12/08/2017 G1

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SOROCABA E JUNDIAÍ

Artista que gra tou em prédio histórico comenta polêmica de genitália feminina: 'Não esperava' Panmela Castro alega que obra é livre para interpretação. Vereador Pastor Luis Santos, de Sorocaba, chegou a fazer requerimento para que obra fosse apagada.

Por Fernanda Szabadi, G1 Sorocaba e Jundiaí 12/08/2017 08h28 · Atualizado 12/08/2017 08h30

Obra no Palacete Scarpa em Sorocaba tem como objetivo enaltecer o feminismo (Foto: Divulgação)

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A artista carioca Panmela Castro, que desenhou o rosto de duas mulheres entrelaçados no Palacete Scarpa - sede da Secretaria da Cultura e Turismo de Sorocaba (SP) -, disse ao G1 que não esperava que a obra fosse causar polêmica. Batizado de "Femme Maison", o gra te dividiu opiniões nas redes sociais e fez o vereador Pastor Luis Santos (PROS) protocolar um requerimento na quinta-feira (10) solicitando à prefeitura a remoção da pintura do prédio, tombado como patrimônio histórico municipal em 2013. A obra faz parte da 2ª edição do Frestas – Trienal de Artes do Sesc Sorocaba, que começa neste sábado (12).

"Não esperava [a polêmica] porque já gra tei no mundo todo, em mais de 30 cidades. O gra te é como um presente para a cidade e nunca tive um presente recusado. As pessoas conhecem o meu trabalho. Sou militante dos direitos das mulheres e nunca me questionaram sobre a validade dos meus murais", a rmou a artista.

Internautas criticaram o desenho e questionaram a legalidade da pintura ter sido feita em um prédio tombado (Foto: Reprodução/Facebook)

Para o vereador, a obra traz a representação de uma genitália feminina e estaria causado repúdio e vergonha à população, especialmente às mulheres. "O meu trabalho de gra te não conta uma história. Quem conta são as pessoas que observam. Uma mulher pode olhar as duas mulheres com uma or no centro, que parecem com as vulvas. Assim como eu posso ter uma mulher olhando e achar que é uma or. Eu vejo a afronta como ato de misoginia", rebateu Panmela.

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Ainda segundo a artista, o gra te não tem conotação sexual. "Meu trabalho é contra a mulher sexualizada. As pessoas não estão acostumadas a naturalizar o corpo de mulher."

Esboço de obra foi enviado à Prefeitura de Sorocaba em abril (Foto: Reprodução)

Esboço diferente Depois de tomar conhecimento de um esboço apresentado pela artista à prefeitura, o vereador Luis Santos decidiu fazer outro requerimento pedindo que Panmela se retratasse e pintasse o desenho original.


"Fez para causar mesmo, é a verdade, o que é próprio dos artistas. Artista tem disso", disparou o vereador.

No entanto, a artista explicou ao G1 que o esboço era de uma tela que foi vendida para um colecionador norte-americano e mudou a apresentação do gra te depois de uma visita da curadora do Frestas, Daniela Labra, ao seu ateliê. "Na visita, ela viu outra tela que, inclusive, foi comprada pelo Museu de Arte Urbana Contemporânea de Berlim, e achou que cabia mais dentro da proposta do Frestas. Não tenho histórico de fazer coisas para causar. Meu desejo de ir para a rua sempre foi por amor ao espaço urbano e sempre com necessidade de ter o amor retribuído. A pintura sempre foi para agradar as pessoas", defende-se.

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Livre expressão Mediante ao requerimento protocolado pelo Pastor Luis Santos, o secretário de Cultura e Turismo Werinton Kermes, se reuniu com o vereador e defendeu "a livre expressão artística e da necessidade de a arte provocar questionamentos". O secretário disse ainda que a obra não foi a mesma apresentada à pasta, porém "tanto o trabalho inicial quanto o que está concluído no Palacete Scarpa tratam da mesma temática e re etem a mesma necessidade de discussão acerca da mulher na sociedade". O Sesc Sorocaba, em nota, disse que "as diferenças entre a imagem de referência apresentada inicialmente pela artista e a imagem nal são decorrentes do detalhamento e do processo de criação artística", mas que a síntese de sua proposta foi mantida.

Obra foi pintada na lateral do Palacete Scarpa, tombado como patrimônio histórico desde 2013 (Foto: Jomar Bellini/TV TEM)

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