O Vale do Neiva - Edição 83 março 2021

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Saúde

Apontamentos históricos

Questões sobre o sono: Dormir bem é necessário!

Durrães na vanguarda: O Boletim Autárquico de Durrães

março 2021 edição 83 Propriedade:

A MÓ • Associação do Vale do Neiva (Cultural, Património e Ambiente) Barroselas Mensal Gratuito Versão digital

Forno comunitário na Azenha do Bonfim pág. 8

Ensino à distância, rumo à transição digital pág.

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índice edição 83 março 2021

ficha técnica diretoria e administração:

Direção de “A Mó” redação:

José Miranda Manuel Pinheiro Estela Maria António Cruz

Ensino à distância, rumo à transição digital

História dos caminhos de ferro: curiosidades disseminadas

O massacre de Munique: ataque à Vila Olímpica

página 06

página 09

página 12

editorial Ainda há homens com um “H” grande

edição:

83 – março 2021 colaboradores:

Adão Lima Alcino Pereira Amaral Giovanny Américo Santos Ana Sofia Portela Daniela Maciel Domingos Costa Fernando Fernandes Francisco P. Ribeiro José Miranda Manuel António Vitorino Pedro Tilheiro Sónia Matos design gráfico:

Mário Pereira paginação:

Cristiano Maciel supervisor:

Pe. Manuel de Passos contacto da redação:

Avenida S. Paulo da Cruz, Edifício Brasília, 3, Fração F 4905-335 Barroselas e-mail:

redacaojornalvaledoneiva@gmail.com periodicidade:

Mensal

por José Maria Miranda Presidente da Direção d’A Mó

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uando temos alguém que nos deita a mão num determinado momento, este gesto marca-nos de tal modo que dificilmente, o podemos esquecer. Há períodos na nossa vida que precisamos de compreensão e ajuda, porque caso contrário, torna-se muito difícil a resolução do problema. Mas, felizmente, ainda há gente boa que ao aperceber-se da situação do seu semelhante, lhe deita de imediato a

mão e fica disponível para continuar a ajudar, até que a situação fique regularizada. Não me alongo mais e vou direto ao assunto, para falar de um homem que muito amavelmente se esforçou, para dar o seu melhor no campo da paginação do Jornal o Vale do Neiva. Este homem, tem um nome, chama-se Mário Pereira. Durante catorze meses, deu o seu melhor por este mensário, tornando-o mais atraente e organizado. Era notório o gosto e a vaidade que sentia pelo Jornal O Vale do Neiva, quando dizia: “O nosso Jornal está quase pronto”. Gostaríamos que continuasse como nosso paginador, mas a sua vida profissional, rouba-lhe grande parte do seu tempo. Nunca vamos es-

quecer este homem com um “H” grande, porque sempre que possível deu o seu melhor. A Direção d’A Mó felicita-o pelo excelente trabalho que desempenhou e, deseja-lhe os merecidos êxitos nesta área. Em sua substituição, apresentamos aos nossos Colaboradores, o novo paginador o Jovem Barroselense, Cristiano Maciel, que deu provas mais que suficientes, para ser a partir desta data, o responsável pela paginação do jornal O Vale do Neiva. A Direção felicita-o e, faz votos, que o seu trabalho seja um constante sucesso em toda a continuidade deste mensário. A Direção, tudo fará, para que A Mó continue a girar, imprimindo dinâmica em todos os seus setores. Bom trabalho.

formato:

Digital

distribuição:

Gratuita

Os artigos de opinião são da inteira responsabilidade dos seus autores, podendo ou não estar de acordo com as linhas editoriais desta publicação.

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Jornal Vale do Neiva uma referência na região do Vale do Neiva


Personagens femininas inesquecíveis

Mitos e lendas: Para além dos pilares de Hércules

Questões sobre o sono: dormir bem é necessário!

página 14

página 22

página 28

o pulsar da sociedade O Mentalista

por Alcino Pereira alcinop@ipvc.pt

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uando me refiro à palavra “O Mentalista”, não estou propriamente a fazer menção à popular série americana “The Mentalist”, em que Patrick Jane colabora com a Polícia, para descortinar casos criminais bastante complexos, usando as suas habilidades natas, devido a um espectro mental composto de premonições, dons transcendentais e um elevado poder de dedução, conseguindo assim êxito, nessa empreitada de investigação. Apesar da figura de Patrick Jane, estar naturalmente conotado com a ficção e a fantasia, que foi determinante para a boas audiências da série, o termo mentalista, apresenta se com uma metáfora encorajadora, para de maneira resiliente, controlarmos a nossa mente, nos momentos mais decisivos, periclitan-

tes, nocivos e exasperantes, atuando se possível de forma mais assertiva, eficaz, equilibrada, racional e intuitiva. O múnus do nosso cérebro, só estabelece o condão, para o estado e a propensão mental, quando absorvemos e assimilamos, as particularidades e vicissitudes do meio envolvente, fazendo a interseção com os carateres genéticos, em que nesse vigoroso processo mental, são consignados as funções vitais: como o pensamento, a memória, a imaginação, os estados emocionais e a consciência, ao qual o mentalista, pode utilizar com parcimónia, combinando essas faculdades mentais, de modo perspicaz e escorreito, principalmente quando está munido de uma performance mental, bastante apurada, consolidada e estruturada. Se queremos então denominar de “Mentalista”, algum nicho de pessoas, que se compadecem com a analogia mental do providencial Patrick Jane, essas são certamente raras e que se revelam em contextos densos, diversos e paradigmáticos, não são obviamente as crianças que nas suas manifestações, dão grande supremacia e ênfase, ao estado emocional, em detrimento das outras com-

ponentes, que vão surgindo gradualmente, com o crescimento, nutrindo se paulatinamente dos dados cognitivos e a constatação de regras instituídas, também não são certamente, aquelas pessoas que tem um quotidiano tranquilo, sem grandes sobressaltos, com uma vida estável e um trabalho praticamente fluído e automático, usando apenas a sua memória e o conhecimento, para empreender o seu ofício, que não os obrigue a uma significativa elucubração mental, do mesmo modo não são considerados mentalistas, as pessoas diagnosticadas com uma patologia grave do foro mental, pois esse distúrbio não lhes permite regular de maneira correta e salutar os seus pensamentos, as emoções, as exógenas relações sociais e vernáculos culturais, mas sim quando alguém confere a adesão a um mente aberta, proactiva, criativa, lúcida e persistente, que com discernimento e ponderação, tenta nocautear os seus problemas e avançar

para novos projetos e até mudar de vida, dando azo a uma profícua sinergia, entre o pensamento, a imaginação, a memória, as emoções e a consciência. Um exemplo concludente e inequívoco, que podemos apelidar taxativamente de mentalista, foi seguramente quando tive o ensejo de assistir a um programa da RTP1, apresentado por Fátima Campos Ferreira, designado por “Primeira Pessoa”, uma série que semanalmente entrevista personalidades com prestígio, com o desiderato de fazer uma retrospetiva curricular acerca da sua incontornável vida, num dos episódios fiquei claramente espantado, com um acontecimento marcante que sucedeu a uma dessas pessoas convidadas, ao qual relatou minuciosamente um dos momentos mais assustadores e perturbadores da sua vida, quando em Angola, após a independência desse país em 1975, foi abruptamente encarcerado por um grupo militar do MPLA, em condições dantescas, numa cela sozinho e completamente às escuras, sendo alvo de consecutivas sevícias e castigos corporais. Para aguentar esse lancinante e angustiante cativeiro, que durou dois ou três meses, essa pessoa recusou-se entregar à tibieza e erosão incomensurável, usou a sua força mental, para se entreter e controlar as suas emoções, usando a sua imaginação, a sua absorção cognitiva, as suas lembranças o seu pensamento articulado, para compartimentar a sua mente, criando momentos introspetivos, cenários e histórias, naquele local inóspito e lúgubre, ao qual o seu estado mentalista, foi crucial para superar uma provação, que lhe podia ter custado a vida e se calhar funcionou como um incentivo no campo psicológico, para se tornar numa figura consagrada, do seio económico e empresarial. jornal

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local » tregosa

Tregosa

Os primeiros povos

por José Miranda jose.maria.chaves.miranda@gmail.com

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omo vimos, as primeiras notícias sobre a freguesia de Tregosa, datam do ano de 1079, portanto do século XI, da era de Cristo, contudo, o povoamento da atual freguesia, tem com certeza uma origem mais remota e se é prematuro assegurar que os atuais habitantes tiveram origem no conhecido Castro do Picoto dos Mouros, também não é de excluir essa hipótese. Quem com mais de setenta anos de vida, residente em Tregosa ou nas freguesias vizinhas, não se lembra de ouvir aos mais velhos contar, que no Picoto, do Monte de Tregosa, estava enterrado um sino de ouro? Claro está que se trata de uma lenda, mas como é evidente, naquele castro romanizado, viveu gente com usos e costumes muito diferentes dos atuais. Mas não é de afastar a hipótese de que ao chegar a esses povos notícias da fé cristã, tenham descido do monte para se congregarem à volta da igreja, constituindo a freguesia, tornando-se seus “filie eclésie” (fregueses). A reforçar esta ideia temos no presente os resultados, das escavações levadas a efeito no Castro do Picoto, sob a orientação do professor Tarcísio Maciel, de Durrães, que dirige o Grupo de Estudos Históricos do Vale do Neiva, com sede na Casa

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do Povo de Durrães, que levou a efeito a escavação naquele castro em 1999 e em 2000, de cujo o espólio fazem parte mais de 2100 fragmentos de cerâmica castreja e mais de 400 pedaços de cerâmica romana e ainda 18 peças, do chamado material lítico, como mós manuais, amoladores e seixos afeiçoados. A diferença numérica entre material castrejo e romano, pode significar que os Celtas tenham habitado o castro e permanecido no local mais séculos que os romanos. Segundo aquele ilustre arqueólogo, o Picoto dos Mouros teve a sua origem no Paleolítico, período da pré-história também designado por “período da pedra lascada”, mas o espólio encontrado, diz respeito a um tempo de ocupação, situado entre os séculos IV e VII, admitindo, contudo, ter-se prolongado até uma fase mais tardia, a da romanização, podendo ter chegado à Idade Média. A ser assim, essa permanência seria coincidente com as primeiras

notícias da freguesia de Tregosa, umas vezes assinalada como tendo por padroeiro, S. Miguel e outras Santa Maria, sendo posta em dúvida, como vimos, se seria a mesma Igreja, contudo, é sabido que o povo da freguesia de Tregosa tinha muita devoção a S. Miguel, até porque nas recentes obras (1980-1990) de beneficiação da igreja paroquial, segundo informação fidedigna, apareceu um nicho com “pintura a fresco”, coberto de argamassa que era o local da imagem de S. Miguel, lamentando-se que o nicho, que era muito antigo, não tenha sido preservado. Mas os habitantes de Tregosa têm origem muito remota, porque o Picoto do

