Paj mc politica veja o ditador fala lauro e cecilia

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História

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LAURO JARDIM

ma década após deixar o poder, um amargurado Emílio Garrastazu Médici disse ao repórter A.C. Scartezini, que insistentemente tentava entrevistálo: “Eu sou o arbítrio, sou a ditadura. A ditadura não fala”. Médici morreu sem dar um depoimento sobre os cinco anos em que governou o Brasil, entre 1969 e 1974 — um tempo em que o país testemunhou, de um lado, crescimento econômico acelerado, entre 9% e 14% ao ano, e, de outro, o período mais sombrio da ditadura militar. O ex-presidente, contudo, reservou uma surpresa aos que o imaginavam XP JRYHUQDQWH VHP DSUHÆR SHOD SUHVHUYDÆÅR GH SHGDÆRV VLJQLm FD tivos da história do Brasil. Médici guardou um arquivo que soma 32 caixas de manuscritos, num total de 700 documentos. Há também oitenta álbuns com recortes de jornais e mais 300 fotos avulsas. É maior, por exemplo, do que os acervos deixados por Eurico Dutra, Costa e Silva e João Goulart. Esse material está guardado desde 2004 em várias gavetas de PHWDO QR # DQGDU GD VHGH GR ,QVWLWXWR +LVWÐULFR H *HRJUÀm FR

A “PRIMOROSA ASSISTÊNCIA” NAS CADEIAS

AG. NACIONAL

O arquivo de Médici, um segredo bem guardado que vem agora à tona, traz documentos surpreendentes e inéditos do regime militar e dos seus personagens

No arquivo que Médici guardou, destaca-se um documento interno de quase 200 páginas, de 1971, em que o ministro da Justiça, Alfredo Buzaid, alinha argumentos com o objetivo de contrapor o noticiário internacional que tratava da tortura no país, atribuída por ele a uma “campanha difamatória contra o Brasil” produzida por “comunistas” e “prelados”. Pelo relato de Buzaid, não havia “preso político nem tortura no Brasil”. Ele considerava os guerrilheiros e militantes encarcerados como bandidos comuns. Escreveu que os presos eram muito bem tratados na cadeia. Jean Marc Von Der Weid, presidente da UNE, recebia “primorosa assistência médica e social” na Ilha Grande, onde estava preso. Encontrava-se em ótimas condições, “salvo uma gripe”. Jean Marc foi torturado. Liszt Vieira, militante do movimento estudantil preso, igualmente torturado e um dos que foram trocados pelo embaixador alemão sequestrado, é dado também como exemplo do tratamento humanitário dispensado aos presos nas cadeias do Brasil. Buzaid anexa um laudo atestando que Liszt “não apresenta sinais de ofensa à sua integridade corporal”. ģ | 6 DE AGOSTO, 2014 | 95


