Tatuapé, Mooca e região
Edição 484 - Ano X | de 16 a 22 de setembro de 2016 | distribuição gratuita para pessoas modernas
Estado economiza 49% em compra para saúde AE
Na tentativa de evitar fraudes na compra de órteses, próteses e outros dispositivos médicos, o governo do Estado de São Paulo iniciou um projeto para centralizar as compras desse tipo de material e, na primeira experiência, já conseguiu adquirir os itens por um preço 49% menor, afirma o secretário da Saúde, David Uip. A iniciativa faz parte de uma série de medidas que o Estado tenta colocar em prática para coibir a atuação da chamada máfia das órteses e próteses. Pelo esquema, médicos e hospitais, dos setores público e privado, receberiam comissões de fornecedores para privilegiar o uso de produtos de determinada marca. Em alguns casos já denunciados, pacientes foram operados sem necessidade. "As compras dos dispositivos geralmente são feitas pelo hospital. Em julho, fizemos esse primeiro projeto de centralizar as compras e conseguimos a redução dos preços", afirma Uip. O secretário não informou se a diferença do custo pode estar vinculada à prática de fraudes, mas disse que os casos suspeitos estão sendo encaminhados para a Corregedoria-Geral da Administração. De acordo com Uip, o controle das compras é difícil pela diversidade de materiais e especificações técnicas dos itens existentes. "O problema não se restringe à ortopedia, com as órteses e próteses. Há dispositivos usados em cardiologia, neurologia, implantes cocleares (no ouvido), uma infinidade de placas, parafusos e cada especialidade tem suas especificações", diz. Além da centralização das compras, a secretaria iniciou, em abril, auditorias em hospitais conve-
Divulgação
niados ao Sistema Único de Saúde (SUS) em São Paulo, como Santas Casas e outras unidades filantrópicas. Por mês, quatro centros médicos são sorteados e precisam repassar à secretaria dados assistenciais, financeiros, econômicos e administrativos. "Não temos a confirmação de nenhuma fraude por enquanto, mas há uma porção de coisas sendo investigada", diz o secretário. Setor privado Assim como os governos, as operadoras de planos de saúde também montaram ofensivas contra a máfia. Na semana passada, a Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge) anunciou que entrará com ação na Justiça americana contra empresas americanas fabricantes de dispositivos médicos cujas filiais brasileiras participaram do esquema das órteses e próteses. Segundo Pedro Ramos, diretor da Abramge, oito empresas serão processadas, cinco delas entre as dez maiores do mundo. A primeira é a Orthofix. Procurada, a Orthofix afirmou em nota oficial que "segue os mais rígidos padrões éticos, cumprindo todas as regras legais e não tem ou teve nenhum envolvimento com a máfia das órteses e próteses no Brasil". O objetivo principal da ação, de acordo com Pedro Ramos, é conseguir um acordo com a empresa para a mudança de postura de suas filiais que impeça o pagamento de comissões a médicos e hospitais. A Abramge estima que a máfia das órteses e próteses deu prejuízo de R$ 3 bilhões aos planos de saúde no País, uma vez que os preços dos materiais chegam muito mais altos às fontes pagadoras quando incorporados os valores das comissões ilegais.
Gastronomia | pág. 04
Festival do Morango no Ceret neste final de semana Foi destaque
Teatro | pág. 08
As Luzes do Ocaso no Centro Cultural Banco do Brasil
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economia
Petrobras quer adotar ‘modelo Ambev’ de gestão ANTONIO PITA E FERNANDA NUNES / AE Pedro Parente mira na Ambev para projetar o que será a Petrobras depois de virada a página da sua maior crise. O modelo de gestão da gigante multinacional de bebidas está na base das metas e planos de ação que a petroleira adotará nos próximos cinco anos. As diretrizes do novo plano de negócios serão discutidas pelo conselho de administração da petroleira. A base da nova gestão, presente já no plano estratégico, será o conceito de orçamento base zero, um modelo adotado no País desde a década de 50. A ideia é desconsiderar o histórico orçamentário e de receitas, para redefinir a cada ano os projetos e investimentos prioritários. O objetivo é buscar me-
lhor eficiência de gastos e evitar orçamentos inflados em projetos desvinculados das prioridades da empresa. "Metodologia é uma coisa muito importante. A Petrobras tinha planos estratégico e anual diferentes. Não era uma maneira boa, só por coincidência o plano anual perseguia os objetivos estratégicos. Agora, não tem hipótese de inconsistência", afirmou Pedro Parente. A gestão será a marca de Parente nos próximos dois anos em que planeja estar à frente da Petrobras. Para tanto, o executivo trouxe à diretoria executiva o ex-presidente da BG no País Nelson Silva, para quem foi criado o cargo de diretor de Estratégia, Organização e Sistema de Gestão. Assim como Jorge Paulo Lemann nos anos 90, o presidente da estatal aposta na cartilha do guru brasileiro da meritocra-
cia, Vicenti Falconi, para desenhar a nova petroleira, saneada em até cinco anos. As bases da estratégia podem ser resumidas em quatro letras: PDCA - iniciais em inglês das palavras planejamento, execução, acompanhamento e padronização. A fórmula criada por Falconi na década de 80 já foi replicada em 5,9 mil projetos liderados pela sua consultoria em empresas de diferentes segmentos, da mineração ao varejo. O método consiste em estabelecer metas mensais para os empregados - e não para a empresa. Além das duas metas principais da companhia, financeira e de segurança operacional, cada nível hierárquico terá objetivos específicos. "Vamos ter acompanhamento do cumprimento de metas com reuniões trimestrais nos diversos níveis da companhia chegando até a diretoria executiva", explicou Parente.