O Vale do Neiva - Edição 91 novembro 2021

Page 1

Informação Autárquica

Crónica

Tomada de Posse dos Órgãos Autárquicos da freguesia de Vila de Punhe

O valor das ervas aromáticas

novembro 2021 edição 91 Propriedade:

A MÓ • Associação do Vale do Neiva (Cultural, Património e Ambiente) Barroselas Mensal Gratuito Versão digital

5.º Magusto: Largo do Cruzeirinho pág. 4

História local

O último Abade perpétuo do Mosteiro de Carvoeiro pág.

6


índice edição 91

novembro 2021

Barcelos e a navegabilidade do rio Cávado

As 12 tarefas de Hércules

O valor das ervas aromáticas

página 8

página 9

página 12

ficha técnica diretoria e administração:

Direção de “A Mó” redação:

José Miranda Manuel Pinheiro Estela Maria António Cruz

editorial O Natal há uns bons anos

edição:

91 – novembro 2021 colaboradores:

Adão Lima (J.F. Vila de Punhe) Alcino Pereira Américo Santos Ana Sofia Portela Daniel Basílio Daniela Maciel Domingos Costa Fernando Fernandes Francisco P. Ribeiro José Miranda Luciano Castro Manuel Gomes Pedro Tilheiro design gráfico:

Mário Pereira paginação:

Cristiano Maciel supervisor:

Pe. Manuel de Passos contacto da redação:

Avenida S. Paulo da Cruz, Edifício Brasília, 3, Fração F 4905-335 Barroselas e-mail:

redacaojornalvaledoneiva@gmail.com periodicidade:

Mensal

formato:

Digital

por José Maria Miranda Presidente da Direção d’A Mó

Q

uando o Natal se aproximava, era uma alegria para a pequenada. Sabíamos que aquele dia era diferente de todos os outros pois havia mais diversão e mais guloseimas (os mexidos, o arroz doce, as rabanadas, o bacalhau (uma raridade no dia a dia), o vinho do bom, o azeite com fartura (só naquele dia) e finalmente uma grande fogueira com os potes a ferver junto às trempes carregadas de panelas e ser-

tãs. Curioso que toda a cozinha tinha as telhas à vista, mas não havia frio que entrasse, tal era o calor libertado por valentes achas cortadas a machado para aquela noite. Toda a família bem comida e bebida, era chegado o momento da diversão. Começava-se então pelo jogo das cartas com copos à mistura, originando de tempos a tempos pequenos desacatos. Seguia-se a piorra (pequeno pião de quatro faces girado à mão) contendo em cada face as iniciais: R= Rapa, T= Tira, D= Deixa e P= Põe (jogado com amêndoas). A seguir, com uma mão fechada perguntávamos: nada, par ou pernão? (ímpar) (jogado com pinhões). Já a noite ia longa pedia-se a bênção aos pais, toca a fazer o xixi

no penico e deitávamo-nos numa cama com o colchão de palha, coberto com grossas mantas de trapo. Dormíamos quentinhos que nem rojões! Contado, os netos não acreditam e até lhe chamam de histórias, mas também há quem passou por tudo isto e já não se recorda de nada. Parece impossível!! A Direção d’A Mó – Associação do Vale do Neiva deseja a todos os associados, colaboradores e amigos um:

Feliz Natal na companhia dos seus entes queridos.

distribuição:

Gratuita

Os artigos de opinião são da inteira responsabilidade dos seus autores, podendo ou não estar de acordo com as linhas editoriais desta publicação.

2

edição 91 • novembro 2021

Jornal Vale do Neiva uma referência na região do Vale do Neiva


Apontamentos Históricos Boletim Autárquico de Durrães: parte IX página 19

Cinema O melhor amigo do homem Antiinflamatórios não esteroides (AINEs): quando recorrer?

Literatura: Conto «A Confissão»

Peso da comunidade digital em eleição

página 14

página 15

página 16

página 20

Crónica Revolta de um reformado página 26

o pulsar da sociedade O retrocesso civilizacional

por Alcino Pereira alcinop@ipvc.pt

E

stá muito em voga nos idos do século XXI, a utilização recorrente da expressão “Retrocesso Civilizacional”, especialmente minuciada e aclarada, quando estão em causa direitos basilares e inequívocos de uma constituição humanista e progressista, que dizem respeito a avanços e conquistas, que foram retificados, pela a volatilidade e a axiologia omnipresente no século XX, com um objetivo subjacente e uniforme, para que todos os homens e mulheres possam aspirar e lutar pela sua felicidade e terem expectativas de vida, usufruindo da sua lídima liberdade, para atingir os seus fins, mas sem asfixiar e coibir a liberdade dos outros. Portanto fazendo a jus à pertinência e protuberância do Retrocesso Civilizacional, nos últimos tempos, temos

verificado variadíssimas intencionalidades e concretizações, que indiciam esse rebate de consciência efusivo, crocitado por alegações de índole reacionário, difuso, complexo, endémico e preconceituoso, com o desiderato de lancetar fragorosamente os desígnios e os preceitos já alcançados. Assim sendo podemos apelidar de retrocesso civilizacional, o desmesurado e funesto regresso dos Talibans, ao poder no Afeganistão, que possivelmente vão trucidar por completo alguns direitos adquiridos pelas mulheres, veiculado pela presença degenerante de duas décadas, do exército dos EUA e da Nato, que se puseram ao fresco, deixando o povo indefeso à merce dos iracundos radicais islâmicos, mas será que essas benesses dadas ás mulheres, alguma vez tiveram o apanágio da maioria dos conterrâneos locais, não me parece de todo, está mais que visto que foi imposto pela Comunidade Internacional. Usando o absoluto e irrevogável direito à vida, verificamos o acervo de opiniões contrárias à lei da Eutanásia, ao qual de maneira taxativa e frígida, invetivam tratar se de um retrocesso civilizacional,

só que não percebo qual é a logica deste raciocínio, pois se é o próprio que pretende por termo à vida, noutro paralelo constatamos o clamor de vozes indignadas a perorar a anacrónica pena de morte, para castigar implacavelmente crimes repugnantes e hediondos, em países ao qual essa pena foi abolida há imenso tempo, significando um vulgado retrocesso. Outras evidencias de perversão civilizacional, compaginam se com o ethos populacional, nomeadamente o racismo, a xenofobia e a homofobia, que sempre existiram e não se esfumam com boas intenções apaziguadoras e lições de moral, sendo ultimamente contaminadas por fenómenos políticos populistas e o maniqueísmo despiciente de determinados grupos e organizações. No caso concreto dos direitos fundamentais dos trabalhadores, que estão corroborados e estipulados como um ex-líbris do Estado Social, assistimos recentemente á exploração inadmissível de imigrantes, oriundos de malhas traficantes de pessoas, em Odemira, que viviam e trabalhavam em condições escandalosas e insalubres. Por ultimo pode ser indagado como retrocesso civilizacional, os atentados à democracia e à liberdade de

opinião, que são visíveis em Países, em que a democracia distingue se pela confrangedora intermitência, derivado á sua frágil implementação e consolidação, confirmado pela débil sustentabilidade das suas instituições, permitindo com uma descarte latente, o aviltamento de frondas que se patenteiam por putativos golpes de estado ou o vezo discursivo inflamatório e persecutório, de partidos extremistas radicais, que aproveitam a instabilidade social, para estimular a coartação das normas mais ecléticas do baluarte democrático. Nesta breve epitome está demonstrado exemplos ilustrativos de eventuais retrocessos, mas será mesmo efetivamente um refluxo notório, uma metamorfose social, contrária ao aggiornamento civilizacional? Na minha perspetiva acho que não, porque em certas leis, referendos e outros ditames, que implicaram essas demandas, sempre houve uma franja considerável de pessoas, de ativistas e entidades, que contestaram essas mudanças abruptas, que chocaram de frente, com os seus valores e ancestralidade, e por isso quando os seus ideais regressam á ribalta, para eles não está subentendido nenhum retrocesso. jornal

3


local » convívio de são martinho

Convívio de São Martinho

5.º Magusto: Largo do Cruzeirinho por Adão Lima Autarquia de Vila de Punhe

N

o dia 23 de outubro, sábado, no Largo do Cruzeirinho (Milhões), teve lugar, uma vez mais, o convívio do dia de S. Martinho, organizado pelo Grupo de Amigos de Milhões, com o apoio da Autarquia de Vila de Punhe. Nesta confraternização, aberta a toda a comunidade, ao som da música popular, que proporcionou momentos de alegria e boa disposição, foram ofertadas as tradicionais castanhas assadas e vinho verde.

4

edição 91 • novembro 2021


local » informação autárquica

Vila de Punhe

Tomada de Posse em Vila de Punhe por Adão Lima Autarquia de Vila de Punhe

D

ecorreu, no passado dia 17 de outubro, no Salão Nobre da Autarquia, a cerimónia de Tomada de Posse dos Órgãos Autárquicos da Freguesia de Vila de Punhe. O resultado das eleições autárquicas de 26 de setembro determinou a seguinte composição da Assembleia de Freguesia: 8 eleitos pelo PS: António Manuel Marques Cunha Costa, António Manuel Areias de Carvalho, Elisabete Liquito Quintas, Adão Miranda Lima, Bruno Miguel da Silva Guimarães, Susana Martins Veiga Atero, José Fernando Rodrigues Baptista Coutinho e Diogo Meira Neves; e, 1 pela Coligação “É Agora Viana!” - PPD/PSD-CDS/ PP, Amândio Manuel Gonçalves Barbosa. Tendo-se aprovado, por unanimidade, as votações para os cargos, o executivo da Junta de Freguesia ficou assim constituído: Presidente - António Costa, Secretário - Bruno Guimarães e Tesoureiro - António Areias. A Mesa da Assembleia por: Presidente - Adão Lima, 1º secretário - Elisabete Quintas e 2º secretário - Diogo Neves. O Presidente da Assembleia de Freguesia, Adão Lima, na sua intervenção, referiu que estará sempre disponível para apoiar as decisões assumidas pela Junta de Freguesia e a colaborar nas iniciativas que se coadunem com os anseios dos Vilapunhenses, e deixou