Alto dos Mouros, foi habitado conforme se lê no trabalho do professor Tarcísio Maciel, (ver os que escreveram sobre Tregosa), povoação, que possivelmente fez parte da freguesia de Cardoso, que ao ser extinta, ficou dividida territorialmente entre Fragoso e Tregosa, por isso, esta freguesia ao receber habitantes da sua parte, viu aumentada a população, porque os residentes da freguesia extinta, para evitarem o seu isolamento, devem ter descido do alto do monte, onde se situava o povoado, para se juntarem aos que já viviam na encosta, em redor da Igreja. in “Tregosa no Passado e no Presente” pág. 14 – Manuel Costa Pereira


autarquia » apontamentos históricos

Durrães na vanguarda autárquica

Boletim Autárquico de Durrães

por Domingos Costa domingosdacunhacosta@gmail.com

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nicio o artigo confessando ter desconfianças em expor este sensível tema. Também reconheço as minhas limitações, todavia, contrariando-me, redobrarei esforços para enfrentar as condicionantes de forma a não desapontar o estimado leitor e autárquicos. Portanto, se nada obstar e por considerar relevante, abordarei alguns tópicos publicados em Boletins Autárquicos da freguesia de Durrães. O Presidente da Assembleia de Freguesia de Durrães, Sr. António Luís Maciel Castro Pinheiro, pensou, idealizou e seguidamente concebeu o “Boletim Autárquico” da Freguesia de Durrães, Concelho de Barcelos. A ideia deste projeto, creio-o manifestamente lou-

vável, porque não é frequente a publicação de boletins autárquicos em freguesias. Para levar avante o projeto e com sucesso, teve necessidade de reunir os elementos necessários, depois avalia-los, coordena-los, equacionando os prós e contras, calcular a aceitabilidade, e com inteligibilidade apresentar o projeto, para depois, com sentido responsável político e social, amorosamente gerá-lo e posteriormente o distribuir – gratuitamente – pela população. Por consequência, tornou-se pública a edição n.º 1 do Ano I, no dia 17 de abril de 1994, o qual, retrata fielmente e de forma detalhada, as deliberações das Assembleias de Freguesia. Inicio por apresentar o suporte das despesas inerentes à publicação do referido “Boletim Autárquico”: São suportadas “…pela quase totalidade dos membros da Assembleia e pelos elementos da junta”. No sentido de acalmar os ânimos da população, é referido que se tem “…de dizer isto, não por imodéstia,

mas para sossego de alguns espíritos (…) o orçamento da Junta de Freguesia não será sobrecarregado com esta despesa (…) pelo menos no nosso mandato”. No domínio da ilustração e paginação, não há custos, dado o trabalho ser totalmente executado pelo Sr. António Luís Pinheiro. Na primeira página, o mentor e executor deste projeto Sr. António Luís Pinheiro, sensibiliza todos os habitantes de Durrães com duas mensagens: A primeira e em Editorial com o título “Servir Melhor”, o Presidente da Assembleia destaca a importância do Boletim no relacionamento entre Autarquia e População. Será digno assinalar, que este projeto ao ser concebido, veio permitir a todo o cidadão impossibilitado ou não por motivos alheios de participar nas Assembleias, de ler e inteirar-se das deliberações tratadas nelas, permite ainda, esclarecer eventuais dúvidas sobre assuntos assumidos e aprovados pela junta de freguesia.

Sensatamente advoga que o Boletim Autárquico serve ainda para fornecer informações adicionas a nível geral, visando – por inerência – engrandecer a cultura. Assim sendo, – no primeiro número –, debruça-se em “Apontamentos Históricos” relativos à autarquia. Em jeito apelativo, sensibiliza – e convida – a população para apresentar sugestões, advindo com essa colaboração uma elevada valorização sobre o funcionamento da junta e do suprarreferido boletim. Por outro lado, com brio esclarece que o boletim “será um trabalho modesto, como simples, e de modestos conhecimentos, são as pessoas que o executarão”. O Sr. Presidente da Assembleia, termina a sua mensagem sobre obras e “… projetos que estão em curso”, diz serem “de muito interesse social. Vamos necessitar da boa vontade, ajuda e opinião de todos”. O Presidente da Assembleia a finalizar diz ainda: Queremos elevar Durrães e Servir Melhor!

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ensino » consequências da pandemia

Ensino à distância, rumo à transição digital

por Manuel Vitorino azevedovitorino@protonmail.com Diretor do Agrupamento de Escolas de Monserrate

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olvido quase um ano sobre o primeiro confinamento imposto pela pandemia do COVID-19, as escolas viram-se novamente confrontadas com a passagem do regime presencial para o regime não presencial (ensino a distância). O contexto é diferente, pois há toda uma experiência adquirida do primeiro confinamento e da gestão dos casos confirmados de COVID-19, que obrigaram ao isolamento profilático de algumas turmas durante o 1.º período deste ano letivo, que se traduz num conjunto de aprendizagens realizadas por todos os atores educativos, que permitem encarar esta situação com relativa normalidade. Em primeiro lugar, a escola é chamada a cumprir a sua função social, com um olhar mais atento e com maior sensibilidade para os problemas socieconómicos dos seus alunos e das suas famílias, combatendo este factor determinante na diferenciação dos resultados escolares. Com as atividades letivas suspensas, é preciso assegurar refeições aos alunos cujas

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famílias precisam deste apoio. Em várias situações, somos interpelados a ajudar todo o agregado familiar em dificuldade, através da sinalização destas situações para as entidades que estão no terreno (Câmara Municipal, Cáritas, etc). Apesar do confinamento, continuamos a garantir o acolhimento das crianças de pais que integram profissões essenciais. Preparamos o regresso das atividades letivas à distância. Reavaliamos necessidades, emprestamos computadores portáteis para os alunos do ensino secundário abrangidos pela Ação Social Escolar, outros da escola, incluindo desmontagem de equipamentos de salas de informática com software específico, outros cedidos pelo Município. Em todo este processo mobilizamos recursos para dar respostas consentâneas com as realidades dos nossos alunos. Temos em funcionamento um serviço de helpdesk através dos alunos do curso profissional de gestão de equipamentos informáticos, orientado pelos seus professores, que permite ultrapassar dificuldades técnicas. Reparamos equipamentos. Os serviços de psicologia e orientação escolar têm garantido o acompanhamento dos alunos, por exemplo, no apoio individualizado para as situações referenciadas pelos professores e diretores de turma e solicitadas pelos alunos e encarregados de educação, bem como na

orientação escolar e profissional. Os docentes têm realizado formação em ferramentas digitais, num trabalho colaborativo que tem permito rentabilizar as competências que muitos têm neste domínio, ajudando os que apresentam mais dificuldades a superarem-nas. Asseguramos ensino presencial para aqueles que estão identificados como sendo ineficaz mantê-los num regime não presencial, e que neste momento, implica o regresso de alunos do ensino profissional para finalizarem formação em disciplinas técnicas de carácter oficinal e a realização de formação em contexto de trabalho nas empresas. Sabemos que o ensino à distância não é uma trans-

Escola Secundária de Monserrate

posição do ensino presencial. Para além da assimetria que existe no acesso à tecnologia (equipamentos informáticos, rede de internet) e nas condições socioeconómicas das famílias, o ensino à distância implica uma aposta em metodologias ativas de ensino e de aprendizagem, realização de mais trabalho autónomo pelos alunos, diversificação de processos de recolha de informação, privilegiar a avaliação formativa. Tudo isto exige tempo de maturação para professores, alunos, pais e encarregados de educação, pelo que este período que estamos a viver comporta dinâmicas de mudança que já vamos institucionalizando no nosso quotidiano. Constituem bons exemplos, a utilização das plataformas electróni-


ensino » consequências da pandemia

cas (Moodle, Classroom, Zoom...), que se vai consolidando nesta interação à distância, no ensino e na aprendizagem, na realização de reuniões, webinares, formações. Podemos afirmar, que já estamos a viver a revolução da educação 4.0, acelerada pela pandemia. Está em curso a designada transição digital, que se pretende operar na sociedade portuguesa. É muito mais do que a massificação do uso da tecnologia. É um novo quadro mental, neste caso, para o funcionamento da escola tal como a conhecemos, para os processos de ensino, formação, que apelam à crescente autonomia de alunos/formandos, permitindo também adequar estes processos aos ritmos e estilos de aprendizagem de cada um, tendo em conta o perfil dos alunos à saída da escolaridade obrigatória. Para manter a coesão na frente desta batalha, importa manter: i) a motivação dos alunos para as aprendizagens, num clima de as-

sertividade na relação pedagógica à distância; ii) o compromisso dos profissionais da educação, designadamente dos professores em proporcionar as condições para que todos os alunos possam aprender (recuperar/consolidar aprendizagens), desenvolvendo novas competências e literacias digitais; iii) a articulação dentro da comunidade educativa, com uma atitude colaborativa de todos os seus membros que induz proximidade e interações positivas: na relação interpares, com os alunos e encarregados de educação, serviços e parceiros da comunidade. Por tudo aquilo que atrás referi, e apesar de todos os constrangimentos, a escola mostra uma louvável superação que permite encarar com esperança os desafios da educação das nossas crianças, jovens e adultos neste contexto de ensino à distância, para que regressando às atividades presenciais, possamos consolidar o trabalho agora desenvolvido.

Agradecimentos da família enlutada A Família do Alípio Almeida Ferreira agradece todas as manifestações participadas neste momento doloroso das nossas vidas. Dirigimo-nos nesta nota de agradecimento, em especial, aos elementos da Tertúlia que integrava, onde amigos e companheiros se unem à nossa dor. As palavras nesta fase são difíceis, mas todas com um significado maior, pois um abraço seria o mais justo para acalmar esta dor. Todas as mensagens que nos chegam são fantásticas, família, amigos, companheiros e conhecidos são agora uma das formas de recordar quem amamos. Apetecemos dizer-vos, o que com certeza conhecem e sabem, nós amamos muito o nosso Pai. O nosso Pai, com a sua companheira de vida, cuidou de constituir uma família unida o que nos torna mais fortes e preparados para a vida. Ele na imagem do Pai, é o nosso herói, é o nosso guia, é o nosso protetor e animou sempre a família para que ela fosse o cerne da vida, das relações, do sucesso, do amor, mas também para que soubéssemos cuidar na dor e nos momentos menos bons. Hoje, e desde que nos tornamos adultos, agradecemos sempre aquilo que, ele e a nossa mãe construíram, uma família. Como todas e muitas neste mundo, felizmente, mas da qual nos orgulhamos, onde o uso, os costumes e hábitos foram sempre para que os elementos da família estivessem felizes e que em torno deles, os nossos pais, fossem criadas condições para que a felicidade acontecesse. Assim, ficamos com um abraço para todos vocês. Sempre que entenderem devem partilhar mensagens as quais serão sempre bem acolhidas. Vivemos a dor, conhecida por muitos, da perda do Marido, do Pai e do Avô, vivemos na certeza que ele vai continuar a proteger-nos. Agradecemos as vossas palavras. Até breve. A Esposa – Angelina Rio. Os Filhos – Pedro, Teresa, Estela e Lurdes Almeida. O Genro e Nora – Filipe e Elisabete. Os Netos – Carolina e Rodrigo. Carvoeiro, 25 de janeiro de 2021 Domingos Costa

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local » informação autárquica

Forno comunitário na Azenha do Bonfim

por Adão Lima Autarquia de Vila de Punhe

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autarquia de Vila de Punhe assumiu os esforços necessários para dotar a Freguesia de um novo edifício capaz de transmitir à população afazeres de outrora. Assim, estão a decorrer trabalhos de preparação para a construção de um forno comunitário. Localizado no Largo do Bonfim, lugar de Arques, o edifício, agora adquirido, foi, em tempos, um moinho de água. Reconverte-lo num forno comunitário, onde virá a ser possível cozer pão, torná-lo-á em mais um equi-

