O Vale do Neiva - Edição 88 agosto 2021

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Cultura Salvador, meu amor Bahia

Autarquia em movimento

Inauguração do parque de lazer de Tregosa

Agosto 2021 edição 88 Propriedade:

A MÓ · Associação do Vale do Neiva (Cultural, Património e Ambiente) Barroselas Mensal Gratuito Versão digital

Salicórnia: alternativa vegetal ao sal pág. 24

Homenagem aos pedreiros, canteiros e lavristas de Vila de Punhe pág. 4


índice edição 88 agosto 2021

ficha técnica diretoria e administração: Direção de “A Mó” redação: José Miranda Manuel Pinheiro Estela Maria António Cruz colaboram nesta edição: Adão Lima Alcino Pereira Américo Santos Ana Rita Fradinho Ana Sofia Portela Daniela Maciel Domingos Costa Eliza Sousa Fernando Fernandes Florbela Sampaio Francisco P. Ribeiro José Miranda Luis Paulo Rodrigues Manuel Gomes Pedro Tilheiro design e paginação: Cristiano Maciel Mário Pereira supervisor: Pe. Manuel de Passos contacto da redação: Avenida S. Paulo da Cruz, Edifício Brasília 3, Fração F 4905-335 Barroselas e-mail: redacaojornalvaledoneiva@gmail.com periodicidade: Mensal formato: Digital distribuição: Gratuita

Os artigos de opinião são da inteira responsabilidade dos seus autores, podendo ou não estar de acordo com as linhas editoriais deste jornal.

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Religião: Extratos da vida de Maria da Conceição página 10

Literatura: Os melhores livros que li no 1º semestre de 2021 página 12

Mitos e lendas: Ícaro, voar até aos céus página 16

editorial Dia mundial da Fotografia

por José Maria Miranda Presidente da Direção de A Mó

O

dia mundial da fotografia é celebrado em 19 de Agosto. Recuando aos anos sessenta, recordamos os momentos mais marcantes daquela época através de fotos a preto e branco. Logo, vem à memória as famosas máquinas Rolleiflex ou os retratos tirados à la minuta. Quem é que não gosta de ser fotografado? Eu diria que, a maioria das pessoas, gostam de ver uma foto pessoal ou em grupo bem tirada (bonita). Naquele tempo, a presença do Sr Fotógrafo, era chique dando ao momento um toque de elegância. A sua presença era bem notada junto a grupos de pessoas bem posicionados na sociedade.

Pessoalmente, adoro a fotografia, sendo o meu campo de ação sobre as flores, insetos e arquitetura. Há uma grande variedade de modelos fotográficos mas, cada um, segue o modelo que lhe dá mais prazer e lhe desperta mais atenção. Naquele tempo, as máquinas eram muito simples tendo apenas as funções básicas, para a obtenção de uma foto. O célebre rolo fotográfico, comprado numa loja de fotografia e, depois de cheio, ia para a revelar. A foto tornava-se muito cara porque, comportava o custo do rolo mais a revelação e, na maioria dos casos, o trabalho do profissional. Hoje, tudo é diferente, as máquinas de fotografar através das novas tecnologias, ensinam-nos como se consegue obter uma foto em formato digital. Tudo é mais simplificado. Noutros tempos, uma foto pessoal ou de grupo, dependia por excelência do trabalho de preparação do Sr. Fotógrafo.

Finalmente, tudo preparado, ouvia-se o tradicional alerta “ Olhem o passarinho” e, era então, que se dava o disparo. O Sr. Fotógrafo arrumava a “tralha” e apercebendo-se que todos tinham gostado do seu trabalho abalava com uma pontinha de bazófia. Se recordar é viver, vamos continuar a exercitar a memória.


Poesia “Poema Agosto” página 09 Saúde Como se proteger do calor página 28 Desporto: Brincadeiras de risco ou o risco de não brincar página 18

Cinema: A essência dos filmes de animação página 20

Meditação: Uma aventura humana página 26

Diabetes Um perigo iminente página 29

o pulsar da sociedade O Voyeurismo

por Alcino Pereira alcinop@ipvc.pt

S

e há comportamento que eu acho desproporcional e inqualificável, é o voyeurismo, que significa uma tendência para a devassa da vida íntima e privada dos outros, que se pode evidenciar de maneira latente, ou inequivocamente. Posto isto está-se mesmo a ver, as diversas formas de voyeurismo, que existem por força das endémicas vicissitudes adjacentes à sociedade, e a correlação que se verifica, através do relacionamento entre determinados indivíduos. Para elencar essa necessidade conspurcadora, identificamos os coscuvilheiros, à cabeça, que na sua argúcia nefanda, sabem de cor e salteado, o quotidiano dos seus conterrâneos, nomeadamente quando surge algum acontecimento

inesperado ou fora do comum, vão logo a correr de modo desenfreado, espalhar pela vizinhança a novidade, deturpando de forma leviana, o conteúdo da informação ou o boato, que tiveram acesso em primeira mão. Normalmente essa gente não tem emprego, ou não têm grandes afazeres, tendo como passatempo predileto, este género de ócio tagarela, que está enraizado na sua maneira de ser. Outro fenómeno de voyeurismo, que se sucede com frequência, é no campo laboral, em que os cochichos e o leva e traz, é muito peculiar em fábricas, onde labora imensa gente, pois quando algo de escandaloso acontece a algum trabalhador, no âmbito do foro privado, toda a gente da fábrica, acaba por saber do episódio rocambolesco que atingiu o infortunado colaborador. No campo mais restritivo, temos o voyeurismo familiar, que se manifesta com mais ênfase em familiares desavindos, como também procede se com vizinhos rivais do mesmo prédio, em que essa litania por demais confrangedora, está sempre na ordem do dia, cada vez que um sujeito faz algo

fora do normal ou tem uma postura reprovável. Noutro paralelo é notório, a massificação do voyeurismo por via de programas de entretenimento televisivo e na consumação da volúpia das redes sociais, que estimulam esse pleito, através de reality shows, género “Big Brother” e “Casa dos Segredos”, ao qual espetadores supinamente se deleitam com as inócuas e deprimentes incidências, de uma casa, aos quais os concorrentes sem se conhecerem mutuamente, são filmados a toda hora, explorando as suas fragilidades e emoções, demonstrando de forma visível os seus pontos fracos e os mais virtuosos, indiciando com o decorrer do concurso, o desgaste e a saciedade, por estarem tão tempo fechados, na ânsia de serem bafejados com um chorudo prémio. Nas redes sociais, é mais que evidente que uma considerável franja dos utilizadores do Facebook e Instagram, espelham com uma parolice lírica, através de partilhas, o que andam a fazer durante dia, chegando ao cúmulo do ridículo, de cada vez que vão a pastelaria

do bairro, tomar um pingo, e desfrutar de uma iguaria, tiram uma foto em direto, para ilustrar o momento lúdico, condizente com a acefalia pacóvia de quem se gosta de exibir, outros inclusive quando vão de férias para um local aprazível de praia, fazem questão de patentear os preparativos da viagem, a entrada auspiciosa no avião e a chegada ao regaço do hotel, em proporções alegóricas e eloquentes, com uma áurea, como tivessem sido contemplados com o primeiro prémio do Euromilhões, à vista de toda a gente, saciando com acinte ou de modo indireto o engulho pidesco dos seus amigos cibernautas, que podem usar essa escancarada publicação para fazer intrigas, para cometerem algum ato pernicioso, ou simplesmente darem umas boas gargalhadas. Não quero com esta constatação reprimir ninguém, mas não tenho quaisquer dúvidas que a vida privada é um valor sagrado e intocável, e julgo que nenhuma pessoa sensata, que veja a família como um baluarte, não gosta de ver a sua vida vilipendiada pelas bocas do mundo. jornal

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local » informação autárquica

Inauguração do monumento de homenagem aos pedreiros, canteiros e lavristas de Vila de Punhe

por Adão Lima Autarquia de Vila de Punhe

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erra de uma panóplia de profissões, Vila de Punhe homenageou a de canteiro, com a inauguração de uma estátua, e fêlo pela dimensão alcançada pelos homens que a exerceram com brio e mestria. Foi no domingo, 25 de julho, dia festivo da padroeira Santa Eulália, que a Autarquia Vilapunhense descerrou a estátua em homenagem aos pedreiros, canteiros e lavristas que, pelos seus ofícios, levaram e dignificaram o nome da

“Esta profissão foi uma das que mais sustentou, financeiramente, as famílias vilapunhenses pois, parafraseando Doutor Alípio Torres, historiador de renome, ‘como não houve casas sem emigrantes também não houve casas sem pedreiros’.”

Freguesia para muito além da região, incluindo países europeus, americanos e das ex-colónias. Na cerimónia da inauguração, o Presidente da Autarquia, António Costa, elencou os motivos que sustentam o monumento sendo o mais evidente o reconhecimento aos homens de hoje e de outrora que marcaram gerações e deixaram a sua marca indelével pela sua arte, engenho e mestria no trabalhar a pedra bruta. Relembrou nomes daqueles que exerceram este


local » informação autárquica

trabalhar, desde o Mestre Emídio Lima, encarregado pelas obras da construção do templo de Santa Luzia, ao recém-galardoado com o Diploma de Mérito atribuído pelo Município Vianense, senhor António Barros. O representante da Câmara Municipal na cerimónia, Arq. Luís Nobre, enalteceu o trabalho alcançado pela Junta de Freguesia em prol da identidade vilapunhense e da preservação dos seus valores sociais. Localizada na Av.ª Padre Júlio Cândido da Costa, ao lado de muitas obras artísticas dos antigos canteiros e lavristas, que decoram o adro, a Igreja e o cemitério paroquial, a estátua agora inaugurada tem a forma de um homem em tamanho real a utilizar a maceta e o ponteiro no talhar da pedra. Obra da autoria do artista Cláudio Alves, representa não só aqueles que nas pedreiras do monte de Roques cortavam os aglomerados graníticos e os transformavam em bloco de pedras brutas, os pedreiros, mas também os que talhavam estes blocos de forma a esculpi-los para utilizar na construção civil e na decoração, os canteiros, e ainda os que aprimoraram a arte da cantaria levando-os a produzir elementos decorativos de elevado pormenor, tais como estátuas de santos, os lavristas.