Eleitos

um desafio aos membros da Assembleia: que sejam solidários com as deliberações aprovadas. No seu discurso de encerramento, o Presidente da Junta, António Costa, frisou que desempenhará este último mandato autárquico com a mesma ambição de sempre, de fazer mais e melhor por Vila de Punhe. Felicitou todos os deputados agora eleitos, desejando-lhe um excelente trabalho autárquico. Deixou uma palavra de esperança para a juventude, Vila de Punhe conta com eles, com as suas ideias e seus projetos. Salientou a aposta em setores chave como a Educação, a Cultura, o Desporto e a Ação social; a defesa e valorização do património histórico e cultural a fim de projetar com orgulho a identidade de Vila de Punhe; a proteção do ambiente e a valorização das paisagens

Mesa e Executivo

naturais e rurais; o apoio às instituições e associações locais, que são as forças vivas da comunidade; como reabilitar a rede viária e alargar a implementação da rede de saneamento. Conta, para o efeito, com o apoio e colaboração da Câmara Municipal, das associações da terra e com todas as forças vivas da freguesia. Salientou, ainda, a importante participação e colaboração dos colegas

do executivo, uma vez que é acompanhado por uma equipa experiente, coesa, capacitada e competente que garante, certamente, um bom desempenho em criar soluções inovadoras para servir Vila de Punhe. Por último, agradeceu a presença do público que veio dignificar ainda mais esta cerimónia. Terminada a sessão, serviu-se um Porto de Honra a todos os presentes. jornal

5


história local » mosteiro de carvoeiro

O último Abade perpétuo do Mosteiro de Carvoeiro

por Luciano Castro lucianomcastro56@gmail.com

O Mosteiro de Carvoeiro encontra-se implantado em pleno coração do Vale do Neiva, e do seu extinto Couto faziam parte as freguesias de Carvoeiro e Durrães. O seu governo era exercido por Abades, eleitos pelos monges. Até ao ano de 1500 foram perpétuos, posteriormente vieram os Comendatários, e a partir de 1602 passaram a ser novamente eleitos, sendo a eleição trisanual. O D. Abade era o senhor do mosteiro e do couto. De forma sucinta, recordamos que nada se podia fazer no Couto sem a sua autorização, pois era juiz e Ouvidor, sem Escrivão, determinava verbalmente os pleitos entre os moradores, sem apelação nem agravo. E caso discordassem da sua decisão, e quisessem recorrer para a justiça, neste caso Barcelos, tinham primeiramente que lhe pedir autorização para o fazer. Até as autoridades régias e concelhias, só podiam entrar no Couto com a sua autorização. Vamos então conversar sobre o último abade perpétuo deste mosteiro. Pela pena do Pe. Mestre Frei António de São Tomás de Cantuária, que redigiu o Dietário deste

6

Mosteiro1, tomámos conhecimento que se chamava D. Gonçallo Annes, de quem se não sabe (como dos mais), a Pátria, vida e costumes, e só temos not.ª dos m.tos trabalhos e perseguições que padeceu nos tempos do seu governo. Não teve, efectivamente, uma vida fácil. E é precisamente a singularidade do seu governo que me leva a partilhar alguns aspectos ocorridos durante o período em que exerceu estas funções. Principiamos por referir que os rendimentos do Couto de Carvoeiro eram elevados, o que viria a tornar apetecível controlar esta imensa propriedade2 E tudo terá começado quando o Fidalgo de Aborim, Álvaro Barbosa, juntou em sua casa hum Notário Apostólico creado do D. Abb.e de Palme; seu irmão

edição 91 • novembro 2021


história local » mosteiro de carvoeiro

Diogo Andre Lavrador da Portella, freg.ª de Cossourado, Fr. João Donado do Most.º de Palme, Diogo Martins, e João Pires (o q instituiu a Capella de Dorraez), e com elles fez hua procuração falsa em que se outorgava que D. Gonçallo Annes, Abb.e de S.ta Maria de Carvoeyro fazia seus bastantes procuradores a Ruy Brito mestre Escolla de Barcellos e Pero Gonçalves Abb.e de Bostello, e João da Costa Beneficiado, e lhe dava o seu poder p.ª renunciar nas maos do S.mo Padre o seu Most.º de S.ta Maria de Carv.º e fingindo ser feita no Claustro do Most.º por Alvaro Velho Notario, e serem tes.tas (testemunhas) Diogo Andre, Fr. João, João Pires, e Diogo Martins, aos quinze dias de Junho de mil quatrocentos e noventa e seis, puzera na dita escriptura o signal falso de Dom Gonçallo Annes Abb.e. Álvaro Barbosa veio a renunciar em seu filho Diogo Barbosa e impetrou (requereu providência) ao Santo Padre Alexandre VI. Tudo isto sem o conhecimento do Abade Gonçallo Annes. E certo dia, munido das bulas da impetra, apareceram à noite no convento de Carvoeiro Álvaro Barbosa e seu filho Diogo Barbosa, acompanhados de m.ta j.te armada, e mostrando as Bullas da m.ce (mercê) que tinha do Most.º tomarão posse delle deitando pella porta fora o Abb.e Velho e não satisfeitos com este desaforo meterão as mãos no temporal roubando dos celleiros quanto tinha, das adegas m.to vinho e todo o gado groço e meudo, que lhe acharão, sem temor de Deus, sem resp.to às Justiças nem medo aos homens... Como refere o cronista do mosteiro, em breve tem-

po foi descoberta a falsidade da procuração, o autor, o notário e as testemunhas. E foi um cónego da Sé do Porto chamado Pero Annes que verificou ser falso o citado documento, ter sido furtado e diverso o sinal do Abbade D. Gonçallo Annes, assim na letra como nas guardas3, que por costume lhe punha, e por consequência as Bullas da impetra, e posse do Mosteiro, ao qual foi mandado restituir, não só por sentença Apostolica, mas também por um Decreto Regio que alcançou de El-Rei D. Manuel que então o era em Portugal. E para não ficar sem castigo um tão enorme delicto, a execranda culpa querellou de Álvaro Barboza, do filho do Notario e testemunhas. O primeiro esteve muitos annos prezo em Lx.ª, os outros purgarão o crime com castigos, hua das testemunhas dipois de lhe suberestarem os bens, nunca mais veyo a este Reino como se mostrará falando do Comendatario D. Diogo Pinheiro, que sucedeu nesta Abbadia a D. Gonçallo Annes, com o qual Comendatario ainda bulharão, dipois de morto o tal Abbade sobre a renúncia principalmente hum Bartolomau Barboza filho da mesma caza de Aborim... Não se sabe, nem consta do Cartorio deste Most.º que castigo, ou que Sentença tiverão as testemunhas daquella procuração falsa; por força da querella, que della deu D. Gonçallo Annes, porq so consta, que este querellou dellas e nada mais. Não se acabarão os trabalhos do D. Abb.e Gonçallo Annes em lhe tirarem a sua Abbadia, e fazerllhe gastar m.tos cabedaes p.ª tornar à posse delle, mandando alguns postilhões à sua custa à Corte de Roma e outros a

Lx.ª, padeceu ainda mayores e afrontosos com os cazeiros desta freguezia, cuja rebeldia contra esta caza já então se experimentava; p.ª não cauzar novid.e a que nos tempos de agora conhecemos, porque pedindo nos ultimos anos da sua vida a renda que eram obrigados a darlhe os moradores desta freg.ª deram-lhe em pao o que lhe nagavão em pam. Hum foi João Massino, que por velho cuidou que hera cepo, e com hum machado o deixou por morto, vindo p.ª caza em braços, de outrem quando apenas podia andar pellos seus pes por força dos m.tos anos. O mesmo lhe sucedeu com hum Martim da Renda que lhe deu na cabeça com hua aguilhada, ou vara carretyeira que o deitou por terra, e hum João Vaz em compª de seu pai, o correrão às pedradas athe o Mostr.º , errando alguas, porem acertando outras. Conjurarãose contra elle todas as perseguições e q.tos males havião, huns lhe davão na cabeça e outros caião sobre as costas e talvez dezantão ficarião com a mão levantada, se D. Diogo Pinheiro, que lhe sucedeu os não retundisse com o resp.to e poder que tinha. O cronista Cantuária refere mais à frente, na página 45 do Dietário que o primeiro Comendatário, D. Diogo Pinheiro, p.ª conseguir este ambicioso intento (entrar neste mosteiro) alcansou de D. Gonçallo Annes ultimo Abb.e desta caza, que fizesse a favor delle com verd.e a renuncia, que lhe tinhão falsamente uzurpado os Sn.rs da Caza de Aborim, o que elle facil.te lhe concedeo, por livrarse ainda q a custa de perder a Abbadia dos aleives e perseguissoens da Caza de Aborim. Também Frei Francisco

de São Luis (Cardeal Saraiva), nos seus apontamentos de Carvoeiro, relativamente a uma sentença de 19 de Maio de 1502 do Rei D. Manuel, refere que Álvaro Barbosa grande inimigo de Gonçalo Annes D. Ab.e que foi do Mostr.º pelas competencias que com elle tinha e oppressões que fazia ao Mosteiro sobre Cazaes e foros, dando-lhe má vizinhança, como sempre costumam aos outros DD. Ab.es antecessores – Levantou-lhe muitos crimes, e entre estes a morte de um homem, pelo qual o foi citar ao Mosteiro, dizendo que o perdia por isso; e desconfiando de o poder provar, fizera humma Renuncia falsa p.ª haver o Mostr.º hum D. Barboza filho delle Alvaro com mais facilida.e de q por via dos crimes – Servindo-se de Alvaro Velho criado do Ab.e de Palme Irmão de Alvaro q. notou a renunciação – Empetrou o Mostr.º p.ª o Filho em consequencia della -Lançou o Ab.e fora... Trata-se, pois, de uma situação incomum, já que nestas casas os senhores do Couto gozavam de grande importância, e comunicavam com as altas instâncias do poder, temporal e espiritual. Falta compreender o que levou um frade do Mosteiro de Palme a participar neste conluio, assim como o Abade João Pires, que viria a fundar em 1535 o Morgadio de Malta em Durrães. E como se atreveu um fidalgo a cometer um crime de usurpação, sabendo que mais tarde ou mais cedo seria descoberto. 1 Dietário pp. 40 verso e sgnts. A este assunto se refere também na Monografia “O Couto de Carvoeiro”, o Dr. Paulo Passos Figueiras, a pp. 97 e sgnts. 2 No 13º Cap. Geral de 1608, este mosteiro apresentou um saldo de 800.00 réis. “O Couto de Carvoeiro”, p. 93. 3 Conjunto de traços e riscos existentes nas assinaturas.