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Brasileiro (IHGB), no Rio de Janeiro. Foi doado naquele mesPR DQR SRU 5REHUWR R m OKR PDLV QRYR GH 0ร GLFL XP DQR DSร V D PRUWH GH 6F\OOD VXD Pร H H PXOKHU GR H[ SUHVLGHQWH &HUFD GH GRV GRFXPHQWRV GL]HP UHVSHLWR DRV FLQFR DQRV GH 0ร GLFL QD 3UHVLGร QFLD XQV DR SHUร RGR DQWHULRU ร VXD SRVVH e o restante aos tempos longe do poder. A partir da semana TXH YHP R DFHUYR SRGHUร VHU FRQKHFLGR GXSODPHQWH 6HMD SRU SHVTXLVDGRUHV D TXHP R ,+*% YDL DEUL OR VHMD QDV Sร JLQDV GHGLFDGDV D XP H[WUDWR GHOH QR OLYUR Brasiliana IHGB (veja a reportagem na pรกg. 102). &RPR WRGR DFHUYR SUHVLGHQFLDO Kร GHVGH GRFXPHQWRV LP SRUWDQWHV jFRQm GHQFLDLVw H jVHFUHWRVw (veja alguns deles nos quadros ao longo desta reportagem) DWร OLJHLUH]DV TXH GL]HP PXLWR VREUH R FDUJR H VREUH R SDร V ([HPSOR GHVVDV PLXGH]DV Vร R DV GH]HQDV GH SHGLGRV GH HPSUHJR GR PDLV RUGLQร ULR D GLUH WRULDV GR HQWร R %1'( 2X FDUWDV SURWRFRODUHV GH 6DGGDP +XV VHLQ $QDVWDVLR 6RPR]D 5LFKDUG 1L[RQ H 3HOร +ร DLQGD FDUWDV EDMXODGRUDV HVFULWDV SRU SHUVRQDOLGDGHV GH 5DFKHO GH 4XHLUR] H *LOEHUWR )UH\UH D 3DXOR 0DOXI H 5HLV 9HOORVR 4XHP FRPSXOVDU R PDWHULDO HQFRQWUDUร DLQGD GRFXPHQWRV SHVVRDLV 3DSร LV TXH FRQWDP D QHJRFLDร ร R GH XPD ID]HQGD QR 5LR *UDQGH GR 6XO QRV DQRV HUD XPD KHUDQร D GH IDPร OLD (VEDUUDUร HP FRQWDV GH OX] ,378 UHFLER GH DOIDLDWH DJHQGD WHOHIร QLFD ( SRGHUร FRQIHULU D GHFODUDร ร R GR LPSRVWR GH UHQ GD GH 0ร GLFL HP MXVWDPHQWH R DQR HP TXH YLURX SUHVL GHQWH ยช GH VXSRU TXH Qร R HVWร DOL SRU FRLQFLGร QFLD 2 DUTXLYR 0ร GLFL GH FXMD H[LVWร QFLD DSHQDV VXD PXOKHU VHXV GRLV m OKRV H VHXV FRODERUDGRUHV PDLV m ร LV VDELDP HVWDYD WRGR HOH QR DSDUWDPHQWR FDULRFD GR H[ SUHVLGHQWH TXDQGR WUร V IXQFLRQร ULRV GR ,+*% DX[LOLDGRV SRU VHWH DMXGDQWHV IRUDP UHFROKร OR (QFRQWUDUDP WXGR PHWRGLFDPHQWH RUJDQL]DGR SRU RUGHP DOIDEร WLFD FRPR PDQGD D FDUWLOKD PLOLWDU H VH VXUSUHHQ GHUDP FRP D OLPSH]D GR PDWHULDO JXDUGDGR HP FDL[DV QXP Fร PRGR GR DSDUWDPHQWR Mร YD]LR VHP XP Pร YHO VHTXHU 1XQFD VH VDEHUร DR FHUWR QR HQWDQWR VH 0ร GLFL TXHULD GHL[DU SDUD D SRVWHULGDGH WRGRV RV GRFXPHQWRV TXH HVWร R DOL 3URYDYHOPHQWH Qร R (P 0ร GLFL GLVVH QXPD FRQ YHUVD FRP R UHSร UWHU $ & 6FDUWH]LQL TXH HVWDYD jUDVJDQGR WRGRV RV GRFXPHQWRV TXH GHL[DP PDO R )LJXHLUHGRw 'H IDWR R TXH VH GHVWDFD GH -Rร R )LJXHLUHGR QR DUTXLYR ร XPD FDU WD GH GH MDQHLUR GH GRLV PHVHV DQWHV GH DVVXPLU D 3UHVLGร QFLD 1HOD )LJXHLUHGR LQIRUPD R jDPLJR H FKHIH HP SULPHLUD Pร Rw R PLQLVWร ULR TXH VHULD DQXQFLDGR DR SDร V WUร V dias depois. 96 |

