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Propriedade: A MÓ · Associação do Vale do Neiva (Cultural, Património e Ambiente) | Barroselas Setembro 2015 | Mensal · Nº17 · Gratuito · Versão digital

Entrevista Presidente da Confraria Nª Sra. do Calvário

Entrevista Página 17

Durrães e Tregosa

Vila de Punhe

Arredas Folk Fest, uma referência entre os festivais de música tradicional

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Açude no Ribeiro das Boucinhas já é uma realidade

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IQ

Isabel Queiroga Design · Comunicação behance.net/isabelqueiroga 913 246 407 · isabel.c.queiroga@gmail.com

Opinião

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IMI familiar Sociedade Apoio da União Europeia à divulgação e procura de emprego

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Poesia

A Cultura popular é tão ativa e própria como a vida do povo!

José Serra

Ana Lima

A pele pica-me e os meus nervos ardem friamente não tenho futuro e é ao presente alugado que pergunto se temos futuro a minha forma de amar cansa sou um obsessivo que sofre de um infatigável desejo de amar por isso posso exagerar e o que me envelhece é não saber viver de outra maneira e o meu amor nunca foi educado entra assim de rompante galopante trovejante a pequena possibilidade de perder o que nem sequer tenho regurgita-me a felicidade só sei amar, e amar indecentemente meu deus nada faço a não ser amar desmesuradamente.

Os termos cultura popular ou cultura tradicional são utilizados para uma mesma actividade humana mas possuem significados distintos. Vulgarmente atribui-se ao termo “cultura” como a totalidade dos padrões apreendidos, repetidos ou desenvolvidos pelos seres humanos num determinado espaço físico e correspondendo a um determinado período de tempo. O termo “Popular” é encarado como tudo o que tem origem no povo enquanto massa difusa e genérica de indivíduos de estratos e classes sociais “inferiores” se tivermos em conta as condições económicas e sociais em que (sobre) vivem. A cultura popular não será o mesmo que cultura tradicional, uma vez que, por um lado não se trata apenas do que é tradição no sentido antropológico do termo, mas também porque a tradição não é exclusiva do povo mas, inclusive de todas as classes e camadas sociais. Considera-se, portanto, mais correto dizer-se cultura popular quando se trata de classificar o que tem origem, prática regular e desenvolvimento a partir do povo e que representa na sua identidade. Todas as diversas manifestações de cultura popular através da música, do desporto e do recreio, da indumentária, da gastronomia e sobretudo da língua que decorreram particularmente no mês de agosto, onde hoive maior afluência de emigrante, revelam que esta continua a ser tão ativa e própria como a vida do povo. A cultura popular está sujeita a apropriações, manipulações e mesmo a supressão se não for defendida e sobretudo usada. Projectos sérios de levantamento e dinamização da cultura popular deveriam fazer parte de uma política para a cultura popular.

Curiosidades No dia 20 de agosto, primeiro dia da Romaria de Nossa Senhora da Agonia, algumas ruas da Ribeira de Viana do Castelo apareceram logo pela manhã, enfeitadas com coloridos tapetes de flores e sal, confecionados pelos moradores durante toda a noite, para acolher logo à tarde, o andor de Nossa Senhora da Agonia, vindo da procissão ao mar e ao rio.

Crónica/Opinião (frase do mês)

“Pois bem, meus senhores: o Cristianismo foi a Revolução do mundo antigo: a Revolução não é mais do que o Cristianismo do mundo moderno.” Antero de Quental (1842-1891)

Ficha técnica | Diretora: Ana Patrícia Lima Redação: Domingos Costa · José Miranda · Manuel Lima · José Rafael Soares Colaboradores: Elisabete Gonçalves Design e Paginação: Isabel Queiroga Contacto redação: Rua do Sião, Apartado 20 - Barroselas · redajornalvaledoneiva@gmail.com Periodicidade: Mensal Formato: Digital Distribuição: Gratuita Os artigos de opinião são da inteira responsabilidade dos seus autores, podendo ou não estar de acordo com as linhas editoriais deste jornal.


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Barroselas e Carvoeiro

Ataque a Santa Justa Apesar do nome, os nossos leitores podem estar descansados que ninguém atacou Santa Justa no verdadeiro sentido da palavra. O Ataque a Santa Justa foi uma iniciativa organizada pela Padela Natural Associação Promotora, no passado dia 8 de agosto, que consistiu na subida a Santa Justa a correr, a pedalar ou a caminhar tendo como ponto de partida a “presa” de Carvoeiro. Esta iniciativa juntou perto de cem participantes divididos pelas três vertentes. Na corrida, o homem mais rápido a subir a Santa Justa foi João Afonso da Padela Natural Team, enquanto Amândio Antunes da Desnível Positivo ganhou a categoria 40-60. Nas senhoras, Carla Barreto d’Os Tartarugas foi a mulher mais rápida a percorrer os 3 quilómetros até Santa Justa. Destaque também para Gisela Ferreira da equipa Desnível Positivo que venceu na categoria feminina 40-60. Na vertente de ciclismo, o homem mais rápido foi Hernâni Gouveia da Ciclo Ucha, destacando-se também Manuel Gomes por ter vencido nos menores de 25 anos e Manuel Franco na classe dos 40-60. No Combinado (ciclismo + corrida) o prémio foi para Júlio Machado que teve a ousadia de participar nas duas vertentes.

Na caminhada, os participantes começaram o seu percurso com a difícil subida a Santa Justa e terminando os últimos quilómetros na bela descida da Calçada Nova em Carvoeiro. Após a entrega de prémios, a Padela Natural Associação Promotora entregou um cheque no valor de 400 euros à Cruz Vermelha do Neiva decorrente da iniciativa solidária de entregar 1 euro de cada inscrição do Hard Trail Monte da Padela realizado no dia 13 de junho. O Ataque a Santa Justa também teve uma vertente solidária. Um euro de cada inscrição reverterá a favor do Conselho Diretivo do Baldio de Carvoeiro. Após a parte desportiva, seguiram-se muitos mergulhos na presa de Carvoeiro e muita música até ao anoitecer. Perante tamanho sucesso e adesão popular, espera-se já pela segunda edição em agosto de 2016.

Breves Padela Natural No mês de agosto, o PadelaMexe está de férias. Em setembro, o Largo das Neves acolherá o PadelaMexe. Todas as quartas a partir das 21 horas. O DHI Monte da Padela será a quinta e última prova da Taça de Portugal de Downhill 2015. Este evento decorrerá nos dias 26 e 27 de setembro junto à Quinta da Torre em Mujães e este ano atinge a 10ª edição. Será nesta prova que ficaremos a conhecer os vencedores da Taça de Portugal e espera-se também a habitual invasão galega de participantes e espetadores.

Amândio Antunes

Julio Machado

Manuel Gomes

Carla Barreto

Hernani Gouveia

Gisela Pereira

João Afonso


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Durrães e Tregosa

Arredas Folk Fest, uma referência entre os festivais de música tradicional A redação

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ias 27, 28 e 29 de agosto em Tregosa Barcelos, foi o fim do mundo no tocante à realização do Festival de música tradicional. Gente a chegar por todos os lados, era comparável a um formigueiro que, tinha como objetivo invadir o espaço deste evento. A animação decorria em dois palcos distintos, sendo eles o Palco/Espaço Torgo e o Palco Arredas. Junto ao Espaço/Palco Torgo, estava a Praça da alimentação, onde o visitante podia encontrar de tudo para saciar o estômago e matar a sede. No Palco Arredas, passavam diferentes Bandas que, através das suas melodias, proporcionavam a alegria e a curtição entre os apaixonados por este tipo de música. Notava-se que, “a malta da pesada”, vivia com entusiasmo o momento musical, dançando ininterruptamente, como a querer mostrar que, o cansaço, não fazia parte do seu ser. A música tradicional, embrenhou-se no espírito daquele mar de gente, dando a sensação que, espectadores e toda aquela massa humana,

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entraram em levitação. Foi efetivamente um grande espetáculo que, os nossos olhos, bem de perto puderam apreciar. Em paralelo a este magnífico Festival, decorriam outras atividades a saber: Exposição de pintura por um nosso conterrâneo, venda de diversos artigos expostos em tendas, diferentes oficinas e animações tais como: Infantil, gaitas de fole, danças tradicionais do Minho, canoagem no rio Neiva, caminhada ambiental, jogos tradicionais, pintura mural, yoga e a gastronomia. A Organização do Arredas Folk Fest, também ano após ano, tem procurado inovar

mas, sobretudo, tem pautado pela disciplina e orientação deste Festival que, sem sombra de dúvida, já conquistou o coração de inúmeros fãs da música tradicional. Recalca-se mais uma vez que, perante os eventos que se realizam neste magnífico espaço natural, (Todos de grande envergadura) será de interesse geral que, sofra a médio prazo, uma requalificação de fundo de forma a torná-lo ainda mais aprazível. Até ao ano, e um abraço do Jornal O Vale do Neiva para todos os que se empenharam na realização deste espetacular evento denominado: “ARREDAS FOLK FEST”.