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pamento a acentuar o desenvolvimento turístico, social, recreativo e cultural da freguesia de Vila de Punhe e do seu meio envolvente, o Vale do Neiva. A azenha encontrava-se muito descaracterizada devido ao desuso e aos antigos trabalhos de manutenção que a levaram a perder a traça que a identificava enquanto moinho. Os presentes trabalhos no edifício abrangem a execução de uma nova cobertura em telha cerâmica de barro vermelho, a substituição das caixilharias em alumínio por portadas em madeira, a alteração do revestimento das paredes exteriores e

interiores, a colocação do forno e lareira e a requalificação do espaço envolvente com espaços ajardinados bem como, colocação de mesas e bancos. O facto da Junta de Freguesia ter assumido mais este projeto deve-se à ausência, nas proximidades, de um forno comunitário o que,

certamente, proporcionará mais um local disponível para encontros, convívios e confraternização ao dispor da comunidade. Esta nova oferta vem, também, alargar a área de lazer do parque do Bonfim, pois estes espaços confinam entre si e se complementam no que oferecem aos visitantes.


história » caminhos de ferro

Curiosidades disseminadas

Regulamentos dos serviços de transportes em Portugal

por Domingos Costa domingosdacunhacosta@gmail.com

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m continuação do tema anterior sobre vigilantes, direi que a sua função na estação é impedir a entrada nas salas de espera de utentes não possuidores do seu título de transporte, ou portadores de uma licença. Também não permitem que os utentes entrem na sala de espera embriagados ou portadores de objetos inoportunos, com dimensão exagerada, malcheirosos ou agressivos, portadores de foices, serras, machados, navalhas, ou seja, de objetos cortantes ou perfurantes. Com exceção quando estejam bem-acondicionados, verificando se porventura as armas de fogo estavam descarregadas.

verde colocada na cauda de um comboio, – quando devia estar a encarnada –, indica que circula atrás de si um comboio especial; a vermelha fixa ou agitada determina paragem; quando uma luz encarnada se encontra na frente da locomotiva, indica que o movimento é em contramarcha, depois de ter parado e autorizado a recuar com todas as medidas de segurança. Presado leitor, recordo que esta sinalização, assim como os regulamentos, e outros documentos, não correspondem em absoluto com a atualidade. De seguida apresento as seguintes notas: É de notar que o uso das lanternas, “…faz-se à mão ou por meio de hastes de madeira fixas na terra por

não haver empregado que as segure”. Todo o condutor de locomotivas e fogueiros, que se encontrem em estado de embriaguez na hora de serviço, serão imediatamente despedidos. Os fogueiros têm a seu cargo a alimentação do fogo, as manobras dos freios e ensebamento dos tenderes. Os Aspirantes ou praticantes de condutores de locomotivas, bem como os fogueiros, em princípio devem ser selecionados entre os operários das oficinas de reparação das mesmas. Também os limpadores e os encarregados da lavagem das locomotivas que se distinguirem na prestação de serviço, comportamento e inteligência, também poderão

ser nomeados para desempenharem a função de fogueiros. Ensebadores e sua função: O ensebador tem como função encher as caixas com sebo e as de azeite com azeite, mas antes, deve proceder a uma limpeza rigorosa à caixa, e se porventura encontrar limalhas ou areias no sebo, deve verificar o estado de conservação do moente e do coxim. Portanto se encontrar algum coxim quebrado, os sorvedores tapados, algum moente guinchando, ou quando alguma caixa aquece em demasia, deve esse veículo ser retirado do comboio.

in “Compilação de Diversos Documentos relativos à Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses de 1915” parte 2, pág. 220-235

Sinais que garantiam a circulação dos comboios: Lanterna de sinais com três vidros, um branco, outro verde e outro vermelho. O branco, indica ao maquinista que a via está desimpedida; o verde determina afrouxamento local no percurso do comboio; verde alternada com a encarnada, anuncia reduzir a marcha num espaço prolongado; luz jornal

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MEDIDAS GERAIS HIGIENE DAS MÃOS

ETIQUETA RESPIRATÓRIA

Lave frequentemente as mãos com água e sabão ou use uma solução à base de álcool�

Quando espirrar ou tossir, tape o nariz e a boca com um lenço de papel ou com o braço, mesmo se tiver máscara�

USO DE MÁSCARA

SE TIVER SINTOMAS

Use a máscara: • em espaços fechados • em locais abertos quando não for possível manter a distância de segurança�

Não vá trabalhar� Caso o seu filho tenha sintomas, não o leve à escola� Evite sair à rua se estiver doente�

DISTANCIAMENTO FÍSICO

REDUÇÃO DE CONTACTOS

Mantenha a distância de 1,5 a 2 metros das outras pessoas�

Sempre que possível, limite o número de contactos físicos com outras pessoas�

VENTILAÇÃO DOS ESPAÇOS

LIMPEZA DAS SUPERFÍCIES

Mantenha os espaços bem arejados� Opte por ventilação natural�

Limpe e desinfete as superfícies com frequência�

SE TIVER ALGUM DOS SEGUINTES SINTOMAS: ºc

TOSSE

FEBRE

#SEJAUMAGENTEDESAUDEPUBLICA #ESTAMOSON #UMCONSELHODADGS

DIFICULDADE RESPIRATÓRIA

PERDA OU DIMINUIÇÃO DO OLFATO OU PALADAR


história » caminhos de ferro

Governo convida engenheiro Francês Mr. Waltier (continuação do texto da edição anterior)

por Domingos Costa domingosdacunhacosta@gmail.com

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parecer deste engenheiro é preciso e conciso, dado apresentar minuciosos detalhes com perspetivas importantes, considerando até pormenores do leito do rio Tejo a nível da largura, altura e sua velocidade. Alude como se poderia obter mais benefícios no grande Alentejo, designadamente para Évora, apelidada de celeiro de Portugal. Dir-se-á que se porventura se construísse uma linha férrea para Sul, permitiria o transporte do que se produzia no vasto Alentejo, porque o presente transporte, oferece assinalável dificul-

dade ao faze-lo pelo do rio Sado e Guadiana. Previa-se ser uma província rica e com futuro, mesmo com o solo relativamente áspero, árido, seco e magro. A apreciação que também faz, é que o caminho-de-ferro ao ser muito útil para o Alentejo, trazia como inconveniente a questão de despesas na sua construção. Não era de nada proveitoso para quem o construísse. Considerações Gerais sobre as Diretrizes: Caráter e fim principal do Caminho Como referido, a missão do engenheiro em Portugal, consistia em estudar duas linhas férreas, uma para o Porto e outra para Badajoz. Depois de os comboios chegarem ao Porto, o horizonte era o Norte. As províncias são férteis, – todavia desertas –, por isso será importante estabelecer ligações que satisfaça as suas necessidades e repovoamento.

O principal interesse seria colocar a maioria dos Distritos ligados entre si, ou seja, penetrar com mais intensidade no coração do território nacional, e simultaneamente à Europa. O engenheiro Mr. Waltier, deixou registos de que o traçado com deliberação racional, seguiria paralelo ao Tejo, e de seguida penetrar com profundidade no centro do País, por Santarém, Punhete (ou Constância), Abrantes, Coimbra, Viseu e Lamego. Em Viseu, devido à sua posição estratégica, um bifurcaria para o Porto e outro Para Torre de Moncorvo, para assim evitar a volta por Madrid, seguindo depois para Espanha e França por Burgos. Este traçado pecava por atravessar as montanhas da Beira, ou seja, considerando as três cumeadas principais, as quais separam o Tejo, o Mondego, o Vouga e o Douro, desta forma, elevava

sobremaneira os custos de construção, contando ainda em desfavor a produção ser manifestamente desvantajosa, bem como a densidade populacional, contando ainda, a travessia dos rios. Ao passarem no sopé da serra da Estrela, – ou seja, quando na sua peregrinação investigacional do percurso –, deixou registado esta frase: – “…cruzando a serra da Estrela, cujos cumes estão coroados de neve perpétuas…”. E hoje? É descrito outro percurso de linha férrea para o Porto, o projeto contemplou duas diretrizes: uma a partir de Santarém passaria por Tomar, Pombal, Coimbra e Ovar. A outra variante seguiria por Avelãs, passando depois pela estrada real por Águeda, Albergaria a Velha e Oliveira de Azeméis.

in “Compilação de Diversos Documentos relativos à Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses de 1915”, pág. 44-121, 126

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história » ataque à vila olímpica de munique

O Massacre de Munique (1972)

por Amaral Giovanny amaral.giovanny@gmail.com

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a madrugada de 5 de setembro de 1972, oito jovens palestinos vestidos como atletas escalaram a cerca de um dos portões da Vila Olímpica de Munique. Foram vistos, mas não despertaram suspeitas. Acabaram confundidos com atletas voltando de alguma festa na cidade alemã, mesmo que trouxessem em suas mochilas esportivas granadas e rifles Kalashnikovs. Alguns minutos depois, fariam uma dezena de atletas israelenses reféns. O barulho no corredor do apartamento acordou o árbitro de luta romana Yosef Gutfreund, que, ao perceber algo errado, tentou bloquear a porta. Foi tempo o bastante para o levantador de pesos Tuvia Sokolsky escapar por uma janela antes que o quarto fosse invadido. Neste momento, o técnico de luta romana Moshe Weinberg tentou se defender, mas foi baleado. Os jovens palestinos foram a outros apartamentos e reuniram 12 reféns. Por volta das 5h da manhã, Weinberg, o levantador de pesos Yossi Romano e o lutador Gad Tsabari tentaram escapar. Apenas o último conseguiu. Os outros dois foram mortos pelos terroristas do grupo Setembro Negro, li-

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A tentativa de libertação dos reféns foi um fiasco: 15 mortos e um helicóptero destruído

Oito jovens palestinos vestidos como atletas escalaram a cerca de um dos portões da Vila Olímpica de Munique. Foram vistos, mas não despertaram suspeitas. gado à Organização para a Libertação da Palestina (OLP). A entidade defensora do Estado palestino havia aderido ao terrorismo, principalmente, após Israel vencer a Guerra dos Seis Dias (1967) e anexar ao seu território a Cisjordânia e a Faixa de Gaza. Foi justamente a Vila que roubou a cena. Após os primeiros disparos contra os atletas isralenses, não demorou para que milhares de policiais cercassem os alojamentos e darem início às negociações. O Setembro Negro queria a libertação de 200 árabes presos em Israel e dos alemães Ulrike Meinhof e Andreas Baader,

integrantes da Facção do Exército Vermelho detidos no país. Caso as exigências não fossem cumpridas até às 9h da manhã, os reféns morreriam. O governo israelense da primeira-ministra Golda Meir se recusou a conversar com os palestinos e a negociação se estendeu até a noite. Os militantes pediram um avião para o Cairo, levando consigo os reféns. Foram atentidos pelos negociadores, que transportaram o grupo e os atletas em dois helicópteros para a base militar de Fürstenfeldbruck, a oeste de Munique. Lá, os terroristas deveriam ser rendidos pelas autoridades. Os palestinos haviam terminado de inspecionar o avião que os levaria ao Egito quando a polícia alemã abriu fogo, mas não conseguiu imobilizar os oito militantes do Setembro Negro. Os oficiais estavam pouco preparados e não sabiam exatamente o número de pessoas armadas no grupo.