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DILMA NĂƒO ERA PRIORIDADE

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Um documento interno produzido em 1970 pelas cĂşpulas das organizaçþes guerrilheiras ALN, VAR-Palmares e Ala Vermelha, que chegou Ă s mĂŁos dos militares e foi parar no arquivo MĂŠdici, mostra que a hoje presidente Dilma Rousseff nĂŁo era tĂŁo valiosa para os seus companheiros de luta armada. A certa altura das quatro pĂĄginas mimeografadas intituladas “Consideraçþes dos objetivos de uma operação de sequestroâ€?, fala-se que o “valor de trocaâ€? do prisioneiro deveria ser definido “pela sua importância dentro do paĂ­s e do sistema imperialista internacionalâ€?. O texto define quais guerrilheiros presos teriam prioridade na troca de sua liberdade por um sequestrado. O nome de Dilma, militante da VAR-Palmares e presa em SĂŁo Paulo naquele ano, consta de uma lista de 29 presos, mas nĂŁo aparece entre os dezenove “companheiros (a quem) deve-se dar preferĂŞnciaâ€?, de acordo “com critĂŠrios de importância polĂ­tica (...)â€?.

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PROVIDĂŠNCIAS PARA IMPLANTAR O AI-5 Dois documentos “secretosâ€? de 18 de dezembro de 1968, cinco dias apĂłs a decretação do AI-5, dĂŁo “diretrizesâ€? para a aplicação do ato que fechou de vez o regime militar. Um, rubricado por Costa e Silva, detalha desde a decretação de prisĂŁo (“pessoas de projeção no meio polĂ­tico e social somente com a instauração do necessĂĄrio IPMâ€?) atĂŠ a censura (“O objetivo ĂŠ, simplesmente, o de proibir a divulgação de matĂŠria subversiva, de incitamento Ă desordem ou que vise desmoralizar o governo ou as Forças Armadasâ€?), passando pela “manutenção da ordem pĂşblicaâ€?. O outro (“Encargos imediatos do SNIâ€?) foi escrito pelo prĂłprio MĂŠdici, que chefiava o serviço. Anota MĂŠdici: “Acompanhar tentativas de reorganização polĂ­tica e reabertura do Congressoâ€?. Ao SNI, caberia tambĂŠm produzir uma “lista inquestionĂĄvel de cassação dos mandatosâ€? e um “dossiĂŞ para o processo de cassaçãoâ€?.

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Saber o que foi conservado e o que MĂŠdici conseguiu queimar ĂŠ tarefa impossĂ­vel. NĂŁo hĂĄ como garantir se os documentos que compĂľem o arquivo sĂŁo fruto da escolha do ex-presidente RX GRV m OKRV TXH FXLGDUDP GR PDWHULDO SRU TXD se duas dĂŠcadas atĂŠ doĂĄ-lo. SĂŠrgio, o primogĂŞnito, jĂĄ morreu; Roberto, o caçula, estĂĄ muito doente e nĂŁo dĂĄ entrevistas. MĂŠdici arquivou documentos internos sobre a “guerra ao terrorismoâ€? junto de recortes de jornais em que o seu governo ĂŠ criticado por organizaçþes de defesa dos direitos humanos. Conservou cartas de estudantes alemĂŁes que pediam a libertação de estudantes brasileiros. Guardou tambĂŠm livros como Eu, GregĂłrio Bezerra, Acuso!, em que o ex-deputado comunista relata as torturas que sofreu nas prisĂľes da ditadura. Censura, prisĂľes, tortura, intrigas palacianas, embates com a Igreja CatĂłlica, o AI-5 aparecem em diversos documentos do acervo. Mas o mais notĂĄvel, do ponto de vista da pesquisa histĂłrica, talvez sejam as omissĂľes. Entre as lacunas que gritam, estĂĄ a guerrilha do Araguaia, o mais emblemĂĄtico embate entre o governo e grupos armados durante o regime militar. NĂŁo hĂĄ um Ăşnico informe sobre a frente guerrilheira ou sobre a bem-sucedida operação das Forças Armadas para dizimĂĄ-la. Como parece evidente que devem ter chegado Ă s mĂŁos do presidente inĂşmeros relatos secretos ou reservados sobre a campanha contra os guerrilheiros, a ausĂŞncia deles QR DUTXLYR GH 0ÇGLFL Ç SURSRVLWDO &HUWD YH] SDUD MXVWLm FDU D censura Ă imprensa, MĂŠdici disse: “Aquela guerrilha acabou antes que a população tomasse conhecimento de sua existĂŞncia. Era preciso esconder as operaçþes para que elas tivessem sucessoâ€?. MĂŠdici estendeu para sempre a censura ao sonegar Ă histĂłria documentos relativos Ă repressĂŁo da guerrilha no Araguaia. Mas, como sustenta o famoso aforismo, “a ausĂŞncia de evidĂŞncia nĂŁo ĂŠ evidĂŞncia de ausĂŞnciaâ€?. 'RLV GRFXPHQWRV FODVVLm FDGRV FRPR jVHFUHWRVw TXH tratavam dos aspectos prĂĄticos da aplicação do AI-5 (veja mais na pĂĄg. 97) merecem atenção especial. MĂŠdici guardou a folha de papel que tinha Ă sua frente na reuniĂŁo de 13 de dezembro de 1968 em que Costa e Silva, seu ministĂŠrio 98 |