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Festividades em Honra de Nossa Srª do Calvário José Miranda

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ecorreram nos dias 08 a 16 de agosto, as festividades em honra da Srª do Calvário. Esta festa, foi sempre considerada a festa principal da terra embora outras se realizem. No dia 15 de agosto (Sábado) pelas 16:30 horas, as concertinas GENTE DA BORGA, animaram todo o recinto seguindo-se pelas 19:00 horas missa pelos emigrantes e população em geral. Às 22:00 horas, o grupo musical Nelly Correia de Vila da Feira, deu início à sua atuação, animando os presentes com o seu vasto reportório. E à meia-noite, houve uma sessão de fogo-de-artifício, a cargo da empresa pirotécnica Viana & filhos de S. Paio de Antas. O ponto alto da Romaria foi sem dúvida, o dia 16 (Domingo). De manhã, houve missa solene na Igreja Paroquial, seguiu-se a entrada da Fanfarra de Escuteiros da Meadela e a Banda Filarmónica Ass. Musical de Vila Nova de Anha. Tudo apostos, dá-se a saída da majestosa procissão em direção à capelinha da Srª do Calvário e, à sua chegada, foi celebrada uma missa campal e respetivo sermão. Pelas 15:00 horas, é já uma tradição a concentração na casa da família Amorim. Esta bonita casa senhorial, foi em tempos a residência oficial do Sr. Amorim, onde existiu uma fábrica de lacticínios e ainda existe, no seu interior e exterior, algum património considerável e de importante interesse. Tive o privilégio de ser acompanhado pelo Sr. Paulo Amorim que, me mostrou o interior da casa e, foi explicando vários pormenores que foram muito interessantes para a satisfação da minha curiosidade. Num espaço contíguo à casa, o Rancho Folclórico de Tregosa, exibiu as suas danças e cantares sob os olhares atentos da família Amorim, convidados e presentes. Terminado o Folclore, a Banda Filarmónica Ass. Musical V.N. de Anha, também fez questão em felicitar a família Amorim, tocando o “Havemos de ir a Viana” de Amália Rodrigues. Foi um momento muito interessante que, já é parte integrante destas festividades. Seguiu-se o desfile da Mordomia que transportou os tabuleiros até à capela. Já no recinto, o rancho folclórico de Tregosa, mostrou os seus cantares e danças com bonitas exibições, seguiu-se o leilão e a finalizar houve um concerto pela Banda de

música de Vila nova de Anha. Que a Srª do Calvário lá no monte toda airosa aben-

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çoe a digníssima Comissão de Festas e quem passa por Tregosa.


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Vila de Punhe

Açude no Ribeiro das Boucinhas já é uma realidade Manuel Lima m.l.valedoneiva@gmail.com

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“rio ou ribeiro das boucinhas”, como é conhecido, foi requalificado no dia 19 de agosto de 2015, no âmbito do protocolo celebrado há alguns anos, entre a Autarquia de Vila de Punhe e a Mó Associação do Vale do Neiva, no Concelho de Viana do Castelo. A nossa participação, no processo de requalificação do Moinho do Inácio que fica nesse mesmo local, foi uma realidade. Foi agora finalmente requalificado, o curso de água que move o mesmo moinho. A secção ambiental da Mó (Eco-Neiva) deitou mãos à obra, e construiu um pequeno açude de retenção, pois no verão a água é muito pouca naquele local, chegando mesmo a secar. Para se estabelecer um equilíbrio para a manutenção da fauna e flora, dotou-se o curso de água com essa pequena infra-estrutura. O açude foi construído com rochas de granito, para melhor se integrar no ambiente existente. A oxigenação da água provocada pelos açudes, é sem dúvida um fator importantíssimo a ter em conta, temos como exemplo o Rio

Neiva onde abundam essas construções, muitas delas, alvo de manutenções por nós realizadas. A retenção da água no local vai contribuir para um repovoamento de espécies autóctones a breve prazo, depois de uma acção de limpeza em zona de leito. Os trabalhos no terreno contaram

com o apoio dos nossos associados, Tiago Lima, Gilberto, Marco Aurélio e Manuel Lima que coordenou. O Presidente Autarquia de Vila de Punhe, o Sr. António Costa acompanhou e apoiou in loco os trabalhos realizados. Os nossos agradecimentos, a todos os envolvidos nesta iniciativa.

Cidade [Viana do Castelo]

Braga e Viana do Castelo foram dos mais fustigados pelos incêndios www.correiodominho.com O dia 9 de Agosto foi o ‘dia mais negro’ relativamente aos incêndios. Em todo o país foram centenas de ocorrências registadas neste fatídico dia (um total de 380) e o Minho destacou-se também pelo

número: só no distrito de Braga foram 50 fogos e no distrito de Viana do Castelo registaram 33 incêndios neste dia. Os dois distritos da região do Minho foram também, a par da Guarda, os mais afectados em relação à área ardida. Foi da maneira mais trágica que o mês de Agosto arrancou na região minhota, seguindo-se ao Porto em matéria de maior número de incêndios registados em todo o país, assim mostram os dados oficiais da Autoridade Nacional da Protecção Civil, que ontem deu a conhecer o balanço do segundo mês da ‘Fase Charlie’ do Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais de 2015, decorrido entre os dias 1 e 31 de Agosto. Entre os dez concelhos com maior número de ocorrências registadas figuram

Guimarães, distrito de Braga, (239 fogos) e Arcos de Valdevez, distrito de Viana do Castelo, (251 fogos). Mas não só. No capítulo dos ‘grandes incêndios’ deste mês - que correspondem precisamente a fogos cuja área ardida implique mais de 500 hectares - a região do Minho volta a figurar nos lugares cimeiros, com incêndios devastadores registados a 7 de Agosto no concelho de Terras de Bouro (Braga) e a 8 de Agosto em Vila Nova de Cerveira e no concelho de Monção (Viana do Castelo). De acordo com os dados ontem divulgados pela Protecção Civil, houve mais de 4000 incêndios rurais durante o passado mês de Agosto, tendo sido combatidos por cerca de 100 mil bombeiros auxiliados por 25.423 veículos e 1.947 meios aereos.


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Fotos: VianaFestas

A Festa do Traje foi palco de uma estreia Manuel Lima m.l.valedoneiva@gmail.com

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Fotos: VianaFestas

atuação de todos os grupos participantes, foi do agrado do público presente, expressando a sua satisfação e alegria com aplausos bem sonoros e rasgados sorrisos. A organização deste evento teve a cargo da Catarina Lima e Ana Sofia Araújo que

Fotos: VianaFestas

grupo Modilhas das Terras do Neiva da Mó - Associação do Vale do Neiva esteve presente na edição 2015 na festa do Traje na romaria da Senhora da Agonia no dia 23 de agosto pelas 21:30 no Centro Cultural de Viana do Castelo. As autoridades que presidiram à abertura do espetáculo foram o Presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo, Eng. José Maria Costa, a Vereadora do Pelouro da Cultura Dra. Maria José. Também marcaram presença outros convidados e público em geral. O grupo Modilhas das Terras do Neiva fez este ano a sua estreia neste evento cantando e tocando algumas das suas músicas, retratando os costumes e tradições do Vale do Neiva. Participou também no quadro da erva e no leilão público. Todo o evento, abrilhantado pela

desenvolveram um trabalho dedicado, organizado e exaustivo para que o evento tivesse ao mais alto nível, promovendo a comunicação com todos os responsáveis de cada grupo. Encerrou o evento o Presidente da Câmara, posteriormente passou a palavra ao presidente da Região de Turismo Dr. Francisco Sampaio. Ambos agradeceram a todos os presentes no evento. PUB.