jornal

7


história local » rio cávado

Barcelos e a navegabilidade do rio Cávado, num passado longínquo, parte II

por Domingos Costa domingosdacunhacosta@gmail.com

D

ecorridos uns anos, em modos mais abrangente é de novo abordado a questão da navegabilidade do rio Cávado, dado os benefícios oferecidos. Como os benefícios agraciavam, a 26 de abril de 1861 ordenou Sua Majestade, que se construíssem “boquetes ou aberturas” com segadouros com 20 metros de largura nos açudes do rio Cávado, a jusante de Barcelos. Esta proposta foi elaborada e apresentada pelo Engenheiro João Luiz Lopes, en-

8

carregado do melhoramento da navegação do referido rio. Em ofício, Sua Majestade pediu ainda ao Engenheiro, que procedesse a estudos sobre a hipótese de se construir represas moveis. Na sequência do estudo, decidiu-se construir uma represa móvel no açude de Mereces, e de três boquetes nos açudes de Argemil, Contador e Barcelos. O orçamento da obra foi de 8.790$000 reis, incluindo a de 1.112$000 reis para rasgar os açudes e a construção dos boquetes navegáveis. Todavia, antes de dar andamento ao projeto, é importante efetuar ainda um estudo sobre o índice de navegação e o futuro alcance económico do rio desde a Foz até Barcelos e Ponte de Prado. Também, é feita referência que em tempos antigos o rio Cávado era navegável da Foz até Barcelos.

edição 91 • novembro 2021

Diz ainda, que o Engenheiro Custódio Gomes Vilas Boas após estudo elaborou projeto para o efeito. Anotou de seguida, existirem hoje vestígios de algumas das seguintes obras: Uma eclusa em Mereces; um passe navegável em Rio Tinto; molhes e diques em diversos pontos. Em face do atestado, o Governo da Rainha D. Maria I, considerou praticável a navegação do rio Cávado. Referencia ainda em considerada nota, que os Engenheiros João Crisóstomo de Abreu e Sousa, Plácido António da Cunha e Abreu, e João Luiz Lopes, também recentemente dão positivos pareceres para tornar o rio navegável. Contrariamente é dito, que a profundidade, estreiteza, tortuosidade e ainda a dificuldade de acesso na barra de Esposende, não são

condicionantes favoráveis para o projeto em causa. Sem esquecer que outros bons portos de comércios existem nas proximidades, contando ainda como ponto negativo o pouco declive do rio. Por outro lado, refere que o melhoramento da navegação só deve avançar após anteprojeto e projeto definitivo. Faz adicional nota, que existe em arquivo uma planta anteprojeto do engenheiro Custódio Gomes Vila Boas, arquivada no ministério e assinada pelo ministro José de Seabra com o fim de canalizar e tornar navegável o rio Cávado. Segundo diz o mesmo relatório, existe também outra planta, como também um reconhecimento concebido pelo engenheiro Plácido António da Cunha Abreu, existindo ainda, uma memória escrita pelo engenheiro João Crisóstomo de Abreu e Sousa. Se nada obstar, a rúbrica terá continuidade em próximas edições.


conhecimento » mitos e lendas

As 12 tarefas

por Fernando Fernandes fjfernandes1975@gmail.com

N

os dias que correm, é perfeitamente normal termos imensas pessoas praticando exercício num ginásio, a fim, quer de manter a postura quer de melhorar a sua silhueta. Mas, se o mito hoje existisse realmente, não haveria ginásio ou pesos que

resistissem ao Homem mais forte de sempre. Quem nunca disse a algum amigo ou conhecido após uma tarefa árdua bem concluída: Pareces o Hércules. Filho de Júpiter (Zeus para os gregos) e da mortal Alcmena, foi o mais celebre herói da mitologia romana. Odiado desde o início por Juno, esposa de Júpiter, dado ser fruto da infidelidade do seu marido, esta tentou matá-lo no berço colocando duas serpentes no mesmo, porém, sem sucesso dado que estrangulou ambas com tremenda facilidade. Dotado de uma força inimaginável, Hércules tornou-se famoso pelos seus atos de bravura e humanismo para

Hércules e a Hidra, pintura de Antonio Pollaiuolo (c. 1475)

com os mais necessitados o que enfureceu Juno sem sinais de apaziguamento. Todavia, fruto da sua enorme insistência, Hércules foi levado à loucura pela Deusa ao ponto de matar a sua esposa, Mégara e os próprios filhos pensando estar a matar os seus inimigos. Para se remir do seu gravíssimo delito, Hércules foi julgado por Eristeu, rei de Micenas, que o encarregou de doze trabalhos impossíveis de realizar, também comummente conhecidos como Doze Tarefas de Hércules. São elas: matar o leão da Nemeia. Somente na segunda tentativa, Hércules estrangula o maior leão do Mundo e retira-lhe uma das garras e o couro que passa a usar como peça de vestuário. Matar a Hidra de Lerna. Serpente com corpo de dragão, possuía nove cabeças que ao serem cortadas se regeneravam. Enquanto cortou todas elas, teve a ajuda de do sobrinho Iolau que queimou com brasas as feridas impedindo a regeneração. Capturar a Corça de Cerineia, tremendamente veloz e que nunca se cansava. Consta que levou cerca de um ano a persegui-la sem parar. Capturar vivo o Javali de Erimanto. Gigante animal que aterrorizava a população. Fatigou-o ao persegui-lo durante horas e entregou-o a Eristeu. Limpou num único dia os currais do rei Augias que continham três mil bois e não eram limpos há trinta anos. Desviou dois rios para a tarefa. Expulsou e matou monstros com asas e bicos de ferros que tapavam o os raios de Sol no lago Estínfalo. Capturou, e levou vivo

montando no mesmo, o temível Touro de Creta que entregou a Eristeu. Castigou Diómedes, rei da Trâcia que dava de comer aos seus cavalos cuspidores de fumo e fogo, os náufragos que davam à sua costa. Hércules lançou-o para os seus próprios cavalos tendo o mesmo fim que presenteou muitos inocentes. Uma das mais famosas tarefas, foi a batalha contra as Amazonas, mulheres guerreiras, levando como espólio o cinturão Mágico de Hipólita, a rainha. A décima tarefa consistiu em matar o gigante Gerião, um monstro de três corpos, seis braços e seis asas. De seguida, colheu os pomos de ouro do jardim das Hespérides, ninfas que personificavam o entardecer. Para isso matou o dragão de cem cabeças que guardava o espaço. Finalmente, trouxe do mundo dos mortos o cão guardião Cérbero. Gigante de três cabeças, foi autorizado a lutar com ele na superfície da Terra e não no submundo, com a condição de apenas usar a sua força. Dominado-o por completo, levou a Eristeu que assustado com tão horrorosa criatura, ordenou-lhe que a devolvesse ao seu lugar. Sendo um dos mais famosos mitos da Humanidade, foi com naturalidade que as artes o adotaram com uma multitude de livros, pinturas, esculturas e, mais recentemente, na arte cinematográfica. Sem dúvida que o Homem mais forte de sempre preenche o nosso imaginário. Provavelmente, algumas pessoas após lerem este artigo, vão começar a frequentar o ginásio para ficarem parecidos com... o Hércules. jornal

9


crónica » leguminosas

Leguminosas

por Francisco P. Ribeiro fportoribeiro@hotmail.com

C

ontinuando na senda da nova publicação (Primavera 2021, n.º 1) da revista EGGAS e à semelhança do artigo sobre as malaguetas, para a presente proposta escolhi compilar dois textos que tratam de um assunto que me é muito querido, leguminosas. São textos escritos por quem sabe de cozinha (chefes) e apreciadores destes artigos, assim como este vosso amigo dado à erva (vegetariano). Mas para iniciar o tema, considero ser necessário recorrer à definição científica do que estamos a tratar e, no caso em concreto, faço uso da informação da APN (associação portuguesa de nutricionistas), onde refere que as leguminosas representam um grupo de alimentos que se divide em duas categorias: os grãos (ex: feijão, grão-de-bico, lentilha, ervilha, fava e tremoço) e as oleaginosas (ex: soja e amendoim). Esta categorização influencia a composição nutricional do artigo, que, de uma forma geral caracterizam-se por fornecerem um conjunto interessante de nutrientes como proteínas e hidratos de carbono, para além de fibras, vitaminas (sobretudo B) e minerais (ex: ferro e cálcio). Pela sua composição em proteínas são muito usadas como substitutos de outras fontes proteicas como a carne, o peixe ou os

ovos (para os mais veganos mais radicais). O consumo deste alimento deve ser complementado com cereais, por exemplo, a APN recomenda a tradicional conjugação do feijão com o arroz (leguminosa e cereal), que permite obter, no total, o conjunto de todos os aminoácidos essenciais à vida com qualidade. Cada artigo/produto goza de propriedades distintas sendo que convém diversificar, alternadamente, ao longo dos dias, o seu consumo, mas mantermos uma alimentação devidamente equilibrada

O aumento da procura de fontes alternativas de proteína, que possibilitem refeições vegetarianas ou veganas, levou a um redesenho da oferta de restauração, destacando-se nas grandes cidades (e não só) com o incremento do número de produtos em 2015, com um aumento de 150% no que se prende com artigos vegetarianos e de 237% nos produtos veganos (um mercado em franco desenvolvimento). e balanceada. Passado o esclarecimento científico, regressamos à proposta extraída da revista da Eggas e o artigo onde escreve Hélio Loureiro, refere que as leguminosas secas encerram um mundo de História e his-

10 edição 91 • novembro 2021

tórias. Foram usados como artigo de troca, tal era o seu valor para as populações locais. Refere, por exemplo, que há registos que o feijão frade, na Ásia, já era plantado desde 4000 anos, mas os registos dão nota do seu cultivo, em terras do Peru, há 8000 anos atrás. Neste conjunto de produtos diversos de leguminosas, há mais de 1000 variedades diferentes de feijões, sendo a América dos Andes e Central um bastião das leguminosas. E temos registos, também, de histórias trágicas, como é o caso das Favas, que levaram à morte de Pitágoras, motivado pela doença que hoje é conhecida como o favismo (esclarecimento científico:

síndrome hernolítico agudo que ocorre em indivíduos com deficiência de glucose 6 fosfato desidrogenase -G6PD, após o consumo de favas ou

O consumo deste alimento deve ser complementado com cereais, por exemplo, a APN recomenda a tradicional conjugação do feijão com o arroz (leguminosa e cereal), que permite obter, no total, o conjunto de todos os aminoácidos essenciais à vida com qualidade


crónica » leguminosas

seus derivados. Caracteriza-se por uma anemia hemolítica com coloração amarelada da pele e hemoglobinúria, alterações digestivas, febre e astenia nervosa, segundo a especialidade. Mas nem tudo é mau, e que o diga o nosso amigo José Cid com a sua música “favas com chouriço” (dispenso). Mas temos registos antigos positivos, pois nem tudo é mau. No caso das lentilhas, este produto faz parte da história católica, sendo referido no livro de Génesis 25:34. Mas há mais histórias, que revelam o valor cultural que estes bens tiveram ao longo do tempo na evolução das civilizações. Assim sendo, considera o autor que, mais que um motivo gastronómico e nutricional, comer grão de bico, lentilhas, favas, ervilhas e feijões é fazer parte da história e pro-

longar a mesma. Assim, e de forma resumida, recomenda que o seu consumo gastronomico, no pressuposto de se escolher leguminosas secas, estas devam ser sempre demolhadas e deixar repousar até 14 horas. Aconselha, ainda, a juntar, na água da demolha, uma colher de vinagre para eliminar os anti-

Devemos incentivar o consumo de leguminosas, não só por estas serem uma fonte muito rica de proteína, com baixo teor de gordura e isentas de colesterol, mas também pelo seu valor económico e impacto social.

