação de Diversos Documentos relativos à Companhia dos Caminhos de Ferro Portuguese de 1915, 2ª. Parte.
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minha intenção divulgar ao prezado leitor, - em pequenos itens -, pareceres sobre profissões ao serviço nos caminhos de ferro portugueses, pouco tempo após o seu início “1856” em Portugal. Inicio o tema com a categoria de Chefes de Estação. Como o nome indica, são profissionais que tratam de todos os assuntos relacionados com a estação. Em face disso, comunicam diretamente com o engenheiro chefe de exploração. Ao serem possuidores dessa competência, e ainda
por terem uma acrescida responsabilidade, permitelhes comunicar diariamente com o engenheiro sobre: Notas da contabilidade, de irregularidades com empregados, passageiros, bagagens e mercadorias, quer as irregularidades advenham de negligência ou reclamações. O chefe de estação, ao representar a empresa na estação, tem ainda o dever de ter uma relação atenciosa e de polidez, contando sempre com zelo e exatidão com todos, de forma a garantir uma perfeita estabilidade do bom serviço prestado em todos os domínios.
Também é seu dever, impedir o acesso às plataformas e salas de espera aos utentes não possuidores do respetivo bilhete, ou autorização para o efeito, mesmo os pregoeiros, vendilhões ou distribuidores de qualquer objeto. Os quais, só podem exercer o seu trabalho, com a devida autorização. Comboios em serviço É indispensável que qualquer comboio em circulação, contemple os seguintes profissionais: - Condutor de locomotiva, condutor de trem, um ou mais travadores e um ou mais ensebadores. - Condutor de Trem. A competência do condutor de trem, consiste na classificação dos passageiros e fiscalização dos bilhetes nas carruagens; na polícia, segurança e vigilância dos trens; nas manobras do comboio; dos breaks; em fazer ensebar as rodas; na carga de mercadorias, classificação e descargas das bagagens, recovagem e mercadorias transportadas pelos trens de passageiros; na receção, vigilância durante a marcha e entrega nas estações de mercadorias transportadas pelos comboios de mercadorias; introduzir ou deixar vagões ou carruagens nas estações intermédias do percurso; transmissão de ofícios ou ordens; na manobra dos sinais prescritos no regulamento de sinais para segurança do trem.
pub » teste rápido covid-19
Teste de antigénio rápido permite detetar Covid-19 em 15 minutos por Sónia Matos soniamatos@multicom.co.pt Multicom, Comunicação
A
BioJam, em conformidade com a legislação para Dispositivos Médicos de Diagnóstico In Vitro, já notificou o INFARMED para a distribuição dos testes rápidos antigénico NADAL ® COVID-19 Ag, um teste que permite detectar, desde as primeiras 24 horas de contágio, uma proteína do vírus que permite determinar a infecção, preenchendo assim uma lacuna de diagnóstico rápido na fase inicial da infecção, já que este teste dispõe de uma janela de detecção similar à dos testes PCR. Os resultados dos testes
são obtidos em apenas 15 minutos, sem a necessidade de instrumentação, o que reduz significativamente os falsos positivos gerados por contaminação de outros testes. Fabricados na Alemanha, os testes rápidos de antigénio fornecem informações essenciais no momento do período de infecção em que há um risco mais elevado de transmissão da doença. O teste rápido NADAL ® constitui uma ferramenta fiável e acessível para detectar focos de infecção em grande escala reduzindo, assim, a propagação da doença. Esta é uma ferramenta de diagnóstico que, baseada num sistema de fluxo lateral, não necessite de instrumentação, ou seja, o teste é feito com um
dispositivo simples que detecta a presença de uma substância numa amostra líquida sem a necessidade de equipamentos especializados e dispendiosos. Uma solução rápida e económica para empresas Rápidos, baratos e acessíveis, os testes de antigénio NADAL ®, permitem testar casos de COVID-19 em grande escala, identificar rapidamente os indivíduos
infectados e reduzir a propagação do vírus, o que para as empresas apresenta inúmeras vantagens. Como explica Carlos Monteiro, CEO e Fundador da BioJam Holding Group, “os testes rápidos de antigénio constituem a opção mais rápida e económica para as empresas que pretendam testar os seus colaboradores, combatendo assim o impacto económico e social associado à abstinência laboral imposta pelos períodos de quarentena. Desta forma as empresas podem manter a sua actividade normal ao mesmo tempo que garantem a segurança de todos os colaboradores”. Tendo em conta a técnica de recolha das amostras por zaragatoa, a BioJam disponibiliza também a possibilidade de realização dos testes de antigénio NADAL ® na Clínica Pilares da Saúde em Lisboa e na Oporto Pain Free Clinic no Porto, nomeadamente para quem não dispõem de um profissional de saúde dentro da sua empresa. Adicionalmente a BioJam disponibiliza ainda profissionais de saúde para a realização dos testes nas próprias empresas, garantindo assim uma rápida resposta no controlo de possíveis casos de infeção por COVID-19.