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Cidade [Barcelos]

Milhares de pessoas visitaram a Capital do Artesanato e levaram um “pedaço” da sua arte e história

Município de Barcelos Foram 17 dias em que o Artesanato foi o Rei e os artesãos o destaque. Um evento anual que trouxe a Barcelos milhares de pessoas e consolidou, mais uma vez, a posição do concelho no panorama local, nacional e internacional como A Capital do Artesanato. Um espaço que reuniu artistas e artesãos experientes, os Mestres mais conceituados e as novas promessas de jovens artesãos. A 33.ª Mostra de Artesanato e Cerâmica de Barcelos, que decorreu PUB.

entre o dia 31 de julho e 16 de agosto no Parque da Cidade, revelou-se, mais uma vez, um verdadeiro sucesso, tendo confirmando que a decisão deste executivo em prolongar os dias do certame (17 dias este ano) é uma aposta para manter, já que “a adesão do público, em todos os dias do certame, mostram que este é, além de um espaço de promoção e divulgação da riqueza cultural do povo de Barcelos, onde o artesanato e a gastronomia brilham, também um espaço de lazer e convívio”, sublinhou o Presidente da Câmara Municipal de Barcelos, Miguel Costa Gomes, na sua intervenção na Gala do Artesanato que, este ano, premiou oito artesãos. Uma arte única e que está tão presente na nossa história. “No concelho de Barcelos sente-se, por todas as freguesias, a arte e criatividade que, felizmente, tanto tem atraído os jovens que estão, cada vez mais, interessados em abraçar esta profissão de sucesso e futuro. A prova disso é a entrega de dois dos grandes prémios desta 5ª Gala do Artesanato a jovens artesãos barcelenses (Lukas – prémio inovação e Telmo Macedo – prémio revelação). Há dez anos, tal aposta não acontecia nem era possível”, referiu o Presidente da Câmara, Miguel Costa Gomes, frisando, ainda, a “importância desta Mostra no apoio aos artesãos e na afirmação de Barcelos como capital do artesanato”. Este ano, a Gala do Artesanato realizou-se no sábado, 15 de agosto, e foram atribuídas as cinco distinções e os prémios Inovação, Revelação e Carreira. Quanto às distinções, a categoria Figurado de Barcelos foi para João Ferreira; a categoria Bordados e Tecelagem para Inês Ferreira; a categoria Miniaturas foi atribuída a Laurinda Pias; a categoria Madeiras, Metais, Ferro e Derivados coube a Manuel Cordeiro; e a categoria Olaria foi para Inês Machado. Quanto ao Prémio Revelação foi para Telmo Macedo; o Prémio Inovação foi atribuído a Luís Cardoso (Lukas); e o Prémio Carreira foi, este ano, para Fernando Morgado. Esta 33.ª edição da Mostra contou com mais de 40 espetáculos musicais, onde se incluíram a música popular, atuações de grupos folclóricos do concelho de Barcelos e de grupos estrangeiros participantes no Festival do Rio. Fizeram ainda parte as arruadas de bombos, rusgas de concertinas, cantares ao desafio e espetáculos de dança, entre outras atividades que, de forma ininterrupta, animaram a Mostra entre o palco principal, a praça do vinho, a praça da alimentação, bem como todo o recinto. Este ano, o número de stands e artesãos aumentaram, contando com mais de 130 artesãos, 81 dos quais de Barcelos, e 140 stands espalhados pelas várias áreas do recinto do Parque.


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Saúde

O que fazer perante uma lesão desportiva

Dr. Jorge Neves

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ontrolar os sintomas iniciais e fazer o diagnóstico precoce é essencial para um tratamento e recuperação eficazes e mais céleres. Entorse, tendinite, rotura ligamentar ou muscular. Estas são algumas das lesões mais frequentes e bem conhecidas pelos adeptos do desporto. De acordo com a American College of Sports Medicine, eis as medidas necessárias para controlar os sintomas iniciais de uma lesão (método PRICE): Proteção: proteger a área lesionada de futuras lesões; Repouso: deixar a zona lesionada em repouso para que o edema seja menor e promover uma recuperação mais rápida; Gelo/ Ice: aplicar gelo no local para diminuir a dor e o edema. Esta medida é especialmente útil nas primeiras 48 a 72 horas; Compressão: fazer compressão local com ligadura é importante para controlar o edema inicial e reduzir a mobilidade;

Elevação: elevar a zona lesionada (preferencialmente acima do coração) ajudando a diminuir a dor e edema. Tempo de recuperação Depende da região do corpo lesionada, do tipo e gravidade da lesão. No entanto, é fundamental ter em conta que a tentativa de regressar à prática desportiva sem que se esteja totalmente recuperado aumenta o risco de recidiva. Diagnóstico Através das queixas e das circunstâncias (mecanismo) do acidente desportivo e solicitando os exames complementares de diagnóstico adequados: radiografia, ecografia e ressonância magnética (RMN), entre outros. Lesões micro e macrotraumáticas As lesões microtraumáticas ou de sobrecarga são o resultado de microtraumatismos de repetição associados a gestos técnicos próprios de cada modalidade, sendo exemplos as fracturas de stress e as tendinites. Já as lesões macrotraumáticas, causadas por uma agressão (cuja força provocou a lesão), englobam a entorse articular, a rotura muscular e ligamentar e a fratura óssea, sendo mais frequentes nos desportos de contacto. Tratamento e reabilitação Dependendo do tipo de lesão e da sua gravidade, existem vários tipos de terapêuticas médicas e cirúrgicas. Atual-

mente, graças a novas técnicas, a cirurgia pode ser minimamente invasiva (com menor agressão dos tecidos e recuperação mais rápida e menos dolorosa), realizada em regime de ambulatório ou apenas com 24 horas de internamento (cirurgia one day). A reabilitação requer, geralmente, uma abordagem multidisciplinar sendo adaptada ao tipo de lesão, visando a recuperação funcional da região afectada e preparando o regresso do doente à prática desportiva, com segurança. Cinco conselhos para prevenir lesões Fazer um check-up desportivo antes de começar a praticar qualquer modalidade. Se não se pratica desporto há algum tempo deve recomeçar-se de forma gradual, aumentando progressivamente a intensidade e a duração do treino. Antes de praticar exercício físico deve fazer-se sempre um aquecimento de cerca de 10 minutos. O calçado deve ser sempre adequado à modalidade desportiva que se vai praticar. ; por exemplo, os ténis devem ser comprados ao final do dia ou após uma caminhada pois os pés incham um pouco quando se pratica exercício físico e é importante contar com um “espaço extra” antecipadamente. Se se sentir dor deve interromper-se o treino e procurar ajuda médica especializada.

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Ambiente

Nova espécie de Vespa Exótica Manuel Lima m.l.valedoneiva@gmail.com

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a tentativa de combater uma das pragas dos eucaliptais (“o Gorgulho do eucalipto”), foi introduzida uma nova espécie de inseto exótico, originário da Tasmânia (Austrália), esta espécie de vespa, devido ao facto de ser nova no continente europeu, o conhecimento científico sobre a mesma é escasso. Não se conhecem estudos de monitorização divulgados publicamente que comprovem, que não existe risco para outros organismos e ecossistemas. O Gorgulho-do-eucalipto, (Gonipterus platensis) é um inseto desfolhador, que afeta todas as espécies de eucaliptos em Portugal. Os métodos químicos utilizados no combate à praga têm como alternativa a luta biológica, a pequena vespa (Anaphes inexpectatus), que tem sido introduzida numa pequena escala pelas empresas de celulose, confinada a pequenas áreas experimentais. Existe informação que 2012 e 2013 foram feitas 3 largadas de insetos parasitóides nos Concelhos de Penela e Arouca. A introdução das Espécies Exóticas e Invasoras, tem corrido mal em todo mundo, sendo vulgar estas adquirirem caráter invasor, afetando a nossa biodiversidade em toda a união europeira e no mundo. Em Portugal no setor da agricultura, o custo económico referente à vespa asiática é uma referência importante, para aferir em tempo real os malefícios dessas espécies invasoras. Na união

europeia o prejuízo estimado cifra-se em (12.000.000.000€/ ano). Os estudos feitos não foram devidamente escrutinados e divulgados atempadamente, faltando ainda muita informação relevante. O Ministério da Agricultura e o Instituto de Conservação da Natureza têm a tutela dessa área em questão. Por esse motivo, tem obrigação de informar.

Opinião

Domingos Costa

Amar

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mar, é um dos verbos que todos os humanos adoram soletrar. Porque, todos ambicionam, e, adoram ser amados. Todo o cidadão, seguramente assistiu a cenas amorosas, em seres da mais variável espécie. Todavia, no domínio dos seres racionais; o amar! Do amor? Deveria ter outra dimensão, e, mais cristalino. Com a inteligência que possuímos, e, liberdade/lealdade no amar; torná-lo-emos, mais seguro e profundo. Poder-se-á, também, equacionar a hipótese de ser mais abrangente e presente, e, com a sua docilidade, murmura ao coração; de forma a alegrar a alma, e, alimentar sãmente as virtudes. Para assim, apagar o mau vício, os maus pensamentos/ações e, dar clareza, às certezas.