-nutrientes. Deste modo, este produto fica lavado, previamente ao seu consumo. Por sua vez, no seu tratamento de consumo, recomenda que feijões e grãos que flutuem sejam rejeitados (não consumidos), assim como não deve ser aproveitada a água da demolha. Já para o processo da cozedura destes artigos, a recomendação passa por considerar sempre usar o triplo da água, face ao volume de produto a cozinhar, deixando que o processo de cozedura decorra lentamente e sem ferver. Após cozer, devemos deixar repousar o produto nessa mesma água (truques que tornam o produto mais macio e melhor digerível e que faz toda a diferença, acreditem). Em resumo, devemos incentivar o consumo de leguminosas, não só por estas serem uma fonte muito rica de proteína, com baixo teor de gordura e isentas de colesterol, mas também pelo seu valor económico e impacto social. Já Joana Maricato, no seu artigo sobre “o futuro das proteínas alternativas?”, faz referências ao facto de estes alimentos encontrarem-se no centro da revolução da indústria alimentar e gastronómica, consequência do seu preço acessível e alto

valor nutricional (como já foi referido atrás), para além da facilidade de armazenamento e versatilidade na confeção. Refere que a procura de alternativas às proteínas animais está presente nas áreas de investigação e desenvolvimento (I&D) das grandes multinacionais alimentares, fornecendo uma fonte completa de aminoácidos. A autora refere que o aumento da procura de fontes alternativas de proteína, que possibilitem refeições vegetarianas ou veganas, levou a um redesenho da oferta de restauração, destacando-se nas grandes cidades (e não só) com o incremento do número de produtos em 2015, com um aumento de 150% no que se prende com artigos vegetarianos e de 237% nos produtos veganos (um mercado em franco desenvolvimento). Conforme já foi referido no artigo anterior, reitero o facto desta revista ser absolutamente “deliciosa”, abrindo o apetite para mais, por isso fica a recomendação. Possui uma carteira diversificada de artigos distintos, para todos os géneros e gostos, sendo um novo desafio a alavancar na economia nacional, revelando o que de melhor há, em termos de gastronomia e vinhos. Fica a proposta.

Publicidade

jornal

11


crónica » ervas aromáticas

O valor das ervas aromáticas

por Francisco P. Ribeiro fportoribeiro@hotmail.com

Penso que possa ser do senso comum a noção geral sobre o potencial de riqueza que as ervas aromáticas traduzem para o organismo humano. Em termos práticos, as ervas aromáticas contribuem para a redução do consumo do sal (funciona lindamente para pessoas com hipertensão), ajudam a diminuir o colesterol, entre outros aspectos que passam, também, por temperar a vida, funcionando como um saborizante do que comemos e alegrando o nosso dia. A questão que se coloca é se temos consciência sobre os benefícios das ervas aromáticas no organismo das pessoas? Este artigo de opinião, escrito no início de novembro, serve para, com antecedência, preparar para os excessos das comezainas do

Natal (típico), equilibrando o nosso bem-estar. Recomendo a leitura ao livro da Associação Portuguesa de Nutrição (APN, em (1). Na minha limitada capacidade de sensibilizar e dos parcos conhecimentos que possuo, irei simplesmente partilhar o que aprendi, ao longo deste percurso de vegetarianismo, alertando para a necessidade de associar duas regras fundamentais: (1) a regra do bom senso e do equilíbrio (optar pela justa medida das coisas) e (2) a regra do autoconhecimento (real) das suas (nossas) limitações. Ambas regras são fundamentais para o equilibro e para não abusar nos respetivos consumos, ficando alerta que estas notas não são medicamento (isto não é um consultório) mas funciona como prevenção. Por seu lado, a segunda regra prende-se a constatação real, e frequente, de pessoas que alegam desconhecimento sobre algumas das maleitas de que padecem. Enfim. Todo o cuidado é necessário. Fica aqui outro alerta, pessoal, para a necessidade de passar a considerar consumir o pé das plantas respetivas, até à

12 edição 91 • novembro 2021

sua versão mais macia (à semelhança dos espargos). Por segurança, eu consumo até ao momento que possa partir essa erva com os dedos, sem uso de facas. Até aí, é comestível de forma tranquila. Agora, voltando ao tema das ervas aromáticas, seria bom destacar que o seu sabor e cheiro intenso, tal como as especiarias, não servem apenas para potenciar a qualidade gastronómica. Na Roda da Alimentação Mediterrânica (à direita) destaca-se o consumo da salsa, do manjericão e da salicórnia (já referida aqui em artigo publicado em agosto). Mas em resumo, todas as ervas aromáticas (sendo umas mais que outras), são ricas em micronutrientes (leia-se, em vitaminas e minerais), tendo uma importante função na regulação e equilíbrio do organismo. Conforme já se referiu, ajudam a combater o consumo do sal (ler artigo da salicórnia), fornecem fitoquímicos (substâncias bioactivas) que contribuem para a redução de níveis de colesterol (entre outros) e alguns ajudam na diabetes. No vegetarianismo, temos

o hábito de dizer que quanto mais colorido for o nosso prato, mais equilibrada está a nossa alimentação. Este aspecto prende-se com a cor dos alimentos, usado para distinguir diferentes fitoquímicos, ou seja, os alimentos naturais distinguem-se pelas cores predominantes (e.g.: pimentos de diversas cores, com resultados digestivos distintos entre si, fruto da predominância em determinados fitoquímicos). Os fitoquímicos são agentes antioxidantes fornecendo defesas ao organismo. Posto esta introdução, coloco outra questão: para que efeito devem consumir ervas aromáticas? Tendo como fonte a APN, independente da região do país onde há maior predominância, em cru servem para: ●● Alecrim, aromatizador (em garrafas de azeite que utilizo para temperar saladas), no arroz (fica lindamente), em infusões, temperar carnes, para massas, comer com queijo, usar na sopa e em saladas; contribui para combater o declínio cognitivo, aumentando uma memória sã e prevenindo o Alzheimer. ●● Cebolinho, serve para


crónica » ervas aromáticas

limonadas, para molhos, acompanha lindamente com ovos, peixe, saladas, em sopas (cremes de espargos ou de alho francês) e tempera legumes; goza de propriedades antioxidantes, ajuda na digestão e melhora a circulação sanguínea. ●● Coentros (muito em voga no Alentejo, os do milho, terem menos luz e mais água, são mais fracos) servem para saladas, sopas, maionese de coentros (maravilha) e outros molhos,

pisto (pesto com coentros), acompanha lindamente o peixe, ervilhas, favas, arroz, massas, açordas e até é usado em bolos; goza de propriedade anti-inflamatórias e antibacterianas, rico em cálcio, ferro e vitaminas; ●● Hortelã (pimenta, chocolate, da ribeira), óptimo na água (saborizante), em tisanas, na limonada, em sopas, saladas, ervilhas, sobremesas, carne e peixe; faz lindamente à flora intestinal, sendo descongestionan-

te, limpa o palato e refresca a boca; usado na gripe, rica em minerais como cálcio, fósforo, potássio e ferro. ●● Louro (introduzido pelos gregos na gastronomia e usado, com parcimónia, pelos romanos, no império); há quem faça chá (cuidado com o seu efeito) para limpeza do sangue; acompanha carne, peixe, leguminosas (feijão, grão e lentilhas), estufados e caldeirada. ●● Manjericão, usado em sumos, molhos (o pesto

caseiro é excelente), massas, legumes, cozinhados com tomate, peixe, sopas, saladas, sobremesas; é uma erva aromática e ornamental originária da Índia, com elevado valor nutricional, combate os vómitos, as cólicas intestinais e as diarreias (e esta, hein?); as suas folhas são ricas óleos diversos. ●● Orégãos (Alentejo em peso), usado no tempero de azeitonas, acompanha carne, peixe, massas, saladas, queijos e tomate. Não sei se sabe mas um chá com os pés de orégãos substitui a água das pedras, elimina gorduras e ajuda na digestão; é extremamente diurético e ameniza as dores menstruais, com alto teor antioxidantes. ●● Poejo, (Alentejo) usado em tisanas, caldeiradas de peixe, açorda, sobremesas com fruta; é considerado com calmante e ajuda a combater insónias, ●● Salsa, acompanha carne, peixe, ovos, queijo, saladas, massas, arroz; mais uma vez, reforço o consumo com o pé da salsa e serve para combater a formação de gazes estomacais, alivia sintomas de bronquite, asma e cólicas menstruais. ●● Tomilho, (em garrafas de azeite, aromatiza lindamente) e acompanha carne, peixe assados e grelhados; é digestivo, anti-inflamatório e expectorante (ajuda a limpas as vias respiratórias), sendo rico em vitaminas do complexo B, C e magnésio. ●● Salicórnia, (vide artigo de agosto), substitui o sal e entra em tudo, seja, carne, peixe, sopa, saladas, etc. ●● Aqui, faço um apelo à imaginação individual e associação com os produtos locais. Partilhe. E se procurar ervas frescas, qualquer horto tem, supermercado ou em aromaticasvivas.com. jornal

