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Com o estilo de morar cada vez mais compacto nas cidades, é preciso aprender a viver em poucos metros quadrados. E, nesse momento, um bom projeto se mostra aliado essencial para chegar a soluções que garantam conforto ao pequeno lar, doce lar. Três histórias confirmam a tese Por deborah apsan (visual), joana L. baracuhy e luisa cella (texto) ILUSTRAÇões sÉrgio bergocce

V

ocê está pronto para editar sua casa e vida? Dados do mercado e o discurso de profissionais antenados comprovam: o morar urbano está mais enxuto, o que também pressupõe menor quantidade de pertences. Entre as causas do quadro, destaque para o adensamento populacional, a falta de terrenos livres e a alta no preço dos imóveis, além de novos arranjos familiares e hábitos. “A tecnologia nos libertou, e alguns costumes e funções de repente soam bizarros: se posso trabalhar na cama, por que deveria me sentar no escritório?”, diz Li Edelkoort, holandesa especialista em tendências. Presidente da agência Eugenio, empresa que presta consultoria às construtoras, Carlos Valladão aponta a mudan58 Arquitetura & Construção junho 2014

ça no perfil dos compradores: “Há pouco mais de dez anos, prevaleciam famílias com filhos. Hoje, a gama se mostra diversa em razão do crescimento das cidades, da maior mobilidade e do foco no trabalho”. Segundo o portal WGSN, um terço da população mundial irá morar sozinha em 2026. De olho nesse futuro próximo, o termo “compartilhamento” já marca os novos edifícios residenciais, que apresentam áreas e funções comuns (antes privadas), como lavanderia, restaurante e academia. Nessa toada, desponta o piso térreo livre e equipado com serviços – a ideia é estimular a vivência da cidade, e não o isolamento típico dos condomínios fechados. Dentro do lar, funcionalidade, economia e flexibilidade sobressaem, inclusive, na arquitetura.


Os irmãos gêmeos dividiram o aluguel por 12 anos e, na hora de comprar o primeiro imóvel, decidiram fazê-lo juntos. Na reforma, equilibraram as expectativas de ambos na área enxuta.

Neste caso, a obra veio acompanhada de um pedido de casamento. Além de acomodar a esposa, os arquitetos precisaram considerar outro importante elemento: ela chegaria com seu cachorro e fiel amigo.

O mais compacto dos espaços que apresentamos passou por uma repaginação para atender bem ao único morador. O ar masculino e moderno predomina no novo layout, que ficou mais amplo e integrado. junho 2014 Arquitetura & Construção

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Otimizar a cozinha era um grande desafio da intervenção. A derrubada de duas paredes (veja a planta na pág. 64) melhorou a iluminação, integrou o cômodo à sala e abriu caminho para a bancada, que faz o papel de mesa de jantar. Afinal, como a ideia era manter os dois quartos, a área social não pôde crescer. 60 Arquitetura & Construção junho 2014


Gêmeos de personalidades complementares conseguiram equilibrar seus desejos na reforma do primeiro lar, de 62 m2 Por deborah apsan (visual) e LUISA CELLA (texto) Projeto aldi flosi Fotos cacá bratke

S

e voltássemos três anos no tempo e viéssemos parar dentro deste apartamento, seria necessário explorar vários recursos da imaginação para tentar mentalizá-lo da forma como o vemos hoje. Sua condição, na época, era muito precária (confira nas fotos das págs. 64 e 65). No entanto, isso não desanimou os irmãos Aldi (à esq. no retrato) e Anderson Flosi, que compraram o imóvel num prédio da década de 70, em São Paulo, e o submeteram a oito meses de repaginação. Autor do projeto, Aldi revela que, na segunda visita ao espaço todo detonado, já sabia como incrementá-lo. “Fechava os olhos e o enxergava praticamente assim, renovado”, revela o criterioso designer de interiores, que coordenou a obra atento aos desejos do gêmeo. “Eu me lembro dos primeiros pedidos dele: área para uma cama decente e mais um banheiro”, conta, rememorando a fase em que dividiam o aluguel de uma quitinete de 35 m2. Para quem sabia compartilhar um teto tão compacto, distribuir as tarefas da obra foi fichinha. As diferentes personalidades até ajudaram no processo, como você verá a seguir.

Quem mora Os gêmeos vivem juntos há cerca de 12 anos, desde que deixaram a casa dos pais. Em 2012, decidiram comprar este apartamento na zona sul de São Paulo. Aldi trabalha como designer de interiores e editor visual da revista CASA CLAUDIA, da Editora Abril. Anderson atua na área de tecnologia da informação.