Esta profissão foi uma das que mais sustentou, financeiramente, as famílias vilapunhenses pois, parafraseando Doutor Alípio Torres, historiador de renome, “como não houve casas sem emigrantes também não houve casas sem pedreiros.” Factos associados à profissão já constavam na toponímia e heráldica da Freguesia. Todavia, foi intenção deste Executivo da Junta de Freguesia reforçar a divulgação do papel sociocultural que estes artistas do talhar do granito tiveram na história de Vila de Punhe. jornal

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local » autarquia em movimento

Tregosa - Barcelos

Inauguração do parque de lazer

porJosé Maria Miranda jose.maria.chaves.miranda@gmail.com

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o passado dia 22 de agosto, procedeu-se à inauguração e bênção do parque de lazer situado junto ao edifício do Centro Social e Paroquial de Tregosa. Nesta cerimónia, estiveram presentes as seguintes individualidades: Presidente da Assembleia Municipal, Horácio Barra, Presidente da Câmara Municipal de Barcelos, Miguel Jorge Costa Gomes, Presidente da Assembleia de Freguesia, Rogério Barreto, Presidente da junta da união de Freguesias de Durrães e Tregosa José Dias, e o Reverendo Pároco da Freguesia de Tregosa Pe. Manuel Brito. O público reconhecendo a importância deste parque para a população, também não ficou indiferente, comparecendo em grande número. P’rá Frente Tregosa

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autarquia » apontamentos históricos

Durrães na vanguarda autárquica: parte VI

Boletim Autárquico de Durrães

por Domingos Costa domingosdacunhacosta@gmail.com

E

m continuação do jornal anterior, continuo a debruçar-me sobre o segundo Boletim Autárquico, onde o Sr. Presidente da Assembleia, na primeira página, faz o rescaldo do primeiro número. O Jornal Vale do Neiva, felicita a atitude da nova Assembleia da junta de freguesia pelo exemplo demonstrado, bem como o quanto importante seria que outros autarcas lhes seguissem o exemplo. Por outro lado, o boletim refere que o Jornal Vale do Neiva “…além da notícia, transcreve alguns extratos de vários artigos, endereçando … uma palavra de ânimo, pela coragem e vontade, da transparência para com a

população que os elegeu. Continuai. Parabéns”. A Associação D. C. de Taiki – Budô da freguesia de Carvoeiro, surpreendeu a Distinta Assembleia de Freguesia de Durrães com um “DIPLOMA DE BEMFAZER”, refere também o seguinte texto: “Fazer bem, é por exemplo uma pessoa ou coletividade fazer algo que leve o Ser Humano a adquirir mais cultura elevando a sua educação; que o leve a obter uma informação mais transparente e verdadeira dos factos que mormente lhes interessam, mesmo sendo política; que o leve a ser mais comunicativo com os outros a fim de que a sua mente limpa de impurezas, possa brotar para o exterior sugestões as quais poderão ser muito úteis à sociedade” “Porque nos chegou às mãos um Boletim Autárquico, com exemplar organização e aparência; inovação desse órgão deliberativo que certamente vai através dele procurar servir melhor a

comunidade de Durrães e até circunvizinhas, esta jovem família Associação D. C. de Taiki – Budô, congratulase com essas iniciativas, conferindo à Distinta Assembleia de Freguesia de Durrães, um documento como prova das atitudes transparentes e de boa vontade prestadas ao público que são e serão sempre de Bem-Fazer”. A nível de jornais nacionais, o Jornal de Notícias faz uma referência positiva na publicação do noticiário sobre Viana do Castelo no dia 13 de junho. É de relevar, que os louvores vão de encontro à beneficência do projeto nos diversos domínios, entre outros, relativamente à Assembleia de Freguesia e população. A mesa da Assembleia apresentou à população uma justa inovação na condução dos trabalhos da Assembleia. Também na componente de informações úteis, a Dra. Amélia Maciel, retrata assuntos inerentes à Segurança Social. Vejamos:

Mencionou as prestações que compreendiam subsídios e pensões de trabalhadores independentes. Além dos já referidos, também do esquema alargado sobre abonos e subsídios. Abordou também, o benefício Fiscal ao gasóleo agrícola. É feito também um retrato abrangente sobre a construção e Administração de uma Creche e Jardim de Infância. Refere ser um projeto já trabalhado há algum tempo, mas ainda não concretizado dado tratar-se de uma obra de várias dezenas de milhares de contos. Com a doação de um terreno efetuada pelo benfeitor, Sr. Joaquim Neiva Oliveira Maciel, abriu caminho para concretizar esse almejado benefício para Durrães.

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história » caminhos de ferro

(continuação do texto da edição anterior)

Governo convida engenheiro francês Mr Waltier

por Domingos Costa domingosdacunhacosta@gmail.com

A

28[1] de agosto de 1861, foi aberto à circulação pública, o troço de via do caminhode-ferro de Évora a Estremoz, compreendido entre Évora e Vale de Pereiro. Cerca de dois anos depois, a 7 de abril de 1863, os caminhosde-ferro portugueses foram autorizados a explorarem provisoriamente o troço de via entre Abrantes e Crato com a extensão de 64 quilómetros, sendo aberto definitivamente ao público no dia 5 de maio. Logo a 7 de julho do mesmo ano, foi autorizado a explorar em regime provisório o troço de via entre Crato e Elvas, sendo, o mesmo, definitivamente aberto à circulação pública no dia 29 de agosto do mesmo ano. Também

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foi concedida abertura provisória, no troço de via de Elvas à fronteira no dia 19 de setembro de 1863, ficando definitivamente aberto à circulação a 24 do mesmo mês e ano. A 2[2] de dezembro de 1870, Sua Majestade El-Rei - em face da informação fornecida pela comissão nomeada em examinar o prolongamento do Caminhode-ferro de Cazevel -, informa o Diretor do caminho de ferro de Sueste, que pode proceder à abertura da circulação de comboios na seção do caminhode-ferro de Beja a Cazevel. Ao dia vinte do mesmo mês e ano, foi aberto à circulação pública o referido troço de via. Devido a deficiente gestão da Companhia Nacional dos Caminhos de Ferro ao Sul do Tejo, o Governo, achou por bem, aprovar a compra no dia 6 de agosto de 1861 por 13.500$000 reis o caminhode-ferro do Barreiro a Vendas Novas e o ramal de Setúbal. Este contrato foi ratificado por carta de lei a 10 de setembro de 1861. Volto de novo ao andamento da construção da linha de Leste e Norte.

“Devido a deficiente gestão da Companhia Nacional dos Caminhos de Ferro ao Sul do Tejo, o Governo, achou por bem, aprovar a compra no dia 6 de agosto de 1861 por 13.500$000 reis o caminho-de-ferro do Barreiro a Vendas Novas e o ramal de Setúbal. Este contrato foi ratificado por carta de lei a 10 de setembro de 1861.”

A 4 de Julho de 1884 foi emitida uma portaria denunciando a falta de guardas, cancelas e também vedação nas linhas férreas de Leste e Norte, assim como no Ramal de Cárceres. Das 741 passagens de nível existentes, apenas 40 têm cancelas, como também só existem 332 guardas. A 15 de Fevereiro de 1885, os fiscais do Governo José Anselmo Gromicho e Joaquim Simões Margiochi, conceberam um relatório sobre os trabalhos realizados desde Lisboa a Santarém. Finalizo, com um pouco de literatura inspirada no caminho de ferro de João de Lemos, extraída do livro “Cem Anos dos Caminhos de Ferro na Literatura Portuguesa: Faz lembrar o mundo, a vida, Como seta despedida, Que parte direita ao fim: Fumo, sonho de um instante! Aqui vai… logo distante… Fugindo… fugindo assim… E passa a locomotiva Prados, árvores em flor… Como passa, fugitiva, Em nós a idade, o amor!

Pág. 240 e 128 a 130 do livro de Legislação e Dispositivos Regulamentares de 1883. [1]

[2]Pág. 197 do livro de Legislação de 1869 – 1871

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história » caminhos de ferro

Descrição técnica da Locomotiva CP 262 por Américo Manuel Santos americosantos1927@gmail.com

POESIA

por Domingos Costa domingosdacunhacosta@gmail.com

Agosto

Locomotivas consideradas à época as mais evoluídas pois foram as primeiras locomotivas de distribuição Compound de quatro cilindros e rodado tipo Tem-Wheeler a entrar em Portugal (…) melhoria de economia de água e combustível e uma maior aderência nos arranques. Funcionaram de velocidade nas linhas do Norte e Leste, (…) incluíam comboios rápidos do Porto, Sud Express e Rápido de Madrid. Vieram permitir a circulação bissemanal do comboio Rápido da Galiza, que fazia a ligação direta a Vigo”. O tempo de percurso entre Lisboa e Porto era de cerca de 7 horas. Na primeira década do século XX, foram adquiridas locomotivas mais potentes, sendo estas relegadas para serviços menos nobres. Em 1945, foram submetidas as transformações para funcionarem com combustível a óleo. No início de 1970 deixaram de efetuar comboios, coincidindo com o fim de comboios a vapor na região Centro.

As memórias que tenho de ti As memórias que tenho de ti Eu não as trocava por nada Tudo aquilo que eu por ti senti Eras naquela altura minha amada Foste a primeira que entrou Assim na minha realidade E o erotismo que se passou Era para mim uma novidade

Descrição técnica • Locomotiva a vapor com tender • Bitola 1668 mm (via Larga) • Companhia de origem: Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses (CP) • Construtor: C.ie de Fives-Lille, França • Ano de construção: 1898 • Recebidas 12 unidades de 261 a 272 • Esforço de Tração: 7467 Kg • Tara: 95500 Kg • Cap. de aprovisionamento: 15000 litros de água, 4500 Kg de carvão ou 6000 litros de óleo combustível

Mas no fim tudo assim acabou Ficaram as experiências vividas E as memórias do que se passou Experiências nunca assim sentidas

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religião » biografia

Extratos da vida de Maria da Conceição Pinto Rocha

por Domingos Costa domingosdacunhacosta@gmail.com

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aria da Conceição Pinto da Rocha, designada “Serva de Deus”, entre outras, é mais uma entidade que Deus concedeu a certificada dádiva do domínio Espiritual. Justamente – ainda pequena – seguiu o caminho de encontro a valores “Consagrados” do bemfazer. Desde então, foi portadora de uma unicidade intelectual inigualável, mantendo-a para todo o sempre. Era simples, humilde e sem formação Académica, todavia, tinha uma faculdade enorme – por ser portadora de uma ativa inteligência emocional - no domínio Espiritual, doseada na perspetiva racional da existência de Deus. Quando no uso das suas preces – designadamente por não ver

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totalmente resolvido o malfazer -, elevava a sua fervorosa mensagem a Deus suplicando compaixão pela humanidade, sem nunca pedir nada em troca. De lembrar ainda que o seu sentido piedoso encontra-se hoje, ajustado às suas seguidoras. Será, todavia, oportuno divulgar, a dificuldade em combater as adversidades numa era identificada vanguardista. Também é sobejamente sabido o devoto empenho imprimido por todas, para que possa brilhar com mais intensidade a obra construída por Maria da Conceição Pinto da Rocha a “Serva de Deus”. Neste sentido, creio justo integrar na minha mensagem, uma frase contida no Prefácio do livro “O Sopro da Vida Interior” de Joan Chittister: “Depois de percebermos que a vida Espiritual não pode ser uma coisa à parte, e que saudavelmente coincide com a única vida que temos”. Maria da Conceição sabia da importância da vida Espiritual. Por isso, esta frase incorpora - porque identifica - inteiramente a vida de Maria da Conceição.