Sobre a BioJam Holding Group A Biojam é uma empresa farmacêutica de referência na Península Ibérica que aposta em medicamentos diferenciados, com uma componente de inovação muito forte. Fundada em 2015 por Carlos Jorge Almeida Monteiro a empresa surge com uma clara aposta na inovação nas áreas de Anestesiologia, Hematologia Oncológica Pediátrica, Farmácia Hospitalar, Enfermagem Perioperatória, Nutrição Parentérica e Medicina Física e de Reabilitação, entre outras.
jornal
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história » colónias portugueseas
A emancipação de Angola
por Amaral Giovanny amaral.giovanny@gmail.com
1975 - MPLA proclama a independência de Angola O novo governo revolucionário português iniciou negociações com os três principais movimentos de libertação: o MPLA Em 11 de novembro de 1975, Angola torna-se independente de Portugal. O cenário para a independência desenvolveuse meses após a derrubada da ditadura em Portugal pela Revolução dos Cravos em 25 de abril de 1974, quando se abriram
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perspectivas históricas imediatas para a independência de Angola, uma das colônias portuguesas na África ocidental. O novo governo revolucionário português iniciou negociações com os três principais movimentos de libertação: o MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola), liderado por Agostinho Neto, a Frente Nacional de Libertação de Angola, chefiada por Holden Roberto e a UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola), liderada por Jonas Savimbi, no período de transição e do processo de implantação de um regime democrático em Angola e nos marcos dos Acordos de Alvor de janeiro de 1975. A independência de Angola não foi o início da paz, e sim de uma guerra aberta. Muito antes do Dia da Independência, quando
“A independência de Angola não foi o início da paz, e sim de uma guerra aberta. Muito antes do Dia da Independência, quando Agostinho Neto exclamou, “diante de África e do mundo proclamo a Independência de Angola”, culminando assim a campanha independentista, iniciada em 4 de fevereiro de 1961 (...)”
Agostinho Neto exclamou, “diante de África e do mundo proclamo a Independência de Angola”, culminando assim a campanha independentista, iniciada em 4 de fevereiro de 1961, os três grupos nacionalistas que tinham combatido o colonialismo português lutavam entre si pelo controle do país, e em particular da capital, Luanda. Cada um deles era apoiado por potências estrangeiras, dando ao conflito uma dimensão internacional. A União Soviética, e principalmente Cuba, apoiavam o MPLA, que controlava a capital e algumas regiões da costa, em especial Lobito e Benguela. Os cubanos não tardaram em desembarcar em Angola em 5 de outubro de 1975. A África do Sul do apartheid apoiava a UNITA, tendo invadido Angola em 9 de agosto de 1975.
história » colónias portuguesas
Em dezembro, no rescaldo do golpe, o MPLA realizou o seu 1º Congresso, onde se proclamou como sendo um partido marxista-leninista, adotando o nome de MPLA-Partido do Trabalho. A UNITA e a FNLA juntaram-se então contra o MPLA. Começou então uma guerra longa e devastadora contra o governo do MPLA. A UNITA apresentava-se como sendo antimarxista e próocidental, mas tinha também raízes regionais.
A FNLA contava também com o apoio da China, mercenários portugueses e ingleses e até da África do Sul. Os Estados Unidos, que apoiaram inicialmente apenas a FNLA, não tardaram a ajudar também a UNITA. Este apoio manteve-se até 1993. A sua estratégia foi durante muito tempo dividir Angola. MPLA forma governo Em outubro de 1975, o transporte aéreo de quantidades enormes de armas e soldados cubanos, organizado pelos soviéticos, mudou a situação, favorecendo o MPLA. As tropas sul-africanas e zairenses retiraram-se e o MPLA conseguiu formar um governo socialista uni-partidário. O Brasil, ainda sob ditadura militar, rapidamente estabeleceu relações diplomáticas,
reconhecendo como legítimo o governo de Agostinho Neto, antes mesmo de qualquer país do bloco comunista. Em 1976 as Nações Unidas reconheceram o governo do MPLA como o legítimo representante de Angola, o que não foi seguido nem pelos EUA, nem pela África do Sul. Em 27 de maio de 1977, um grupo do MPLA, encabeçado por Nito Alves, desencadeou um golpe de Estado que ficou conhecido como “fraccionismo”, terminando num banho de sangue que se prolongou por dois anos.
“O povo angolano proclamou a independência de Angola, pondo desta forma fim, ao mais longo império colonial em África que durou cinco séculos.”
Guerra civil Antes de alcançar a independência nacional, os angolanos desenvolveram de início uma intensa luta política, sem recurso às armas. Diante da resposta das autoridades coloniais, que recusavam qualquer conversação com vista à autodeterminação, os patriotas angolanos não tiveram outra saída que não a luta armada que se estendeu por 14 anos. O povo angolano proclamou a independência de Angola, pondo desta forma fim, ao mais longo império colonial em África que durou cinco séculos. Agostinho Neto, líder do MPLA, morreu em Moscovo em 10 de setembro de 1979, sucedendo-lhe no cargo o ministro da Planificação, o engenheiro José Eduardo dos Santos. Seu principal opositor, Savimbi, morreu em 2002, isolado e esquecido. jornal
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crónica » literatura
6 leituras aconchegantes para o Outono
por Daniela Maciel dani18maciel@hotmail.com
O
Outono chegou e com ele as primeiras bebidas quentes e as temperaturas mais frescas que convidam a tardes passadas no sofá na companhia de uma manta e de um bom livro. Hoje tenho 6 sugestões de leituras aconchegantes para conhecer neste Outono. A Livraria dos Finais Felizes, de Katarina Bivald, é uma encantadora história sobre livros e sobre a paixão pela leitura, escrita por uma autora que também adora ler. O enredo está bem equilibrado e a escrita da autora é muito doce, proporcionando ao leitor várias horas agradáveis de leitura. É um livro que cumpre a sua promessa de nos dar um final feliz, divertenos e aquece-nos o coração.