Ao se falar de amor, obriga-nos a pensar na dívida. Sim, na dívida que, cada um tem, para com o próximo. Assim, sem reticências, dever-se-á apoiar o semelhante, oferecer-lhe mão amiga, ajudando-o quando em dificuldade, em acidentes agir em socorro, apaziguar os conflitos, ajudar os aflitos, respeitar e, estar ao lado do próximo, e, muitos mais bons serviços, que, se deveria ter presente. Ao tentar aproximar, ou, seguir estes princípios, seguramente que, o caminho do estrelato celestial será atingido de redobrada felicidade para todo-o-sempre. Porque, amar, alimenta o estado espiritual e corporal de qualquer ser. Facilita a ultrapassar, contratempos da vida; abastece o coração com força anímica, para, enfrentar todas as adversidades incognitamente aduzidas. Ora vejam, o que, na escola aprendemos: eu amo, tu amas, ele ama, nós amamos, vós amais e eles amam. Que lindo. Que meigo. Que coisa fofinha. Que, enternecimento tem, o verbo amar. É tudo amar. Amar na essência, amar na espontaneidade, amar descomprometido; amar sem olhar, amar a amar num para sempre; e, ter no seu ser, o ser inofensivo que todos temos, no compartimento do cofre que recebemos do ventre materno. Alerto o estimado leitor, para por favor, adicionar os

adjetivos genuínos em falta, para assim, enriquecer ainda mais, a sua leitura, e felicidade: para amar. Assim, o Mundo é mais feliz; e, todos, possam também, embarcar no triciclo do amor. Por isso, é que se resume: amar o amor, aquele amor genuíno e avassalador, que, Jesus em Terra, bondosamente, e, gratuitamente doou. É lícito concluir, com inesquecível grandeza, o vento que nos conduz no rumo celestial, e, ser atribuída a razão, da envolvência amorosa, na conquista da paz. Acresce dizer, que, na vigente sociedade, a valência “amar” ao ser adulterada, - como é! - não é nada animador. É, confundido o nome, e o verdadeiro sentido. É convertido, em amor interesseiro. Amor impossível. Amar, um estado ABSTRATO. Conclui-se: quando o azimute, é delineado por Jesus; somos, impreterivelmente conduzidos ao imortal amor. Deduz-se: não é necessário satélite, nem Lua, Marte ou Sol para o encontrar, é, simplesmente, amar a si próprio, para, poder amar todo o próximo. Dedico as derradeiras palavras escritas, de alguém que desconheço: “…com a chegada do amor aos corações, ele, porta-se como uma central elétrica, pronta a tudo iluminar.” Finalizo: Amar saudável, amar disciplinado, amar contínuo, amar fidedigno.


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Receita de bolo de casamento

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or considerar digno de registo, não resisti à tentação, em dissertar sobre um - entre muitos - casamento, realizado na Capela de Nossa Senhora das Neves. Os noivos, como são devotos de Nossa Senhora das Neves; fizeram questão, de consumar o excelso enlace marital, na supracitada Capela. É comum, quando se celebra este sacramento; - quem o ministra, - ter presente, o valioso acontecimento. Também é, sobejamente sabido, ser, de compromisso eterno. Por isso, o Ministro Religioso, tudo faz, para estabelecer uma assinalável acalmia, e, sobretudo, uma franca e criteriosa familiaridade com Deus. Estabelecido esse precioso elo, - por inerência, - é transmitido uma ternurenta tranquilidade, elevando a uma notável paz espiritual. Neste sentido, os noivos, meninos portadores das alianças, pais dos noivos, padrinhos testemunhais, e, toda a assistência que comunga e testemunha o ato, se sintam felizes por terem devotamente participado na fraterna união. O Eclesiástico, com humilde mansidão, e, elevado sentido religioso, alertou o novo casalinho dos possíveis subornos mentais, que, permanentemente estarão sujeitos. Continuando nos avisos na vertente pecaminosa, realçou a vulnerabilidade vivencial contemporânea, podendo potenciar percalços - nefastos e – nalguns casos, irreversíveis aos casais. Pela positiva, recordo, que, ainda foi mais longe. Com ênfase e minuciosidade, apresentou a “Receita de Bolo de Casamento”. Harmonizo esta receita, como uma joia. Ou seja, poderei traduzi-la, como, a verdadeira JOIA DA COROA, a qual, facilita no abrir de alas para um feliz casamento. Simultaneamente, fez questão, de a vincular, para, perdurar. Ofereceu a referida receita aos noivos, em formato físico.

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“RECEITA DE BOLO DE CASAMENTO” Duas doses de Amor, Um punhado de ternura, Uns grãozinhos de bom senso, E tolerância, à mistura. Quanto baste de respeito, E muita, muita amizade, Umas colheres de cedência, E sempre boa vontade! Um esforço de partilha, Um montão de confiança, coragem e alegria, E muita, muita esperança… E mesmo que não agrade, Leva sempre alguma dor Mas temperada com a cruz, Vai levedando o amor. Recheia-se com muita fé, Polvilha-se com oração… E a receita está pronta, É só pôr em execução! É uma receita antiga, De família, podem crer! Tenho-a dito muitas vezes, Outra não quero fazer! E se o bolo esturrar, há sempre solução: Uma dose de conversa, Duas doses de perdão! Como podem constatar, é uma receita simples. Porém, como contém ingredientes de elevado teor calórico, poder-se-á considerar uma receita de tempero ideal, para, um ideal casamento. Na sequência da receita, o Pároco, disse mais ou menos assim: quando, ao carinhoso amor, for facultada a liberdade, de produzir o supracitado Bolo de Casamento, - com tudo “Q. B.”, os efeitos por ele obtido, - é, de crer, - serem de elevada qualidade e amplitude. Repercutindo sem dúvida al-

guma, na consolidação do amor, alegria de viver, relacionamento fraterno e fácil com toda a comunidade, e, sobretudo, em comunhão com Deus. Dando continuidade ao tema, sinto-me no dever de lembrar o novo casal, que, ao sair da Capela, vão iniciar a sua procissão – esperada longa - como casal religioso. É importante, que, a procissão, ao sair do adro desse imemorável dia, mantenha segurança, vitalidade e determinação, pelos objetivos previamente definidos. Também faço votos, que, esta receita consiga garantir segurança, para a procissão se manter firme na sua caminhada, e, que, nenhum vendaval, ciclone e outras coisas mais gravosas tenha interferência na sua caminhada, ao ponto de, a destruir. Estou seguro, que, o somatório das boas intenções acima referidas, proporcione uma duradoura felicidade. Ainda antes de terminar, reforço, ainda, a importância da receita, julgo ser, a piscadela de olho, na consumação da felicidade de qualquer casal. Em suma: a receita, não vai ourar o peito dos casais, mas sim, ourar os seus corações, tornando-os herméticos contra as malignidades mundanas. Divulguei esta receita, porque, nunca é demais, recordar estas muletas que, podem solidificar ou recuperar os casamentos. Também, a vida dos casais contemporâneos, em face da turbulenta vida que lhes é imposta, está continuamente sujeita a tumultos de nefastos desfechos. Se, ao longo do casamento, tiverem presente esta receita; e se, continuarem a condimentar a vida a dois e, da mesma maneira, depois, com filhos, e, netos, crêse que, solidificará mais a relação, fazendo-a perdurar, até, a morte a separar. A, experiência de vida, diz-nos: AMAR VERSAL; é, o, salutar amor.

Domingos Costa


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IMI Familiar

Elisabete Gonçalves

O

Ministério das Finanças facilita uma redução da taxa do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) às famílias com filhos, aprovado no Orçamento de Estado (OE) de 2015 para vigorar a partir de 2016. Portanto, se no agregado familiar tem filhos dependentes e se o imóvel onde residem se destina a habitação própria e permanente, coincidente com o domicílio fiscal do proprietário, terá direito a um desconto sobre o IMI. Mas, a decisão final sobre este benefício cabe à autarquia local, em aderir ou não ao chamado IMI familiar, dependendo também da sua capacidade financeira. É uma decisão a ser aprovada em Assembleia Municipal e ainda poderá ser tomada por outros concelhos. Sendo aprovado é efetivamente concedido o desconto e a câmara municipal, terá de comunicar à DireçãoGeral dos impostos as taxas de IMI aprovadas por cada município e os descontos, até à data limite 30 de novembro.

Por enquanto, poucas são as autarquias que anunciaram a adesão ao IMI Familiar, sendo Viana do Castelo uma delas. A redução no valor do IMI, varia consoante o número de filhos, que podem atingir os 10% para agregados com um filho, até 15% para dois filhos e até 20% para três ou mais filhos. Os procedimentos são agora mais simples, não sendo mais necessário fazer um pedido específico para usufruir de uma redução desta taxa, que, até à data, obrigava a formalizar o pedido junto das autarquias apresentando um conjunto de documentos, como a titularidade do imóvel e a comprovação do agregado familiar. A Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) passa a promover de forma automática e com base nos elementos de que dispõe, a execução da deliberação da Assembleia Municipal comunicada no prazo legal, tendo em conta o número de dependentes que integram o agregado familiar na declaração modelo 3 de IRS, cuja obrigação de entrega ocorre no ano a que respeita o IMI. Na prática, o IMI a pagar em 2016, que é referente a 2015, será calculado com base no agregado familiar que consta da declaração de IRS. De forma a facilitar os cálculos, a AT vai comunicar a todos os municípios, até 15 de setembro, o número de famílias com 1, 2 e 3 ou mais filhos com domicílio fiscal

no respetivo concelho, informação a ser renovada todos os anos. É de realçar que a importância desta medida, que privilegia a natalidade e é um fator potenciador para atrair e fixar famílias a residirem nos municípios que aprovem esta discriminação positiva. Elisabete Gonçalves Consultoria / Formação www.bphlassessoria.com

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Nova rúbrica!