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À esq.: aflito com a falta de espaço para armários, o designer traçou prateleiras que acompanham as vigas aparentes. A instalação pressupôs minifuros na estrutura de concreto e pequenas mãos-francesas. À dir.: próximo da bancada, um painel de gesso lateral esconde a geladeira, que fica imperceptível da sala.

Quando o assunto é casa, Anderson é racional. Já o lado afeAo sintetizar o estilo do projeto, o designer fala da intentivo de Aldi fala mais alto. Junte as ideias de ambos, e o resul- ção de descobrir a beleza da arquitetura em seu estado brutado só poderia mesmo ser um lar repleto de soluções funcio- to. “Conforme quebrávamos o apartamento, revelaram-se nais, belas e econômicas. Em toda a reforma – que derrubou elementos bonitos, o que foi ótimo, porque não gosto muito paredes, providenciou novas redes hidráulica e elétrica, pro- de acabamentos. Prefiro investir na decoração.” Se as vigas moveu a troca do piso e propôs usos inéditos para ambien- e colunas aparentes conferem ao conjunto um aspecto brutes –, a dupla calcula ter desembolsado cerca de R$ 85 mil. talista, sutilezas como a junta de dilatação de latão mostram A mexida na planta, essencial para acomodar os dois com o cuidado do profissional com os detalhes. “Isso foi um luxo, privacidade e conforto, reflete uma mudança recente no com- porque saiu quase mais caro que todo o granilite. Optei por portamento do brasileiro: ao compartilhar imóveis cada vez não dispor as juntas no meio, mas acompanhando o perímemenores, as famílias estão percebentro do piso.” Eleita como revestimendo que não há mais sentido em manto de todos os cômodos, a vintage mistura de concreto com pedrinhas ter as dependências de serviço. Neste substituiu os antigos tacos, danificaprojeto, a área deu origem a uma boa lavanderia e ao novo banheiro, intedos por infiltrações, e cobriu até as paredes dos boxes (veja na pág. 65). grado a um dos quartos. Com isso, “Além de ser bem mais em conta cada morador ganhou um chuveiro que madeira, o material faz parte da para chamar de seu. “Em nossos enidentidade do prédio, porque reveste dereços anteriores, o Anderson semseus corredores comuns.” Esse é um pre acabou prejudicado. Por isso, e por dos vários recursos que destacamos meu irmão passar mais tempo em caaldi flosi ao longo da reportagem. Aproveite! designer de interiores sa, ele ficou com a suíte”, conta Aldi.

“não gosto muito de acabamentos. privilegio a beleza da estrutura simples e bruta”

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De alvenaria, a bancada exibe delicada composição de peças lisas, compradas em cemitérios de azulejos (custo total: R$ 600). Ponto alto do projeto, ela por pouco não aconteceu: a dupla havia idealizado o patchwork no frontão da pia, porém mudou de ideia.

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antes & depois em três tempos Alteração de layout e troca de acabamentos atualizaram o apartamento, que conquistou uma suíte ao abrir mão das dependências de serviço

área de serv.

1,20 x 1,40 m

1 x 4,20 m

3,50 x 3,45m

banh. 1,45 x 2,40 m

quarto

3,60 x 2,90 m

3

banh. 1,45 x 2,40 m

quarto

3 x 2,70 m

sala

3,60 x 2,75 m

campoy estúdio

construído

ÁREA: 62 M2; PROJETOS ELÉTRICO E HIDRÁULICO: aldi flosi; luminárias: lustres Yamamura e reka; MARCENARIA: marcenaria bretas

1.

chegada aberta Com a derrubada de duas paredes que delimitavam a cozinha, quem entra no apê visualiza, da porta social, toda a sala. A estante azul, desenhada por Aldi, é outra sacada econômica. O acabamento do móvel, de laminado melamínico, substituiu a proposta inicial, de laca, que havia sido orçada em R$ 11 mil. A escolha poupou cerca de R$ 6 mil, segundo os proprietários.

antes

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1

cozinha

solução definitiva O quarto de empregada já havia sido alterado e convertido numa espécie de closet do dormitório maior – manobra que não atendia aos irmãos. Ao somar metade desta área ao antigo banheiro de serviço, criou-se a suíte.

demolido

2

corredor

depois


2.

passagem para a lavanderia O chão da cozinha e da área de serviço já era de granilite, mas o quebra-quebra tornou necessário refazer tudo. Nas paredes, os azulejos saíram de cena, e entrou a pintura de tinta acrílica acetinada (Suvinil, ref. cinza-asfalto, P161). A marcenaria dos armários, toda na espécie garapeira, foi feita com cavas no lugar de puxadores, alternativa que reduziu custos.