Mais uma vez, dirijo-me respeitosamente ao leitor para consultarem o que ela carinhosamente nos legou, para assim, ficarem mais sintonizados da sua beleza amorosa e sobretudo Espiritual. Características importantes que - com humildade - a acompanhou sempre direcionada ao encontro da sensibilidade humana, do seu profundo amor e veneração a Deus/humanidade. A sua enraizada linha Missionária, tinha como missão a todos dar “Amor, por Dor” para assim se deixarem encaminhar na rota do Céu. É justo e importante divulgar, que o seu coração tem uma dimensão enorme porque está elevadamente dilatado em resultado do “Amor, em Espírito”. Assim sendo, as mensagens de Maria da Conceição percorriam todos os cantos do mundo, com elevada/ suave força Espiritual. É claro que, como o prezado leitor sabe, esses elevados valores, só podem ser produzidos à luz da Fé; no acelerar da Esperança e na consumação da Caridade. Finalizo com um pensamento de Maria da Conceição: “O Seu Amor não pede mais do que um ato contínuo de abandono”.

“De notar, que os factos ocorriam, os infortúnios sucediam-se, só que, para gáudio dos incautos, lá aparecia a mão da Maria da Conceição a “Serva de Deus”, no sentido de lhe restituir alguma legitimidade. Por isso, estou seguro que não, porque Maria da Conceição, ao ser doadora, foi mãe Espiritual e foi mãe material dos pobres e foi ainda mãe dos doentes; foi, mais ainda, mãe dos desamparados e esquecidos.”



peregrinação » para ser melhor

“Em muito me identifico com estes princípios, independentemente da religião em causa ou da Fé exercida (considero serem valores ecléticos, universais, que devemos aportar a nós quando apropriado).”

Francisco a caminho de Fátima N por Francisco Porto Ribeiro fportoribeiro@hotmail.com

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uma mensagem recente que recebi como sendo do Santo Papa, apesar das fakenews (notícias falsas) acredito que o seja porque revela a sua riqueza de conhecimento e valor humano (vide imagem), a mesma resumese a “(…) viver para os outros é uma regra da natureza” e concluí que “(…) a vida é muito melhor quando os outros estão felizes por nossa causa”. Em muito me identifico com estes princípios, independentemente da religião em causa ou da Fé exercida (considero serem valores ecléticos, universais, que devemos aportar a nós quando apropriado). Mas,

“No meu próximo caminho para Maria, que será em agosto próximo (escrevo este artigo em julho), será este o propósito que levo comigo. Farei em oração e meditação, apenas para o meu equilíbrio emocional.”

mea culpa, admito que sou um fã deste Papa (mais que não seja, somos homónimos), identificando-me, muito, com a sua linha de pensamento e com a mensagem que passa. Revejo-me no Homem eleito e nos valores que representa, pois é, claramente, um representante de Deus e um representante da Igreja que professo. Apesar de tudo, admito que há aspectos, desta igreja, que de alguma forma não apoio (reservo-me ao silêncio) em virtude de ser uma pessoa de causas e, julgo eu, de valores que por vezes chocam com ideias de algumas pessoas que falam em nome da


peregrinação » para ser melhor

instituição Igreja. Tento valorizar ao máximo o que aprendo com este Papa pois considero que, do parco conhecimento que possuo, a actual cúria em Roma rapidamente tudo fará para mudar o sentido e a orientação deste Papa, infelizmente. Mas, e até ao momento, subscrevo e identifico-me muito com os seus princípios e com o que escreve. Este sentimento surge num momento de alguma “fragilidade” emocional, ao aproximar-se do meu momento de introspeção pessoal, exercício que faço todo o ano e que reforço durante no meu caminho para Fátima (este “exercício” foi, apenas, interrompido no ano passado devido ao COVID, mas tenho sido regular durante mais de 25 anos consecutivos). Caminho suportado nestes valores, apesar de o fazer fisicamente só, mas sempre “acompanhado” no meu coração pelas razões pessoais que me levam ao Caminho. Este ano, e pela altura de maio, o Papa sugeriu oferecer as mãos, pensamentos e o nosso tempo a Deus[1]. No meu próximo caminho para Maria, que será em agosto próximo (escrevo este artigo em julho), será este o propósito que levo comigo. Farei em oração e meditação, apenas para o meu equilíbrio emocional. Nesse momento peço a Deus forças para conseguir “ser feliz por nada” e desprenderme dos aspectos materiais da vida. Peço, igualmente, para ter a capacidade de agradecer pelo pouco que recebemos. É uma graça divina sabermos ser agradecidos à vida, um aspecto que muitas vezes nos esquecemos de o ser, em virtude de vivermos numa sociedade muito voltada para o nosso “mundinho”

“Esta é a minha imagem, por isso, caminho na procura de paz interior. Não caminho na tentativa de ser santo (não é para mim, sou fraco, me confesso), mas faço como momento de viragem para o meu ser mais profundo, para o meu interior, na procura de ser um ser humano melhor, no esforço de aprender a sorrir para a vida e com o propósito de ser agradecido a Deus, e à vida, pelo que tenho e pelo que vivo. Não sou apologista de sacrifícios desnecessários e, mais uma vez me identifico com o atual Papa que um dia disse que “a maior oração não se faz ajoelhado, mas sorrindo para a vida e para os outros”.

pessoal, sempre associado às causas materiais (ter ou não ter, eis a questão, adaptado de William Shakespeare). Farei este ano o Caminho com os olhos voltados para cima e para o Sol, num esforço (grande, para mim) de ter, o mais possível, o coração tranquilo (sou um irrequieto e um indisciplinado). Confesso ser um exercício difícil para mim por achar que seja uma personificação de uma imagem que me transmitiram aquando da iniciação ao Yôga e à meditação (sou irrequieto e tenho dificuldade em estar parado). No momento da meditação, o que se pede é para deixar de pensar, parar a mente e ficar apenas no vazio (tão difícil para mim). Aqui associam a mente à imagem de um símio (nota: sou macaco de signo oriental) embriagado, ao qual atiçam fogo (coitado do animal, deve dar pulos de dor). Esta é a minha imagem, por isso, caminho na procura de paz interior. Não caminho na tentativa de ser santo (não é para mim, sou fraco, me confesso), mas faço como momento de viragem para o meu ser mais profundo, para o meu interior, na procura de ser um ser humano melhor, no esforço de aprender a sorrir para a vida e com o propósito de ser agradecido a

Deus, e à vida, pelo que tenho e pelo que vivo. Não sou apologista de sacrifícios desnecessários e, mais uma vez me identifico com o atual Papa que um dia disse que “a maior oração não se faz ajoelhado, mas sorrindo para a vida e para os outros”. Neste caminho levo comigo a memória boa das pessoas que tive o grato gosto de conhecer na minha vida e, que pelas mais diversas razões, perdi. Mas como faço sempre, vivo todos os momentos de força muito intensa e apenas espero ter conseguido tirar o melhor proveito das circunstâncias, sem magoar ninguém, e de ter conseguido dar o meu melhor (é difícil, confesso). O meu caminho para Maria, fazer-se-á em agosto próximo, de Lisboa a Fátima (155 quilómetros), de coração cheio e na esperança de me encontrar com o criador e de me ser possível entregar as minhas lágrimas e os meus sorrisos, oferecer os melhores momentos e as angústias (sabendo que sempre me acompanhou). Faço o Caminho na tentativa de conseguir ser uma pessoa melhor para os outros, menos azedo, mais tolerante e mais amigo do seu amigo. Caminho na esperança, vamos ver o que daí resulta.

Cnfr. https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2021-05/papafrancisco-mensagem-xxv-peregrinacao-acolitos-fatima-port-21.html?utm_ source=newsletter&utm_medium=email&utm_campaign=NewsletterVN-PT [1]

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crónica » literatura

Os 4 melhores livros que li no primeiro semestre de 2021

por Daniela Maciel dani18maciel@hotmail.com

J

á entramos no segundo semestre do ano, mas ainda há tempo para experimentar excelentes leituras. Selecionei os 4 melhores livros que tive oportunidade de ler no primeiro semestre de 2021 para que se possa inspirar no momento de escolher a sua próxima leitura. A História de uma Serva, de Margaret Atwood, foi publicado originalmente em 1985, o que significa que é uma história com mais de 35 anos. O que é fascinante é ela apresentar uma temática assustadora, que não deixa de ser atual e plausível.

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“O que é fascinante é ela apresentar uma temática assustadora, que não deixa de ser atual e plausível. Extremistas cristãos de direita derrubam o governo americano e queimam a Constituição. Aquele país passa a chamar-se Gilead, um estado policial fundamentalista onde as mulheres férteis, conhecidas como Servas, servem unicamente para fins de procriação.”