Belezas do Vale do Neiva Dê asas à imaginação! Quer ver as suas fotos publicadas no jornal? Envie-nos para redajornalvaledoneiva@gmail.com


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Sobre o Turismo

José Rafael Soares

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nteressa-me ver o Turismo enquanto motor económico de algumas sociedades hipermodernas e enquanto conteúdo do discurso globalizante da actualidade. A palavra parece provir do inglês tourism, tendo adquirido a sua actual ideia nos inícios do século XIX, aquando da Revolução Industrial. O que se planeia é a efemeridade do poiso, a passagem de local para local. Travel e travail, palavras inglesa e francesa respectivamente, estão intimamente relacionadas, e já desde a Idade Média: ao homem medieval competia-lhe viajar para trabalhar. Uma outra palavra anglo-saxónica, voyage, provém do latim viaticum, que é definido como o que é dado a quem viaja, o estritamente necessário, o mínimo vital em forma de género ou dinheiro para cumprimento da jornada. Aquando das políticas neoliberais em Inglaterra, e com o avolumar das tensões entre a política propriamente dita e todo o escol da religião anglicana, motivadas pelas palavras de Thatcher, não deixa de me parecer interessante a seguinte frase do Arcebispo da Cantuária, Robert Runcie, em 1988: “In the Middle Ages people were tourists because of their religion, whereas now they are tourists because tourism is their religion”. As principais diferenças são evidentes. Não há qualquer comparação entre voyage ou travel do período remotamente conhecido da Antiguidade e da Idade Média, com o tourism do período industrial. A grande diferença, creio, está no desenvolvimento que o capitalismo moderno consagrou ao sector terciário, à renovação constante de uma complexidade comercial que permite a entrada e saída organizada de fluxos de pessoas um pouco por todo o mundo. Quem decide é o promotor dessa migração voluntária, o “turista”. E quem é o turista? É o empreendedor de si mesmo e da sua viagem, da sua voluntária migração. O ideal da viagem sobre a terra surge com os caminhos-de-ferro. Esta invenção permite rasgar o espaço em todos os locais geográficos onde existe uma burguesia disposta ao investimento: vemos isto na

Inglaterra, claro, na França, na Alemanha, na Bélgica, nos Estados Unidos. Nem só de iniciativa privada se fazem estes negócios, mas ele é claramente conduzido por uma linha liberal. O carvão que é explorado, o ferro que é fundido, as tábuas de madeira, os componentes das carruagens, todo um dispositivo que é lançado para o mercado internacional pelos grandes capitalistas. Isto interessa-nos para demonstrar que é a partir desta construção do sistema-mundo capitalista que surge um momento peculiar: a provavelmente primeira agência de viagens, a partir justamente do negócio dos caminhos-de-ferro, a Thomas Cook & Son. A justificação de Cook para o seu negócio era somente a organização de uma grande quantidade de pessoas na partida de um sítio para outro. A especialização terciária continua na segunda metade do século XIX, desta vez com César Ritz e a sua expansiva cadeia de hotéis. Grande inversão: o viaticum medieval é agora outra coisa, é a solução para o lazer, para a fruição. A idade do vapor é, ou foi, a do capitalismo intacto, para citar Schumpeter. É precisamente esta idade nova do capitalismo que rompe os ritmos de vivência. Já sabemos os rompimentos da vida operária, os da vida empresarial, os das grandes obras arquitectónicas. Mas há algo novo: a ludificação, um processo natural em que os espaços de entretenimento e de consumo programado se ampliaram e diversificaram. Os territórios passaram a ser concebidos, parcial ou totalmente, pelos programadores territoriais, como destinos apetecíveis para fins lúdicos e logo como produtos autênticos em vias de mercantilização, uma tendência que se generalizou. Os agentes económicos e políticos evidenciam, então, uma renovada disponibilidade para dar um uso lúdico aos espaços agora menos definíveis pelas dinâmicas de fixação das populações mas antes pelas possibilidades da sua mobilidade. A ilusão do acesso universal aos bens lúdicos ou ludicamente usados e distribuídos não faz desaparecer as desigualdades sociais e económicas mas pode produzir um efeito de antídoto que pode estabilizar as possibilidades de revolta social.

Competição, dinamismo, diversão: esta reconfiguração propõe um capital lúdico. As próprias actividades profissionais passam a ser organizadas e pensadas de forma a assegurarem as condições para o desenvolvimento da interrupção do trabalho destinadas à actividade física, à programação cultural, etc. A ideologia das férias vai promover a própria reconversão física dos lugares. E aqui surge o turismo enquanto actividade económica, central nesta lógica lúdica. É em função da sua relevância económica e social que se reestruturam os lugares, se planeia e prevê o futuro das próprias actividades locais. O cidadão recusa à prisão-trabalho, e passa a ser necessário um determinado estado das relações económicas, políticas e sociais. A cidade-sistema, a cidade-mundo, face às novas exigências, carece continuamente do empreendedor do lazer. O desenvolvimento é um justificativo para que a comunidade abra o seu limes em direcção à cidade turística. Na época do pós-industrialismo a cidade torna-se uma placa, uma plataforma giratória dos seus produtos tradicionais e dos seus deveres lúdicos. A cidade-sistema, a cidade-mundo, pode ser o jogo de concorrência perfeita se incluir todos os gostos e devaneios do consumidor. A ideia inicial da viagem-migração da Idade Média poderá ter tanto de igual com a da Idade Contemporânea, servindo de escape a pulsares sociais. Elas não são radicalmente diferentes no seu objecto. Stefan Zweig, em Magellan, Der Mann und seine Tat (Magalhães, o Homem e o seu Feito), de 1938, começa o seu raciocínio assim: no princípio era a especiaria. Não diz no princípio era o lucro, mas a exploração da especiaria tem por objectivo o lucro. O que pode ser radicalmente diferente é o homem que explora, já não subjugado à velha administração colonial, já não embutido nas teias das Grandes Companhias, já não um mero empreendedor burguês mercantilista, mas sim, um novo empreendedor que vê na dissolução da cidade estática uma oportunidade. Ele é uma força activa, talvez até um grupo de pressão, das novas forças da globalização na pós-ruralidade e no pós-industrialização.


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Preparar a entrada para a escola

Cristiana Félix

E

stamos prestes a preparar a entrada das crianças para a escola, pelo que devem começar por falar-lhes de como vai passar a ser o regresso às aulas e quais as mudanças que vão passar a existir no dia-a-dia. Este acaba por ser um tópico que provoca grande ansiedade antecipatória quer aos pais, quer aos próprios filhos, daí a importância de prever possíveis situações desagradáveis e ao mesmo tempo preparar a forma como o ano letivo vai decorrer. Deve começar por explicar, como se processa esta transição, assim como combinar algumas estratégias para que juntos possam passar a ter bons resultados escolares. Em primeiro lugar, deve começar por preparar a forma como o seu filho deve estar em termos de postura corporal e o modo como deve organizar a sua mochila escolar. Pode ainda explicar algumas estratégias em termos de organização inicial do material enquanto a professora não explicar como pretende que seja feita a organização da mesma.

É de extrema importância explicar e prever com as crianças possíveis situações de insucesso escolar, ou seja, explicar à criança que por vezes podem não conseguir obter os resultados que pretendem, mas que o importante é que se esforce o máximo que conseguir e estude o necessário, no entanto, certificar e ensinar a criança a lidar com situações de frustração face ao insucesso escolar em alguma tarefa realizada. Existem algumas estratégias para obtenção de melhores resultados, como por exemplo: Começar por estabelecer um horário em que vão passar a acordar, para que assim consigam ter tudo pronto para acordar uns minutos antes do estabelecido para se começarem a adaptar. Uma semana antes, os pais, devem começar por deitar e acordar as crianças nos horários que vão ter durante o período escolar. Deve criar um horário para organizar as tarefas que vão realizar durante o período letivo. Para algumas crianças é ainda fundamental que criem um horário comum da família, para que possam colocar as atividades que vão realizar e assim criar um mapa organizado das mesmas. Para o dia-a-dia é importante que deixe a roupa preparada do dia anterior, para que no dia de manhã não hajam correrias desnecessárias. Podem também optar por deixar orienta-

do o que vão usar na preparação do pequeno almoço do dia seguinte, para que a elaboração no dia de manhã seja ainda mais rápida. Neste período de adaptação é importante ainda preparar as crianças para a mudança quer do professor, quer dos colegas da escola que eventualmente podem ter mudado de turma, falando-lhe de novas possibilidades e métodos de trabalho. Por último, é importante começar por ritmos de trabalho mais lentos no início, optando por organizar a vossa vida tendo em conta os horários dos vossos filhos e as pausas letivas que os mesmo vão ter ao longo do ano. Durante este período de início das aulas é normal que as crianças queiram comprar todo o material que vêm, neste caso é importante negociar com as crianças que apenas podem levar o material necessário, certificando-se que está todo marcado com o nome da criança. Apesar de este ser um período de mudança para a toda a família é importante que os momentos de diversão e descontração continuem a surgir entre as próprias famílias, certificando-se no entanto que as crianças tem uma rotina saudável e propícia ao bom desenvolvimento quer físico quer intelectual da mesma.