antes

depois

3.

antes

depois

banheiro de roupa nova Dentro do boxe, a cerâmica deu lugar ao granilite polido manualmente. “Usar o mesmo material do piso cria unidade visual no espaço pequeno e evita outros revestimentos, que acarretariam mais gastos”, comenta Aldi Flosi. Destaque para o nicho de granito cinza andorinha. junho 2014 Arquitetura & Construção

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1

2 3

MEMÓR IAS AGRUPADAS 1. Na cozinha, a parede tingida de cinza-asfalto ressalta a coleção de pratos. 2. Luminárias compradas em Nova York clareiam a área de refeições. 3. Prateleiras instaladas nas vigas acomodam mais objetos garimpados pelo designer. 4. Pinos de boliche comprados online (Etsy.com) se alinham à junta de dilatação do granilite, feita de latão. 5. Tons pastel foram o critério de escolha dos azulejos antigos para o revestimento do balcão entre a cozinha e a sala. 5

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4


A bancada de 0,45 x 1,42 m se destaca como solução econômica. Obra da BML Mármores & Granitos, emprega granito cinza andorinha com acabamento apicoado. Custou cerca de R$ 980, incluindo material, mão de obra e instalação. junho 2014 Arquitetura & Construção

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Na opinião do morador deste apartamento em São Paulo, matemática é questão de afeto: nos 55 m2 onde ele vivia sozinho, havia, sim, espaço para sua futura mulher e – por que não? – o adorado animal de estimação dela. Com simplicidade e boas ideias, coube todo mundo Por deborah apsan (visual) e joana l. baracuhy (texto) Projeto A:M Studio Fotos evelyn Müller

Quem mora Recém-casados, a designer gráfica Renata e o engenheiro Alexandre partilham com o pacato Calvin o imóvel de dois quartos e varandinha na zona oeste paulistana. À vontade no pedaço, o golden retriever circula sossegado.

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À esq.: típica de plantas compactas, a sala estreita e comprida ganhou piso vinílico. As réguas, dispostas no sentido do maior lado do ambiente, parecem alongá-lo. Nesta foto: com retoques na circulação e acabamentos mais claros, o apartamento ficou bem iluminado. A marcenaria laqueada de branco deste espaço colabora para isso. É ali que o casal curte bons momentos com seu fiel companheiro.

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T

alvez pareça exagero começar dizendo que, nes- de uma doença articular comum em animais que derrate apartamento de 55 m2, vive um cachorro. Mas pam repetidamente. Nessa hora, valeu a expertise do trio não é. Protagonista canino, Calvin tem grande do a:m studio. Contratado para a tarefa, não hesitou em inimportância nesta história de amor e reforma. dicar a aplicação de um vinílico. Os profissionais tinham Basta lembrar que a designer gráfica Renata Senna de Lucca no repertório alguns projetos comerciais com o produto, inclusive um no qual as réguas pláspercebeu que seria pedida em caticas de aspecto e textura rústica samento quando seu mascote ende madeira sobreviveram a uma trou na pauta da primeira reunião inundação. “Quanto ao resto, sugesobre a recauchutagem do imóvel rimos alterações a fim de melhorar do então namorado, Alexandre de a circulação, iluminar os ambienLucca. “Ele me convidou para dar tes e organizar melhor os espaços”, uns palpites na conversa com os conta Mariana Teixeira Weigand, arquitetos. Quando perguntaram sócia do escritório paulistano. quais eram nossas necessidades, o mariana teixeira weigand Às ideias iniciais de inutilizar Xande me surpreendeu falando que arquiteta uma das portas de entrada (para que o piso não poderia ser escorregadio duas?) e quebrar a parede entre sala para um cachorro”, conta. Recado e cozinha se somaram a marcenaria dado. O engenheiro pensava não só inteligente e os revestimentos mais em convidar a moça para se unir claros e atuais. Renata participou a ele no endereço onde já vivia codas decisões e do processo, sabenmo planejava trazer junto seu cão do – formalmente, naquele ponto – e tratá-lo com o devido conforto. – tratar-se da sua futura residência. A empreitada, então, seguiu Vêm dela, por exemplo, os ladrihos seu rumo: seriam programadas inhidráulicos eleitos para a cozinha. tervenções para clarear e moderniTudo definido, Alexandre se instazar o apê dos anos 80, com ênfase lou num flat por três meses, período em acabamentos que facilitassem a no qual um empreiteiro comandou a manutenção e a limpeza requeridas obra, e os arquitetos fizeram visitas num lugar que comporta um bichiocasionais. A preocupação dos cliennho fofo e peludo. “O Xande queria tes com relação à adaptação do xodó colocar um material que pudesse desapareceu duas semanas após o ser praticamente lavado com pano término da reforma, quando se casabem úmido, pois imaginava que o ram e ocuparam o espaço renovado. Calvin faria xixi pela casa”, diverte“O Calvin logo escolheu seu cantinho -se Renata, explicando que, desde a favorito, perto do terraço”, diz ela. mudança, em dezembro de 2013, o “Como o levo para passear todos os ensinadíssimo pet nunca cometeu dias, acabei conhecendo a região e me tal indelicadeza. Para ela, a maior adaptando rapidamente”, comemora. aflição era prevenir o surgimento