Extremistas cristãos de direita derrubam o governo americano e queimam a Constituição. Aquele país passa a chamarse Gilead, um estado policial fundamentalista onde as mulheres férteis, conhecidas como Servas, servem unicamente para fins de procriação. São obrigadas a conceber filhos para a elite estéril. Margaret Atwood escreve de forma irrepreensível. Ela consegue embalar e cativar o leitor com as suas palavras, notando-se também uma grande maturidade, que certamente advém da sua experiência enquanto autora de mais de 40 livros publicados. Posso afirmar que me senti completamente chocada com algumas das cenas descritas neste livro, de tão gráficas que são. Por mais que tente, não consigo imaginar-me a ser obrigada a viver numa sociedade destas. Dou os parabéns à autora pela

imaginação e criatividade na construção deste mundo. Gosto de livros que me choquem! Recomendo vivamente esta leitura, não só aos fãs de distopias, como a qualquer leitor que queira embrenhar-se numa realidade assustadoramente possível. O Dilema, de B. A. Paris, é um livro tanto para fãs de thrillers emocionais como para fãs de dramas. É uma história com uma carga dramática muito forte que mexe com as emoções. O sonho de Livia é dar uma festa de arromba nos seus 40 anos, para compensar a festa de casamento que nunca teve. No dia da festa, o seu marido, Adam, recebe uma notícia terrível e tem de a contar a Livia. Não pode deixar a festa acontecer. Mas ela está tão feliz! Será ele capaz de lhe dar a notícia que vai destruir toda esta felicidade? Não é um livro com um final surpreendente, não aparece


crónica » literatura

nenhuma reviravolta que nos vai deixar boquiabertos. Mas todo o livro é um murro no estômago. É angustiante. É aflitivo. É intenso. É de partir o coração. Um drama familiar muito bem construído e contado à velocidade de um thriller. É um livro sobre escolhas, sobre segredos, sobre o que fazer quando estamos perante uma escolha impossível. Viver Depois de Ti, de Jojo Moyes, dá-nos a conhecer Louisa, uma jovem banal, que vive numa aldeia de onde nunca saiu, com uma vida completamente banal. Quando fica desempregada, e uma vez que a família está a passar dificuldades, aceita um emprego para cuidar de Will Traynor, um homem que ficou tetraplégico após um atropelamento. Will é muito temperamental e autoritário, o que faz com que a relação de ambos não comece nada bem. Contudo, Lou tem uma forma muito própria de ver a vida, com uma certa alegria e ingenuidade, e recusa-se a tratálo com pena e complacência. A narrativa é maioritariamente contada na perspetiva de Louisa e a verdade é que adorei a voz dela. Lou é muito humilde e ingénua e tudo o que nos conta tem essa aura de ingenuidade, de inocência, de divertimento. Creio que é impossível alguém ficar indiferente a esta história. São abordados temas importantíssimos e até um pouco controversos, como o direito à liberdade de escolha, quais as suas consequências e a forma como reagem as pessoas à nossa volta. Um livro incrível, comovente, escrito com muita sensibilidade e que acredito que deveria ser lido por toda a gente. Esta temática é demasiado importante para ser ignorada. Aquorea – Inspira é o romance de estreia da autora portuguesa M. G. Ferrey. No dia do funeral do avô, Arabela Rosialt, uma jovem

“No dia do funeral do avô, Arabela Rosialt, uma jovem de 17 anos, cai ao mar e afoga-se. Porém, quando acorda, reencontra-o, e ao mesmo tempo descobre que está em Aquorea, uma comunidade que prospera há muitos anos abaixo do nível do mar. A autora pensou, imaginou e descreveu o mundo de Aquorea ao detalhe. Conhecemos a forma como esta comunidade vive, os seus valores e princípios, a forma como subsistem, a ausência de dinheiro ou de uma moeda, o tipo de profissões que existem... Os pormenores são ricos e deliciosos! Acredito que quase nenhum leitor conseguirá ficar indiferente a Aquorea e desejará saltar para dentro destas páginas, tal como eu desejei várias vezes ao longo destes capítulos. Aquorea é um daqueles livros que apetece devorar e, ao mesmo tempo, ler bem devagar para que nunca termine.”

de 17 anos, cai ao mar e afogase. Porém, quando acorda, reencontra-o, e ao mesmo tempo descobre que está em Aquorea, uma comunidade que prospera há muitos anos abaixo do nível do mar. A autora pensou, imaginou e descreveu o mundo de Aquorea ao detalhe. Conhecemos a forma como esta comunidade vive, os seus valores e princípios, a forma como subsistem, a ausência de dinheiro ou de uma moeda, o tipo de profissões que existem... Os pormenores são ricos e deliciosos! Acredito que quase nenhum leitor conseguirá ficar indiferente a Aquorea e desejará saltar para dentro destas páginas, tal como eu desejei várias vezes ao

longo destes capítulos. Aquorea é um daqueles livros que apetece devorar e, ao mesmo tempo, ler bem devagar para que nunca termine. Este livro fez-me sentir bem. Fez-me sentir calma, serena. Fez-me sentir exatamente aquela paz e tranquilidade que sentimos quando caminhamos sozinhos pela praia e nos sentamos no areal, a ouvir o som do mar e a desfrutar do cheiro a maresia. Aquorea é uma história transversal a muitas idades, por isso acredito que até os leitores menos cativados por fantasia poderão gostar deste livro. E são estas as minhas sugestões de leitura para este mês. Desfrute das suas férias de verão, leia e divirta-se! jornal

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conhecimento » mitos e lendas

Voar até aos Céus H por Fernando Fernandes fjfernandes1975@gmail.com

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á uns dias atrás, o Homem conseguiu algo que estávamos apenas habituados a ver em filmes de ficção científica: turismo espacial. Mas o sonho do Homem em voar não é recente e não remonta apenas a 17 de Dezembro de 1903 quando os irmãos Wright realizaram aquele que seria considerado o primeiro voo da História. Nem sequer ao tempo de Leonardo da Vinci com os seus esboços de helicópteros. Um grandioso escultor e construtor de nome Dédalo, caiu em desgraça na sua cidade de Atenas após matar o seu sobrinho Talo. Julgado e condenado, exilou-se na ilha de Creta, onde reinava Minos. Junto com ele, foi o seu filho

“O mito de Ícaro e da Torre de Babel mostra que o humano é impedido por um poder superior, seja ele o sol ou Deus, de alcançar o céu. Todavia, o Homem não desiste e se torna mais forte a cada queda até que perceba que seu lugar é a terra e que o céu deve ser apenas contemplado.” Mário Pereira Gomes

Ícaro. Dédalo foi de imediato incumbido pelo rei a construir um enorme labirinto com um simples fim: guardar o poderoso Minotauro, metade homem metade touro e filho da rainha Pasífae e de um touro. A construção do labirinto foi tão sublime que até Dédalo teve enormes dificuldades em sair do mesmo. Com a morte do seu filho Androgeu às mãos dos Atenienses, Minos tomou a cidade e impôs um tributo anual de 7 rapazes e 7 raparigas como alimento para o Minotauro. Ao fim de 3 anos e tentando pôr fim ao flagelo do seu povo, Teseu, príncipe de Atenas, ofereceu-se como uma das pessoas a serem lançadas dentro do labirinto. Todavia, aquando da sua chegada a Creta, a sua beleza não passou despercebida a uma das figuras do reino, a princesa Ariadne. Compactuando com Dédalo, entregou um novelo de fio que guiou o jovem para fora do labirinto. A fúria apoderouse de Minos e mais enraivecido ficou quando soube da morte do Minotauro às mãos de Teseu. Como castigo, o escultor e Ícaro foram aprisionados numa ilha solitária de onde apenas poderiam sair com a autorização real. Empreendedor de gema, Dédalo começou a engendrar uma fuga. Recolheu bastantes penas de pássaros, e untando-as com cera colou-as a um esqueleto de madeira. Tanto ele como Ícaro conseguiram fugir da ilha prisão. Mas o jovem, tremendamente entusiasmado com a experiência, continuou a voar ignorando os avisos do pai que já estava em terra segura. Com a altitude a aumentar a um ritmo frenético, Ícaro aproximou-se demasiado do Sol que de imediato derreteu a cera, destruindo o engenho. Desamparado e sem escapatória, o jovem caiu no mar Egeu, afogando-se para grande desgosto de Dédalo. Esta parte do mar ficaria eternizada com o Mar Ícaro.


escutismo » dias das promessas

Agrupamento de 229 Rio Tinto

Os Escuteiros

Escuteiro

por Manuel Gomes domingosdacunhacosta@gmail.com

A

migos nos momentos mais difíceis da vossa vida e de escuteiro, lembrai-vos da vossa união e companheirismo de escuteiro; porque como sabeis a união faz a força, mesmo onde parece que nada dá certo, e não existe solução para nenhum dos vossos problemas, não tenham vergonha de pedirem ajuda, pois é pior permanecer numa situação menos boa, é viver com ela e com a dor de não terem tentado o suficiente para sair dessa situação menos boa em que

se encontravam. Vocês não podem esperar uma atitude inicial de alguém, além de vocês, para solucionar os vossos problemas, primeiro é necessário que vocês estejam dispostos a encarar tal situação, mas também não será por isso que possam excluir a possível ajuda de algum amigo ou das pessoas mais próximas de vós. Nunca tenham medo de o fazerem porque terão sempre alguém ao vosso lado para vos ajudar. A união com as pessoas que vos rodeiam certamente que vos fará perceber a realidade dos problemas e facilitará bastante a busca de uma solução para eles. Porque vocês não devem pensar, que devem passar por tantas dificuldades sozinhos? Se um dia alguma coisa acontecer a um de vocês? Tenham coragem e peçam

“Nunca tenham medo de o fazerem porque terão sempre alguém ao vosso lado para vos ajudar. A união com as pessoas que vos rodeiam certamente que vos fará perceber a realidade dos problemas e facilitará bastante a busca de uma solução para eles.

ajuda, quando sentirem que estão a precisar dela, a união é uma arma poderosa para ultrapassar qualquer dificuldade, não deixem nenhuma chance para resolver os vossos problemas ou passar com indiferença, pois o não aproveitamento dessa oportunidade pode dar lugar ao arrependimento, que pode trazer muito mais dor e sofrimento.

