Saddam Hussein

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Saddam Hussein O Homem que Sonhou Ser Senhor das Arรกbias


Sindicato dos Padeiros de S찾o Paulo

Presidente: Francisco Pereira de Sousa Filho (Chiquinho Pereira) Coordenador: Aparecido Alves Ten처rio (Cid찾o) Curador: Claudio Blanc www.padeirosspmemoria.com.br


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Saddam Hussein

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urante mais de duas décadas os métodos arbitrários e cruéis do ditador do Iraque, Saddam Hussein, fizeram de

seu país palco central de explosivos conflitos. Controlando uma das maiores reservas mundiais de petróleo, Saddam tinha planos de unir todos os países árabes sob seu comando. Para concretizar seus objetivos, não hesitou em lutar uma guerra sangrenta contra o vizinho Irã, invadir e tentar controlar o Kuait, provocando a implacável intervenção dos americanos. Os Estados Unidos não poderiam deixar que Saddam prejudicasse o fornecimento de petróleo, do qual sua economia é tremendamente dependente. Assim, George W. Bush – membro de uma das mais poderosas famílias da indústria petrolífera americana – acabou o trabalho que seu pai começara na Primeira Guerra do Golfo e depôs Saddam. Mais que isso, Washington manobrou para que o violento ditador fosse enforcado. 3


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Saddam Hussein e membros do Partido Baath, em Cairo, entre 1959-1963

A trilha que Saddam seguiu rumo ao poder começou no Iraque central, em Tarkrit, onde nasceu em 1937. Sua infância foi pobre e brutal. O padrasto de Saddam o espancava com frequência. A truculência que viveu quando criança veio a ser sua marca. Num país onde a política é um jogo violento, Saddam usou e abusou da violência para conquistar a liderança. Em 1956, ele se filiou ao partido clandestino Baath. Com o Baath, participou, em 1959, de uma tentativa fracassada de assassinato contra o então ditador militar gene4


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ral Abdul Karim Qassem e teve de fugir do país, indo viver no Cairo, Egito, durante os quatro anos seguintes.

O ditador Saddam Hussein

Depois que voltou ao Iraque, participou do golpe que destituiu o general Abdul Rahman Mohammad Aref do poder em 1968. Ainda não era sua hora, mas Saddam chegava mais perto de dominar o 5


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país. Com o golpe, ele emergiu como o número dois da nova ditadura, comandada pelo general Ahmad Hassan al-Bakr. Em julho de 1979, Saddam finalmente deu o bote, tomando o lugar de al-Bakr. Ele assumiu o cargo de primeiro-ministro, chefe do Conselho do Comando da Revolução e comandante-em-chefe das forças armadas. A partir de então, Saddam inaugurou seu reinado de terror, perseguindo e assassinando oponentes ou qualquer outro que o desagradasse. Sua ditadura foi caracterizada por uma mistura de megalomania e paranoia. Saddam mandou erguer monumentos em sua homenagem por todo o Iraque. Com medo de atentados, nunca dormia mais que uma noite no mesmo lugar e chegava a usar oito sósias para despistar os inimigos. Mantendo um rígido controle sobre as Forças Armadas através de uma intrincada rede de organizações de inteligência, Sad-

Ahmad Hassan al-Bakr

dam soube conservar sua posição. 6


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Menos de um ano depois de ter chegado ao poder, lançou seu país num dos conflitos mais sangrentos da história da Península Arábica.

A Guerra Irã-Iraque Saddam começou a ver a si mesmo como líder de todos os árabes. Quando a nova revolução islâmica destituiu o xá Reza Pahlevi do poder, em 1979, Saddam resolver acabar com uma possível ameaça iraniana e invadiu o país em setembro de 1980. A desastrosa guerra que se seguiu durou oito anos e custou milhões de vidas. Cinicamente, os Estados Unidos bancaram os dois lados, fornecendo armas e ignorando as atrocidades de Saddam, como o assassinato de 148 xiitas e o ataque com gás que resultou na morte de cinco mil curdos, em março de 1988.