13


saúde » anti-inflamatórios

Anti-inflamatórios não esteroides (AINEs): quando recorrer a estes medicamentos?

por Ana Sofia Portela enf.anasofia@gmail.com Enfermeira especialista em Enfermagem Comunitária USF Aqueduto – ACES Vila do Conde/Póvoa do Varzim

O

s anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) encontram-se entre os medicamentos mais prescritos em todo o mundo. Esta classe heterogénea de fármacos inclui o ácido acetilsalicílico (mais conhecido por Aspirina®) e vários outros agentes, como por exemplo, o Ibuprofeno (Brufen®), Diclofenac (Voltaren®), Naproxeno (Naprosyn®), Nimesulida (Nimed®), estes são alguns nomes dos mais usados e conhecidos, entre muitos outros. O uso em grande esca-

la destes fármacos deve-se essencialmente à sua ampla gama de ações. Os AINEs exercem ação antipirética, analgésica e também anti-inflamatória daí serem usados comumente para o tratamento da dor assim como para o tratamento de inúmeras patologias inflamatórias como as doenças articulares inflamatórias, entre outras. O mecanismo de ação

Publicidade

14 edição 91 • novembro 2021

destes fármacos está relacionado essencialmente com alterações no metabolismo de partículas químicas designadas por prostaglandinas que contribui para o efeito antipirético, analgésico e anti-inflamatório desejável com o seu uso. No entanto a alteração no metabolismo destas partículas é também responsável pelos efeitos indesejáveis decorrentes do consumo destas substâncias. O uso indevido e prolongado dos AINEs pode provocar complicações gastrointestinais, como por exemplo, sintomas de náuseas e azia sendo que estes fármacos estão contra indicados em pessoas com úlceras gástricas. O consumo de AINEs também influencia o metabolismo do rim sendo que o uso prolongado destas substâncias está associado ao desenvolvimento de desequilíbrios eletrolíticos e deterioração da fun-

ção renal. Nos últimos anos têm sido desenvolvidos vários ensaios clínicos no sentido de avaliar o risco cardíaco associado ao uso indevido dos AINEs. É importante a população estar alerta para os efeitos indesejáveis destes fármacos e conhecer os riscos para a saúde associados ao seu consumo indevido. Deve-se recorrer ao uso dos AINEs apenas quando existem indicações clínicas específicas, e, sempre que o objetivo terapêutico seja apenas antipirético e/ou analgésico devem procurar-se alternativas mais seguras, como por exemplo, o paracetamol (Ben-U-Ron®). Caso tenha dúvidas ou pretenda informação adicional relativamente ao uso dos AINEs, não hesite em contactar o seu médico/enfermeiro de família. Cuide da sua saúde!


crónica » literatura

Conto

«A confissão»

por Daniela Maciel dani18maciel@hotmail.com

A

compreensão atingiu-me durante a madrugada, em mais uma das minhas noites de insónias. Raramente conseguia dormir mais de três horas por noite. O medo não me deixava. Nem o roncar do meu marido. Permaneci deitada, os olhos cansados fixos na escuridão. Percebi que chegara o dia. Por favor, não me julguem pelo que estou prestes a fazer. Por vezes, fazemos o que temos de fazer. Não pensamos. Só queremos sobreviver. Após cinco tentativas falhadas para fugir dele, desisti. Ou pelo menos mentalizei-me de que não era capaz. Ele tornava-se mais agressivo a cada uma das minhas

tentativas. Percebi que aquele não era o caminho e mostrei-me mais dócil, mais obediente. Ele recompensou a minha mudança. Deixou de me bater com tanta frequência e começou a deixar-me sair de casa com ele, em pequenos passeios. Mas tudo mudou quando deparei com uma nova oportunidade. Gostava de poder dizer que a ideia partira de mim. Gostava de me ter sentido iluminada. Gostava de ter sido eu a exclamar: «Tive uma ideia!». Mas não aconteceu nada disso. A ideia não era minha. Mas podia salvar-me. Naquela manhã, fiz a minha rotina habitual. Tomei banho e arranjei-me, fazendo questão de disfarçar o corte no lábio que ele me provocara duas noites antes e que ainda me doía. Ele não gostava de ver em mim as marcas das suas agressões. Passei mais de duas horas na cozinha, tentando esmerar-me no guisado de cabrito e no bolo que apresentaria como sobremesa. Tinha de sair tudo perfeito. Quando a mãe dele che-

gou, fomos almoçar. Como quase sempre acontecia, tornei-me invisível perante a atenção desmesurada que ele dava à mãe. Mas desta vez não me importei. Estava a esforçar-me ao máximo para que ninguém reparasse na tremura das minhas mãos. O bolo de laranja e chocolate fitava-me, ameaçador, do alto da sua travessa. Ele sabia o que eu havia feito. Assim que todos terminaram a refeição, levantei os pratos sujos da mesa e coloquei o bolo mesmo ao centro. A minha sogra sorriu para mim e pediu: — Parte-me uma fatia bem gorda, minha querida. Obedeci. Não era um pedido estranho. Ela costumava adorar os meus bolos. Contudo, desta vez senti-me aterrorizada. Não havia como voltar atrás. Ela pegou no bolo com a mão direita e abocanhou quase metade da fatia, ignorando o garfo e a faca de sobremesa que eu colocara junto ao prato. Tentei fechar os olhos mas não fui capaz. Era como se me tivessem arrancado as pálpebras. Tudo aconteceu numa fração de segundos. Enquanto mastigava o grande pedaço de bolo, os seus olhos começaram a lacrimejar. Foi com horror que a vi agarrar-se à garganta, como se estivesse engasgada. Ou sufocada. — O que se passa? — perguntou o meu marido, levantando-se bruscamente

da mesa. — Mãe? A reação dela era agora mais exagerada. Fazia ruídos estranhos com a garganta e os lábios começavam a inchar. Ele olhou-me desconfiado, o ódio que eu tantas vezes vira no seu olhar. Levou à boca um pedaço de bolo do prato da mãe e identificou de imediato o problema. — Amendoim — sussurrou. — Minha grandessíssima cabra! Aproximou-se de mim e esmurrou-me, atirando-me ao chão. Por pouco não bati com a cabeça na perna da mesa, mas senti-me atordoada. Vi-o agarrar a mãe, mais aflita a cada minuto que passava, e levá-la para fora de casa. Pouco depois ouvi o som do carro a afastar-se. Levantei-me, ainda a tremer. Dirigi-me à casa de banho e vasculhei o cesto da roupa suja até encontrar a mochila que escondera no dia anterior. Era o único local da casa que ele não controlava. Caminhei até à porta que dava para a rua e suspirei de alívio quando percebi que, com a atrapalhação de socorrer a mãe, ele se esquecera de a trancar. Abri-a e contemplei a liberdade. Comecei a correr. Fugi sem olhar para trás. A minha visão toldava-se de lágrimas à medida que me recordava daquele dia, apenas duas semanas antes, em que a minha sogra me agarrara a mão, fixando-me o olhar e sussurrando, como se me desse uma ordem: «sou alérgica ao amendoim». jornal

15


crónica » eleições e comunidade digital

Peso da comunidade digital em eleição

Capitais de distrito: análise dos 20 municípios

por Daniel Basílio danielhbasílio@gmail.com

O

ambiente que se sente durante o período eleitoral é sem dúvida único e quase indiscritível visto serem complexas as relações de amizade ou não, que se vão estabelecendo com a população. Na grande maioria das vezes aqueles que conseguirem maior aceitação da comunidade serão eleitos para os cargos propostos. As Redes Sociais são estruturas formadas dentro da internet, por pessoas e organizações que se conectam a partir de interesses e motivações. O objetivo foi analisar o volume da comunidade digital que estão presentes nessas redes e se teria uma correlação positiva com os resultados eleitorais. As eleições autárquicas do passado dia 26 de setembro permitiu-me agora analisar que importância tem o volume da audiência digital presente em cada um dos candidatos à Câmara Municipal das capitais de Distrito. Para esse efeito, foi escrutinado o número de seguidores das Redes Sociais Facebook (perfil e página) e Instagram (perfil) sendo

feito o somatório de cada um destes itens contribuindo assim para os resultados finais da audiência total de cada um dos candidatos. Foram escolhidas estas duas Redes Sociais pois 95% das candidaturas apresentam pelo menos uma das referidas. Antes de chegarmos às conclusões deste estudo sobre o comportamento dos 20 municípios nas Eleições Autárquicas é preciso referir que 2 dos vencidos dos distritos de Coimbra e Leiria não apresentam qualquer Rede Social disponível à data da recolha de informação. Foi possível perceber através dos motores de busca (Google) que estas páginas foram criadas, mas

16 edição 91 • novembro 2021

por qualquer motivo retiradas ou desativadas. Perde-se assim, a falange de apoio em cada uma das candidaturas que podia ser utilizada no futuro para outras corridas. Voltando agora ao exercício anterior, o somatório da audiência digital de cada uma das candidaturas mostra que 60% dos novos Presidentes de Câmara Municipal registam uma comunidade digital mais elevada. Estes valores indicam que mais de metade dos vencedores conseguiram cativar mais pessoas para os seguirem nas suas redes digitais e tentar interagir com cada uma delas. Esta estratégia parece-me cada vez mais importante quando se exige uma

aproximação destes candidatos à população e isso pode acontecer com uma simples mensagem de texto para a página de Facebook. Estas plataformas por serem gratuitas permitem que possamos ter uma exposição semelhante e não ficarmos totalmente condicionados pela notoriedade alcançada em canais mais onerosos. Desta forma existe uma maior equidade em cada uma das candidaturas visto que o orçamento utilizado para estes canais é manifestamente inferior ao utilizado em formatos como brindes, outdoors, folhetos e manifestos de campanha. Existe aliás, falta de verbas alocadas a este canal que podem ser fundamentais no seduzir


crónica » eleições e comunidade digital

Viana do Castelo

Lisboa

Braga

Vila Real

Bragança

Porto

Aveiro

Viseu

Guarda

Coimbra

Castelo Branco

Leiria

Santarém

Portalegre

Évora

Setúbal

Beja

Faro

Ponta Delgada

Funchal

Presença nas Redes

Resultados Eleitorais

Capitais de Distrito

Candidato 1

Candidato 2

PSD/CDS

PS

24,59%

45,05%

PSD/CDS

PS

34,26%

33,31%

PSD/CDS

PS

42,89%

30,69%

PSD/CDS

PS

28,68%

58,44%

PSD/CDS

PS

57,51%

26,98%

Rui Moreira Ind

PS

40,72%

18%

PSD/CDS

PS

51,26%

26%

PSD/CDS

PS

51,26%

26%

PSD/CDS

PG

33,68%

36,22%

PSD/CDS

PS

43,92%

32,65%

S-MI

PS

31,65%

35,95%

PSD/CDS

PS

22,38%

52,47%

PSD/CDS

PS

37,42%

33,26%

PSD/CDS

PS

38,39%

25,35%

PCP

PS

27,44%

26,27%

PCP

PS

34,40%

27,67%

PCP

PS

32,84%

39,14%

PSD/CDS

PS

47,76%

30,58%

PSD/CDS

PS

48,76%

37,33%

PSD/CDS

PS

46,98%

39,72%

e no apelo à participação dos Portugueses através do seu voto. Com eleições Legislativas no horizonte mais uma vez será possível verificar o comportamento dos candidatos nas Redes Sociais. Vão continuar a visitar Portugal de Lés-a-Lés em arruadas, comícios, reuniões, debates televisivos e desprezar a importância da criação de conteúdos nos seus canais próprios? Será que vamos dar mais importância ao conteúdo do nosso Facebook e Instagram visto que é ele que nos vai colocar em contacto com a população? Ha-