Além disso, os helicópetos pousaram fora do local combinado, prejudicando a visão dos franco-atiradores. Em meio à troca de tiros e com a chegada de reforços das forças alemãs, os palestinos lançaram uma granada em um dos helicópteros e abriram fogo contra o outro. Todos os nove reféns morreram, assim como o piloto de um dos equipamentos e um policial. Os jogos ficaram suspensos por 34 horas e a delegação israelense se retirou em 7 de setembro com os corpos dos atletas mortos. Os jogos, contudo, continuaram após a insistência do então presidente do Comitê Olímpico Internacional Avery Brundage. Apesar da tragédia, o evento contou com a participação de mais de sete mil atletas de 122 países entre 26 de agosto e 11 de setembro. Entre eles, o nadador norte-americano Mark Spitz, vencedor de sete ouros em Munique. O recorde de maior número de ví-


história » ataque à vila olímpica de munique

As autoridades alemãs ignoraram avisos explícitos sobre um ataque terrorista nos Jogos. torias em uma única edição das Olimpíadas foi superado apenas por Michael Phelps em Pequim 2008. Negligência alemã? A revista alemã Der Spiegel divulgou na última semana documentos oficiais a apontar que as autoridades do país ignoraram avisos explícitos sobre um ataque terrorista nos Jogos, além de

tentarem encobrir o resultado e os erros dos envolvidos. Segundo a publicação, em 14 de agosto de 1972 um oficial da embaixada alemã em Beirute, no Líbano, ouviu que “um incidente” causado por palestinos ocorreria nos jogos. Quatro dias depois, o Ministério das Relações Exteriores alertou a agência de inteligência da Bavária, estado onde fica Munique, recomendando a adoção de todas as medidas de segurança possíveis contra o eventual ataque. As agências de segurança, no entanto, nem sequer registraram os avisos publicados na imprensa internacional.

A vingança Após a operação de resgate das autoridades alemãs ter resultado na morte dos 11 atletas, o governo israelene criou um grupo para investigar o caso e a premier Golda Meir ordenou uma vingança. O objetivo era eliminar os membros do Setembro Negro com relação direta e indireta ao atentado, além de suas lideranças principais em uma lista com dezenas de nomes. Assassinos profissionais do Mossad, serviço de inteligência de Israel, comandaram a operação “Ira de Deus”, que em sete anos

e cinco meses matou terroristas palestinos na Itália, França, Chipre, Grécia, Líbano e Noruega. Em 22 de janeiro de 1981, a operaçào terminou com a morte de Ali Hasan Salameh, um dos mais importantes chefes do grupo. O governo nunca admitiu a sua existência, mas com o fim da ação um ex-agente do Mossad confirmou publicamente a realização dos assassinatos. O mentor do ataque, Abu Daoud, não foi morto. A saga da vingança israelense foi contada no filme “Munique” de Steven Spielberg.

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crónica » literatura

Personagens femininas inesquecíveis

por Daniela Maciel dani18maciel@hotmail.com

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8 de março comemorou-se o Dia Internacional da Mulher, data que foi reconhecida oficialmente pela Organização das Nações Unidas, em 1975. É um dia em que se pretende relembrar as conquistas sociais, políticas e económicas das mulheres, embora haja ainda muitos obstáculos e desigualdades na lei e na cultura de muitos países, onde a mudança se tem mostrado difícil e lenta para a maioria das raparigas e mulheres. A literatura também nos dá a conhecer mulheres de grande força e caráter, com histórias de vida que as tornam inesquecíveis para o leitor. De seguida, apresento-lhe 4 dessas mulheres, quatro leituras contemporâneas capazes de agradar a muitos leitores. Kya Lá, Onde o Vento Chora, de Delia Owens, foi um dos livros que li recentemente e cuja história decorre nos EUA, em 1952. Este drama dá-nos a conhecer Kya, uma criança de uma coragem extrema. Vive

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“Lá, Onde o Vento Chora” Delia Owens 2019

numa cabana junto a um pantanal e, aos seis anos, é abandonada pela mãe. Mais tarde, os irmãos acabam também por sair de casa, bem como o pai. Ela fica então completamente sozinha, tendo de aprender a sobreviver e a ser autossuficiente. À medida que acompanhamos o crescimento de Kya, vamos conhecendo uma menina muito isolada, esquiva e fugidia, com pouco contacto com pessoas e, de certa forma, com algum receio de se aproximar delas, excetuando uma ou duas com quem ela tem uma relação de confiança. A autora mostra-nos os efeitos de uma vida solitária e longe da sociedade. ●● Kya ensina-nos o que é a resiliência, a capacidade de superar obstáculos e momentos difíceis, sem contudo ceder à pressão e perder o equilíbrio emocional.

“Sonhos Proibidos” Lesley Pearse 2012

Belle Sonhos Proibidos, de Lesley Pearse, tem início em 1910, em Londres. Narra a história de Belle,

uma jovem de 15 anos que tem uma vida protegida. No entanto, tudo muda de um momento para o outro quando é raptada e levada para França, onde é vendida a um bordel. É assim que se inicia a história desta jovem heroína, prisioneira da sua própria beleza. Belle é uma personagem maravilhosa e com quem rapidamente sentimos uma grande empatia. Apesar das dificuldades, ela luta todos os dias por fugir da situação em que se encontra, pensando sempre na sua família e no enorme desejo de voltar para junto deles. ●● Belle ensina-nos o que é a perseverança e mostra-nos a importância da família nos nossos piores momentos.


crónica » literatura

mais jovem e trata-se de uma história passada num futuro pós-apocalíptico onde a América do Norte foi destruída e transformada numa nova nação composta por 12 Distritos. Todos os anos, cada Distrito é obrigado a escolher um adolescente para participar nos Jogos da Fome, uma espécie de reality show cujo lema é «matar ou morrer». Apenas um sobreviverá no final. Katniss Everdeen é uma dessas adolescentes, que se oferece para substituir a irmã mais nova nos Jogos. Forte, corajosa e destemida, Katniss enfrenta todas as situações com uma certa rebeldia. ●● Katniss ensina-nos a ser corajosos e destemidos.

“O Grande Amor da Minha Vida” Paullina Simons 2012

de comida possível antes da invasão, ela decide comer um gelado antes de ir à única loja aberta e acaba por perder o autocarro que a levaria lá. É nesse momento que conhece Alexander, um soldado, e entre os dois a atração é imediata, o que muda a vida de ambos irremediavelmente. No meio da guerra, da fome, do frio, com pessoas a morrer por toda a cidade, Tatiana consegue sobreviver. De ingénua e descontraída, acaba por se transformar numa jovem forte, bondosa e determinada. O seu amor por Alexander é belo e genuíno. Esta história dá-nos uma grande lição acerca do amor verdadeiro, de como este não dá espaço a qualquer egoísmo, mas sim a dar tudo sem receber nada em troca; a saber perdoar mesmo aquelas ações que parecem imperdoáveis e, sobretudo, a acreditar sempre. ●● Tatiana ensina-nos que o amor é maior que a vida. Estas são as minhas quatro sugestões de livros onde encontrará mulheres incríveis. Contudo, as sugestões ainda não terminaram. Questionei leitores na rede social Instagram e reuni algumas mulheres inesquecíveis que eles mencionaram.

Personagens femininas inesquecíveis Personagem Título do Livro Autor Lisbeth Salander Trilogia Millennium Stieg Larsson Louisa Clark Viver Depois de Ti Jojo Moyes Elizabeth Bennet Orgulho e Preconceito Jane Austen Amy Dunne Em Parte Incerta Gillian Flynn Diana Bishop A Noite de Todas as Almas Deborah Harkness Anna Karenina Anna Karénina Lev Tolstoi Claire Randall Saga Outlander Diana Gabaldon Scarlett O’Hara E Tudo o Vento Levou Margaret Mitchell Amelia Garayoa Diz-me Quem Sou Julia Navarro

Tatiana

“Os Jogos da Fome” Suzanne Collins 2012

Katniss Os Jogos da Fome, de Suzanne Collins, é o primeiro volume de uma trilogia dirigida a um público-alvo

O Grande Amor da Minha Vida, de Paullina Simons, é uma maravilhosa história de amor que se agarra fortemente ao coração do leitor. A narrativa tem início em 1941, durante a 2.ª Guerra Mundial, quando Hitler invade a Rússia. Tatiana é uma jovem ingénua que sonha com uma vida melhor. Desobedecendo ao pedido do pai para comprar o máximo

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cinema » sugestão ao leitor

O contágio

por Alcino Pereira alcinop@ipvc.pt

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uando em Março de 2020, a Organização Mundial de Saúde classificou excelsamente, o surto do Corona Vírus, Sars-Cov2, como uma pandemia, soçobrando a sua prédica, com um dramatismo eloquente e aterrador, o contágio já estava ramificado a nível mundial, fazendo vitimas mortais em 114 países, a uma velocidade vertiginosa. Lembro me nesse período temporal de ter assistido nas noticias, à situação catastrófica de alarme social, em Itália, ao qual dezassete tormentosos dias, foram fatais para o vírus transmitir se de maneira fulminante, provocando um acervo considerável de infetados, com uma letalidade cerca de 10%, atemorizando a população e gerando o caos nos serviços de saúde, e por conseguinte grande parte dos hospitais, a chegaram ao cúmulo da tragédia, de ter que escolher os pacientes, que podiam ser tratados e aqueles que ficavam à merce da morte, por falta de ventiladores e de oxigénio. Ficando atónito e assustado, com este pesadelo imensurável, veio à memória os cenários funestos dos filmes sobre pandemias, que apesar do seu cabaz aterrorizador e ficcional, à beira desta desgraça, já não me parecia absolutamente nada surreal.

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Cuba Gooding Jr., Kevin Spacey e Dustin Hoffman em Outbreak – Fora de Controlo (1995)

Apesar da minha constatação e comparação insólita, as mais diversas histórias de cinema, são eximias a exprimir a correlação entre enredos mais realistas e outros desproporcionais, que se evidenciam pela a sua fantasia e a quimera sórdida e indescritível, para tornar a proeminência do vírus, mais exicial na forma como se alimenta, instalando se de supetão no ser humano, com a infeção a demonstrar num ápice os seus sintomas nocivos, sendo geralmente mortífero para todos os seres humanos, não olhando a faixa etárias, nem a eventuais comorbidades, como também os contagiados a manifestarem se das maneiras mais dispares e estrambólicas, com o intuito de tornar esses enredos, numa entoação mais apocalíptica, direcionados para o género de terror, ou para patentea-

rem uma acutilância frenética e uma potestade dantesca, que produza pânico e eventual colapso, nos modos de vida de uma determinada sociedade. Em relação à sua representação eufemística, um vírus no cinema pode se revelar do modo mais cromático, como se fosse uma variante do vírus da gripe, ou pontificar se como uma patologia mais grave, provocando hemorragias graves, desintegração incontinente dos órgãos, desespero pungente que o leve ao suicídio, ou então cimentando a infertilidade transversal dos infetados, ou então aderindo a uma espécie de fábula cruel, ao qual as vitimas são contagiadas, por um parasita que os transforma em monstros ou em zombies horrendos. Porém existem algumas similitudes, entre a ficção cinematográfica e o Sars