A guerra Irã-Iraque foi um conflito extremamente sangrento

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A guerra deixou a economia do Iraque em frangalhos. Saddam precisava aumentar sua receita para financiar o grande exército com o qual planejava conquistar a supremacia árabe. Em agosto de 1990, cerca de dois anos depois do fim da Guerra Irã-Iraque, Saddam invadiu e anexou o vizinho Kuait. Temendo perder o controle vital sobre o petróleo, os Estados Unidos intervieram. Os bombardeios americanos transformaram a infraestrutura iraquiana em ruínas, abrindo caminho para o assalto por terra. Batizado Operação Tempestade no Deserto, em janeiro de 1991, o ataque expulsou os iraquianos do Kuait. Ao baterem em retirada, as tropas de Saddam incendiaram os poços de petróleo, provocando um desastre ecológico sem precedentes.

A invasão do Kuait por Saddam foi uma das consequências da Guerra contra o Irã

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Peregrinos xiitas num festival religioso na cidade sagrada de Karbala, no Iraque

Internamente, os xiitas, os quais dominam o sul do Iraque, se revoltaram. Estimulados pelo presidente George Bush, pai do futuro presidente George W., tentaram se libertar do jugo do ditador, mas foram brutalmente reprimidos. No norte do país, Saddam também enfrentou a rebelião dos curdos, massacrando-os impiedosamente. Mesmo tendo perdido a guerra e sofrendo pressão interna, Saddam se manteve no poder. Como parte da rendição, foi obrigado 9


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pela ONU a eliminar todas as suas armas de destruição em massa. Além disso, a comunidade internacional impôs duras sanções ao Iraque, o que minou ainda mais a economia e aumentou a oposição ao ditador. Até mesmo os mais próximos começaram a vacilar. Os dois genros de Saddam desertaram e fugiram do Iraque. Depois, foram convencidos a voltar ao país. Mas confiar em Saddam foi um erro, e eles acabaram assassinados.

Bombardeio americano sobre Bagdá, dando início à invasão do Iraque

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Helicópteros invasores dominam o espaço aéreo iraquiano

A pressão internacional cresceu com a eleição de George W. Bush, em 2000. O novo presidente estava disposto a acabar o que seu pai havia começado quase uma década antes. Com os ataques ao Pentágono e às Torres Gêmeas pela Al Qaida, Bush conseguiu mobilizar a opinião pública contra o Iraque, o qual, na verdade, não tinha nada a ver com os atentados. Acusando Saddam de produzir e 11


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estocar armas de destruição em massa, os Estados Unidos e a coalizão que se mobilizou em torno da causa americana invadiram o Iraque em março de 2003, mesmo não havendo provas de que as tais armas realmente existissem. O reino de terror de Saddam acabou quando Bagdá caiu, no dia 9 de abril daquele ano. Mas o ditador desapareceu, tornando-se a mais cobiçada presa de guerra dos americanos.

Prisioneiro Os filhos de Saddam, Uday e Qusay, tão brutais quanto o pai, foram mortos em 22 de julho de 2003, durante um ataque americano ao seu esconderijo, no norte do Iraque. O antigo ditador continuou foragido e conseguiu despistar as tropas da coalizão por mais alguns meses. No entanto, em dezembro de 2003, ele foi finalmente localizado e capturado perto de Tikrit. O país se dividiu com a captura. Enquanto a comunidade internacional e muitos iraquianos celebravam a prisão do ditador, entre os sunitas, houve violentos protestos. Em 30 de junho de 2004, a coalizão liderada pelos Estados Unidos entregou Saddam às autoridades iraquianas para ser julgado conforme as leis daquele país.

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Os últimos momentos do ditador, antes de ser executado

Durante o julgamento, Saddam permaneceu autoritário como sempre. Desafiando a corte, questionou a legalidade do processo, afirmando que tinha sido armado pelas “forças invasoras”, e se recusou a assinar o formulário de acusação sem a presença dos seus 13


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advogados. Em julho de 2005, o ditador deposto e outros sete membros do antigo regime, entre eles seu meio-irmão e ex-chefe do serviço de inteligência iraquiano, Barzan al-Tikrit, foram acusados de terem cometido crimes contra a humanidade. Ao ouvir a acusação, Saddam afirmou ser inocente. Mais de um ano depois, o processo se concluiu e o ditador foi sentenciado à morte. A sentença foi consumada em 25 de dezembro de 2006. Sufocando, pendurado pelo pescoço enquanto a corda o estrangulava cada vez mais, Saddam levou cerca de três minutos para morrer.

Sindicato dos Padeiros de São Paulo Direito reservados: Sindicato dos Padeiros de São Paulo, 2014 Este artigo pode ser reproduzido para fins educativos

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