“O Outono chegou e com ele as primeiras bebidas quentes e as temperaturas mais frescas que convidam a tardes passadas no sofá na companhia de uma manta e de um bom livro. Hoje tenho 6 sugestões de leituras aconchegantes para conhecer neste Outono.”
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Um Amor na Cornualha, de Liz Fenwick, é um livro que fala de amor: amor entre um casal, amor pela família, amor pela profissão e amor por uma mansão com centenas de anos. É também um livro que nos fala de mudanças e de recomeçar; de desgosto e de redenção. A autora presenteianos com magníficas descrições das paisagens da Cornualha, sendo notável o amor que sente por este local. Regressar, de Catherine McKenzie, é a história de uma jovem advogada que foi fazer
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Uns dizem que a beleza vem de dentro, outros dizem que vem de fora. Com a DOGTYBY vem dos dois lados.
Ana Lima
Tlm. (351) 939 530 171 Viana do Castelo dogtyby@gmail.com www.facebook.com/dogtyby
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uma viagem a África. Contudo, uma doença e mais tarde um terramoto deixam-na retida e sem forma de contactar com o exterior. Quando, seis meses depois, regressa a casa, fica surpreendida ao perceber que todos a tinham dado como morta e que nada na sua vida está igual. A escrita da autora é extremamente cativante, fluida e apresenta imenso humor. Apesar de serem retratados temas fortes como o luto de Emma pela mãe e situações difíceis que ela tem de ultrapassar, este livro transporta uma leveza e uma simplicidade
crónica » literatura
que fazem com que o leitor se perca na leitura durante horas. É uma leitura que nos permite refletir, mas também descontrair. Este envolvente romance retrata uma mulher à procura de si mesma e a tentar resolver o caos em que se tornou a sua vida. É uma história original e divertida, que certamente será do agrado do público feminino. Menina de Ouro, de Chris Cleave, apresenta-nos três personagens - Jack, Kate e Zoe - com algo em comum: são ciclistas profissionais. Conhecemos também Sophie, uma menina de 8 anos que sofre de leucemia e que é uma criança extraordinária. O autor tem uma escrita belíssima e transporta-nos para uma história repleta de emoções. Tanto nos faz rir à gargalhada como consegue chamar o nosso lado mais emotivo e sentimental. É uma história que nos fala de amor, de sacrifício, de escolhas, da luta entre o desejo e a realidade, da fama e da ambição. É uma história tocante, muito bonita e cujas personagens ficarão bem guardadas no coração do leitor. Acordo com o Marquês, de Sarah MacLean, é um romance de época leve e relaxante para ler numa tarde. A escrita da autora é bastante cativante e o livro oferece-nos diálogos intensos e repletos de humor. Os conflitos entre os dois protagonistas são constantes, assim como a tensão sexual, que vai aumentando de capítulo para capítulo. Desta forma, o livro acaba por ter muito dinamismo e reviravoltas interessantes. É uma leitura divertida e romântica que conquista desde as primeiras páginas e que provocará uma avalanche de sentimentos no leitor. Crenshaw, O Grande Gato Imaginário, de Katherine Applegate, é a sugestão para
“Crenshaw, O Grande Gato Imaginário, de Katherine Applegate, é a sugestão para os mais novos. Fala-nos de um menino chamado Jack, cujos pais estão a passar por bastantes dificuldades, e de Crenshaw, um gato grande, sincero e imaginário, que aparece na vida de Jack para o ajudar. Através de uma escrita recheada de ternura, Katherine Applegate consegue conquistar crianças e adultos com uma história que tem muito a ensinar. É uma história que transmite valores às crianças e que nos mostra como elas veem e percebem o mundo e como os adultos, muitas vezes, as excluem dos seus problemas. Por mais que se tente proteger as crianças, as mais crescidas começam a compreender que algo se passa e isso pode trazer-lhes angústia, daí que seja importante que haja diálogo entre pais e crianças. É um livro que pode ser lido por adultos e pelas próprias crianças, ou então ser lido às crianças (...)”
os mais novos. Fala-nos de um menino chamado Jack, cujos pais estão a passar por bastantes dificuldades, e de Crenshaw, um gato grande, sincero e imaginário, que aparece na vida de Jack para o ajudar. Através de uma escrita recheada de ternura, Katherine Applegate consegue conquistar crianças e adultos com uma história que tem muito a ensinar. É uma história que transmite valores às crianças e que nos mostra como elas veem e percebem o mundo e como os adultos, muitas vezes, as excluem dos seus problemas. Por mais
que se tente proteger as crianças, as mais crescidas começam a compreender que algo se passa e isso pode trazer-lhes angústia, daí que seja importante que haja diálogo entre pais e crianças. É um livro que pode ser lido por adultos e pelas próprias crianças, ou então ser lido às crianças pelos adultos. É uma história que nos transmite esperança e que nos relembra a nossa infância e os nossos próprios amigos imaginários. Já decidiu que livro vai escolher para lhe fazer companhia nas tardes de Outono?