Cristiana Félix, Psicóloga Clinica

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Sociedade

Apoio da União Europeia à divulgação e procura de emprego A crise económica que assolou toda a Europa, conduziu à perda de milhares postos de trabalho. Em alguns países o mercado de trabalho já está a recuperar. Portugal, ainda com um longo caminho a percorrer, parece também estar no caminho da recuperação.Este é um tema que interessa a um elevado numero de portugueses pelo que tem- nos sido colocadas muitas questões: Quem me pode ajudar na procura de emprego, onde me posso dirigir, a União Europeia tem algum local onde possa obter informação sobre emprego? No contexto atual, um número cada vez maior de portugueses procura saber mais sobre o mercado de emprego de outros países, quer devido a uma situação de desemprego, quer motivados por uma apetência cada vez maior à concretização de carreira internacionais.

Centro Europe Direct de Ponte de Lima Associação Portuguesa de Criadores de Bovinos da Raça Minhota Largo Conselheiro Arnaldo Norton de Matos, 37 4990-144 PONTE DE LIMA Telf.: 258 938 405 Email europedirect.ptl@gmail.com PUB.

A rede EURES foi pensada para atuar nesta frente, divulgando as oportunidades de emprego a nível da União Europeia, Noruega, Islândia, Liechtenstein e Suíça. Criada em 1993, a EURES é uma rede de cooperação entre a Comissão Europeia e os Serviços Públicos de Emprego dos Estados-Membros do EEE (os países da UE, e a Noruega, a Islândia e o Liechtenstein), e ainda outras organizações parceiras. A Suíça integra igualmente a cooperação EURES. Os recursos conjuntos dos membros e parceiros EURES fornecem uma base sólida para que a rede EURES preste serviços de elevada qualidade a trabalhadores e empregadores. A Rede EURES presta informação, aconselhamento e serviços de recrutamento/colocação (adequação da oferta e da procura de mão-de-obra) em benefício de trabalhadores e empregadores, bem como de qualquer cidadão que pretenda beneficiar do princípio da livre circulação de pessoas. Há mais de um milhão de ofertas de emprego disponíveis na Rede EURES, através da plataforma http://ec.europa.eu/eures. A rede EURES vai muito além do portal de mobilidade profissional. A EURES dispõe de um rede humana de mais de 850 conselheiros EURES que mantêm um contacto diário com candidatos a emprego e empregadores em toda a Europa. Os conselheiros EURES são especialistas que prestam os três serviços básicos EURES de informação, orientação e colocação, tanto aos candidatos a emprego como aos empregadores interessados no mercado de trabalho europeu. Na nossa região existem os seguintes conselheiros EURES: Transfronteiriço Norte de Portugal / Galiza - Valença - Sónia Trancoso -251 826 105; Centro de Emprego de Braga - Carmen Lopes - 253 606 700


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A importância da Rede SOLVIT, para cidadãos e empresas Portugal é um país com muitos emigrantes em países do Espaço Económico Europeu ( União Europeia mais Noruega, Islândia e Liechtenstein) que por vezes têm dificuldades em que os seus direitos sejam respeitados quando tem de tratar assuntos com as administrações públicas desses países havendo também muitos naturais desses países a residir, trabalhar ou estudar em Portugal que sentem os mesmos problemas . Nessa situação podem recorrer à Rede SOLVIT, um serviço gratuito que visa a resolução informal de litígios transfronteiras resultantes da aplicação incorreta da legislação do mercado interno pelas autoridades públicas. Os cidadãos e as empresas, através da Rede SOLVIT, obtém resultados muito mais rapidamente do que se optarem pela apresentação de uma queixa formal. O mercado interno oferece muitas oportunidades aos cidadãos e às empresas. Uma pessoa pode mudar- se para outro país da União Europeia para viver, estudar, trabalhar ou muito simplesmente gozar a sua reforma. Poderá ainda querer constituir uma empresa ou vender os seus produtos ou serviços noutro Estado Membro da UE. Por vezes ocorrem interpretações incorretas dos direitos dos cidadãos ou das empresas, que os podem prejudicar na

concretização das suas intenções. Por exemplo, poderá haver problemas com a obtenção de uma autorização de residência, recusa de reconhecimento de um diploma ou de qualificações profissionais, problemas com a troca da matrícula de um veículo, direitos em matéria de emprego, segurança social, imposto sobre o rendimento ou direito de voto. Uma empresa pode enfrentar obstáculos administrativos, exigências nacionais adicionais relativas a produtos que já são comercializados noutro Estado Membro da UE ou problemas com o reembolso do IVA. Quando isso acontecer os cidadãos e as empresas podem recorrer à Rede SOLVIT. A Comissão Europeia instituiu, em 2002, uma Rede informal de resolução de problemas – SOLVIT – para auxiliar os cidadãos e as empresas da UE a exercer os seus direitos, sempre que se deparem com uma eventual má aplicação das regras do Mercado Interno por parte das Administrações Públicas dos Estados-membros de acolhimento, isto é, quando residem ou querem fazer negócios num Estado-mem-

bro que não aquele de onde são originários. Tem obrigatoriamente que haver o chamado elemento "transfronteiriço". Um outro Estado-membro da UE, que não Portugal, tem que estar envolvido. Há um centro SOLVIT em todos os Estados-membros da União Europeia (assim como na Noruega, na Islândia e no Liechtenstein). O SOLVIT não é, assim, uma rede de informação, nem de aconselhamento jurídico. O SOLVIT não trata de problemas entre empresas ou entre consumidores e empresas. O SOLVIT só trata de problemas relacionados com a aplicação incorreta do direito comunitário pela autoridade pública do Estado-Membro de acolhimento. Através da Rede SOLVIT, um serviço gratuito que visa a resolução informal de litígios resultantes aplicação incorrecta da legislação do mercado interno pelas autoridades públicas, obtêm-se resultados muito mais depressa do que pela apresentação de uma queixa formal. Contudo, se o assunto em questão não for resolvido ou se a solução proposta não interessar, pode-se recorrer à justiça através de um tribunal nacional Se este assunto lhe interessa pode obter mais informação sobre a Rede SOLVIT em: http://ec.europa.eu/solvit/site/index_ pt.htm

Operação 3.1.1. Jovens agricultores

OBJETIVO A presente operação prevê o apoio aos jovens agricultores que se instalem pela primeira vez numa exploração agrícola enquadrado por um Plano Empresarial. TIPO DE APOIO Prémio à 1ªinstalação, sob a forma de um incentivo não reembolsável. BENEFICIÁRIOS Jovem que se instale pela primeira vez como agricultor na qualidade de responsável pela exploração, com idade igual ou superior a 18 anos e não ter mais de 40 anos, possua aptidão e competência profissional adequada.

NÍVEIS E TAXAS DE APOIO O apoio à instalação é associado ao Plano Empresarial podendo assumir os seguintes valores de prémio. Prémio de 15.000€: · Acréscimo de 25% do prémio, se o Plano Empresarial incluir investimentos na exploração, superiores ou iguais a 80.000€, ou · Acréscimo de 50% do prémio, se o Plano Empresarial incluir investimentos na exploração, superiores ou iguais a 100.000€ ou · Acréscimo de 75% do prémio, se o Plano Empresarial incluir investimentos na exploração, superiores ou iguais a 140.000€. Ao prémio, incluindo o acréscimo, é adicionado uma componente de 5.000€ correspondente ao compromisso do jovem se constituir como membro de uma OP. No caso de sociedades de mais de um jovem agricultor, o Plano Empresarial terá que apresentar um investimento mínimo de 55 000€ referenciado por jovem agri-

cultor. O valor do apoio corresponderá ao prémio associado ao Plano Empresarial conforme acima descrito. A majoração referente à pertença a OP, por parte da sociedade, terá o valor de 5.000€. O pagamento do apoio será efetuado no máximo em três tranches: · 75% no inicio da instalação e os 25% restantes após verificação da boa execução do plano empresarial, o mais tardar no prazo de 5 anos; · uma tranche intermédia correspondente ao montante do apoio resultante do compromisso de pertencer a uma OP. Prazo para apresentação de candidaturas 1 de Maio de 2015 às 00:00 a 31 de Outubro de 2015 às 23:59 Para mais informações www.pdr-2020.pt


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Entrevista

Nome completo: António Américo Silva Freitas Naturalidade: 24.09.1958 em Tete, Moçambique Filhos: O Eduardo Descendência: Américo Carvalho Freitas e Carminda Pereira Silva (ambos falecidos) Profissão: Profissional liberal – Tradutor/Intérprete língua Inglesa O que gostava de ser quando fosse grande: Tinha o sonho de ser jogador de futebol. Todos temos ao longo da vida, bons e maus momentos, mencione um bom e outro mau: Bom momento: nascimento do meu filho Mau momento: Deixar a Rhodésia/África e viajar sozinho para Portugal aos 17 anos. Livro de mesinha de cabeceira: Anjos e Demónios – Dan Brown Personalidade notável de referência: Papa Francisco Local de férias preferida: Em casa Lema da vida: Estar sempre alerta, enfrentar as contra-