Ser escuteiro… É sentir que o coração bater mais forte; É sentir que ainda se acredita no amor: É possuir a mais bela plenitude, Dos dons da juventude. É conseguir amar a vida… E tentar torná-la mais bela; Cada dia que passa. Ser escuteiro… É tirar do impossível; Para usar novos rumos: E desbravar novos caminhos, Para que os outros possam segui-los. Ser escuteiro… É arriscar tornar o nosso sonho realidade; É acreditar que dar é importante: Mas, o importante é mesmo dar-se. Ser escuteiro… É deixar o mundo melhor: Acreditar que a nossa alegria é partilhada; E se transforma numa dupla alegria. Ser escuteiro… É ter dentro de nós um pedacinho de Deus; Deixar que o seu fogo vivo em nós: E que aqueça a nossa alma. Quando o frio do mundo nos consome. Ser escuteiro… É ser simplesmente feliz

Autor: Santa Cruz (Direito do Autor @Reservados). Escrito para o dia das promessas dos escuteiros do agrupamento 229 de Rio Tinto do qual eu sou o Assistente.

jornal

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crónica » desporto

Brincadeiras de risco ou o risco de não brincar?

por Luis Paulo Rodrigues flsampaio@sapo.pt Escola Superior de Desporto e Lazer do IPVC

F

ruto da nossa boa vontade enquanto pais, procuramos em todo o momento o melhor para os nossos filhos. Cada vez mais isso parece significar para as gerações modernas, proteger, ajudar, amparar no percurso de vida, esperando debelar os riscos que se possam atravessar no caminho, especialmente os que parecem envolver perigo físico. As nossas crianças estão literalmente envolvidas numa almofada protetora pelos pais e sociedade em geral, do que resultam crianças e jovens impreparados para assumir os desafios motores de uma vida ativa para o que o nosso corpo foi criado. Não faz dois meses que todos (ou quase todos) ficamos surpreendidos pela façanha do Noah, uma criança de dois anos que se levantou da cama, vestiu, e saiu de casa acompanhado da cadela, numa “aventura” que durou dois dias em que percorreu mais de 10 km, até ser localizado. O espanto foi a autonomia desta criança num mundo em que aos seus pares dessa idade não é reconhecida tal capacidade, erradamente. De facto, se providenciarmos às crianças os desafios e oportunidades que realmente necessitam, elas serão capazes de criar a autonomia motora

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para explorarem e brincarem de forma ativa com o meio que a rodeia. Os pais e os avós usualmente reconhecem no seu passado de crianças essa maior liberdade que agora parecem recusar aos filhos e netos com o pretexto da sua proteção. Esta mudança geracional explica porque nos espantamos com o feito do Noah, ou porque achamos extraordinário o talento motor de algumas crianças que vemos no YouTube a realizar o que parecem façanhas motoras dignas de espanto. O que nos vamos habituando é a crianças cada vez mais coartadas no seu direito de brincar, de ser ativas, e de conviver livremente com os seus amigos e irmãos (que na realidade são cada vez menos), com efeitos nefastos na sua futura autonomia e saúde. Sabemos que em Portugal a média idade com que os pais consentem que os seus filhos saiam de casa sozinhos para ir à

“As nossas crianças estão literalmente envolvidas numa almofada protetora pelos pais e sociedade em geral, do que resultam crianças e jovens impreparados para assumir os desafios motores de uma vida ativa para que o nosso corpo foi criado.”

escola ou brincar para o parque é de cerca de 11 anos, três a quatro anos mais tarde do que no norte da Europa, por exemplo. Mas sabemos também que apesar de 80% dos pais relatar que aos 8 anos de idade tinham permissão para ir a pé para a escola, hoje apenas 28% dos pais permite que as suas crianças dessa idade o façam. Naturalmente que existem hoje condições que não havia antes. Desde logo, automóveis familiares que eram mais raros há 30 ou 40 anos. Mas o curioso é que as principais razões aduzidas pelos pais para manterem os seus filhos sob olho durante muito mais tempo se relacionam com o risco. Esse mesmo risco que enquanto pais sempre retiramos da frente dos nossos filhos, não lhes dando oportunidade de o experimentar de forma progressiva e controlada. Por isso a superproteção que evita os joelhos esfolados a todo o custo, torna-se num pesadelo de falta de autonomia e de confiança dos pais nos filhos (e dos próprios filhos), à medida que crescem. O crescimento deve envolver a experiência das crianças em situações de desafio motor. O seu corpo e cérebro foram feitos para aprender a responder a desafios do ambiente, e assim que adquire a possibilidade de locomoção a criança apresenta uma necessidade biológica de explorar, ser ativo, brincar, para aprender e reforçar o seu comportamento motor e estimular o seu crescimento e plasticidade cerebral. Estimular a criança e o jovem para uma vida ativa e saudável implica ouvir os desejos do corpo e as ânsias do cérebro para aprender brincando ativamente. Assim possam os pais ouvi-los também.


cultura » trilha turística

Salvador, meu amor Bahia

por Eliza Sousa elizafssouza@gmail.com Publicitária e Empresária

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essa edição, a Trilha Turística, um passeio pelas cidades brasileiras sob um olhar da influência lusitana, traz a mais sincrética cidade do Brasil: São Salvador, capital da Bahia de todos os Santos, nordeste do Brasil. Sede do Governo Geral durante muitos anos, Salvador foi fundada por Tomé de Souza, primeiro governador geral do Brasil, no ano de 1549 com o objetivo de ser uma cidade fortaleza. Muitos portugueses vieram para o Brasil nessa oportunidade, pessoas das mais variadas profissões, religiosos, comerciantes, militares, logo após chegaram os escravos vindos de África, trazidos para trabalhar nas culturas de cana-de-açúcar dentre outras.

“A capital da Bahia, nos idos dos séculos XVI e XVIII, desempenhou papel decisivo no desenvolvimento econômico da região e na defesa dos interesses lusitanos, tanto econômicos como militar-estratégicos. Apesar da sua marcante importância histórica e econômica, é na cultura, arquitetura, gastronomia e religião que Salvador dá um banho de beleza e criatividade no que talvez seja a maior miscigenação do país até os dias de hoje.”

A capital da Bahia, nos idos dos séculos XVI e XVIII, desempenhou papel decisivo no desenvolvimento econômico da região e na defesa dos interesses lusitanos, tanto econômicos como militar-estratégicos. Apesar da sua marcante importância histórica e econômica, é na cultura, arquitetura, gastronomia e religião que Salvador dá um banho de beleza e criatividade no que talvez seja a maior miscigenação do país até os dias de hoje. Talvez esteja em Salvador, o complexo arquitetônico em estilo lusitano mais rico do Brasil. Dentre eles a Praça Municipal e Largo do Pelourinho (oficialmente Praça José de Alencar) localizados na parte

mais antiga da capital da Bahia. Apesar de fazer parte do cartão postal da cidade, esse último remete a um momento triste dos primeiros séculos do Brasil, por ser o local onde eram torturados escravos vindos de África. Palco da mais intensa agonia e crueldade dos senhores da época, os escravos condenados eram expostos amarrados ao Pelourinho (coluna de pedra ou de madeira. Muitos seres humanos suplicantes pela liberdade ora perdida, morreram no lugar que um dia foi lavado pelo sangre africano. A fundação Casa de Jorge Amado, escritor célebre brasileiro e baiano localiza-se em frente ao Pelourinho, lugar que inspirou muitas das suas estórias.

jornal

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cinema » sugestão ao leitor

A essência dos filmes de animação

por Alcino Pereira alcinop@ipvc.pt

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a minha imberbe juventude, tive o ensejo de ler muitas bandas desenhadas, umas com um enredo acutilante, mas ao invés com uma ilustração tíbia, e outros que faziam o pleno, na simbiose perfeita entre o argumento e a imagem, estamos a falar por exemplo das Aventuras do Tenente Blueberry

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e do epistemológico “Blake e Mortimer”. Certamente para as crianças e jovens em geral, recomendava que dessem mais prioridade, à leitura de alguns livros, do que acompanhar somente as incidências massificadoras dos filmes de animação, ao qual muitos deles são demasiado fantasiosos, concomitantemente tonitruantes, que brotam uma agressividade atroz, assente num paupérrimo conteúdo, exibindo uma parafernália de efeitos especiais, que no cômputo geral é lesivo ao desenvolvimento harmonioso das crianças. Contudo nos últimos tempos, tenho verificado que algumas redentoras exceções, contém

uma mensagem preponderante, destinada às crianças em geral, designadamente quando a história é propositadamente realçada pelos valores mais íntegros, com uma descarte intrusiva que perpassa e se associa à utopia e à ficção quimérica, para profilaticamente induzir-lhes, a entoação humanista e eclética. Para se atingir o culminar desse desiderato, é crucial, dar protagonismo a uma personagem providencial, de preferência uma criança, que com o desenrolar da narrativa, enfrenta peripécias periclitantes, que a leva a eclodir numa transformação consciente, entroncando paulatinamente, com os preceitos mais justos,

“Contudo nos últimos tempos, tenho verificado que algumas redentoras exceções, contém uma mensagem preponderante, destinada às crianças em geral, designadamente quando a história é propositadamente realçada pelos valores mais íntegros, com uma descarte intrusiva que perpassa e se associa à utopia e à ficção quimérica, para profilaticamente induzir-lhes, a entoação humanista e eclética. ”


cinema » sugestão ao leitor

éticos e idóneos, como a importância da amizade, a galhardia, o altruísmo, a tolerância, o caráter, desprovendo se taxativamente do ódio doentio, da violência e da opulência, sendo uma referência salutar, para os espectadores mais novos, que se revêem subitamente, nesses filmes, que com essa invocação sentimental e nobre, salientam a sua fulcral essência, dando um rasgo de brilhantismo ao filme, em sintonia, com a cinegrafia que vos indico. Up - Altamente, de 2009 - é um filme que podemos considerar um ótimo vaticínio, para os jovens olharem para os idosos, não com aquela despiciente catalogação de “cota”, que está muito em voga, fazendo menção à sua degradação física e esmorecimento mental, mas pelo contrário alguém que apesar das suas debilidades, pode ainda num último sopro alcançar com bravura, um novo ânimo, contando com beneplácito dos mais neófitos, fazendo jus ao seu vital apoio, carinho, irreverência e puerilidade. É precisamente nessa ecologia que este filme se refere, a entediante vida, do idoso solitário e sem família Fredericksen, um homem taciturno e de semblante carcomido, que remói as reminiscências do passado, designadamente a nostalgia da vida que tinha com a sua mulher, que faleceu precocemente e ao qual nunca conseguiu superar essa grave fatalidade. Só contando com ele mesmo, no seu sorumbático quotidiano, sem conhecidos por perto, para interagir com ele, uma nefasta decisão dos caciques da cidade, que estão a restruturar a fisionomia da cidade, faz lhe por entre a espada e a parede, quando é notificado pelas autoridades, sobre a demolição irrevogável da sua residência, e sua eufemística detenção, para ser recolhido e tratado num lar de idosos. Diante deste percalço Fredericksen, não se mostra