“Outbreak – Fora de Controlo” de Wolfgang Petersen 1995

Covid 19, acerca de se lidar com o fenómeno pandémico, a proveniência do vírus, e a sua componente histórica, vemos isso nessa alusão, quando tem que se isolar as pessoas infetadas, para não contagiar aquelas que se mantêm intactas, como também é notório a atrapalhação


cinema » sugestão ao leitor

e desvario do poder político e a própria incongruência confrangedora do esculápio médico, face ao ritmo alucinante de contágio e mutação do vírus, ao mesmo tempo que a comunidade cientifica, tenta conceber um antidoto, numa corrida contra o tempo, para por termo a essa calamidade. Relativamente à origem do vírus, ela pode provir da vida animal, derivado às ameaças que afetam a conservação de espécies, biodiversidade, e ecossistemas, devido aos incêndios, à recalcitrante poluição e a emissão de gases de efeito de estufa, canalizados para a atmosfera, como também pode ser subliminarmente emanado por laboratórios, que desenvolvam armas químicas e biológicas, através de agentes patógenos, que são manipulados para tornar a matéria viral mais hostil, sendo que esse microrganis-

mo invisível, pode funcionar como um ativo beligerante, em grande escala. A constância histórica de surtos pandémicos anteriores, que deixaram o seu lastro ominoso, é também realçado nos enredos mais plausíveis, na sua anuência à ciência factual, designadamente na observância se o vírus contagioso, tem características cronológicas, se trata de uma endemia localizada, ou uma hipotética epidemia ou então se configura com contornos mais perniciosos, sendo diagnosticado como uma pandemia. Nos exemplos de cinema, que eu indico, é visível uma discrepância, entre o paradoxo terrível da ficção científica, e as outras narrativas que aparentam uma semelhança, com a envergadura da pandemia, que atualmente nos assola, não obstante essas distinções, a verdade é que elas convergem no mesmo propósito, ter um efeito devastador e destruidor da população mundial. Outbreak – Fora de Controlo de (1995) é um filme estadunidense, que demostra a preparação técnica e sofisticada, de uma equipe de investigadores, subordinados ao exército dos EUA, que de forma pressurosa e competente, é lesta e eficaz, a diagnosticar e debelar os efeitos adversos de endemias e epidemias, nomeadamente debruçando se sobre as suas implicações e o seu impacto, num determinado vernáculo regional. De modo inopinado, essa equipe liderada pelo carismático e intrépido Coronel Sam Fleming, são recrutados para perscrutar um lastro infecioso, numa pequena aldeia do Zaire, que dizimou mortalmente, grande parte dos autóctones, devi-

por Américo Manuel Santos americosantos1927@gmail.com

POEMA MARÇO

Às vezes... Às vezes até tive orgulho de ti Quando tu me reclamaste teu eu sei o que na verdade senti Quando o teu homem era eu E às vezes eu até tive prazer Nas noites que passei contigo Às vezes até achei que era viver Às vezes tudo até fazia sentido Às vezes até era suportável O mal que tu então me fazias Às vezes até parecia aceitável Aquilo que tu então me dizias Às vezes pensei que eras a tal Aquela que me iria fazer feliz Eu descobri que não eras afinal Aquela Quem eu procurei e quis

do à sua rápida e fatal transmissão. Chegando ao local, a equipe fica siderada, com a destarte impressionante e fatídica do vírus, um fenómeno igual a uma gripe com pústulas que rebentam com sangue e pus, provocando lesões irremediáveis nos órgãos, destruindo as células do ser humano, em três dias, que na sua génese molecular é igual, ao vírus denominado Motaba, que fez uma razia mortífera, há 30 anos atrás, precisamente naquele país. Apresentando

o relatório pormenorizado ao seu superior hierárquico Coronel Billy, Sam Fleming e a sua equipe são surpreendentemente afastados do caso, pois ocultamente o vírus Motaba foi maniatado e adulterado no Zaire durante 30 anos, pelo Governo Americano, para a contingência de ser usado como arma biológica, assunto que é gerido de maneira sombria, pelo prepotente e insidioso general McClintock. Contudo de forma insólita, um macaco que é o portador do vírus, jornal

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cinema » sugestão ao leitor

que gerou aquela mortandade descomunal no Zaire, é transportado por traficantes de animais para a cidade de Cedar Creek, na Califórnia, expelindo instintivamente a sua gravosa bactéria contagiosa, no jovem Jimbo e num comerciante de animais, essas contaminações vão despoletar um segmento consecutivo de infeções em cadeia, que vai causar uma mantra de óbitos e uma alucinante inquietação na cidade e no próprio Estados Unidos. Contrariando as ordens do seu chefe, Sam Fleming com o seu dinamismo destemido, desloca se num ápice, para Cedar Creek, na companhia da sua equipe, para tentar nocautear as perversidades dilacerantes do vírus Motaba, descobrindo de imediato, uma nova estirpe que se sobrevive no ar, e que se propaga infinitamente. Para travar o descalabro e a chacina daquela população, Sam Fleming com a ajuda da sua ex mulher Robby, usa toda a sua persistência e inteligência, para encontrar o macaco “o hospedeiro”, com o intuito de se criar um antidoto, através do seu manancial genético, ao mesmo tempo que os militares, liderados pelo o execrável general McClintock, equacionam um lançamento de uma bomba em Cedar Creek, para travar o contágio a outros territórios. Ensaio sobre a Cegueira (2008) é um filme nipo-brasileiro-canadiano, de género dramático, que conta a história de uma epidemia que se abateu sobre uma cidade, classificada como uma redutora desgraça, que deixou a primeira pessoa infetada, um motorista de origem japonesa, inusitadamente cego, no meio do transito, completamente atónico e

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Julianne Moore e Mark Ruffalo em Ensaio Sobre a Cegueira (2008)

aflito com o inexplicável infortúnio, parecendo que aquele vírus, foi originado de maneira latente, por alguma invetiva de um oráculo soez. Completamente perdido, sem enxergar nada a não ser uma opaca mancha branca, o individuo é ajudado por outro individuo de má índole, que o leva até à sua casa, mas aproveitando o desnorte do Japonês, rouba lhe sem apelo, nem agravo o seu carro. Apercebendo se da gravidade da situação, a mulher do Japonês, leva de imediato o seu marido a um oftalmologista de méritos reconhecidos, só que na consulta, o médico fica perplexo com o panorama patológico inexistente no doente, pois nos exames que fez, não detetou nenhuma anomalia na retina, nem na área cristalina, não percebendo qual a razão tangível para a ausência de visão, no paciente. Contudo no dia a seguir, subitamente todas as pessoas que estabeleceram

contacto direto ou indireto com o infortunado Japonês, começaram de forma transversal a ficar sem visão, desde o homem que roubou o carro, como a mulher do Japonês, o Oftalmologista e todos os seus clientes, que estavam presentes no consultório. O danoso e terrível vírus é bastante contagioso, que gera apreensão por parte dos caciques da cidade e proporciona tumultos avultados na população, as pessoas infetadas, que estão irremediavelmente cegas, ficam perenemente em quarentena, confinados num esquálido centro nos subúrbios da cidade, numa fortificação vigiada por militares, com um apontamento inusitado, é que a mulher do Oftalmologista, fazendo se de cega, totalmente imune à infeção, infiltra se no grupo, sendo determinante o seu contributo, para guiar e ajudar os desditosos cegos, nesse cativeiro. Com o aumento progressivo da in-

“Ensaio Sobre a Cegueira” de Fernando Meirelles 2008

festação, o local começa a receber mais pessoas, sem luz ao fundo do túnel, mas com a agravante de nessa remessa, estarem incluídos no pacote, pessoas reles e sem escrúpulos, que vem acompanhadas de armas de fogo, o sítio começa a ficar perigoso, conflituoso, alarvado, devido ao estado deplorável da cegueira, que afeta todos por igual, só como uma réstia de esperança, a mulher do oftalmologista que pode ser o veículo, para a redenção dos mais decentes e honestos.


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Kate Winslet em Contágio (2011)

O Contágio (2011) é um filme Estadunidense, que em muitos aspetos é uma osmose ficcional, com a idiossincrasia que se gizou em torno da pandemia do Covid 19, pois parece que nas entrelinhas, o enredo estava a procrastinar, esse inopinado surgimento, nestes tempos hodiernos. Imbuído nesse registo, forma se o inexorável vírus, que é fatídico para a saúde publica, transmitindo se através de fómites, não sendo travado na procedência, dirige se para outros países, causando a sua torcionária expansão, desencadeando de imediato a eficaz intervenção das entidades competentes, a nível mundial, reforçando a necessidade do distanciamento social e a premente quarentena para os enfermos, quando o fenómeno é classificado como uma pandemia, como também potencia o surgimento de laivos bizantinos

nas redes sociais, e a natural implosão da agitação popular, até ao culminar da descoberta da feérica vacina. Contado através de uma resenha acelerada, pragmática e comprimida, o enredo faz o viés a largos passos, numa retrospetiva diária, com o introito do filme a focar se na primeira personagem infetada, que em 4 dias dilacerantes, de um modo repentino, apresenta um quadro de mal estar geral, febre alta, tonturas, convulsões e consequente morte por encefalite, estamos falar da esbelta Beth Emhoff, que na sua estadia em Hong Kong, é contemplada por uma doença algoz, originada por uma infeção, oriunda de uma conjugação abstrusa, na cadeia alimentar, entre um Morcego e um Porco. Regressando a Chicago, Beth Emhoff já denota sintomas de alguma tibieza física, piorando

“Contágio” de Steven Soderbergh 2011

imenso no dia a seguir, falecendo nesse entretanto, para incredulidade e choque do seu marido Mitch Emhoff, que ainda não refeito dessa contrariedade, repara ao chegar a casa, que o seu enteado Clark, está morto, supostamente por ter sido contagiado, com a doença misteriosa da sua mãe. Com um contágio de fácil propagação, constata se em ínfimos dias, que o vírus é mortal para 50% da população padecida, espalhando se pela as grandes cidades do mundo, proporcionando

a chamada ao cotejo da Organização Mundial de Saúde e os Centros de Controle e Prevenção de Doenças, que providenciam a ida para a linha da frente, de três prestigiadas técnicas, divididas em três tarefas nucleares, uma para investigar a fonte do contágio, outra para dirimir a sua deflagração e outra para conceber uma cura, através das células do vírus identificado como MEV-1. É nesta ecologia ingrata e de turbulência viral, que a imponência das redes sociais, faz emergir o blogueiro cabotino Alan Krumwiede, que contamina a opinião publica, com teorias infundadas e sem nexo, acrescentando mais pânico, ao pântano generalizado, mas contando com o rebate e empenho das entidades OMS e CDC, que vão ser preponderantes, para salvar o mundo dessa pandemia. jornal

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cinema » sugestão ao leitor

Brad Pitt em World War Z (2013)

World War Z (2013) é um filme Estadunidense, que faz uma dicotomia estereotipada entre ficção cientifica e o terror, usando o cliché de um vírus irascível, que se transmite com ataques de uma ferocidade indomável, gerando a proliferação de criaturas zombies, que perpetram a confusão e a tremenda entropia, do salve se quem puder, nas grandes áreas metropolitanas de todo o mundo, que vai proporcionar uma guerra entre os ogres inoculados e aqueles que permanecem saudáveis, com consequências imprevisíveis e que poem em causa o equilíbrio mundial, em termos de sobrevivência da população, soberania das nações, extensão territorial, recursos e poderio militar. Tendo supostamente o

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contágio, ter se propagado através de origem animal, uma espécie de zoonose, derivada da doença da raiva, que se perpetuou como um sortilégio medonho, no ser humano, que transformados em zombies, ficam automaticamente dotados de uma grande força física e de uma agilidade lancinante, atacando barbaramente com mordeduras fervorosas os outros seres vivos, contagiando os de imediato, num espiral incomensurável, que pode extinguir a própria civilização, se os seres racionais, não porem cobro a esta tendência destruidora. Apanhado nessa avalanche sanguinária, o putativo herói da contenda, Gerry Lane ex-funcionário da ONU, que foi inospitamente surpreendido, com esta violência desmedida,

consegue ele e a sua família escapar ilesos, a um maldito surto originado em Filadélfia, tendo sido in extremis resgatados por uma força militar dos EUA. Instalados numa infraestrutura em alto mar, que está a coordenador a crise em diversos pontos do hemisfério mundial, Gerry devido às suas credenciais meritórias, é requisitado pelas entidades governamentais, sendo destacado para a Coreia do Sul, onde supostamente surgiu o primeiro caso de Zombies. Aterrando com uma equipe de soldados das forças especiais, na cidade Coreana de Gyeonggi, são nesse ínterim, logo atacados de modo intempestivo por uma turbamulta de Zombies, que dia para dia crescem abismalmente, com