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cinema » sugestão ao leitor
James Stewart
por Alcino Pereira alcinop@ipvc.pt
N
esta minha crónica, resolvi alterar ligeiramente o padrão e a semântica associado ao conteúdo, fomentando o realce à notoriedade de um ator, no caso concreto, dar a minha perspetiva conceptual, sobre o prestigiado astro de Hollywood, o ator norte americano James Stewart e a sua proeminência decisiva, para o êxito cinematográfico. Para quem conhece as minudências do cinema, do século XX, o cidadão James Stewart, dispensa apresentações, pois foi considerado uma das figuras de proa da sétima arte, precedente à segunda guerra mundial, participando em mais de 50 filmes, quase sempre como protagonista principal, com maior incidência e relevância, entre as décadas de 40 e 60, atingindo em face desse acervo, o clímax da sua fama e perene consagração. Neste meu louvor, ao ínclito James Stewart, destaco três pontos nucleares, que na minha ótica, produziram uma admiração e enlevo, na minha apreciação e nos restantes aficionados. 1º Ponto: Parceria com Alfred Hitchcock – Curiosamente foi com um filme, realizado pelo o Mestre do suspense Alfred Hitchcock, que tive o privilégio de ver atuar James Stewart, designadamente no “A Janela Indiscreta” de 1954, indiscutivelmente uma das obras mais populares e indeléveis de Hitchcock, que eu pude
14 edição 78 • outubro 2020
James Stewart Globos de Ouro 1965
cinema » sugestão ao leitor
Alfred Hitchcock e James Stewart “O Homem Que Sabia Demais” 1956
“(...)uma coisa é certa, essa soberba coligação, entre os dois, culminou num rotundo sucesso, nos quatro filmes, em que James Stewart foi cabeça de cartaz, sendo altamente benéfico para ambos. Entronizando as personagens criadas por Hitchcock, James Stewart, apesar de patentear aquela sua peculiar húbris, aparato físico e seu charme natural, com o roldão de vicissitudes, que indicia a paulatina distensão afeta à narrativa, James Stewart é tendencialmente mais histriónico, incisivo e pragmático (...)”
e seu charme natural, com o roldão de vicissitudes, que indicia a paulatina distensão afeta à narrativa, James Stewart é tendencialmente mais histriónico, incisivo e pragmático, intensificando a essencial acutilância à sua prestação, como um elemento imprescindível, para prossecução intensa da rodagem do filme. 2º Ponto: Caráter da Personagem – Um dos aspetos cruciais para James Stewart chegar ao pináculo da sua apoteose e reconhecimento transversal, foi o caráter das personagens que encarnou, em grande parte dos filmes, que fez parte, desde géneros policiais, dramáticos, western, comédias românticas e suspense, além da sua aparência de gala, alto e elegante, com brilhantes olhos azuis, a sua personalidade estava sempre adjacente, a um indivíduo defensor da lei, ao herói da contenda, eclético e cordato com os outros, tenaz e intrépido, no combate à moscambilha e a sujeitos de índole cruel. Certamente, com esse apanágio que o acompanhou em diversas histórias, foi determinante para ser o eleito em filmes chave, onde esse atributo era fundamental, simultaneamente essa postura (continuação na página seguinte)
confirmar com o devido ensejo. Contudo, há quem afirme à época, que James Stewart, nos frutuosos anos 50, era o ator predileto, do inefável Alfred Hitchcock, uma coisa é certa, essa soberba coligação, entre os dois, culminou num rotundo sucesso, nos quatro filmes, em que James Stewart foi cabeça de cartaz, sendo altamente benéfico para ambos. Entronizando as personagens criadas por Hitchcock, James Stewart, apesar de patentear aquela sua peculiar húbris, aparato físico
“Para quem conhece as minudências do cinema, do século XX, o cidadão James Stewart, dispensa apresentações, pois foi considerado uma das figuras de proa da sétima arte (...)”
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cinema » sugestão ao leitor
James Stewart “A Corda” 1948
formatada, também adensou a tácita empatia, dos apreciadores de cinema. 3º Ponto: Autenticidade da Representação – Na arte da representação, é uníssono a opinião, que James Stewart era de facto, devido à sua perícia, um dos atores mais assertivos, sagazes e com uma habilidade nata e inconfundível, para personificar as diversas
figuras de ficção, provendo as de solidez, substancia e significado, demonstrando o seu estilo descontraído e natural, conjugado com a sua dialética densa e expressiva, e com destreza atuando cirurgicamente e eficazmente, nos momentos mais periclitantes, em que a atuação da personagem, reveste se como crucial, com esta combinação de predicados, o
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16 edição 78 • outubro 2020
966 334 363
“A Corda” de Alfred Hitchcock 1948
“(...) é um filme do género policial, que demonstra uma componente nublosa, que usurpa clamorosamente com os direitos humanos, designadamente com o direito à vida, adicionando preceitos torpes e perniciosos em termos ideológicos, que são inspirados numa das obras, do filósofo do século XIX, Frederick Nietzsche (...)”