nada recetivo, tendo um plano na manga, para proporcionar a sua fuga, utilizando para o efeito, um dispositivo articulado com um acervo significativo de balões, que fazem a sua habitação levantar voo, para estupefação dos apaniguados do poder local. Depois desta jogada de mestre, Fredericksen, julga se livre definitivamente dos seus conterrâneos, a caminho da sua idílica viagem até ao Paraíso das Cachoeiras, na Venezuela, mas não estava á espera que um miúdo de 8 anos, com o nome de Russell, um escuteiro capcioso, que enredava Fredericksen, com o escopo de ser congratulado com uma insígnia por préstimos com Idosos inválidos, estivesse se instalado sorrateiramente na calçada da sua residência e com isso seguir viagem com ele. Conformado com essa inopinada aparição, Fredericksen dá guarida à estabanada criança, suportando ambos contingências temporais agrestes, até chegarem ao local ansiado, só aquele sítio está assombrado pelo tétrico explorador Charles Muntz e os seus irascíveis cães, que estão ávidos por apanhar uma ave rara de grande porte, que se juntou ocasionalmente à comitiva de Fredericksen. Mas esta torpe circunstância, que se coaduna como uma aventura sem paralelo, vai pôr à prova esta coligação inédita entre Fredericksen e Russell, que pode constituir um bom presságio para um estreitar dos laços fraternos entre ambos. Divertida-Mente, de 2015 - é um filme entretido, que pontifica a volatilidade dos sentimentos e das emoções, vertidos na reação de uma determinada criança, face às peripécias da vida, e que em face dessa assunção, forma a sua personalidade, para o bem e para o mal. Com uma finalidade pedagógica e ressonante, a história cria cinco personagens eloquentes que distam o nosso espectro mental, consolidados por uma epifania transcendental, que são a felicidade, a tristeza,

“Up - Altamente” de Pete Docter e Bob Peterson 2009

“É precisamente nessa ecologia que este filme se refere, à entediante vida, do idoso solitário e sem família Fredericksen, um homem taciturno e de semblante carcomido, que remói as reminiscências do passado, designadamente a nostalgia da vida que tinha com a sua mulher, que faleceu precocemente e ao qual nunca conseguiu superar essa grave fatalidade.”

o medo, a ira e o nojo, que vão cimentar e patentear o cutelo comportamental, da menina Riley a partir do seu nascimento. Esse quinteto que se reúne, na imanente sala de comando, está mandatada para intervir e se for preciso digladiarem entre si, respondendo com convicção aos estímulos exógenos, que a menina Riley vai perspetivando na sua rotina, especialmente quando atinge os 11 anos, sendo confrontada com uma opção irreversível, quando os Pais decidem se mudar definitivamente da sua terra natal Minnesota para São Francisco. Sabendo de antemão da atrição lamechas que esta mudança abrupta acarreta, para uma criança, os seus ficcionais sentimentos entram em bulício, com a serelepe felicidade a fomentar um otimismo obtuso, a erosiva tristeza em constante depressão, o histriónico medo em estado de choque, o colérico zangado com os nervos à flor da pele e o apreensivo nojo com uma pesporrência fora do comum. Toda esta ecologia emotiva, indicia as dificuldades notórias de ajuste de Riley, (continuação na página seguinte)

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cinema » sugestão ao leitor

“Divertida-Mente” de Pete Docter e Ronnie Del Carmen 2015

aos novos modos de vida, que se degrada profundamente, quando a felicidade e a tristeza, vítimas de um acidente, caem num precipício abaixo, negligenciando Riley, que padece de uma idiossincrasia fria, calculista e ressabiada, até que os dois antagónicos sentimentos, regressem a salvo à base, para equilibrar mentalmente a saturada Riley. Coco, de 2017 - é um filme cativante, que nas entrelinhas enaltece os jovens a prosseguirem na labuta pelas suas aspirações e veia artística, não se deixando intimidar, por manigâncias preconceituosas, enviesamentos ímpios ou maniqueísmos grotescos, mas sim opondo se as essas contrariedades, com firmeza e perseverança rumo à felicidade. No cerne desta história, está o afável miúdo de 12 anos, Miguel, que vive na pacata cidade de Santa Cecília, no México, que tem como montra turística, o malogrado conceituado músico Ernesto de la Cruz, um dos mais prestigiados artistas mexicanos. Contagiados pela fama de Ernesto, o ethos musical ramifica se por toda a cidade, com os autóctones do sítio, a participarem em diversos festivais, excetuando uma família fabricante de calçado, que tem aversão à música, precisamente ao qual jovem Miguel pertence, estando dececionado com essa pífia mistificação, justamente por ele denotar um fascínio por essa arte, ao qual está liminarmente impedido de se manifestar. Porém numa das salas da casa da sua avó, onde

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está exposta as fotos dos seus antepassados, descobre de modo aleatório uma foto com rosto rasgado de um homem com uma viola junto à sua trisavó Amélia, e a sua bisavó Coco, que deixa azougado e intrigado Miguel, na correlação musical, que se pode aferir com o ignoto antepassado. Fazendo um erro de avaliação ilusório, divaga com a possibilidade do inolvidável Ernesto ser o misterioso trisavó, correndo com afã em direção ao museu da vedeta, para lograr alcançar o seu violão, com o intuito de se inscrever no concurso musical da povoação. Mas mal se apodera do artefacto, é sugado por um oráculo transcendental, para o mundo dos mortos, restando se petrificado e aterrorizado com semelhante distopia. Com uma metamorfose inaudita, o cemitério local está infestado de caveiras e esqueletos ambulantes, ao qual ainda não refeito da monumental síncope, Miguel reconhece um dos seus avoengos, que o leva ao encontro da sua trisavó Amélia. Esta

“Coco” de Lee Unkrich e Adrian Molina 2017

“No cerne desta história, está o afável miúdo de 12 anos, Miguel, que vive na pacata cidade de Santa Cecília, no México, que tem como montra turística, o malogrado conceituado músico Ernesto de la Cruz (...).”

perplexa com o aparecimento inconcebível de Miguel na terra dos mortos, ordena o seu regresso às origens, concedendo a sua bênção, com uma condição de se manter inibido de perpetuar a sua vocação musical, só que este não se resigna, fugindo e maquilhando se de morto, para ludibriar os mortos vivos e tentar achar o peralvilho Ernesto De la Cruz. Nesse ínterim trava conhecimento com Hector um ex-músico com uma aparência estonteante, que o ajuda a descobrir o paradeiro de Ernesto. Mas nesse semântico cotejo com Ernesto, Miguel fica estarrecido quando surpreendentemente Hector acusa com veemência Ernesto de ladrão e de assassino, por desfaçatez ao ter lhe roubado as suas músicas e aleivosia por o ter matado à traição, com o encalacrado Ernesto a alijar se cobardemente dos dois. Depois deste rebate indignado de Hector, Miguel percebe que ele é o seu almejado trisavó, graças à foto que trouxe consigo, para gáudio de um e outro. É nesse instante unívoco, que Hector recorda com


cinema » sugestão ao leitor

amargura e ternura, a famosa canção “Lembra-te de mim”, que foi composta especialmente para a sua filha Coco, e que Ernesto usurpou para fins comerciais. A partir desse momento, Miguel só tem um objetivo em mente, pontificar a memória de Hector, restituindo a deteriorada foto dele ao mural das lembranças e fazendo regressar a ubíqua música ao seio da sua família. A Fábrica dos Sonhos, de 2020 - é um filme que realça a

crispação que pode guindar se no relacionamento interpessoal, entre crianças, principalmente quando os pais divorciados ou viúvos, resolvem unir laços, com outros da mesma senda, com filhos a seu cargo, podendo despoletar um desentendimento entre eles, motivado por ciúmes, falta de adaptação, diferenças de personalidade, ressentimento e azedume. Na mantra de uma alegoria fantasiosa, o filme usa como número de cosmética, uma

“É neste enquadramento, que Minna a protagonista principal desta história, cruza se irremediavelmente para sempre com outra menina da sua idade, com o nome de Jenny, derivado ao seu Pai, um homem castiço viúvo, ter juntado os trapinhos com Helena mãe de Jenny, que teve um processo litigioso de divórcio gangrenoso, que deixou marcas insanáveis em Jenny.”

“A Fábrica dos Sonhos” de Kim Hagen Jensen e Tonni Zinck 2020

putativa indústria manipulativa dos sonhos, que matiza o émulo acrimonioso, nas duas personagens chave, as meninas Minna e Jenny, para indagar nas crianças, a disposição para sermos mais compreensivos com o próximo, apesar das atitudes ríspidas que este porventura pode demonstrar, devendo se fazer um esforço para entender as razões que o leva a enveredar por essa sanha, evitando ripostar com hostilidade e belicismo, a essa provocação que às vezes pode fazer ricochete, acabando por ficar mal na fotografia o insurgente, por precipitadamente responder por impulso e raiva. É neste enquadramento, que Minna a protagonista principal desta história, cruza se irremediavelmente para sempre com outra menina da sua idade, com o nome de Jenny, derivado ao seu Pai, um homem castiço viúvo, ter juntado os trapinhos com Helena mãe de Jenny, que teve um processo litigioso de divorcio gangrenoso, que deixou marcas insanáveis em Jenny. Só que esse enlace, não se compadece com uma ligação canora, pois Jenny uma rapariga, mimada e arrogante, trata com insídia e prepotência, a sua congénere Minna. Com um pleito pusilânime, o Pai de Minna tenta apaziguar as hostes, mas sem resultados práticos, deixando a sua filha aborrecida com o estado das coisas. Todavia num certo dia, Minna mergulhada nos seus sonhos, acha por casualidade, a inóspita Fábrica dos Sonhos, em que uns encartados pigmeus, confecionam os sonhos dos simplórios terrestres. Oxidada pelo relacionamento tumultuoso com Jenny, Minna quer usar essa incomensurável faculdade, convencendo o seu amigo pigmeu, a adulterar os sonhos de Jenny, para deixar esta melindrada e assustada, só que esse mecanismo vai inflamar ainda mais o desaguisado entre ambas, com consequências dantescas e imprevisíveis. jornal

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planta salicórnia » seus benefícios

Salicórnia, alternativa vegetal ao consumo do sal N por Francisco Porto Ribeiro fportoribeiro@hotmail.com

ão sei se conhece a planta salicórnia (Salicornia ramosíssima), mas fica o desafio e deixo a partilha dos seus benefícios. Para tal, recorro a um livro de 2018 de suporte da responsabilidade da Associação Portuguesa de Nutricionistas (APN) para contextualizar o conteúdo deste artigo de opinião (1) disponível na internet e que sugiro a sua consulta (tem aspectos e ervas com benefícios que aqui não exploro). Em termos contextuais, a salicórnia é uma planta que nasce na fileira das plantas halófitas (plantes tolerante ao sal), posicionando-se na proximidade da água salgada com água doce, nas zonas das salinas. Passa-se

“(...) a salicórnia é uma planta que nasce na fileira das plantas halófitas (plantes tolerante ao sal), posicionando-se na proximidade da água salgada com água doce, nas zonas das salinas. (...)”