“MANTIVEMOS OS PONTOS DE LUZ PARA NÃO TER DE REDUZIR O PÉ-DIREITO COM GESSO”

Onde existia um dente, coube a estante que abriga as bebidas e a coleção de copinhos. Versátil, o desenho dos nichos acomoda objetos de porte variado.

fotos: arquivo pessoal

sucesso na rede

O golden retriever está no Instagram! Quinzenalmente, sua dona posta retratos de Calvin diante das ilustrações feitas por ela na parede com pintura de lousa. #calvineaparede 70 Arquitetura & Construção junho 2014


Cobriu-se de drywall a porta de entrada que havia ao fundo. De modo a delimitar o ambiente de jantar, o bufê avança estrategicamente para além da parede restante. O vinílico Acquafloor (padrão tauari, da Pertech), com 3 mm de espessura e instalação do tipo clique, foi colocado em apenas um dia.

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cantos aproveitados Bem dividido, o imóvel ganhou apenas alguns ajustes, que trataram de ocupar a área desperdiçada por dentes, portas e um corredor

LAV.

1,70 x 1,70 m

demolido

escritório

2

2,75 x 3 m

QUARTO

COZINHA

3,50 x 2,80 m

2,25 x 2,70 m

construído ÁREA : 5 5 M 2 ; e x e c u ção: visa ni engenh aria; mar cenaria: a ntonio r amos barcelo

3

1 BANHEIRO

2,60 x 1,75 m

SALA DE JANTAR 3 x 3,80 m

HALL

1,40 x 1,80 m

SALA DE ESTAR

acesso simples Ao bloquear a entrada social e eliminar a parede entre sala e cozinha, o ambiente de jantar cresceu um pouquinho. O efeito, porém, foi grande: dose extra de amplidão e claridade (vinda da lavanderia).

1.

jogo de abre e fecha A fim de economizar espaço e integrar os cômodos, a porta da cozinha agora é de correr, com escotilha de vidro incolor. Quem entra pelo novo hall enxerga uma estante posicionada na lateral da pia – nada de avistar pratos sujos logo de cara.

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campoy estúdio

3,50 x 2,50 m

2.

cozinha esperta A bancada em L amplia a área de trabalho. O frontão de granito preto acomoda as tomadas (dessa forma, não foi preciso recortar os ladrilhos para encaixá-las). O escorredor de louça fica embutido no armário superior, e os respingos caem direto na pia.

3.

banheiro prático Assim como na cozinha, a marcenaria leva MDF comprado com laminado branco, medida que abreviou o prazo de entrega e reduziu o valor do serviço (em comparação com a pintura laqueada) . No piso, porcelanato Bauhaus no padrão Cement (60 x 60 cm), da Portobello.


Duas paredes foram revestidas de cimento queimado (feito pelo empreiteiro) para dar profundidade e destacar o bloco íntimo do apartamento. Pintadas de branco, as portas, antes escuras, receberam guarnição e bandeira na mesma cor até o teto, recurso que parece ampliar o pé-direito.

“RODAPÉS E SOLEIRAS DE OUTROS MATERIAIS ARREMATARAM o PISO, E O CONJUNTO FICOU BACANA” mariana teixeira weigand arquiteta

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Nesta foto: presente em quase todos os ambientes, o cimento queimado (em quadrados de 1,20 x 1,20 m) foi executado por um empreiteiro de confiança. Cinza, o piso combina com o azul, que pontua todo o projeto. Almofadas e banco vermelho da Conceito: Firmacasa. À dir.: sempre ligado, o jovem também faz de casa seu escritório informal – nessas horas, a mesa de jantar oferece apoio ao notebook. 74 Arquitetura & Construção junho 2014


Com algum investimento, 36 m 2 são mais que suficientes para alguém viver bem sozinho. O segredo é otimizar a área disponível com soluções inteligentes e caprichar na personalização, como aconteceu neste apartamento em São Paulo Por Deborah apsan (visual) e joana l. Baracuhy (texto) Projeto gabriel valdivieso Fotos cacá bratke

Quem mora Solteiro, Fernando Henrique Augusto atua no mercado financeiro. Na hora de adquirir seu primeiro imóvel, preferiu este ultracompacto no centro da capital paulista, porque cabia no bolso e ainda ficava perto do banco onde trabalha.