seu talento foi preponderante, para acalentar o harmonioso desenrolar dos filmes. Tendo como pano de fundo, o conspícuo desempenho do egrégio James Stewart, recomendo alguns filmes, com enredos cativantes e realizações primorosas, em que ecologia do crime é transversal a todos, sendo esse daguerreótipo onde James Stewart, teve mais alcance em termos de projeção, em comparação com os outros géneros, todavia propositadamente vou deixar de fora, o “Janela Indiscreta” e “Vertigo”, porventura os filmes mais reputados e icónicos, estrelados por James Stewart, por serem sobejamente conhecidos do grande público, dando assim azo a outras narrativas de bom nível, com menos protuberância do que os outros dois. A Corda, de 1948, é um filme do género policial, que demonstra uma componente nublosa,
cinema » sugestão ao leitor
Doris Day e James Stewart “O Homem que sabia demais” 1956
que usurpa clamorosamente com os direitos humanos, designadamente com o direito à vida, adicionando preceitos torpes e perniciosos em termos ideológicos, que são inspirados numa das obras, do filósofo do século XIX, Frederick Nietzsche, mais concretamente “AlémHomem”, que de maneira cabal defende a superioridade unívoca do homem mais forte, fazendo sucumbir as aspirações dos putativos homens mais fracos, que não podem reivindicar de nenhuma moral, compaixão e afeição religiosa, em que a sua pária, está completamente à disposição, da sobranceria do homem mais forte. É neste ínterim de pressupostos, que a personagem de James Stewart (o professor Rupert Cadell), se reveste como vital, para nocautear e desvendar o crime, adjacente a uma interpretação hiperbólica, da obra de Nietzsche. Com um início
“O Homem Que Sabia Demais” de Alfred Hitchcock 1956
“Nesta história James Stewart, veste a pele do integro e conceituado médico, chamado Ben McKenna, que com a sua esposa, a popular cantora Jo McKenna e seu filho Hank, estão de férias a desfrutar do exotismo e misticismo, em Marrocos. ”
sórdido, a cena do filme começa com Brandon Shaw e Phillip Morgan, dois jovens pertencentes ao séquito de Nietzsche, a estrangular até a morte seu excolega da Universidade David Kentley, em seu apartamento, com o intuito de evidenciar a sua supremacia intelectual, fazendo jus ao descomunal crime perfeito, como fundamento primordial, tendo como cenário, uma festa amaldiçoada, organizada pelo os dois. Tendo escondido o corpo da vítima, num baú, onde vão servir as refeições para os convidados, que vão gradualmente chegando, Phillip Morgan, começa a dar sinais de inquietação e insegurança, pesando-lhe a consciência do crime hediondo que cometeu, coadjuvado com a angústia de ser descoberto, contrastando com a postura do seu comparsa Brandon Shaw, que exibe a sua áurea e pesporrência patológica, com o habitual rebuço. Todavia, as coisas começam a definhar para os dois criminosos, quando os convidados denotam a estranha ausência de David Kentley, juntando a isso, o acentuado nervosismo de Phillip, que é visível a todos, como também os diálogos ambíguos, procrastinadores e discurso inexorável de Brandon, que vai suscitar a desconfiança do arguto professor Rupert Cadell, que nota que algo de grave se passou, nos momentos que antecederam a festa.
O Homem que sabia demais, de 1956, é um dos destacados filmes realizado por Alfred Hitchcock, de género suspense, que é um remake à sua produção de 1934. Nesta história James Stewart, veste a pele do integro e conceituado médico, chamado Ben McKenna, que com a sua esposa, a popular cantora Jo McKenna e seu filho Hank, estão de férias a desfrutar do exotismo e misticismo, em Marrocos. Ao viajarem para Marraquexe, precisamente vai se despoletar uma série de contingências e contrariedades funestas, que confere um denodo entusiasta à ação do filme, quando no decorrer da viagem, conhecem o francês Louis Bernard, que os safa de uma situação embaraçosa, em que acidentalmente Hank, retira a burka de uma muçulmana, provocando a ira e indignação do seu marido, conseguindo Louis Bernard acalmar as hostes. Depois deste incidente, Louis Bernard cai nas graças de Ben Mckenna, que o convida para jantar, com a sua família, apesar da relutância de Jo McKenna, que suspeita da súbita aproximação de Louis, contudo quando um homem de aspeto arisco, bate por lapso na porta do quarto dos McKenna, num ápice Louis Bernard anula o jantar, saindo pressurosamente do local. Todavia, os Mckenna logo nessa noite, deparam se com um afável e apropositado casal norte americano, que estão
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cinema » sugestão ao leitor
instalados no mesmo hotel, os Drayton, acabando por jantarem com eles, numa interação profícua. No dia seguinte, os Mckenna resolvem se juntar aos Drayton, numa visita pela a badalada Feira de Marraquexe, sendo que nesse instante, um homem que era perseguido pela a policia, cai inopinadamente prostrado nos pés de Ben Mckenna, depois de ser esfaqueado, quando Ben vai acudi lo, fica estupefacto ao verificar que o homem se trata de Louis Bernard disfarçado, que no leito da morte exime se a um decisivo ultimo folego, pronunciando ao ouvido de Ben, que um existe uma conspiração criminosa para assassinar um governante estrangeiro, em Londres, e sussurra uma intrigante frase, “Ambrose Chappelle” que vai ser providencial para o desfecho deste volátil filme. Sendo notificados imediatamente pela a polícia, os Mckenna deixam o seu filho Hank, aos cuidados de Lucy Drayton, para prestarem declarações às autoridades, sobre o episódio rocambolesco, porém insolitamente num telefonema dirigido a Ben Mckenna, ele é confrontado com uma inóspita fatalidade, que o seu filho foi raptado pelo os Draytons, para precaver e assegurar que os Mckenna, não divulguem às autoridades o teor nocivo da mensagem de Louis Bernard, à Policia, senão o seu filho corre perigo de vida. Apercebendo se que os Draytons, viajaram para Londres, com o seu filho, os Mckenna chegam à conclusão irrefutável, que o casal é parte integrante dessa organização criminosa, contudo e apesar do desespero lancinante de Jo McKenna, Ben vai mensurar a sua sapiência, discernimento e perseverança, partilhando com Jo, a sua incessante e persistente procura pelo o seu filho, estando sozinhos nesta empreitada sinuosa, só com uma pista, a intricada frase “Ambrose Chappelle”.