Fonte: • https://www.vidaativa.pt/salicornia/ • https://www.publico.pt/2019/01/26/fugas/noticia/esqueca-frasco-sal-salicornia-po-chegou-substituir-1858770 Recomendações: (1) - (https://www.apn.org.pt/documentos/ebooks/E-BOOK_AROMATIZAR_SABERES_FINAL_.pdf) (2) - (http://www.riafresh.com/index.php/pt/2020-01-09-11-20-30/receitas?start=5 (3) - http://lume-brando.blogspot.com/2016/07/a-salicornia-um-livro-e-uma-salada.html)

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que as marés enchem, trazendo a água salgada para os “tanques” das salinas e, na maré baixa, fica o sal puro, com todos os sais minerais. Esta planta desenvolvese em redor desse ambiente, permitindo o armazenamento do sal numa glândula nas suas células. Por essa razão, a planta em cru (depois de lavada por causa dos pós) tem com um ligeiro sabor salgado, sendo mais saudável que o sal tradicional, razão pela qual é considerada uma alternativa vegetal ao sal (industrial), também sendo muitas vezes denominado como “sal verde”. Os seus efeitos directos refletem-se no palato (a comida menos apurada) e, colateralmente, nos níveis da


planta salicórnia » seus benefícios

tensão arterial. O porquê do seu limitado conhecimento, pela generalidade da população, prende-se com o facto de ser uma planta espontaneamente, que não requer tratamento, que se desenvolve naturalmente, sem ajuda artificial e, consequentemente, sem interesse comercial. Os especialistas recomendam o uso da salicórnia como substituto do sal, reduzir consumo de sódio, sendo este um dos principais minerais responsáveis por provocar um conjunto de doenças do foro cerebrovascular. É irritantemente fácil encontrar salicórnia nas salinas, daí o seu reduzir interesse económico, conforme referido. Considero ser tão fácil encontrar salicórnia, como as azedas no campo. A salicórnia é uma planta de folhas verdes, de caules suculentos que podem ir aos 40 cm de altura, com sabor salgado pela exposição direta ao sal onde se desenvolvem, sendo muitas vezes denominado por “espargo do mar”. Em Portugal, desenvolve-se nas zonas das diversas rias, sendo possível identificar na zona de Aveiro, ria Formosa, mar da palha (em Lisboa, por baixo da ponte vasco da gama no sentido de Vila Franca de Xira), na Figueira da Foz e no Algarve (Tavira e Fuseta). O passeio nestas zonas vale a pena, e não é demais referir, nas diversas horas do dia pois o sol produz uns efeitos de luz diferente junto à água e sal, divino. Há rotas específicas, é possível fazer observação de pássaros diversos, encontramos flamingos que comem algas e camarão (krill) que lhes ajuda a mudar a cor e uma riqueza imensa de fauna e flora. Se tiver curiosidade, ainda pode fazer tratamento de pele com sal marinho puro ou usar o sal como esfoliante natural, fortemente enriquecido. Como a APN refere, não se trata de uma erva aromática, mas antes de uma alternativa

“Esta planta desenvolve-se em redor desse ambiente, permitindo o armazenamento do sal numa glândula nas suas células. Por essa razão, a planta em cru (depois de lavada por causa dos pós) tem com um ligeiro sabor salgado, sendo mais saudável que o sal tradicional, razão pela qual é considerada uma alternativa vegetal ao sal (industrial), também sendo muitas vezes denominado como “sal verde”. Os seus efeitos directos refletem-se no palato (a comida menos apurada) e, colateralmente, nos níveis da tensão arterial.”

saudável ao sal. Em termos de composição e benefícios para a saúde, registe que, por cada 100 gramas de consumo, obtém 38 kcal, rico em ácidos gordos polinsaturados, fibras e minerais (ferro e potássio). A salicórnia possui, ainda, outros benefícios como sendo um excelente antioxidante, sendo muito diurético, com ação anti-tumoral e ajuda a combater problemas de hipertensão arterial. O consumo desta planta, sempre moderado, como tudo, traduz vantagem ao nível da redução do teor de sódio, sendo um potencial substituto de aditivos isentos de sódio. Trata-se de um condimento, que substitui o sal, servindo de saborizante e estimulante do sabor da comida, com o potencial de aromatizar os alimentos. Pessoalmente, uso a planta natural da salicórnia em

substituição do sal (pode adquirir nos espaços especializado e zonas gourmet, em pó), directamente nas saladas (em cru) ou no fim da confeção de pratos, para estimular. Fica o desafio. Segundo artigos diversos e literatura da APN, tem sido verificado um consumo abusivo de sal, em Portugal, aumentando o risco de doenças cardiovasculares (DCV). As recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam para consumo diário de 5 g de sal. Contudo, a população portuguesa consome cerca de 7,3 g de sal, por dia, conforme os dados do Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade Física (IAN-AF) (2017). O Plano de Ação da OMS sugere a redução do consumo de sal, como prevenção de doenças crónicas. Para concluir, irei referir que numa oportunidade que tive, no Museu do Sal, na Figueira da Foz, cozinhei uma deliciosa sopa de beldroegas (será o tema o próximo artigo) com salicórnia que, modéstia à parte, ficou uma delicia e que me valeu um avental com o meu nome (não era concurso mas foi uma gentileza que muito estimo). Para além desse feito, deixo aqui uma partilha de diversas opções possíveis de se fazer com esta planta (2) e ainda com o site (3) ficando a sugestão de consulta e o desafio para a experimentar (sem medos e com benefícios na saúde).

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vida » bem-estar

A espiritualidade: - uma fonte inesgotável de energia

A meditação: uma aventura humana

por Florbela Sampaio flsampaio@sapo.pt Prof. Escola Sup. Saúde IPVC

P

odemos entender a espiritualidade como uma necessidade intrínseca de nos religarmos a algo que nos transcende, mas que sabemos, não de forma tangível, estar presente em nós. A experiência de vida vai-nos ensinando que muitos acontecimentos gostam de fugir ao nosso controle. Temos muitas vezes encontros com o que não queremos. Cada um de nós, por qualidade intrínseca ou por influência do meio, vai “esticando”

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o seu território emocional para encontrar estratégias de adaptação na envolvente social num ritmo quase frenético de cai e levanta. Caro leitor, vou partir do seguinte princípio para chegar ao ponto central desta reflexão… A vida é um risco permanente. Desde que nos colocamos, com mais ou menos quedas, na posição erecta e iniciamos os primeiros passos, até ao ocaso da vida em que o equilíbrio começa a falhar e as quedas colocam a vida em risco, estende-se um imenso tempo feito de muitos tempos recheados de riscos, de avaliação dos riscos e de tratamento dos riscos. A avaliação dos riscos exige redobrada atenção da nossa parte, já que o risco é a probabilidade, alta ou baixa, de alguém sofrer lesões ou danos devido a um determinado perigo. O tratamento do risco envolve a selecção de opções

“A vida é um risco permanente. Desde que nos colocamos, com mais ou menos quedas, na posição erecta e iniciamos os primeiros passos, até ao ocaso da vida em que o equilíbrio começa a falhar e as quedas colocam a vida em risco, estende-se um imenso tempo feito de muitos tempos recheados de riscos, de avaliação dos riscos e de tratamento dos riscos.”

para modificar o nível de cada risco e a elaboração de planos de tratamento. Neste sentido, trago até ao leitor uma proposta de tratamento de diversos riscos existenciais, a meditação, que pode ser definida como uma prática que utiliza diversas técnicas que promovem o silêncio e desenvolvem a atenção e uma maior consciência de si. Independentemente das técnicas utilizadas e do contexto em que acontecem, seja o religiosoespiritual ou o contexto da saúde, a pesquisa científica (embora com muitas ressalvas) conclui que por meio de técnicas diversificadas de meditação, tem sido possível obter resultados muito positivos na saúde física e mental das pessoas. Numa perspectiva puramente espiritual Osho, na sua obra “Meditação a primeira e última liberdade”, diz-nos que


vida » bem-estar

“meditação é aventura, a maior aventura que a mente humana pode empreender. A meditação é somente ser, não fazer nada, ausência de acção. Apenas se está e isso constitui um deleite maravilhoso. De onde provém este deleite quando não se está a fazer nada? Provém de parte nenhuma, ou provém de toda a parte. É desprovida de causa, porque a existência é feita da matéria chamada ALEGRIA”. Neste sentido, ainda na óptica deste este autor, para além do espaço, lugar certo e estar confortável é importante reflectir em três pontos essenciais da meditação. Primeiro ponto: descontracção, ausência de conflito com a mente, ausência de controle da mente. Segundo ponto: simplesmente observar a mente, silenciosamente. Terceiro ponto: não julgar ou avaliar os processos da mente. Assim se vai construindo um processo libertador e de autoconhecimento. Muitas pessoas não compreendem a meditação. Para muitos ela é vista como uma coisa muito séria e muito obscura. Como se fosse só para pessoas tristes que perderam o sentido do divertimento, da celebração. Antes pelo contrário, um indivíduo verdadeiramente meditativo é divertido, é descontraído. A meditação ajuda a cultivar a própria intuição. Torna mais claro o que nos preenche e nos ajuda a nascer de novo. Cada um de nós é singular e procurar a singularidade é uma grande aventura. No texto bíblico do evangelho de João cap, 3, 1-21 Nicodemos, fariseu e membro do supremo tribunal judaico chamado sinédrio, ficou impressionado com os notáveis sinais ou milagres realizados por Jesus e querendo saber mais, procurou-O para lhe formular várias questões. Em resposta, Jesus diz a Nicodemos que para alguém entrar no reino de Deus precisa nascer de novo. Perante tal resposta

“(...) trago até ao leitor uma proposta de tratamento de diversos riscos existenciais, a meditação, que pode ser definida como uma prática que utiliza diversas técnicas que promovem o silêncio e desenvolvem a atenção e uma maior consciência de si. Independentemente das técnicas utilizadas e do contexto em que acontecem, seja o religioso-espiritual ou o contexto da saúde, a pesquisa científica (embora com muitas ressalvas) conclui que por meio de técnicas diversificadas de meditação, tem sido possível obter resultados muito positivos na saúde física e mental das pessoas.”