“World War Z” de Marc Forster 2013

Gerry mais uma vez, a usar toda a bravura e destreza, para eliminar alguns deles e evitar a fatal infeção. Prosseguindo com o objetivo da missão, apesar das fustigadoras contrariedades, não consegue na sua passagem pela a Coreia, descortinar nada de conclusivo, Gerry parte logo de seguida para


cinema » sugestão ao leitor

Mireille Enos e Sterling Jerins em World War Z (2013)

Israel, para apurar eventuais informações pertinentes acerca do surto pandémico, chegando ao destino, depara se com um muro gigante ao redor de Jerusalém, que foi construído com uma celeridade irrepreensível, para evitar a entrada de zombies, não obstante essa eventual proteção, nesse momentos instantâneos, os zombies atraídos pela a densidade populacional, no outro lado do muro, empilham se uns nos outros, e muitos conseguem penetrar escalando o muro, gerando a abrupta azáfama da aflição, com Gerry a fugir do caos que se acalentou, contudo instintivamente repara numa cena curiosa,

em que o idoso e um rapaz careca com roupa de hospital, não são atacados, pela a ostensiva caterva de gulas, talvez por terem uma patologia grave, que não seja aliciante e propensa à infeção. Nesse entretanto, Gerry percebe que pode ter encontrado a solução providencial, para acabar com esse flagelo humanitário. Sintetizando esta semântica plangente e assustadora, consubstanciado pela as narrativas cinematográficas, uma coisa é certa, que apesar das adversidades pavorosas e das contingências mortais, o homem tanto na vida real, como na ficção cénica, tem usado todo o seu cardápio cognitivo e

sapiência dissuasora, para conter e erradicar qualquer vírus infecioso, mas se as gerações atuais e as vindouras, não tomarem medidas a curto e médio prazo,

para salvar o nosso planeta, do aquecimento global, do risco climático, num dia se calhar, não tão longínquo, as coisas podem descambar, num processo irreversível.

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conhecimento » mitos e lendas

Para além dos pilares de Hércules

por Fernando Fernandes fjfernandes1975@gmail.com

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imeu e Crítias, dois contos escritos pelo filósofo grego Platão onde a referência a uma civilização muito avançada é feita pela primeira vez. É descrito que Sólon, um estadista, poeta e legislador grego, durante as suas viagens ao Egito, ouve a história através de um sacerdote que relata uma guerra longínqua entre Atenas e um povo que vivia numa ilha para lá das colunas de Hércules: de seu nome... Atlântida. Quando o Panteão grego reparte a Terra entre si, reza a lenda que Atenas foi entregue à deusa Atena e ao deus Efesto, ao passo que a Atlântida foi entregue a Poseidon, rei dos Mares. Apaixonando-se por uma órfã de nome Cleito, Poseidon criou um conjunto de muralhas e fossos para poder viver com a sua amada na Atlântida. Dessa relação nasceram cinco pares de gémeos, sendo que o primeiro de todos a nascer recebeu o nome de Atlas. Daí a derivação do nome da ilha ou suposto continente, segundo Platão. Segundo os relatos, seria riquíssima em minerais, ouro, prata cobre, ferro e particularmente em oricalco, um metal que brilharia como fogo. As suas construções primavam

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pelas cores e eram majestosas ao simples olhar. Porém... da noite para o dia, a Atlântida desapareceu sem deixar qualquer rasto. Naturalmente foram várias as teorias que foram surgindo para justificar o misterioso desvanecer. De acordo com Platão, estaria localizada para lá das colunas de Hércules (estreito de Gibraltar). Segundo alguns historiadores, existe a forte possibilidade ser ter sido localizada na região que engloba ao Açores, Madeira e as Canárias. Misteriosas formações subaquáticas poderão ser indício de isso mesmo. A Antártida foi também de forma bastante entusiástica associada à Atlântida. Um célebre mapa desenhado por Piri Reis no século XVI mostra um formato estranho na América do Sul e que foi

associado à Atlântida, assim como à localização não polar deste continente. Outros acreditam que poderá estar relacionado com o próprio continente americano onde já prosperavam por exemplo os Olmecas, considerada a civilização mãe das todas a culturas mesoamericanas. A abundância de ouro e prata são os fatores determinantes para tal pensamento ganhar forma. Uma das fortes hipóteses é a da enfatização da cultura Minoica que floresceu na ilha de Creta. Os contactos efetuados com os Micénicos, ances-

Da noite para o dia, a Atlântida desapareceu sem deixar qualquer rasto.

trais dos Gregos poderão ter ganho os contornos épicos com Platão, um pouco à semelhança, por exemplo, dos Senhor dos Anéis de Tolkien. Certamente que se as civilizações de hoje passassem por um evento catastrófico ao ponto da quase aniquilação, e num hipotético futuro os escritos do escrito inglês fossem encontrados, certamente, que poderiam serem vistos com a descrição de um continente, neste caso a Terra Média. Por isso, deixemos a nossa imaginação brindar-nos com todo o tipo de fantasias, tais como cidades submersas povoadas por sereias e outros seres marinhos, protegidas por transparentes cúpulas e onde Poseidon ainda se encontra no seu trono, juntamente com a sua esposa, Cleito.

Mapa de Atlântida desenhado por Athanasius Kircher em 1669. O Sul está no topo.


religião » biografia

Extratos da vida da Irmã Maria da Conceição Pinto Rocha

por Domingos Costa domingosdacunhacosta@gmail.com

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e pensamento assertivo, direi ser muito difícil escrever sobre Maria da Conceição Pinto da Rocha, a grata predestinada “Serva de Deus”. Porque, nela, a verdade é a primeira verdade, nela, não há meias verdades, nem muito menos falsidades. Por isso, afirmarei que o coração de Maria da Conceição translada extasiante amor. Ela, que doou, como diz no livro “Vida em Plenitude Amor” do Sr. Padre Dário Pedroso, S.J.; “o seu pobre coração” e pediu a Deus para que “dele fazer mil corações, corações que se abrasem no amor, sem sombra de mal, e por eles falai aos pecadores, neles conjurai seu mal”. Exatamente pelo referido, com convicção afirmo, que Maria da Conceição tinha que vir ao mundo e, o seu ser tinha de existir, e nascer numa modesta casa em Viana do Castelo. Localidade bem a norte de Portugal. Foi aos 14 anos de vida, – a residir com a sua família em Barroselas, – com prestação missionária ativa na paróquia – na altura – São Pedro de Capareiros, “que recebe do Senhor” o sopro consagrado para uma empenhada labuta como zelosa

operária ao serviço de Jesus. Para assim, “se oferecer a Jesus para sempre”. Como se ofereceu a Jesus para sempre, pensou de seguida, – com determinação – delinear a sua rota – numa abnegada dedicação – de encontro à causa de Jesus. Gradualmente multiplicou o labor a favor dos pecadores. Digamos, numa manifesta exigência na oração e dedicação mais ativa no apostolado. Como referido, o coração de Maria da Conceição, – não era seu –, era de Deus. Era do Mundo. Na pág. 242 do livro “Quereis oferecer-vos a Deus?”, do Sr. Pe. Dário Pedroso, S.J. diz em silenciosa reflexão: “Inseridas nas dores de Jesus estão as suas lágrimas. Lágrimas de amor e de dor, lágrimas de redenção e salvação, lágrimas que revelam a beleza e a grandeza do seu Coração”. Sem intenção de estabelecer comparação, julgo justo que o estimado leitor faça uma apreciação sobre a veracidade da incondicional grandeza como mensageira da palavra de Deus. Também, na página 11 do mesmo livro, sensibiliza o leitor da importância do amor e quando o amor não existe é importante alterar o rumo de vida através da conversão. Assinala ainda com ênfase, que quando há falta de verdade, assim como de justiça, é também preciso conversão. Em face da fértil herança herdada de Maria da Conceição, e de como se distinguiu em resultado das graças especiais que Deus lhe

concedeu, creio estarmos orgulhosos, porque a “Serva de Deus”, foi um exemplo digno de lhe prestarmos obediência. Direi ainda, que Maria da Conceição ao ser impelida por Deus para a concretização da sua causa, promoveu conversão. Porque possuía particularidades que lhe permitia discernir o tipo de ação humanitária e

evangélica que era necessária. Por isso é que se poderá dizer ser patente uma postura de vida Evangélica digna de menção. Finalizo deliciando os leitores, com um pensamento de Maria da Conceição: “Ser Missionária oculta, escondida no Coração de Jesus, n’Ele e com Ele ir pelos desertos sem Deus, sem pão, sem amor”. jornal

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opinião » prova de resiliência pessoal

Confi(n)a em mim

por Francisco P. Ribeiro fportoribeiro@hotmail.com

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proposta do tema de artigo de opinião de hoje pode ser redutora, mas tenho que admitir que acredito no poder das palavras e na força de vontade individual. Daí, atrevo-me a usar o termo confi(n)a, que não é meu, para a presente proposta. É um tema de uma rubrica na Rádio Comercial. Confi(n)a em mim mais não é que uma partilha que sugere o incremento na autoconfiança. Nada tem a ver com self-coaching mas uma prova de resiliência pessoal para o actual momento de mudança de ritmo e de registos. Pessoalmente, considero que possa, seriamente, a ser uma forte candidata a palavra do ano. Agora, e mais do que nunca, com a evolução das estirpes desta maleita, é importante confinar, mas também, confiar e interiorizar essa questão. Ao isolarmos do mundo, passarmos a ter maior resiliência aos fatores exógenos que nos assaltam, constantemente, sugerindo a mudança. Esclarecida o título, como proponho usar em proveito próprio? Muito simples, fazendo recurso à meditação, um instrumento que torna a mente mais forte e mais focada. Por via do exercício da meditação, aumentamos a autoconfiança e a certeza da vontade pró-

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pria. Pessoalmente, tenho esta regra: posso ter dúvidas sobre o futuro mas sei, seguramente, o que não quero no presente. Posto isto, e com recurso à meditação, à autorreflexão, proponho focarmos, no momento presente e viver o “caminho” de forma gradual, passo a passo. Fixando no momento actual, usamos o passado como instrumento de conhecimento para avançarmos com maior segurança e não dar muita importância (com as devidas medidas de segurança) à incerteza do futuro. Meditemos com o propósito de aumentar a nossa resiliência

Por via do exercício da meditação, aumentamos a autoconfiança e a certeza da vontade própria. Pessoalmente, tenho esta regra: posso ter dúvidas sobre o futuro mas sei, seguramente, o que não quero no presente. e tornarmos a mente mais forte. Mas desde já aviso, vou falar no tema mas não serei o melhor exemplo, admito, “mea culpa”. O esforço de meditação, para mim, é enorme. Só para exemplificar, na meditação, a primeira regra é parar o pensamento e cumprir o exercício sem pensar, sem refletir, sem avaliar, nada. Pois eu medito focado numa lata de leite condensado, para verem como não sou um modelo e muito guloso. Daqui, vejam a ousadia deste exercício que se atreve a falar num tema que não domina.