18 edição 78 • outubro 2020
James Stewart, Eve Arden, Lee Remick e Arthur O’Connell “Anatomia de Um Crime” 1959
Anatomia de um crime, de 1959, é um filme de índole policial e dramático, em que James Stewart incorpora o papel de Paul Biegler, um advogado de méritos reconhecidos, que se carateriza pelo o seu estilo equânime e fleumático, extremamente sensato, minucioso e perfecionista, especialista na área dos homicídios, encontrando se momentaneamente sem clientes e com uma situação financeira no limiar da penúria. Porém, subitamente surge um desejado cliente chamada Laura Manion, uma mulher que se distingue pela a sua sensualidade, que requer os serviços do conceituado advogado, para que ele defenda o seu marido, o Tenente Frederick Manion, que está detido preventivamente e acusado de assassinar um sujeito, que supostamente terá violado a
“Anatomia de Um Crime” de Otto Preminger 1959
“(...) é um filme de índole policial e dramático, em que James Stewart incorpora o papel de Paul Biegler, um advogado de méritos reconhecidos, que se carateriza pelo o seu estilo equânime e fleumático, extremamente sensato, minucioso e perfecionista, especialista na área dos homicídios (...)”
sua mulher. Ao deparar se com o teor do processo, Paul Biegler está relutante em aceitar o repto, porque no seu entendimento, o cariz insinuante e coquete de Laura, que pode constatar pessoalmente, pode significar que Laura estava a ter um caso amoroso com a vítima mortal, ficando Paul com essa dúvida a pairar, em estado de levitação, adicionando a essa hesitação, o facto do Tenente Frederick, ter um caráter reativo e ostensivo, conjugado com o desdenho e desprezo, com que trata a sua mulher. Pressionado pelo o sintagma económico, Paul Biegler acaba por enveredar na defesa do Tenente, embrenhando se totalmente nesse desiderato laboral, dissecando todos os ínfimos detalhes, para tentar convencer os jurados da postura insidiosa e repugnante da vitima
cinema » sugestão ao leitor
James Stewart “O Homem Que Matou Liberty Valance” 1962
mortal. Posto isto, grande parte do filme, vai se patentear nas barras dos tribunais, com um gladiar intenso e crispado, entre os dois lados opostos, com o promotor da acusação, um homem hábil e implacável, que usa todo o seu reportório de dialética e persuasão, para conseguir os seus intentos, com Paul Biegler a retorquir com todo o seu cardápio de expedientes, com veemência argumentativa, na mira da absolvição de Frederick Manion, o homem que fez justiça, pela as suas próprias mãos. O Homem que matou Liberty Valance, de 1962, é um filme de Western, que enaltece a persecução dos valores mais íntegros, humanistas e educacionais, que tenta contrariar a sangria vistosa e endémica do velho oeste, um
“O Homem Que Matou Liberty Valance” de John Ford 1962
“(...) duas figuras centrais, do filme, vão unir forças, uma em termos pedagógicos e de equidade, e outra mostrando galhardia e valentia, para travar os intentos do infame Liberty Valence e a sua horda de seguidores, que aterrorizam a pequena cidade de Shinbone (...)”
sinal distintivo do Faroeste, em que duas figuras centrais, do filme, vão unir forças, uma em termos pedagógicos e de equidade, e outra mostrando galhardia e valentia, para travar os intentos do infame Liberty Valence e a sua horda de seguidores, que aterrorizam a pequena cidade de Shinbone, no estado do Colorado. Nesta história de dignidade e caráter, James Stewart dá corpo a um vetusto senador de nome Ranson Stoddard, que regressa com sua mulher Hallie, à cidade Shinbone, a cidade que terá sido a rampa de lançamento, do jovem advogado, para chegar ao pináculo da sua carreira politica. A sublime razão desse regresso inusitado, está relacionada com morte de um seu amigo, Tom Doniphon, ao qual deslocou se propositadamente para vir assistir ao seu funeral. O enredo começa a perfilhar se, quando o Senador Ranson, aceita contar detalhadamente, a um jornalista que o interpela, qual a pertinência e o significado, nesta relação contundente que teve com Tom Doniphon, num momento particularmente, periclitante e pernicioso da sua vida. Assumindo o filme de imediato, a analepse que se forma, derivado à catarse de Ranson, voltando muito anos atrás, em que a estiola localidade de Shinbone, estava completamente sitiada, pelo o despotismo exicial de Liberty Valence e o seu Bando de facínoras, em que o Xerife local tremia e fugia a sete pés, só de ouvir o nome do tirano, ao qual o jovem advogado Ranson Stoddard, foi num ápex vitima da violência atroz, impelida por Liberty, mal chegou à cidade, para exercer por lá a sua vindoura profissão. Após ter sido bruscamente assaltado e ficado sem dinheiro, Ranson Stoddard é acolhido por uma família de suecos, que são proprietários de um restaurante, que lhe dão guarida e que lhe vai permitir numa