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O

já exíguo espaço disbjetivo e preponível. “Havia uma ciso por forparede e uma bancaça do háda alta e desconfortábito, o engenheiro vel entre a sala e a coFernando tratou do zinha. Derrubamos assunto de maneira tudo”, conta. Munido direta: quando, endas coordenadas e fim, conseguiu juntar Com 3 m, a arandela de alumínio pintado (Reka, ref. 03091) desenha com luz dinheiro e comprar um gracioso traço horizontal na sala. Articulável, deixa a claridade escapar com o acompanhaseu primeiro apar- por cima e por baixo, varrendo a parede branca. Carrinho de chá da Loja Teo. mento de Gabriel, o empreiteiro Raitamento, em 2013, procurou em sites de arquitetura e decoração um pro- mundo Faustino começou a obra, que durou dois meses. Pouco a pouco, chegaram ao canteiro e ganhafissional afinado com seu estilo para cuidar da necessária reforma do imóvel usado. Alguns e-mails depois, ram lugar definitivo os detalhes que hoje conferem surpreendeu-se positivamente. Não é que o designer de persona lidade à morada , como os a z u lejos enco interiores Gabriel Valdivieso, cujo portfólio desponta- mendados em branco e azul, a pintura exclusiva na va entre seus favoritos, respondia a consultas virtuais? sala (um especialista cobriu delicadamente de branco a Estabelecido o contato e realizada a primeira visita, base de tinta cinza e obteve o efeito esfumado)... Por últium caminho se delineou. “Como o Fernando é de poucas mo, veio o mobiliário, desenhado e produzido sob medipalavras, percebi com o tempo o que ele desejava. Notei ini- da – o rack e o engenhoso armário espelhado, que oculta cialmente o gosto por azul, então propus um visual jovem, equipamentos e produtos de limpeza perto da mesa de porém sóbrio e masculino”, conta Gabriel. Acordo fechado, jantar. “Certas modificações parecem ter ampliado a área. um aspecto da planta chamou a atenção do profissional A gente olha para os lados, e cada coisinha faz sentido”, conpaulistano: a inconveniente divisória que cortava ao meio o clui o proprietário, seguro de ter realizado um ótimo negócio.

“cimento queimado é nobre: uniforme, versátil e autêntico” Gabriel Valdivieso, designer de interiores 76 Arquitetura & Construção junho 2014


1 2

1. Para destacar o bloco do quarto sem gastar demais, as paredes e a porta ganharam um original degradê, trabalho do pintor artístico César Melo. O cinza mais escuro ditou o tom da laca aplicada no rack (Modelar Móveis). O luminoso da Neon 3 Estações dá o toque pop. 2. A cabeceira embute a iluminação. Roupa de cama da Trousseau. 3. Pastilhas de cerâmica branca (5 x 10 cm, da Atlas) e azul cobrem o banheiro.

3

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uma única parede a menos Contrariando a noção de que cozinha americana é sempre prática e bem-vinda, o designer de interiores eliminou a barreira que segmentava demais a planta e obstruía a circulação

SALA

2,90 x 6 m

mesa de jantar

quarto

3,40 x 2,80 m

cozinha

2,60 x 2,20 m

banheiro 2 x 2,20 m

lavanderia

demolido

1 x 2,20 m

ÁREA: 36 M2; execução: raimundo faustino; INteriores: gabriel valdivieso Luminotécnica: reka

cantinho nobre A área de serviço ganhou tanque suspenso digno de exposição (Deca) e azulejos feitos sob encomenda (modelo Traço, da Lurca). Tudo para eliminar a porta, deixando entrar ventilação e luz natural. O efeito de continuidade se dá pela repetição do acabamento na cozinha. 78 Arquitetura & Construção junho 2014

campoy estúdio

no centro da questão Vieram abaixo a antiga bancada e também a divisória que demarcava um corredor pouco útil. Bastou esse toque para liberar espaço no coração do apartamento, ponto exato da atual mesa de jantar, onde Fernando faz as refeições, recebe amigos e trabalha.


Para fins de economia, a bancada de granito branco itaúnas e os armários (assim como o móvel do banheiro) foram reaproveitados.

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