Deveria ter vergonha. Mas é um facto, tenho que mente é a personalização do modelo dado nas aulas de yoga sobre meditação, em que se compara com a imagem de um macaco embriagado ao qual é ateado fogo. Os meus pensamentos têm vontade própria, seguem o seu percurso histérico que não os domino. Por isso, sinto mesmo a vontade de parar, sentar-me confortavelmente, e respirar pelo nariz (apenas) a um ritmo tranquilo, fechar os olhos e acalmar este “macaco endiabrado” que está dentro de mim. Então, e após assumindo o meu erro, proponho que, “sem medos dos vossos próprios pensamentos”, se deixem levar neste exercício de nada pensar. E para fugir à ideia leviana do leite condensado, visualizem um ponto luminoso (mantemos os olhos fechados) entre os olhos, acima da cana do nariz. Reflitam nesse ponto e deixem o pensamento seguir. Seguimos essa “luz” que reflete a nossa luminosidade interna e confirma que não estamos sós. Esta proposta associada vários exercícios e é necessário, na meditação, respirar lentamente, ao seu ritmo próprio e seguindo o biorritmo. Para associar um ritmo, podemos tentar seguir o movimento das ondas do mar, inspirando lenta e docemente quando a onda se afasta e expirando de igual modo quando se aproxima de nós. De preferência, expirar sempre num período de tempo superior à inspiração. Dessa forma, o exercício da meditação começa a tornar-se mais prazeroso. Entramos num patamar distinto e, lentamente, viajamos

no confinamento, isolados, aumentamos o nosso índice de resiliência e de autoconfiança. O momento ideal é agora. Esquecemos o passado e não interessa o futuro. Há que perceber que o princípio basilar da meditação é de não permitir que os pensamentos nos controlem. Temos que treinar a mente, que é um músculo, como todos os outros, e a meditação é o ginásio do nosso interior para treinar a mente. A meta é não pensar em nada. Sentir, apenas, e seguir o caminho. Ter a consciência que a divagação mental faz parte da condição humana. Somos seres sociais que estamos em permanente conquista, seja do nosso mundo seja do mundo que nos rodeia. E um facto é, quando tentamos conquistar algo, a mente “viaja”, por vezes “viaja na maionese” e escorregamos. É despendida muita energia nessa conquista daí, ter que apaziguar a mente, para acalmar o corpo. A meditação funciona, para o cére-


opinião » prova de resiliência pessoal

bro, do mesmo modo que o exercício físico actua para o corpo. Obviamente que, em ambos exemplos, é necessário treino e conquistas graduais e lentas.

O princípio basilar da meditação é de não permitir que os pensamentos nos controlem. Temos que treinar a mente, que é um músculo, como todos os outros, e a meditação é o ginásio do nosso interior para treinar a mente. O exercício da meditação aumenta a capacidade intuitiva e o raciocínio, onde os atos e reações são mais imediatos e diretos. Se a nossa mente não for focada, mais rapidamente nos distraímos. Por sua vez, com meditação, e em situação de stress, a mente focada irá ajuda a resolver o problema. Se a men-

te não está focada, o stress potencia o incremento de comportamentos que podem ser autodestrutivos, ficando o alerta que uma mente não focada é semelhante a um corpo sem força muscular. Então, recapitulemos a proposta para ver como funciona. Primeiro, sentar numa posição confortável. Depois, fechar os olhos e respirar tranquilamente, de forna nasal. Para nosso conforto, podemos pensar num lugar que nos apraz e nos conforta. Aqui, usamos a imaginação, antes do exercício, para ajudar a acalmar e mente e, gradualmente, mudarmos a nossa expressão para maior prazer, com um sorriso. Sereno(a) é mais fácil controlar as emoções. Respirar naturalmente e de forma lenta, passemos à meditação. Para tal, vamos levar os olhos a um ponto intermédio entre os olhos, acima da cana do nariz (o terceiro olho). Focar num ponto de luz interior e captar essa imagem, manter o foco para acalmar

a mente e os pensamentos que vão surgindo. Sempre que “fugir” o pensamento, trazer de volta ao ponto de luz entre os olhos. Posto isto, a questão que se coloca é a seguinte, ficamos assim quanto tempo?? Pois, o tempo, e como tudo na vida, não é estanque e depende da capacidade individual e entrega. Inicialmente, é uns segundos, mas se conseguir minutos já muito bom. O resto deve seguir o seu próprio nível

de tolerância e de aceitação. Atenção, este exercício não é uma varinha mágica e temos que ter a noção que verdadeira magia está dentro de nós, da autossuperação. Após o exercício tentar perceber se as coisas lhe surgem num prisma distinto. Por vezes, uma outra forma de ver o assunto. E à medida que se for apercebendo dos benefícios deste exercício, terá a motivação para a sua extensão. Outra questão possa surgir, nomeadamente, com a prática, prende-se com a regularidade do exercício?? Bom, fica ao critério individual, obedecendo ao ritmo de cada um, mais uma vez, sendo que uma vez por dia é o ideal, mas cada um sabe de si. Depende do ritmo de cada um, há pessoas que preferem de manhã para que o dia corra bem, outros no final para poderem dormir melhor, alguns a meio. É na medida do “cliente”. Essa medida já é um bom exercício de meditação e um reflexo que estará com boa orientação. A meditação reduz o stress porque treinamos a mente para estar concentrada no momento presente. Confi(n)a em mim, para aumentar a autoconfiança, é a proposta para hoje, face aos tempos conturbados que se vivem.

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jornal

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ikigai » prazeres e os sentidos da vida

E agora, Ikigai!

por Francisco P. Ribeiro fportoribeiro@hotmail.com

A

proposta de hoje, escrita no final de fevereiro, prende-se com a opção do Governo para desconfinar. E agora como fazer, que cuidados ter, onde ir, como agir? Sugere-se uma reflexão sobre o modelo Ikigai, uma filosofia de vida possível e um exemplo, com base em referência de outros tempos, adaptados à realidade presente. Ser mais preciso, ikigai é uma expressão japonesa, para descrever os prazeres e sentidos da vida. Para os japoneses, um povo com um historial vasto de luta contra acidentes naturais, é o sentido que os motiva a levantar da cama, mantendo o entusiasmo e a alegria da vida. É composto por cinco passos, nomeadamente, que se prende em começar pequeno, em liberta-se, em procurar harmonia e a sustentabilidade, em descobrir alegria nas pequenas coisas e em estar aqui e agora. Literalmente, a palavra é composta por o “iki” (significa viver) e “gai” (significa razão). Vamos explorar. Os cinco passos referidos não se excluem, mutuamente, nem são concomitantes (simultâneo um dos outros), não seguindo ordem hierárquica. No caso japonês, é usado em contextos múltiplos, tanto pequenas ações diárias como grandes objeti-

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vos. É um conceito impregnado de comemorações à vida. O Ikigai reside no reino das pequenas coisas e das simples escolhas da vida, são dicas essenciais que se resumem à noção de comunidade, a uma dieta equilibrada e à espiritualidade. A escolha do tema visa auxiliar na fase de recomeço de vida, pós-confinamento, inserido no novo normal, de modo a sentirmo-nos integrados, úteis, participativos e dar graças ao facto de ainda estarmos vivos e, as-

O Ikigai reside no reino das pequenas coisas e das simples escolhas da vida, são dicas essenciais que se resumem à noção de comunidade, a uma dieta equilibrada e à espiritualidade. sim se espera, bem de saúde. Ter, ou não ter, ikigai, eis a questão, sendo uma oportunidade de descobrir, definir e apreciar os prazeres verdadeiros e simples da vida. Os passos são: 1. Pensar pequeno e prestar atenção ao essencial na vida, é o primeiro passo do ikigai. Inicia-se com o esforço de encontrar razão para acordar e encontrar a motivação do dia. Um simples “bom dia” é básico, mas fun-

damental. Os japoneses associam o despertar ao exercício matinal, muitas vezes entendido como uma dança (muito felino, num gesto de espreguiçar). Segue-se a escolha de uma bebida agradável, pois a ingestão de algo prazeroso, ajuda as células do corpo na atividade diária e estimula o cérebro, de forma ativa, despertando para o dia. Estes pequenos passos contribuem para o sentido comunitário e eleva a nossa moral do dia e, em consequência, de quem nos rodeia. É preciso um compromisso pessoal, com insistência, para a realização da tarefa simples e ajustar esse

Ikigai escrito em Kanji (caracteres da língua japonesa)

aspecto a um padrão muito individual. Começar pequeno representa uma mentalidade jovem, ávida de curiosidade, e uma vantagem na vida. 2. Libertar-se está intimamente relacionada com os outros campos e a fronteira é muito ténue. Passa pelo exercício da negação do “eu”, libertando-se das circunstâncias, vivendo o momento actual, num processo muito semelhante ao de meditação. A negação da individualidade é uma libertação do ego e representa a perda de peso, um aspecto fundamental do fluxo do ikigai. 3. Harmonia e sustentabilidade, sugerindo o exercício da tolerância e da aceitação do espaço individual de cada um, respeitando as idiossincrasias de cada um (no sentido mais eclético). Registo que o exercício da tolerância é fundamental e


ikigai » prazeres e os sentidos da vida

essencial, no ponto de vista da construção social de uma comunidade (micro, média ou macro). 4. Alegria nas pequenas coisas, podendo ser o simples acto de planear (desenhar o caminho) do nosso plano (projeto futuro). Já Cícero dizia que “as dificuldades não estão no caminho, mas na forma de caminhar”. De igual modo, tentar ajustar os desejos e vontades próprias por forma a criar harmonia com o ambiente, ajudando a reduzir conflitos desnecessários – o ikigai é pela paz. 5. Viver o momento presente (aqui e agora), sem julgamentos apressados e tendo em conta a crença no efémero. É importante acreditar no momento (aqui), vivendo e explorando a situação (agora). Trata-se da característica mais importante na existência de uma criança, é viver o momento

presente, o aqui e agora. A atitude é vital na atividade criativa, pela negação da individualidade, no gozo do momento. Como é que os japoneses encontram energia para seguir em frente? Não será demasiado referir que a experiência do Japão como nação com tendência para catástrofes naturais, nomeadamente, vulcões ativos, terramotos permanentes, período do ano com tufões e tsunamis (sem esquecer o acidente nuclear no início do presente milénio). São um povo exemplar de recuperação às crises, sejam socais, económicas, ambientais e outras, usando o ikigai como forma de aliviar o peso da individualidade, abrindo caminho ao universo infinito de prazeres sensoriais. A filosofia de vida japonesa foi influenciada pela tradição budista da

mediação, promovendo melhorias a longo prazo. Por via do ikigai, procuram encontrar o sentido na vida, como modelo de robustez e resiliência. Revelam um prazer sensorial extraído da gestão do momento presente, libertando-se do peso do emocional e entregando-se à descoberta dos prazeres sensoriais, con-

centrado na harmonia das pequenas coisas. O ikigai serve as vertentes de reserva e autocontrolo, vivendo em harmonia com a sociedade. A dificuldade em agir segundo os preceitos descritos prende-se com a natureza do ser humano, que tenta sempre estruturar e priorizar assuntos, definir hierarquias e encontrar vencedores e vencidos, líderes e seguidores, superiores e subordinados. Combater esse aspeto ou tendência social torna-nos diferentes do comum da sociedade, diferentes do contexto normal, e a questão que se coloca é: estamos dispostos a sermos autênticos ou apenas iguais aos outros (carneiros no comportamento, gostos e tendências)? Fica a proposta de reflexão. Pode ser normal que reconheça o ikigai mas que o identifique com outros preceitos, ou com outra nomenclatura, facto que se deve à universalidade da cultura e ao sentido eclético da vida, diria até, aos descobrimentos do qual nós, os portugueses, temos grande parte de responsabilidade.