fase inicial, ajudar nas lides da restauração, nesse ínterim tem o ensejo de conhecer a bela Hallie (a sua atual cônjuge) e Tom Doniphon, um homem corpulento e altivo, destemido e que encara de peito aberto, com firmeza e bravura, as patifarias acintosas de Liberty Valence. Apesar do contratempo inicial, que o sujeitou a uma flacidez momentânea, Ranson Stoddard vai evidenciar a sua sapiência e irreverencia postulante, para dar volta à sua vida, encetando a instrução da apedeuta população e simultaneamente colaborando com o jornal da região, e usando esse meio de comunicação para afrontar Liberty Valence, para instigar o aviltamento popular contra o vilão. O ambiente na cidade, se degrada consideravelmente, com Liberty Valence a fazer recrudescer, o medo e a intimidação, numa conspurcação pungente, até que chega o dia do duelo, entre Ranson e Liberty, que pontificou a fama de Ranson Stoddard, apregoado por ter sido o homem que matou Liberty Valence, mas por trás dessa lenda, está Tom Doniphon e a verdade oculta, que de maneira latente patrocinou esse sofisma. Nas artes cénicas, na área da representação em geral, os atores constituem se como elementos nevrálgicos, em junção com o evoluir da narrativa, para potenciarem o êxito desse entretenimento, e a adesão maciça dos espetadores. Foi com esse desiderato que James Stewart, se afirmou com distinção e mérito, deixando uma marca duradoura e icónica, no mundo do cinema, com muitos dos seus filmes, conotados como baluartes da sétima arte, a passar atualmente, com abundancia e critério, nos canais generalistas da TV, e disponíveis na parafernália afeta à aplicação Netflix, reiterando a destarte, o carisma e a destreza de James Stewart, no trespassar das gerações. jornal
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tradições populares » vale do neiva
Santo António do Penedo - protetor das doenças dos animais por José Miranda No recinto da Quinta da Torre em Tregosa existe um Oratório conhecido pelo Santo António do Penedo (ou da Peneda) sobreposto sobre a dureza de imóvel rebolo granitico muito da devoção das freguesias vizinhas que ali acorriam a pagar em azeite, dinheiro e cera os favores do Santo protetor nas doenças dos animais domésticos. in “:- In “ Vale do Neiva” - Subsídios Monográficos
O gado trazido ao local das freguesias vizinhas e da beira mar para agradecer a cura através do Santo António, trazia os chifres enfeitados com lindas flores. Com o gado virado para o Oratório, procedia-se às rezas e promessa cumprida as mulheres abriam as credências e, colocavam sobre um pano de linho, algumas iguarias por elas confecionadas. Eis que, era chegada a hora da bucha e beber um bom verdinho. Durante a degostação das iguarias, cantavase, dançava-se e pela tardinha partiam para suas casas, felizes e contentes pelo dever cumprido.
20 edição 78 • outubro 2020
vida » bem-estar
A espiritualidade: - uma fonte inesgotável de energia
Caminhos da Solidão
por Florbela Sampaio flsampaio@sapo.pt Prof. Escola Sup. Saúde IPVC
C
aro leitor, venho convidá-lo para realizar comigo uma caminhada de reflexão à beira mar, sobre a solidão. Pareceu-me interessante endereçar-lhe este convite, porque estou convicta que na partilha que vamos ter, encontraremos certamente convergências e divergências, sobre a forma como percecionamos a problemática da solidão tão presente na atualidade. Eu começo por apresentar a minha perceção e peço-lhe uma enorme paciência para escutar-me…Começo por propor que admiremos a beleza do ambiente que nos rodeia, a natureza em todo o seu esplendor, o mar imenso de um lado e do outro a vastidão dos campos que se preparam para o inverno, mais ou menos rigoroso, para ressurgirem na primavera plenos de múltiplas cores e densidade. Estes são os ciclos da natureza numa dinâmica de renovação constante gerando sempre vida cada vez mais viva. De igual forma a natureza humana também ela é permeada por ciclos de alegria e de tristeza, de sucessos e de fracassos ao longo de uma existência; no entanto, muitas pessoas não conseguem superar os invernos
e desabrochar nas primaveras, permanecem sós e prisioneiras dos seus sentimentos de abandono e rejeição, permanecendo paralisadas nas suas angústias e nos seus medos. Assim se inicia e se constrói um caminho de solidão vivida com sofrimento. Este é o tipo de solidão mais relatado entre nós e que pode acontecer em qualquer fase da vida, mas que tem o seu expoente máximo nas fases mais avançadas da mesma. Hoje temos acesso a numerosos estudos, nomeadamente na área da saúde, que informam sobre os preocupantes níveis de solidão sentidos pela população portuguesa, possíveis causas e estratégias para minorar os riscos. Existe, no entanto, um segundo caminho de solidão, a consciência de que a nossa existência é efetivamente solitária. Esta solidão existencial que marca o centro da nossa individualidade (não confundir com individualismo) é uma proposta implícita de recurso a valores de ordem moral, ética e espiritual. São muitos os caminhos de espiritualidade e o leitor, meu companheiro de caminhada, tem por certo o seu que eu respeito e admiro; o meu caminho é o da espiritualidade cristã hoje assumido de forma convicta depois de ter percorrido outros caminhos. Mas, considero que todos os caminhos são uma mais valia se concorrem para que a pessoa se torne melhor. Se olharmos para trás, rapidamente recordamos muitas personagens que mudaram o curso da história