Candidato 1

Resultado=Presença

Candidato 1

Candidato 2

14 700

7 512

FALSO

37 663

62 293

FALSO

85 452

7 527

VERDADEIRO

6 358

8 300

VERDADEIRO

5 046

5 796

229 352

Candidato 2

Pessoal

Página

Instagram

Pessoal

Página

Instagram

3 985

8 700

2 015

2 411

3 645

1 456

24 863

12 800

48 893

13 400

21 684

53 768

10 000

3 162

2 418

410

5 536

412

FALSO

4 687

359

2 921

2 667

208

15 538

VERDADEIRO

226 225

3 127

10 325

2 789

2 424

3 351

4 100

FALSO

333

2 735

283

4 100

14 212

14 234

VERDADEIRO

3 152

10 407

653

11 956

2 278

2 136

10 255

VERDADEIRO

762

1 374

4 773

4 585

897

10 421

0

VERDADEIRO

4 900

5 080

441

5 786

8 547

VERDADEIRO

3 911

1 418

457

4 561

3 691

295

0

22 285

VERDADEIRO

17 329

4 956

20 172

957

VERDADEIRO

4 501

15 671

6 131

8 363

FALSO

2 468

2 949

3 821

12 009

FALSO

1 325

2 496

2 859

3 322

FALSO

2 859

7 184

6 351

FALSO

4 978

2 206

12 582

9 869

VERDADEIRO

3 646

7 125

1 811

8 706

2 854

VERDADEIRO

4 887

3 005

814

16 059

12 307

VERDADEIRO

4 995

8 063

3 001

verá algum equilíbrio? Há uma tendência clara para darmos continuidade ao que já sabemos que resulta ou que tem boas possibilidades de resultar. Assim, continuamos a usar da mesma forma os mesmos canais (televisão e rádio) e esperamos que o comportamento da população seja semelhante. O comportamento até o pode ser, mas a população que tem contacto com esse conteúdo é manifestamente menor. Atualmente os jovens têm contacto com as notícias através das Redes Sociais. Existem cerca de 6.2 milhões de contas cria-

1 947

8 300

957

714

8 000

6 679

1 684

1 137

2 872

3 322

das por Portugueses no Facebook, que é um número bem expressivo da capacidade que esta rede tem em conectar pessoas. Este fenómeno cresce a um ritmo acelerado e o uso do Instagram por parte dos jovens já representa 20% do tráfego em Redes Sociais. É um bom segmento para atuar visto que os jovens que votam menos têm idades compreendidas entre 18 e os 30 anos. Toca a votar! Depois de analisarmos estes dados parece termos encontrado um motivo para refletirmos sobre a estratégia da comunicação e que

3 314

2 768

269

4 990

3 459

1 420

2 657

197

7 537

2 597

2 173

canais podemos usar para maximizar os resultados pretendidos. Se 60% das campanhas vencedoras agregam mais população nas suas Redes Sociais e se estas representam mais de metade da população, é seguro admitir que deve existir uma preocupação na criação de conteúdos próprios e relevantes de forma a chegarmos às pessoas que pretendemos. A criação destes conteúdos só depende mesmo de nós. Boas votações. Recolha de dados: 27 de outubro jornal

17


história » caminhos de ferro

Governo convida engenheiro francês Mr. Waltier (continuação do texto da edição anterior)

por Domingos Costa domingosdacunhacosta@gmail.com

Em sequência ao artigo anterior, anoto que “Dom Luiz, por graça de Deus, Rei de Portugal e dos Algarves…” a 26 de janeiro de 1876, “…faz saber que as cortes gerais decretaram e nós queremos a lei seguinte:” Autoriza que o governo mande construir e concluir um caminho-de-ferro de Cazevel a Faro. Sua Majestade El-Rei, concedeu a 6 de maio de 1878, autorização ao Governo, para que no espaço de 40 dias, abra concurso para a construção e exploração - do prolongamento - do caminho-de-ferro do Sul e Sueste, até ao caminho-de-ferro Português de Leste. Ligando também o caminho-de-ferro de Sul e Sueste até a “Huelva” fronteira Espanhola. Também ainda, efetuar no Barreiro as obras necessárias na construção de oficinas, uma estação términus das linhas do Sul e Sueste, uma estação do lado de Lisboa, e também a construção de barcos para o serviço dos caminhos-de-ferro. Todas estas infraestruturas destinam-se ao serviço de passageiros e mercadorias. Sua Majestade El-Rei,

Reprodução de uma gravura alusiva à Ponte Maria Pia, vendo-se nos medalhões as fotografias das individualidades mais ligadas à sua construção. Da esquerda para a direita: 1 - M. A. Espregueira, Diretor da Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses. 2 - Eng. Construtor dos trabalhos, H. Angevers. 3 - Autor do projeto da ponte e chefe da Casa Eiffel, M. G. Eiffel. 4 - Eng. Encarregado da montagem do grande arco, Mr. Nouguier. 5 - Eng. Pedro Inácio Lopes, Eng.-chefe da Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses

concedeu ainda a 7 de fevereiro de 1880, que o ramal de Carceres começasse a circular provisoriamente com comboios de mercadorias, todavia com limitação de velocidade máxima de 25Km/h. Já, a 7 de dezembro de 1883, foi apresentado a Sua Majestade El-Rei, o processo de concurso público para a construção da primeira seção de via dos Caminhos de Ferro do Algarve, situada entre a estação do Cazevel e Boliqueime, compreendida entre a referida estação de Cazevel e o Monte da Ribeira de Cima, na extensão de 28,539 Km. Com a entrada ao serviço dos comboios de mercadorias, surgiu mais um pro-

18 edição 91 • novembro 2021

blema sobre a potência e peso das locomotivas. Concluíram que em rampas de índice elevado, as locomotivas tinham dificuldade em as vencer. O seu peso, não estava diretamente proporcional com a potência, porque os referidos comboios, quando rebocavam a carga máxima, a velocidade atingida rondava os 20Km/h, havendo ainda o receio de pararem e de terem necessidade de socorro com outra locomotiva. Os engenheiros, fizeram contas e concluíram não haver solução, deveriam, sim, comprar locomotivas com mais potência. Finalizo, com um pouco de literatura inspirada no caminho de ferro de João

de Lemos, extraída do livro “Cem Anos dos Caminhos de Ferro na Literatura Portuguesa: Deve ser bem, se não erro; Chamam-lhe via de ferro, Que pôs às distâncias fim; É do homem audaz processo Por santa lei do progresso, Que a mesma foi sempre assim. Nem se cuide que isto é salto Do tempo, nos fastos seus, pois vem só da lei do alto, é somente a mão de Deus! in Livro de Legislação de 1876-1880, pág. 6 a 9 in Livro de Legislação de 1876-1880, pág. 191 a 194 in Livro de Legislação de 1876 a 1880, pág. 475


autarquia » apontamentos históricos

Durrães na vanguarda autárquica: parte IX

Boletim Autárquico de Durrães

por Domingos Costa domingosdacunhacosta@gmail.com

N

a página 2 a 6 do boletim do ano II – nº. 3 de 30 de abril de 1995, o Sr. Presidente da Assembleia, António Luís Pinheiro, manifestou interesse em estabelecer condições – num circuito turístico -, de acesso ao monte através de placas informativas das várias estações arqueológicas existentes. Apesar de não haver subsídios, “ao GEN – Grupo de Estudos Históricos do Vale do Neiva”, o Sr. António Luís Pinheiro, evidenciou descontentamento pelo sucedido, sendo eles geradores de diversas e importantes descobertas arqueológicas. Referencia o que escre-

veu o Dr. Armando Coelho F. da Silva, Professor da Universidade do Porto, sobre “a necrópole do bronze inicial da Chã de Arefe”. Sublinha a importância do achado, dado ser a primeira necrópole do Norte do País de contornos arqueológicos bem definidos. Em campo distinto, o Sr. António Luís Pinheiro apelou que fosse a votos a atribuição de número em todas as casas da freguesia, tendo em conta que a maioria dos nomes de Durrães são semelhantes. Com agrado, a proposta foi aprovada por unanimidade. Falarei agora sobre a Assembleia de Freguesia, subordinada ao tema: “Poder Autárquico – Sua Competência”. Como tal, apresento de seguida uma sucinta, mas abrangente comunicação do Presidente da Assembleia, Sr. António Luís Pinheiro: Concluídas as habituais cordiais saudações aos pa-

roquianos, autarcas, de pessoas individuais e de autarcas circunvizinhos previamente convidados, pela gentileza de em comunhão festejar o primeiro aniversário da tomada de posse da Assembleia. Com regozijo inicia por assinalar na sua intervenção oratória, que a todos os presentes foram enviados convites, quer a nível autárquico, a todas as coletividades de Durrães e pessoas individuais. O Sr. Presidente da Assembleia, esclareceu a plateia que os autarcas foram convidados, “…e quiseram honrar-nos com a sua presença, gostaríamos que ficasse bem claro que o fizeram pelo lugar que ocupam e não pelos partidos políticos que representam. Com certeza, o não fariam de outra maneira”. Seguidamente apresento erudições – divulgadas pelo Sr. Presidente de Assembleia -, de Monsenhor Miguel de Oliveira: “…a freguesia é uma instituição

de origem religiosa – Paróquias Rurais Portuguesas -, que excedeu em importância social as próprias instituições municipais”. Apresento outro parecer de Alberto Sampaio: “… o pároco foi o imediato substituto do antigo senhor, a cuja sombra protetora se acolheram os lavradores habitantes da antiga unidade agrária e aos quais deu coesão, que se basearia, sobretudo, na sua autoridade”. Conclui-se efetivamente, que em passado longínquo, as populações tinham necessidade de reunir com um chefe ou instituição no sentido de obter apoio Espiritual e ainda na componente social, garantindo desta forma interessantes defesas de proveitos comuns. No próximo jornal darei continuidade à comunicação do Presidente da Assembleia Sr. António Luís Pinheiro.