Nicodemos pergunta: será que alguém pode entrar no ventre da sua mãe e nascer outra vez? E Jesus explica: a menos que alguém nasça da água e do espírito, não pode entrar no reino de Deus…O conteúdo deste diálogo produz um espaço imenso de reflexão e só o trouxe porque o considero precioso para sustentar a necessidade humana de reorientar as relações humanas e nomeadamente a relação do homem consigo mesmo. Ora, a meditação, tem sido uma longa caminhada neste

sentido e, quando se transforma em estilo de vida, deixa de ser só um método ou uma técnica e tudo é meditação; sensibilidade, alegria, inteligência… florescem no jardim da existência. Quem medita mais cedo ou mais tarde descobrirá o amor e quererá partilhá-lo. Se estivermos no caminho certo a meditação faz-nos amar e o amor tornanos meditativos. Crescer rumo ao amor é a maior aventura humana. É regressar a casa após uma longa viagem e dizer: lar, doce lar.

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saúde » ações de proteção

Calor? Como se proteger?

por Ana Sofia Portela enf.anasofia@gmail.com Enfermeira especialista em Enfermagem Comunitária USF Aqueduto – ACES Vila do Conde/Póvoa do Varzim

A

exposição a períodos de calor intenso, durante vários dias consecutivos – ondas de calor – constitui uma agressão para o organismo, podendo conduzir à desidratação, ao agravamento de doenças crónicas, a um esgotamento ou a um golpe de calor, situação muito grave e que pode provocar danos irreversíveis na saúde, ou inclusive levar à morte. Para se proteger dos efeitos do calor intenso na saúde mantenha-se informado, hidratado e fresco. Neste contexto de temperaturas elevadas, a Direção-Geral da Saúde recomenda: • Beba água ou sumos de fruta natural, mesmo quando não tem sede, e evite o consumo de bebidas alcoólicas; • Faça refeições frias, leves e coma mais vezes ao dia; • Utilize roupa larga, que cubra a maior parte do corpo, chapéu de abas largas e óculos de sol com proteção UVA e UVB; • Mantenha-se em ambientes frescos arejados, pelo menos 2 a 3 horas por dia; • Evite a exposição direta ao sol, principalmente entre as 11 e as 17 horas; • Utilize protetor solar, com fator igual ou superior a 30 e renove

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“A exposição a períodos de calor intenso, durante vários dias consecutivos – ondas de calor – constitui uma agressão para o organismo, podendo conduzir à desidratação, ao agravamento de doenças crónicas, a um esgotamento ou a um golpe de calor, situação muito grave e que pode provocar danos irreversíveis na saúde, ou inclusive levar à morte. Para se proteger dos efeitos do calor intenso na saúde mantenha-se informado, hidratado e fresco.!”

a sua aplicação de 2 em 2 horas e após os banhos na praia ou piscina; • Evite atividades que exijam grandes esforços físicos, nomeadamente, desportivas e de lazer no exterior; • Se trabalhar no exterior, hidrate-se frequentemente, proteja-se com roupa larga e chapéu e trabalhe acompanhado porque em situações de calor extremo poderá ficar confuso ou perder a consciência;

• Escolha as horas de menor calor para viajar de carro e não permaneça dentro de viaturas estacionadas e expostas ao sol; • Tenha especial atenção com os doentes crónicos, grávidas, crianças, idosos e pessoas com mobilidade reduzida; • Se está grávida modere a atividade física, evite a exposição direta ao sol e ingira frequentemente líquidos; • Assegure que as crianças consomem frequentemente água ou sumos de fruta natural e que permanecem em ambiente fresco e arejado. As crianças com menos de 6 meses não devem estar sujeitas a exposição solar, direta ou indireta; • Contacte e acompanhe os idosos e outras pessoas que vivam isoladas. Assegure a sua correta hidratação e permanência em ambiente fresco e arejado; • Se é doente crónico, ou está sujeito a terapêuticas e/ou dietas especificas, siga as recomendações do seu médico assistente ou do Centro de Contacto do SNS 24: 808 24 24 24; • No período de maior calor, corra as persianas ou portadas. Ao entardecer deixe que o ar circule pela casa; • Se estiver num espaço público climatizado, proteja-se, use sempre máscara e mantenha a distância física. • Mantenha-se informado quanto às previsões meteorológicas e siga as recomendações da Direção-Geral da Saúde; • Em caso de emergência ligue 112 • Para mais informações ligue para o Centro de Contacto SNS24: 808 24 24 24. Mais informação pode ser obtida na página da Direção-Geral da Saúde ou através do SNS24, 808 24 24 24. Acompanhe as previsões meteorológicas em www.ipma.pt #Juntosverãoseguro2021


saúde oral » consequências da diabetes

Diabetes: um perigo iminente para a saúde oral (parte II)

por Drª Ana Rita Fradinho flsampaio@sapo.pt Médica Dentista

A

maioria das pessoas com diabetes está ciente das fragilidades que possuem em função da sua condição, mas muitas vezes desconhecem o impacto que a diabetes tem na saúde oral. Na área da saúde oral, ser diabético acarreta correr o risco de desenvolver infeções. A boca seca, um dos sintomas da diabetes, pode estar na origem de problemas dentários uma vez que as enzimas da saliva ajudam a manter um ambiente saudável. A doença periodontal está intimamente associada à diabetes, no sentido em que acaba por se estabelecer uma relação bidirecional de causa e efeito. Estudos revelam que a doença periodontal não tratada em pessoas com diabetes, pode elevar os níveis de açúcar no sangue e enfraquecer o sistema imunológico, aumentando o risco de vir a ter diabetes ou de ter um bom controlo metabólico da mesma. Por outro lado, a pessoa com diabetes possui maior probabilidade de vir a sofrer de doença periodontal, ou seja, de possuírem infeções que afetam os tecidos de suporte dos

dentes, entre eles o osso e a gengiva. Muitas das vezes estamos perante infeções que pouco se manifestam. Podem não causar dor no início ou podem provocar dor apenas por um curto período de tempo e depois melhorar. Ainda assim se não for tratada, pode originar abcessos, sangramento nas gengivas e até mobilidade dentária. Prevenir é essencial! Atendendo que as pessoas com diabetes são mais propensas a ter doença periodontal é aconselhável que não só possuam uma maior atenção aos cuidados com a higiene oral, como também, façam uma maior vigilância da mesma, através de visitas regulares ao médico dentista que deve ter conhecimento da sua condição de saúde. Muitas vezes os pacientes não entendem a necessidade de preencher dados médicos mas é fundamental que o médico dentista conheça o historial médico do paciente e possíveis interferências na saúde oral. No caso da pessoa com diabetes o médico dentista pode recomendar soluções de higiene oral específicas. São produtos que ajudam a corrigir os desequilíbrios na boca e ajudam a reforçar e apoiar a ação natural da saliva, prevenindo os efeitos negativos do excesso de glicose salivar e estimulando um microambiente que favorece a presença de uma flora oral saudável. É essencial que os diabéticos tenham um

cuidado acrescido no que toca à higiene oral. Se os níveis de glicose no sangue não forem bem controlados, estes indivíduos terão maior probabilidade de virem a desenvolver doença periodontal e de perder dentes em comparação com pessoas que não têm diabetes. Por outro lado, é importante não esquecer que, como todas as infeções, a doença periodontal pode ser um fator que eleva o açúcar no sangue e pode tornar o controlo da diabetes mais difícil. É a pensar nessa relação de risco que existem soluções que

fornecem uma barreira contra o impacto oral do excesso de glicose salivar, que aumentam os antioxidantes e favorecem o equilíbrio natural da boca. No fundo são produtos que neutralizam os efeitos da acumulação de glicose salivar. Tendo em consideração o número crescente de pessoas com diabetes e o facto de que as doenças periodontais também podem ter um efeito negativo sobre o açúcar no sangue, é importante tomar medidas para controlar a doença periodontal, de modo a ajudar a melhorar os seus níveis de açúcar no sangue. jornal

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necrologia

Agência Funerária

Tilheiro Tel: 258971259 Tm: 962903471

www.funerariatilheiro.com Barroselas

72 anos

80 anos

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

Isidra Magalhães do Rego

José Avelino Alves de Barros

Poiares - Ponte de Lima

Subportela – Viana do Castelo

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

A Família

A Família

69 anos

98 anos

50 anos

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

Tereza da Ascenção Cepa Capitão Gonçalves

Maria Leonor Barbosa Amaro

Manuel Maria Fernandes Guimarães

Tregosa – Barcelos

Barroselas – Viana do Castelo

Durrães – Barcelos

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

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A Família

A Família

A Família

81 anos

47 anos

55 anos

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

Zulina Fernandes Barbosa

Isabel Maria Magalhães Silva

Alfredo Baptista da Silva

Barroselas – Viana do Castelo

Barroselas – Viana do Castelo

Fragoso – Barcelos

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

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A Família

A Família

A Família

30 edição 88 • agosto 2021


necrologia

92 anos

72 anos

88 anos

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

Torcato Peixoto Barros Lima

Porfírio Ferreira de Castro

Maria Teresa Oliveira de Carvalho

Carvoeiro – Viana do Castelo

Aguiar – Barcelos

Fragoso – Barcelos

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A Família

A Família

A Família

93 anos

92 anos

98 anos

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

Margarida da Conceição Vieira Maciel

Delmira Rocha de Oliveira

Maria Olinda Correia Gonçalves

Tregosa – Barcelos

Palme – Barcelos

Freixo – Ponte de Lima

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A Família

A Família

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89 anos

73 anos

81 anos

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

Rosa Fernandes Meira

Vitor Augusto de Sá

Clemência de Abreu Barbosa

Barroselas – Viana do Castelo

Fragoso – Barcelos

Poiares – Ponte de Lima

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A Família

A Família

A Família

jornal

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