Foto: Américo Freitas

Presidente da Confraria Nª Sra. do Calvário

Capela N. Sra. do Calvário – Tregosa (ano 2014)

riedades e tentar adoptar sempre uma atitude positiva. Habito diário: 15 a 20 minutos de exercício físico. Pensamento: Atitude e pensamento positivo é um exercício diário. Escola inesquecível: Escola secundária “Lord Malvern High School” na Rhodésia. O ensino britânico moldou definitivamente a minha vida. Uma personagem justa: A minha falecida mãe Um bom Português: Todos os que se orgulham de o ser Uma data: Agosto de 1968 – viagem de Tete, Moçam-

Associados e voluntários a cortar e a rachar lenha para angariação de fundos para obras na capela Sra. do Calvário.

bique para Salisbury na Rhodésia Uma memória: Vencer um torneio internacional de futebol juvenil na Rhodésia, era o capitão da equipa e fui considerado o melhor jogador do torneio. Fui levado em ombros do centro do terreno até aos balneários onde cheguei só com os calções vestidos. Inesquecível. Locais de trabalho onde exerceu a profissão: 1976 a 1981 ….. Fui jogador de futebol no Gil Vicente FC e no Vianense SC 1981 a 1989 ….. Administrativo na Mincalça – Soc. De Confecções do Neiva 1990 a 2013 ……Administrativo na S.J. Texteis, SA Gosta da sua profissão: Empenho-me sempre naquilo que faço, mesmo que a satisfação por vezes não seja total e absoluta. Balanço profissional até ao momento: Muito positivo, pois orgulho-me de ter feito parte de equipas de trabalho que foram a base do sucesso dessas empresas. Como surgiu o interesse pela pintura? “ Arte e desenho” era uma das disciplinas que tive na escola secundária em África. Demonstrei alguma habilidade e fui vencendo alguns prémios escolares de pintura que me motivaram a continuar. Que tipo de trabalhos expõe? Paisagens, retratos e abstractos. Em que é que se inspira quando pinta? Basicamente em tudo que me rodeia e a inspiração vem por vezes de forma inesperada. Num retrato tento captar não só as características físicas da pessoa mas também a sua personalidade. Nas paisa-


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gens e nos abstractos a liberdade de movimentos e cores é total. Como surgiu a oportunidade de presidir à confraria? Em 2006 fui convidado para substituir um elemento que tinha saído. Posso dizer que não fui eleito nem convidado para presidente, fui discretamente “empurrado” para o cargo pelos restantes elementos. Não me sinto presidente mas simplesmente um elemento desta confraria com as mesmas responsabilidades que os restantes. Há quanto tempo a preside? Desde Junho 2006, portanto há nove anos. O que destaca do trabalho desenvolvido pela confraria? A confraria tem vindo a desenvolver trabalhos de restauro e melhoramentos tanto no interior da Capela N. Sra. do Calvário como no espaço envolvente, que tem merecido comentários positivos na sua generalidade. Destaco, no entanto, a empatia e colaboração que temos recebido de todos os associados, benfeitores, comissões de festas, autarquia, CEP (fábrica da igreja) e o pároco desta paróquia Sr. Padre Ernesto sem a qual não seria possível desenvolver estes trabalhos. Relate-nos um momento menos positivo e uma conquista enquanto esteve na confraria. Momento menos positivo foi uma tentativa de assalto à Capela que provocou danos na porta da sacristia e consequente despesa imprevista. A conquista é a colaboração, motivação e empenho de todos os elementos que compõem esta confraria ( 5 elementos masculinos e 3 zeladoras) Aceitou com otimismo o cargo que

Biografia António Américo Silva Freitas (Toninho), nasceu a 24.09.1958 na cidade de Tete, Moçambique. Casado, tem um filho, mora na freguesia de Tregosa desde 1984. Em Agosto de 1968 a família mudou-se para Salisbury, Rhodesia, actual Zimbabwe. Aqui frequentou o ensino secundário tendo obtido o General Certificate of

Foto: Américo Freitas

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Ano 2012

atualmente acumula? Senti-me “desafiado” mas optimista. Balanço a nível familiar, desde que assumiu o compromisso que ocupa. Balanço claramente positivo. Sinto-me apoiado e incentivado pela família. Coaduna bem o ser profissional, presidente da confraria e marido/pai. Sim, caso contrário abandonaria o compromisso. Previsões sobre o futuro no imediato, médio e longo prazo. Não prevejo grandes alterações no futuro imediato, mas receio que a médio e longo prazo teremos que aperfeiçoar as nossas capacidades de adaptação. Em síntese diga: se voltasse à adolescência fazia tudo igual?

Education – Ordinary Level – na escola secundária “Lord Malvern High School”. Neste percurso escolar participou em algumas exposições inter-escolares onde foi ganhando gosto e motivação para a pintura. Em Agosto de 1976 veio para Portugal. Em 1990 inscreveu-se no Instituto Britânico do Porto onde obteve o certificado “Proficiency in English” da Universidade de Cambridge. Em 2007 terminou o processo RVCC nível III.

Não, nem pensar! Fiz asneiras e cometi erros que evitaria cometer sem dúvida. Será que está arrependido de posições assumidas ao longo da sua vida? Sim, reconheço que por vezes assumi posições erradas e que mais tarde me arrependi, mas reconhecer isso torna-me mais consciente daquilo que sou…humano! O que gostaria de ter feito e não conseguiu fazer? Ser profissional de futebol da 1ª divisão, pois o melhor que consegui foi jogar no Gil Vicente na 2ª divisão. Uma mensagem a todas as equipas que o acompanham nas diversas labutas. A todos os elementos da confraria N.S. do Calvário um voto de louvor pela vossa atitude positiva e dedicação à causa.

cenários para peças de teatro do “Grupo S. Paulo“ de Barroselas, para o Grupo Folclórico S.Paulo e para o Grupo Folclórico de Tregosa.

Auto-didata procura aprender observando. Sempre que possível visita exposições de arte em geral, mas prefere as exposições de pintura. Aproveita as novas tecnologias para visitar virtualmente galerias de renome.

Exposições mais recentes: 2011 - “Arredas Folk Fest – Tregosa” - no salão nobre da Junta de Freguesia de Tregosa. 2012 - Exposição colectiva de artesanato e pintura no 5º Festival Internacional de Filmes de Turismo “Art & Tur” em Barcelos. 2014 – Exposição individual na freguesia de Deão – Viana do Castelo - Exposição individual na Associação Desportiva e Cultural Tregosa 2015 – Exposição individual no 7º festival “Arredas Folk Fest – 2015 “

Participou em exposições colectivas de artesanato, fotografia e pintura nas freguesias de Barroselas e Durrães. Pintou

Contactos: Tlm: 96 423 76 68 e-mail: tony.freitas58@hotmail.com


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Agenda do mĂŞs [Concelho Viana do Castelo]


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Agenda do mês [Concelho Barcelos]

Agenda do mês [Concelho Ponte de Lima]

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Culinária

Docinhos de Castanha de Caju Ingredientes: 2 latas de Leite Condensado meia xícara (chá) de leite (100 ml) 2 colheres (sopa) de margarina sem sal 1 envelope de MID* Graviola 1 xícara (chá) de castanha de caju, picada Modo de Preparo: Em uma panela média, coloque o leite condensado, o leite e a margarina, e leve ao fogo alto para aquecer, Ao abrir fervura, cozinhe em fogo médio, mexendo sempre, por 15 minutos, ou até soltar do fundo da panela. Retire do fogo, transfira para um prato raso, untando, e espere esfriar. Modele os docinhos, passe pela castanha de caju restante e disponha-os em forminhas próprias. Sirva em seguida. Rendimento: 40 Unidades Tempo de preparo: 45 minutos Dicas: se preferir, sirva o docinho em minicolheres ou copinhos. Fonte: www.mrfavoritas.blogspot.pt

Sugestão ao leitor

Sugestão cinematográfica

Filadélfia

Esta foi uma das obras que melhor retratou a SIDA (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) e todas as suas dificuldades. Filadélfia trouxe à ordem do dia todas as discriminações sofridas pelos seropositivos e homossexuais. O enredo desenrola-se com Andrew Beckett (Tom Hanks) onde é um excelente advogado, que trabalha num escritório de juristas de grande prestígio em Filadélfia. Sendo homossexual e portador de SIDA acaba por ser discriminado por parte da empresa onde exerce a sua profissão, como advogado. Este filme trouxe ao mundo, com toda a certeza, uma visão mais esclarecida sobre a SIDA, tema que, na época, era pouco conhecido ou, pelo menos, com o qual se tinha uma preocupação muito menor. Outro tema tratado durante a projecção inteira é a homofobia, o horror aos homossexuais é apresentado de uma forma tão perspicaz, que nos mostra como tal atitude é deplorável, e digna de piedade. Contu-

do, se tal contexto fosse inserido nos dias actuais, perceberíamos que os comportamentos não são muito diferentes. Neste filme é de destacar o papel do actor Tom Hanks, o melhor actor revelado, nos últimos vinte e cinco anos, pelo menos. Ele actua de uma maneira convicta e maravilhosa em Filadélfia, tanto é que o papel lhe rendeu um Óscar. Andy é retratado com tanto brilhantismo, que nos encorajamos a entrar na sua batalha judicial, sem nos apercebermos sofremos tudo o que ele sofre ao longo do desgaste que a SIDA lhe traz e emocionamo-nos a cada cena angustiante suportada pela personagem. Auxiliado por uma maquilhagem de primeira, as expressões do actor, tanto corporais e faciais, como ao que se refere à maneira de falar, são tão verdadeiras e sinceras, que trazem uma reflexão ainda maior ao caso em questão. Denzel Washington também merece algum destaque. Faz de um duro e sarcástico advogado que, contudo, sabe portar-se em situações sérias e, para

acompanhar o filme Bruce Springsteen, o músico americano expõe todo o seu talento ao compor “Streets of Philadelphia” que é uma canção simplesmente mágica, esta, premiada com um Óscar. Fonte: www.arectafinal.blogspot.pt