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LUIS HUMBERTO

DESABRIDO, MAS NEM TANTO No arquivo MĂŠdici, duas cartas dĂŁo uma eloquente mostra de quanto Antonio Carlos MagalhĂŁes podia afinar a voz quando era necessĂĄrio. Em correspondĂŞncia “pessoal e confidencialâ€?, o entĂŁo chefe do SNI de MĂŠdici, Carlos Alberto da Fontoura, pede ao entĂŁo governador da Bahia que confirme se teria jantado com JK no Country Club do Rio de Janeiro em abril de 1973. Em resposta, ACM jura que nĂŁo. Admite apenas tĂŞ-lo cumprimentado quando almoçava no Country. JK estava em outra mesa, segundo ACM. Em seguida, complementa: â€œĂ‰ inacreditĂĄvel que alguĂŠm possa colocar dĂşvida a respeito do meu comportamento polĂ­tico e revolucionĂĄrioâ€?. É um ACM bem diferente daquele que, em 1984, nos estertores da ditadura, respondeu agressivamente ao ministro da AeronĂĄutica, DĂŠlio Jardim de Mattos, que acusara de traidores os “revolucionĂĄriosâ€? que migravam para a candidatura de Tancredo Neves. “Traidor ĂŠ quem apoia corruptoâ€?, bradou ACM num dos momentos mais vibrantes de sua biografia.

e o Conselho de Segurança Nacional aprovaram as medidas excepcionais. Nela, MĂŠdici anotou a caneta o nome dos participantes da reuniĂŁo, o “simâ€? ao AI-5. Como se cronometrasse o encontro, registrou o horĂĄrio em que a reuniĂŁo se iniciou e o minuto em que cada um proferiu seu voto. Nas bordas da folha, MĂŠdici desenhou setas e estrelas. Conservou tambĂŠm uma carta de 1972 do brigadeiro MĂĄrcio de Souza Mello, ministro da AeronĂĄutica demitido por ele meses antes. Na correspondĂŞncia, o ex-ministro deixa no ar alguns alertas ao presidente. As respostas ao brigadeiro foram anotadas nas PDUJHQV GD FDUWD QR WRP LUĂ‘QLFR TXH RV Rm FLDLV GR ([ÇUFLWR costumavam naquele tempo dispensar aos colegas da AeronĂĄutica. O general Castello Branco referia-se Ă Força AĂŠrea Brasileira como “FAB futebol clubeâ€?. Guardados com maior carinho, como nĂŁo podia deixar de ser, estĂŁo os testemunhos da imensa popularidade que MĂŠdici desfrutava. Feita em agosto de 1972 a pedido da Folha de S.Paulo e apenas em SĂŁo Paulo, uma pesquisa do Ibope revela que 84% dos paulistas avaliavam o governo como “muito