jornal

19


cinema » sugestão ao leitor

O melhor amigo do homem

por Alcino Pereira alcinop@ipvc.pt

Quando referimos de modo explicito e indiscutível, a frase “O Melhor Amigo do Homem”, estamos certamente a falar do cão, como o animal mais inteligente e convencional, que absorve em pleno os ditames do homem, e simultaneamente adapta se aos meandros da vida doméstica, sendo em muitos casos a única companhia, a única razão de viver, para aquelas pessoas que vivem numa erosiva solidão. Reiterando essa importância significativa que o cão, tem para a vida do homem, o cinema demonstra de forma clara, esta relação prodigiosa, que atinge picos de grande emoção e ressonância, fulcral para dar azo e origem a enredos entretidos e cativantes. Nessas histórias o cão afirma se como um elemento catita e simbólico do seio familiar, pronto e sempre apostos para participar nas aventuras mais hilariantes e incisivas, patenteando galhardia, boutade á mistura, assente num irrepreensível cotejo protetor, como também pode ser um estímulo motivacional, uma lufada de ar fresco, para a família que o acolhe, sendo normalmen-

Tom Hanks em Turner e Hooch (1989)

te um bom presságio para as crianças. Outra faceta matizadora é o cão cingir se muito ao quotidiano diário, parecendo que com ele traz um relógio de pulso, apercebendo se com um esmo exato, sobre as movimentações do seu dono. Por último outro dado pertinente, é a sinergia transcendental entre o estado de espírito do seu dono predileto e o próprio, associando se aos sentimentos do homem, pois quando o dono está aborrecido, o cão praticamente não dá sinal de vida, e ao invés se o dono sentir se bem-disposto, o cão denota uma euforia transbordante. Na linha deste teor se-

20 edição 91 • novembro 2021

mântico, indico alguns filmes elucidativos, que realçam esses aspetos de comunhão, alegria e adrenalina, entre esses dois incumbentes seres vivos: Turner e Hooch (1989) é um filme de género policial, que combina laivos de enleios hilariantes, respaldada por uma coligação inusitada e utilitária, que se aquilata entre um jovem detetive e um cão buldogue de aspeto arisco e estrepitoso, ao qual juntos vão unir esforços no desvendar de um crime, conducente com o tráfico de droga. No que diz respeito á história, Scott Turner é um detetive solitá-

rio, vaidoso e miudinho com a estética, que trabalha na pequena terriola de Cypress Beach, Califórnia, mas devido às reduzidas chances de promoção, vislumbra se uma eventual transferência para a cidade de Sacramento. Contudo uma insólita morte de um conterrâneo seu conhecido, chamado Amos, que foi assassinado por surpreender em flagrante delito, uma trupe de malfeitores, junto ao porto de mar, deixa Turner siderado e azougado, com o lúgubre acontecimento. Indo de imediato para o local de sinistro, Turner verifica alguma turbulência em torno do cão de Amos, um buldo-


cinema » sugestão ao leitor

Jeff Daniels em 101 Dálmatas (1996)

gue paquidérmico, que com a morte do seu dono, fica momentaneamente irado e inquieto. Para não permitir que o cão seja abatido e por ter um feeling, que este é a única testemunha que lhe pode valer, Turner entende levar o animal, para a sua casa. Mas essa hospedagem, não vai ser tarefa fácil, pois Hooch é um cão impetuoso, nada asseado, que se baba com grande frequência e que está relegado da sua zona de conforto, pondo a casa de Turner em pantanas, mas acudido por uma veterinária, com qual mantem um romance, paulatinamente lá vai controlando Hooch, e inclusive concretizar uma ligação profícua entre ambos. Todavia num súbito dia, quando Turner estava presente no seu gabinete na delegacia com Hoo-

ch, este ao fixar se na janela, olhando em seu redor, reconhece no meio de uma turbamulta associada a uma cerimónia, o facínora que aniquilou Amos, não se fazendo rogado, salta num instante do parapeito da janela, movendo uma perseguição fragorosa ao sujeito, que se desenvincilha in extremis, mas não evitando que Turner apontasse o número da matrícula. Com esse dado e após uma minuciosa verificação, chegam á conclusão de que o suspeito, tem assuntos em comum com um dono de um armazém de peixe, no local onde decorreu o assassinato de Amos. Em face disso, é efetuada uma rusga policial ao sombrio armazém, sem ser observado nada de relevante, acabando por Turner ser afastado do caso, por cau-

sa desse embuste. Mas não ficando satisfeito, com essa machadada na investigação, Turner aliado a Hooch, vai encetar á socapa, uma averiguação noturna nos arredores do armazém, almejando a descoberta de algo pernicioso, que leva aos dois, a enveredarem por uma empreitada sinuosa e arrojada.

101 Dálmatas (1996) é um entretido e popular filme dirigido especialmente para as crianças, que apesar da tónica pitoresca e quimérica, assente no enredo, está subjacente nas entrelinhas que o facto de possuirmos animais de estimação, designadamente o cão, pode ser um ótimo pretexto, para incentivar

Publicidade

jornal

21


cinema » sugestão ao leitor

Elle Fanning e AnnaSophia Robb em Por Causa de Winn-Dixie (2005)

as relações bilaterais com os outros, quando também são de modo ex aequo proprietários, como é ínsito no caso concreto deste filme, em que um casal, acaba por namorar e se casar, curiosamente por terem na sua posse, dois animais da mesma raça e de sexo oposto, sendo o macho pertencente ao homem e a fêmea á mulher. Tendo como pano de fundo esse promissor enlace, entre Roger um criador de videojogos e Anita uma conceituada estilista, abençoado por um fetiche canoro, que ambos congregam por cães da raça dálmata, eles devido a essa afinidade, autorizam o nascimento de uma ninhada, congratulando se mutuamente com essa realização. Mas esta diapa-

são, estás prestes a ser seriamente posta em causa, pela perversa e obstinada patroa de Anita, conhecida pela Cruella Devil, que fica fascinada, após Anita propor um designer para um casaco de peles, que contém como gravura saliente, as cores do preto e branco, similar aos dálmatas, espalhado por todo o casaco. A partir desse momento, andando obcecada com esse modelo inovador, Cruella ao perceber que a cadela de Anita, deu á luz quinze cãezinhos, faz uma proposta tentadora ao Casal, para que estes lhes dispensem os recém-nascidos, só que estes declinam essa oferta, pondo os cabelos em pé, á irascível Cruella. Esta não perdendo mais tempo, giza um plano

22 edição 91 • novembro 2021

maquiavélico, ordenando aos seus dois cabotinos capangas, que assaltem a residência do Casal, durante a ausência destes e dos cães progenitores, e com isso estando de sentinela durante o dia, aproveitam uma oportunidade que se pro-

Publicidade

porciona, arrastando com eles os pequenos bichos, para o interior da sua carrinha, ameaçando com veemência a assustada empregada do casal. Ao levarem os cães, para um grande armazém devoluto, deslocado do centro da cidade, é no-


cinema » sugestão ao leitor

tório estar á pinha só com animais da raça dálmata, e com isso satisfazer o ego psicopata de Cruella, estando na iminência de executar estes desditosos animais, com o escopo de fabricar o seu megalómano casaco de peles. Só que a fantasiosa e alegórica, associação de vários cães que moram nas redondezas, onde os dálmatas foram roubados, vai lhes ocasionar achar o lugar onde estão encarcerados os bichos, dando um rude golpe nas intenções execráveis de Cruella. Por Causa de Winn-Dixie (2005): este filme é uma mescla de comédia e drama, que aborda a melancolia de uma menina de dez anos chamada Opal, que vacila regularmente, face à ausência da mãe, que com uma descarte precipitada e de rompante, a abandonou quando esta era bebé, às mãos do seu Pai. Porém quando Opal se desloca a um supermercado, repara num cão hirsuto e imponente, a fazer distúrbios no estabelecimento comercial, gerando um tumulto na loja, achando piada, ao despautério do animal, e á confusão que se compadece, não logrando ninguém deter o agitado animal. Restando se com pena do animal, Opal calcula instintivamente que o animal ao ser nocauteado por os funcionários, corre o risco de ser jugulado, e então num rasgo de bonomia, diz ao gerente que o cão é seu, e para atrair o cão para sua beira, vocifera o nome de Winn-Dixie, que é a designação do supermercado, vindo este num ápice até diante dela. Engraçando com a ternura da miúda, o cão segue paroquialmente Opal até á sua casa, chegan-

do ao seu lar, com o cão ao seu lado, Opal roga ao taciturno do seu Pai, para que este aceite ficar com o cão, pois a presença deste, pode circunstancialmente colmatar, os traumas acirrados da falta da mãe. Com enorme relutância, seu Pai consente provisoriamente a estadia do cão, junto com eles, para gáudio de Opal, cimentando um novo animo e um ótimo entendimento fraterno com Winn-Dixie, mas as traquinices acutilantes do animal, incomodam o impertinente e resmungão do seu vizinho idoso, dificultando em demasia, a hipótese de o cão ser adotado pela família. Mas sendo ultrapassado essa contrariedade, Opal perceciona dia a dia, que por obra e graça da influência de Winn-Dixie, uberou obter um relacionamento mais frutuoso com outras pessoas, a vários níveis, e com naturalidade alcançou o desígnio da felicidade. Hachicko: Sempre ao seu lado (2009) é um filme baseado em factos reais, tendencialmente tocante, induzindo tacitamente o pathos emocional no espectador, porque espelha de modo unívoco a devoção e lealdade indiscritível, que o cão sente pelo seu dono, nunca antes visto, num grau e tonalidade perene. Relativamente ao enredo, o Professor Parker Smith no caminho que percorria a pé em direção á sua residência, acha um cão bebé de feições bucólicas, a surdir atordoado no meio da rua, e mostrando se perplexo e encantado com o pequeno animal, apanha o, e com bicho ao seu colo, prossegue o seu trajeto habitual, descortinando, entretanto, uma corrente no pescoço

por Américo Manuel Santos americosantos1927@gmail.com

POEMA

NOVEMBRO Elegante (diz-me) Diz-me se alguém te ama Com o teu corpo elegante Diz Se ele te satisfaz na cama Diz se ele é um bom amante Diz se alguém faz amor contigo Com o teu corpo elegante Diz se tens algum amigo Que não te esteja distante Diz se alguém satisfaz Esse teu corpo elegante Diz se alguém é capaz De te deixar ofegante E quando te vejo assim Com o teu corpo elegante Queria ter-te para mim Para te amar um instante

do cão, com uma descrição em japonês. Porém antes de chegar á sua casa, pergunta aos autóctones do sítio, se o cão lhes pertence, pois tudo indiciava que o cão tinha escapulido de um dos imóveis, daquela zona. Não brotando mais nenhuma solução pundo-

nor, para dar guarida ao neófito bicho, não tem outro remédio, senão instala lo temporariamente na sua casa, para estupefação da sua esposa Cale Wilson, que não é propriamente adepta de animais domésticos. Não arranjando ninguém nos dias consecutivos para ficajornal