e os modelos de sociedade, porque as suas almas gritaram forte e outros ouviram e seguiram o grito. Isto só aconteceu, porque essas personagens nos mais diversos domínios da atividade humana acreditaram, esforçaram-se e correram riscos, ou seja, muniram-se de grandes ferramentas: coragem, audácia, paciência, perseverança e com toda a certeza um grande ideal. Talvez tudo tenha acontecido porque nos seus mundos solitários ouviram a voz do silêncio que ecoou nos seus espíritos e catalisou a ação. Caro companheiro de caminhada, está a dizer-me que tudo é muito mais complicado do que isto, o mundo está repleto de maldade, as pessoas estão cheias de medo, não conseguem conviver de forma saudável, estão cada vez mais sozinhas e para muitas as suas vidas foram interrompidas, resumindo… a humanidade está doente!!!! Concordo plenamente e sei que a solidão é um estado de vazio interior, de insatisfação e que a presença de outras pessoas não é suficiente para resolver o problema. A pessoa que diz sentir-se só e abandonada desumaniza-se e sente-se inútil; mas se há coisa em que o homem sempre se empenhou foi na busca de tratamentos para as doenças. A solidão em sofrimento abate o espírito do homem tornandose imperativo recarregar as baterias antes que a doença não tenha remissão. Jesus Cristo (homem) é um exemplo interessante desta necessidade humana de ir em busca da energia espiritual para
continuar em missão. Passo a citar várias de muitas alusões nos evangelhos que ilustram esta particularidade da vida de Jesus “…logo depois de despedir as multidões Jesus subiu sozinho ao monte para rezar. Ao anoitecer Jesus continuava ali sozinho…”Mateus 14, 23… “logo depois de se despedir da multidão subiu ao monte para rezar…” Marcos 6, 46 “… naqueles dias, Jesus foi para a montanha a fim de rezar e passou toda a noite em oração a Deus…” Lucas 6, 12 “…Jesus foi para o monte das Oliveiras. Ao amanhecer, voltou ao templo e todo o povo ia ao seu encontro. Então Jesus sentouse e começou a ensinar…” João 8, 1-2. Penso que o Mestre dos mestres deixou um exemplo a seguir sobre a necessidade vital de momentos de “solidão saudável” em que estabelecemos comunicação connosco e com entidades divinas se tal fizer parte do nosso sistema de crenças. A nossa saúde mental depende de toda uma arquitetura de valores que orientem a construção do edifício das nossas emoções e sentimentos. Vale a pena investir numa cultura de solidão que redescubra a beleza interior do homem e a faça eclodir num mundo carente de paz, amor e compaixão. E assim, caro leitor, termina a nossa caminhada através da natureza, entre convergências e divergências que deleitam o espírito humano e se traduzem em crescimento. Deixo a minha gratidão pela paciência com que escutou, a maior parte do tempo, as minhas ideias. jornal
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necrologia
Agência Funerária
Tilheiro Tel: 258971259 Tm: 962903471
www.funerariatilheiro.com Barroselas
84 anos
74 anos
AGRADECIMENTO
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Maria José dos Reis Gomes
Hilário Sebastião da Silva Rocha
Barroselas – Viana do Castelo
Barroselas – Viana do Castelo
Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.
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A Família
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47 anos
98 anos
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António Duarte da Silva Pereira Lima Subportela – Viana do Castelo
Balugães – Barcelos
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A Família
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87 anos
66 anos
AGRADECIMENTO
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Maria Amélia Rodrigues de Miranda Souto
22 edição 78 • outubro 2020
Armindo Esteves do Rego
Domingos Maria da Rosa Batista
Barroselas – Viana do Castelo
Durrães – Barcelos
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A Família
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necrologia
59 anos
93 anos
70 anos
AGRADECIMENTO
AGRADECIMENTO
AGRADECIMENTO
Carlos Manuel Sousa Carvalho Costa
Rosa Correia de Amorim
Belmira Cilina Sá Félix
Barroselas – Viana do Castelo
Navió – Ponte de Lima
Mujães – Viana do Castelo
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A Família
A Família
A Família
85 anos
96 anos
71 anos
AGRADECIMENTO
AGRADECIMENTO
AGRADECIMENTO
Emília de Sá Martins
Maria de Lurdes Barbosa Malheiro
Graciano de Miranda Neiva
Palme – Barcelos
Barroselas – Viana do Castelo
Carvoeiro – Viana do Castelo
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A Família
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91 anos AGRADECIMENTO
Maria de Lourdes da Costa Brandão Mujães – Viana do Castelo Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor. A Família
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NOVO CORONAVÍRUS | COVID-19 DURANTE O PERÍODO DE ISOLAMENTO PERMANEÇA EM CASA
SEPARADO DE OUTROS
Não se dirija ao trabalho, à escola
Deve permanecer numa divisão
ou a espaços públicos, nem
própria e evitar contacto com
utilize transportes públicos.
outros em espaços comuns.
NÃO PARTILHE ITENS
NÃO RECEBA VISITAS
Não partilhe pratos, copos,
Não convide pessoas para sua
utensílios de cozinha, toalhas, lençóis ou outros artigos pessoais.
STOP
casa. Caso seja urgente falar com alguém, faça-o por telefone.
LIGUE ANTES AO MÉDICO
LAVE AS MÃOS
Evite deslocações desnecessárias
Lave as mãos frequentemente,
a serviços de saúde e ligue antes
com água e sabão durante, pelo
para averiguar alternativas.
menos 20 segundos.
MÁSCARA, SE NECESSÁRIO
AO ESPIRRAR E TOSSIR
Deve utilizar uma máscara
Tape a boca e o nariz com um
quando estiver com outras
lenço descartável, deite o lenço
pessoas.
no lixo e lave as suas mãos.
MONITORIZE SINTOMAS
CUIDADO COM RESÍDUOS
Meça a sua temperatura
Coloque os resíduos produzidos
diariamente e informe se surgir
num saco de plástico diferente
um agravamento dos sintomas.
dos restantes. Encha apenas até 2/3 e feche bem.