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Necrologia

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Contactos úteis AGRADECIMENTO Balbina Oliveira Carvalhosa Balugães - Barcelos Sua Família, profundamente enlutada pela perda do seu ente querido, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que se dignaram tomar parte no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de algum modo lhes manifestaram o seu pesar. A FAMÍLIA

AGÊNCIA FUNERÁRIA TILHEIRO, LDA. Tel: 258971259 Tm: 962903471 - BARROSELAS www.funerariatilheiro.com

AGRADECIMENTO Maria Helena Coutinho Ramos Barroselas – V. Castelo Sua Família, na impossibilidade de o fazer pessoalmente, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, ou que de outro modo lhes apresentaram condolências e manifestações de pesar. A FAMÍLIA AGÊNCIA FUNERÁRIA TILHEIRO, LDA. Tel: 258971259 Tm: 962903471 - BARROSELAS www.funerariatilheiro.com

AGRADECIMENTO Sara Valério Gandarela Vasques Carvalho Barroselas – V. Castelo Sua Família, na impossibilidade de o fazer pessoalmente, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, ou que de outro modo lhes apresentaram condolências e manifestações de pesar. A FAMÍLIA AGÊNCIA FUNERÁRIA TILHEIRO, LDA. Tel: 258971259 Tm: 962903471 - BARROSELAS www.funerariatilheiro.com

Viana do Castelo Camara Municipal de Viana do Castelo - 258 809 300 Bombeiros Voluntários de Viana do Castelo - 258 800 840 Bombeiros Municipais de Viana do Castelo - 258 840 400 Guarda Nacional Republicana - 258 840 470 Polícia de Segurança Pública - 258 809 880 Polícia Marítima - 258 822 168 Unidade de Saúde Local do Alto Minho (ULSAM) - 258 802 100 Cruz Vermelha - 258 821 821 Centro de Saúde - 258 829 398 Hospital Particular de Viana do Castelo - 258 808 030 Unidade de Saúde Familiar Gil Eanes - 258 839 200 Interface de Transportes - 258 809 361 Caminhos de Ferro (CP) - 258 825 001/808208208 Posto de Turismo de Viana do Castelo - 258 822 620 Turismo do Porto e Norte de Portugal, Entidade Regional - 258 820 270 Viana Welcome Center - Posto Municipal de Turismo - 258 098 415 CIAC - Centro de Informação Autárquico ao Consumidor - 258 780 626/2 Linha de Apoio ao Turista - 808 781 212 Serviço de Estrangeiros - 258 824 375 Defesa do Consumidor - 258 821 083 Posto de Fronteiras do SEF - 258 331 311 Arquivo Municipal de Viana do Castelo - 258 809 307 Centro de Estudos Regionais (Livraria Municipal) - 258 828 192 Biblioteca Municipal de Viana do Castelo - 258 809 340 Museu de Artes Decorativas - 258 809/305 Museu do traje - 258 809/306 Teatro Municipal Sá de Miranda - 258 809 382 VianaFestas - 258 809 39 Barcelos Câmara Municipal de Barcelos - 253 809 600 Bombeiros Voluntários de Barcelos- 253 802 050 Hospital Sta. Maria Maior Barcelos - 253 809 200 Centro de Saúde de Barcelos - 253 808 300 PSP Barcelos -253 823 660 Tribunal Judicial da Comarca de Barcelos - 253 823 773

Curiosidades

AGRADECIMENTO Boaventura de Miranda Felgueiras Barroselas – V. Castelo Sua Família, na impossibilidade de o fazer pessoalmente, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, ou que de outro modo lhes apresentaram condolências e manifestações de pesar. A FAMÍLIA AGÊNCIA FUNERÁRIA TILHEIRO, LDA. Tel: 258971259 Tm: 962903471 - BARROSELAS www.funerariatilheiro.com

Antigo ancoradouro da Argaçosa Fica situado na margem direita do Rio Lima, na Argaçosa-Meadela (Viana do Castelo) onde, há alguns anos atrás, existiam vários barcos de apoio à pesca da lampreia.

Estas são marcas visíveis do passado, que ainda hoje vive no imaginário de muitos vianenses. Fonte: Blog Olhar Viana do Castelo


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Património

As Vindimas

É

a vinha o maior investimento que o agricultor tradicional e não só efectua. É pelos preços dos materiais: ferro, arame, esteios ou outros materiais alternativos e pela mão-de-obra, já rara para este mister. Após a estrutura montada, há a abertura de valas para a plantação dos bacelos, que tranforma-se-ão numa videira brava, que com grossura suficiente sofrerá uma operação melindrosa que é a enxertia, trabalho de esmerados e experientes enxertadores. A vide entra numa fase que se repete continuamente. Anualmente há as colheitas melhor ou pior, que são consequência não só da qualidade dos bacelos, dos garfos do bom tratamento pré e pós floração e durante o fruto e fundamentalmente da colaboração das condições atmosféricas. Há todo um trabalho, não menos importante que é a conservação do vasilhame, lagares etc., em bom estado que para além dos demais instrumentos que constituem o investimento já forçado é outro investimento, isto é, tonéis, dornas, baças, pipos, lagares, esmagadeira, prensa e local de armazenamento. E, outros ainda, os riscos por alteração ou esvaziamento e o desequilíbrio na atribuição de um valor justo e verdadeiro ao agricultor. Acresce também os meios para o transporte: trator ou junta de bois, que apreços actuais roubam um bom capital a acrescentar ao já descrito. Poderá dizer-se que assumi-

dos todos os elementos necessários, em fins de Setembro e mês de Outubro dependentes das ditas condições climatéricas e atmosféricas, far-se-á a colheita dos deliciosos bagos. Para tal, aparelha-se todo o pessoal, destinam-se tarefas, preparamse os meios necessários à execução da recolha, isto quer se trate de uma recolha em grande escala ou mesmo, o agricultor em tempos livres. Os cestos e as cestas que de vime ou cana eram feitos, vêem-se substituídos por plásticos. A disposição das vinhas carateriza o modo da vindima. Convêm dizer que o termo vinha não é usual em todas as terras, mas centrando-nos na nossa região, no Minho, zona do vinho verde é comum chamar-se também: latada ou ramada. Por tal, há quem vindime com o carro de bois ou trator carregado com a baça andando por debaixo da vinha, quem use cavaletes, bancos e escadas. Ainda há algumas latadas onde as videiras trepam pelas árvores acima, onde a vindima se torna morosa, perigosa pois é necessário usar longas escadas e o dispêndio de movimentos é excessivo. Após todo um trabalho dispendioso e moroso da criação da estrutura que é a vinha numa fase já mais adiantada, os trabalhos resumem-se à sua conservação em si, à poda, à sulfatação e finalmente a vindima e obtenção do delicioso néctar. Do cacho de uvas obtêm-se o vinho. Mas, para além do vinho sai o inconfundível

bagaço. Toda esta cultura é riquíssima e, convêm alertar para o grande investimento em causa, que por tal, todo o agricultor deve fazer o estudo mais racional, não só para uma boa aplicação do seu capital como na defesa e preservação da boa qualidade do produto. Portanto deve seleccionar terrenos, áreas de plantação e todos os demais fatores que direta ou indirectamente contribuem para a sua expansão e glorificação deste produto. Quando na liturgia dominical se houve o padre invocar o vinho como: «fruto da videira e trabalho do homem», cada auditor se fizer um exame pela experiencia ou se o que escrevi dá uma imagem do verdadeiro esforço desenvolvido, benzer-se-á pela magnitude desta colheita. Não deverá constar em lado algum o vinho, ou seus derivados, bebidos em demasia. Ingerido moderadamente não é só salutar como também ajuda a compreender quão valioso é se o podermos beber saudavelmente. Das diversas qualidades: tinto, branco, americano «morango» nenhum há a se sobrepor. É um vinho delicioso. Brindemos com vinho verde a vitória anual do esforço, característicos do Minho, nossa linda e bela região. Domingos Ribeiro In Jornal «Vale do Neiva» Novembro 1984 A Redação


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