Artigo baseado no livro com o título de “The little book of Ikigai”, de Ken Mogi (médico neurocientista e escritor), na edição de 2017 da Quercus Edition Ltd.

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saúde » questões sobre o sono

Dormir bem é necessário!

por Ana Sofia Portela enf.anasofia@gmail.com Enfermeira especialista em Enfermagem Comunitária USF Aqueduto – ACES Vila do Conde/Póvoa do Varzim

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ormir é fundamental para o bem-estar de todos os indivíduos e apesar de ser associado a repouso a verdade é que durante o sono normal existem períodos de intensa atividade cerebral. O sono tem diversas funções desde otimização do sistema imunológico, produção de algumas hormonas e consolidação de memórias. Ao longo da vida as necessidades de sono alteram-se: um recém-nascido pode necessitar de até 19 horas de sono enquanto que um idoso pode apenas necessitar de 5 horas de sono por dia. Com um forte impacto na qualidade vida dos indivíduos, os problemas de sono são relativamente comuns, têm várias causas e podem ser transitórios ou crónicos. A insónia pode-se manifestar como dificuldade em adormecer; acordar frequentemente durante a noite e ter dificuldades em voltar a adormecer; acordar muito cedo ou uma sensação de sono não reparador. Por entre as causas de insónia estão o stress, o ambiente barulhento ou mudanças de horário de dormir e/ ou acordar ou doenças. Portanto deve ser o médico a avaliar e definir a forma de tratar este problema.

Para ter um sono saudável há uma rotina de sono que deve ser cumprida, dessa forma muitas das queixas relacionadas com o sono serão resolvidas. ●● Evitar o consumo de es-

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timulantes como o álcool, a cafeína e refrigerantes nas 4 a 6 horas anteriores à hora de deitar; Evitar a ingestão de grandes quantidades de líquidos ou uma refeição pesada à noite; Fazer exercício físico regularmente mas não nas 3 horas antes de deitar; Evitar deitar-se tarde depois de uma noite mal dormida; Evitar sestas durante o dia; Manter a temperatura do quarto amena, este local deve ser calmo e com pouca luz; Evitar ver televisão, utilizar dispositivos eletró-

nicos ou ler na cama. Utilize a cama só para dormir; ●● No caso de o despertador ser um motivo de distração este deve ser afastado da cama, dentro do possível; ●● Evitar deitar-se tarde depois de uma noite mal dormida ●● Evitar sestas durante o dia; ●● Dedicar os 30 minutos anteriores à hora de ir dormir a atividades relaxantes; ●● Deitar-se só quando tiver sono; ●● Deitar e acordar todos os dias à mesma hora mesmo aos fins-de-semana; ●● Manter a hora de despertar fixa, independentemente do tempo total de sono. Frequentemente as pessoas como problemas de sono procuram alívio rápi-

do do seu problema, contudo um simples comprimido não resolve o problema e é imprescindível esclarecer a causa subjacente. Perante um problema de sono deve rever a sua rotina do sono, também chamada de higiene do sono, e se o problema se mantiver procure ajuda junto do seu enfermeiro ou médico de família. Os medicamentos utilizados nesta problemática são geralmente prescritos nas doses mínimas e durante o menor período de tempo necessário para aliviar os sintomas relacionados com a falta de sono. A dose destes medicamentos deve ser gradualmente reduzida e não suspensa de forma abrupta. Não utilize comprimidos para dormir que não foram prescritos para si e não os suspenda sem aconselhamento médico. Cuide de si: durma bem! jornal

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pub » teste rápido covid-19

Testes de saliva

Testes rápidos de saliva estão disponíveis no mercado português para uma testagem mais rápida e eficaz Sobre a BioJam Holding Group A BioJam é uma empresa farmacêutica de referência na Península Ibérica que aposta em medicamentos diferenciados, com uma componente de inovação muito forte. Fundada em 2015 por Carlos Jorge Almeida Monteiro a empresa surge com uma clara aposta na inovação nas áreas de Anestesiologia, Hematologia Oncológica Pediátrica, Farmácia Hospitalar, Enfermagem Perioperatória, Nutrição Parentérica e Medicina Física e de Reabilitação, entre outras. ●● Disponíveis no mercado português desde o dia 30 de dezembro 2020, o sistema de diagnóstico invitro permite detetar o vírus com um único teste à saliva.

●● Os testes rápidos de saliva são uma alternativa fiável, segura, confortável e muito mais barata. ●● Testes disponibilizados pela Biojam já são utilizados de forma massiva em países como Alemanha, Áustria, Luxemburgo, Coreia do Sul, Itália e Espanha, entre outros.

●● Testes de saliva eliminam o desconforto dos testes de zaragatoa, garantindo a segurança dos testes rápidos de zaragatoa (especificidade de 100% e sensibilidade de mais de 94%)(1) por Sónia Matos soniamatos@multicom.co.pt Multicom, Comunicação

O

s testes rápidos de antigénio por saliva já estão disponíveis no mercado Português desde o dia 30 de dezembro 2020. Trata-se de um tipo de teste que está já a ser implementado por algumas autarquias que querem sair rapidamente da longa lista de concelhos de alto risco e, como tal, procuraram já soluções de diagnóstico, rápido, fiável e a um preço acessível. De uma forma mais simples e sem o desconforto as-

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sociado aos convencionais testes de antigénio que utilizam as zaragatoas para recolha de amostra, o novo sistema de diagnóstico permite detectar, em apenas 10 minutos e de uma forma não invasiva, possíveis casos positivos de COVID-19. Com explica Carlos Monteiro, CEO e fundador da farmacêutica BioJam, “a realização dos convencionais testes de antigénio, apesar de constituírem um processo rápido, não deixam de ser mais desconfortáveis, sobretudo para crianças, adolescentes e até adultos com sensibilidade ao méto-

do da zaragatoa. Além disso, poderão ser muito úteis em aeroportos, escolas, empresas ou atividades desportivas, para identificar assintomáticos em período infecioso. Com os novos testes de saliva conseguimos eliminar o desconforto mantendo a segurança dos testes que apresentam uma especificidade de 100% e uma sensibilidade de mais de 94%”. O teste rápido PCL COVID19 Ag Gold saliva é um dispositivo médico de diagnóstico invitro que se baseia no Teste imunocromatográfico (ICA) para a

detecção qualitativa do antigénio SARS-CoV-2 na saliva humana. A BioJam foi uma das primeiras empresas a disponibilizar os testes de antigénio no mercado Português. Com uma clara aposta na inovação, continua a investir na disponibilização das melhores soluções de diagnóstico COVID-19, como sejam os testes rápidos de antigénio por saliva que colocou no mercado nacional, numa altura em que os mesmos já se encontravam a ser massivamente utilizados em países como Alemanha Áustria, Luxemburgo, Coreia do Sul, Itália e Espanha entre outros. (1) Em Portugal são aceites os testes de antigénio que apresentem padrões de desempenho com valores de sensibilidade superior ou igual a 90% e de especificidade superior ou igual a 97%


necrologia

Agência Funerária

Tilheiro

Tel: 258 971 259 Tlm: 962 903 471 www.funerariatilheiro.com Barroselas

79 anos

92 anos

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

Maria da Conceição de Sousa Maciel

Teresa Miranda de Sousa

Barroselas – Viana do Castelo

Freixo – Ponte de Lima

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

A Família

A Família

78 anos

49 anos

82 anos

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

António Mota Ferreira dos Santos

Carlos Manuel Meira Fernandes

Maria Emília Faria Rodrigues

Carvoeiro – Viana do Castelo

Barroselas – Viana do Castelo

Barroselas – Viana do Castelo

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

A Família

A Família

A Família

88 anos

96 anos

60 anos

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

Eduardo Gomes Batista

Maria de Lurdes de Miranda Maciel

Maria Isilda Barbosa Freitas Portela

Fragoso – Barcelos

Barroselas – Viana do Castelo

Barroselas – Viana do Castelo

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

A Família

A Família

A Família

30 edição 83 • março 2021


necrologia

83 anos

79 anos

83 anos

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

Lúcia Gonçalves Matos

Teresa de Jesus Dias Fernandes

António Martins de Sá

Barroselas – Viana do Castelo

Barroselas – Viana do Castelo

Aldreu – Barcelos

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

A Família

A Família

A Família

78 anos

77 anos

65 anos

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

Fernando Augusto Ribeiro Martins

Maria Elisabete da Silva Ribeiro

Armando da Costa Correia Pinto

Fragoso – Barcelos

Subportela – Viana da Castelo

Barroselas – Viana do Castelo

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

A Família

A Família

A Família

55 anos

87 anos

84 anos

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

Manuel Antero Fernandes de Faria

Padre António Augusto Meira Araújo dos Santos

Leopoldina Maciel Martins

Barroselas – Viana do Castelo

Subportela – Viana do Castelo

Barroselas – Viana do Castelo

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

A Família

A Família

A Família

jornal

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VAI SER VACINADO CONTRA A COVID-19 COM COMIRNATY®?

A vacina COMIRNATY® foi aprovada para prevenção da COVID-19, causada pelo vírus SARS-CoV-2, em pessoas com idade ≥16 anos. Esta é uma vacina de RNA mensageiro (mRNA) que codifica para a proteína S (“spike”) do vírus SARS-CoV-2. No desenvolvimento e aprovação desta vacina, tal como para qualquer outro medicamento, foram garantidas a sua qualidade, segurança e eficácia, através de ensaios clínicos e de uma avaliação rigorosa da Agência Europeia de Medicamentos.

Como é administrada a vacina? Serão administradas 2 doses com intervalo de 21 dias, no músculo do braço. Para o esquema vacinal ficar completo a segunda dose tem que ser da vacina da mesma marca.

Deve ter alguma precaução antes de ser vacinado? Sim. Se estiver com febre, tosse, dificuldade respiratória, alterações do paladar ou do olfato não deve ser vacinado e deverá contactar o SNS 24 (808 24 24 24). Também não deve ser vacinado enquanto estiver em isolamento profilático. Informe os profissionais de saúde se: Já teve uma reação anafilática a outros medicamentos ou alimentos; Tem imunodeficiência ou realiza terapêutica imunossupressora (incluindo quimioterapia); Tem doenças da coagulação, alteração das plaquetas ou faz terapêutica com anticoagulantes.

Em que situações a vacina está contraindicada?

Depois de ser vacinado deve ter alguma precaução? Sim. Deve manter-se junto do local onde foi vacinado durante pelo menos 30 minutos (as reações alérgicas graves são muito raras, surgindo, geralmente pouco tempo após a administração). Nestes casos, os profissionais de saúde estão treinados para controlar e tratar este tipo de reações.

O que fazer se surgirem reações adversas? Geralmente, as reações adversas às vacinas são ligeiras e desaparecem alguns dias após a vacinação. Com esta vacina podem surgir: dor ou inchaço no local da injeção, fadiga, dor de cabeça, dores musculares, dor nas aritculações ou febre. Se tiver febre, pode recorrer à toma de paracetamol. Se apresentar dor, inchaço ou calor no local da injeção, pode aplicar gelo várias vezes ao dia, por curtos períodos, evitando o contacto direto com a pele. Todas as reações adversas devem ser notificadas no Portal RAM para serem monitorizadas. Em caso de persistência dos sintomas ou se surgir outra reação que o preocupe, contacte o seu médico assistente ou o SNS24 (808 24 24 24). A vacina é segura e não causa COVID-19.

História de hipersensibilidade à substância ativa ou a qualquer um dos seus excipientes, ou reação anafilática a uma dose anterior desta vacina. Nestas situações aconselhe-se com o seu médico.

REPÚBLICA PORTUGUESA SAÚDE


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