Entrevista BERNARDINHO
ALEXANDRE SALVADOR
Uma doença a ser extirpada O treinador da seleção de vôlei revela ter descoberto um tumor maligno no rim, já extraído, no auge das investigações de roubalheira da confederação, mas diz que não deixará o cargo, em protesto onde mais faltava chegar a onda de escândalos de corrupção no Brasil? Ao vôlei, talvez. Chegou. Relatório divulgado pela Controladoria-Geral da União (CGU) revelou o desvio de pelo menos 30 milhões de reais do dinheiro de patrocínio durante a gestão do presidente da Confederação Brasileira de Vôlei, Ary Graça, entre 2010 e 2013. Graça, que estava no comando da CBV desde 1997, renunciou ao cargo logo depois de o canal por assinatura ESPN revelar os primeiros desmandos. Os dirigentes ainda tiveram a ousadia de não repassar integralmente prêmios direcionados aos atletas e às comissões técnicas. A única boa notícia depois da eclosão do escândalo foi a decisão do Banco do Brasil, o principal apoiador do vôlei brasileiro, de cancelar o contrato de patrocínio, que era renovado sem interrupções desde 1991. Houve algum alívio também com a reação indignada dos jogadores da Superliga brasileira, que entraram em quadra com nariz vermelho de palhaço e faixa de luto nos braços. Ninguém melhor do que Bernardo Rezende, de 55 anos, o Bernardinho, treinador da seleção masculina e da equipe feminina da Unilever, dono de seis medalhas olímpicas, para cutucar as feridas do escândalo da CBV. Bernardinho recebeu VEJA no escritório de advocacia de seu pai (atuante, aos 84 anos), no Rio. Só diminuiu o ritmo da fala acelerada uma única vez em duas horas de conversa: quando o assunto foi sua saúde, supostamente abalada pelos recentes dissabores.
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A quase certeza da impunidade é o que gera tudo isso, toda a corrupção”
MARCELO CORREA
O senhor também se sente um palhaço? Eu me sinto traído, isso sim. As pessoas dizem que estou por trás dessas acusações. Não estou por trás de nada. Primeiro, porque, se tiver de fazer algo, faço pela frente. Muito mais que revoltado, hoje estou triste.
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