2013 Claudia Brand

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Anais Eletrônicos do II Congresso Internacional de História Regional (2013) – ISSN 2318-6208

DAS DERIVAS DO GRAFFITI ÀS (DE)MARCAÇÕES URBANAS DO IMAGINÁRIO Cláudia Mariza Mattos Brandão∗ Esther Lorizolla Cordeiro∗

RESUMO: O artigo tem por objetivo refletir sobre as (de)marcações do graffiti nas cidades contemporâneas, como fruto de derivas dos artistas grafiteiros. Nesse sentido, consideramos as propostas da Internacional Situacionista, movimento artístico e político fundado por Guy-Ernest Debord em 1957, cujas questões problematizavam a vida cotidiana e a relação entre arte e vida. Centradas no urbanismo, as ideias do grupo deslocaram-se com o tempo para as esferas políticas e revolucionárias, culminando com a ativa participação situacionista nos eventos de Maio de 1968 em Paris. Para o desenvolvimento de tal discussão utilizamos como âncora as ações da artista de rua Panmela Castro, que em suas derivas (de)marcou várias cidades ao redor do mundo, divulgando seus questionamentos acerca da violência contra a mulher. Enfocamos o graffiti como uma construção estética e discursiva, destacando a cadência narrativa dessas escritas manifestadas nos espaços urbanos. Temos aí estabelecida uma relação direta dos graffiti com a base do pensamento urbano situacionista, ou seja, a psicogeografia, a deriva e a ideiachave do movimento, a “construção de situações”. Os situacionistas consideravam a deriva como uma técnica do andar sem rumo sob a influência dos cenários, na qual a observação ativa da urbe produziria a “arte total”, em relação direta com a cidade e com a vida urbana em geral. O espaço urbano pertence ao domínio da percepção, sendo que à Arte cabe traduzir a sensação de fragmentação, de efemeridade e de mudança caótica, introduzidas na vida cotidiana pela Modernidade. Neste contexto os discursos dos sujeitos grafiteiros, frutos de derivas criativas, dão visibilidade a questões filosóficas que encontram na cidade contemporânea seu écran privilegiado.

Palavras-chave: Graffiti. Panmela Castro. Internacional Situacionista.

Guy-Ernest Debord (1931-1994), o fundador da Internacional Situacionista, é considerado uma das grandes referências do pensamento da segunda metade do século XX. Ele acreditava, e defendia veementemente, na ideia de que não basta ao pensamento buscar a sua realização, pois antes é preciso que a realidade procure o pensamento, crítico e reflexivo. E, nesse sentido, Debord considerava que a classe trabalhadora, já desde o século XIX herdeira da filosofia, era naquele momento, a ∗

Doutora em Educação, Professora Adjunta do Centro de Artes da Universidade Federal de Pelotas (RS), pesquisadora do NEMEC – Núcleo de Estudos em Memória e Cultura, UPF/CNPq. attos@vetorial.net ∗ Acadêmica do curso de Artes Visuais - Modalidade Licenciatura, pesquisadora do NEMEC – Núcleo de Estudos em Memória e Cultura, UPF/CNPq. cordeiroel@gmail.com


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