23


cinema » sugestão ao leitor

Richard Gere em Hachicko: Sempre ao seu lado (2009)

rem com o animal, Parker intrigado com a aparência e puerilidade do mesmo, consulta o amigo Japonês Ken Fujiyoshi, com a intenção de se inteirar acerca das raízes deste, e das suas virtualidades, ficando a saber pela boca de Ken, que o cão deriva de uma raça sonante para os japoneses, denominada de Akita, decidindo então de uma vez por todas, ancora lo como propriedade sua, e pondo-lhe o nome de Hachiko. Alicerçando dia para dia, um apego entusiasta, de Parker por Hachiko, numa simbiose perfeita, este num inopinado dia, incentiva Hachiko a acompanha lo na sua rotina diária,

até á estação de comboios, para apanhar o veiculo, que o transporta até á universidade, onde labora e se efetivou, aguardando Hachiko no largo da estação, de estaca e imóvel, pelo seu dono até que este regresse ao fim do dia. Todavia num inóspito dia, Parker é vítima de um ataque cardíaco fatal, no preciso momento que dava uma aula, num tom descontraído, provocando a sua fulminante morte, para consternação e amargura da sua família. Visando encontrar um lar para Hachiko, a filha de Parker já casada, assume se como nova dona deste, só que Ha-

24 edição 91 • novembro 2021

chicko com uma persistência, fora do normal, foge de casa, em direção á estação, esperando eternamente por Parker, todos os dias e anos

Publicidade

a fio, no mesmo local, com uma fé inabalável, de voltar a ver Parker surgir, diante daquelas portas automáticas.


religião » biografia

Extratos da vida da Irmã Maria da Conceição Pinto Rocha

por Domingos Costa domingosdacunhacosta@gmail.com

Maria da Conceição a “Serva de Deus”, reconhecida mãe Espiritual, foi uma primorosa mãe para todos os seus filhos do Mundo. Associemo-nos prezado leitor: Maria da Conceição foi no passado, e ainda hoje possui, um papel preponderante na Igreja. Creio que é, uma distinta benfeitora na obtenção da paz. Se não fez mais, e hoje também não o faz, não foi, nem é, por falta de querer. Pois, querer, foi, e seguramente é, sua ideologia. A sua piedosa sensibilidade religiosa, penetra no âmago de todos os extratos sociais, e, a singela graça da sua “Face”, entrega gratuitamente alegria amorosa a todos, mesmo aos apáticos e adormecidos No início do século XX, surgiu no mundo com grande fulgor a rádio, acompanhado com as suas variáveis novidades. Essa surpreendente inovação, foi aceite, porque dinamizou ações preponderantes, - designadamente culturais - com elevado agrado do povo. Em pouco tempo, entrou intensamente na vida da humanidade. Creio-me seguro cer-

tificar, que com mais esplendor despontou – sensivelmente nessa data – a submissa Maria da Conceição. Também ela fulgurosa, gradualmente granjeou enumeras súbditas, para em conjunto construir um projeto social e religioso. Como já referi, Maria da Conceição teve uma educação religiosamente acompanhada, com critérios a integrar a ética, a humildade, a simplicidade, o respeito, a obediência e o saber escutar e executar. Adiantarei agora que quando uma criança é amada e providencialmente acarinhada com assistência permanente, o amor brilha intensamente, a solidariedade floresce promovendo defesas para enfrentar as adversidades. C o n s e q u e nt e m e nt e , restou a de Maria da Conceição projetar suplantado amor associado a substanciadas benfeitorias que o mundo carecia, porque o seu coração estava fortemente robusto e docilmente programado para ultrapassar as adversidades. Todavia, há uma particularidade a não descurar, quando se constrói uma casa é imprescindível a base de sustentação, da mesma forma, Maria da Conceição preocupou-se em conceber o projeto da sua nobre obra com fortalecida sustentabilidade. No dia 16 de dezembro de 2021, fez 132 anos que a “Serva de Deus” Maria da Conceição Pinto da Rocha nasceu e 63 anos a 2 de ou-

tubro da sua morte. Prezado leitor, decorrido esse tempo, ainda não lhe agradecemos devidamente a volumosa obra construída, todavia, verifica-se um quase silêncio sepulcral. Contudo, espera-se que brevemente seja reconhecida. Seguramente direi: a humilde “Serva de Deus”, tudo perdoa, e, mesmo assim, veementemente a todos incentiva a alterar a rota vivencial. Viver com Jesus. De acordo com o referido, deduzir-se-á que as ferramentas de trabalho utilizadas por Maria da Conceição, foram na altura religiosamente inova-

doras. Concluímos ter encaminhado a ação do seu pensamento em consonância com a obra construída por Jesus. Como habitualmente finalizo com um pensamento da “Serva de Deus”: “Eu só desejava ser sacerdote e mostrar às almas vítimas o que é Jesus Vítimas na SS. ma Eucaristia”.

jornal

25


crónica » revolta de um reformado

Revolta de um reformado

por Manuel Gomes Colaborador Convidado

Quero lá saber desta maldita crise que está a esticar demais, está destruir as nossas ilusões, seus tentáculos e afundar o País para um beco sem saída, que nos afoga sem piedade. Às vezes parece que finalmente deixou-se o escuro, quando de repente novos ventos, empurra-nos para um outro túnel sem saída, e muito mais sinistro do que o primeiro, e voltamos ao pessimismo absoluto, desta maldita crise traiçoeira. Quero lá saber dos tempos difíceis para onde os maus políticos nos levaram a todos, perdermos os valores que envolve as nossas almas de humanos, exaltando os valores dos filmes antigos de cinema quase esquecidos, esses valores são insultos, e que não interessam a ninguém, são a memória curta e de um passado ridículo, de um filme a preto e branco prestes a desaparecer do tempo e para sempre. Os políticos não percebem os seus erros e, enquanto isso, esta maldita crise abrange a classe média e os pobres, e deixa-os numa amargura dolorosa, que faz nascer e crescer no povo uma tensão social. Quero lá saber que esta classe de políticos de meia tigela, não percebem os seus erros terríveis, em vez de tentar encontrar a solução certa, lutar e ajudar a construir novas maneiras de alcançar os obje-

tivos desejados, mais parecem felizes em desfrutar e prejudicar o Zé-povinho, culpando-o dos seus próprios erros. Que os orgulhos desses políticos, de meia tigela, não deixam que eles aceitem as opiniões dos outros, porque para eles estão sempre erradas, mas eles a que metem os pés pelas mãos, e não sabem o que fazem e muito menos aquilo que dizem. Enquanto a crise continua quebrando as esperanças do povo, e dos sonhos que morrem de saudades, saudades de um tempo em que tudo parecia muito mais simples, o ritmo de vida foi dado à tirania destes políticos fascistas piores que o Salazar, que não querem ver o povo sorrir e as crianças felizes. Quero lá saber que esses sorrisos desaparecessem, e caíssem no silêncio, a crise abafou todas as nossas alegrias, de um povo que fica no absurdo, dos políticos e desgovernastes deste País, que apenas estão preocupados em cobrar impostos do medo, que impõem ao povo do meu lindo país, cada vez mais triste e mais pobre. Tudo é uma apatia, sem esperanças, e sem luz ao fundo do túnel, tudo isto é ingrato que isola os políticos de encontrarem uma vã maneira de pedirem desculpas ao povo do seu País, pelas asneiras e pelos erros que cometeram e, continuam com essa política errada. Políticos de meia tigela, sem experiência de governação, apenas sabem devolver as culpas aos outros, mas esqueceram-se que esta maldita crise já vem do último governo de Cavaco Silva que deixou o País já com uma divida de milhões. Continua no próx. número

26 edição 91 • novembro 2021

Agência Funerária

Tilheiro

Tel: 258 971 259 Tlm: 962 903 471 www.funerariatilheiro.com Barroselas

85 anos AGRADECIMENTO

Alcinda Gonçalves de Sá Balugães – Barcelos Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor. A Família

89 anos AGRADECIMENTO

Emílio da Costa Pereira Freixo – Ponte de Lima Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor. A Família


necrologia

70 anos

69 anos

67 anos

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

José Augusto da Rocha Lima

Luís da Costa Afonso Antunes

Luís Avelino da Silva Coutinho

Subportela – Viana do Castelo

Barroselas – Viana do Castelo

Carvoeiro – Viana do Castelo

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

A Família

A Família

A Família

99 anos

69 anos

85 anos

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

Maria Rosa Maciel Grilo

António de Sousa Miranda

António Correia

Durrães – Barcelos

Mujães – Viana do Castelo

Poiares – Ponte de Lima

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

A Família

A Família

A Família

66 anos

74 anos

94 anos

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

José Carlos Baptista de Oliveira

Manuel da Costa Faria

Arminda das Corgas Martins

Freixo – Ponte de Lima

Carvoeiro – Viana do Castelo

Palme – Barcelos

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

A Família

A Família

A Família

jornal

27



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.