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ESTADĂƒO CONTÉUDO

Um ĂĄspero encontro entre MĂŠdici e o cardeal de SĂŁo Paulo, dom Paulo Evaristo Arns, foi reproduzido em forma de diĂĄlogo pelo ex-presidente, num manuscrito intitulado “Na audiĂŞncia ao Cardeal Arnsâ€?. Realizada em maio de 1971, no perĂ­odo mais duro do regime militar, essa reuniĂŁo jĂĄ fora relatada por dom Paulo em algumas entrevistas. O cardeal contou que a conversa durou “menos de cinco minutosâ€? e o ex-presidente “começou a gritarâ€? quando os assuntos tortura e mortes nas prisĂľes foram levantados. E que foi chamado de “despreparadoâ€?. A versĂŁo de MĂŠdici do encontro, escrita em uma Ăşnica folha, confirma que a audiĂŞncia foi tensa. “Eu: (...) a melhor fĂłrmula ĂŠ a Igreja cuidar de suas coisas, e o governo das suasâ€?. E anota: “Citei a recente visita do chefe dos dominicanos ao Brasil, que visitou os trĂŞs dominicanos, companheiros de Marighella, que estĂŁo presos. Disse-lhe que nĂŁo eram, no meu entender, mais dominicanos e, sim, terroristasâ€?.

CARLOS NAMBA

CARDEAL VERSUS PRESIDENTE

VEJA ERA “SUBVERSIVA�

bomâ€?. Vivia-se, entĂŁo, o auge da repressĂŁo, mas a censura e a euforia com o “milagre econĂ´micoâ€?, com taxas anuais de crescimento que bateram em inacreditĂĄveis 14% em 1973, o Ăşltimo ano do governo de MĂŠdici, davam a impressĂŁo de que o Brasil HUD FRPR GL]LD D SURSDJDQGD Rm FLDO jXPD LOKD GH WUDQTXLOLGD deâ€? em um mundo imerso na recessĂŁo. Embora o arquivo nĂŁo VH FRPSDUH DR H[WHQVR H LQGLVSHQVĂ€YHO WHVWHPXQKR GHL[DGR SRU Ernesto Geisel, seu sucessor, no Centro de Pesquisa da FGV-RJ, QĂ…R Ç H[DJHUR GL]HU TXH 0ÇGLFL IH] PDLV LQFRQm GĂˆQFLDV DJRUD 29 anos depois de sua morte, do que em toda a sua vida. Ć’ COM REPORTAGEM DE CECĂ?LIA RITTO

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Esquecido pela histĂłria, Amaral Netto jĂĄ teve seus dias de protagonismo. Deputado federal pela Arena, entre o fim dos anos 60 e o inĂ­cio dos 80 estrelou um programa semanal na Globo — o Amaral Netto, o RepĂłrter — em que exibia as obras do regime, sempre em tom grandiloquente. Era o porta-voz do “Brasil Grandeâ€?. Nesse diapasĂŁo, Amaral encontrou espaço para apontar o dedo para o que ele qualificava como ação subversiva de VEJA. Escreve Amaral a MĂŠdici em outubro de 1974, sete meses depois de o general deixar o cargo: “Meu caro presidente, comunico respeitosamente a Vossa ExcelĂŞncia que levaremos ao ar na prĂłxima segunda-feira pela Rede Globo de TelevisĂŁo um grave programa, focalizando a ação da revista VEJA junto Ă opiniĂŁo pĂşblica, numa sistemĂĄtica campanha de tentativa de desmoralização da Revolução, de seus lĂ­deres e de sua obraâ€?. O Brasil nĂŁo estĂĄ mais sob um regime de exceção, mas o discurso de “tentativa de desmoralizaçãoâ€? ĂŠ o mesmo que radicais do PT usam hoje para justificar a volta da censura e o cerceamento da liberdade de expressĂŁo.


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